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SAUN D ERS
ELSEV 1 ER T R A D U Ç Ã O DA V E D I Ç Ã O
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D o nrigin .il:
Befort We Arx Bom: Fsurtutült tjE m h v fb p ard B irtl' Deferts 7 th E d itio n
Capa
F o lio D esign
Editoraçâo Eletrônica
Kosane (iuedes
IS B N :9 7 8 -8 5 -3 5 2 -2 6 6 1 -4
E diçã o o rig in a l IS B N : 9 7 8 -1 -4 1 6 0 -3 7 0 5 -7
NOTA
O c o n h e cim e n to m edico c * t i c m perm anente mudança. O s cuidados n o rm a is de segurança
devem %cr seguidos, mas. co m o as novas pesquisas e a experiência clínica am pliam n o is o c o
n hecim ento . altcraçAes n o tra ta m e n to e terapia à base d e drogas pndem *e r necessárias ou
apropriadas. O s le ito re s sâo aconselhados a checar in fo rm a ç õ e s m ais atuais dos p ro d u to s ,
fornecidas pelos fabricantes de cada d roga a ser adm inistrada, para v e rific a r a dose recom en
dada. o m éto do e a durava o da adm im vtraçâo c a* co n tra -in d ica võ e *. E responsabilidade d o
m édico, com base na c v p c n é n n a e c o n ta n d o com o c o n h e c im e n to sobre o paciente, d e te r-
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priedade. o rig in a d a p o r esta p u b lic a ç lo .
O E D IT O R
c ip -b r a s il . c a t a l ( x ;a ç Ao .n a -f o n t e
S IN D IC A T O N A C IO N A L D O S E D IT O R E S l> E L IV R O S . RJ
M813c
.M oore* K c ith L .
E m b rio lo g ia básica / K e ith L . M o o re . T . V. N . Persaud ; co m a o o la bo ra çio de M arlc ( í . T orchia;
(tradução A ndréa M o n te A lto C osta... c t al-J. - R io d c Ja n e iro : E lscvicr. 2008.
il.
0 8 -0 6 2 9 . C D D : 612.64
C D U : 612.64
Sumário
1
Estágios do Desenvolvimento Humano
Importância da Embriologia
Aspectos Históricos
Termos Descritivos
Questões de Orientação Clínica
1
2 ■ INTRODUÇÃO A EMBRIOLOGIA HUMANA
■ O desenvolvimento humano é um processo contínuo que co Fe rtiliz a çã o ou Id ad e da Concepção. É d ifícil determinar
meça quando um ovócito de uma mulher é fertilizado por um com exatidão quando ocorre a fertilização (concepção), pois
espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve este processo não pode ser observado in vivo (dentro do cor
muitas modificações que transformam uma única célula, o zigo- po vivo ). Os médicos calculam a idade do embrião ou feto a
to (ovo fertilizado), em um ser humano multicclular. A maioria partir do prim eiro dia do últim o período menstruai normal
das transformações do desenvolvimento ocorre antes do nasci (L N M P ). Esta é a idade de gestação, que é cerca de 2 sema
mento, mas mudanças importantes também ocorrem durante os nas mais velha do que a idade da fertiliz ação porque o ovóci
períodos posteriores do desenvolvimento: infante, infância, ado to somente é fertilizado cerca de 2 semanas após a menstrua
lescência e maturidade (adulto). ção anterior (Fig . 1.1). Conseqüentemente, quando um médi
A em briologia humana é a ciência que estuda a origem e o co diz a idade de um embrião ou feto, deve deduzir-se 2 se
desenvolvimento de um ser humano de um zigoto até o nasci manas para determinar a idade real. ou da fertilização, do ser
mento de um infante. O estudo da embriologia cobre o espaço humano em desenvolvimento.
entre o desenvolvimento pré-natal e a obstetrícia, medicina pe-
rinatal, pediatria c anatomia clínica. C livagem . A divisão m itótica das células, ou clivagcm , do zi
goto forma as células embrionárias denominadas blastôme-
ros. O tamanho do embrião inicial permanece o mesmo, pois
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO os blastómeros diminuem de tamanho a cada divisão celular
HUMANO sucessiva.
Apesar de o desenvolvimento humano ser, em geral, dividido em M órula. Quando 12 ou mais blastómeros se formaram, a bola
pré-natal (àntes do nascimento) e pós-natal (após o nascimen de células resultante da clivagem do zigoto passa a ser denomi
to), o desenvolvimento é um contínuo que se inicia na fertiliza nada m órula, que se assemelha a uma amora (do lat. morus,
ção (concepção). O nascimento é um acontecimento dramático am ora). O estágio dc mórula é atingido cerca dc 3 a 4 dias após
no desenvolvimento, que resulta em uma mudança no ambiente. a fertilização, quando o ser humano em desenvolvimento pene
O desenvolvimento não cessa com o nascimento', importantes tra no útero vindo da tuba uterina (trompa de Falópio).
mudanças do desenvolvimento ocorrem após o nascimento — a
formação dos dentes e, nas mulheres, as mamas, por exemplo. Biastocisto. Depois dc deslocar-se da tuba uterina para o úte
A maioria das transformações do desenvolvimento já terminou ro, a mórula forma dentro dc si uma cavidade cheia de fluido
aos 25 anos. Os estágios do desenvolvimento que ocorrem antes — a cavidade blastocística. Esta transformação converte a
do nascimento estão ilustrados nas Etapas do Desenvolvimento mórula em biastocisto. que. além da cavidade, contém uma
Humana Pré-natal (Figs. 1.1 e 1.2). A seguir, apresentamos uma massa celu lar interna, ou embrioblasto, que vai formar o em
lista explicando os termos usados nestas figuras e nas discussões brião.
subseqüentes.
E m b riã o . Este termo refere-se ao ser humano durante os es
tágios iniciais de seu desenvolvimento. O período em brioná
Terminologia Embriológica rio vai até o fim da oitava semana, momento cm que todas as
principais estruturas estão começando a-desenvolver-se. So
A maioria dos termos embriológicos origina-se do latim (lat.) ou mente o coração e a circulação estão funcionando. O tama
do grego (gr.). A compreensão da origem dos termos ajuda, com nho dos em briões é dado em com prim ento crown-rum p
freqüência, a memorizá-los. O termo zigoto, por exemplo, deri (cefalocaudal) (C R L ), medido do vértice do crânio até as ná
va da palavra grega zygotos, que significa união, indicando que degas.
o espermatozóide e o ovócito se uniram para formar uma nova
célula, o zigoto. Concepto. Este termo refere-se ao embrião e suas membranas
(i.e., os produtos da concepção ou fertilização). Este termo re
Ovócito (do lat. ovum, ovo). Este termo refere-se à célula ger- fere* se a todas as estruturas que se formam do zigoto, tanto em
minativa, ou sexual, feminina, produzida no ovário. Quando brionárias como extra-embrionárias; portanto, elas incluem o
maduro, o ovócito é denominado ovócito secundário, ou madu embrião assim como as membranas associadas — âmnio, saco
ro. Um ovo inviável refere-se a um embrião inicial cujo desen coriônico (gestacional) e saco vitelino (ver Cap. 8).
volvimento cessou. Apesar de o embrião estar morto, os outros
produtos da concepção, o saco coriônico (da gestação), por exem Prim órd io. Este termo refere-se ao início ou à primeira indica
plo. podem sobreviver por várias semanas. ção perceptível de um órgão *>u estrutura (i.e., o estágio mais
inicial de seu desenvolvimento). O termo anlage tem um signi
Esperm atozóide. Este termo refere-se à célula germinativa. ficado semelhante. O primórdio ou anlage de um membro supe
ou sexual, masculina produzida pelo testículo. Durante a eja rior surge como o broto deste membro no dia 26 (Fig. 1.1).
culação, os espermatozóides são expelidos pela uretra mas
culina. Feto. Depois do período embrionário (8 semanas), o ser humano
em desenvolvimento passa a ser denominado feto. Durante o
Zigoto. Esta célula, formada pela união de um ovócito com um período fe ta l (da nona semana ao nascimento), ocorrem a dife
espermatozóide, é o início dc um novo ser humano (i.e.. um renciação e o crescimento dos tecidos e órgãos, que se forma
embrião). A expressão ovo fertilizad o refere-se a um ovócito ram durante o período embrionário. Apesar de as transforma
secundário que foi penetrado por um espermatozóide; no fim da ções do desenvolvimento deste período não serem tão dramá
fertilização, o ovócito torna-se um zigoto. ticas como as que ocorrem durante o período embrionário, elas
INTRODUÇÃO Ã EMBRIOLOGIA HUMANA ■ 3
são muito importantes, pois tornam possível o funcionamento congênitas (p.ex., palato fendido e defeitos cardíacos) depen
dos tecidos e órgãos. À velocidade de crescimento do corpo é dem do conhecimento do desenvolvimento normal e dos des
notável, especialmente durante o terceiro e quarto meses (ver vios que ocorreram.
Fig. 1.2), e, durante os últimos meses, o ganho de peso é feno
menal.
ASPECTOS HISTÓRICOS
Trim estre. É um período de 3 meses de calendário. Geralmen
te os obstetras dividem o período de 9 meses em três trimestres. Sábios gregos deram muitas contribuições importantes para a
Os estágios mais críticos do desenvolvimento ocorrem durante ciência da embriologia (Horder et al., 1986; Dunstan, 1990). Os
o primeiro trimestre, quando se dá o desenvolvimento embrio primeiros estudos embriológicos registrados são os livros dc
nário e início do fetal. Hlpócrates de Cos (Fig. 1.3), o famoso médico grego do quinto
século a.C. No quarto século a.C., Aristóteles de Estagira, fi
Aborto, (do lat. aboriri, abortar). Este termo significa uma in lósofo e cientista, escreveu o prim eiro relato conhecido da
terrupção prematura do desenvolvimento e refere-se ao nasci embriologia, no qual descreveu o desenvolvimento do pinto e de
mento de um embrião ou feto antes de se tomarem viáveis —
outros embriões. Claudius Galeno (segundo século d.C.), mé
suficientemente amadurecidos para sobreviverem fora do útero.
dico e cientista médico grego, que viveu em Roma, escreveu o
Os principais tipos de aborto são: livro intitulado Sobre a Form ação do Feto, no qual descreveu o
• Ameaça de aborto é uma complicação comum que ocor desenvolvimento e a nutrição fetal.
re em cerca de 25% das gravidezes. A despeito de todos Na Idade M édia (1000-1400 d.C), o crescimento desta ciên
os esforços para impedir um aborto espontâneo, cerca de cia foi lento. Durante o 11? século, Constantino, o A fricano,
metade destas gravidezes acaba em aborto (F illy , 1994). descreveu a composição e o desenvolvimento seqüencial do
Todos os términos de gravidez que ocorrem naturalmen embrião em relação aos planetas e em cada mês da gravidez.
te, ou são induzidos antes das 20 semanas, são considera No 15.° século, Leonardo da V in c i fez desenhos precisos de
dos abortos. dissecções do útero grávido e das membranas fetais associa
• Abortos espontâneos. Cerca de 15% das gravidezes iden das (Fig . 1.4).
tificadas terminam em aborto espontâneo (i.e., ocorrem W illia m H arvey (Fig. 1.5), em 1651, fez novas observações
naturalmente), geralmente durante as primeiras 12 sema estudando embriões de pinto com lentes simples. Ele acredita
nas. va que o espermatozóide, depois de penetrar no útero, trans
• Abortos legalmente induzidos, ou abortos eletivos, geral formava-se cm uma substância semelhante ao ovo que, então,
mente são produzidos por drogas ou curetagem por suc se transformava em um embrião. E le também estudou o desen
ção (evacuação do embrião e suas membranas por sucção volvim ento do gamo; entretanto, sendo incapaz de observar os
uterina). Alguns abortos são induzidos por causa de má estágios iniciais, concluiu que os embriões eram secretados pelo
saúde da mãe (mental ou física) ou para impedir o nasci útero.
mento de uma criança com malformações graves (p.ex., Os primeiros microscópios eram simples, mas abriram um
sem a maior parte do cérebro). novo campo de observações. Em 1672, de G ra a f observou pe
• Abortofrustrado é a retenção do concepto no útero depois quenas câmaras (certamente o que hoje em dia denominamos
da morte do embrião ou feto. blastocistos) no útero da coelha e concluiu que elas provinham
de órgãos que chamou ovários. M a rce llo M alpigh i, em 1675,
estudando o que acreditava ser ovos de galinha não fertiliza
IMPORTÂNCIA DA EMBRIOLOGIA dos, observou embriões muito iniciais. Por este motivo, pen
sou que o ovo continha uma miniatura de pinto. Apesar disto,
O estudo dos estágios pré-natais do desenvolvimento, especial suas observações sobre o pinto em desenvolvim ento foram
mente os que ocorrem durante o período embrionário, ajuda-nos boas.
a compreender as relações normais entre as estruturas normais Ham m e Leeuwenhoek, em 1677, usando um microscópio
do adulto e as causas das anomalias congênitas. A em briologia aperfeiçoado, foram os primeiros a observar espermatozóides
elucida a anatomia c explica como as anormalidades se formam. humanos (Fig. 1.6), mas não compreenderam o papel do esper
No período que vai da terceira à oitava semana, o embrião é matozóide na fertilização. Eles acreditavam que o espermatozói
vulnerável a quantidades elevadas de radiação, vírus c certas de continha um ser humano em miniatura, pré-formado (Fig. 1.7).
drogas (ver Cap. 9). Em 1775, Spallanzani mostrou que tanto o ovo como o esper
O conhecimento que os médicos têm sobre o desenvolvimenmatozóide são necessários para dar início a um novo indivíduo.
to normal e as causas das anomalias congênitas ajuda a dar ao Com base em suas experiências, Spallanzani concluiu que o es
embrião as melhores possibilidades de desenvolver-se normal permatozóide é o agente fertilizador que dá início ao desenvol
mente. M uito da moderna prática obstétrica envolve o que po vimento.
deria ser denominado em briologia clín ica ou aplicada. O fato Grandes avanços foram feitos na embriologia ao ser estabe
dc alguns de seus pacientes terem anomalias resultantes de mau lecida a teoria celular, em 1830, por Schleiden e Schwann. O
desenvolvimento, tais como espinha bífida ou doença cardíaca conceito de que o corpo é composto de células e produtos celu
congênita, torna a importância da embriologia muito evidente lares logo levou à compreensão de que o embrião se formava de
para o pediatra. O progresso da cirurgia, especialmente a pré- uma única célula, denominada zigoto. Eles descobriram e de
natal e dos grupos com idade pediátrica, tornou o conhecimen monstraram a natureza celular dos tecidos. O aperfeiçoamento
to do desenvolvimento humano clinicamente ainda mais impor das técnicas de fixação, corte e coloração de tecidos e reconstru
tante. A compreensão e a correção da maioria das anomalias ção de embriões por W ilh elm H is (1831 -1904) levou a um gran-
4 ■ INTRODUÇÃO À EMBRIOLOGIA HUMANA
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PRÉ-NATAL
1 A 6 SEMANAS
Foliculo primário
FASE PROLIFERATIVA
Dia 1 do último
ciclo menstruai
Ovário
Ovócito Ovócito
CONTINUAÇÃO DA FASE PROLIFERATIVA DO CICLO MENSTRUAL
IDADE
(semanas) Iniao do estágio 2 4 início do estágio 3 Trofoblasto Estág»o 4 7 Inicio do estágio 5
Inicio da implantação
Massa
celular
Divisão do zigoto Mórula Biastocisto inicial Biastocisto final mtema
FASE SECRETORA DO CICLO MENSTRUAL
anterior r ' 1
Coraçao
irtoa —
Pnm òrdios NeufCOOfO Grolü do
dodhoe
batmcnlos orelha
roslral membro Arcos
fecha âupertOf branquiaJâ
4 preserrtes
Ncuroporo Indica
CfU. = com prvrem o
caudal tamanho reaJ
Pusao das pregas reurais crown-njrnp
Olho em desenvoK^nento
B^otodo
membro
SUÇ>enor
5 Foiseta
ruiul
Meato
acusttco
extem o
INTRODUÇÃO
Orelha
6
Ogrtats
À EMBRIOLOGIA HUMANA
Lábo superio* e
Cavkfcidss <*ai e
rviri7 formados
nasal contioeni&s Vista veotral
■ Fig. 1.1 Estágios iniciais do desenvolvimento embrionário. São mostrados o desenvolvimento dc um foliculo ovanano contendo um ovócito. a ovulação e as fases do ciclo menstruai. O
desenvolvimento humano começa com a fertilização, cerca dc 14 dias após o início da última menstruação. Também são mostrados a clivagcm do zigoto na tuba uterina. a implantação do
biastocisto c o desenvolvimento inicial do embrião. Ver Cap. 6 para uma discussão completa do desenvolvimento embrionário. Os estudantes principiantes não devem tentar memorizar estas
etapas ou os estágios (p.ex.. que o Estágio 3 começa no dia 4 c que o Kstágio 5 começa no dia 7).
