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Embriogênese de Invertebrados

Deuterostômios
BEG 7024 – Embriologia Animal
Professora Josefina Steiner
Embriogênese de Invertebrados
Deuterostômios

Echinodermata: animais marinhos com simetria


pentarradial e endoesqueleto de carbonato de cálcio

Urochordata: animais marinhos sésseis (exceto o grupo larvacea)


com simetria bilateral que se alimentam por filtração
Equinodermas, os Invertebrados Deuterostômios

O desenvolvimento embrionário (ontogênese) do ouriço-do-mar foi muito estudado sob vários aspectos embriológicos, como o
desenvolvimento regulativo e a especificação autônoma, o mapa de destino, a gastrulação, a formação do celoma e a diferenciação dos
folhetos embrionários.

Espécies modelos de estudo: Lytechinus sp., Strongylocentrotus sp., Paracentrotus sp., Echinus sp., e Arbacia sp.

Características dos equinodermas:

- Apresentam ovos transparentes e em grande número


- Facilidade de estudar no laboratório
- Clivagem holoblástica radial nas três clivagens iniciais
- Celoma bem desenvolvido
- Larva apresenta simetria bilateral
- Adulto apresenta simetria radial
- Sistema digestório completo
- Sistema circulatório incompleto
- Sem estruturas excretoras especializadas
Desenvolvimento Embrionário Inicial do Ouriço-do-Mar
● Ouriço-do-mar é um modelo de estudo de embriologia

● Ovos oligolécitos/isolécitos

● Clivagem holoblástica radial

● Celoblástula cêntrica ou regular

● Planos de clivagem/Planos de segmentação:

1 - longitudinal ou meridional

2 - longitudinal ou meridional, perpendicular ao

primeiro plano de clivagem

3 - equatorial igual

● As clivagens que seguem formam estágios embrionários com


blastômeros denominados de: micrômeros, macrômeros e
mesômeros
OURIÇO-DO-MAR
B) Micrografia em
A) Planos de clivagens nas três primeiras divisões e a formação fluorescência da divisão
dos conjuntos de células nas divisões 3 a 6 desigual que inicia no
estágio de 16 células
(* na imagem ao lado)
Os Padrões de Clivagens diferem entre espécies de Echinodermata
Em todos os equinodermas conhecidos, as
duas primeiras mitoses são orientadas
perpendicularmente ao eixo animal-vegetal.

As pequenas linhas entre os embriões nesta


imagem indicam o número e orientação dos
eixos mitóticos.

no ouriço-do-mar as clivagens tornam-se


assíncronas entre os conjuntos de células,
após a 4a. e 5a. clivagens.

Os macrômeros e os mesômeros dividem-se


duas vezes antes da divisão dos micrômeros.
Em decorrência disto não há os estágios de
32 e 64 células.

Nomes não convencionais são atribuídos aos


blastômeros nos estágios de 16 células e de
56 células (figuras ao lado).
Celoblástula Cêntrica: é formada no final da clivagem; apresenta uma cavidade, a blastocele

Estágio de BLÁSTULA - imagem F: As células do polo vegetal se espessam formando a placa vegetal, enquanto
as células do hemisfério animal secretam uma enzima de eclosão que digere o envelope vitelínico.
Blástula Precoce (inicial) apresenta cílios Blástula Tardia apresenta um tufo de cílios
e a placa vegetal achatada

Mapa de Destino
Mapa de destino de embrião de ouriço-do-mar

de 60 células, mostrando a segregação

dos Blastômeros no eixo animal-vegetal


Eventos Morfogenéticos são iniciados com a ingressão de células mesenquimais primárias. Estas são
também conhecidas como células esqueletogênicas, sendo formadas à partir dos grandes micrômeros

Formação de cabos sinciciais por células


mesenquimais esqueletogênicas.

Ingressão das células mesenquimais esqueletogênicas: Na gástrula inicial estas células se alinham e se fundem
estas células perdem sua afinidade com a ”camada
para formar a matriz das espículas de carbonato de cálcio.
hialina” e com os blastômeros vizinhos; mas ganham
afinidade para as proteínas da lâmina basal
Movimento Morfogenético na placa vegetal da blástula de ouriço-do-mar indicando o início da gastrulação
O ectoderma que envolve o polo vegetal se espessa formando a placa vegetal

Movimento dos pequenos micrômeros durante a gastrulação: O início da formação do arquêntero ocorre com o
movimento de invaginação da placa vegetal,
Assista aqui o vídeo do artigo
formando o blastóporo

Células do mesênquima esqueletogênico rompem


a matriz extra-celular:
Laminina = rosa
Células do Mesênquima = verde
O blastóporo formará o ânus
Núcleos = azul (Foto feita em Microscópio Eletrônico de Varredura)
Gastrulação no Ouriço-do-Mar

