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SUMÁRIO

1. Introdução.............................................................................................................. 3
2. Gastrulação: Formação das Camadas Germinativas............................ 3
3. Processo Notocordal......................................................................................... 7
4. Neurulação: Formação do Tubo Neural................................................... 11
5. Desenvolvimento dos Somitos................................................................... 14
6. Desenvolvimento do Celoma Intraembrionário................................... 15
7. Desenvolvimento Inicial do Sistema Cardiovascular......................... 17
8. Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas..................................... 20
Referências Bibliográficas ................................................................................ 24
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 3

1. INTRODUÇÃO O ectoderma embrionário dá origem


à epiderme, aos sistemas nervosos
A terceira semana do desenvolvi-
central e periférico, aos olhos e ouvi-
mento coincide com a semana se-
dos internos, às células da crista neu-
guinte à primeira ausência do período
ral e a muitos tecidos conjuntivos da
menstrual, ou seja, 5 semanas após o
cabeça.
primeiro dia do último ciclo menstrual
normal. Neste período uma gravidez O endoderma embrionário é a fonte
normal pode ser detectada por ultras- dos revestimentos epiteliais dos sis-
sonografia. temas respiratório e digestório, in-
cluindo as glândulas que se abrem no
O rápido desenvolvimento do em-
trato digestório e as células glandula-
brião a partir do disco embrionário tri-
res de órgãos associados ao trato di-
laminar durante a terceira semana é
gestório, como o fígado e o pâncreas.
caracterizado por:
O mesoderma embrionário dá origem
• Aparecimento da linha primitiva; a todos os músculos esqueléticos, às
• Desenvolvimento da notocorda; células sanguíneas, ao revestimento
dos vasos sanguíneos, à musculatu-
• Diferenciação das três camadas ra lisa das vísceras, ao revestimento
germinativas. seroso de todas as cavidades do cor-
po, aos ductos e órgãos dos sistemas
2. GASTRULAÇÃO: genitais e excretor e à maior parte do
FORMAÇÃO DAS sistema cardiovascular. No tronco, ele
CAMADAS GERMINATIVAS é a origem de todos os tecidos con-
juntivos, incluindo cartilagens, ossos,
A gastrulação é o processo pelo qual tendões, ligamentos, derme e estro-
as três camadas germinativas, pre- ma (tecido conjuntivo) dos órgãos in-
cursoras de todos os tecidos embrio- ternos.
nários, e a orientação axial são forma-
dos nos embriões. Constitui o evento
mais importante que ocorre durante a Linha Primitiva
terceira semana e representa o início No começo da terceira semana, uma
da morfogênese. Durante essa se- faixa linear espessada do epiblasto
mana, o disco embrionário bilaminar aparece caudalmente no plano me-
é convertido em um disco embrio- diano do dorso do disco embrionário
nário trilaminar (Fig. 1H). Cada uma bilaminar, dando origem à linha pri-
das três camadas germinativas (ecto- mitiva, que é o primeiro sinal morfoló-
derma, mesoderma e endoderma) dá gico da gastrulação (Fig. 1A, B e C). A
origem a tecidos e órgãos específicos: linha primitiva resulta da proliferação
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 4