■ 5
6 ■ INTRODUÇÃO À EMBRIOLOGIA HUMANA
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PRÉ-NATAL
7 a 38 semanas
!DAO€
{semanas)
Memfc»rç» mjpcnofcs
mais compoòos e
flexionados Genctalia externa
nocotovrfci. ainda em estado Sulco
ixetnu
indifcrenciack). Punho
Nariz
8 mas inoando a
diferenciação.
F-ronte grande
Prega
In io o 00 urogenrlal
periodo
Pre$â -
Punho LrugenflaJ
M al
9
Penneo
G lande do pénis
Pequeno
Facetem iàbo
p erfil hi^nano. Sulco
urrtral
10 Sulco
urogonital
■ 7
8 ■ INTRODUÇÃO À EMBRIOLOGIA HUMANA
TERMOS DESCRITIVOS
Superior
Cramal
Dorsal
Anterior Posterior
Ventral
Caudal
Inferior
Plano sagital
Lateral
D
Secção mediana Secçào transversal (horizonlal) Secção coronal (frontal)
■ Fig. 1.8 Desenhos ilustrando os termos descritivos de posição, direção e planos do corpo. A, Vista lateral dc um adulto na posição anatômica.
II, Vista lateral de um embrião de 5 semanas. C c D, Vistas ventrais dc embriões dc (►semanas. E. Vista lateral de um embrião dc 7 semanas. An
descrever o desenvolvimento, é necessário usar palavras que denotem a posição de uma parte cm relação à outra, ou ao corpo como um todo. Por
exemplo, a coluna vertebral se forma na parte dorsal do embrião, e o esterno se forma ventralmente a ela, na parte ventral do embrião.
INTRODUÇÃO À EMBRIOLOGIA HUMANA « 1 1
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Órgãos Reprodutores
Gametogênese
Ciclos Reprodutivos da Mulher
Transporte de Gametas
Maturação dos Espermatozóides
Viabilidade dos Gametas
Resumo da Reprodução
Questões de Orientação Clínica
12
REPRODUÇÃO HUMANA ■ 13
■ Pura a sobrevivência dos seres humanos, é necessária a exis Os ovócitos são produzidos por dois ovários, ovais, locali
tência dc um mecanismo para a produção de novos indivíduos. zados na parte súpcro-lateral da cavidade pélvica, um de cada
A reprodução humana, do mesmo modo que na maioria dos ani lado do útero (Fig. 2. IA ). Ao ser liberado do ovário na ovula-
mais. envolve a união de células sexuais, ou gametas — um çâo, o ovócito secundário, o ovo. penetra em uma das tubas ute-
ovócito (ovo) da mulher e um espermatozóide do homem. Cada rinas (tubas de Falópio. ovidutos). em forma de trompa. As tu
célula contribui com metade da informação genética para a uniào, bas abrem-se no útero (do lat. uterus, ventre), que protege e nutre
de modo que a nova célula, o zigoto, recebe a informação gené o embrião e o feto até o nascimento.
tica necessária para dirigir o desenvolvimento de um novo ser
humano. O sistema reprodutor de ambos os sexos está projetado
Ú TERO
para assegurar a união bem-sucedida do espermatozóide com o
ovócito — a fertilização.
O útero é um órgão periforme e dc paredes espessas (Fig. 2.2).
Antes da puberdade (antes do desenvolvimento das carac
Ele varia consideravelmente de tamanho, mas. geralmente, tem
terísticas sexuais secundárias), os meninos e as meninas não
7 a 8 cm dc comprimento. 5 a 7 cm dc largura, em sua parte su
são muito diferentes entre si. com exceção da genitália. A ma
perior, e 2 a 3 cm dc espessura.
turação sexual, que. normalmente, ocorre durante a puberda
O útero é constituído por duas partes principais:
de, resulta em diferenças consideráveis na aparência dc modo
que o homem sexualmente maduro tem um aspecto nitidamen • O corpo, os dois terços superiores, expandidos
te masculino, e a mulher é inequivocamente feminina. A pu • A cérvice. o terço inferior, cilíndrico
berdade cobre o período durante o qual a criança, incapaz dc
O fundo é a parte arredondada do corpo, acima dos orifícios
reproduzir-se, se transforma em uma pessoa capaz de reprodu
das tubas uterinas. () corpo do útero se estreita do fundo para o
zir-se. Estas mudanças envolvem a aparência anatômica, assim
istmo, a região estreita entre o corpo e a cérvice. A luz da cérvice.
como alterações nos órgãos reprodutores e na psique. A dura o canal cervical. tem uma abertura estreita em cada extremida
ção da puberdade varia entre os sexos, assim como a idade em de. O orifício interno (óstio) comunica-se com a cavidade do
que ela se inicia. corpo do útero, c o orifício externo comunica-se com a vagina.
A puberdade é o períiHlo. geralmente entre os 12 e os 15 anos, As paredes do corpo do útero sào constituídas por três cama
nas mulheres, e 13 e 16 anos, nos homens, em que é alcançada a das:
capacidade da reprodução sexual. A puberdade começa quando
as características sexuais secundárias aparecem pela prim èira • Perim étrio, a camada externa, delgada, de peritônio
vez (pêlos púbicos, por exemplo). Apesar dc as mudanças mais • M iom étrío, a camada de músculo liso, espessa
óbvias ocorrerem no sistema reprodutor, a puberdade afeta todo • Endom étrio, a delgada membrana mucosa interna
o corpo (p.ex., aumento da velocidade dc crescimento — o sur No máximo de seu desenvolvimento, o endométrio tem 4 a 5
to de crescimento da puberdade). No início da puberdade, com mm dc espessura. Durante a fase secretora do ciclo menstruai
freqüência as meninas são mais altas e pesam mais do que os me (ver Fig. 2.9), é possível distinguir ao microscópio três cam a
ninos da mesma idade. A m enarca (primeira menstruação) ocor das endometriais (Fig. 2.2C):
re, com freqüência, em meninas com 8 a 11 anos. A puberdade
• A cam ada com pacta, que consiste em tecido conjuntivo
termina com o primeiro ciclo menstruai. Nos homens, a puber
densamente compactado em torno do colo das glândulas
dade começa mais tarde ( 13 a 16 anos); entretanto, sinais dc ma
uterinas
turidade sexual podem aparecerem meninos com 12 anos. A pu
• A cam ada esponjosa, composta por tecido conjuntivo
berdade termina quando se formam espermatozóides maduros.
edematoso contcndo os corpos dilatados e tortuosos das
glândulas uterinas
ÓRGÃOS REPRODUTORES • A cam ada basal, que contém as extremidades das glân
dulas uterinas
Cada sexo tem órgãos reprodutores, ou sexuais, que produzem A camada basal do endométrio tem suprimento sangüíneo
e transportam gametas das glândulas sexuais, ou gônadas, para próprio e não descarna durante a menstruação. As camadas com
o local da fertilização na tuba uterina (Fig. 2.1). Durante a rela pacta e esponjosa, conhecidas conjuntamente como camada fun
ção sexual, o pênis, o órgão sexual do homem, deposita esper cional, desintegram-se e descarnam na menstruação c após o
matozóides, produzidos pelos testículos, na vagina do trato ge- parto (nascimento de uma criança).
nital feminino.
T U B A S U T E R IN A S
Órgãos Reprodutores Femininos
As tubas uterinas (tubas de Falópio, ovidutos) têm de 10 a 12 cm
A vagina (Fig. 2. M ) serve como passagem excretora para o flui de comprimento e 1 cm de diâmetro, e projetam-se lateralmente
do menstruai, recebe o pênis durante a relação sexual e forma a dos cornos (do lat. cornua) do útero (Fig. 2.2A). As tubas trans
parte inferior do canal do parto. Por sua parte superior, a vagina portam ovócitos provenientes dos ovários e espermatozóides vin
comunica-sc com a cavidade da cérvice (do lat. cervix, colo) do dos do útero para alcançarem o local da fertilização na ampola
útero e, por sua parte inferior, com o vestíbulo da vagina, o es da tuba uterina (Fig. 2.2B ). A tuba uterina também transporta o
paço entre os pequenos lábios (do lat. labium minus). O tama zigoto em divisão para a cavidade uterina. Ambas as tubas abrem-
nho e o aspecto do orifício vaginal variam com a condição do se em um como do útero, por sua extremidade proximal. e na ca
hímen, uma pequena dobra de membrana mucosa que envolve o vidade pcritoneal, por sua extremidade distai. Com finalidade
orifício vaginal (Fig. 2.3). descritiva, a tuba uterina é dividida em quatro partes:
14 b r e p r o d u ç ã o hum ana
Miométrio
Sacro
Endométrio
Cérvice
Bexiga
Osso púbico
Vagina
Clitóris
Pequeno lábio
Bexiga Sacro
Dueto ejaculador
Tecido
erétil do
pênis
Uretra
Ânus
Pênis
Glândula bulbouretral
Glande do pênis
Dueto (vas) deferente
Prepúcio
Túbulos
seminíferos \ Cauda do epidídimo
do testículo
q Escroto
■ Fig. 2.1 Secções sagitais esquemáticas das regiões pélvicas de uma mulher (/t) e de um homem (B ).
REPRODUÇÃO HUMANA « 1 5
Fundo
Como
/ Tuba uterina
r \ /
Orifício
interno
Istmo Canal cervical
Cérvice
Orifício
externo Cavidade utenna
Fórnix da Vagina
vagina Istmo
Ampola
Infundibulo
Ovário
Endométrio
Miométrio
Perimétrio Capilar
Cérvice
Orifício externo
Vagina
Glândula Ç /
uterina i !
Lacunas
'(espaço®
í.venosos)!
Camada basal
Artéria
Ramo radial
• Infundíbulo tes vão do testículo puru um canal único, com convoluções com
• Ampola plexas, o epidídim o. onde eles são armazenados. Ao deixarem
• Istmo o testículo, os espermatozóides ainda não estão maduros (i.e.,
• Parte uterina capazes dc fertilizar ovócitos). Demora vários dias para os es
permatozóides amadurecerem no epidídimo. Da extremidade
inferior do epidídimo, o dueto deferente, um longo tubo reto.
O V Á R IO S leva os espermatozóides ao dueto ejaculador. O dueto deferente
sai do escroto. passa pelo canal inguinal e vai para a cavidade
Os ovários são glândulas reprodutoras, com forma de amêndoa,
abdominal. A seguir desce para a pelve. onde se funde com o
localizados junto às paredes pélvicas laterais de cada lado do úte
dueto da vesícula seminal, formando o dueto ejaculador, que
ro (Fig. 2.2B ). Os ovários produzem estrógeno e progesterona, os
desemboca na uretra.
hormônios responsáveis pelo desenvolvimento das características
A u re tra é um tubo que vai da bexiga para o exterior do
sexuais secundárias e controlam a gravidez. Os ovários também
corpoi sua parte esponjosa percorre o pênis (Fig . 2A B). Den
são responsáveis pela produção e manutenção dos ovócitos.
tro do pênis, a uretra está envolvida por três colunas de teci
do erétil, esponjoso. Durante o estímulo sexual, este tecido
Ó R G Ã O S S E X U A IS F E M IN IN O S E X T E R N O S se enche de sangue sob pressão aumentada. Isto leva o pênis
a tornar-se ereto e, desta maneira, capaz de penetrar na vagi
Os órgãos sexuais femininos externos, ou genitália externa, são na durante o ato sexual. A ejaculação do sêmen — esperma
denominados coletivamente como vulva, ou partes pudendas tozóides misturados com fluido seminal produzido pelas se
(Fig. 2.3). Os grandes lábios, dobras externas, adiposas. de pele guintes glândulas: vesículas sem inais, glândulas bulboure
ocultam o orifício vaginal, a abertura da vagina. Por dentro dos tra is e próstata — ocorre quando o pênis é mais estimulado.
grandes lábios, há duas dobras, menores, de membrana muco Portanto, a uretra transporta urina e sêmen, mas não simulta
sa, os pequenos lábios. O clitóris. um pequeno órgão erétil, neamente.
equivalente morfológico do pênis, é muito importante para o
estímulo sexual da mulher. A vagina e a uretra abrem-se em
uma cavidade, o vestíbulo da vagina (uma fenda entre os pe GAMETOGÊNESE
quenos lábios).
O espermatozóide e o ovócito são células sexuais altamente es
pecializadas (Fig. 2.4). Eles contêm a metade do número de cro
Órgãos Reprodutores Masculinos
mossomas (i.e., 23 em vez de 46). O número de cromossomas é
As partes do sistema reprodutor masculino (Fig. 2 A B) incluem reduzido por um tipo especial de divisão celular denominada
os testículos, epidídimo, dueto deferente (yas deferens), prósta meiose. Este tipo de divisão celular ocorre durante a formação
ta, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais, duetos ejacula dos gametas — espermatogênese nos homens e ovogênese nas
dores e uretra. Os espermatozóides são produzidos pelos testí mulheres.
culos, duas glândulas ovais (gônadas), que estão suspensas no A gametogênese (formação de gametas) é o processp de for
escroto, uma bolsa frouxa de pele enrugada. mação c desenvolvimento de células geradoras especializadas
Cada testículo é constituído de muitos túbulos seminíferos, denominadas gametas. ou células germinativas — ovócitos. nas
altamente enrodilhados, que produzem os espermatozóides. Es- mulheres, e espermatozóides, nos homens (Fig. 2.5). Este pro
cesso, que envolve os cromossomas e o citoplasma dos game
tas, prepara estas células sexuais especializadas para a fertiliza
ção (união dos gametas m asculino e fem inino). Durante a
gametogênese, o número de cromossomas é reduzido pela me
Clltóris
tade e a forma das células se altera, especialmente a das células
sexuais masculinas.
