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Nº 01 HISTOLOGIA E

APOSTILA EMBRIOLOGIA ORAL

@VITORIAELLENBARBOSA
ASSUNTOS

01
DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL

02
ODONTOGÊNESE

03
ERUPÇÃO DENTÁRIA

04
COMPLEXO DENTINO-PULPAR

05
ESMALTE DENTÁRIO

06
PERIODONTO DE INSERÇÃO

07
PERIODONTO DE PROTEÇÃO

08
MUCOSA ORAL

@VITORIAELLENBARBOSA
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papo e bons estudos!!!

@VITORIAELLENBARBOSA

VITÓRIA ELLEN BARBOSA

@VITORIAELLENBARBOSA
CRONOGRAMA

01
L Q R
DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL

02
ODONTOGÊNESE

03
ERUPÇÃO DENTÁRIA

04
COMPLEXO DENTINO-PULPAR

05
ESMALTE DENTÁRIO

06
PERIODONTO DE INSERÇÃO

07
PERIODONTO DE PROTEÇÃO

08
MUCOSA ORAL

L = LER Q = QUESTÕES R = REVISAR

@VITORIAELLENBARBOSA
ANOTAÇÕES

@VITORIAELLENBARBOSA
Desenvolvimento Craniofacial
O disco, os três folhetos e a origem à vida
INSQNDTÇÃN tornando-o apto para ser implantado no
útero (endométrio) sob a forma de blastocisto.
↪ A formação de um indivíduo parte do pressuposto
da “fecundação” que nada mais é do que um
conjunto de eventos relacionados à fusão dos
gametas feminino (ovócito / oócito) e masculino
(espermatozoide) que ocorrem, geralmente, na ampola
da tuba uterina.

CLIVAGEM
↪ Acontece na 1ª semana do desenvolvimento
embrionário, após a fusão dos pró-núcleos e da
formação das duas novas células. É um período de
divisão celular que forma células cada vez menores, FNLHESNR EMBQINNÁQINR
conhecidas como “blastômeros”, onde suas
características são: ↪ São camadas de células presentes no embrião de
animais pluricelulares, como a espécie humana, que
 Não há crescimento de tamanho do embrião; originarão os tecidos e os órgãos do indivíduo adulto.
Eles serão formados no período de “gastrulação”,
 Com 8 – 32 células, o embrião sofre onde existirá uma invaginação nos tecidos do
compactação, ou seja, há a formação de embrião, formando 3 folhetos:
junções celulares que aproximam as superfícies
de contato, preparando-as para a 1. ENDODERMA: camada interna, responsável
diferenciação celular (nesse momento, ainda pela origem dos sistemas viscerais, como o
existe a “zona pelúcida” envolvendo estas fígado e o pâncreas;
células);
2. MESODERMA: camada intermediária,
 As células aproximadas formarão a “mórula”; responsável pela formação das vértebras, dos
músculos lisos esqueléticos, entre outros;
 Após, estas células secretarão um líquido
para o interior da estrutura, responsável por 3. ECTODERMA: camada externa, responsável
promover uma reorganização, dando origem pela formação do sistema nervoso, da
a uma única camada de células que epiderme e de outras estruturas.
delimitará o embrião, conhecida como
“trofoblasto”;

 No interior desse trofoblasto, haverá um


punhado de células, conhecido como “massa
celular interna” que dará origem ao
“blastocisto”;

 Na passagem dos dias, o embrião vai sendo


empurrado em direção ao útero, até que no
5º dia a zona pelúcida se degenera,

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FONTE: GOOGLE IMAGENS

↪ 3ª SEMANA VIU:

OEQÍNDNR DE DERENUNLUIMENSN  Acontecerá o espessamento linear do


ectoderma, conhecido como “linha primitiva”,
↪ São em um total de 2: estendendo-se da região central até a
membrana cloacal;
1. P. EMBRIONÁRIO: vai desde a fertilização até
a 8ª semana de vida intrauterina (VIU),  Formação do “mesoderma” com a migração
lembrando que entre a 4ª e 8ª semana os das células ectodérmicas para o interior do
tecidos e os sistemas estarão em um disco, ocupando a região entre os dois
desenvolvimento rápido, através dos três folhetos embrionários;
folhetos germinativos.
 Formação do cordão “notocorda” através do
2. P. FETAL: vai desde a 9ª semana até o dobramento da placa notocordal, ou seja,
nascimento. da migração das células da linha primitiva
em direção à porção cefálica;

 Disco embrionário com os 3 folhetos, exceto


na região das membranas.
EVENTOS INICIAIS DO DESENVOLVIMENTO ↪ 4º SEMANA VIU:
↪ São eventos que serão divididos por semanas, assim:
 Ocorrerá o desenvolvimento do SNC,
↪ 2º SEMANA VIU: iniciando pela “placa neural”. Nela existirá
uma depressão, conhecida como “sulco
 O embrioblasto, ou seja, o disco oval neural”, através da aproximação das “pregas
apresentará apenas dois folhetos: ectoderma neurais” (estas serão a futura “crista neural”).
e o endoderma (bilaminar); Este sulco, na região central do embrião,
começará a se dobrar e a se fechar,
formando o “tubo neural”. É importante
 Aparecimento da “placa precordal”: lembrar, que nas extremidades, esse
espessamento arredondado do endoderma fechamento só acontecerá depois (primeiro
da parte média do terço cefálico, que irá se com a extremidade anterior e depois com a
aderir firmemente ao ectoderma e indicará a posterior);
futura região da boca, além de ser um
importante organizador da região da
cabeça;  Logo que o tubo neural vai se fechando, o
embrião começa a se dobrar e a região
cefálica ficará muito mais alargada do que
 Formação da membrana bucofaríngea a região caudal;
(região cefálica) e da membrana cloacal
(região caudal), que determinarão o local
da boca e do ânus.
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CAVIDADE ORAL PRIMITIVA
↪ Recebe este nome (ou “estomódeo”) por ainda não
ser a cavidade oral definitiva. Seu desenvolvimento
acontecerá da seguinte forma:

 Na 4º semana, acontecerá a divisão do


tubo digestivo em 3 partes: cefálica, medial e
caudal, comunicando-se com o saco
vitelínico e com o alantoide;

 Esta cavidade será formada por uma


invaginação do ectoderma;

 A membrana bucofaríngea (formada no 22º


dia) separará a cavidade oral primitiva do
intestino cefálico;

 No 27º dia ocorrerá a perfuração desta


membrana, estabelecendo uma comunicação
entre esta cavidade e o intestino;

 Ocorrerá um rompimento também na


extremidade caudal.


 Com o fechamento do tubo neural, na região
dos neurosporos da parte cefálica, existirá AOAQELHN BQANPTIAL (FAQÍNGEN)
um alargamento e a formação de 3 vesículas:
o prosencéfalo (formará o cérebro e suas ↪ Recebe esse nome por ser semelhante às brânquias
regiões), o mesencéfalo (formará o de um peixe, e é responsável pela maior parte da
mesencéfalo, a ponte e o bulbo) e o formação da face e do pescoço, sendo formado por:
rombencéfalo (formará o cerebelo e a
medula espinal). 1. Arcos;

2. Sulcos;

3. Bolsas (formadas pelo endoderma da região


faríngea, aparecendo aos pares entre os
arcos branquiais. São em um total de 5, onde
a última é rudimentar);

4. Membranas (formadas pelo endoderma da


IMPORTANTE: as células da crista neural irão migrar
bolsa e pelo ectoderma dos sulcos, sendo
para a região da face e do pescoço para constituir
estruturas temporárias, com exceção da 1º
as células ectomesenquimáticas.
membrana, que originará o tímpano).

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↪ ARCOS BRANQUIAIS: são enumerados no sentido
craniocaudal, separados externamente por sulcos e
internamente por bolsas;

 Desenvolvem-se nos primeiros dias da 4º


semana de gestação;

 Ao final da 4º semana há 6 pares de arcos,


onde os quatro primeiros são bem definidos,
e o quinto e o sexto pares são muito
rudimentares e imperceptíveis a olho nu.;

 Cada arco branquial possui: uma artéria,


uma barra cartilaginosa, um componente
muscular e um nervo cranial específico;

 São revestidos externamente por ectoderma


e internamente por endoderma;

 O 1º arco branquial é dividido em dois


processos: mandibular, o maior para a
formação da mandíbula; e maxilar, para a
formação da maxila, do arco zigomático e
da porção escamosa do osso temporal;

 Formação do processo frontonasal, na


região anterior do processo frontal. Neste
último, lateralmente, haverá a formação das DERENUNLUIMENSN DN CQÂNIN
fossetas nasais;
↪ O crânio, responsável por proteger órgãos e
 Nas etapas iniciais, cada arco contém um estruturas vitais do organismo, pode ser dividido em 3
escasso mesênquima, que será invadido por partes: calota craniana (ou neurocrânio), base do
células da crista neural; crânio (ou condocrânio) e a face (ou viscerocrânio).

 As células da crista neural formarão o


ectomesênquima responsável pelas estruturas
ósseas, dentárias (com exceção do esmalte),
conjuntivas e musculares da região
craniofacial.

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OQNCERRNR DE NRRIFICAÇÃN ↪ CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:

↪ A formação dos ossos, também conhecida como  A calota craniana (ou neurocrânio) é
“osteogênese” tem início ainda no período embrionário, formada através da ossificação
através dos centros de ossificação primários e intramembranosa com seus centros de
secundários (mesênquima), sendo que este processo ossificação, suturas e fontanelas;
continua ao nascimento, permitindo o crescimento dos
ossos na medida em que o indivíduo aumenta de  A base do crânio (ou condocrânio) é
tamanho. Há 2 tipos de ossificação: formada a partir do mesênquima da região
occipital, em torno da notocorda. Seu
1. MODELO MEMBRANOSO (ou crescimento intersticial e feito pelas
INTRAMEMBRANOSA): não há um modelo cartilagens interpostas aos ossos, ou seja, às
cartilaginoso prévio que oriente a formação sincondroses;
do osso. Ocorre uma modificação dos
fibroblastos de determinada área do tecido  A face (ou viscerocrânio) dividida em terços
fibroso, que passam a sintetizar matriz óssea superior (região frontal), médio (base do
(passando a chamar-se osteoblastos, que se crânio, extensão nasal e maxila) e inferior
diferenciam das células do periósteo). (mandíbula) cresce por ossificação
intramembranosa.
Células mesenquimais – osteoblastos – matriz
osteoide – deposição aposicional (ou seja, a
formação óssea acontece em camadas, de
modo que os osteoblastos prendem-se na
periferia do osso).

2. MODELO CARTILAGINOSO (ou


ENDOCONDRAL): uma peça de cartilagem,
com formato de osso, serve de molde para a
confecção de tecido ósseo. Nesse caso, a DESENVOLVIMENTO DA FACE
cartilagem é gradualmente destruída e
substituída por tecido ósseo. O crescimento ↪ Acontecem gradualmente e no passar das semanas,
do osso é mais rápido (do tipo intersticial e assim:
aposicional) com intensa proliferação celular
e presente em regiões de compressão.
 No 28º dia aparecem os placódios olfatórios,
através do espessamento do ectoderma da
Células ectomesenquimais – condrócitos – eminência frontal;
invasão dos vasos sanguíneos – osteoblastos.
 Haverá a formação dos processos nasais
mediais e laterais, quando os placódios
migrarem anteriormente, delimitando os
orifícios nasais;

 Entre os dois processos nasais mediais há


uma depressão conhecida como processo
frontobasal;

 2 processos nasais mediais + processo


frontonasal = porção medial do nariz, filtro
do lábio, porção anterior da maxila e o
palato primário;

 2 processos nasais mediais + processos


maxilares (fusão mediana) = lábio superior
(essa formação é mais complexa que a do
lábio inferior);

 Processos mandibulares na linha mediana =


lábio inferior (primeiras partes da face que se
formam – início da 4º semana);

 A proeminência nasal lateral se separa do


processo maxilar pelo sulco nasolacrimal;

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 38º semana: fusão completa de todos os  Na 12º semana, as cristas fusionadas unem-
processos. se com o septo nasal;

 Processos palatinos + palato primário + septo


nasal = sutura palatina mediana (direção
ântero-posterior).

DESENVOLVIMENTO DO PALATO MÁR FNQMAÇÕER CNNGÊNISAR DN LÁBIN E DN


PALATO
↪ Para entender o seu desenvolvimento é necessário
entender que há o palato primário e o palato Acontecem quando as estruturas dos tecidos
secundário, assim: conjuntivos mesenquimais de diferentes estruturas
embrionárias não conseguem se encontrar e nem fundir
 O palato primário é uma pequena estrutura entre si. Elas podem ser:
triangular que se desenvolve na 5º e 6º
semanas de gestação. É nele onde se 1. FISSURA LABIAL (LÁBIO LEPORINO): ocorre por
apresentam o filtro do lábio, e a região dos uma falta de fusão entre os processos nasais
4 incisivos superiores com a mucosa bucal; mediais e o frontonasal com o processo
maxilar;
 As cavidades oral e nasal comunicam-se, e o
espaço entre elas é ocupado pela língua 2. FISSURA PALATINA: ocorre por uma falta de
(inicialmente); fusão entre os processos palatinos, com o
septo nasal ou com o palato primário.

 As cavidades oral e nasal só se separam


após a formação do palato secundário;

 O palato secundário desenvolve-se nas 7º e


8º semanas de gestação, de modo que
existirá o aparecimento verticalizado das
cristas palatinas de cada processo maxilar;

 Na 9º semana os processos palatinos serão


horizontalizados, mas não unidos totalmente;
DESENVOLVIMENTO DA MAXILA
↪ A maxila durante o seu crescimento, apresenta:
 Na 10ª semana, o palato secundário se une
com o palato primário;

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 Ossificação intramembranosa com um centro  8º semana: a maxila sobrepassa a
de ossificação no processo maxilar do mandíbula;
primeiro arco branquial;

 Essa ossificação progride para a região dos  11ª semana: elas ficam aproximadamente do
mesmo tamanho;
processos palatinos a fim de formar o palato
duro;
 Ao nascimento, a mandíbula apresenta-se em
 Processo palatino + corpo da maxila = posição retrognata (o que facilita o parto
parede alveolar medial; natural), sendo corrigida na vida pós-natal,
retornando ao estado de ortognatia;
 A cartilagem secundária aparece para
completar essa ossificação na região do  A mandíbula mantém sua capacidade de
arco zigomático e malar; crescimento por mais tempo que a maxila.

 Ao nascimento, há a demarcação do
processo frontal da maxila e o corpo da
desta é relativamente pequeno, pois os seios
maxilares ainda são rudimentares (os seios
iniciam sua formação na 16º semana VIU, só
completando sua formação quando entra em
contato com o ar, pois são ossos DESENVOLVIMENTO DA LÍNGTA
pneumáticos).
↪ Acontecerá da seguinte maneira:
DESENVOLVIMENTO DA MANDÍBTLA
 Tem origem na parede ventral da orofaringe,
↪ A mandíbula durante seu crescimento, apresenta: na região dos 4 primeiros arcos branquiais;

 6º semana: apresenta a cartilagem de  4º semana: formação das saliências linguais,


Meckel entre a orelha até a linha medial que são saliências do ectomesênquima que
(“barra”), servindo como um guia para a aparecem na região interna do 1º arco
ossificação da mandíbula, desaparecendo branquial;
na região da língua para frente;
 Formação do tubérculo ímpar: eminência
 7º semana: ossificação intramembranosa medial que aparece atrás e entre as
(maior parte) que acontecem em torno do saliências linguais, onde sua margem caudal
aspecto lateral da cartilagem e na parte tem o forame cego;
posterior da mandíbula;
 1º arco branquial: forma os 2/3 anteriores da
 Na região anterior a esta cartilagem, ocorre língua (corpo);
a ossificação endocondral, apenas na
região do côndilo e da sínfese;  2º, 3º e 4º arcos: formam a cópula ou a
eminência hipobranquial (forma a base da
 Porção posterior da cartilagem de Meckel: língua ao se fundir com o tubérculo ímpar e
forma os componentes ósseos da orelha as tumefações linguais laterais);
média, a espinha do esfenoide e o ligamento
esfenomandibular;  Endoderma dos arcos + cópula = formam o
1/3 posterior da língua;
 10º semana: aspecto de mandíbula
rudimentar;  A língua é separada do assoalho da boca
por um crescimento ectodérmico, que, depois,
 Entre a 10º e a 14º semanas: aparecem as degenera, formando o sulco lingual, à
cartilagens secundárias (condilar, coronóide semelhança do sulco vestibular.
e de sínfese).
 Os músculos da língua têm origem no
MAXILA X MANDÍBTLA assoalho da faringe;

↪ As diferenças entre essas estruturas são notórias,  Inervação motora da língua: nervo
envolvendo: hipoglosso;

 Inervação do corpo da língua = nervo


 Inicialmente a mandíbula é bem maior do que língual (1º arco – nervo trigêmeo – sensorial)
a maxila, mas essa diferença vai diminuindo
gradualmente;
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+ nervo corda do tímpano (2º arco – nervo
facial – gustativa);

 Inervação da raiz da língua = nervo


glossofaríngeo (3º arco – IX par – sensorial) +
nervo vago (3º arco – X par – sensorial) +
nervo hipoglosso pares (somitos occipitais –
motora).

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Odontogênese
O processo de formação dos dentes
INTRNDUÇÃN se proliferar, ou seja, a sofrer mitose e a
invadir o ectomesênquima (invaginando) até
produzir a “banda epitelial primária”. Esta
↪ A “odontogênese” é o processo de desenvolvimento
banda é um conjunto de células contínuas em
e formação dos elementos dentários (dentes). Ela
forma de “ferradura” que se desenvolvem ao
inicia-se no período embriológico (pré-natal) e
redor da maxila e da mandíbula, com a
completa-se no período pós-natal, ou seja, até depois
função de formar os futuros arcos dentários,
do nascimento da criança.

