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Vitória Mendes - Odontologia UFPE 2021.

Histologia e embriologia oral


Aula 3: Odontogênese

→ A odontogênese (formação do dente) é constituída por 5 fases: fase de botão, fase de capuz, fase de
campânula, fase de coroa e rizogênese (ou fase de raiz).

Interação ectoderma-ectomesênquima: o estomodeu, formado por ectoderma, é separado do tubo


digestivo (endoderma) pela membrana bucofaríngea. No 27º dia de desenvolvimento, essa membrana
desaparece, fazendo com que o estomodeu e o tubo digestivo entrem em contato e o indivíduo começa
a deglutir. A partir daí, células ectomesenquimais vão migrar para a região abaixo do epitélio oral e, em
um certo momento, o epitélio oral vai se “aprofundar” nesse ectomesênquima e formar o muro
mergulhador ou banda epitelial primária.

A banda epitelial primária se prolifera e se projeta em duas lâminas:

● Lâmina vestibular (externa): cresce, fica sem suprimento sanguíneo e começa a degenerar,
formando um espaço no seu centro conhecido como sulco vestibular, que posteriormente vai
formar o vestíbulo bucal.
● Lâmina dentária (interna): vai formar brotos de dentes. Continua se proliferando e passa pelas
5 fases para formar o dente.

Vai existir uma banda epitelial primária na maxila e uma na mandíbula, cada uma vai formar 10 lâminas
dentárias, para formar os 20 germes dentários decíduos.
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1ª FASE: FASE DE BOTÃO - BROTO

● 8ª semana
● Surge um brotamento com extremidade arredondada.
● O botão é formado por: uma porção epitelial (do epitélio oral) com células cilíndricas baixas ou
cúbicas ao redor e com células globosas no centro e, por fora, há células ectomesenquimais.
● Ao final dessa fase, por ação de proteínas, as células ectomesenquimais começam a se condensar
na região inferior da extremidade arredondada do botão, impedindo que o botão cresça
uniformemente.
● Dessa forma, ele vai crescer "rodeando" a condensação, assumindo um formato de capuz,
iniciando a 2ª fase.

Porção epitelial – centro com células globosas

Porção epitelial – células cilíndricas baixas ou cúbicas

Condensação das células ectomesenquimais

2ª FASE: FASE DE CAPUZ

● Na fase de capuz, o que era chamado de porção epitelial do botão, será chamado de ÓRGÃO
DO ESMALTE, porque futuramente essa estrutura dará origem ao esmalte.
● O órgão do esmalte vai ter uma parte convexa e uma côncava: a parte convexa é chamada de
epitélio externo do órgão do esmalte e a côncava é chamada de epitélio interno do órgão do
esmalte.
● No interior do órgão do esmalte, as células que eram globosas começam a incorporar água e se
distanciam umas das outras, ficando unidas apenas em alguns pontos por desmossomos. Elas
assumem um formato de estrela, é o chamado retículo estrelado.
● A condensação de células abaixo do epitélio interno vai ser chamada de papila dentária
(formará a dentina e a polpa).
● Ao redor de todo o órgão do esmalte, haverá uma “corrente de células” envolvendo todo o germe
dentário, que será chamado de folículo dentário (vai formar as estruturas que suportam o dente
- cemento, ligamento periodontal e osso alveolar).
● Unindo o órgão do esmalte ao epitélio oral, tem-se o pedúnculo ou pedículo de conexão.

No final da fase de capuz há a formação do NÓ DO ESMALTE:


● Uma condensação de células acima do epitélio interno do órgão do esmalte.
● Corresponde a região da futura cúspide do dente.
● É um centro de sinalização, que indica que o dente já está praticamente formado e “induz” a
parada da proliferação e o início da diferenciação em dentina e esmalte a partir de cada cúspide
até chegar na raiz.
● O nó do esmalte forma o cordão do esmalte, que origina células do retículo estrelado e dá
sustentação ao órgão do esmalte.
Epitélio oral
Pedúnculo
de conexão Retículo estrelado

Epitélio externo do
órgão do esmalte

Papila dentária

Epitélio interno do
Folículo dentário órgão do esmalte
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3ª FASE: FASE DE CAMPÂNULA

● Ocorre na 14ª semana.