Orifício
externo da
uretra
Meiose
Cabeça
Núcleo
coberto pelo
acrossoma
Citoplasma
Núcleo
Peça intermediária
da cauda
Zona pelúcida
B
J\J C
■ Fig. 2.4 Gametas (células sexuais) masculino e feminino. A, Desenho mostrando as partes dc um espermatozóide humano ( l .250 X >. A cabe
ça, constituída principalmente pelo núcleo, está parcialmente coberta pelo acrossoma. uma organcla que contém enzimas. A cauda do esperma
tozóide consiste cm três regiões: peça intermediária, peça principal e peça final. li. Espermatozóide desenhado mais ou menos na mesma escala
que o ovócito. C, Desenho dc um ovócito humano secundário, ou ovo (200 X ). envolvido pela zona pelúcida e pela corona radiata.
des de seus braços curtos. Eles pareiam somente nestas regiões. ESPERM ATO G ÊN ESE
No fim da primeira divisão meiótica, cada nova célula formada
(cspermatócito secundário ou ovócito secundário) tem o núme A espermatogênese refere-se ü seqüência inteira de eventos pe
ro hapióide de cromossomas (cromossomas de cromátidc dupla), los quais células germinativas primitivas — as espermatogônia.s
islo é, a metade do número de cromossomas da célula preceden — são transformadas cm células germinativas maduras, ou es
te (espermatócito primário ou ovócito primário). Esta separação, permatozóides. Este processo de maturação se inicia na puber
ou disjunção, dos pares de cromossomas homólogos constitui a dade ( l 3 a 16 anos) e continua até a velhice (Fig. 2.5).
base físico da segregação — a separação dos genes alélicos As espermatogônias ficam adormecidas nos túbulos seminí-
durante a meiose. feros do testículo desde o final do período fetal. Elas começam a
A segunda divisão meiótica vem após a primeira divisão sem aumentar dc número na puberdade. Após várias divisões
uma interfuse normal (i.e., sem uma etapa interposta da replica- mitóticas, as espermatogônias crescem e passam por mudanças
ção do D N A ). Cada cromossoma divide-se e cada metade, ou graduais que as transformam em espermatócitos prim ários, as
cronuítide, 6 tracionada para um pólo diferente; desta maneira, maiores células germinativas dos túbulos seminíferos. Subse
o número hapióide de cromossomas (23) é mantido e cada célu- qüentemente, cada espermatócito primário passa por uma divi
la-filha formada pela meiose tem o número reduzido, hapióide, são de redução — a prim eira divisão m eiótica — . formando dois
dc cromossomas, com um representante de cada par de cromos espermatócitos secundários, haplóides, que têm cerca da me
somas (agora um cromossoma com uma única cromátide). A tade do tamanho dos espermatócitos primários. Subseqüentemen
segunda divisão meiótica é semelhante a uma mitose comum, te. os espermatócitos secundários passam por uma segunda d i
mas o número de cromossomas da célula que está entrando na visão m eiótica, formando quatro espermátides haplóides, que
segunda divisão meiótica é hapióide. Para maiores detalhes so têm cerca da metade do tamanho dos espermatócitos secundá
bre meiose. ver Thompson et al. (1991). rios. Durante esta divisão, não ocorre outra redução do número
de cromossomas. Através de um processo denominado esper-
miogênese, as espermátides transformam-se, gradualmente, em
IM P O R T Â N C IA DA M E IO S E
quatro espermatozóides maduros (Fig. 2.7). Durante esta meta
morfose (mudança de forma), o núcleo se condensa, forma-se o
A meiose é importante de várias maneiras:
acrossoma e a maior parte do citoplasma é descartada. Incluin
• E la mantém constante o número de cromossomas de ge do a espermiogênese, a espermatogênese leva cerca de 2 meses
ração para geração, de diplóide para hapióide, produzin para se completar e. normalmente, ocorre durante toda a vida
do. desta maneira, gametas haplóides. reprodutiva do homem. Quando a espermatogênese está comple
• Permite a seleção ao acaso dos cromossomas maternos e ta, os espermatozóides penetram na luz dos túbulos seminíferos.
paternos entre os gametas. Os espermatozóides deslocam-se para o epidídim o (Fig. 2.1/?),
• Por meio do crossing-over de segmentos de cromossomas, onde são armazenados e tornam-se funcionalmente maduros.
ela realoca segmentos de cromossomas maternos e pater O espermatozóide m aduro é uma célula que nada livremen
nos, o que embaralha os genes e produz uma recombina- te. ativamente móvel, e é constituída por cabeça e cauda (Fig.
ção do material genético. 2 A A ). O colo do espermatozóide 6 a junção da cabeça com a cau-
18 ■ REPRODUÇÃO HUMANA
G A M E T O G Ê N ES E N O RM AL
Testículo
Ovócito primário
46. XX em
foliculo primáno
Espermatogónia
46. XY
Ovócito primário
46. XX em
Células foliculares foliculo em crescimento
Espermatócito primário
46. XY
Primeira
divisão Ovócito primário
meiótica 46, XX em
foliculo maior
46, XX em
foliculo maduro
I I Segunda divisão I
meiótica completada
Corona radiata
Espermatozóide
Segundo corpo polar
Ovócito fertilizado
2 3 .X
■ Fig. 2.5 Gametogênese normal — conversão das células germinativas em gametas. Os desenhos comparam a espermatogênese com a ovogênese.
As ovogônias não suo mostradas nesta figura porque elas se diferenciam em ovócitos primários antes do nascimento. Em cada estágio, é mostrado
o complemento cromossômico das células germinativas. O número designa o número total de cromossomas, incluindo o(s) cromossoma(s) sexual(is)
mostrado{s) depois da vírgula. Nota: (!) Após as duas divisões meióticas, o número diplóide de cromossomas. 46. é reduzido para o número
hapióide, 23; (2) formam-se quatro espermatozóides de um espermatócito primário, enquanto somente um ovócito maduro resulta da maturação
de um ovócito primário; (3) o citoplasma é conservado durante a ovogênese, formando uma grande célula, o ovócito maduro. Os corpos polares
são pequenas células não funcionais que acabam degenerando.
REPRODUÇÃO HUMANA ■ 19
■ Fig. 2.6 Representação diagramática da meiose. São mostrados dois pares de cromossomas. A a D, Estágios da prófase da primeira divisão
meiótica. Os cromossomas homólogos aproximam-se um do outro e formam um par; cada membro do par consiste em duas cromátides. Observe
ocrossing-over único cm um par de cromossomas, que resulta na troca de segmentos das cromátides'. E, Metáfase. Os dois membros de cada par
tomam-se orientados no fuso meiótico. F, Anáfase. G, Telófase. Os cromossomas migram para pólos opostos. H, Distribuição dos pares dc cro
mossomas dos progenitores no fim da primeira divisão meiótica. I a K, Segunda divisão meiótica. Ela é similar ã mitosc, porém as células são
haplóides.
20 ■ REPROOUÇAO HUMANA
A
Região do Golgi
Acrossoma Citoplasma residual
Núcleo
Centríolos
Mitocôndria
Núcleo
Bainha mitocondrlal
■ Fig. 2.7 Desenhos ilustrando a última fase da espermatogênese — a cspcrmiogêncsc. Durante este processo, a espermátide. arredondada, trans
forma-se em um espermatozóide alongado. Note a perda de citoplasma, o desenvolvimento da cauda e a formação do acrossoma. Este, derivado
da região dojGoIgi da espermátide. contém enzimas, que são liberadas no início do processo da fertilização. Estas ajudam a penetração do esper
matozóide na corona radiata c na zona pelúcida. que envolvem o ovócito secundário. As mitocôndrias colocam-sc ponta a ponta cm espiral,
formando uma bainha mitocondrial semelhante a um colar. Note que o excesso de citoplasma é descartado durante a cspcrmiogêncsc.
da. A cabeça do espermatozóide forma a maior parte do volu maior parte do citoplasma é retida por uma célula, o ovócito
me do espermatozóide e contém o núcleo da célula, que tem 23 maduro, ou ovócito fertilizad o (Fig. 2.5). A outra célula, não
cromossomas. Os dois terços anteriores da cabeça estão cober funcional, o segundo corpo polúr. é muito pequena c degenera
tos pelo acrossoma (capuz acrossômico), uma organela conten logo. O ovócito secundário liberado na ovulação está envolvido
do enzimas (Fig. 2.7) que facilitam a penetração do espermato por uma capa de material amorfo', denominada zona pelúcida. e
zóide durante a fertilização (ver Cap. 3). A cauda do esperma por uma camada de células foliculares. denominada corona
tozóide consiste em três segmentos: peça interm ediária, peça radiata (Fig. 2.4C). Em comparação com as células comuhs, o
principal e peça terminal. A cauda dá motilidade ao esperma ovócito secundário é grande e, a olho nu. é visível como uma
tozóide, ajudando a transportá-lo para o local da fertilização na pequena manchia. Geralmente até 2 milhões de ovócitos primá
ampola da tuba uterina. A peça interm ediária da cauda contém rios estão presentes nos ovários de uma menina recém-nascida.
o aparelho citoplasmático e mitocondrial produtor de energia, que A maioria destes ovócitos regride durante a infância, de modo
produz os batimentos da cauda. que, na puberdade, somente permanecem não mais de 40.(XM).
Destes, somente cerca de 4(X) amadurecem e são expelidos na
ovulação durante o período reprodutivo. O número de ovócitos
O VO G ÊN ESE que ovulam fica muito reduzido nas mulheres que tomam p ílu
las anticoncepcionais, porque os hormônios destas pílulas im
A ovogênese refere-se à seqüência dc eventós pelos quais as
pedem que a ovulação ocorra.
ovogônias transformam-se em ovócitos (Fig. 2.5). Este processo de
maturação começa durante o período fetal, mas somente termina
após a puberdade (12 a 15 anos). A ovogênese. um processo recor C O M P A R A Ç Ã O E N T R E O S G A M E T A S DO H O M EM E
rente, faz parte do ciclo ovariano (ver Fig. 2.9). Estes ciclos ocor DA M U LH ER
rem mensalmente durante toda a vida reprodutiva das mulheres,
exceto durante a gravidez. No início da vida fetal, os ovócitos pri C) espermatozóide c o ovócito secundário (ovo) diferem em vá
mitivos — as ovogônias — proliferam por divisão mitótica. Antes rios aspectos por causa de sua adaptação para os seus papéis
do nascimento, as ovogônias aumentam de tamanho, formando especializados na reprodução. Em comparação com o esperma
ovócitos primários. Ao nascimento, todos os ovócitos primários tozóide. o ovócito é grande e imóvel (Fig. 2.4), enquanto o es
completaram a prófase da primeira divisão meiótica. Estes ovóci permatozóide, microscópico, é altamente móvel. () ovócito ma
tos permanecem em prófase até a puberdade. Logo após a ovula- duro também tem citoplasma abundante, enquanto o espermato
ção. um ovócito termina a prim eira divisão meiótica (Fig. 2.5). zóide tem muito pouco. O espermatozóide assemelha-se muito
Entretanto, ao contrário do que ocorre no estágio correspon pouco ao ovócito ou a qualquer outra célula por causa de seu
dente da espermatogênese, a divisão do citoplasma é desigual. citoplasma escasso e sua especialização para a motilidade.
O ovócito secundário recebe quase todo o citoplasma. e o p ri Quanto a sua constituição de cromossomas sexuais, há duas
meiro corpo p olar recebe muito pouco; esta pequena célula, não espécies de espermatozóides norm ais (Fig. 2.5): 22 autossomas
funcional, degenera logo. Na ovulação, o núcleo do ovócito se mais um cromossoma X (i.e.. 23. X ); e 22 autossomas mais um
cundário inicia a segunda divisão m eiótica, mas chega somente cromossoma Y (i.e., 23, Y ). H á somente uma espécie de ovó
até a metáfase, onde a divisão é interrompida. cito norm al: 22 autossomas mais um cromossoma X (i.e., 23,
A segunda divisão meiótica é completada quando o ovócito X ). A diferença no complemento de cromossomas sexuais fo r
secundário é fertilizado por um espermatozóide. Novamente, a ma a base prim ária da determinação do sexo.
REPRODUÇÃO HUMANA ■ 21
G A M ET O G ÊN ESE AN O RM AL
Testículo
Ovócito primáno
46, XX
Espermatogónia
46, XV
Ovócito primáno
Células foliculares 46, XX
Espermatócito primário
46. XY
Primeira Nao-disjunção
divisão
Ovócito primário
meiótica
46. XX
Zona pelúcida
Espermatócitos Primeira divisão
secundários anormais Não-dlsjunção ► 1 meiótica completada
Segunda
divisão
Ovócito
meiótica
socundáno
anormal
24. XX
24. XY
<m «
24, XY 22. 0
■
Espermátides
E S P E R M IO G É N E S E Primeiro corpo polar
2 2 .0
T \ l
l
Segunda divisão
meiótica completada
Corona radiata
Espermatozóide
■ Fig. 2.8 Gametogênese anormal. Os desenhos mostram como a não-disjunção. um erro da divisão celular, resulta em uma distribuição anormal
doscromossomas nas células germinativas. Apesar de estar ilustrada uma disjunção de cromossomas sexuais, um defeito semelhante pode ocor
rer durante a divisão de autossomas. Quando, durante a primeira divisão meiótica da espermatogênese, ocorre uma não-disjunção. um esperma
tócito secundário contém 22 autossomas mais um cromossoma X c um Y. c o outro contém 22 autossomas e nenhum cromossoma sexual. Do
mesmo modo. a não-disjunção durante a ovogênese pode dar origem a um ovócito com 22 autossomas c dois cromossomas X (como mostrado),
ihi pode resultar cm um com 22 autossomas c nenhum cromossoma sexual.
22 ■ REPRODUÇÃO HUMANA
Hipotálamo
\
Hormônio liberador de gonadotrofmas
£ Hipófise
Hormônios gonadotróficos
FSH LH
\/
Estrógeno
Teca
folicular Progesterona
e
estrógeno
i_ F a s e i Fase
Fase proliferativa--- Fase secretora
menstruai ísquômica! m onstruaP
Dias 1 5 28 1
■Fig. 2.9 Desenhos csqueniáticos ilustrando as inter-relações entre o hipotálamo, hipófise. ovários c endométrio. São mostrados um ciclo mens-
tnial completo e o imeio dc outro. As mudanças nos ovários — o ciclo ovariano — sào induzidas pelos hormônios gonadotróficos (hormônio
folículo-estimulante |FrSI11 e hormônio luteinizante |LH|). A seguir, os hormônios ovarianos (estrógenos e progesterona) promovem mudanças
cíclicas na cstrutuKi e função do endométrio — o ciclo menstruai. Desta maneira, a atividade cíclica do ovário está intimamente relacionada com
i\ mudançus do útero. Os ciclos ovarianos estão sob o controle endócrino rítmico da adeno-hipófise, que. por sua vez, c controlada pelo hormônio
liberador de gonadotrofmas (GnRH) produ/.ido pelas células neurossecrctoras do hipotálamo.
24 ■ REPRODUÇÃO HUMANA
■ Fig. 2.10 Fotomicrografias dc cortes dc ovário humano adulto. A, Córtex do ovário mostrando dois folículos primordiais contendo ovócitos
primários (250 X ). tí. Foliculo cm desenvolvimento contendo um ovócito primário, envolvido pela zona pelúcida e por uma camada estratificada
de células foliculares (250 X ). C, Um foliculo quase maduro com um grande antro. O núcleo do ovócito contido dentro do cumulus oophorus não
é visível porque o corte foi tangencial (I(X) X). (De Leeson CR, Leeson TS: Hisiology, 3rd ed. Philadelphia, W B Saunders. I976.)