LEMBRE-SE: na 3ª semana VIU há a formação do


endoderma e do ectoderma, onde existirá uma
migração de células ectodérmicas para uma região
central, dando origem ao mesoderma. Sabendo disso,
a “cavidade oral primitiva” ou “estomódeo” será
revestida pelo epitélio oral primitivo (ectoderma).

LÂMINA VESTIBULAR E LÂMINA DENTÁRIA


↪ Estas duas lâminas correspondem ao processo inicial
da odontogênese, precedendo as suas fases. As
formações ocorrem com o seguinte passo a passo:

 O início dá odontogênese é marcado no 27º


dia com a desintegração da membrana
bucofaríngea, promovendo a comunicação  Então, a “banda epitelial primária” irá sofrer
entre o estomódeo, à faringe e ao intestino uma bifurcação, formando a “lâmina
primitivo; vestibular” e a “lâmina dentária”, onde esta irá
ser formada primeiro;
 Nessa fase, a cavidade oral primitiva é
revestida por um epitélio de apenas 2 a 3  A “lâmina dentária” será responsável por
camadas de células, que será invadido por formar os dentes, representando o futuro arco
uma população de células ectodérmicas dentário. Ela irá se proliferar cada vez mais,
provenientes da crista neural; levando a um maior aprofundamento no
ectomesênquima em sentido perpendicular;
 Uma vez nesse local, o ectoderma passará a
se comportar como mesênquima, originando  Enquanto que a “lâmina vestibular”,
estruturas de origem conjuntiva, o anteriormente à dentária, sofrerá uma
“ectomesênquima”. apoptose (morte) de suas células na região
central formando uma fenda que será o fundo
do sulco vestibular (futuro vestíbulo),
localizado entre a bochecha/lábio e os
futuros arcos dentários.

 Na 5ª e 6ª semanas VIU (37 dias) o epitélio


oral primitivo (fator indutor inicial) começa a

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 As esférulas irão apresentar dois tipos de
células distintos: cúbicas ou cilíndricas baixas
em torno da periferia e, células poligonais no
centro (mais afastadas);

FASES DA NDNNTNGÊNESE
↪ As fases da odontogênese acontecem após a
formação das lâminas vestibular e dentária,
compreendendo-se em 5:

1. FASE DE BOTÃO;
2. FASE DE CAPUZ; Proliferação
3. FASE DE CAMPÂNULA
Morfogênese,
4. FASE DE COROA;
Citodiferenciação
5. FASE DE RAIZ.

 Nessa fase, há uma discreta condensação


(aproximação) das células ectomesenquimais
em torno do botão.

FASE DE BNTÃN
↪ A “fase de botão ou de broto” representa o
verdadeiro início de formação de cada dente. Seu
passo a passo acontece da seguinte maneira:

 A lâmina dentária passa a apresentar em


alguns lugares altas atividades mitóticas
diferenciadas, ou seja, alta proliferação das
células;  No 5ª mês de gestação já é possível verificar
os 32 germes dos dentes permanentes.
 Com isso, na 8ª semana VIU, começam a
aparecer, em cada arco (maxila e OBS: Apesar de os dentes decíduos começarem sua
mandíbula), 10 pequenas esférulas (“botão”) formação a partir da lâmina dentária, a época de
que invadem o ectomesênquima, estabelecimento do botão não é necessariamente a
representando o início da formação dos mesma para todos os dentes.
germes decíduos (“dentes de leite”);
Agora a “lâmina dental” será vista microscopicamente
como um elo entre o epitélio oral e o botão.

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células achatadas apresentam grandes
espaços intercelulares, porém estando
conectadas através de prolongamentos
(adquirindo uma forma “estrelada”)
conhecidos como desmossomos.

FASE DE CAPUZ
↪ A “fase do capuz” é conhecida por apresentar uma
intensa proliferação das células epiteliais, recebendo
este nome pelo crescimento não uniforme do botão,
assemelhando-se a um boné. Seu passo a passo é:

 Inicia-se com uma depressão (concavidade)


no centro de sua parte mais profunda, onde
se verifica uma intensa concentração de
células ectomesenquimais condensadas
(interação entre célula e matriz extracelular);
2. PAPILA DENTÁRIA: nada mais é do que o
ectomesênquima em um maior grau de
condensação, sendo responsável por formar a
dentina e a polpa.

3. FOLÍCULO DENTÁRIO (ou SACO): é o


ectomesênquima condensado que rodeia
tanto o órgão do esmalte, quanto a papila
dentária, formando uma “cápsula” que separa
o germe do ectomesênquima restante da
maxila e da mandíbula (com coloração
esbranquiçada sob microscopia). Ele é
responsável pela formação do periodonto de
inserção do dente, ou seja, do cemento, do
ligamento periodontal e do osso alveolar.
Além disso, nutre o órgão do esmalte com seus
 Uma vez estabelecido o capuz, há a
capilares.
formação de vários componentes do germe
dentário, sendo eles (total de 3):

1. ÓRGÃO DO ESMALTE: corresponde à porção


epitelial do germe, dando origem ao esmalte
dentário. Ele é formado por 3 camadas de
células, sendo elas:

1.1. Epitélio externo = localizado nas laterais


do germe, sendo composto por células
achatadas;

1.2. Epitélio interno = localizado na


concavidade adjacente à condensação
ectomesenquimal, constituído de por
células cúbicas altas;

1.3. Retículo estrelado = localizado na região


central do órgão do esmalte, onde suas

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FASE DE CAMOÂNULA
↪ A “fase da campânula ou do sino” acontece da 14ª
a 18º semana VIU, sendo marcada pela diminuição
da proliferação das células epiteliais e, por isso, o
crescimento do órgão do esmalte vai minimizando. Na
medida em que isso acontece, as células do germe e
as ectomesenquimais iniciam seu processo de
diferenciação (“fase de morfo e histodiferenciação”).
Portanto, seu passo a passo acontece:

 A concavidade do órgão do esmalte


aumenta e as suas margens ficam mais
aprofundadas, semelhantes a um “sino”;

 Há, também, a formação da “alça cervical” na


região em que os epitélios externo e interno se
encontram. Essa alça servirá na fase de coroa
final, como região para a proliferação das
células dos epitélios externos e internos, que
constituirá a bainha radicular de Hertwig,
induzindo a formação da raiz do dente.

 O retículo estrelado aumenta o seu volume,


devido ao aumento da distância entre as
células e de seus prolongamentos;

 O epitélio externo transforma suas células


achatadas em células pavimentosas;

 O epitélio interno transforma suas células


cúbicas altas em células cilíndricas baixas
com núcleo centralizado;

 Há a formação do “estrato intermediário”, ou  A lâmina dentária entre o órgão do esmalte e


seja, um conjunto de duas ou três camadas o epitélio oral desintegra-se e o folículo
de células pavimentosas, entre o epitélio dentário passa a envolver o germe do dente
interno e o retículo estrelado, contribuindo por completo;
para a formação do esmalte;
 O osso do processo alveolar em formação
acaba rodeando completamente o folículo
dentário, constituindo a cripta óssea;

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diferenciação final dos pré-
ameloblastos em AMELOBLASTOS,
 Porém, um grupo de células epiteliais da que secretam a matriz orgânica do
lâmina irá permanecer nos pertuitos ósseos, esmalte.
formando o “gubernáculo” ou “canal
gubernacular”, que desempenhará importante  Essas situações podem ser resumidas
papel na erupção; em “indução recíproca” onde uma
célula irá induzir outra a se
 Além disso, existem fenômenos morfogenéticos diferenciar.
que determinam a forma da coroa do futuro
dente (inicia-se a partir do vértice das OBS: Percebe-se, portanto, que a dentinogênese
cúspides em direção à alça cervical), através
acontece antes da amelogênese.
de dobras no epitélio interno do órgão do
esmalte nos locais em que as primeiras células
cessam sua atividade mitótica, antes da
diferenciação em ameloblastos, e também ao
fato de que a alça cervical permanece fixa;

 Há o aparecimento do “nó do esmalte”


através do acúmulo de células epiteliais no
estrato intermediário;

 Após todos esses eventos, forma-se uma


subfase dentro da campânula, chamada de
CAMPÂNULA AVANÇADA, onde acontecerá:

 A “inversão da polaridade”, ou seja,


as células do epitélio interno
retornam a serem cilíndricas altas, mas
seus núcleos passam a se localizar na FASE DE COROA
posição oposta à papila dentária,
tornando-se PRÉ-AMELOBLASTOS; ↪ A “fase de coroa” ou também chamada de “fase
avançada da campânula” é marcada pela
 Estes pré-ameloblastos, juntamente deposição de dentina (dentinogênese) e esmalte
com a lâmina basal, irão influenciar (amelogênese) no futuro dente. Assim, ela apresenta:
as células ectomesenquimais da
papila a pararem de se dividir,  Essa deposição acontecerá desde as pontas
provocando o aumento de seu de cúspides até as regiões cervicais (“alça”);
tamanho e a sua diferenciação em
ODONTOBLASTOS;  Além disso, percebe-se, que em um mesmo
germe dentário, na região próxima as alças
 Subsequente, os odontoblastos cervicais, existem zonas nas quais o epitélio
passam a secretar a PRIMEIRA interno não começou o seu processo de
CAMADA DE DENTINA DO MANTO; diferenciação, ou seja, sua inversão de
polaridade não existindo ainda, portanto, a
 Essa camada juntamente com o deposição de dentina nem de esmalte;
contato entre pré-ameloblastos e
odontoblastos, irá desencadear a

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 Resumindo, quanto mais próximo da cúspide,
mais avançado estará o grau de
FASE DA RAIZ
diferenciação das células.
↪ A “fase de raiz” acontece quando o dente
erupciona Ela é marcada com os eventos de
OBS: A formação da dentina é centrípeta (de fora diferenciação que alcançam a região da alça
para dentro) enquanto a do esmalte é centrífuga (de cervical, de modo que seus epitélios (externo e interno)
dentro para fora). proliferam-se em sentido apical para a formação da
raiz. Analise o passo a passo:

 Primeiro, há a formação do “diafragma


epitelial”, ou seja, as células resultantes da
proliferação não conseguem se aprofundar
verticalmente devido à presença do osso da
base da cripta, o que faz com que as duas
camadas epiteliais da alça cervical se dobre;

 Desse modo, as células epiteliais continuam a


se prolifera, formando a “bainha epitelial (ou
radicular) de Hertwig”;

 Segundo, há a formação da “dentina


radicular” através da indução das células
ectomesenquimais da papila dentária em
odontoblastos, pelas células internas da
bainha, aumentando gradualmente o
comprimento da raiz;

 Terceiro, há a “fragmentação da bainha de


Hertwig”, que nada mais é do que espaços
formados com o aumento da superfície da
dentina radicular subjacente;

 Quarto, há a formação dos “restos epiteliais


de Malassez” que são grupos isolados de
células formados através do rompimento da
bainha, por meio do crescimento da raiz, que
aumenta os espaços entre as células;

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 Quinto, existe a formação do “periodonto de
inserção” através do contato entre o folículo
dentário (formado de ectomesênquima) e a
dentina radícular (isso só é possível devido à
fragmentação da bainha) que se compõe de
3 estruturas:

1. CEMENTO: formado através da


diferenciação das células
ectomesenquimais em cementoblastos;

2. OSSO ALVEOLAR: formado através da


diferenciação das células do lado
externo do folículo em osteoblastos;

3. LIGAMENTO PERIODONTAL: formado


através da diferenciação das células da
região central em fibroblastos.

OBS: A formação da dentina radicular no ápice


radicular marca o final da odontogênese.

NDNNTNGÊNESE DNS OERMANENTES


↪ Chamada de “fase do broto permanente”, os germes
dentários de dentes permanentes precedidos de
decíduos originam-se a partir de uma invaginação da
lâmina dentária do próprio decíduo equivalente,
quando seu decíduo estiver na fase de capuz.

 Nos permanentes sem decíduos, seus germes


originam se do próprio epitélio oral, mas em
idades posteriores.

 Em ambos casos, seguem a mesma sequência


de odontogênese dos decíduos.

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Erupção Dentária
O processo do aparecimento dos dentes na cavidade oral
INTRNDUÇÃN
↪ A “erupção dentária” é o processo pelo qual o
dente se desloca da cripta óssea (local que inicia seu
desenvolvimento) até atingir o plano oclusal funcional,
ou seja, a cavidade oral.

FASES DA ERUOÇÃN DENTÁRIA


↪ A erupção dentária apresenta 3 (ou 5) fases, sendo
elas:

1. PRÉ-ERUPTIVA (ou DE MOVIMENTAÇÃO):


acontece até a formação completa da
coroa;  Modificações na cripta óssea que rodeia o
dente, como a sua reabsorção superficial
2. ERUPTIVA: acontece até atingir o plano pelos osteoclastos para acomodar a coroa
oclusal, mas como esta apresenta em crescimento (deposição de dentina e
acontecimentos importantes, foi subdividida esmalte nesta) e a reabsorção em sua base
em: pelo início de formação da raiz;

2.1. ERUPÇÃO INTRAÓSSEA;  Formação do diafragma epitelial


2.2. PENETRAÇÃO NA MUCOSA; (dobramento dos epitélios interno e externo
2.3. ERUPÇÃO PRÉ-OCLUSAL. do órgão do esmalte);

3. ERUPÇÃO PÓS-OCLUSAL (ou PÓS-ERUPTIVO):


como o nome já diz, acontece após o germe
dental atingir o plano oclusal.

FASE ORÉ-ERUPTIVA
↪ Essa fase começa com a diferenciação dos germes
dentários e vai até a formação completa da coroa,
apresentando as seguintes características:

 Leves movimentos dos germes em todas as


direções, ou seja, para oclusal e para
vestibular procurando manter uma relação
compensatória com os maxilares que estão em
crescimento. Além disso, estes movimentos NÃO
são eruptivos e podem ter diversas causas,  Aparecimento do “canal gubernacular”, ou
como a idade relativa de erupção dos tipos seja, de um guia de erupção formado por
de germes (incisivos, pré-molar, etc): enquanto tecido conjuntivo frouxo;
um já está erupcionando, outros ainda estão
na formação da coroa; e o início da
formação das raíz, que “empurram” levemente
o germe;

 Crescimento dos ossos da maxila e da


mandíbula;

OBS: A formação do processo alveolar segue o


padrão da movimentação do germe dentário.

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FASE DE ERUOÇÃN INTRAÓSSEA  Inicia a velocidade de erupção, ainda muito
pequena, cerca de 1 a 10 μm/dia
dependendo do dente.
↪ Corresponde ao deslocamento do germe dentário
da cripta óssea até a sua penetração na mucosa
oral, apresentando as seguintes características:

 Formação e a reabsorção seletiva das


paredes da cripta (presença de osteoclastos
– em vermelho), pois permanece o constante
desenvolvimento da maxila e da mandíbula;

NOTA CLÍNICA: A extração de um dente decíduo


acelera a velocidade de erupção do dente
permanente quando a raiz do permanente está bem
 Maior densidade do folículo que rodeia o desenvolvida, porém retarda quando a raiz está
germe, pois ele irá se juntar com o epitélio pouco desenvolvida.
externo do órgão do esmalte, formando o
“folículo dentário propriamente dito” (tecido
conjuntivo denso); FASE DE OENETRAÇÃN NA MUCNSA
↪ Essa fase é iniciada a partir do momento em que as
cúspides em desenvolvimento alcançam a crista
alveolar, apresentando as seguintes características:

 Formação completa da via eruptiva;

 Predominância de reabsorção (apoptose das


células ósseas e maior quantidade de
osteoclastos) na metade oclusal, ou seja, na
superfície mediana da cripta óssea abaixo do
gubernáculo, formando a “via eruptiva”;

 Aumento da velocidade de erupção;

 Formação do “canal epitelial” (futuro “sulco


gengival”), ou seja, a fusão do epitélio
reduzido do esmalte com o epitélio oral,
evitando que haja exposição da lâmina
própria na cavidade oral. Essa exposição
não pode acontecer, pois como a lâmina é
formada por tecido conjuntivo, há inervação
e vascularização que causaria enorme
sensibilidade e dor ao bebê.

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 Finalização da estruturação das
fibras do ligamento periodontal;

 Finalização da espessura do
cemento nas regiões apical e de raiz;

 Finalização da formação da raiz


com o fechamento do ápice.

NOTAS CLÍNICAS: A liberação de lgE a partir das


células do epitélio reduzido do esmalte pouco antes
da sua fusão com o epitélio oral pode desencadear
uma reação de hipersensibilidade local, que, às vezes,
provoca febre na criança.

Na maioria dos casos, o dente em erupção pressiona


a lâmina própria da mucosa oral, comprimindo
levemente os vasos sanguíneos e outras estruturas,
ocasionando prurido na região da mucosa, pouco  A referência para erupção dos permanentes é
antes do aparecimento do dente na cavidade oral. a raiz do dente decíduo antecessor, que vai
sendo reabsorvida até sua esfoliação
FASE DE ERUOÇÃN ORÉ-OCLUSAL (“queda”);

↪ Corresponde ao deslocamento contínuo do germe  Para os molares, que não apresentam dentes
em direção oclusal (antes dos dentes se encostarem) decíduos, o guia de erupção é o
até atingir a cavidade oral. Suas características gubernáculo e a via eruptiva.
marcantes apresentam:
OBS: A perda ou ausência do dente antagonista
 Fatores intrabucais, como as forças musculares propicia a continuação do movimento eruptivo,
(dos lábios/ bochechas e da língua, através da contínua deposição do cemento e da
principalmente), hábitos, como sucção do movimentação conjunta do dente com o seu
dedo ou objetos, protrusão da língua etc., periodonto de inserção.
bem como o crescimento craniofacial
interferem na direção do movimento eruptivo NOTAS CLÍNICAS: A ausência do dente antagonista
do dente; ocasiona a extrusão (“descer”) dos dentes posteriores,
enquanto isso não ocorre na região dos anteriores,
 Aumento da velocidade de erupção mesmo nos casos de mordida aberta.
considerável, em média de 75 μm/dia.