Invaginação da placa vegetativa, devido à molécula


higroscópica glucosaminoglicana de sulfato de condroitina

Gástrula inicial e gástrula avançada


Formação do arquêntero
O diâmetro o arquêntero diminui devido o rearranjo das células
Extensão do arquêntero e o arranjo celular
Formação das espículas, do arquêntero e do celoma. O blastóporo GASTRULAÇÃO E ORGANOGÊNESE
forma o ânus e a segunda cavidade do arquêntero forma a boca.
Vista ventral do estágio de Plúteo e estágio em metamorfose com
identificação dos lados aboral e oral.
BC-blastocele, GR-arquêntero, SM-células mesenquimais secundárias

Células mesenquimais secundárias (não esqueletogênicas) formam filopodia


contactando o teto da blastocele, estendendo desta forma o arquêntero. Rearranjo das
células de 1 a 7 com as células vizinhas permitindo o alongamento do arquêntero.
Acesse e veja as figuras 1 a 4 do artigo
IMAGENS DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DE OURIÇO-DO-MAR
obtidas ao microscópio óptico
71 – ovócito, pró-núcleo, cone de fecundação e
membrana de fecundação

72/73/74/75 – estágios em que ocorrem as clivagens


formando os blastômeros

76 – estágio de 60 células (são visíveis os


micrômeros no pólo vegetal), acima encontram-se os
conjuntos de mesômeros no hemisfério vegetal e os
conjuntos de macrômeros no hemisfério animal

77 – estágio de blástula

77/78/79/80 – gastrulação inicial com o ingresso dos


micrômero, invaginação do arquêntero e formação de
espículas

81/82 – desenvolvimento do celoma com duas


“bolsas de mesoderme” que se separam (por
Veja aqui da fecundação ao estágio de gástrula
enterocelia) e formam três compartimentos
Desenvolvimento Embrionário
do Ouriço-do-Mar

A - estágio de zigoto

B a G - primeira a sexta clivagens

H - blástula

I - gástrula inicial

J - gástrula final

K - larva Plúteo (vista lateral)


Desenvolvimento Pós-Embrionário

Estágios: Prisma, Plúteo jovem, Plúteo com estruturas primordiais de ouriço-do-mar e Larva em fase final de
metamorfose (Echinus esculentus). Ref.:(Groepler 1989).

Assista aqui "vida de bolacha"


Especificação Condicional (regulativo) Estudo de genes reguladores na formação do
corpo iniciados por Hans Driesch mostrou que
estágios iniciais apresentam o modo regulatório
de desenvolvimento, isto é, no estágio de 4
células, um blastômero isolado forma a larva
plúteo.

A) Desenvolvimento normal
B) Larvas Plúteo formadas de células separadas
Formação do Celoma e dos Rudimentos

Os celomas estão intimamente envolvidos no desenvolvimento dos rudimentos do


imago (adulto). As bolsas celomáticas, formadas por projeções no topo do arquêntero,
dividem-se formando três pares de sacos ao longo do tubo digestivo:

a) Axocele anterior
b) Hydrocele intermediário
c) Somatocele posterior

As vesículas celomáticas crescem entre o endoderma e o ectoderma, separando-se do


endoderma. As paredes destas vesículas constituem a mesoderme, delimitando o
celoma. O mesoderma parietal delimita o ectoderma e o mesoderma visceral “envolve”
o endoderma.
O movimento dos pequenos micrômeros (não esqueletogênicos) durante a gastrulação

A) Os pequenos micrômeros são


formados à partir da linhagem de
micrômeros no polo vegetal, na
quinta clivagem. Estas células se
deslocam no topo do arquêntero até a
blastocele, entrando na bolsa
celômica do estágio de prisma.
B) Micrômeros são transplantados para
fins de estudo.
C) Pequenos micrômeros mudam
ativamente a sua forma durante a
gastrulação, estendem filopodia e veja aqui
Skel - células esqueletogênicas
lamellipodia até alcançar o topo do SM - pequenos micrômeros Assista aqui
arquêntero.
Tunicados são cordados porque os estágios larvais
apresentam notocorda
Tunicados (Urocordados)
Alguns exemplos: Ascidia sp., Ciona sp., Halocynthia sp., Styela sp.