Superfície do ovário
Paredo da tuba
Ampola
Estigma
da tuba
Revestimento mucoso
Cavidade
peritoneal
radiata
Fímbrias da
tuba uterina
Segundo
fuso
Ovócito secundário meiótico
Fluido folicular
Corpo lúteo em desenvolvimento
B
■ Fig. 2.11 Diagramas (A a D ) ilustrando a ovulação. O estigma se rompe c o ovócito secundário é expelido do foliculo ovariano com fluido
folicular. Depois da ovulação, a parede do foliculo colaha e forma dobras. A parede do foliculo transforma-se cm uma estrutura glandular, o corpo
lúteo.
REPRODUÇÃO HUMANA ■ 25
Ovócito secundário
Fluido folicular
Superfície do ovário
Foliculo ovariano
colabado
C O R PO LU TEO
Estudos sobre os estágios iniciais do desenvolvimento indicam Acosta AA: Proccss of fcrtilization in the human and its abnormalitics:
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Primeira Semana do
Desenvolvimento Humano
Fertilização
Clivagem do Zigoto
Formação do Biastocisto
Resumo da Primeira Semana
do Desenvolvimento
Questões de Orientação Clínica
32 ■ PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
■ O desenvolvimento humano começa com a fertilização, o pro tozóide penetra na zona pelúcida, ocorre a reação da zona
cesso durante o qual um gameta masculino, ou espermatozóide, — uma mudança das suas propriedades — nesta camada
se une a um gameta feminino, ou ovócito (ovo) para formar uma amorfa, tornando-a impermeável a outros espermatozói
célula, o zigoto. Esta célula altamente especializada, totipotente, des. A composição da capa extracelular de glicoproteínas
é o início do desenvolvimento do embrião. O zigoto, visível a muda após a fertilização (Moos et al., 1995). Acredita-se
olho nu como um pequeno ponto, contém cromossomas e genes que a reação da zona resulte da ação de enzimas lisossô-
(unidades de informação genética) provenientes da mãe e do pai. micas liberadas pelos grânulos corticais perto da membrana
Este organismo unicelular, ou zigoto, divide-se muitas vezes e plasmática do ovócito. O conteúdo destes grânulos, que são
transforma-se, progressivamente, em um ser humano multicelular liberados no espaço perivitelino (Fig. 3.1A ), também cau
através da divisão, migração, crescimento e diferenciação celu sa mudanças na membrana plasmática do ovócito que a
lar (Gilbcrt, 1997). Apesar de o desenvolvimento iniciar-se com tomam impermeável aos espermatozóides (Bercegcay et
a fertilização, os estágios e a duração da gravidez descritos pela al., 1995).
medicina clínica são calculados a partir do início do último perío • Fusão das membranas plasm átícas do ovócito e do es
do menstruai norm al da mãe (L N M P ), que ocorre cerca de 14 permatozóide. As membranas plasmáticas. ou celulares,
dias antes da concepção (ver Fig. 1.1). Esta é a idade da gesta do ovócito c do espermatozóide fundem-se e sofrem dis
ção, que superestima o momento da fertilização, ou idade do solução na área da fusão. A cabeça e a cauda do esperma
embrião, em 2 semanas. tozóide penetram no citoplasma do ovócito, mas a mem-
/ brana plasmática fica para trás (Fig. 3. lfl).
• Térm ino da segunda divisão m eiótica do ovócito e fo r
FERTILIZAÇÃO mação do pronúcleo fem inino. Depois da entrada do es
permatozóide, o ovócito, que estava parado na metáfase
O local usual da fertilização é a ampola da tuba uterina, em sua da segunda divisão meiótica, completa esta divisão e for
parte mais longa e mais larga (ver Fig. 2.2B ). Quando o ovócito ma um ovócito maduro e um segundo corpo polar (Fig.
não é fertilizado neste local, ele avança lentamente pela tuba e 3.2B ). Depois da descondensação dos cromossomas ma
chega ao útero, onde degenera e é reabsorvido. Apesar de a fer temos, o núcleo do ovócito maduro toma-se o pronúcleo
tilização poder ocorrer em outras partes da tuba, ela não ocorre feminino.
no útero. • Form ação do pronúcleo masculino. Dentro do citoplas
A fertilização é uma seqüência complexa de “ eventos mole ma do ovócito, o núcleo do espermatozóide aumenta de
culares coordenados” (para detalhes, ver Acosta, 1994), que se tamanho, formando o pronúcleo masculino, e a cauda do
inicia com o contato de um espermatozóide com um ovócito (Fig. espermatozóide degenera (Fig. 3.2C). Morfologicamente,
3.1) e termina com o embaralhamento das cromossomas mater os pronúcleos masculino e feminino são indistinguíveis.
nos e paternos na metáfase da primeira divisão mitótica do zigo Durante o crescimento dos pronúcleos, eles replicam seu
to, um embrião unicelular (ver Fig. 3.2E ). Falhas em qualquer D N A — 1 n (hapióide), 2 c (duas cromátides).
dos estágios na seqüência destes eventos podem causar a morte • As membranas dos pronúcleos se dissolvem, os cromos
do zigoto. É possível que moléculas ligantes de carboidratos somas se condensam e se dispõem preparando-se para
presentes na superfície dos gametas estejam envolvidas no pro a divisão celular m itótica — a primeira divisão de cliva-
cesso da fertilização possibilitando o reconhecimento dos game gem (ver Fig. 3.4A). O ovócito fertilizado, ou zigoto, é um
tas c a união destas células (Boldt et al., 1989). embrião unicelular (Fig. 3.2E ). A combinação dos 23 cro
mossomas de cada pronúcleo resulta em um zigoto com
46 cromossomas.
Fases da Fertilização
A fertilização termina em até 24 horas após a ovulação. Uma
As fases da fertilização são (Figs. 3.1 e 3.2): proteína imunossupressora— o fato r do início da gravidez (E P F )
— é secretada pelas células do trofoblasto e aparece no soro
• Passagem do espermatozóide através da corona radiata,
materno 24 a 48 horas após a fertilização. A E P F é a base do teste
que envolve a zona pelúcida do ovócito. A dispersão das
de gravidez durante os primeiros 10 dias do desenvolvimento
células foliculares da corona radiata, que envolvem o ovó
(Nahhas c Bam ca, 1990).
cito e a zona pelúcida, parece resultar, principalmente, da
ação da enzima hialuronidase, liberada pelo acrossoma do
espermatozóide. Enzim as da mucosa da tuba também pa
recem auxiliar a hialuronidase. Os movimentos da cauda
do espermatozóide também são importantes para sua pe
netração na corona rad iata.
• Penetração na zona pelúdda que envolve o ovócito. Esta Apesar de vários espermatozóides começarem a penetrar na zona
é a fase importante do início da fertilização. A formação pelúcida, usualmente somente um espermatozóide penetra no ovó
de um caminho para o espermatozóide passar pela zona cito e o fertiliza. Durante um processo anormal, conhecido por dis-
resulta da ação de enzimas liberadas pelo acrossoma (Al- permia, dois espermatozóides podem paiticipar da fertilização, o que
len e Green, 1997). A s enzimas — esterases, acrosina e resulta cm um conjunto extra de cromossomas. Concepto» triplóides
neuraminida.se — parecem causar lise (do gr., dissolução, são responsáveis por cerca dc 20% dos abortos cromossomicamente
ou afrouxamento) da zona pelúcida, formando, desta ma anormais (Crane, 1994). Os embriões triplóides (69 cromossomas)
neira, um caminho para o espermatozóide chegar ao ovó resultantes têm aspecto bastante normal, mas quase sempre abortam.
Fetos que abortaram com triploidia apresentam um retardo do cres
cito. A mais importante destas enzimas é a acrosina, uma
cimento intra-uterino grave, com um tronco desproporcionalmente
enzima proteolítica (Carlson, 1994). Quando o esperma
PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 33
Zona pelúcida
Corona radiata
Citoplasma do
plasmática do ovócito
A
Perfurações na
Núcleo do Acrossoma Membrana parede do Enzimas Espermatozóide no
espermatozóide contendo plasmática do acrossoma dissolvendo a citoplasma do ovócito sem
contendo cromossomas enzimas espermatozóide zona pelúcida a membrana plasmática
B
■ Fig . 3.1 Diagramas ilustrando a reação do acrossoma e espermatozóide penetrando em um ovócito. O detalhe da área demarcada em A é mos
trado em fí. I , Espermatozóide durante a capacitação, um período de condicionam ento que ocorre no trato reprodutivo da mulher. 2. Espermato
zóide passando pela reaçào acrossômica, durante a qual se formam perfurações no acrossoma. 3. Espermatozóide abrindo um caminho através da
zona pelúcida pela ação de enzimas liberadas pelo acrossoma. 4, Espermatozóide depois de entrar no citoplasma do ovócito. Note que as membra
nas plasrnáticas do cspcmiatozóide e do ovócito se fundiram e que a cabeça c a cauda do espermatozóide penetraram no ovócito. deixando a
membrana plasmática do espermatozóide presa à membrana plasmática do ovócito.
34 ■ PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Fuso meiótico
Zona pelúcida
Corona radiata
Ovócito secundário
Primeiro corpo polar
9 Pronúcleo
Cauda do espermatozóide
em degeneração
Primeiro e segundo
corpos polares
Segundo corpo polar
Fuso da clivagem
Cromossomas
Zigoto
Dissolução das
membranas dos
pronúcleos
■ F ig . 3.2 Diagramas ilustrando a fertilização, seqüência de eventos que começa com o contato do espermatozóide com a membrana plasmática
do ovócito secundário e termina com o embaralhamento dos cromossomas matemos e paternos na metáfase da primeira divisão mitótica do zigo
to. A, Ovócito secundário rodeado por vários espermatozóides. (São mostrados somente quatro dos 23 pares dc cromossomas.) B . A corona radiata
desapareceu; um espermatozóide penetrou no ovócito c ocorreu a segunda divisão meiótica, formando um ovócito maduro. O núcleo do ovo é
agora o pronúcleo feminino. C , A cabeça do espermatozóide aumentou, formando o pronúcleo masculino. D . Os pronúcleos estão se fundindo. E .
O zigoto formou-se; ele contém 46 cromossomas, o número diplóide.
PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 35
pequeno e muitas outras anomalias (p. ex., do sistema nervoso cen • A paciente permanece na posição supina (face para cima) por
tral). Ocorreram nascimentos de algumas crianças triplóides, mas várias horas.
todas morreram logo após (Carr, 1971). São raros os natos vivos,
ocorrendo em menos de 1 para 2.500 gravidezes. . É óbvio que a probabilidade de uma gravidez múltipla é maior
do que quando a gravidez resulta de uma ovulação normal com a
passagem da mórula para o útero através da tuba uterina. A incidên
cia de aboito espontâneo de embriões transferidos é maior do que o
Resultados da Fertilização normal. Isto pode resultar da alta incidência de anormalidades cro-
mossômicas e outras celulares presentes nos conceptos fertilizados
in vitro (Winston, 1996).
Fertilização
CLIVAGEM DO ZIGOTO
A clivagem (ou segmentação) consiste em repetidas divisões
m itóticas do zigoto, o que leva ao rápido aumento do número de
células. Estas células — os blastómeros — tornam-se menores
a cada divisão de clivagem (Fig. 3.4). Primeiro, o zigoto se divi
A fertilização in vitro (IV F) de ovócitos e a transferência dos zigotos de em dois blastómeros: a seguir, estas células se dividem em
em divisão (embriões em clivagem) para o útero permitem que muitas quatro blastómeros, oito blastómeros, c assim por diante. Nor
mulheres estéreft (p. ex., por causa de oclusão tubária) engravidem. A malmente, a clivagem ocorre enquanto o zigoto avança pela tuba
primeiradestas crianças 1V F nasceu em 1978(Steptoe e Edwards, 1978). uterina em direção ao útero (ver Fig. 3.6). Durante a clivagem. o
São os seguintes os passos envolvidos na IV F e na transferência zigoto ainda está contido dentro da zona pelúcida. gelatinosa e
de embriões (Fig. 3.3): bastante espessa, que é translúcida à luz do microscópio. A divi
• Folículos ovarianos são estimulados a crescer e a se tomarem são do zigoto cm blastómeros começa cerca dc 30 horas depois
maduros pela administração de gonadotrofinas. da fertilização. Seguem-se outras divisões, formando blastôme-
• Vários ovócitos maduros são aspirados de folículos ovaria ros progressivamente menores (Fig. 3.4).
nos maduros durante laparoscopia — observação dos ová Depois do estágio de nove células, os blastómeros mudam de
rios com um laparoscópio. Os ovócitos também podem ser forma e se ajustam firmemente uns aos outros, formando uma
removidos com agulha de grande calibre, sob orientação de
bola compacta de células. Este fenômeno, conhecido como com
ultra-som, inserida nos folículos ovarianos, através da vagi
na (Ritchie, 1994). pactação, provavelmente é mediado por glicoproteínas de ade
• Os ovócitos são colocados em uma placa de Petri contendo são da superfície celular (Gilbert. 1997). A compactação possilita
um meio de cultura especial e espermatozóides capacitados. uma maior interação célula-célula e é um pré-requisito para a
• A fertilização dos ovócitos e a clivagem dos zigotos são acom segregação das células internas que formam a massa celular in
panhadas ao microscópio. terna (embrioblasto) do biastocisto (Fig. 3.4E). Quando há 12 a
• Zigotos em divisão (embriões em clivagem) nos estágios de 15 blastómeros, o ser humano em desenvolvimento é denomi
quatro a oito células são transferidos para o útero, introduzindo nado m órula (do lat. morus, am ora) por sua semelhança com
um cateter através da vagina e do canal cervical; a probabili esta fruta. As células internas da mórula — a massa celular in
dade de haver uma gravidez é aumentada pela inserção dc até
terna — estão envolvidas por uma camada de células achata
três embriões.
das, que formam a camada celular externa, ou trofoblasto. A
36 ■ PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
uterina
I
na vagina
Útero Bexiga
Transferência de 2 a 3 embriões em
clivagem para a cavidade uterina
através de cateter inserido pela vagina e
canal cervical
Cateter
mórula. esférica, forma-se 3 dias após a fertilização, momento • A massa celular interna, um grupo de blastómeros loca
em que ela penetra na cavidade uterina. lizados centralmente, dá origem ao embrião; como é o
primórdio deste, a massa celular interna também é deno
minada em brioblasto.
FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO Neste estágio do desenvolvimento, o concepto c denomi
nado biastocisto. A massa celular interna faz uma saliência
Pouco depois de a mórula entrar no útero (cerca dc 4 dias após a
11a cavidade blastocística, e o trofoblasto forma a parede do
fertilização), fluido da cavidade uterina passa através da zona
biastocisto (Fig . 3.4/-'). Depois de o biastocisto ter flutuado
pelúcida, formando um espaço cheio dc fluido — a cavidade
nas secreções uterinas durante cerca de 2 dias, a zona pelúci
blastocística — dentro da mórula (Fig. 3.4E). Com o aumento
da degenera c desaparece. Foi observado, in vitro. a desca
do fluido dentro da cavidade blastocística, os blastómeros se
rnarão da zona pelúcida ou “ eclosão do biastocisto” (Veeck,
separam em duas partes:
1991). A descamação da zona pelúcida permite ao biastocis
• O trofoblasto (do gr. trophe, nutrição), uma delgada ca to aumentar rapidamente de tamanho. Enquanto flutua livre
mada externa de células, que dá origem à parte embrioná na cavidade uterina. o embrião nutre-se das secreções das
ria da placenta. glândulas uterinas.
pelúcida
Blastômero
Cerca de 6 dias após a fertilização (dia 20 dc um ciclo menstruai invadem o tecido conjuntivo dc endométrio (estroma). Ao fim
dc 28 dias), o biastocisto sc prende ao epitélio do endométrio, geral da primeira semana, o biastocisto está implantado superficial
mente pelo lado adjacente à massa celular interna (Fig. 3.5/1). Logo mente na camada compacta do endométrio e nutre-se de teci
depois dc prender-se ao epitélio do endométrio. o trofoblasto começa dos maternos crodidos. O sinciciotrofoblasto, altamente inva-
a proliferar com rapidez e diferencia-se cm duas camadas (Fig. 3.5#): sivo, expande-se com rapidez do lado adjacente ã massa celu
lar interna, ou pólo em brionário. O sinciciotrofoblasto produz
• Citotrofoblasto (trofoblasto celular), a camada interna de
enzimas proteolíticas que fazem a erosão dos tecidos maternos,
células.
possibilitando a penetração do biastocisto no endométrio. M ais
• Sin cicio tro fo b lasto (trofoblasto sin cicial), a camada
ou menos no sétimo dia. uma camada de células cubóides, o
sincicial externa, constituída por uma massa protoplasmá-
hipoblasto (endoderma prim itivo), aparece na superfície da
tica multinuclcada formada pela fusão de células; não se
massa celular interna voltada para a cavidade blastocística (Fig.
observam limites celulares no sinciciotroloblasto.
3.5B ). Dados em briológicos com parativos sugerem que o
Os prolongamentos digitiformes do sinciciotrofoblasto (sin- hipoblasto provém da delaminação da massa celular interna
trofoblasto) estendem-se através do epitélio do endométrio e (Carlson. 1994).
do endométrio
Capilar do
endométrio
Epitélio do
Pólo endométrio
embrionário
Trofoblasto
O uso dc técnicas dc micromanipulação c dc aplicação dc DNA, Muitos zigotos, mórulas e blastocistos abortam espontaneamente. Os
atualmente disponíveis, permite diagnosticar, antes da implantação, estágios iniciais da implantação do biastocisto são períodos críticos
um zigoto em divisão que se sabe ter risco de apresentar um distúr do desenvolvimento, que podem não ocorrer por falta da produção
bio genético específico (Gcbcr et al., 1995). O sexo dc um embrião adequada de progesterona e estrógeno pelo corpo lúteo (ver Fig. 2.9).
pode ser determinado cm um blastômero retirado de um zigoto em Ocasionalmente, os clínicos vêem pacientes que relatam atraso dc
divisão com seis a oito células e analisado por amplificação de se vários dias do último período menstruai c última menstruação inco-
qüência de DNA do cromossoma Y. Este procedimento foi usado mumente abundante. Muito provavelmente, estas pacientes tiveram
para detectar, durante IV F, embriões femininos cm casos nos quais um aborto espontâneo precoce; acredita-se que afreqüência de abor
um embrião masculino teria risco de ter um distúrbio sério ligado tos espontâneos precoces esteja em tomo de 45% (Rubin e Farber,
ao X (Handyside et al.. 1990). 1988).
Parede posterior
do útero
Blastocistos
Estágio de Estágio
Mórula Estágio de quatro de duas
oito células células células
Fertilização
Ovócito
Foliculo
na tuba
Foliculo em Foliculo próximo da
crescimento secundário maturidade
Foliculo
Foliculo maduro
primário Ovócito
inicial
Vasos
sangüíneos
Epitélio
Corpo albicans
Ovócito liberado
Corpo lúteo maduro
Foliculo roto
Foliculo em atresia (em degeneração)
Tecido conjuntivo I Corpo lúteo em
Endométrio
Sangue coagulado [desenvolvimento
■ Fig . 3.6 Resumo diagram ático do ciclo ovariano, fertilização e desenvolvim ento humano durante a primeira semana. O estágio 1 do desenvol
vimento começa com fertilização na tuba uterina e termina com a formação do zigoto. O estágio 2 (dias 2 a 3) compreende os estágios iniciais da
clivagem (dc 2 a 16 células — m órula). O estágio 3 (dias 4 a 5) consiste no biastocisto livre, não preso. O estágio 4 (dias 5 a 6) é representado pelo
biastocisto prendendo-se à parede posterior do útero, local usual da implantação. Os blastocistos foram cortados para mostra da sua estrutura.
40 ■ PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Os abortos espontâneos precoces ocorrem por inúmeras razões, e a apresentar a síndrome de Down ou outras anomalias congênitas
presença de anormalidades cromossômlcas do zigoto constitui uma graves?
das mais importantes. Carr e Gedeon (1977) estimaram que cerca 2. Há pílulas anticoncepcionais para homens? Em caso negativo,
de 50% de todos os abortos espontâneos conhecidos ocorrem por qual é o motivo?
causa de anormalidades cromossômicas. Hertig e cols. (1959) exa 3. O corpo polar nunca é fertilizado? Se o for, o corpo polar fertili
minaram blastocistos recuperados no início da gravidez e observa zado pode dar origem a um embrião viável?
ram vários zigotos em divisão e blastocistos iniciais claramente de 4. Qual é a causa comum da maioria dos abortos espontâneos que
feituosos. Alguns eram tão anormais que seria improvável sua so ocorrera durante a primeira semana do desenvolvimento?
brevivência. A perda precoce de embriões (pregnancy wastage) pa 5. Ouvi dizer que uma mulher poderia ter gêmeos diferentes em con
rece representar a eliminação de conceptos anormais que não te seqüência da fertilização de um ovócito pelo espermatozóide de
riam um desenvolvimento normal. Parece existir uma seleção de em um homem e outro ovócito pelo espermatozóide de outro homem.
briões sem a qual, provavelmente, cerca de 12%, era vez de 2 a 3%, Há possibilidade de isto ocorrer em seres humanos?
dos recém-nascidos teriam malformações congênitas (Warkany, 6. Os termos impregnação, concepção efertilização têm significa
1981). dos diferentes?
7. Os termos clivagem e mitose do zigoto significam a mesma coi
sa?
8. Como o zigoto em divisão (embrião em clivagem) se nutre du
rante a primeira semana? Os blastómeros contêm vitelo?
RESUMO DA PRIMEIRA SEMANA 9. É possível determinar o sexo de um embrião em clivagem em de
DO DESENVOLVIMENTO senvolvimento in vitrol Caso afirmativo, quais seriam as razões
médicas para fazê-lo?
O desenvolvimento humano começa com a fertilização. O ovó
cito completa a sua segunda divisão meiótica ao entrar em con As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
tato com um espermatozóide. Isto leva à formação de um ovó
cito maduro e de um pronúcleo fem inino. "Depois de o esperma
tozóide penetrar no ovócito, a sua cabeça se separa da cauda e
cresce, tomando-se o pronúcleo masculino. A fertilização ter lulas cubóides, o hipoblasto, forma-se na superfície interna da
mina quando os dois pronúcleos se unem e os cromossomas massa celular interna. Ao fim da primeira semana, o biastocisto
maternos e paternos se embaralham durante a metáfase da pri está implantado, superficialmente, no endométrio.
meira divisão mitótica do zigoto, o primórdio de um ser huma
no. Ao avançar pela tuba uterina em direção ao útero, o zigoto
REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS
passa pela clivagem (uma série de divisões celulares mitóticas),
ficando constituído por células menores, os blastómeros (Fig. Acosta AA: Prucess of fcrtilization in the human and its abnormalities: Diag-
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A Segunda Semana do
Desenvolvimento Humano
■ A implantação do biastocisto termina durante a segunda se cavidade am niótica (Fig. 4.1 A ). Logo. células amniogênicas
mana do desenvolvimento do embrião. Enquanto este processo (formadoras do âmnio), denominadas amnioblastos, se separam
transcorre, ocorrem transformações morfológicas na massa ce do epiblasto e se organizam formando uma membrana delgada,
lular interna, ou embrioblasto, que levam à formação de um dis o Âmnio, que envolve a cavidade amniótica (Fig. <\.\B e C ).
co embrionário bilaminar composto de duas camadas, o epiblasto Concomitantemente, ocorrem transformações morfológicas na
e o hipoblasto (Fig. 4.1). O disco em brionário dá origem às massa celular interna (embrioblasto). que resultam na formação
camadas germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do de uma placa bilaminar, achatada, quase circular, de células —
embrião. As estruturas extra-embrionárias, que se formam du o disco em brionário — ; com duas camadas (Fig. 4.2B ):
rante a segunda semana, são a cavidade amniótica, o saco viteli-
• O epiblasto, a camada mais espessa, constituído por células
no, o pcdículo do embrião e o saco coriônico.
colunares altas voltadas para a cavidade amniótica
• O hipoblasto. ou endoderma primitivo, constituído por
pequenas células cubóidcs adjacentes à cavidade blasto
TÉRMINO DA IMPLANTAÇÃO E cística
CONTINUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica, conti
EMBRIONÁRIO
nuando-se, na periferia, com o âmnio. O hipoblasto forma o teto
da cavidade exocelômlca c continua-se com a delgada parede
A implantação do biastocisto começa no fim da primeira sema
desta cavidade (Fig. 4 .1B ). As células que migraram do hipoblas
na e termina no fim da segunda semana. O sinciciotrofoblasto,
to para formar a membrana exocelômica envolvem a cavidade
ativamente erosivo, invade o estroma endometrial (estrutura de
blastocística e revestem a superfície interna do citotrofoblasto.
tecido conjuntivo), que sustenta os capilares e as glândulas. E n
A cavid ad e b lasto cística é agora denom inada cavidade
quanto isto, o biastocisto penetra lentamente no endométrio. O
exocelômica. A membrana e a cavidade exocelômicas logo se
biastocisto implanta-se na camada endometrial por seu pólo
modificam, formando o saco vitelino prim itivo. O disco embrio
embrionário (local da massa celular interna). Células do sincicio
nário fica, então, entre a cavidade amniótica e o saco vitelino
trofoblasto desta região deslocam células endometriais na parte
primitivo (Fig. 4.1C). '
central do local da implantação. Enzimas proteolíticas produzi
Células do endoderma do saco vitelino dão origem a uma
das pelas células do sinciciotrofoblasto promovem a proteólise
camada de tecido conjuntivo frouxo, o mesoderma extra-em-
— dissolução dc proteínas, que facilita a invasão do endométrio
brionário, que envolve o âmnio e o saco vitelino (Bianchi et al.,
materno durante a implantação. As células do estroma (tecido
1993). Mais tarde. o mesoderma extra-embrionário é formado
conjuntivo) em torno do local da implantação acumulam glico-
por células provenientes da linha primitiva (ver Cap. 5). O saco
gênio e lipídios e assumem um aspecto poliédrico. Algumas
vitelino e a cavidade amniótica possibilitam os movimentos
destas novas células — as células da decídua — degeneram nas
morfogenéticos das células do disco embrionário.
adjacências do sinciciotrofoblasto que está penetrando. O sinci
Durante a formação do âmnio, disco embrionário e saco vite
ciotrofoblasto captura estas células em degeneração, criando uma
lino primitivo, cavidades isoladas, denominadas lacunas, apa
rica fonte para a nutrição do embrião.
recem no sinciciotrofoblasto (Figs 4. IC e 4.2). As lacunas logo
Durante a implantação do biastocisto, maior quantidade de
se enchem com uma mistura dc sangue materno, proveniente dos
trofoblasto entra em contato com o endométrio e diferencia-se
capilares matemos rompidos, e de secreções das glândulàs ute
em duas camadas (Fig. 4.1/1):
rinas erodidas. O sangue materno também recebe hCG produzi
• O citotrofoblasto, uma camada mononuclear de células do pelo sinciciotrofoblasto, que mantém o corpo lúteo. uma
mitoticamente ativas, forma novas células trofoblásticas, estrutura glandular endócrina, sccretora de estrógeno e de pro
que migram para a crescente massa de sinciciotrofoblas gesterona necessários para a manutenção da gravidez. O fluido
to, onde se fundem e perdem suas membranas celulares. dos espaços lacunares, algumas vezes do em briotrofo (do gr.
• O sinciciotrofoblasto, uma massa multinucleada em rápi trophe, nutrição), chega ao disco embrionário por difusão.
da expansão e na qual não são perceptíveis os limites ce A comunicação dos vasos uterinos crodidos com as lacunas
lulares. representa o início da circulação uteroplacentária. Quando o
O sinciciotrofoblasto começa a produzir um hormônio, a go- sangue materno flui para as lacunas, oxigênio e substâncias nu
nadotrofma coriônica humana (h C G ), que penetra no sangue tritivas tomam-se disponíveis para os tecidos extra-embrionári-
materno das lacunas (lat. cavidades ocas) do sinciciotrofoblasto os em uma grande superfície do sinciciotrofoblasto. Visto que
tanto ramos arteriais como venosos dc vasos sangüíneos mater
(Fig. 4.1C). A hCG mantém a atividade endócrina do corpo lú
teo durante a gravidez e constitui a base dc testes de gravidez. nos se comunicam com as lacunas, é estabelecida uma circula
Radioimunoensaios, altamente sensíveis, estão disponíveis para ção dc sangue primitiva. Sangue oxigetuulo proveniente das a r
detectar hCG. No fim da segunda semana, o sinciciotrofoblasto térias espiraladas do endométrio passa para as lacunas, e o san
gue desoxigenado é removido delas através das veias endome
já produz uma quantidade suficiente de hCG para dar um teste
positivo de gravidez, apesar de, provavelmente, a mulher não triais (ver Cap. 2).
saber que está grávida. O concepto humano (em brião e membranas associadas) de
10 dias já penetrou completamente no endométrio (Fig. 4.2A).
Durante cerca de 2 dias, há uma falha no epitélio do endométrio,
Formação da Cavidade Amniótica, do Disco que é preenchida por um tampão, um coágulo fibrinoso de san
Embrionário e do Saco Vitelino gue. No dia 12, um epitélio uterino quase completamente rege
nerado cobre este tampão (Fig. 4.2B ). Com a implantação do
Com o avanço da implantação do biastocisto, aparece uma pe concepto, as células do tecido conjuntivo do endométrio sofrem
quena cavidade na massa celular interna, que é o primórdio da uma transformação conhecida como reação decidual. Depois de
Glândula uterina Capilar do endométrio
/
Sincicio-
troloblasto.
Ámnio
Cavidade
amniótica
Epitélio do
endométrio
Cavidade Citotrofoblasto
exocelômica
Membrana
A exocelômica Hipoblasto
Sinciciotroloblaslo
Âmnio
Disco
embrionário
bilaminar
Membrana exocelômica
Cavidade exocelômica
Âmnio
Glândula
uterina
Sangue
materno
nas lacunas
Disco
embrionário
bilaminar
Saco vitelino
primitivo Mesoderma Epitélio do endométrio
extra-embrionário
■ F ig . 4.1 Desenhos ilustrando a implantação dc um biastocisto no endométrio. C) tamanho real do concepto é tle cerca de 0.1 mm. A . Desenho
dc uma secção através tle um biastocisto parcialmente implantado no endométrio (cerca de K ilia.s). Note a cavidade am niótica conto uma lenda.