FASE OÓS-OCLUSAL TENRIAS DA ERUOÇÃN DENTÁRIA


↪ Quando o dente alcança a sua posição funcional ↪ A causa exata que determina a erupção ainda não
no plano oclusal, a erupção quase estaciona. foi confirmada, porém existem 4 teorias que a explicam,
Entretanto, a capacidade de erupção permanece ao sendo elas:
longo da vida do indivíduo, constituindo-se como uma
fase muito lenta. Suas características são:
1. CRESCIMENTO DA RAIZ (ou RADICULAR):
segundo essa teoria, enquanto forma-se a
 Modificações nas estruturas de suporte: raiz, o germe inicia seu deslocamento para
oclusal, devido a resistência gerada pelo
 O osso alveolar torna-se mais osso da base da cripta e pelo folículo dental,
espesso na superfície alveolar; como se o osso “empurrasse” a raiz, e
consequentemente, o dente. Porém essa teoria

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não é considerada a causa da erupção, pois
alguns dentes erupcionam mesmo sem a
formação da raiz (displasias dentárias),
enquanto que outros, com raiz, não
erupcionam (“dentes impactados”). Mesmo
assim, ela ainda é considerada uma teoria,
pois aumenta a velocidade de erupção.

MOVIMENTOS ERUPTIVOS
↪ É o processo em que o dente se desloca do local
onde começou seu desenvolvimento até alcançar seu
plano oclusal funcional. Seus eventos acontecem da
seguinte maneira:

1. Início da erupção: coroa completa e início da


formação radicular;

2. Reabsorções ósseas: reabsorção na oclusal e


2. FORMAÇÃO DO LIGAMENTO PERIODONTAL: a neoformação no ápice;
participação do ligamento periodontal em
desenvolvimento no processo da erupção 3. Reabsorção do tecido conjuntivo denso da
seria decorrente da contratilidade e da gengiva;
motilidade dos seus componentes, porém, foi
invalidada ao perceber que mesmo com o LP 4. Estabelecimento do caminho através do
feito, o dente não erupciona (“osteopetrose”), epitélio;
assim como o contrário, a erupção funcional
pode ser dada mesmo sem a formação da 5. Reabsorção das raízes dos dentes decíduos
raiz, e consequentemente, do LP; e esfoliação das coroas.

3. REMODELAÇÃO DO OSSO DA CRIPTA: FATORES SISTÊMICOS QUE INFLUENCIAM NA


acreditava-se que a absorção do osso da ERUPÇÃO:
cripta era causada para gerar um caminho
pelo qual o germe deveria seguir, já que a
 Hipopituitarismo (e hiper), hipotireoidismo (e
formação do osso alveolar, do dente e a
hiper), síndrome de Down, disostose
erupção dentária eram eventos
cleidocranial, genética, desnutrição, etc;
interdependentes, porém percebeu-se que
essa absorção óssea era consequência das
pressões produzidas pelos movimentos do  Pacientes fissurados: maior tendência a
dente e não a fim de gerar um caminho para apresentar erupção ectópica do 1º MP;
passagem;
 Crianças pré-maturas (influência de fatores
neonatais): pouco peso ao nascimento
4. PAPEL DO FOLÍCULO DENTÁRIO E DO
(retardo) e retardo na idade gestacional.
RETÍCULO ESTRELADO: é a teoria mais aceita,
pois se acredita que o folículo começaria sua
influência sobre o osso alveolar adjacente FATORES LOCAIS QUE INFLUENCIAM NA ERUPÇÃO:
após receber indução a partir das células do
órgão do esmalte, particularmente do retículo  Anquilose dental, desarmonia dento-facial,
estrelado (interação epitélio- persistência anormal do decíduo;
ectomesênquima). Segundo a teoria, dentro
do órgão do esmalte há um “relógio  Freio labial traumático;
biológico” que determina o momento da
erupção. Como o retículo estrelado do órgão  Anomalia do germe permanente;
do esmalte produz fator de crescimento (TGF-
B1) e interleucinas, acredita-se que esses  Odontoma;
fatores passariam do órgão do esmalte para
o folículo dentário, cujas células produziriam
 Cisto folicular.
fator estimulante de colônias (CSF-1),
atraindo, dessa maneira, células precursoras
de osteoclastos para reabsorção óssea.

OBS: Além das condições locais, fatores de


natureza geral, sistêmicos, endócrinos e
nutricionais também afetam o processo eruptivo.

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REATIVAÇÃO DA ERUPÇÃO: de “odontoclastos”, sendo muito semelhantes
aos osteoclastos;
 Depende da remoção do contato com o
dente antagonista;  Inicialmente, irão aparecer inúmeros
odontoclastos na superfície radicular externa,
 É limitada; reabsorvendo o cemento e, logo em seguida,
a dentina radicular;
 Diferentes respostas para os dentes inferiores e
superiores;  Após, haverá a reabsorção pulpar que
acontece depois da radicular.
 Direção de movimento: extrusão ou intrusão.
 Nos momentos que precedem a esfoliação, a
superfície dentinária fica, então, recoberta
por um tecido semelhante ao cemento ou por
um tecido fibroso;

 Em fases ainda mais avançadas, ocorre


reabsorção de regiões de esmalte pelos
odontoclastos.

OBS: Na passagem do período de pós-irrupção para


o período de infra-oclusão há um maior risco de cárie,
pois as gengivas ficam inchadas, cobrindo parte do
dente, o que dificulta a escovação.

REABSNRÇÃN E ESFNLIAÇÃN DNS DENTES


DECÍDUNS
↪ Para que ocorra a erupção dos dentes
permanentes, com exceção dos molares, são
necessárias a reabsorção e a esfoliação (“queda”)
dos dentes decíduos. Além disso, acredita-se que o
fator desencadeante principal da reabsorção do
dente decíduo seja a erupção do dente permanente
correspondente, juntamente com ajuda de outros
fatores (o crescimento da face e dos ossos maxilares,
a ação dos músculos da mastigação e as forças
oclusais). Dessa forma, a reabsorção acontece da
seguinte maneira:

 As células responsáveis pela reabsorção dos


tecidos duros (cemento, dentina e esmalte - OBS: Alguns termos importantes = “rizogênese”
coroa) e moles (polpa e ligamento (processo de formação da raiz do dente), “rizólise”
periodontal - raiz) do dente, são chamadas (processo fisiológico da reabsorção do dente
decíduo) e “esfoliação” (“queda” do dente decíduo).

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Complexo Dentina-Polpa
Os tecidos intimamente relacionados
INTRODUÇÃO
↪ O “complexo dentina-polpa ou dentino-pulpar”
estuda a formação e o desenvolvimento de duas
estruturas em comum que estão intimamente
relacionadas: a dentina e a polpa.

 Cor: branco-amarelada (principal responsável


pela cor do dente, sendo observada pela
translucidez do esmalte, que aumenta com o
avançar da idade);

DENTINA
↪ A dentina é um tecido duro que compõe a maior
parte da estrutura do dente, cujas FUNÇÕES são:
 Dureza: maior que a do osso e menor que a
 Sustentar e proteger o esmalte: por apresentar do esmalte.
uma estrutura tubular, ela acaba sendo mais
resiliente e elástica, o que confere um COMPOSIÇÃO DA DENTINA
amortecimento aos impactos externos
(alimentação e desgastes), evitando com que ↪ Sua constituição é semelhante à do tecido ósseo,
o esmalte quebre; apresentando:

 Proteger a polpa dentária;  MATRIZ INORGÂNICA (70%) = cristais de


hidroxiapatita pequenos e delgados;
 Transmitir impulsos do esmalte ou da raiz à
polpa dental (área sensitiva do dente).  MATRIZ ORGÂNICA (18%):

CARACTERÍSTICAS DA DENTINA  Fibrilas embebidas em SFA


(Substância Fundamental Amorfa);
 Tecido conjuntivo mineralizado;  Fibrilas de colágeno tipo I (90%);
 Proteínas;
 Recoberta pelo esmalte (porção coronária) e  Lipídios.
pelo cemento (porção radicular);
 ÁGUA (12%).
 Aloja a polpa dentária;

 Avascular e acelular;

 Estrutura formada por inúmeros “túbulos


dentinários” que envolvem os prolongamentos
citoplasmáticos dos odontoblastos (desde a
polpa até a JAD – Junção Amelodentinária);

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POLPA  TECIDO CONJUNTIVO FROUXO NÃO
MINERALIZADO (MATRIZ EXTRACELULAR – 25%):
↪ A polpa é um tecido mole (não mineralizado) que se
estende da dentina até a raiz do dente, localizado  Proteoglicanos;
no interior da câmera pulpar, cujas FUNÇÕES são:  Glicoproteínas;
 Fibras colágenas.
 FORMAÇÃO: produz dentina durante toda a
vida, através de seus prolongamentos  CÉLULAS:
odontoblásticos que penetram e constituem a
estrutura orgânica da dentina;  Fibroblastos (estrutura e defesa);
 Linfócitos T, macrófagos e células
 NUTRIÇÃO: promove os nutrientes e o líquido dentríticas (defesa);
tecidual para o metabolismo vital dos  Ectomesenquimáticas (células-tronco
componentes orgânicos dos tecidos multipotentes = indiferenciadas; a
mineralizados circunjacentes, como a dentina, reserva diminui com o passar da
através dos prolongamentos odontoblásticos; idade);
 Odontoblastos (superfície pulpar –
 SENSORIAL: por apresentar terminações origina a matriz orgânica da
nervosas livres, ela é responsável por dentina).
responder às agressões com a sensibilidade e
a dor;  ÁGUA (75%).

 DEFESA: retarda ou impede a destruição de


seu tecido através de processos inflamatórios
que removem o agente patológico, caso não
seja intenso e duradouro.

CASO CLÍNICO: A “pulpite ou inflamação na polpa” é


mais dolorosa do que em outros tecidos, em razão das
paredes rígidas da dentina que impossibilitam a
expansão da polpa, promovendo a dor intensa
(comumente chamada de “latejar”). DENTINOGÊNESE
↪ A “dentinogênese” é o processo de formação da
dentina. Nela, descobre-se que tanto este tecido,
quanto a polpa, são originados da PAPILA DENTÁRIA:
as células da periferia irão se diferenciar em
odontoblastos para a formação da dentina, enquanto
que o restante das células irá constituir a polpa. Seus
6 eventos são:

1. DIFERENCIAÇÃO DOS ODONTOBLASTOS;

2. FORMAÇÃO DA MATRIZ ORGÂNICA DA


DENTINA;

3. FORMAÇÃO DA DENTINA DO MANTO;


CARACTERÍSTICAS DA POLPA
4. FORMAÇÃO DA DENTINA CIRCUMPULPAR;
 Parte “vital” do dente: inervada e
vascularizada; 5. FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR;

 Rodeado inteiramente pela dentina; 6. DESENVOLVIMENTO DA POLPA.

 Comunica-se com o ligamento periodontal,


através do forame apical e das foraminas DIFERENCIAÇÃO DOS ODONTOBLASTOS
acessórias.
↪ Acontece com o processo da “indução recíproca”,
de forma gradual, onde:
COMPOSIÇÃO DA POLPA
 Inicialmente, as células ectomesenquimais da
↪ A polpa apresenta uma consistência gelatinosa e papila (originadas da crista neural)
viscosa com os seguintes elementos:
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apresentam uma morfologia pequena, papila dentária, formando um prolongamento
fusiforme ou estrelada, com núcleo central em único, chamado de “prolongamento
um citoplasma escasso e pobre em organelas; odontoblásticos”, que possui ramificações
próximas a JAD.
 Quando as células do epitélio interno do
órgão do esmalte invertem a polaridade de
seus núcleos, elas se tornam pré-ameloblastos;

 Com essa transformação, as células da papila


irão ser induzidas a se diferenciarem em pré-
odontoblastos, que agora apresentam:
tamanho e aproximação (junções gap)
maiores, e um desenvolvimento das organelas
de síntese e de secreção, dando origem aos
odontoblastos – células que formarão a
dentina;

 É importante lembrar que a lâmina basal


(faixa acelular), que se localiza entre o
epitélio interno e a papila dentária, é a
responsável por mediar esse processo, sendo FORMAÇÃO DA MATRIZ ORGÂNICA DA DENTINA
eliminada gradualmente na medida em que o
desenvolvimento avança; ↪ Como visto anteriormente, a matriz orgânica da
dentina representa 18% de sua composição geral,
 Juntamente à lâmina, a matriz extracelular sendo produzida e secretada pelos odontoblastos. Em
desempenha um papel fundamental: migra e geral, ela apresenta dois componentes:
adere às células, e influencia nos processo de
a) FIBRILAR (90%): são as fibrilas colágenas,
divisão e diferenciação;
como:
 A diferenciação final resultará no aumento da
 Colágeno tipo I (85%);
síntese de colágeno tipo I, na suspensão da
 Colágenos tipos III e V (5%).
síntese de colágeno tipo III e no
aparecimento de junções oclusivas (tight); b) SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL INTERFIBRILAR
(10%): são as proteínas não colágenas.
 Após a diferenciação, existirá a polarização
dos núcleos dos odontoblastos para o polo
proximal (extremidade oposta ao epitélio
interno). Ela irá fazer com que estas células se
alonguem, gerando vários processos curtos no
polo distal, e desenvolvam o RER e o
complexo de Golgi, tornando células
secretoras de proteínas, ou seja, de matriz
orgânica;

FORMAÇÃO DA DENTINA DO MANTO


↪ A “dentina do manto ou 1ª camada de dentina”
apresenta uma espessura que varia entre 10 a 30 mm.
Sua formação acontecerá com os ODONTOBLASTOS
AINDA EM DIFERENCIAÇÃO, sendo:

 Primeiro, existirá a secreção do colágeno,


 Com a deposição dessa matriz, os aonde muitas fibrilas grossas vão se dispuser
odontoblastos irão se afastar em direção à perpendicularmente à lâmina basal;

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 Com o aumento da deposição da matriz, e o
consequente deslocamento dos corpos
celulares dos odontoblastos, os curtos
processos irão ser transformados em um
prolongamento único bi ou tri bifurcado na
sua extremidade distal;

 Simultaneamente, irão ser secretadas as


vesículas da matriz (corpos ovais rodeados
de membrana) que ficarão entre as fibrilas
colágenas;

 A mineralização irá ser iniciada nas vesículas


da matriz;

 Neste primeiro momento, não há deposição


mineral no restante da matriz orgânica
(apenas 5% de mineralização);

 Por fim, com a continuação do processo de


mineralização, haverá a formação de uma
banda contínua mineralizada, situada abaixo
do esmalte (formando a JAD) e sobre a pré-
dentina, conhecida como “dentina do manto”,
finalizando a diferenciação dos
 Contatos entre prolongamentos dos odontoblastos.
odontoblastos e dos ameloblastos recém-
diferenciados; FORMAÇÃO DA DENTINA CIRCUMPULPAR
↪ A “dentina circumpulpar” é aquela que rodeia as
laterais da polpa, compondo a maior parte da
espessura da dentina. Ela é formada pelos
ODONTOBLASTOS COMPLETAMENTE DIFERENCIADOS,
que se deslocam centripetamente continuando a
deposição de matriz orgânica. Seu passo-a-passo
acontece:

 Aposição centrípeta da dentina do manto,


adjacente uma nova camada de matriz não
mineralizada, a pré-dentina, separando-a dos
odontoblastos;

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pequenos glóbulos de calcificação,
conhecidos como “calcosferitos”.

 Com a mineralização dessa pré-dentina, há a


formação da primeira camada da dentina
circumpulpar, de caráter “intertubular”, ou seja,
entre os túbulos dentinários;

 Após, há a secreção de uma fina matriz


orgânica, quase totalmente desprovida de
colágeno, em torno dos prolongamentos FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR
odontoblásticos que se mineraliza
rapidamente e forma a “dentina peritubular”; ↪ A “dentina radicular” é aquela que se localiza em
torno da raiz do dente. A sua formação se dá através
 Na medida em que os odontoblastos vão se das células epiteliais provenientes da bainha radicular
recuando em direção à papila e de Hertwig. Apesar de ser semelhante à formação da
depositando novas camadas de pré-dentina dentina coronária, há algumas diferenças, sendo elas:
que serão mineralizadas, há a formação do
 As fibrilas colágenas da primeira camada são
“túbulo dentinários”, que são espaços
dispostas paralelamente ao longo do eixo da
parcialmente “vazios” (preenchidos pelo fluido
raiz;
dentinários) nas suas extremidades distais.