e do movimento das células do epi- pequenas células fusiformes, frou-


blasto para o plano mediano do disco xamente organizadas em uma ma-
embrionário. Tão logo a linha primitiva triz extracelular de fibras colágenas
aparece, é possível identificar o eixo esparsas. O mesênquima forma os
craniocaudal, as extremidades cranial tecidos de sustentação do embrião,
e caudal, as superfícies dorsal e ven- assim como a maior parte dos tecidos
tral do embrião. conjuntivos do corpo e a trama de te-
Conforme a linha primitiva se alonga cido conjuntivo das glândulas. Uma
pela adição de células à sua extremi- parte do mesênquima forma o meso-
dade caudal, sua extremidade cranial blasto, que dá origem ao mesoderma
prolifera para formar o nó primitivo intraembrionário (Fig. 1D).
(Fig. 1E e F). Simultaneamente, um As células do epiblasto, bem como as
sulco estreito, o sulco primitivo, se do nó primitivo e de outras partes da
desenvolve na linha primitiva e é con- linha primitiva, deslocam o hipoblasto,
tínuo com uma pequena depressão formando o endoderma embrionário
no nó primitivo, a fosseta primitiva. (Fig. 1H). As células remanescentes
Ambos são resultados da invagina- do epiblasto formam o ectoderma
ção das células epiblásticas (setas na embrionário.
Figura 1E). Em resumo, as células do epiblasto,
Pouco tempo depois do aparecimen- por meio do processo de gastrula-
to da linha primitiva, as células mi- ção, dão origem a todas as três ca-
gram de sua superfície profunda para madas germinativas no embrião, os
formar o mesênquima, um tecido primórdios de todos os seus tecidos
conjuntivo embrionário formado por e órgãos.
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Figura 1. Formação do disco embrionário trilaminar. As setas indicam a invaginação e a migração das células mesen-
quimais da linha primitiva entre o ectoderma e o endoderma. Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.
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SAIBA MAIS!
Pesquisas sugerem que moléculas de sinalização (fatores nodais) da superfamília do fator
transformador de crescimento ẞ induzem a formação do mesoderma. A ação combinada de
outras moléculas de sinalização também participa especificando os destinos das células da
camada germinativa. Entretanto, o fator transformador de crescimento ẞ (nodal), um fator de
transcrição T-box e a via de sinalização Wnt parecem estar envolvidos na especificação do
endoderma.

GASTRULAÇÃO E FORMAÇÃO DAS CAMADAS GERMINATIVAS

Linha
Primitiva
Migração para o
Migração de plano mediano do
células da disco embrionário Proliferação
superfície Sulco da extremidade
Primitivo cranial da
linha primitiva
Células do
Mesênquima
Mesênquima epiblasto


Deslocamento Primitivo
Mesoblasto do hipoblasto
GASTRULAÇÃO
Fosseta
Primitiva
Mesoderma Endoderma
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3. PROCESSO placa pré-cordal (Fig. 2A e C), uma


NOTOCORDAL pequena área circular de células en-
dodérmicas cilíndricas na qual o ecto-
Algumas células mesenquimais mi-
derma e o endoderma se fundem.
gram cefalicamente do nó e da fos-
seta primitiva, formando um cordão Em seguida, o assoalho do processo
celular mediano, o processo noto- notocordal se funde com o endoder-
cordal. Inicialmente, o processo no- ma embrionário subjacente (Fig. 2E).
tocordal se alonga e ganha lúmen, Essas camadas fusionadas se de-
formando o canal notocordal, que se generam gradualmente, resultando
estende cranialmente a partir do nó na formação de aberturas no assoa-
primitivo até a placa pré-cordal (Fig. lho do processo notocordal (Fig. 3B).
2A a D). Conforme essas aberturas se tornam
confluentes, o assoalho do canal no-
Esse processo logo adquire um lú-
tocordal desaparece (Fig. 3C) e o res-
men, formando o canal notocordal
tante do processo notocordal forma a
(Fig. 2C e E). O processo notocordal
placa notocordal achatada e sulcada
cresce cranialmente entre o ecto-
(Fig. 3D). Começando na extremidade
derma e o endoderma até alcançar a
cranial do embrião, as células da placa
notocordal se proliferam e sofrem um
dobramento, que forma a notocorda
(Fig. 3E, F e G). O desenvolvimento
da notocorda induz o ectoderma em-
brionário sobreposto a se espessar e
formar a placa neural (Fig. 3C), o pri-
mórdio do SNC.
Além disso, algumas células mesen-
quimais da linha primitiva que têm
destinos mesodérmicos, migram cra-
nialmente em cada lado do processo
notocordal e ao redor da placa pré-
-cordal. É aí que elas se encontram
cranialmente para formar o meso-
derma cardiogênico na área cardio-
gênica, onde o primórdio do coração
começa a se desenvolver no final da
terceira semana (Fig. 2B).
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Figura 2. Desenvolvimento do processo notocordal. Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.