H, Esboço tridimensional am pliado de um biastocisto um pouco mais velho, depois de rem ovido do endométrio. Note o extenso sinciciotrofoblas
to no pólo embrionário adjacente ao disco embrionário e a cavidade am niólica muito maior. C . Desenho de uma secção através de um biastocisto
com cerca de 9 dias implantado no endométrio. Note as lacunas aparecendo no sinciciotrofoblasto. ( ) tipo de implantação ilustrada aqui. na qual
o biastocisto fica completamente implantado no endométrio. denomina-se im plantação n u ersiid al.
A SEGUNDA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 45
Mesoderma
extra-embrionário Saco vitelino
Celoma primitivo
extra-embrionário ou
cavidade coriônica
Pcdiculo
do embrião
Saco vitelino
secundário
Placa precordal
Hipoblasto
Disco
embrionário
bilaminar
precordal
C
■ Fig. 4.3 Desenhos de secçôes através dc embriões humanos implantados, baseados principalmente cm 1lertig ei al. (1956). Observe que ( I ) a
falha no epitélio da superfície do endométrio desapareceu; (2) um pequeno saco vitelino secundário se formou; (3) uma grande cavidade, o celoma
extra-embrionário, agora envolve o saco vitelino e o âmnio, exceto onde este último está picso ao córion pelo pcdículo do embrião; e (4) o celoma
extra-embrionário divide o mesoderma extra-embrionário em duas camadas: o mesoderma somático extra-embrionário, que forra o trofoblasto e
cobre o âmnio, e o mesoderma esplâncnico extra-embrionário em torno do saco vitelino. A, Treze dias. ilustrando a diminuição do tamanho rela
tivo do saco vitelino primitivo e o início do aparecimento das vilosidades coriônicas primárias, ti. Quatorze dias, mostrando o saco vitelino secun
dário. rccém-formado, e a placa precordal localizada no teto. C, Detalhe da área da placa prccordal esboçada em ti.
A SEGUNDA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 47
Mesoderma
extra-embrionário
Mesoderma
do embrião
Disco
embrionário
bilaminar Endoderma
do embrião
Endoderma do Mesoderma
f*m1 p saco vitelino “ extra-embrionário
■ F ig . 4.4 Origem dos tecidos do embrião. As cores nos retângulos foram usadas nos desenhos das secções dos conceptos.
48 ■ A SEGUNDA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Eixo central do
citotrofoblasto
Córion
Embrião
Cavidade coriônica
A B C
■ Fig. 4.5 A , Detalhe da secção (delim itada em B ) da parede do saco coriônico. B , Esboço de um concepto de 14 dias ilustrando o saco coriônico
c o aspecto felpudo criado pelas vilosidades primárias (6 X ). C , Desenho de uma secção transversal através dc uma vilosidade coriônica prim ária
(4 00X ).
Embrião e
membranas
extra-embrionárias
■ Fig. 4.7 A , Secção coronal do útero e tuba ilustrando uma gravidez tubária ectópica. B. Fotografia de uma gravidez tubária ectópica, nào rota,
na ampola da tuba uterina. {D c Pagc E W . V illc c C A , V illc D B : Human Reproduction: Essentials of Reproduetive and Perinaíut Medicine. 3r ed.
Philadelphia, W B Saunders, 1981.)
Há várias causas da gravidez tubária, mas elas estão freqüente semanas ocorre espontaneamente. Os abortos esporádicos ou recor
mente relacionadas com fatores que retardam ou impedem o trans rentes são dois dos problemas ginecológicos mais comuns (Hill, 1995).
porte do zigoto em clivagem para o útero (p.ex., por adesões da mu É difícil determinar a freqüência de abortos precoces, pois eles ocor
cosa ou bloqueio causado por cicatrização resultante de infecção da rem antes de as mulheres saberem que engravidaram. É muito pro
cavidade pélvica abdominal como uma doença inflamatória pélvi vável que um aborto ocorrido logo após a falta de uma menstruação
ca). Geralmente, as gravidezes ectópicas tubárias levam a uma ro- seja confundido com um atraso desta. Como o concepto é muito pe
tura da tuba uterina e hemorragia na cavidade peritoneal durante as queno, é muito difícil percebê-lo no fluxo menstruai (Fig. 4.10£).
primeiras 8 semanas, seguidas pela morte do embrião. A rotura da O estudo da maioria dos abortos precoces espontâneos resultan
tuba e a hemorragia constituem uma ameaça à vida da mãe e são de tes de problemas médicos mostra conceptos anormais. Hertig,et al.
grande importância clínica. Geralmente, a tuba afetada e o concepto (1959) estudaram 34 embriões iniciais recuperados de mulheres com
são removidos cirurgicamente (Fig. 4.1B). fertilidade sabida e verificaram que 10 deles eram tão anormais que,
Os blastocistos que se implantam na ampola ou nas fímbrias da provavelmente, teriam abortado espontaneamente no fim da segun
tuba uterina (Fig. 4.8) freqüentemente são expulsos para a cavidadç da semana do desenvolvimento. Hertig (1967) estimou que, de 70 a
peritoneal, onde comumente se implantam na bolsa retouterina, uma 75% dos blastocistos implantados, somente 58% sobrevivem até o
bolsa do peritônio entre o reto e o útero (Fig. 4.9). Em casos excep fim da segunda semana. Ele estimou ainda que 16% deste último
cionais, uma gravidez abdominal pode chegar a termo e o feto nas- grupo seriam anormais e abortariam dentro de mais ou menos uma
cer vivo por incisão abdominal. Entretanto, em geral uma gravidez semana. A incidência de anormalidades cromossômicas em abortos
abdominal cria uma condição séria porque a placenta se prende a ór precoces espontâneos é de cerca de 61% (Boué et al., 1975).
gãos abdominais, o que causa considerável sangramento intraperi- Resumindo os dados de vários estudos, Carr e Gedeon (1977) cal
tõneal. cularam que 50% de todos os abortos espontâneos conhecidos resul
Ay implantações cervicais são raras (Fig. 4.8); algumas destas gra tam de anormalidades cromossômicas. A incidência mais alta de abor
videzes não são reconhecidas porque o concepto aborta no início da tos precoces em mulheres com mais idade provavelmente resulta da
gestação. Em outros casos, a placenta prende-se firmemente a par freqüência crescente da não-disjunção de cromossomas durante a
tes fibrosas e musculares da c&vice, resultando, com freqüência, em ovogênese (ver Cap. 2). Foi estimado que de um terço a metade dc
sangramento e intervenção cirúrgica subseqüente, como a histerec- todos os zigotos nunca chegam a biastocisto nem se implantam. A não-
tomia (retirada do útero). Para maiores discussões sobre as implica implantação do biastocisto pode resultar de um endométrio pouco de
ções clínicas da gravidez ectópica, ver Moore e Persaud (1998). senvolvido; entretanto, em muitos casos, provavelmente anormalida
des cromossômicas letais do zigoto são a causa do aborto.
RESUMO DA IMPLANTAÇÃO DO
BLASTOCISTO
O aborto é comumente definido como o término da gravidez antes de A implantação do biastocisto começa no fim da primeira sema
20 semanas de gestação, antes do período de viabilidade do embrião
na e termina no fim da segunda. A implantação pode ser resumi
ou feto. A maioria dos abortos de embriões durante as 3 primeiras
da da seguinte maneira:
Intestino
Mesentério
Ovário
Implantação no
orifício interno
Implantação cervical
■ Fig. 4.8 Desenho do útero e tubas ilustrando os vários locais dc implantação do biastocisto. O local usual na parede posterior do útero está indicado
]K>r um X . A ordem aproximada da freqüência das implantações ectópicas está indicada alfabcticamente (A , a mais comum; //, a menos comum). A
a /•', Gravidezes tubárias. G , Gravidez abdominal, tf, Gravidez ovariana. A gravidez tubária é o tipo dc gravidez ectópica mais comum.
Ovário
Utero
Bexiga
Embrião e saco
coriônico
desenvolvendo-se na
Sínflse bolsa retouterina
pubiana
Uretra Vagina
• Fig. 4.9 Desenho dc uma secção mediana de uma pelve feminina ilustrando uma gravidez abdominal. Apesar de um biastocisto expelido da
tuba uterina poder prender-se a qualquer órgão, ou ao mesentério do intestino, comumente ele sc prende ao peritònio da bolsa retoulcrina.
A SEGUNDA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 51
B Dia 9 C Dia 10
i
• Saco vitelino
D Dia 12 E Dia 14
Fig. 4.10 Desenhos de secçôes de blastocistos durante a segunda semana ilustrando a rápida expansão do trofoblasto e o tamanho relativamen-
diminuto dos conceptos (2 5 X ); os esboço;} indicados por setas mostram o tamanho real dos blastocistos.
3
• A zona pelúcida, que envolve o ovócito, degenera (dia 5). • A falha do epitélio do endométrio desaparece gradualmente
Seu desaparecimento resulta do crescimento do biastocisto com a reconstituição do epitélio (dias 12 e 13).
e da degeneração causada por lise enzimática. As enzimas • Formam-se vilosidades coriônicas primárias (dias 13 e 14 ).
líticas são liberadas pelos acrossomas dos espermatozóides,
que envolvem e penetram, parcialmente, na zona pelúcida.
• O biastocisto adere ao epitélio do endométrio (dia 6). Inibição da implantação
• O trofoblasto começa a diferenciar-se em duas camadas —
o sinciciotrofoblasto e o citotrofoblasto (dia 7).
• O sinciciotrofoblasto erode ós tecidos endometriais (capi A administrarão dc doses relativamente grandes de estrógenos (“ pí-
lares, glândulas e tecido conjuntivo), e o biastocisto começa lula da manhã seguinte” ) durante vários dias. começando pouco de
a implantar-se no endométrio (dia 8). pois de uma relação sexual não protegida, geral mente não impede a
• Lacunas cheias dc sangue aparecem no sinciciotrofoblas fertilização, mas, com freqüência, impede a implantação do blasto-
to (dia 9). eisto. Dietilestilbestrol, dado diariamente em altas doses, também
pode acelerar a passagem do zigoto cm divis3o ao longo da tuba ute
• O biastocisto mergulha no epitélio do endométrio, e a fa
rina (Kalant et al., 1990). Normalmente, o endométrio chega à fase
lha resultante neste epitélio é preenchida por um tampão secretora do ciclo menstruai durante a formação do zigoto. que efe
(dia 10). tua a clivagem e penetra no útero. A grande quantidade de estróge-
• Formam-se redes de lacunas pela fusão de lacunas adja no perturba o equilíbrio normal entre estrógeno e progesterona ne
centes (dias 10 e 11). cessário para a preparação do endométrio para a implantação do bias
• O sinciciotrofoblasto erode vasos sangüíneos do endomé tocisto. A administração pós-concepçâo de hormônio para impedir
trio. permitindo ao sangue materno fluir para dentro e para a implantação do biastocisto é. algumas vezes, usada em casos de
fora das redes dc lacunas, estabelecendo, desta maneira, agressão sexual ou vazamento de uma camisa-dc-venus, mas este
tratamento é contra-indicado para uso rotineiro como anticoncepcio-
uma circulação uteroplacentáriaprim itiva (dias 11 e 12).
52 ■ A SEGUNDA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
53
54 ■ TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Âmnio
Cavidade
Disco embrionário amniótica
Ectodorma do Pedículo do
Podiculo do
embrião embrião'
ombriáo
Placa
precordal Linha
pnmitiva
Saco vitelino
A Saco vitelino
Ectoderma do embrião
Linha primitiva
Linha primitiva
Nivel da secçáo D
Endoderma do
Borda cortada Mesoderma embrião
do âmnio mtra-embnonãrio
C Mesoderma
extra-ombrionano
Extremidade caudal cobrindo o saco vitelino
Fosseta pnmitiva do
nó primitivo
Processo notocordal Mesoderma somático
/ extra-embnonário
Àmnio
Nível da secçáo F
Mesoderma
intra-embrionáno
Disco embrionário
Endoderma do
trilaminar
embrião
Sulco primitivo
G
■ Fig. 5.2 Desenhos ilustrando a formação do disco embrionário trilaminar (dias 15 a 16). As selas indicam a invaginação e migração de células
mesenquimais enlre <>cctoderma c o endoderma. A. C. E c G, Vistas dorsais do disco embrionário no início da terceira sem;*na. exposto pela
remoção do âmnio. li. I). F e //. Secções transversais do disco embrionário nos níveis indicados. A placa precordal. que assinala a região cefálica.
é indicada por um contorno interrompido, pois ela é um espessamente do endodenna que não pode ser visto da superfície dorsal.
56 ■ TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Disco embrionário
Nó primitivo
Tamanho real: 1 mm v
■ F ig . 5.3 Fotografia de uma vista dorsal dc um embrião com cerca de 16 dias. (D e Moore K L . Persaud T V N , Shiota K : C o lo r A tlas o f C lin ica i
Em bryology. Philadelphia. W B Saunders. 1994.)
xu dc tccido conjuntivo em brionário, denominado rnesên- n á rio (do em b rião ) no teto do saco vitelino. Células que
quima ou mesoblasto (F ig . 5.4fl). O mesênquima forma os permanecem no epiblasto formam o ectoderma intra-embrio-
tecidos de sustentação do embrião, tal como a maior parte dos n ario (do em brião). Sob a influência de vários fato res de
tecidos conjuntivos do corpo e os componentes do estroma crescim ento em brionários (Slack, 1987; Tabin, 1991). célu
das glândulas. Um pouco do mesênquima forma uma cam a las mesenquimais migram amplamente da linha prim itiva,
da denominada m esoderm a in tra-em b rion ário (Fig . 5.2D). listas células têm o potencial de proliferar e diferenciar-se
Algum as células do epiblasto da linha p rim itiva também em diversos tipos celulares, tais como fibroblastos, con-
deslocam o hipoblasto e formam o endoderm a intra-embrio- droblastos c ostcoblastos. Resumindo, através do processo da
Ectoderma do
Placa precordal
Sulco primitivo da
Nó primitivo linha primitiva
Saco vitelino coberto pelo
mesoderma extra-embrionário
Borda cortada
Ectoderma do do ámnio
Nó primitivo
embriáo
Fosseta primitiva
Nível da secçáo B
Sulco primitivo da
linha primitiva
Pedículo do embriáo
■ Fig. 5.4 4. Desenho de uma vista dorsal dc embrião com 16 dias. O âmnio foi removido para expor o disco embrionário. /?. Desenho da metade
cefálica do disco embrionário durante a terceira semana. O disco foi cortado transversalmente para mostrar a migração de células mesenquimais
da linha prim itiva para lormar o mesoblasto, ou mesênquima, que logo se organiza para form ar o mesoderma intra-embrionário. Esta ilustração
mostra, ainda, que a m aior pane do endoderma também provém tio epiblasto. A m aioria das células do hipoblasto é deslocada para regiòes extra-
embrionárias, como. por exemplo, o saco vitelino.