 Os odontoblastos apresentam mais


 Portanto, a mineralização da “dentina ramificações em seus prolongamentos, próximo
circumpulpar” segue o padrão “interglobular”, ao limite com o cemento;
ou seja, acontece entre a junção de

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 Os corpos dos odontoblastos são menos  É atravessada por numerosos
alongados constituindo, portanto, células prolongamentos das células
cúbicas. subjacentes, por vasos
sanguíneos (plexo capilar) e
DESENVOLVIMENTO DA POLPA também por fibras nervosas
(principalmente do tipo
↪ A “polpa” é formada através da papila dentária,
amielínico – de Raschkow);
com origem ectomesenquimal. Sua formação se dá:

 Nos avançados estágios da erupção


dentária, como a fase de coroa e não na
fase de campânula:

 Com a diminuição das células


ectomesenquimais;

 Com o aparecimento dos


fibroblastos;

 Com o aumento gradual das fibras


colágenas na matriz extracelular;

 A vascularização é feita através da


penetração de ramos da artéria alveolar na
papila;
 Espessura = 40 mm, sendo mais
 As primeiras fibras nervosas só aparecem com evidente na polpa coronária.
o estabelecimento da fase de coroa.
1.2. Zona rica em células:
ANATOMIA PULPAR
 Constituída pelos corpos dos
↪ A polpa dentária é um tecido conjuntivo frouxo com “fibroblastos” e em maior
duas camadas periféricas: a camada de quantidade pelos corpos das
odontoblastos e a região subodontoblástica + uma células indiferenciadas (“stem
camada mais interna: região central da polpa. Então: cells”);

 Mais distinguível na polpa


coronária do que na polpa
radicular.

1. REGIÃO SUBODONTOBLÁSTICA: localiza-se


logo abaixo da camada de odontoblastos
dispostos em paliçada, apresentando duas
zonas:

1.1. Zona pobre em células (ou Weill):

 Apresenta poucas células;

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2. REGIÃO CENTRAL DA POLPA:

 É um tecido conjuntivo frouxo;

 Rodeada por dentina;

 Tipos celulares encontrados:


fibroblastos (renovação dos
elementos da matriz extracelular,
como o colágeno), células
indiferenciadas (adjacentes aos
capilares sanguíneos), macrófagos e
linfócitos (reconhecimento e
 Quando há a formação da metade da
processamento de antígenos, bem
dentina circumpulpar, os prolongamentos se
como a fagocitose de elementos
retraem;
necróticos);
 Próximos a JAD são preenchidos apenas pelo
 Sua matriz extracelular é composta
líquido tissular, conhecido como “fluido
por: elementos fibrosos (colágeno) +
dentinário”, que saem da polpa e representam
substância fundamental (gel que
30% do volume total da dentina.
embebeda as células e as fibrilas,
sendo composta por proteoglicanos,
 São muito ramificados, terminações em “delta”,
glicosaminoglicanos, glicoproteínas e
junto ao limite com o esmalte;
água).

 Possuem um trajeto sinuoso (“S” alongado),


TÚBULOS DENTINÁRIOS mais evidente na dentina coronária do que
na radicular, já que os odontoblastos se
 Principal característica da estrutura deslocam na medida em que depositam
dentinária, percorrendo toda a sua espessura; dentina;

 Na dentina coronária, são mais retilíneos nas


regiões abaixo dos vértices das cúspides;

 Eles se cruzam com certa frequência graças a


este trajeto ondulado;

 Os túbulos, no conjunto, abrem como um


leque (ficam mais longes) no sentido da
junção amelodentinária e, mais pertos, na
região adjacente à pré-dentina;
 Resultantes da mineralização da dentina em
volta dos prolongamentos odontoblásticos;

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 Em pessoas com mais de 50 anos, o seu
diâmetro diminui ou é obliterado pela gradual
deposição de dentina peritubular, neste caso,
chamada de “dentina esclerótica”;

 Eles se comunicam através de ramificações


2. Linhas de Owen: apesar de semelhantes às
conhecidas como “canalículos dentários”; anteriores, estas surgem como consequência
de distúrbios ou alterações metabólicas no
 “Espaço periodontoblástico”: é formado entre processo da dentinogênese, com distâncias
a dentina peritubular e a membrana mais acentuadas e variadas.
plasmática do prolongamento, sendo
preenchido pelo fluido dentário e por uma
fina matriz não mineralizada (colágenos +
glicosaminoglicanos).

ZONA GRANULOSA DE TOMES


São cavidades formadas pela deposição de dentina
ao redor das numerosas ramificações e das alças
terminais dos prolongamentos odontoblásticos. Por isso,
só está presente na dentina radicular.

LINHAS INCREMENTAIS
↪ São linhas rítmicas formadas através dos curtos
períodos de repouso dos odontoblastos, durante a
formação e mineralização da dentina. Elas podem ser
apresentadas de 2 formas:

1. Linhas de Von Ebner (assemelha às linhas de


Retzius no esmalte): linhas perpendiculares ao
longo do eixo dos túbulos dentinários, com
distância entre uma e outra de
aproximadamente 20 mm;
ESTRUTURAS
↪ Agora, haverá uma melhor explicação das estruturas
que foram citadas na dentinogênese, sendo elas:

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1. DENTINA PRIMÁRIA:  Maior parte da espessura total da
dentina;
1.1. Dentina do manto;
1.2. Dentina circumpulpar:  Constituição = dentina peritubular +
dentina intertubular.
1.2.1 Dentina peritubular;
1.2.2. Dentina intertubular; 3.1. Dentina peritubular:

2. DENTINA INTERGLOBULAR;  Está localizada nas paredes dos


túbulos dentinários;
3. DENTINA SECUNDÁRIA;

4. DENTINA TERCIÁRIA OU REPARATIVA;

5. DENTINA TRANSLÚCIDA;

5.1. Dentina esclerosada;

6. PRÉ-DENTINA;

7. POLPA DENTÁRIA.

DENTINA PRIMÁRIA  É hipermineralizada (15%), quando


comparada à intertubular;
↪ É aquela formada até o fechamento do ápice
radicular, sendo dividida em dentina do mando e  Apresenta escassas fibrilas
circumpulpar. Portanto: colágenas;
2. DENTINA DO MANTO:
 Espessura = 0,7 μm na JAD e de 0,4
 Primeira camada de dentina a ser μm na pré-dentina (em direção à
secretada em contato com a JAD, polpa);
pelos odontoblastos em
diferenciação;

 Espessura = 10 a 30 μm;

 A mineralização inicia com as


vesículas da matriz, que não existe na
dentina circumpulpar;

 Fibrilas colágenas grossas dispostas


perpendicularmente à lâmina basal
(futura JAD);

 Estabelece, juntamente com o


esmalte, a Junção Amelodentinária
(JAD);

 Baixo grau de mineralização em


comparação com a dentina  Forma-se durante toda a vida,
circumpulpar; podendo ser aumentada por
estímulos (atrição);
 Ausência de dentina peritubular: os
prolongamentos odontoblásticos são 3.2. Dentina intertubular:
rodeados por uma matriz calcificada
mais ou menos homogênea.  Maior parte da dentina, ocupando
todo o espaço entre os túbulos;
3. DENTINA CIRCUMPULPAR:

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DENTINA INTERGLOBULAR
 Áreas de dentina hipomineralizadas;

 Localização: porção mais externa da dentina


coronária, entre a dentina do manto e a
circumpulpar;

 Resultam da inadequada fusão dos glóbulos


de mineralização (calcosferitos);

 É percorrida pelos túbulos dentinários, porém,


com carência de dentina peritubular (pois ela
é uma estrutura com alta mineralização e nas
áreas interglobulares há baixa mineralização).

 Diferencia-se da anterior por


apresentar muitas fibrilas colágenas, DENTINA SECUNDÁRIA
orientando-se perpendicularmente ao
longo dos eixos dos túbulos  Formada após o fechamento do ápice
dentinários; radicular;

 Assemelha-se a um “novelo de lã”;  Dá-se de forma mais lenta ao longo da vida


do indivíduo (processo natural);

 Semelhante à dentina primária, porém com


leves mudanças nas direções dos túbulos;

 Depositada em todas as superfícies da


dentina voltada para a polpa, diminuindo a
câmera;

 Nos dentes anteriores: maior espessura na


face palatina ou lingual;

 Nos dentes posteriores: maior espessura no


assoalho da câmera pulpar.
 Com o avançar da idade pode
obliterar os túbulos, pois ela continua
crescendo e não há mais
prolongamentos odontoblásticos.

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2. Reparadora: formada por células
indiferenciadas da polpa,
originando-se, na maioria das vezes,
um tecido semelhante ao osso
primário, considerando-se uma
dentina do tipo osteoide, podendo
apresentar células aprisionadas.

CASO CLÍNICO: A constante deposição de dentina


secundária durante a vida do indivíduo provoca
maior dificuldade no acesso à câmara pulpar e/ou a
canais radiculares durante os tratamentos
endodônticos realizados em pacientes idosos.

PRÉ-DENTINA
 Camada não mineralizada que permanece no
dente adulto;
 Separa os odontoblastos da dentina
mineralizada, evitando com que esta dentina
entre em contato com a polpa (se isso
acontecesse, a polpa poderia absorvê-la);

DENTINA TERCIÁRIA
↪ É formada frente a fatores externos, como a atrição
e a cárie (processo patológico), com o objetivo de
formar uma barreira de proteção. Ela pode ser de 2
tipos, sendo eles:

1. Reacional: é irregular (ausência de


estrutura tubular) e constitui uma
tentativa dos odontoblastos em
formar uma barreira, restabelecendo  Espessura = 30 μm;
a espessura de dentina, tornando-se,  A sua matriz extracelular é composta por
assim, mais afastados dos fatores que fibrilas colágenas e por
representam agressão; proteoglicanos/glicosaminoglicanos.

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CASO CLÍNICO: Em casos de necrose pulpar, a principalmente na região subodontoblástica, porém
podem atingir a camada odontoblástica durante a
camada de pré-dentina não mais existe. Em virtude de dentinogênese para fornecer nutrientes aos
sua natureza orgânica, ela se desintegra durante o odontoblastos secretores.
processo de degeneração necrótica da polpa.
Também estão presentes vasos linfáticos na polpa,
originando-se na polpa coronária e dirigindo-se em
DENTINA TRANSLÚCIDA direção ao forame apical.
↪ Surge com a obliteração fisiológica do tubo através
da dentina peritubular, sendo que quando essa
NOTA CLÍNICA: Com o avançar da idade, ocorre
redução do volume da polpa, diminuição dos
obliteração é realizada de forma patológica, há a
componentes celulares, aumento do colágeno,
formação da “dentina esclerosada”. formação de massas calcificadas e redução dos
suprimentos sanguíneo, linfático e nervoso.
INERVAÇÃO DO DENTE E SENSIBILIDADE
DENTINO PULPAR
↪ O elemento dentário é inervado por fibras sensoriais
provenientes do nervo trigêmeo e por ramos simpáticos
do gânglio cervical, que penetram neste pelo forame
apical e pelos forames acessórios em feixes grossos
mielínicos (tipo A, dor aguda e pulsátil) e amielínicos
(tipo C, dor difusa e crônica). Na região
subodontoblástica está o “plexo de Raschkow”, onde
alguns axônios atravessam à camada de
odontoblastos, alcançando a pré-dentina, o que os
fazem penetrar na porção inicial dos túbulos
dentinários, ficando em íntimo contato com o
prolongamento odontoblásticos. A dor dentinopulpar
ainda não possui uma base conclusiva, porém há uma
teoria que pode explica-la:

 TEORIA DA HIDRODINÂMICA: pelo fato de os


túbulos dentinários estarem preenchidos pelo
fluído dentinário, no espaço
periodontoblástico, quando os estímulos
atingem a dentina, eles movimentam levemente
este líquido, gerando ondas que alcançam as
fibras nervosas localizadas na porção inicial
dos túbulos e no plexo de Raschkow
resultando, assim, a sensibilidade.

SUPRIMENTO VASCULAR DA POLPA


↪ O dente é irrigado por ramos provenientes das
artérias alveolares superior e inferior que penetram na
polpa pelo forame apical e pelos forames acessórios,
formando o “plexo vascular”. Ele está localizado,
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Esmalte Dentário
O tecido mais duro do organismo
INSQNDTÇÃN CARACTERÍRSICAR
↪ O esmalte dentário é o tecido mais mineralizado do ↪ As características que identificam o esmalte são:
organismo, localizando-se superior à dentina, cujo
objetivo consiste em recobrir a coroa dos dentes  Origem: células epiteliais do ectoderma;
(mastigação), além de proteger a dentina e a polpa.
 Único tecido completamente acelular (sem
inervação);

 Extrema dureza = altamente friável


(“quebrável”);

 Relativamente impermeável, ou seja, pouco


poroso (o esmalte oclusal é menos permeável
e mais duro que o cervical);

 Cor: branco-acinzentado ao branco-


amarelado;

 Aparência translúcida (devido à alta


CNMONRIÇÃN composição inorgânica – “cristais”);

↪ O esmalte é caracterizado através de seu alto teor  Espessura delgada = 2,5 mm nos vértices das
inorgânico, sendo composto por:
cúspides ou nas bordas incisais (isso
possibilita ver a cor amarelada da dentina
 Conteúdo inorgânico (97%) = cristais de
hidroxiapatita (fosfato de cálcio) + carbono + subjacente e, portanto, influencia na cor do
sódio + magnésio + cloreto + potássio + flúor; dente).

 Conteúdo orgânico (1%) = proteínas + OBS: Pelo fato de a dentina ser um tecido mais
carboidratos + lipídios (estes dois últimos em poroso, ou seja, ser mais “macio”, ela acaba por
menor quantidade); absorver mais impactos, reduzindo fraturas e, portanto,
conferindo uma maior sustentação ao esmalte.
 Água (2%).
OBS: Mineralização > Natureza cristalina >
Translucidez.

NOTA CLÍNICA: Os dentes decíduos apresentam uma


cor mais esbranquiçada do que os dentes
permanentes, devido à menor translucidez do esmalte,
ou seja, menor mineralização, já que esta vai
acontecendo com o decorrer da maturação eruptiva.

OBS: Não possui colágeno!


OBS: O baixo conteúdo orgânico serve para suportar
os ataques cariogênicos, além de direcionar o
crescimento dos cristais.

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AMELOGÊNERE FARE DE DIFEQENCIAÇÃN
↪ É o processo de formação e desenvolvimento do ↪ Essa fase é marcada pela diferenciação gradual
esmalte. Ela explica o “ciclo vital” dos ameloblastos, (cúspides até as regiões de alça cervical) das células
antigas células do epitélio interno do órgão do do epitélio interno em pré-ameloblastos e destes em
esmalte, responsáveis pela secreção do esmalte que ameloblastos (esta última só acontece com a
se inicia na fase de coroa, compondo as seguintes secreção da primeira camada de dentina). Suas
fases (5): características são:

1 FASE MORFOGENÉTICA;  Alongamento das células: células cúbicas


passam a serem cilíndricas altas;
2 FASE DE DIFERENCIAÇÃO;
 Formação do estrato intermediário = duas ou
3 FASE SECRETORA; três camadas de células achatadas que
aparecem entre as células do epitélio interno
4 FASE DE MATURAÇÃO; e o retículo estrelado;

5 FASE DE PROTEÇÃO.

FASE MORFOGENÉSICA
↪ Esta fase coincide com o início da fase de
campânula, cujas características são:

 Multiplicação das células do epitélio interno;

 Células cúbicas, com núcleo ovoide, grande e


central ou próximo à lâmina basal que as
separa da papila dentária;

 Inversão da polaridade do núcleo: o núcleo


volta-se para o estrato intermediário (polo
proximal), enquanto que o complexo de Golgi
migra para em sentido inverso, ou seja, para a
papila dentária (polo distal);
 Desenvolvimento das organelas: o material
sintetizado por estas células é destinado
para fins intracelulares como, por exemplo,
desenvolver o complexo de Golgi;

 Após essa multiplicação, estas células param


de se dividir (nas regiões das futuras
cúspides) o que gera a dobra do epitélio
interno, determinando a morfologia da coroa.

 Desenvolvimento do RER (paralelo ao eixo


longitudinal da célula) e de numerosos e
curtos processos na superfície distal, que
promovem a comunicação dos pré-
ameloblastos com os odontoblastos e com as
vesículas da matriz.

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 Desenvolvimento das junções comunicantes
(gap), dos desmossomos e das junções
oclusivas (tight);

 O RER, constituído por inúmeras cisternas


(paralelas e alinhadas seguindo o eixo da
célula), inicia a síntese de proteínas da matriz
orgânica do esmalte – esta irá ser
condensada e empacotada no complexo de
Golgi - os grânulos de secreção serão
envolvidos pelo citoplasma distal, onde
 Aparecimento de um citoesqueleto bem
liberarão o material orgânico nos espaços
desenvolvido também paralelo ao eixo
intercelulares e sobre a dentina do manto;
longitudinal da célula;

 Liberação de enzimas lisossimais que


degradam e tornam descontínua a lâmina
basal;

 Formação das junções comunicantes (gap),


desmossomos e junções oclusivas (tight) entre
os pré-ameloblastos, constituindo os
“complexos juncionais” proximais e distais.