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Figura 3. Desenvolvimento da notocorda por meio da transformação do processo notocordal.


Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.
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SAIBA MAIS: TERATOMA SACROCOCCÍGEO:


Remanescentes da linha primitiva podem persistir e dar origem a um teratoma sacrococcígeo,
um tipo de tumor de células germinativas que pode ser benigno ou maligno. Como eles são
derivados de células pluripotentes da linha primitiva, esses tumores contêm tecidos deriva-
dos de todas as três camadas germinativas em estágios variados de diferenciação. Os terato-
mas sacrococcígeos são os tumores mais comuns em recém-nascidos e têm uma incidência
de aproximadamente 1 em 55.000. As crianças mais afetadas (80%) são do sexo feminino.

PROCESSO NOTOCORDAL

CÉLULAS Migram
MESENQUIMAIS cefalicamente do
Se funde com
DA LINHA nó e da fosseta
o endoderma
PRIMITIVA primitiva
embrionário
subjacente

Processo
notocordal
Migram cranialmente
em cada lado do Aberturas no
processo notocordal assoalho do
e ao redor da placa processo
pré-cordal Adquire lúmen notocordal

Mesoderma Canal
cardiogênico Placa notocordal
notocordal

Se estende até
Placa
pré-cordal
Notocorda

Placa neural
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4. NEURULAÇÃO: ral mediano longitudinal, com as


FORMAÇÃO DO TUBO pregas neurais em ambos os lados
NEURAL (Fig. 3G), as quais se tornam proe-
minentes na extremidade cranial do
A neurulação é o processo envolvi-
embrião, e são o primeiro sinal do de-
do na formação da placa neural e das
senvolvimento do encéfalo. Ao final
pregas neurais e no fechamento das
da terceira semana, as pregas neurais
pregas para formar o tubo neural. Ela
se movem e se fusionam transforma-
está completa até o final da quarta
do a placa neural em tubo neural, o
semana, quando ocorre o fechamen-
primórdio das vesículas encefálicas
to do neuroporo caudal.
e da medula espinhal (Figs. 4 e 5). O
tubo neural se separa do ectoderma
Placa e Tubo Neural superficial assim que as pregas neu-
rais se fusionam.
Conforme a notocorda se desenvol-
ve, ela induz o ectoderma localizado As células da crista neural sofrem uma
acima dela ou adjacente à linha mé- transição de epitelial para mesenqui-
dia, a se espessar e formar uma placa mal e migram à medida que as pregas
neural alongada de células epiteliais neurais se encontram e as margens
espessas. O neuroectoderma da pla- livres do ectoderma de superfície se
ca dá origem ao SNC, o encéfalo e a fundem, de modo que essa camada
medula espinhal, além de outras es- se torna contínua sobre o tubo neural
truturas como a retina. e no dorso do embrião (Fig. 4E e F).
Em seguida, o ectoderma superficial
Inicialmente, a placa neural corres- se diferencia na epiderme. A neuru-
ponde em comprimento à notocorda lação se completa durante a quarta
subjacente. Ela surge rostralmente semana.
(extremidade da cabeça) ao nó primi-
tivo e dorsalmente (posterior) à noto-
corda e ao mesoderma adjacente a
ela. Conforme a notocorda se alonga,
a placa neural se amplia e finalmente
se estende cranialmente até a mem-
brana bucofaríngea (Fig. 3C). Poste-
riormente, a placa neural se estende
além da notocorda.
Aproximadamente no 18° dia, a pla-
ca neural se invagina ao longo do seu
eixo central para formar o sulco neu-
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Figura 4. Formação do sulco neural, das pregas neurais, do tubo neural e da crista neural.
Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.