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 57
Prega neural
Membrana
bucofaríngea
Pla ca precordal
Extremidade
cefálica Placa
Ectoderma do neural
embrião
Processo
Nó notocordal
primitivo
v Células
Linha primitiva recém- ^
acrecentadas
Extremidade caudal
Notocorda abaixo
do sulco neural
Membrana cloacal
■ Fig. 5.5 Esboços dc vistas dorsais do disco embrionário mostrando como ele se alonga e muda de forma durante a terceira semana. A linha
primitiva se alonga pela adição de células a sua extremidade caudal; o processo notocordal se alonga pela migração de células do nó prim itivo. O
processo notocordal e o mesoderma adjacente induzem o ectoderma do em brião, sobrcjacente, a formar a placa neural, primórdio do sistema
nervoso central. Observe que. enquanto o processo notocordal se alonga, a linha prim itiva fica mais curta. N o fim da terceira semana, o processo
notocordal transformou-se na notocorda. Note que, originalmente, o disco embrionário era ovóide, mas. com o desenvolvimento da notocorda,
ele se torna periforme e, a seguir, assume a forma de chinelo.
Ámnio
Disco
embrionário
Pedículo do
ombriüo
Extremidade
cefálica
i
A
Membrana cloacal
notoMKtel Placa Fossota prlm.lrva L.nha p»lmitiva Mosodorma intra-embrionário Placa neural
Mesoderma
intra-ernbrionáno
Alantóide
Aiantôido
■Fig. 5.7 Desenhos ilustrando o desenvolvimento do processo notocordal. O pequeno esboço superiòr esquerdo serve de orientação; a seta curta
indica o aspecto dorsal do disco embrionário. At Vista dorsal do disco embrionário (cerca tle 16 dias), exposta pela remoção do âmnio. O processo
notocordal é mostrado como se tosse visível através do ectoderma do embrião. H%C c /•. Secções medianas, no plano indicado cm A%ilustrando
os estágios sucessivos do desenvolvimento do processo notocordal e do canal da notocorda. Os estágios mostrados em C e E ocorrem mais ou
menos no dia 18. />e /•’. Secçítes transversais do disco embrionário no nível mostrado em C e E.
60 ■ TERCEIRA SEMANA DO DESFNVOLVIMENTO HUMANO
Pedículo dc
Processo notocordal embriáo
Plano das
secçóes
Alantóide
B, C f t E
Linha primitiva
Placa notocordal
dobrando-se
Membrana
cloacal
Nível da
secção G Mesoderma
Nível da lateral Endoderma do
secçáo F embrião
Notocorda
■ Fig. 5.8 Desenhos ilustrando o desenvolvim ento posterior d;i notocorda pela transformação do processo notocordal. /V Vista dorsal do diseo
embrionário icerca de 1S dias), exposto pela remoção d») âmnio. li. Secção mediana tridimensional do embrião. C c Secçóes similares dc embriões
um pouco mais velhos. D . !■ c í í, Secçòes transversais do disco embrionário (rilam inar mostrado em ( ' e E.
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 61
to da bexiga, a alantóide transforma-se no úraco. representado, ga, avança em direção cefálica e acaba chegando até a membra
no adulto, pelo ligam ento um bilical mediano. Os vasos sangüí na bucofaríngea (Figs. 5.5C e 5.8C). Eventualmente, a placa
neos da alantóide tomam-se as artérias e veias umbilicais (ver neural ultrapassa a notocorda. Em torno do dia 18, a placa neu
Fig. 5 .12). ral se jnvagina ao longo de seu eixo central, formando o sulco
neural, mediano, longitudinal, com pregas neurais de cada lado
(Fig. 5.8(7). As pregas neurais tomam-se muito salientes na ex
tremidade cefálica do embrião c constituem os prim eiros sinais
do desenvolvimento do encéfalo. Por volta do fim da terceira se
mana, as pregas neurais começam a aproximar-se e a se fundi
rem, convertendo a placa neural no tubo neural (Figs 5.9 e 5.10).
Em casos raros, o canal neuroentérico persiste, dando origem a uma A formação do tubo neural é um processo complexo, multi-
anomalia congênita muito rara na qual o canal central da medula es fatorial. envolvendo forças extrínsecas (Sm ith e Schocnwolf.
pinhal está unido à luz do intestino. 1991). O tubo neural separa-se logo do ectoderma da superfície.
As bordas livres do ectoderma fundem-se de modo a tomar esta
camada contínua sobre o tubo neural e o dorso do embrião (Fig.
5 .10/T). Subseqüentemente, o ectoderma da superfície sc diferen
cia, formando a epiderme da pele. A neurulação termina duran
te a quarta semana (ver Cap. 6).
Aroa cardiogênica
Placa neural
Mesoderma Mosodorma Sulco neural
Suloo neural intermediário paraxiai
Nível da secçáo B
Ammo
Espaços celômicos
Espaços coiômicos
Nível da
secçáo D
Primeiro
somito
Somito
Pedículo do
embriáo Mesoderma
osplâncmco
intra-embrionário
Coloma
intra-embnonário
Celoma
pericérdico
Coloma
(cavidade)
pentoneai
Nível da
secção F
Celoma intra-embrionário
Espiancnopleura
■ Fig . 5.9 Desenhos dc embriões dc 19 a 2 1 dias, ilustrando o desenvolvimento dos somitos e do celoma intra-embrionário. A .C c E . Vista dorsal
do embrião, exposto pela remoção do âmnio. li, I ) c E , Sccçõcs transversais do disco embrionário nos níveis mostrados. A , Em brião pré-somítico
com cerca de 18 dias. C, Em brião com cerca de 20 dias mostrando o prim eiro par dc somilos. Uma parte da somatopleura ã direita foi removida
para mostrar os espaços celôm icos isolados no mesoderma lateral. E . Um embrião de três somitos (cerca de 21 dias) mostrando o celoma intra-
embrionário em forma dc ferradura, exposto à direita pela remoção dc uma parte da somatopleura.
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 63
Prega neural
Sulco neural
Nó primitivo
B
Pregas neurais
aproximando-se
uma da outra Ectoderma da superfície
Crista neural
Sulco neural
Sulco neural
Epiderme em desenvolvimento
Crista neural
■ Fig. 5.10 Sccçõcs transversais diagramáticas dc embriões progressivamente mais velhos, ilustrando a form ação do sulco neural, tubo neural e
crista neural até o fim da quarta semana.
os som itos (do gr. soma, corpo). Estes blocos dc mesoderma se e nutrição, provenientes da circulação materna, para o embrião.
localizam de ambos os lados do tubo neural em desenvolvimen No fim da segunda semana, o embrião nutre-se do sangue ma
to (Fig. 5.9C a E ). Durante o período som (tico do desenvolvimen terno por difusão através do celoma extra-embrinário e do saco
to (dias 20 a 30), formam-se cerca de 38 pares de somitos. No vitelino. Durante a terceira semana, forma-se uma circulação ute-
fim da quinta semana, estão presentes de 42 a 44 pares dc somitos. roplaccntária primitiva (Fig. 5.12).
Os somitos formam elevações nítidas na superfície do embrião
e são algo triangulares, em secção transversal (Fig. 5.9C a F ).
Angiogênese e Hematogênese
Uma cavidade em fenda, sem importância, a miocele, aparece
dentro de cada somito, mas desaparece logo. Como os somitos
A formação de vasos sangüíneos (angiogênese) no embrião e nas
são bem evidentes durante a quarta e quinta semanas, eles são
membranas extra-embrionárias, durante a terceira semana, pode
usados como um dos critérios para determinar a idade do em
ser resumida da seguinte maneira (Fig. 5.11):
brião (ver Cap. 6, Quadro 6.1).
Os somitos aparecem primeiro na futura região occipital do • Células mesenquimais — os angioblastos (células forma
embrião, mas logo se estendem cefalocaudalmcnte c dão origem doras dc vasos) — se agregam, formando acúmulos isola
à maior parte do esqueleto ax ial (ossos da cabeça e a coluna dos de células angiogênicas — as ilhotas sangüíneas.
vertebral) e músculos associados, assim como à derme da pele • A confluência de fendas intercelulares forma pequenas
adjacente (ver Caps. 16 e 21). O primeiro par de somitos apare cavidades dentro das ilhotas sangüíneas.
ce no fim da terceira semana (Fig. 5.9C), perto da extremidade • Angioblastos sc achatam, formando células endoteliais,
cefálica da notocorda. Os pares subseqüentes formam-se cm uma que se dispõem em torno das cavidades das ilhotas
seqüência cefalocaudal. sangüíneas, formando o endotélio primitivo.
• Estas cavidãdes revestidas por endotélio fundem-se, for
mando redes de canais endoteliais.
DESENVOLVIMENTO DO CELOMA • Vasos estendem-se para áreas adjacentes através de bro
INTRA-EMBRIONÁRIO tos endoteliais e fusão com outros vasos.
C élulas do sangue se originam de células endoteliais dos
O celoma (cavidade) intra-embrionário surge como pequenos vasos (hemocitoblastos), quando estas se desenvolvem no saco
espaços celômicos, isolados, no mesoderma lateral e no meso vitelino c na alantóide, no fim da terceira semana (Fig. 5 .1\E e
derma cardiogênico (formador do coração) (Fig. 5.9/t a D ). E s F ). A formação dc sangue no embrião só tem início na quinta
tes espaços coalescem, formando uma cavidade única, em for semana. E la ocorre primeiro em várias partes do mesênquima do
ma dc ferradura — o celom a intra-em brionário (Fig. 5.9E ) — , embrião, principalmente no fígado e, mais tarde. no baço. me
que divide o mesoderma lateral em duas camadas (Fig. 5.9D): dula óssea e nodos linfáticos. Provavelmente, os eritrócitos fe
• Uma camada parietal, ou somática, contínua com o me tais e do adulto provêm de precursores hematopoéticos diferen
soderma extra-embrionário que cobre o âmnio tes (Nakano et al., 1996). As células mesenquimais, que envol
• Uma camada visceral, ou esplâncnica, contínua com o vem os vasos sangüíneos endoteliais primitivos, se diferenciam
mesoderma extra-embrionário que cobre o saco vitelino nos elementos musculares e de tecido conjuntivo dos vasos.
Primórdio do coração
Placa neural
Saco vitelino
Borda cortada
com ilhotas
do âmnio
sangüíneas Borda cortada
do âmnio
Disco ombrionário
Pedículo do
Vaso sangüíneo
embrião
primitivo
Vasos
sangüíneo em
fornv.vão
Parede do Ilhota sangüínea
saco coriônico
Ilhota sangüínea Parede do saco vitelino Luz de vaso Vaso sangüíneo Endoderma do
sangüíneo primitivo primitivo saco vitelino
■ Fig. 5.11 Estágios sucessivos do desenvolvimento do sangue c vasos sangüíneos. A. O saco vitelino e uma porção do saco coriônico (cerca dc
18 dias), li. Vista dorsal do embrião exposta pela remoção do âmnio. C a F, Secções dc ilhotas sangüíneas mostrando estágios sucessivos do
desenvolvimento do sangue e vasos sangüíneos.
xo (tecido conjuntivo). Neste estágio, as vilosidades coriônicas O dióxido de carbono e produtos de excreção sc difundem do
secundárias cobrem toda a superfície do saco coriônico (Fig. sangue dos capilares fetais, através da parede das vilosidades. e
5.144 e li). Algumas células mesenquimais das vilosidades di vão para o sangue materno.
ferenciam-se cm capilares c células sangüíneas (Fig. 5.14# e C). Concomitantemcnte, células citotrofoblásticas das vilosida
Quando os capilares se tomam visíveis nas vilosidades, estas são des coriônicas proliferam e se estendem através do sinciciotro-
denominadas vilosidades coriônicas terciárias (ver Figs. 5.12 foblasto, formando uma capa citotrofoblástica (Fig. 5 .14C), que
e 5.14/)). envolve, gradualmente, o saco coriônico e o prende ao endomé
Os capilares das vilosidades coriônicas fundem-se, forman trio. As vilosidades, que se prendem aos tecidos maternos atra
do redes arteriocapilares; estas logo se unem ao coração do vés da capa citotrofoblástica, constituem as vilosidades-tronco
embrião através de vasos, que se diferenciam no mesênquima do (vilosidades de ancoragem). As vilosidades que se projetam dos
córion e do pedículo do embrião (Fig. 5.12). No fim da terceira lados das vilosidades-tronco são as vilosidades ram ificadas
semana, o sangue do embrião começa a circular lentamente atra (vilosidades terminais). É através das paredes das vilosidades
vés dos capilares das vilosidades coriônicas. O oxigênio e os terminais que se dão as principais trocas de material entre o san
nutrientes do sangue materno, presentes no espaço interviloso. gue da mãe e do embrião. As vilosidades terminais são banha
difundem-se através das paredes das vilosidades (membranas das por sangue materno no espaço interviloso, que sc renova
placentdrias) e penetram no sangue do embrião (Fig. 5.14Ce D ). continuamente.
66 ■ TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Aorta dorsal
Arcos aórticos
Artéria umbilical
C a vid a d e am niótica
VilosteJade terciária
Saco aórtjco
C o raçã o
Veia vitelina
Parede do
Saco vitelino córion
■ Fig. 5.12 Diagrama do sistema cardiovascular prim itivo de um embrião com cerca de 20 dias, visto do lado esquerdo. Observe o estágio tran
sitório dos pares dc vasos simétricos. Cada tubo cardíaco se continua, dorsalmente, com uma aorta dorsal, que segue cm direção caudal. Os ramos
das aortas sào ( I >artérias um bilicais, que estabelecem ligações com vasos do córion; (2 ) artérias vitelinas do saco vitelino; e (3 ) artérias dorsais
intersegmentares do corpo do embrião. A veia um bilical retoma o sangue do córion e divide-se em veias um bilicais, direita e esquerda, no corpo
do embrião. Os vasos do saco vitelino formam um plexo vascular, que está unido aos tubos cardíacos através das veias vitelinas. As veias cardi
nais anteriores retomam o sangue da região cefálica. A veia um bilical está cm vermelho para indicar que ela transporta sangue oxigenado e nu
trientes do córion (parte embrionária da placenta para o embrião). As artérias estão em vermelho-claro para indicar que elas transportam sangue
pouco oxigenado c produtos dc excreção para as vilosidades coriônicas para transferência para o sangue matemo.
Algumas vezes, o embrião morre e as vilosidades coriônicas não Durante a gastrulação, ocorrem importantes transformações no
completam seu desenvolvimento; isto é, elas nflo se vascularizam embrião, pois o disco embrionário bilaminar converte-se em ura
para formar as vilosidades terciárias. Estas vilosidades em degene disco embrionário trilaminar. Estas transformações se iniciam
ração logo formam intumescimentos císticos — mola hidatifprme, com o aparecimento da linha primitiva.
que se assemelha a um cacho de uvas. A mola apresenta graus vari
áveis de proliferação trofoblástica e produz uma quantidade exces
siva de hCG. De 3 a 5% das molas se transformam em lesões Linha Primitiva
trofoblásticas malignas — coriocardnomas Algumas molas for
mam-se após abortos espontâneos, e outras ocorrem após partos A linha prim itiva aparece no início da terceira semana como
normais. Os coriocarcinomas, invariavelmente, dão metástases (es um espessamento localizado do epiblasto na extremidade
palham-se) através da corrente sangüínea para vários locais, como,
caudal do disco em brionário. A linha prim itiva resulta da
por exemplo, pulmões, vagina, fígado, osso, intestino e cérebro
migração de células do epiblasto para o plano mediano do
(Berkowitz e Goldstein, 1996).
disco embrionário. A invaginação de células do epiblasto na
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 67
Saco coriônico
(da gestação)
Cavidade
coriônica
■ Fig. 5.13 A. Sonograma dc um em brião dc 5 semanas (7.2 mm) com o saco vitelino. dentro do saco coriônico (da gestação). O coração verme
lho, pulsálil. do embriáo foi visualizado usando ultra-som Dopplcr. fí. Esquema do sonograma para orientação e identificação das estruturas. (D c
Moore K L . Persaud T V N , Shiota K : C o lo r A lia s o f C lin ic a i Em bryology. Philadelphia, W B Saunders, 1994. Cortesia do Dr. E . A . Lyons. Profes
sor of Radiology and Obstetrics and Gynecology, Health Sciences Centre. U niversity o f Manitoba, W innipeg, Manitoba, Canadá.)