FASE SECRETORA
↪ Esta fase compreende-se a formação dos
ameloblastos secretores, marcando o início da
amelogênese propriamente dita. Nela, acontecem duas
subfases:
 Superfície distal dos ameloblastos mais ou
Na primeira acontecerá: menos plana (apenas no início) com

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numerosas e curtas protrusões (microvilos e
invaginações);

 Secreção da matriz orgânica do esmalte,


constituída por proteínas de natureza não
colágenas, sendo elas: amelogenina e não-
amelogenina (tufelina, enamelina e
amelobastina);
 O processo de Tomes irá formar o esmalte
 Início da mineralização (15%) imediatamente prismático: arranjo dos cristais de mineral,
após o início da secreção da matriz devido à mudança na movimentação dos
orgânica, nas regiões de contato direto com ameloblastos durante a deposição da matriz
a dentina do manto, formando uma camada e da mineralização;
contínua e aprismática = cristais de
hidroxiapatita alinhados perpendiculares à  O folículo dentário será a única fonte de
superfície da dentina (“forma de fita”), nutrição do esmalte;
determinando a junção amelodentinária (JAD).
 Com o avançar da secreção, os componentes
do órgão do esmalte completam o seu
colapso, por meio da apoptose de suas
células;

Enquanto que, na segunda:

 Formação do processo de Tomes = curta  Ao finalizar a fase secretora, o ameloblasto


projeção cônica originada a partir do seu não mais apresenta processo de Tomes,
citoplasma distal, servindo para comandar a porém mais algumas camadas de esmalte
orientação do esmalte em formação; ainda podem ser depositadas, formando o
esmalte aprismático superficial.
 Transformação da superfície distal plana em
uma superfície de aspecto serrilhado, onde
existirão duas fases: fase S, que será plana e
FARE DE MASTQAÇÃN
secretora, e a fase N, que será côncava e
não secretora; ↪ Esta fase é marcada pelo aumento do crescimento
dos cristais de hidroxiapatita (15% de íons para 85%),

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ou seja, da mineralização do esmalte, que ocorre da
seguinte maneira:
FARE DE OQNSEÇÃN
↪ Nesta fase há a formação do epitélio reduzido do
 Os ameloblastos reduzem sua altura, diminuem
órgão do esmalte (ameloblastos + órgão do esmalte)
as organelas de síntese e de secreção =
que recobre o esmalte maduro da coroa até a
células cilíndricas baixas com a superfície
erupção do dente, chamado de “cutícula primária ou
distal lisa;
membrana de Nasmyth”. Nela, há as seguintes
características:
 Há a remoção dos elementos orgânicos (a
primeira proteína removida é a amelogenina,
 As células diminuem de tamanho,
já que elas inibem o crescimento dos cristais)
transformando-se em células cúbicas;
e da água;

 Estas células secretam um material semelhante


 Formam-se os cristais em formas de fitas,
ao da lâmina basal sobre o esmalte recém-
aumentando sua largura mais rapidamente do
formado;
que a sua espessura. Na medida em que
aumentam de tamanho, também são
fusionados, acontecendo sempre no sentido  Os outros componentes do órgão do esmalte
centrífugo, ou seja, iniciando nas camadas perdem por completo a sua identidade.
mais profundas (JAD) indo até a superfície.

ESTRUTURAS
↪ A estrutura do esmalte maduro (mineralizado) é
composta por duas regiões: os prismas, em forma de
barras, e as regiões interprismáticas, localizadas em
regiões periféricas, unindo os prismas. Suas estruturas
compreendem:

1 PRISMAS;
2 ESTRIAS OU LINHAS INCREMENTAIS DE RETZIUS;
3 ESTRIAÇÕES TRANSVERSAIS;
4 BANDAS DE HUNTER-SCHREGER;
5 ESMALTE NODOSO;
6 TUFOS;
7 LAMELAS;
8 FUSOS;
9 PERIQUIMÁCIAS;
10 ESMALTE APRISMÁTICO;
11 JUNÇÃO AMELODENTINÁRIA (JAD).

PRISMAS
OBS: Essa fase é uma maturação pré-eruptiva,
lembrando que quando o dente atinge a cavidade ↪ São barras ou colunas mais ou menos cilíndricas que
oral, o esmalte sofre outra maturação, sendo esta pós- se estendem desde a camada de esmalte aprismático
eruptiva. (em contato com a dentina do manto), até a superfície
externa do esmalte. Suas características são:

 Orientados por cristais de hidroxiapatita em


sentido longitudinal, na região central do
eixo, e inclinados nos limites do prisma (cada

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um segue o seu caminho, por isso, há
curvaturas nas superfícies dos dentes);

 São formados apenas pela face plana do


processo de Tomes;

 A disposição dos cristais que formam os


prismas deve-se à direção da movimentação
dos ameloblastos durante a fase secretora;

 Os prismas estão entrelaçados em um sistema


conhecido como “buraco-fechadura”,
possuindo uma cauda, uma cabeça e uma
bainha;

 Formação das regiões interprismáticas = estão


localizados entre as regiões centrais dos
prismas, ao lado da face não secretora
sendo, também compostas, por cristais de
hidroxiapatita densamente empacotados. A
diferença entre estas regiões e os prismas
está apenas na orientação dos cristais.

ESTRIAS OU LINHAS INCREMENTAIS DE RETZIUS


↪ São linhas formadas através da mudança de
direção (momentos de repouso) dos ameloblastos
durante a formação do esmalte. Geralmente, são
zonas escuras e denominadas hipomineralizadas em
relação com o restante do esmalte, seguindo uma
direção oblíqua desde a JAD até à superfície externa,
com exceção das cúspides e das bordas incisais.

 Formação da região da bainha = cristais da


periferia + cristais de prismas adjacentes da
região interprismáticas;

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ERSQIAÇÕER SQANRUEQRAIR
↪ São formadas através de leves constrições nos
prismas, representando o ritmo circadiano da
produção de esmalte pelos ameloblastos.

LAMELAS
↪ São regiões em formato de fita e hipomineralizadas,
mas que se diferenciam dos tufos por serem mais
longas, alcançando até a superfície externa do dente
(“rachaduras” = número 2).

BANDAS DE HUNTER – SCHREGER


↪ São bandas claras e escuras que aparecem com a
mudança do trajeto dos prismas, visualizadas com o
desvio de luz no microscópio. Portanto, é apenas um
fenômeno óptico.

FUSOS DO ESMALTE OU ADAMANTINOS


↪ São continuações dos túbulos dentinários, ou seja,
na medida em que os odontoblastos estão sendo
diferenciados e secretam a matriz orgânica da
ESMALTE NODOSO dentina, alguns de seus processos penetram a região
que fica entre dois pré-ameloblastos em diferenciação,
↪ São regiões formadas pelo entrecruzamento irregular invadindo a região do futuro esmalte. Então, o esmalte
de alguns prismas no vértice das cúspides, indo desde será formado em torno deste processo, dando origem
a JAD até a superfície externa do dente. aos fusos.

TUFOS DO ESMALTE OU ADAMANTINOS


↪ São áreas hipomineralizadas que contém a proteína
tufelina. Recebem este nome por serem semelhantes a
“tufos de grama”, sendo visualizadas como fitas finas,
curtas e onduladas, que se originam na JAD,
alcançando 1/3 da espessura do esmalte.

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OEQIPTIMÁCIAR JTNÇÃN AMELNDENSINÁQIA (JAD)
↪ São as porções superficiais das estrias de Retzius. ↪ É a superfície de contato entre o esmalte e a
Estas porções são vistas externamente como leves dentina (“C”), sendo basicamente ondulada. Sua
depressões lineares no sentido horizontal, levando a função é promover a comunicação entre estes dois
atenuadas ondulações na superfície dos dentes. tecidos dentários, além de ser a região onde se
originam os tufos, as lamelas e os fusos adamantinos.
OBS: São melhores visualizadas em dentes recém-
erupcionados, sendo que com o passar da idade, elas
tendem a desaparecer.

ERMALSE AOQIRMÁSICN
↪ São regiões mais ou menos homogêneas formadas
por cristais alinhados paralelamente entre si e
perpendiculares à superfície externa, derivados dos
ameloblastos que não apresentam mais o processo de
Tomes.

OBS: Ele é encontrado tanto em dentes decíduos,


quanto nos permanentes.

OBS: A utilização de flúor de várias maneiras resulta


em um esmalte mais resistente em razão da sua
incorporação na estrutura do cristal de apatita.

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Periodonto de Inserção
As estruturas que sustentam os dentes
INTRODUÇÃO CEMENTO
↪ O “periodonto de inserção ou de sustentação” é ↪ O “cemento” é um tecido conjuntivo mineralizado
responsável pela ancoragem dos dentes nos alvéolos, que recobre a dentina radicular, de modo que as suas
o que promove a sua sustentação tanto na maxila, principais FUNÇÕES sejam:
quanto na mandíbula. Ele é formado por 3 estruturas,
sendo elas:  Fixar as fibras colágenas do ligamento
periodontal na raiz do dente;
1. CEMENTO;
 Selar os túbulos dentinários da dentina,
2. LIGAMENTO PERIODONTAL (LP); evitando a sensibilidade dentária.

3. OSSO ALVEOLAR.

OBS: A “gengiva” faz parte de outro tipo de


periodonto, conhecido como “periodonto de
proteção”.
CARACTERÍSTICAS DO CEMENTO
FORMAÇÃO  Desenvolve-se a partir do folículo dentário,
por isso, não é uma estrutura dentária;
↪ O periodonto de inserção possui origem
ectomesenquimal a partir da diferenciação das células
do folículo dentário, estando intimamente relacionado
com a formação da dentina radicular, ou seja, na
medida em que esta vai sendo formada, a bainha
radicular de Hertwig se fragmenta e forma os restos
epiteliais de Malassez (fase de raiz). Dessa forma, os
espaços entre estes restos gera o contato entre a
dentina radicular e o folículo, promovendo a
diferenciação de suas células ectomesenquimais em:
cementoblastos, fibroblastos e osteoblastos.

 Recobre a superfície externa da raiz


(visualizado nas extrações);

 É avascular: depende do LP, nutrindo-se por


difusão;

OBS: Estes tecidos se formam simultaneamente!  Não sofre remodelação normalmente, ou seja,
sua reabsorção e neoformação ocorrem com
baixa intensidade;
Aula 07 – Histologia e Embriologia Odontológica | @vitoriaellenbarbosa 1
 Sua espessura varia conforme a região: terço
cervical da raiz (próximo à junção esmalte-
cemento) = fino (30 a 50 μm) e no ápice da
raiz = espesso (180 a 200 μm).

COMPOSIÇÃO DO CEMENTO
↪ É muito semelhante ao tecido ósseo por apresentar  Estes espaços promovem:
um alto grau de mineralização (60%), diferenciando-se
deste por não sofrer remodelação constante, sendo  A deposição da “camada hialina”,
composto por: que nada mais é do que uma fina
camada mista (1 a 2 μm), composta
1. MATRIZ INORGÂNICA (46 a 50%): pelas primeiras fibrilas colágenas que
se inserem na região da membrana
basal e se mineralizam, sendo
1.1. Cristais de hidroxiapatita (fosfato de
responsável pela adesão do
cálcio) menores que os do esmalte e da
cemento à dentina, desaparecendo
dentina e sem vesículas da matriz,
no dente formado;
alojando-se dentro e entre as fibras
colágenas.
 O contato entre as células
ectomesenquimais do folículo
2. MATRIZ ORGÂNICA (22%):
dentário com a dentina radicular,
que induz estas células a se
2.1. Fibras colágenas = tipo I (90%); diferenciarem em cementoblastos,
fibroblastos e osteoblastos.
2.2. SFA =proteoglicanas, glicosaminoglicanas
e glicoproteínas;  Imediatamente após a sua diferenciação, os
cementoblastos juntamente com os
2.3. Células = cementoblastos e cementócitos.
fibroblastos irão sintetizar e secretar a matriz
orgânica do cemento, na qual é constituída
3. ÁGUA (32%).
principalmente por fibrilas colágenas;
CEMENTOGÊNESE
 É importante lembrar que os três tipos
↪ A “cementogênese” corresponde ao processo de celulares são formados simultaneamente e que,
desenvolvimento do cemento, coincidindo com o início portanto, essas fibrilas (próximas ao colo do
da formação da raiz do dente, onde suas etapas são: dente) são originadas pelos fibroblastos e
não pelos cementoblastos, sendo
 Na medida em que a raiz vai sendo formada, consideradas “extrínsecas” ao cemento. Entre
há a fragmentação da bainha epitelial de elas, há outro tipo de matriz orgânica, sendo
Hertwig o que provoca a formação dos restos
que esta é formada pelos cementoblastos;
epiteliais de Malassez e dos espaços entre
eles;

Aula 07 – Histologia e Embriologia Odontológica | @vitoriaellenbarbosa 2


 Os tipos de cemento formados encontram-se fibras de Sharpey sofrem um processo
alternados ao longo da raiz; muito uniforme de mineralização;

 Com a deposição, ocorrerá a morte


programada (apoptose) tanto das células
epiteliais, quanto das ectomesenquimais.

TIPOS DE CEMENTO
↪ Existem 2 tipos de cemento, sendo eles:

1. CEMENTO ACELULAR (ou DE FIBRAS


EXTRÍNSECAS):

 Forma-se por aposição, ou seja, durante


a erupção intraóssea há pouca
velocidade de erupção, fazendo com
que os cementoblastos depositem a
matriz orgânica e migrem antes de sua
mineralização acontecer, o que promove
o não aprisionamento destas células no
interior do cemento (daí o seu nome);

 Encontrado no terço cervical (1/3) de  Os cementoblastos secretam fibras que


todos os dentes, sendo que a sua adentram na dentina;
extensão é maior nos incisivos do que nos
molares (decresce no sentido  Em sua borda há uma camada não
anteroposterior); mineralizada, chamada de “cementoide”,
onde estão dispostos os fibroblastos.

NOTA CLÍNICA: A exposição da porção cervical da


raiz resulta na perda da fina camada de cemento
acelular, ocasionando a exposição dos túbulos
dentinários da dentina com consequente
hipersensibilidade da região.

 Possui uma matriz bastante fibrosa de


origem extrínseca: constituído por grossos
feixes de fibras colágenas produzidas
pelos fibroblastos do LP, que se inserem
no cemento, sendo chamadas de “fibras
de Sharpey”;

 Possui um aspecto homogêneo, vítreo e


quase transparente, pelo fato de que as

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2. CEMENTO CELULAR (ou DE FIBRAS MISTAS):  Mais espesso que o tipo acelular;

 Recebe este nome pelo fato de as células  Possui uma matriz orgânica formada por
encontrarem-se aprisionadas na matriz. Isso fibrilas colágenas formadas tanto pelos
acontece devido ao franco processo de fibroblastos, quanto pelos cementoblastos;
erupção (penetração na mucosa e pré-
oclusal) que provoca uma rápida secreção e  Apresenta uma mineralização incompleta das
mineralização da matriz orgânica, fibras de Sharpey (mais numerosas nas
transformando os cementoblastos em camadas superficiais);
cementócitos, localizados em lacunas
chamadas de “cementoplastos”;

 Possui um cementoide recoberto por


cementoblastos em estado de repouso.

NOTA CLÍNICA: o aparelho ortodôntico provoca


estímulos excessivos na superfície do cemento, o que
 Encontrado no terço médio da raiz (2/3 zona aumenta a produção de células elásticas que
apical) e nas áreas de furcação dos dentes reabsorvem e desgastam o cemento, tornando possível
bi ou triradiculares; a movimentação do dente.

2.1. CEMENTO CELULAR (ou DE FIBRAS


INTRÍNSECAS):

 Não se forma durante o desenvolvimento


do dente, pois nesse momento há a
incorporação das fibras extrínsecas;

 Só é originado quando o cemento e o LP


já estão formados, isto é, em casos de
reparação após a reabsorção

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cementária ou na compensação dos
desgastes oclusais funcionais;

 É constituído apenas pelo produto dos


cementoblastos.

 Cementoblastos inativos: presentes no


dente já formado com uma forma
achatada e com poucas organelas.
Sendo que, podem retomar suas
atividades de síntese e secreção ao
CÉLULAS DO CEMENTO longo da vida.
↪ O cemento apresenta 2 tipos celulares, sendo eles:
2. CEMENTÓCITOS:
1. CEMENTOBLASTOS:
 São os cementoblastos que ficaram
 São as células responsáveis por sintetizar aprisionados na matriz do cemento
e secretar a matriz orgânica de natureza (cemento celular);
INTRÍNSECA do cemento;
 São semelhantes aos osteócitos do tecido
ósseo;

 Apresentam inúmeros prolongamentos (10


a 20) nos canalículos para se
comunicarem com os das células
adjacentes;

 Seus canalículos são voltados para a


superfície externa do cemento, ou seja, em
direção ao LP, pois estas células
dependem dos nutrientes vindos do
ligamento por difusão.

 Localizados juntos ao cementoide, isto é,


na superfície do cemento;

 Cementoblastos ativos: forma


arredondada ou ovalada apresentando
um citoplasma basófilo com abundante
RER, complexo de Golgi e inúmeras
vesículas de secreção, além de junções
comunicantes e desmossomos;

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LIMITE AMELOCEMENTÁRIO volume da gengiva e/ou a profundidade das bolsas
periodontais tomam o limite amelocementário como
ponto referencial.
↪ O “limite amelocementário ou esmalte-cemento” é
responsável por determinar a separação entre a
coroa e a raiz do dente. Ele pode se apresentar de 3
maneiras, sendo elas:

1. Sobreposição do cemento (60% dos casos): o


cemento recobre parte do esmalte. Isso
acontece durante a erupção do dente,
devido ao rompimento do epitélio reduzido
do esmalte que expõe uma porção do
esmalte na região cervical, tornando possível
a presença de cementoblastos sobre ele. De LIGAMENTO PERIODONTAL
maneira clínica, isso é um ponto positivo, pois
haverá mais uma proteção para o esmalte ↪ O “ligamento periodontal ou LP” recebe este nome
dentário. por estar entre o cemento e o osso alveolar, sendo
formado por um tecido conjuntivo frouxo não
2. Borda a borda (30% dos casos): tanto o mineralizado, atravessado em toda a sua extensão
cemento quanto o esmalte encostam-se; por feixes grossos de fibras colágenas que se inserem
tanto no cemento, quanto no processo alveolar. Suas
3. Espaço entre eles (10% dos casos): os dois principais FUNÇÕES são:
tecidos não se encontram o que gera uma
faixa exposta de dentina radicular,
 Amortecer as forças mastigatórias;
acontecendo devido a não fragmentação
da bainha de Hertwig e consequente não
formação do cemento acelular. Isso é um  Acomodando os dentes nos arcos dentários
ponto negativo, pois caso haja a extrusão do através dos receptores sensoriais
dente, os túbulos dentinários da dentina proprioceptivos;
ficarão expostos e aumentarão a
sensibilidade do indivíduo.  Promover a “articulação dento alveolar”;

 Fornecer suprimento sanguíneo ao cemento.