Formação da Crista Neural situadas ao longo da margem inter-


na de cada prega neural perdem a
À medida que as pregas neurais se
sua afinidade epitelial e a ligação às
fundem para formar o tubo neural,
células vizinhas (Fig. 4). Conforme o
algumas células neuroectodérmicas
tubo neural se separa do ectoderma
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superficial, as células da crista neural do sistema nervoso autônomo. Além


formam uma massa achatada irregu- de formar as células ganglionares, as
lar, a crista neural, entre o tubo neu- células da crista neural formam as
ral e o ectoderma superficial acima bainhas de neurilema dos nervos pe-
(Fig. 4). riféricos e contribuem para a forma-
A crista neural logo se separa em ção das leptomeninges (aracnoide e
porção direita e esquerda, e estas se pia-máter). As células da crista neural
deslocam para as regiões dorsolate- também contribuem para a formação
rais do tubo neural, onde dão origem das células pigmentares, da medula
aos gânglios sensoriais dos nervos da glândula suprarrenal e muitos ou-
espinhais e cranianos, e aos gânglios tros tecidos e órgãos.

NEURULAÇÃO

Sulco neural
mediano
longitudinal

Placa neural Pregas neurais

Tubo neural Separa-se do Pregas neurais

Notocorda

Crista neural

Medula da
NEURULAÇÃO Gânsensoriaisglios Leptomeninges glândula
suprarrenal
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5. DESENVOLVIMENTO Cerca de 38 pares de somitos se for-


DOS SOMITOS mam entre 20 e 30 dias após o início
do desenvolvimento do embrião. Ao
Além da notocorda, as células deriva-
final da quinta semana, 42 a 44 pares
das do nó primitivo formam o meso-
de somitos estão presentes. Eles for-
derma para-axial (Figs. 5B e 4A). Pró-
mam elevações na superfície do em-
ximo ao nó primitivo, essa população
brião e são um pouco triangulares em
celular aparece como uma coluna es-
secções transversais (Fig. 4A a F).
pessa e longitudinal de células. Ao fi-
nal da terceira semana, o mesoderma Inicialmente, os somitos surgem na
paraxial se diferencia, se condensa e futura região occipital da cabeça do
começa a se dividir em corpos cuboi- embrião (Fig. 4C a F) e logo se de-
des pareados, os somitos. senvolvem craniocaudalmente. Dão
origem à maior parte do esqueleto
Esses blocos de mesoderma estão lo-
axial e à musculatura associada, as-
calizados em cada lado do tubo neu-
sim como à derme da pele adjacente.
ral em desenvolvimento (Fig. 5C e F).

SAIBA MAIS!
Como os somitos são bem proeminentes durante a quarta e a quinta semanas, eles são uti-
lizados como um dos vários critérios para a determinação da idade do embrião através da
ultrassonografia.

FORMAÇÃO DOS SOMITOS

Esqueleto axial

Musculatura
Mesoderma associada
NEURULAÇÃO Somitos
paraxial

Derme
associada
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6. DESENVOLVIMENTO o mesoderma lateral em duas cama-


DO CELOMA das: camada somática ou parietal e
INTRAEMBRIONÁRIO camada esplâncnica ou visceral.
O celoma intraembrionário é a cavi- O mesoderma somático e o ectoder-
dade do corpo do embrião e surge ma embrionário acima deste formam
como espaços celômicos isolados no a parede do corpo do embrião ou so-
mesoderma intraembrionário lateral matopleura (Fig. 5F), enquanto o me-
e no mesoderma cardiogênico (Fig. soderma esplâncnico e o endoderma
5A e C). Esses espaços logo se unem embrionário abaixo deste formam o
para formar uma única cavidade em intestino embrionário ou esplancno-
formato de ferradura, o celoma intra- pleura.
embrionário (Fig. 5D e E), que divide
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Figura 5. Desenvolvimento dos somitos e do celoma intraembrionário.


Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.

CELOMA INTRAEMBRIONÁRIO

Somitos Somitos

NEURULAÇÃO

Somitos

Derme Derme Derme Derme


associada  associada associada  associada

Derme Derme
associada associada
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7. DESENVOLVIMENTO gam para formar aglomerados celula-


INICIAL DO SISTEMA res angiogênicos isolados, as ilhotas
CARDIOVASCULAR sanguíneas, que apresentam peque-
No final da segunda semana, a nu- nas cavidades em seu interior. Os an-
trição do embrião é obtida a partir do gioblastos se achatam para formar as
sangue materno pela difusão através células endoteliais ao redor das cavi-
do celoma extraembrionário e da ve- dades das ilhotas sanguíneas, dando
sícula umbilical. A formação inicial do origem ao endotélio. Muitas dessas
sistema cardiovascular está relacio- cavidades revestidas por endotélio
nada com a necessidade crescente se fusionam e formam uma rede de
por vasos sanguíneos para trazer oxi- canais endoteliais (vasculogênese).
gênio e nutrientes para o embrião a Vasos se ramificam nas áreas adja-
partir da circulação materna através centes por meio do brotamento endo-
da placenta. (Fig. 6) Durante a tercei- telial (angiogênese) e se fundem com
ra semana, se desenvolve uma circu- outros vasos. As células mesenqui-
lação uteroplacentária primordial. mais ao redor dos vasos sanguíneos
endoteliais primitivos se diferenciam
nos elementos de tecido muscular e
Vasculogênese e Angiogênese tecido conjuntivo da parede dos va-
sos sanguíneos.
A formação do sistema vascular em-
brionário envolve dois processos, a As células sanguíneas se desenvol-
vasculogênese e a angiogênese. A vem a partir de células endoteliais
vasculogênese é a formação de no- especializadas dos próprios vasos e
vos canais vasculares pela união de depois em locais especializados ao
precursores individuais celulares longo da aorta dorsal. Células san-
(angioblastos). A angiogênese é a guíneas progenitoras também se ori-
formação de novos vasos pelo bro- ginam diretamente de células-tronco
tamento e ramificação de vasos pre- hematopoiéticas. A hematogênese
existentes. não começa no embrião até a quinta
semana. Primeiro, ela ocorre ao longo
A formação de vasos sanguíneos no
da aorta e, depois, em várias regiões
embrião e nas membranas extraem-
do mesênquima embrionário, princi-
brionárias, durante a terceira sema-
palmente no fígado e no baço, na me-
na (Fig. 6), começa quando as célu-
dula óssea e nos linfonodos.
las mesenquimais se diferenciam em
precursores das células endoteliais,
ou angioblastos (células formadoras
de vasos). Os angioblastos se agre-
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Figura 6. Desenvolvimento do sangue e dos vasos sanguíneos.


Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.

Sistema Cardiovascular Primitivo cardíaco primitivo (Fig. 7). O coração


tubular se une aos vasos sanguíneos
O coração e os grandes vasos se for-
do embrião para formar o sistema car-
mam a partir das células mesenqui-
diovascular primitivo. Ao final da ter-
mais na área cardiogênica (Figs. 5 e
ceira semana, o sangue está circu-
6B). Os canais longitudinais e parea-
lando e o coração começa a bater no
dos revestidos por células endoteliais,
21° ou 22° dia. O sistema cardiovas-
ou tubos cardíacos endocárdicos, se
cular é o primeiro sistema de órgãos a
desenvolvem durante a terceira sema-
alcançar um estado funcional.
na e se fusionam para formar o tubo
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 19

Figura 7. Sistema cardiovascular primitivo em um embrião de aproximadamente 21 dias.


Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.