● Na fase de campânula, o órgão do esmalte assume uma forma de sino com uma concavidade
mais acentuada.
● Há a parada do crescimento do órgão do esmalte e início da DIFERENCIAÇÃO das células.
● É conhecida como a fase de morfo e histodiferenciação, ou seja, vai determinar o formato do
dente e iniciar a produção dos tecidos que formam-os.
● As células do epitélio externo ficam pavimentosas e as células do epitélio interno ficam
cilíndricas.
● Retículo estrelado bem desenvolvido.
● Acima do epitélio interno tem o estrato intermediário (a condensação dele que vai dar origem
ao nó do esmalte e também está relacionado com a sinalização).
● Surgimento da alça cervical: é o encontro do epitélio externo e interno. Vai delimitar o que é
raiz e o que é coroa.
● Nessa fase, a lâmina basal (que separa o epitélio interno da papila dentária) está bem definida.
Ela irá formar a membrana pré formadora, por onde vão circular moléculas sinalizadoras para
fazer a diferenciação.
● O folículo dentário fica mais evidente.
● No final da fase de campânula, o pedículo de conexão se rompe fazendo com que as criptas
ósseas comecem a aparecer. O osso, posteriormente, engloba todo o dente.

Final da fase de campânula

Linha em vermelho: membrana


pré-formadora/ lâmina basal
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● É no final da fase de campânula que vai acontecer toda a diferenciação.


● Após a sinalização do nó do esmalte, as células do epitélio interno começam a crescer e
invertem a polaridade (ficam com núcleo polarizado). Quando isso ocorre significa que ela
vai começar a secretar. Ou seja… a célula do E.I. que era cúbica com núcleo redondo central
se diferenciou em uma célula cilíndrica, alta, com a polaridade invertida → essa célula é
chamada de PRÉ-AMELOBLASTO (não produz nada).
● O pré-ameloblasto, junto com a membrana pré-formadora, enviam sinais que vão induzir as
células da papila (ectomesenquimais) a irem para a periferia e se diferenciam em PRÉ-
ODONTOBLASTOS. Esses pré-odontoblastos produzem a primeira camada de dentina,
chamada de DENTINA DO MANTO.
● Essa primeira produção de dentina é o estímulo necessário para que o pré-ameloblasto se torne
AMELOBLASTO (e aí sim ele produz ESMALTE).
● Quando o pré-odontoblasto produz toda a dentina do manto, ele se divide uma última vez e
forma duas células: o ODONTOBLASTO (que vai produzir outro tipo de dentina, a
circumpulpar - maior parte) e uma célula tronco.

Ps.: olhou na lâmina, viu dentina e esmalte, já é a 4ª fase (coroa).


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4ª FASE: FASE DE COROA (câmpanula avançada)

● Compreende a formação de esmalte (amelogênese), de dentina (dentinogênese) e da polpa


(polpogênese).
● Produção de esmalte e dentina até a alça cervical. A fase de coroa termina quando o esmalte
chega na alça cervical.

5ª FASE: FASE DE RAIZ (rizogênese)

● Nessa fase se formam novas estruturas: o diafragma epitelial (formará o futuro forame do ápice
da raiz) e, induzida pelo diafragma epitelial, a bainha epitelial de Hertwig (aumento da alça
cervical).
● A bainha epitelial de Hertwig induz as células da polpa a se transformarem em pré
odontoblastos radiculares, para produção da dentina radicular.
● Quando começa a produção de dentina na raiz, a bainha de Hertwig se desintegra, fazendo com
que o folículo dentário entre em contato com a dentina radicular que está sendo formada, quando
isso acontece, começa a formação de uma membrana hialina, que vai fazer com que as células
do folículo se diferenciem em 3 tipos de células: cementoblasto (pra formar o cemento),
fibroblasto (pra formar as fibras do ligamento periodontal) e osteoblasto (pra formar o osso
alveolar).
● Ou seja… a formação da raiz ocorre simultaneamente à formação do periodonto.
● Nos dentes multirradiculares, as coroas são maiores e formam um diafragma epitelial também
maior. Desse diafragma surgem aletas que vão dividi-lo para formar duas ou três raízes.

Formação dos permanentes

● Ao final do desenvolvimento, tem-se 10 dentes decíduos formados na maxila e 10 na


mandíbula.
● Não há pré-molares decíduos.
● Cada germe dentário tem um permanente correspondente, com exceção dos molares. Ex: se o
incisivo central decíduo está na fase de capuz, da lâmina dentária surge o incisivo central
permanente, que estará na fase de botão.
● O primeiro molar decíduo vai dar origem ao primeiro pré-molar permanente e o segundo molar
decíduo ao segundo pré-molar permanente.
● Os molares não apresentam antecessor, a lâmina vestibular do molar vai surgir da expansão da
maxila e da mandíbula, pois no começo não há espaço.

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