CARACTERÍSTICAS DO LP
 É vascularizado e inervado;

 Possui espessura variável com a região e com


a idade: jovens = média de 0,21 mm (terço
NOTA CLÍNICA: Por constituir a separação cervical = 0,23 mm, terço médio = 0,17mm e
anatômica entre a coroa e a raiz do dente, o limite terço apical = 0,24 mm); idosos = 0,15 mm.
amelocementário é importante em alguns
procedimentos clínicos. No diagnóstico periodontal,
por exemplo, medidas para determinar o aumento de

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DESENVOLVIMENTO DO LP  São as que estão em maior quantidade
no LP, devido a sua alta capacidade de
↪ O ligamento periodontal inicia seu desenvolvimento renovação (turnover: taxa de renovação
com o início da formação da raiz (fase de raiz + do colágeno dentro do LP mais rápida
processo eruptivo), tendo origem a partir da do que em qualquer outro tecido
diferenciação das células ectomesenquimais do
conjuntivo, seguindo a demanda
folículo dentário em fibroblastos, onde suas
características são: funcional) e remodelação;

 Os fibroblastos se dispõem obliquamente: uma


extremidade voltada para o osso (região
cervical) e a outra voltada para o cemento
(região apical), dando origem as suas fibras
extrínsecas;

 São responsáveis pela renovação do


colágeno: formam o colágeno (RER,
complexo de Golgi e grânulos de
secreção bem desenvolvidos), assim como
também o destrói (vacúolos
citoplasmáticos de natureza lisossômica);

 Seguem a orientação dos feixes de fibras


principais;

 São ricos em fosfatase alcalina;

 Essas células recém-diferenciadas formam a  Possuem capacidades contrátil e


matriz extracelular do LP; migratória.

 Os feixes de fibras colágenas sofrem 2. CÉLULAS INDIFERENCIADAS:


mudanças no seu rearranjo e na sua
disposição na medida em que se formam e,  São células ectomesenquimais que
por isso, a estrutura final do LP só é obtida possibilitam a diferenciação, quando
após o término da erupção, ou seja, quando necessário, de novas células de natureza
o dente entra em contato com o seu conjuntiva, sejam elas fibroblastos,
antagonista (fase pós-eruptiva).
cementoblastos ou osteoblastos;

CÉLULAS DO LP  São muito pequenas e fusiformes;

↪ O ligamento periodontal apresenta um conjunto  Localizam-se, principalmente, próximas


diversificado de células, sendo as 3 a seguir as mais
aos vasos sanguíneos.
importantes:

1. FIBROBLASTOS: 3. RESTOS EPITELIAIS DE MALASSEZ:

 São células de forma alongada, fusiforme, 3.1. São originadas através da fragmentação
com núcleo ovoide e com vários da bainha epitelial de Hertwig;
processos citoplasmáticos de diversos
3.2. Localizam-se no terço do LP próximos ao
tamanhos;
cemento;

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3.3. Possuem núcleo esférico e poucas colágeno tipo I, onde estas pode se apresentar
organelas; isoladas ou em conjunto formando feixes, sendo:

1. FIBRAS PRINCIPAIS: são os feixes colágenos


que atravessam o LP em direção ao cemento
e ao osso alveolar. Estes feixes são formados
por fibras e fibrilas que se entrelaçam lado a
lado e umas à continuação das outras,
recebendo sua denominação segundo a
orientação e a região da raiz onde são
encontradas, existindo 5 tipos:

1.1. Fibras da crista = inserem-se no cemento


logo após o limite amelocementário,
dirigindo-se obliquamente em sentido
apical em direção à crista do processo
alveolar (a inserção cementária é mais
cervical do que a inserção óssea);

1.2. Fibras horizontais = estão localizadas


logo em seguida às fibras da crista,
inserindo-se no cemento e após dirigem-
3.4. Estão unidas entre si por desmossomos, se ao osso alveolar, formando um ângulo
agrupando-se em pequenos cordões reto (90º) com a superfície radicular;
rodeados por uma lâmina basal contínua;
1.3. Fibras oblíquas = cobrem cerca de 2/3
do comprimento da raiz sendo, portanto,
o maior feixe. Apresentam uma inclinação
em sentido inverso ao das fibras da
crista, ou seja, sua inserção cementária é
mais apical que a óssea;

1.4. Fibras apicais = recobrem o ápice do


dente, após sua inserção no cemento,
dirigindo-se radial e divergentemente
para o osso alveolar;

1.5. Fibras interradiculares = são encontradas


apenas nos dentes com duas ou mais
raízes, na região de furcação. Elas se
dirigem radial e convergentemente do
3.5. Permanecem ao longo da vida do cemento até a cripta óssea.
indivíduo;

3.6. Podem ser ativadas quando o LP


apresentar um processo inflamatório,
podendo se proliferar e desenvolver
cistos periodontais laterais ou periapicais.

OBS: Outros tipos celulares encontrados =


osteoblastos e cementoblastos (sintetizadoras) +
osteoclastos e cementoclastos (de reabsorção) +
macrófagos, mastócitos e eosinófilos (defensivas).

MATRIZ EXTRACELULAR DO LP
↪ A matriz extracelular do ligamento periodontal é
extremamente dinâmica, pois precisa se adaptar as
constantes mudanças de posições do dente. É
constituída por SFA + fibras, principalmente de
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OBS: Quando as raízes são cortadas transversalmente,
observa-se que a divergência dos feixes do cemento
para o osso alveolar não é uniforme, ou seja,
enquanto alguns se dirigem no sentido horário, outros
fazem em sentido anti-horário, entrecruzando-se.

NOTA CLÍNICA: são mais calibrosas e mais numerosas


em dentes suporte de próteses fixas e em dentes
movimentados ortodonticamente.

4. SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA (SFA):


compõe a parte não fibrilar da matriz
extracelular, sendo constituída por
proteoglicanos, glicosaminoglicanos,
OBS: As fibras de Sharpey mineralizam-se na medida
glicoproteínas, lipídios, outras macromoléculas
em que o cemento e o osso vão se mineralizando, e água em abundância.
podendo ser totalmente como no cemento acelular, ou
parcialmente, como no cemento celular.
SUPRIMENTO VASCULAR DO LP
2. FIBRAS SECUNDÁRIAS: são fibras e fibrilas
↪ O ligamento periodontal é bem mais vascularizado
colágenas (tipos III, V, VI e XII) encontradas que a maioria dos tecidos conjuntivos de outras
entre os feixes das fibras principais, rodeando regiões do organismo, devido a sua alta taxa de
os vasos e os nervos. Elas se diferenciam das renovação (turnover) e do seu metabolismo. As artérias
principais por não se entrelaçarem e por não que ficam mais próximas do osso alveolar seguem seu
seguirem uma orientação regular; padrão de ramificação até capilares, apresentando
numerosas anastomoses arteriovenosas, sendo
interpretadas como reservatórios de sangue para
suprir a pressão hidrostática do LP. Ele é irrigado
através de:

 Ramos laterais da artéria dentária = penetra


pela região apical no fundo do alvéolo,
antes de atravessar o forame apical em
direção à polpa;

 Ramos laterais das artérias interalveolar e


inter-radicular = eles entram no ligamento
pelas várias perfurações do alvéolo;

 Ramos das artérias periosteais = nutrem a


tábua externa cortical, penetrando a porção
cervical do ligamento.

3. FIBRAS OXITALÂNICAS: são estruturas


semelhantes às fibras elásticas, sendo
constituídas por fibrilas com 15 nm de
espessura, sem estriações transversais. Elas se
distribuem entre as fibras colágenas e mantém
uma estreita relação com os vasos
sanguíneos, ancorando-os e regulando o
fluxo.

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SUPRIMENTO NERVOSO DO LP NOTA CLÍNICA: Quando um dente é extraído, este
osso é reabsorvido rapidamente, enquanto que o
↪ O ligamento periodontal apresenta fibras nervosas restante do processo alveolar reabsorve-se mais
de diversos diâmetros, sendo as grandes mielínicas e lentamente até desaparecer com o tempo, diminuindo
as pequenas amielínicas e mielínicas, sendo que a sua a altura do reborbo. O único que sobra é o osso
capacidade sensorial está relacionada ao controle e basal que constitui o corpo da mandíbula e da
à acomodação dos arcos dentários durante os maxila.
movimentos funcionais. Os tipos de fibras nervosas são:

 Ramos do nervo dentário = penetram na


região apical até a margem gengival;

 Fibras do núcleo mesencéfalo = atuam no


controle da posição da mandíbula, através
das vias de reflexos inconscientes e da
propriocepção;

 Fibras do gânglio trigêmeo = atuam na


sensação consciente, ou seja, nas sensações
DESENVOLVIMENTO DO OSSO ALVEOLAR
de dor (nocireceptores) e pressão (tipo ↪ A formação do osso alveolar tem origem com a
Ruffini, no terço apical - mecanoreceptores); diferenciação das células ectomesenquimais da
porção externa do folículo dentário em osteoblastos,
 Fibras autônomas = associada aos vasos ocorrendo simultaneamente com a formação do
sanguíneos periodontal. cemento e do ligamento periodontal. Sua deposição
vai acontecendo seguindo períodos de repouso o
que origina, portanto, as “linhas incrementais” paralelas
OSSO ALVEOLAR à parede do alvéolo.

↪ O “osso alveolar ou osso alveolar propriamente dito”


é um osso compacto que está localizado sobre o
processo alveolar já existente, constituindo as paredes
laterais da cripta óssea, onde se incorporam as fibras
principais do ligamento periodontal ou linhas de
Sharpey.

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COMPOSIÇÃO DO OSSO ALVEOLAR prolongamentos nos canalículos que percorrem a
matriz mineralizada. Suas características principais são:
↪ O osso alveolar é formado por:
 Possui dois tipos de fibras: as intrínsecas e as
a) Matriz inorgânica (60%) = cristais de extrínsecas (de Sharpey) orientadas
hidroxiapatita (80%) + carbonato de cálcio perpendicularmente uma às outras e em
(15%) + outros sais (5%); relação à superfície, o que confere um
aspecto fasciculado ao osso;
b) Água (20%);

c) Matriz orgânica (20%) = fibras colágenas tipo


I (90%) + substâncias não colágenas (10%),
como as seguintes células:

 Osteoblastos: possuem estrutura


característica de células produtoras
de matriz orgânica, com o complexo
de Golgi, o RER e prolongamentos
bem desenvolvidos;

 Osteócitos: possuem prolongamentos


conectados por junções
comunicantes, mantendo sua nutrição
através de canalículos. São células
elipsoides, com poucas cisternas de
REG e Golgi, sendo fundamentais  A sua superfície voltada para o ligamento é
para a homeostase óssea, pois recoberta por osteoblastos;
produzem sinais para a
remodelação;  Apresenta túneis entre duas ou mais células
por onde passam os feixes de fibras principais
que ficam em íntimo contato com a membrana
das células;

 Em regiões de reabsorção óssea são


encontrados osteoclastos em sua superfície;

 Possui uma espessura que varia entre 0,1 e


0,4 mm, observada em radiografias com uma
maior radiopacidade que o osso esponjoso,
formando a “lâmina dura” (fina região clara
em torno da raiz);
 Osteoclastos: são células gigantes
multinucleadas, responsáveis pela
degradação do osso.

 Não constitui uma camada contínua, pois é


atravessado por numerosos vasos sanguíneos
ESTRUTURA DO OSSO ALVEOLAR e fibras nervosas, sendo também chamado de
“lâmina cribriforme” (osso com muitas
↪ É semelhante ao tecido ósseo de outras regiões do perfurações).
organismo, possuindo inúmeros osteócitos alojados em
lacunas que se comunicam por intermédio de

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CASO CLÍNICO: A movimentação ortodôntica é
possível, principalmente, em virtude da maior
plasticidade do tecido ósseo em relação ao cemento.
Assim, no lado da pressão predomina reabsorção
óssea, enquanto no lado da tração ocorre
principalmente neoformação (aposição) óssea. A
remodelação do ligamento periodontal acompanha
esses eventos.

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Periodonto de proteção
A gengiva que protege os dentes
INTRODUÇÃO  As células que ainda ficam presentes no
epitélio reduzido são, principalmente, as do
estrato intermediário, responsáveis pela
↪ O “periodonto de proteção ou marginal”, mais
proliferação do epitélio juncional;
conhecido como “gengiva”, é uma estrutura que faz
parte da mucosa oral (mucosa mastigatória),
recobrindo o processo alveolar e circundando a  O período de estruturação do epitélio
coroa, com a função de: juncional é de, aproximadamente, 1 ano após
o dente ter alcançado sua posição funcional
na cavidade oral, pois esse desenvolvimento
 Proteger a articulação alvéolo-dentária
depende dos estímulos desempenhados na
(gonfose) dos traumas da mastigação e da
boca. Neste período, outros componentes da
invasão microbiana.
gengiva são formados, como: “o epitélio do
sulco, o epitélio da gengiva marginal e a
lâmina própria subjacente”, com seus feixes de
fibras colágenas.

DESENVOLVIMENTO DA GENGIVA
↪ A gengiva é formada na fase de proteção da
amelogênese, enquanto o dente erupciona (fase de
penetração na mucosa), apresentando o seguinte
desenvolvimento:

 O dente que está erupcionando possui seu


esmalte recoberto por 2 a 3 camadas de
células achatadas, chamadas de “epitélio
reduzido” (antigas células do órgão do
esmalte que entraram em colapso);
LEMBRE-SE: a formação do “epitélio reduzido do
 A superfície desse esmalte apresenta órgão do esmalte” (ameloblastos + epitélios interno e
hemidesmossomos que adere a lâmina basal externo + retículo estrelado + estrato intermediário) é
aos ameloblastos protetores de formato decorrente de quando se inicia a deposição de
cúbico; dentina e esta vai sendo mineralizada, pois ela corta
o suprimento sanguíneo vindo da papila dentária
 Quando o dente em erupção penetra à para as células do órgão do esmalte, que acabam
mucosa, ou seja, alcança o epitélio oral, as por entrar em colapso, ou seja, perdem a sua
células do “epitélio reduzido”, que recobrem identidade.
os vértices das cúspides, fundem-se com as
“células basais do epitélio da mucosa oral”
para formar o “epitélio juncional”;

 Enquanto o dente atravessa o epitélio oral,


as células do epitélio reduzido continuam
recobrindo o esmalte próximo ao limite
amelocementário, tornando-se achatadas;

 Com o aparecimento da coroa na cavidade


oral, os ameloblastos secretores param de se
dividir, promovendo o descamamento desse
epitélio nesta região, ficando apenas
presente em suas porções lateral e cervical.

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TIPOS DE GENGIVA ESTRUTURA DA GENGIVA
↪ A gengiva pode ser apresentada de 3 formas ↪ Microscopicamente a gengiva é composta por 3
distintas macroscopicamente, sendo elas: tecidos epiteliais e por um tecido conjuntivo
subjacente, chamado de “lâmina própria”. Para
1. MARGINAL (ou LIVRE): constitui um compreendê-los melhor, veja abaixo:
colar/banda que rodeia o colo do dente no
nível do limite amelocementário (“contorno
parabólico”), apresentando as seguintes
características:

 Mais elevada do que a gengiva


inserida;
 Formado por epitélio juncional;
 Aspecto liso;
 Mede em torno de 1 mm;
 Destaca-se facilmente do dente (por
uma sonda periodontal), por não
estar aderida a este;
 Forma o sulco gengival e as papilas
interdentais;
 Limite externo = ranhura gengival;
 Limite interno = fim do sulco gengival EPITÉLIO JUNCIONAL
e início do epitélio juncional;
 Seu epitélio externo é um epitélio oral  É formado com a união entre as células do
paraqueratinizado; epitélio interno e as células do epitélio oral;
 Seu epitélio interno sulcular é um
epitélio oral não queratinizado, mas  Forma um colar ao redor do dente
passível de queratinização. completamente erupcionado, estando
estabelecido nas faces vestibular, palatina,
2. INSERIDA: está localizada acima da gengiva (ou lingual) mesial e distal;
marginal, sendo mais larga e apresentando as
seguintes características:  Na região de contato entre dois dentes,
forma as papilas interdentárias com os mesmos
 Textura de “casca de laranja”, ou componentes do restante da gengiva livre;
seja, cheia de “furinhos” superficiais
por estar em contato com o osso
alveolar;
 Fibras colágenas inseridas no osso;
 Firme e sem mobilidade;
 Limite inicial (“de corda”) = ranhura
gengival;
 Limite final (apical) = muco-gengival;
 Maior nos dentes anteriores.

3. INTERDENTAL (ou PAPILAR): é aquela


localizada entre os dentes, sendo
considerada uma mistura entre a marginal e a
inserida. Ela apresenta as seguintes  Nas regiões interproximais, as papilas
características: estreitam-se muito e formam o “col”, ou seja,
uma região em forma de “sela” constituída
 Formato piramidal (ou triangular) nos pelos epitélios juncionais de dois dentes
dentes anteriores; adjacentes;
 Formato de “sela” nos dentes
posteriores.