SAIBA MAIS!
Os batimentos cardíacos embrionários podem ser detectados ao se realizar uma ultrassono-
grafia com Doppler durante a quarta semana, aproximadamente 6 semanas após o último
período menstrual normal.
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VASCULOGÊNESE E ANGIOGÊNESE

Células
mesenquimais

Angioblastos VASCULOGÊNESE

Ilhotas
sanguíneas

brotamento
Células Células Vasos
sanguíneas endoteliais sanguíneos

ANGIOGÊNESE

8. DESENVOLVIMENTO se diferenciam em capilares e células


DAS VILOSIDADES sanguíneas (Fig. 8C e D). As vilosida-
CORIÔNICAS des são denominadas vilosidades co-
riônicas terciárias quando vasos san-
Logo após o aparecimento das vilo-
guíneos são visíveis no interior delas.
sidades coriônicas primárias, ao final
da segunda semana, elas começam Os capilares nas vilosidades coriô-
a se ramificar. No início da terceira nicas se fundem para formar redes
semana, o mesênquima cresce para artério-capilares, que logo se tornam
dentro dessas vilosidades primárias, conectadas com o coração do em-
formando um eixo central de tecido brião através dos vasos que se dife-
mesenquimal. Nesse estágio, as vi- renciam no mesênquima do córion e
losidades coriônicas secundárias re- do pedículo de conexão (Fig. 7). Até
vestem toda a superfície do saco co- o final da terceira semana, o sangue
riônico (Fig. 8A e B). Algumas células do embrião começa a fluir lentamente
mesenquimais nas vilosidades logo através dos capilares das vilosidades
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 21

coriônicas. O oxigênio e os nutrientes fixa ao endométrio. As vilosidades


do sangue materno presentes no es- que se prendem aos tecidos mater-
paço interviloso se difundem através nos através da capa citotrofoblástica
das paredes das vilosidades e entram são as vilosidades coriônicas-tronco
no sangue do embrião (Fig. 8C e D). (vilosidades de ancoragem). As vilo-
O dióxido de carbono e os produtos sidades que crescem das laterais das
residuais se difundem do sangue dos vilosidades-tronco são as vilosidades
capilares fetais, através da parede das coriônicas ramificadas, é através das
vilosidades coriônicas, para o sangue paredes das vilosidades ramificadas
materno. Simultaneamente, as célu- que ocorre a principal troca de mate-
las citotrofoblásticas das vilosidades rial entre o sangue materno e do em-
coriônicas proliferam e se estendem brião. As vilosidades ramificadas são
através do sinciciotrofoblasto, for- banhadas por sangue materno do es-
mando uma capa citotrofoblástica paço interviloso, que é renovado con-
extravilosa (Fig. 8C) que, gradativa- tinuamente (Fig. 8C).
mente, envolve o saco coriônico e o
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Figura 8. desenvolvimento das vilosidades coriônicas secundárias em vilosidades coriônicas terciárias. A formação
inicial da placenta também é mostrada.
Fonte: MOORE, Embriologia Clínica, 2016.
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TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO

Células do
Ectoderma
epiblasto

Endoderma

Mesoderma Linha Primitiva

Sulco Primitivo Nó Primitivo


Esqueleto axial

Musculatura Placa notocordal


acessória Mesoderma
Somitos
paraxial
Derme Placa notocordal
associada CÉLULAS
Notocorda
MESENQUIMAIS
DA LINHA
Espaços Mesoderma Canal
PRIMITIVA
celômicos cardiogênico notocordal
Placa neural

Placa
Celoma pré-cordal
intraembrionário Sulco neural mediano
longitudinal
Angioblastos

Pregas neurais

Ilhotas
sanguíneas
Tubo neural

Células Células Vasos


sanguíneas endoteliais sanguíneos
Crista neural

Gânglios Medula da glândula


Leptomeninges
sensoriais suprarrenal
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Moore, Keith L. Embriologia clínica. Tradução: Adriana de Siqueira et al. 10. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
Sadler, T.W. Langman, Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016.
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