Características dos Tunicados:

- clivagem holoblástica bilateral


- ovos mesolécitos
- estereoblástula
- movimentos de gastrulação: involução, invaginação e epibolia
- presença de notocorda
- estágio de larva
- adulto séssil (exceto Larvaceae)
Desenvolvimento Embrionário de Tunicados (Ascidia)

Etapas:

1. Maturação do ovo com segregação ooplasmática

2. Clivagem

3. Gastrulação e neurulação

4. Morfogênese e diferenciação celular


A segregação do ooplasma na fertilização em Styela partita
A) ovócito: citoplasma cortical envolve citoplasma interno com vitelo (cinza)
B) com a entrada do sptz o citoplasma
C) núcleo do sptz e o citoplasma amarelo e branco migram em direção ao polo animal
D) citoplasma amarelo formará os músculos da cauda
Gastrulação: invaginação do endoderma, involução
Clivagem do mesoderma e epibolia do ectoderma
Mapa de Destino - desde ao estágio de zigoto

Simetria bilateral - em todos os estágios: estágio de zigoto


(A), estágio de 8 células (B) e estágios tardios vistos do polo vegetal (C e D).
Styela partita
Segregação citoplasmática
Crescente amarelo fica restrito ao par de blastômeros B4.1
A linhagem destas células formam os músculos.
Simetria Bilateral: células com citoplasma amarelo formam os músculos do tronco

A) estágio de 8 células; duas destas contém citoplasma amarelo

B) gástrula inicial; citoplasma amarelo nos precursores da musculatura do tronco

C) início do estágio de larva; crescente amarelo na musculatura do tronco.


Halocynthia roretzi

a) Mapa de destino do embrião de simetria

bilateral segregação do ooplasma no zigoto e

no estágio de 8 blastômeros

b) linhagem das células do embrião. É indicado

apenas o lado esquerdo. No topo constam os

estágios de clivagem e o tempo de

desenvolvimento (em horas) desde a

fecundação
a) Mapa de destino de um ovo de ascídia, mostrando os territórios que formam a epiderme (azul), músculos
(pink), mesênquima (vermelho), endoderma (amarelo), notocorda (laranja), sistema nervoso central e cordão
neural (verde)
b) eixo ântero-posterior de estágio de broto caudal mostrando a posição dos tecidos da larva derivados dos
territórios do zigoto
c) adulto jovem pós-metamorfose

acesse o artigo
Ciona intestinalis

87 - Célula ovo ou Zigoto

88 a 91 - Estágios embrionários durante a clivagem

88 - Estágio de 2 células

89 - estágio de 4 células

90 - estágio de 8 células, vista lateral

91 - estágio de 16 células, vista do polo vegetal


Ciona intestinalis

92 - gástrula, blastóporo visível


93 a 96 - desenvolvimento da larva
93 - estágio de broto caudal
94 - cauda bem desenvolvida
95 - vacúolos intracelulares se fusionam com a união das
células formam vacúolos grandes intercelulares
96 - antes da larva eclodir, a fusão dos vacúolos resulta em
um único. Tubo neural se diferencia em uma vesícula,
dentro da qual se original dois órgãos sensoriais
97 - vesícula encefálica com órgãos sensoriais: células
sensíveis à luz, células da lente e vesículas com pigmento
Ciona intestinalis

98 a 100 - metamorfose

dos estágios de larvas

larva de 3 dias larva de 2,5 dias

larva de 6 dias Adulto jovem

Desenvolvimento embrionário de Ascidia

veja o artigo
Metamorfose

a) larva se fixa pela parte anterior a um substrato


b) a cauda é reabsorvida
c) os órgãos larvais sofrem um movimento de rotação de 90 graus
d) após dias de desenvolvimento os sifões funcionais se abrem e o juvenil inicia a alimentação
REFERÊNCIAS

GILBERT S.F, BARRESI M.J.F. Biologia do Desenvolvimento. 2019, 11ª ed. Porto Alegre. Ed. Artmed, 911p.

GILBERT S.F, BARRESI M.J.F. Developmental Biology. 2016, 11ª ed. Ed. Sinauer Associates, Massachusetts 935p.

GILBERT S.F, RAUNIO A.M. Embryology, constructing the organism.1997. Ed. Sinauer Associates. Massachusetts, 537p.

GROEPLER W. Taschenatlas der Embryologie. 1989, Ed. Kosmos, 70p.

MERGENTHALER W., HIMMELEIN C., MEYER K.H. Fortpflanzung und Keimesentwicklung. 1993, Atlas No. 8217, Ed. Lieder.

MONTANARI T. Embriologia: texto, atlas e roteiro de aulas prática, 2013, Porto Alegre, ed do autor, 199p.

MULLER W.A. Development Biology. 1997, Ed. Springer, New York, 382p.

NAZARI E.M., MULLER Y.M.R. Embriologia Animal. 264p.

Disponível em: https://uab.ufsc.br/biologia/livros-bioead/.

SALMITO-VANDERLEY C.S.B., HIGINO SANTANA I.C. Histologia e Embriologia Animal comparada. 2015. Ed. UECE, 2a. ed. Fortaleza, 154p.

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