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epitélio e por formar a “lâmina basal externa”;
e o “suprabasal”, localizado paralelo á
superfície dentária e constituído por células
achatadas, que formam a “lâmina basal
interna”;

 Aderência epitelial: é um mecanismo de


adesão entre as células do epitélio juncional
e a superfície dentária. Essas células são
achatadas, aderidas por hemidesmossomos e
por integrinas;

OBS: Esta aderência possui alta capacidade de


reconstituição, visto quando se passa o fio dental.

 O seu limite apical é marcado pelas fibras de


Sharpey do cemento, que impedem o seu
aprofundamento;

NOTA CLÍNICA: Quando ocorre degradação das


fibras principais inseridas no cemento, no caso de OBS: Essas lâminas basais são contínuas desde a
doença periodontal, o epitélio juncional pode migrar lâmina própria até a superfície do dente e se
no sentido apical até encontrar as primeiras fibras comunicam apenas na extremidade apical do epitélio
intactas. juncional.

 Apresenta uma espessura variável, ou seja, no  Apresenta grande permeabilidade devido


seu limite apical (limite amelocementário) ele aos amplos espaços intercelulares formados
apresenta entre 2 a 3 camadas de células, entre as células do “estrato suprabasal” que
enquanto que em direção coronária (limite contém escassos desmossomos. Essa
com o epitélio do sulco) chega a ter entre 20 permeabilidade possibilita a passagem do
a 30 camadas de células; líquido tissular e de células inflamatórias da
lâmina própria para o sulco gengival,
 Sua altura, isto é, a distância entre a parte constituindo o “fluido crevicular ou sulcular”;
apical (mais profunda) e o epitélio do sulco =
1,5 mm a 2 mm; OBS: Por ser permeável, esse epitélio também permite a
passagem de bactérias e/ou toxinas para a lâmina
 Apresenta 2 “estratos”: o “basal”, localizado própria.
ao lado da lâmina própria e constituído por
uma única camada de células que são
responsáveis pela alta proliferação deste
NOTA CLÍNICA: Gengivas clinicamente normais, em
adultos, sempre apresentam leve grau de inflamação

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que, dependendo da intensidade da inflamação, SULCO GENGIVAL
resulta na passagem de maior quantidade de fluido
crevicular.
 É uma estreita fenda que está entre a
gengiva livre e o dente, ou seja, vai até a
 Sua superfície voltada para a lâmina própria superfície coronária do epitélio juncional;
é plana, não apresentando ondulações
(“papilas coriônicas”);  Mede entre 0,5 mm e 0,7 mm;

 A “cutícula dentária” nada mais é do que uma  No seu interior há a presença de células
camada não mineralizada (0,5 a 1 mm de descamadas do epitélio juncional, células
espessura), localizada entre o dente e a inflamatórias (neutrófilos e linfócitos) e “fluido
lâmina basal interna, sendo constituída por crevicular”.
proteínas séricas que se aderem ao dente
quando este aparece na cavidade oral,
resultando da “reação inflamatória” que EPITÉLIO DO SULCO
acontece durante a formação do epitélio
juncional;  É o epitélio que reveste o sulco gengival;

 Em sua maioria, é um epitélio estratificado


pavimentoso não queratinizado, porém,
apresenta-se levemente paraqueratinizado na
sua proximidade com a borda livre da
gengiva;

 Possui pequenas papilas coriônicas com a


lâmina própria subjacente;

 Apresenta menor permeabilidade do que o


epitélio juncional, por apresentar menos
espaços intercelulares. Assim, raramente são
encontradas células inflamatórias entre suas
células.

 Além desta cutícula, pode-se apresentar uma


fina camada de “cemento acelular afibrilar”
sobre a superfície do esmalte, já que durante
a fase protetora, o epitélio reduzido pode
não recobrir o esmalte até o limite com o
cemento.

 Ao longo do tempo, o osso alveolar vai se


reduzindo, então, o epitélio juncional vai se
aprofundando.

NOTA CLÍNICA: Quando é realizada a sondagem


gengival durante o exame clínico, a sonda atravessa
o epitélio juncional na sua parte média, até sua base,
não alcançando, portanto, a aderência epitelial. A OBS: O epitélio que reveste a vertente externa da
sondagem, quando realizada adequadamente, não gengiva livre tem as mesmas características do epitélio
produz sangramento. Entretanto, quando a gengiva da gengiva inserida, sendo estratificado pavimentoso
está inflamada, ocorre rápida passagem de sangue queratinizado, geralmente do tipo paraqueratinizado.
da lâmina própria inflamada para o fundo do sulco
gengival, aparecendo como um sinal clínico de LÂMINA PRÓPRIA
gengivite.
 Sustenta o tecido epitelial subjacente,
trazendo a gengiva ao encontro do dente;

 É um tecido conjuntivo formado por grossos


feixes de fibras colágenas, que conferem
resistência à gengiva, e nem sempre se inserem
no cemento. Essas fibras encontram-se
distribuídas em 6 grupos, sendo eles:
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a) FIBRAS DENTOGENGIVAIS (DGF) = inserem-se na NOTA CLÍNICA: Em casos de gengivite, quando o
porção mais cervical do cemento e dirigem-se
edema se instala, há um aumento de volume, com a
para a lâmina própria, abrindo-se em “leque”
perda de consistência, tornando a superfície brilhante.
na direção do tecido gengival;

b) FIBRAS DENTOPERIOSTEAIS (DPF) = inserem-se


NOTA CLÍNICA: Quando ocorre doença periodontal
no cemento cervical e seguem um curto por invasão bacteriana oriunda da placa,
trajeto horizontal até alcançar a crista ocasionando processo inflamatório, todos os
alveolar. Quando a alcançam, elas se curvam componentes do periodonto são afetados.
no sentido apical ao lado externo da tábua
óssea e inserem-se no processo alveolar; SUPRIMENTO VASCULAR DA GENGIVA
c) FIBRAS ALVEOLOGENGIVAIS (AGF) = são ↪ Graças à lâmina própria que sustenta a gengiva,
inseridas na crista alveolar e vão em direção ela apresenta-se altamente vascularizada, contendo
coronal à lâmina própria da gengiva livre; complexas redes de capilares e vênulas, com as
seguintes características:
d) FIBRAS CIRCULARES (CF) = localizam-se na
lâmina própria da gengiva livre, seguindo  Em processos inflamatórios ou em traumas
uma trajetória em torno do dente; mecânicos, a gengiva pode eliminar maior
quantidade de fluido crevicular contendo
e) FIBRAS INTERPAPILARES (IF) = localizam-se elementos sanguíneos;
apenas na região mais coronal da lâmina
própria das papilas interdentárias, dirigindo-  As numerosas alças capilares podem alcançar
se da parte vestibular para a palatina da o ápice das papilas conjuntivas;
mesma papila (ou lingual), atravessando o
col;  Os vasos linfáticos seguem o mesmo trajeto
da circulação venosa.
f) FIBRAS TRANSEPTAIS (ou
INTERDENTÁRIAS/DENDODENTÁRIAS – TF) =
inserem-se no cemento da raiz de um dente e
seguem uma direção horizontal, atravessando
mesiodistalmente a lâmina própria da papila
interdentária, inserindo no cemento da raiz do
dente adjacente.

SUPRIMENTO NERVOSO DA GENGIVA


↪ A sua inervação acontece através das fibras
mielínicas, seguindo o trajeto dos vasos sanguíneos e
apresentando terminações sensoriais de vários tipos
na região papilar da lâmina própria.

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Mucosa Oral
N revestimento úmido da boca
INTRNDUÇÃN ESOAÇNS VIRTUAIS
↪ A mucosa é uma estrutura que reveste as superfícies ↪ Os “espaços virtuais” são duas regiões delimitadas
úmidas. Neste caso, a “mucosa oral” envolve a pelos arcos dentários, sendo elas:
cavidade bucal, com exceção das coroas dentárias,
que é constantemente banhada pela saliva. Sua 1. VESTÍBULO: é um espaço pequeno, localizado
estrutura é bastante semelhante à pele, sendo anteriormente, revestido pelas seguintes
constituída por: epitélio + lâmina própria (ou córion, mucosas:
tecido conjuntivo) + lâmina basal (acelular), que
separa estas duas estruturas. Suas FUNÇÕES são: 1.1. Dos lábios e das bochechas, de um lado;
1.2. Alveolar e gengival, do outro lado.
 PROTEÇÃO MECÂNICA: protege a cavidade
oral contra os agentes agressores;

 SENSORIAL: possui receptores específicos aos


estímulos térmicos, táteis, gustativos e de dor,
principalmente nos lábios e na língua, sendo
variáveis de região para região;

 SECREÇÃO: local de desembocadura dos


ductos excretores das glândulas salivares.
2. CAVIDADE ORAL PROPRIAMENTE DITA: é um
espaço maior, localizado mais internamente,
sendo revestido pelas seguintes mucosas:

2.1. Gengival = anterior e lateral;


2.2. Palatina = superior;
2.3. Lingual e assoalho da boca = inferior;
2.4. Istmo das fauces e as tonsilas = posterior.

DESENVOLVIMENTO
↪ O “desenvolvimento” da mucosa oral inicia com a 3º
semana VIU (vida intrauterina) e se prolonga até os 6
meses de vida pós-natal, quando os dentes começam
a se erupcionar. Dessa forma, é importante lembrar que
o “epitélio” é derivado do “ectoderma”, enquanto que
a “lâmina própria” deriva-se do “ectomesênquima”.
Analise abaixo como isso ocorre:

 3º semana VIU: a cavidade oral ainda


OBS: Em algumas regiões da boca, há uma quarta apresenta a membrana bucofaríngea, sendo
estrutura chamada de “submucosa” que nada mais é revestida por um fino epitélio superficial de
do que um epitélio localizado abaixo da lâmina células cúbicas baixas e achatadas, e por um
própria, contendo glândulas e tecido adiposo. ectomesênquima de células cúbicas altas;
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 9º semana VIU: formação das papilas
fungiformes;

 11º semana VIU: formação das papilas


filiformes na região anterior do dorso lingual,
associada à fusão das cristas palatinas, que
gera o “palato”, dando a forma definitiva da
cavidade oral;

 14º semana VIU: o epitélio oral já se


apresenta bastante estratificado, graças ao
rápido processo de proliferação das células.
Associado a isso, há o processo de
maturação, com o aparecimento de alguns
grânulos de querato-hialina nas áreas em que
o epitélio será queratinizado;
 4º semana VIU: a membrana bucofaríngea é
rompida, estabelecendo a comunicação da
cavidade oral com o tubo digestivo anterior.
Isso promove a migração de células da crista
neural para o ectomesênquima, que passa a
apresentar um maior número de células
indiferenciadas;

 5º e 6º semanas VIU: forma-se a “banda


epitelial primária” com suas lâminas “vestibular”
e “dentária”;

 20º semana VIU: as áreas que seriam


queratinizadas tornam-se paraqueratinizadas,
apresentando características muito
semelhantes às definitivas, incluindo células de
Langerhans e melanócitos;

 6 meses de vida pós-natal: com a erupção


dos dentes decíduos, a mucosa perde a sua
continuidade, formando o “epitélio juncional”
entre o esmalte dentário e o restante da
mucosa. Além disso, algumas regiões
específicas tornam-se “ortoqueratinizadas”.

 7º semana VIU: origina-se o “sulco vestibular”,


dividindo o epitélio oral para revestir a
cavidade oral propriamente dita e o vestíbulo
bucal. Junto a isso, o epitélio que envolve o
dorso da língua começa a se diferenciar, com
a formação das papilas foliadas e valadas
na região posterior;

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ESTRUTURA DN EOITÉLIN NRAL EPITÉLIO QUERATINIZADO
↪ A “estrutura” do epitélio oral é do tipo “estratificado ↪ O “epitélio queratinizado” é aquele que apresenta
pavimentoso”, decorrente da sua função de os filamentos de queratina, podendo se apresentar de
forramento. Isto significa dizer que as suas células duas formas:
proliferam-se constantemente, com velocidades
variáveis segundo a sua localização. As suas novas 1. ORTOQUERATINIZADO = é o epitélio
células são originadas profundamente através das completamente queratinizado;
“células-fonte do estrato basal (ou estrato
germinativo)”, enquanto que as células superficiais vão
se movimentando até serem descamadas na superfície.
Estas células são chamadas de “queratinócitos”, e
compõem cerca de 90% do epitélio. O restante das
células (10%) é chamado de “não queratinócitos” e
incluem os melanócitos, as células de Langerhans, as
de Merckel, além dos linfócitos e neutrófilos.

NOTA CLÍNICA: A rápida proliferação e a constante


renovação da mucosa oral possibilitam o
restabelecimento rápido da sua integridade, após
2. PARAQUERATINIZADO = é o epitélio que
lesões ou intervenções cirúrgicas.
apresenta uma queratinização incompleta,
por isso, os grânulos de queratina estão em
QUERATINÓCITOS menor quantidade quando comparado ao
anterior.
 São as células que estão em maior
quantidade no epitélio oral;

 Originam-se no estrato basal e se deslocam


para a superfície até serem descamadas;

 Recebe este nome, graças ao epitélio


queratinizado, onde os queratinócitos
possuem filamentos de “queratina” em seu
citoplasma;

 Eles ainda podem apresentar filamentos ↪ Suas CAMADAS / ESTRATOS são:


intermediários, chamados de “tonofilamentos”,
que se arranjam e formam as “tonofibrilas”;
 ESTRATO BASAL (ou PROGENITOR/
GERMINATIVO): é formado por 1 a 3 camadas
 Possuem numerosas “junções intercelulares”, de células (a primeira é chamada de “estrato
principalmente do tipo “desmossomos”. Há basal propriamente dito”, enquanto que as
também “hemidesmossomos” nas células mais outras formam o “estrato suprabasal”) cúbicas
profundas; ou cilíndricas baixas que estão adjacentes à
lâmina basal e que possuem organelas
comuns com poucos tonofilamentos e
numerosas junções intercelulares para formar
uma barreira funcional de proteção entre o
meio bucal e o tecido conjuntivo subjacente.
Além de proteger a lâmina própria, este
estrato tem a função de originar as células
constituintes deste epitélio.

 Formam os diferentes TIPOS DE EPITÉLIO ORAL,


sendo eles:

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 ESTRATO ESPINHOSO: está localizado acima
do estrato basal, sendo considerado a
porção mais espessa da mucosa por possuir
entre 3 a 8 camadas de células
(queratinócitos) arredondadas ou poliédricas,
com feixes de tonofibrilas (+ tonofilamentos)
mais grossos e com pequenos grânulos
arredondados de conteúdo com aspecto
lamelar (principalmente nas células mais
superficiais). Sua principal característica, que
dá origem ao seu nome, é em relação à
grande quantidade de desmossomos
presentes em numerosos processos digitiformes
que envolvem essas células, semelhantes a
pequenas “espinhas”.  ESTRATO CÓRNEO: está localizado acima do
estrato granuloso, representando a
“maturação” dos queratinócitos no E.E.P.
Ortoqueratinizado, pois estes são mais
achatados, com um citoplasma sem grânulos e
nem outras estruturas intracelulares (como
núcleo e organelas). Isso acontece graças a
total desidratação das células, sendo
compostas apenas por filamentos de
citoqueratinas agregados com filagrina. Já no
caso do, E.E.P. Paraqueratinizado, por não ser
totalmente queratinizado, o núcleo ainda está
presente, porém muito achatado, recebendo
o nome de “picnótico”.

 ESTRATO GRANULOSO (ou GRANULAR): está


localizado acima do estrato espinhoso,
apresentando de 3 a 6 camadas de
queratinócitos maiores e achatados. Essas
células apresentam uma elevada quantidade
de tonofibrilas e de grânulos, especialmente
os de “querato-hialina” com a proteína
filagrina, caracterizando o nome deste
estrato. Além desses elementos, os grânulos
também contêm lipídios, glicoproteínas e
algumas enzimas lisossomais, que quando
liberados na zona de transição entre este
estrato e o córneo, passam a preencher os
espaços intercelulares superficiais, formando
uma espécie de barreira que confere a
“impermeabilidade” do epitélio oral.

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EPITÉLIO NÃO QUERATINIZADO
↪ O “epitélio não queratinizado” é aquele que produz
pouca quantidade de queratina quando comparado
ao anterior e, por isso, os grânulos de secreção não
são visíveis.

NÃO QUERATINÓCITOS
↪ Os “não queratinócitos” são o restante (10%) das
células que compõe o epitélio oral. Dessa forma, eles
se dividem em:

↪ Suas CAMADAS / ESTRATOS são: 1. MELANÓCITOS: são células claras de origem


ectodérmica, provenientes da 11º semana
 ESTRATO BASAL: contém as mesmas organelas VIU, através da migração das células da
e os mesmos tonofilamentos do que o epitélio crista neural. Estão localizados entre os
queratinizado, porém seus queratinócitos queratinócitos do estrato basal,
apresentam-se menores; apresentando os grânulos de melanina
(pigmentação do epitélio), um corpo apoiado
 ESTRATO ESPINHOSO: as pontes intercelulares sobre a lâmina basal e longos
são menos evidentes, devido à menor prolongamentos dendríticos que se dirigem
quantidade de desmossomos; para o estrato espinhoso, sem estabelecer
desmossomos. Geralmente, estão presentes
 ESTRATO INTERMÉDIO: é próprio deste epitélio, principalmente na gengiva inserida, assim
localizando-se acima do estrato espinhoso. como em algumas regiões da mucosa jugal,
Ele apresenta células pouco achatadas, com lingual e de palato duro.
algumas organelas e poucos grânulos
revestidos por membrana, que conferem certa
impermeabilidade;

 ESTRATO SUPERFICIAL: também é próprio


deste epitélio, localizando-se acima do
estrato intermédio, sendo, portanto, o mais
externo. Ele apresenta células claras,
nucleadas e mais achatadas, com organelas,
alguns tonofilamentos e glicogênio.

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OBS: A quantidade de melanócitos é mais ou menos 3. CÉLULAS DE MERCKEL: são células que
aparentam ter uma origem epitelial, por
igual em todos os indivíduos, porém o seu grau de
apresentar tanto tonofilamentos em seu
pigmentação depende da cor de pele da pessoa e
citoplasma, quanto desmossomos com os
de sua atividade metabólica. Além disso, apesar de a
queratinócitos. Estão localizadas no estrato
melanina desempenhar um papel de proteção contra
basal sem prolongamentos, e frequentemente,
os raios ultravioletas, na mucosa oral ela não é
juntas à terminações nervosas amielínicas, o
conhecida.
que confere um citoplasma composto por
inúmeros neurotransmissores, responsáveis por
NOTA CLÍNICA: Por questões estéticas, pessoas que desempenhar a função receptora mecânica
apresentam áreas da gengiva muito pigmentadas, (pressão) do epitélio oral.
podem realizar um enxerto gengival de áreas pouco
pigmentadas, a fim de homogeneizar a gengiva.

4. CÉLULAS SANGUÍNEAS: são células


inflamatórias, em pequena quantidade,
2. CÉLULAS DE LANGERHANS: são células que
localizadas entre os queratinócitos.
aparecem no mesmo momento que as
Geralmente, são linfócitos, neutrófilos e
anteriores, porém originam-se na medula
mastócitos.
óssea. Estão localizadas no estrato espinhoso,
com a função de apresentar antígenos aos
linfócitos, sem a capacidade fagocitária. Além
disso, possuem longos prolongamentos
dendríticos, desprovidos de tonofilamentos e
de desmossomos, com núcleo lobulado,
citoplasma claro e grânulos em forma de
bastão. São encontradas, principalmente, nos
epitélios mais permeáveis, como o assoalho de
boca e a porção ventral da língua, com
exceção do epitélio juncional.

ESTRUTURA DA LÂMINA ORÓORIA


↪ A “lâmina própria ou cório” é um tecido conjuntivo
que está localizado subjacente ao epitélio oral,
assemelhando-se à derme da pele e apresentando 2
camadas, sendo elas:

1. CAMADA PAPILAR: é a mais superficial,


estando adjacente ao epitélio, sendo
constituída por tecido conjuntivo frouxo com
numerosas “papilas coriônicas”, que têm a
função de se interdigitarem com as saliências
(cristas epiteliais) do estrato basal do
epitélio;

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2. CAMADA RETICULAR: é a mais profunda, ultraestrutura com membrana
localizada após a camada papilar. É pregueada, ou seja, com numerosas
composta por tecido conjuntivo denso, com dobras e projeções citoplasmáticas.
fibras colágenas dispostas paralelas à Além disso, apresentam vários
superfície epitelial e em forma de “rede”, lisossomos, fagossomos, vacúolos
dando origem ao seu nome. endocíticos, organelas de síntese,
mitocôndrias, citoesqueleto e um
núcleo com formato de “rim”;

 Mastócitos: são células globosas que


apresentam grânulos contendo
heparina e histamina, dois
↪ Seus COMPONENTES são: mediadores das reações
inflamatórias. Decorrente a isso, na
a) CÉLULAS: sua membrana plasmática, há os
receptores para IgE (anticorpo
 Fibroblastos: são as mais numerosas produzido pelos plasmócitos);
da lâmina própria, sendo
responsáveis pela produção da
maior parte do material extracelular.
Com isso, são células fusiformes,
alongadas, com um citoesqueleto
proeminente apresentando finos
prolongamentos citoplasmáticos e
núcleo elíptico. Isso confere a estas
células, um bom desenvolvimento das
organelas de secreção (RER e
Complexo de Golgi), que sintetizam e  Células sanguíneas: são os neutrófilos,
secretam os precursores do eosinófilos, linfócitos e plasmócitos.
colágeno, elastina, proteoglicanos e Sua quantidade depende da região
glicoproteínas da matriz. Assim que analisada e da presença ou
eles sintetizam esses materiais, tornam- ausência de alguma patologia.
se inativos, menores e mais
alongados, passando a ser
chamados de “fibrócitos”;

b) MATRIZ EXTRACELULAR: é uma rede estrutural


complexa não celular, que rodeia e suporta
as células do tecido conjuntivo. Seu conteúdo
é do tipo fibrilar, variando de acordo com a
região estudada.
 Macrófagos: são células fagocíticas
derivadas da medula óssea, através NOTA CLÍNICA: A injeção e difusão de anestésico
dos monócitos. Sua principal função local na mucosa oral é mais fácil ou mais difícil,
consiste em participar das reações dependendo da densidade da lâmina própria em
imunológicas, apresentando diferentes regiões da boca.
antígenos. Geralmente, contém uma
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VARIAÇÕES REGINNAIS DA MUCNSA NRAL  Suas superfícies são lisas e suaves,
com cor rosa-pálido;
↪ Apesar de a mucosa oral apresentar uma estrutura
geral, como visto anteriormente, ela contém  Epitélio espesso, com muitas camadas
particularidades nas diversas regiões da boca, de células (600 μm de espessura);
dependendo da sua localização, do seu grau de
mobilidade e de sua função específica. Assim, existem  Taxa de renovação entre 10 a 12
3 classificações para ela: dias;

1. MUCOSA DE REVESTIMENTO;  Os espaços entre os queratinócitos


2. MUCOSA MASTIGATÓRIA; são muito estreitos;
3. MUCOSA ESPECIALIZADA.
 Apresentam numerosas e profundas
MUCOSAS DE REVESTIMENTO interdigitações na interface
epitélio/lâmina própria, alcançando
↪ As “mucosas de revestimento” são formadas por E.E.P. quase 2/3 da espessura labial;
não queratinizado, estando presentes nos tecidos que
apresentam certa elasticidade, sendo eles:  A matriz extracelular da lâmina
própria é rica em fibras elásticas;
 Mucosa labial e jugal:
 Presença de submucosa com
numerosas glândulas salivares
menores do tipo mucoso, além do
tecido adiposo;

 Revestem os lábios e as bochechas


continuamente, sendo muito
parecidas. As únicas diferenças são:
nos lábios, logo acima do estrato
espinhoso, os queratinócitos são
arredondados, achatando-se
somente no estrato superficial.
Enquanto que, nas bochechas, os
queratinócitos se achatam
gradualmente e apresentam mais  Apesar de a mucosa ser muito
glicogênio; elástica, ela não tem mobilidade
própria, pois depende dos
movimentos musculares, onde estes
são ligados à lâmina própria da
mucosa através das fibras
colágenas;

 O vermelho dos lábios corresponde à


transição gradual entre a mucosa e a
pele fina que os revestem, pois neste
local, as papilas conjuntivas são muito
altas, contendo numerosos vasos
sanguíneos, além de também
apresentar uma diminuição gradual
de queratina pela perca do estrato
córneo, configurando uma cor intensa.

 Formam a parede externa do


vestíbulo, ou seja, a parte anterior da
boca;

 Terminam na mucosa alveolar que


reveste o fundo do sulco alveolar;

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 Mucosas alveolares:  A lâmina própria é altamente
vascularizada e moderadamente
 Revestem o fundo do sulco vestibular, infiltrada por células do sistema
transitando entre a mucosa imunológico;
labial/jugal e a mucosa gengival;
 Sua submucosa tem, na região
 Têm superfície lisa e brilhante, com cor anterior, numerosas glândulas
rosa avermelhada; salivares mucosas, enquanto que na
região posterior, apresenta alguns
 Apresentam grande mobilidade, nódulos linfáticos.
graças às numerosas fibras elásticas
da lâmina própria e da submucosa;

 A submucosa também apresenta


porções secretoras das glândulas
salivares menores do tipo mucoso;

 Espessura = 270 μm, quase sem estrato


espinhoso;

 Tonofilamentos = 60% do citoplasma


das células superficiais;

 Numerosas papilas conjuntivas, porém


em menor quantidade e tamanho do
que nas mucosas labial e jugal.

 Mucosa do assoalho da boca:

 Recobre o fundo do sulco lingual,


transitando entre a gengiva inserida
e a mucosa da porção ventral da
 Mucosa do palato mole:
língua;

 Reveste o palato mole, revestindo o


véu do paladar e a úvula,
continuando com o epitélio
respiratório da orofaringe;

 Superfície lisa, brilhante de cor rosa


intensa;

 Epitélio muito fino (180 μm de


espessura), formado por poucas
 Superfície lisa, ligeiramente brilhante,
camadas de células com amplos
com cor rosa intensa;
espaços entre si, resultando em uma
grande permeabilidade;
 Espessura = 280 μm, com escasso
estrato espinhoso;
 Quase não apresenta estrato
espinhoso e glicogênio;
 Apresenta alguns botões gustativos
na região anterior, próxima à mucosa
 Muitas células de Langerhans,
do palato duro, além de fibras
macrófagos e linfócitos “T”;
musculares;

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 Poucas e baixas papilas conjuntivas MUCOSAS MASTIGATÓRIAS
na lâmina própria, associadas a
poucas fibras colágenas, sendo as ↪ As “mucosas mastigatórias” são formadas por E.E.P.
fibras elásticas seu maior queratinizado, sendo encontradas nas regiões da
componente; boca expostas diretamente ao atrito dos alimentos
durante a mastigação, sendo elas:
 A submucosa contem os ductos
secretores das glândulas salivares  Mucosa gengival:
sublinguais e submandibulares
(“carúnculas” em ambos os lados da  Compõe o periodonto de proteção,
base do freio lingual).
sendo formada pelas: gengiva
inserida, gengiva livre e a papila
NOTA CLÍNICA: Graças à sua limitada espessura e interdental;
aos amplos espaços entre as células do epitélio, a
mucosa do assoalho da boca é suficientemente
permeável para que certos medicamentos ali
posicionados possam ingressar rapidamente no
organismo.

 Mucosa da porção ventral da língua:


 A gengiva inserida é rosa, 70% do
 Reveste o ventre da língua tipo paraqueratinizado, recobrindo
(“embaixo”), continuando com a todo o processo alveolar, que
mucosa do assoalho de boca; apresenta rasas depressões,
resultando em um pontilhado
característico, conhecido como
“casca de laranja”;

 Espessura = 200 a 300 μm


(dependendo da região);

 Há, nos indivíduos de cor escura,


áreas de pigmentação melânica;
 Muito fina e permeável;
 Apresenta os 4 estratos bem definidos,
 Ausência de submucosa; de modo que o espinhoso represente
a metade da espessura total do
epitélio, com estreitos espaços entre
 Possui numerosas células de
os queratinócitos e numerosos
Langerhans na sua parte média, com
desmossos;
um estrato espinhoso pouco
desenvolvido;
 Na camada reticular da lâmina
própria há numerosos feixes de fibras
 Lâmina própria com poucas fibras
colágenas, mas não há fibras
elásticas, tendo continuidade com a
elásticas;
musculatura lingual.
 Não existe submucosa, fazendo com
que as fibras ancorempse ao
periósteo da maxila e da mandíbula.

 Mucosa do palato duro:

 Recobre a porção anterior do


palato;

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 Corpo da língua (2/3 anteriores) = é
originada do primeiro arco branquial, ficando
localizada no interior da cavidade oral e, por
isso, apresenta uma mucosa especializada
ocupada totalmente por papilas;

 Base da língua (1/3 posterior) = é derivada


do terceiro e quarto arcos branquiais,
estando relacionada com o istmo das fauces,
as tonsilas palatinas e a orofaringe e, por isso,
 Sua superfície apresenta várias é quase completamente ocuopada por
elevações transversais, chamadas de tecido linfático (amígdalas).
“rugas palatinas”;

 É predominantemente do tipo
ortoqueratinizado, com cor rosa-
pálido (similar a gengiva inserida);

 Espessura = 320 μm;

 Não possui fibras elásticas;

 Submucosa apenas nas regiões


laterais posteriores, a partir dos pré-
molares. Ela apresenta glândulas
salivares mucosas, feixes colágenos
proeminentes inserindo-se no
periósteo do osso subjacente e vasos
e nervos, formando extensos plexos
vasculonervosos.

↪ As PAPILAS LINGUAIS são:

 Filiformes:

 São as mais numerosas, resultando em


um aspecto “veludo” do dorso da
língua;

 São cônicas e inclinadas, com seu


vértice apontando para a
orofaringe;

MUCOSA ESPECIALIZADA
↪ A “mucosa especializada” é aquela que recobre o
dorso da língua, estando também exposta ao atrito
alimentar e, portanto, sendo formada de E.E.P.
queratinizado. Geralmente, a língua é dividida em
duas partes:

 Apresentam epitélio do tipo


ortoqueratinizado, com numerosos
melanócitos e células de Langerhans;

 Espessura variável: vértice = 800 μm,


meio = 600 μm e próximo ao “V” lingual
= 250 μm;

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 Apresenta uma fina sensibilidade tátil,
apresentando apenas o papel
mecânico durante a mastigação, pela
ausência de botões gustativos.

NOTA CLÍNICA: Com o avançar da idade, o número


de papilas filiformes decresce, não mais se observando
o típico aspecto aveludado do dorso lingual, que se
torna mais brilhante.

 Fungiformes:

 São menos numerosas do que as


filiformes, localizadas no vértice, na
parte central do dorso lingual e nas  No fundo do sulco, abrem-se os
bordas laterais; ductos excretores das glândulas
salivares menores serosas, chamadas
 Possui um formato de “cogumelo” (daí de “von Ebner”.
o seu nome), onde na sua superfície
superior há epitélio  Foliadas:
paraqueratinizado, com alguns
botões gustativos inervados. Já em  Estão localizadas nas 10 a 15 dobras
seu centro, há um tecido conjuntivo da mucosa a cada lado da borda
intensamente vascularizado o que lateral da língua, na sua borda mais
gera a cor vermelha intensa. posterior;

 São separas por sulcos ou fissuras


paralelas;

 Os botões gustativos apresentam-se


apenas nas paredes dos sulcos do
epitélio não queratinizado.

 Botões gustativos (ou corpúsculos):


 Valadas (ou caliciformes / circunvaladas):
 Revestem a superfície superior das
 Constituem o “V’ lingual do sulco papilas fungiformes e as superfícies
terminal, apresentando-se entre 8 a laterais das papilas valadas e
10 papilas; foliadas. Além disso, há alguns na
porção anterior do palato mole;
 São bem maiores que as outras
rodeadas por um sulco circular ou  Apresentam origem epitelial,
“vallum” (daí o seu nome); aparecendo entre a 9º e a 10º
semanas VIU, porém só visíveis na 15º
 Apresenta um tecido conjuntivo semana VIU;
frouxo altamente vascularizado e
inervado;  Possuem um aspecto de “cebola”,
ocupando toda a espessura do
 Possui numerosos botões gustativos epitélio, ou seja, desde a lâmina
nas paredes do sulco, porém na basal até a superfície epitelial,
parte superior o epitélio comunicando-se com a cavidade
ortoqueratinizado não possui botões; oral por um “poro”;

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 Apresentam alto índice de renovação laterais e as papilas foliadas têm os botões para
(mitose), com uma porção responderem ao sabor ácido. O sabor amargo é
proliferativa localizada na periferia detectado pelos botões gustativos das papilas
do botão; valadas. Por outro lado, os botões gustativos do
palato mole identificam também os sabores amargos e
 Inervados pelos nervos facial, ácidos.
glossofaríngeo e vago;

 Podem possuir de 30 a 150 células,


onde os menores estão nas papilas
fungiformes e os maiores nas valadas
e foliadas.

 Seus 3 tipos celulares são:

 Células escuras (tipo I) = são


as mais finas, que se
localizam na periferia do
botão, suportando-o. Seu
núcleo tem abundante
heterocromatina e um
SUPRIMENTO VASCULAR
citoplasma desenvolvido
para a síntese, a fim de ↪ O “suprimento vascular ou sanguíneo” da mucosa
secretar uma substância que oral é extremamente rico e derivado das seguintes
preenche a abertura do artérias:
poro e facilita a captação
dos estímulos gustativos;  Artéria carótida externa: ramos maxilar, lingual
e facial;
 Células claras (tipo II) =
localizadas paralelas a do  Artérias da submucosa;
tipo I, apresentam uma
função desconhecida,  O retorno venoso segue o trajeto inverso e
aparentemente de suporte; termina na veia jugular interna.

 Células intermediárias (tipo OBS: Terminações linfáticas cegas se reúnem na


III) = são as células
camada reticular da lâmina própria para formar
neuroepiteliais do botão.
linfáticos coletores que seguem o trajeto venoso.
Seu citoplasma possui um
delgado prolongamento ao
lado do poro, enquanto que SUPRIMENTO NERVOSO
ao lado da lâmina basal, há
pequenas vesículas ↪ O “suprimento nervoso” da mucosa oral é bem rico,
contendo neurotransmissores. sendo primordialmente sensorial (calor, frio, tato, dor e
paladar), contendo também elementos do sistema
autônomo. É mais intenso na parte anterior da boca,
onde os principais nervos são:

 Nervo trigêmeo = ramos maxilar e mandibular;


 Nervos facial, glossofaríngeo e vago;
 As terminações nervosas podem ser não
corpusculares (são livres, de arranjo variado,
podendo penetrar o epitélio) e corpusculares
(são as de Krause e Meissner);

OBS: A terminação nervosa intraepitelial que mantém


relação com a célula de Merkel constitui um complexo
especial.

NOTA CLÍNICA: Os botões gustativos das papilas


fungiformes da ponta da língua respondem aos
sabores doces. Os sabores salgados são identificados
principalmente nas bordas laterais da língua, mas
também na ponta. As papilas fungiformes das bordas

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