Vilosidade coriônica
secundária
Sinciciotrofoblasto
Citotrofoblasto
Vaso sangüíneo em
desenvolvimento
Parede do saco
coriônico Eixo de mesênquima
Endométrio
Capa citotrofoblástica
Tecido coniuntivo
Vilosidade coriônica
terciária
Espaço entre
vilosidades
Sangue materno
Capilares
Sinusóide materno
■ Fig. 5.14 Diagrama ilustrando o desenvolvim ento das vilosidades coriônicas secundárias. A formação da placenta também é mostrada. A.
Secção sagiial de um embriáo (cerca de I íi dias), li. Secção de uma vilosidade coriônica. C . Secção dc um embrião implantado (cerca dc 2 1 dias).
/), Secçáo de uma vilosidade coriônica terciária. O sangue dos capilares fetais está separado dc* sangue materno, que banha a vilosidade. pela
membrana placentária. composta por endotélio do capilar, mesênquima, citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto.
TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 69
A placa notocordal surge como um espessamento do ectoderma As vilosidades coriônicas prim árias tomam-se vilosidades co
do embrião, cefalicamente ao nó primitivo. A notocorda em de riônicas secundárias ao formarem eixos centrais de mesênquima.
senvolvimento induz a formação da placa neural. Nesta, forma- Antes do fim da terceira semana, formam-se capilarôs nas vilo
se um sulco neural, longitudinal, margeado pelas pregas neurais. sidades coriônicas secundárias, transformando-as em vilosida
A fusão destas pregas forma o tubo neural, primórdio do SN C . des coriônicas terciárias. Extensões citotrofoblásticas das vilo
O processo dc formação da placa neural e seu dobramento para sidades de ancoragem sc unem, formando uma capa citotrofo
formar o tubo neural é denominado neurulação. blástica, que prende o saco coriônico ao endométrio. O rápido
desenvolvimento das vilosidades coriônicas, durante a terceira
semana, aumenta muito a superfície do córion disponível para
Formação da Crista Neural as trocas de nutrientes e outras substâncias entre as circulações
materna c do embrião.
Durante a fusão das pregas neurais para formar o tubo neural,
células neuroectodérmicas migram dorsolateralmentc c formam
a crista neural, que se situa entre o ectoderma da superfície e o
tubo neural. A crista neural divide-se, logo, em duas massas que
dão origem aos gânglios sensitivos dos nervos cranianos e espi
nhais. Outras células da crista neural migram do tubo neural e
dão origem a várias outras estruturas, como, por exemplo, a re
1. As mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais durante mui
tina. ,
tos anos têm abortos espontâneos precoces com maior freqüên
cia do que as mulheres que usam outros métodos anticoncepcio
Formação dos Somitos nais?
2. A terceira semana do desenvolvimento faz parte do período em
brionário? Quais são as principais estruturas embrionárias que se
0 mesoderma, de ambos os lados da notocorda. se espessa, for
formam?
mando colunas longitudinais de mesoderma paraxial. A divisão 3. O que significa o termo extração menstruai? É o mesmo que abor
destas colunas paraxiais em pares de somitos se inicia cefalica to precoce induzido?
mente, no final da terceira semana. Os somitos são agregações 4. Drogas e outros agentes podem causar anomalias congênitas no
compactas dc células mesenquimais das quais migram células, embrião, quando presentes no sangue materno durante a terceira
que dão origem às vértebras, costelas e músculos axiais. Duran semana? Em caso positivo, que órgãos seriam mais suscetíveis?
te a terceira semana, o número de somitos presentes constitui uma 5. Quando mulheres com mais de 40 anos têm filhos, há um maior
indicação confiável da idade do embrião. risco para o embrião? Em caso positivo, quais sáo eles?
A s respostas a estas questões são apresentadas no fin a l do livro .
Marina N: Gonadal and gctm ccll neopla&ms. In Bchrman R E, Klugman RM. Sausedo RA, SchocnwolfGC: Quantitative analyscsof ccll behaviors underlying
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chordoma. J Palhol 17:59, 1993.
Período da Organogênese: Da
Quarta à Oitava Semana do
Desenvolvimento Humano
6 i
Fases do Desenvolvimento Embrionário
Dobramento do Embrião
Derivados dos Folhetos Germinativos
Controle do Desenvolvimento Embrionário
Principais Eventos da Quarta à Oitava Semana
Estimativa da Idade do Embrião
Resumo da Quarta à Oitava Semana do Desenvolvimento
Questões de Orientação Clínica
71
72 ■ PERÍODO DA ORGANOGÉNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Àmnio cortado
Membrana
bucofaríngea
Prega neural Crista neural Tubu neural
Celoma
Intra-ombnonaro Som-to
Piano do
oorte A;t
Membrana
cloacal
. Celoma mlra-embrionário
A 3 comunicando-se com o
Plano do corto A, coloma oxlra-embrionário
Plano do Notocorda
corte B,
Celoma inlra-
Pedículo de emtyionáno
fixaçáo
Pedículo de [ \Saco vitelino
fixação Coração
Inteslmo Intestino
anterior postor*or Gànglo ospinhal em desenvolvimento
Amnto
(cortado) Cetoma intra
emononáno
Intestino
médio
Canal vitelirvo
Saco vitelino
Celoma extra
Saco vitelino
embnonano
Alanlôido Mesentério
dorsal Gânglio
ospinhal
Intostmo
médio
Plano do
corto D.,
Cordáo umbll«cal
d2
■ Fig. 6.1 Desenhos ilustrando 0 dobramento de embriões durante a quarta semana. A Vista dorsal dc uni embrião no início da quarta semana.
Sào visíveis três pares dc somitos. A continuidade do celoma intra-embrionário com o celoma extra-embrionário 6 ilustrada do lado direito, pela
remoção de parte do ectoderma e mesoderma embrionários. /?,, C, c D r Vistas laterais dc embriões de 22. 26 e 28 dias, respectivamente. A , a D „
Cortes sagitais no plano mostrado cm A {. a D v Cortes transversais rins níveis indicados cm A t a /> .
74 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
6 .1C2). A região dc fixação do âmnio à superfície ventral do gas laterais reduz, a região da comunicação entre as cavidades
embrião também fica reduzida a unia região umbilical relativa celômicas intra-embrionária e extra-embrionária a uma comu
mente estreita (Figs. 6 .1/), e D 3). Quando o cordão umbilical nicação estreita (Fig. 6. IC 2). Quando a cavidade amniótica se
se forma a partir do pedículo de fixação, a fusão ventral das pre expande e oblitera a maior parte do celoma extra-embrionário, o
Nível do
cardiogénico
Encéfalo em
desenvolvimento
Borda do âmnio
cortado
A
Encéfalo em
desenvolvimento Notocorda Tubo neural
{lutura medula espinhal) Pediculo de
Âmnio Linha
Tubo
neural primitiva
bucofaríngea Notocorda
pericárdico Membrana
Coração em desenvolvimento cloacal Alantóide
g Septo transverso
Prosencófalo Cloaca
Cavidade
Coração
amniótica
Septo transverso
Celom a pericárdico
Cordão umbilical
Membrana bucofaríngea Membrana cloacal
c
■ Fig. 6.2 Dobramento da extremidade cefálica do embrião. A . Vista
dorsal de um embrião de 21 dias. B , Corte sagital da parte cefálica do ■ Fig. 6.3 Dobramento da extremidade caudal do embriáo. A , Vista
embrião no plano mostrado cm A . Observe o movimento ventral do co lateral dc um embrião dc 4 semanas dc idade. B . Corte sagital da pane
ração. C. Corte sagital de um embrião de 26 dias. Observe que o septo caudal do embrião no início da quarta semana. C . Corte semelhante ao
transverso, o coração, o celoma pericárdico c a membrana bucofarín final da quarta semana. Observe que parte do saco vitelino c incorpora
gea se deslocaram para a superfície ventral do embrião. Note, também, da ao em brião como intestino posterior c que a porção terminal se dila
que parte do saco vitelino está incorporada ao embrião, constituindo o tou para formar a cloaca. Observe também a mudança de posição da linha
intestino anterior. prim itiva, da alantóide, da membrana cloacal c do pedículo dc fixação
PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 75
âmnio forma o revestimento epiteüal do cordão umbilical (Fig. senvolvimento de mamíferos, ver Thompson et al. (1991). A
6. IO ,). As anormalidades do dobramento corporal são incomuns. maior parte dos processos de desenvolvimento depende de uma
0 diagnóstico precoce por ultra-sonografia antenatal é essencial interação coordenada com precisão dc fatores genéticos e ambi
para o tratamento destes casos (Hiett et al.. 1992). entais. Vários mecanismos dc controle guiam a diferenciação e
asseguram o desenvolvimento sincronizado, tal como as intera
ções entre tecidos, a migração regulada das células c dc colônias
DERIVADOS DOS FOLHETOS de células, a proliferação controlada e a morte celular programa
GERMINATIVOS da. Cada sistema do corpo tem seu próprio padrão de desenvol
vimento, mas a maioria dos processos da morfogênese é seme
Os três folhetos germinativos (ectoderma. mesoderma e endoder lhante e relativamente simples. Mecanismos de regulação bási
ma). que se formam durante a gastrulação (ver Cap. 5). dão ori cos são subjacentes a todas estas alterações (Cooke, 1988).
gem aos primórdios de todos os tecidos e órgãos. A especificida O desenvolvimento em brionário éessencialmente um proces
de dos folhetos germinativos, entretanto, não é rigidamente fixa so de crescimento e de complexidade crescente de estrutura e
da. As células de cada folheto germinativo se dividem, migram, função. O crescimento resulta de mitose (processo de reprodu
se agregam e diferenciam em padrões bastante precisos ao forma ção somática das células), juntamente com a produção dc matri
rem os vários sistemas de órgãos {organogênese). Os principais zes extracelulares, enquanto a complexidade resulta da morfo
derivados dos folhetos germinativos sào os seguintes (Fig. 6.4): gênese e da diferenciação. As células que constituem os tecidos
dos embriões muito iniciais são pluripotentes — dependendo das
• O ectoderma dá origem ao sistema nervoso central (encé
circunstâncias, sào capazes de seguir mais de uma via de desen
falo e medula espinhal); ao sistema nervoso periférico; ao
volvimento. Este amplo potencial de desenvolvimento toma-se
epitélio sensorial do olho, da orelha e do nariz; à epiderme
progressivamente restrito quando os tecidos adquirem as carac
e anexos (pêlos e unhas); às glândulas mamárias; à hipófi-
terísticas especializadas necessárias para aumentar a sofistica
se; às glândulas subeutâneas; e ao esmalte dos dentes.
ção de sua estrutura c função. Esta restrição pressupõe que de
As células da crista neural. derivadas do neuroecto
vem ser feitas escolhas para atingir a diversificação dos tecidos.
derma, dão origem às células dos gânglios espinhais, cra
Atualmente, a maioria das evidências indica que estas escolhas
nianos (S N C V , V II, IX , e X ) e autônomos; às células que
formam as bainhas dos nervos do sistema nervoso perifé são determinadas, não como conseqüência da linhagem celular,
rico; às células pigmentares da derme; às do músculo e mas como resposta a indicações provenientes do ambiente ime
tecido conjuntivo; aos ossos que se originam dos arcos diato circundante, inclusive dos tecidos adjacentes. Conseqüen
branquiais (faríngeos) (ver Cap. 11); à medula da adrenal temente, a precisão arquitetônica e a coordenação, freqüentemen
(supra-rcnal); e às meninges (coberturas) do encéfalo e da te necessárias para o funcionamento normal de um órgão, pare
medula espinhal. cem ser alcançadas pela interação de suas partes constituintes
• O mesoderma dá origem ao tecido conjuntivo, cartilagem, durante o desenvolvimento.
osso. músculos estriados e lisos, coração, vasos sangüíne A interação dos tecidos durante o desenvolvimento é um tema
os e linfáticos, rins, ovários e testículos, duetos genitais, recorrente em embriologia (Guthrie, 1991). As interações que le
membranas serosas que revestem as cavidades do corpo vam à alteração de pelo menos um dos elementos que interagem
(pericárdica, pleural e peritoneal), baço e córtex das adre- sào chamadas de induções. Numerosos exemplos destas intera
nais (supra-renal). ções indutivas podem ser encontrados na literatura; por exemplo,
• O endoderma dá origem ao revestimento cpitclial dos tra durante o desenvolvimento do olho, acredita-se que a vesícula
tos gastrintestinal c respiratório; ao parênquima das óptica induza o desenvolvimento do cristalino a partir do ectoder
tonsilas, às glândulas tireóide e paratireóides; timo, fíga ma ccfálico superficial. Quando a vesícula óptica está ausente, o
do e pâncreas; ao revestimento epitelial da bexiga urinária olho não se desenvolve. Além disso, é possível induzir a forma
e à maior parte da uretra; e ao revestimento epitelial da ção do cristalino removendo a vesícula óptica e colocando-a em
cavidade do tímpano, do antro timpânico e da tuba farin- associação com o ectoderma superficial que, usualmente, não está
gotimpânica ou auditiva. envolvido com o desenvolvimento do olho (Fig. 6.5). Portanto, fica
claro que o desenvolvimento do cristalino depende da associação
do ectoderma com um segundo tecido. Em presença do neuroec
CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO toderma da vesícula óptica, o ectoderma cefálico superficial ado
EMBRIONÁRIO* ta uma via de desenvolvimento que, de outro modo, não adotaria.
De modo semelhante, muitos dos movimentos morfogenéticos dos
tecidos, que desempenham papéis tão importantes na modelagem
0 desenvolvimento resulta dos planos genéticos nos cromosso
do embrião, também fornecem aos tecidos em alteração as asso
mas. O conhecimento dos genes, ou unidades hereditárias, que
ciações fundamentais para as interações indutivas.
controlam o desenvolvimento humano está aumentando. A mai
O fato de um tecido poder influenciar a via de desenvolvimen
or parte das informações acerca dos processos de desenvolvimen
to adotada por um outro tecido pressupõe a passagem de um si
to vem dos estudos em outros organismos, especialmente da
nal entre os dois elementos que interagem. A natureza precisa
Drosophiki e de camundongos, por causa dos problemas éticos
do sinal não é conhecida; entretanto, o mecanismo da transfe
associados ao uso dc embriões humanos para estudos cm labo
rência do sinal parece variar com os tecidos específicos envol
ratório. Para uma discussão sobre a genética molecular do de
vidos. Em alguns casos, o sinal parece ser constituído por uma
molécula difusível (Tanabeetal., 1995; Placzeke Furley, 1996),
*0s autores agradecem ao Dr. Michacl W iley. Associatc Professor of Anatomy que passa do indutor para o tecido que reage (Fig. 6.6/4). Em
and Ccll Biology. Faculty of Medicine, University of Toronto, por sua assistên outros, a mensagem parece ser mediada por matriz extracelular,
cia no preparo desta scçào. não difusível, secretada pelo indutor e com a qual o tecido que
76 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA 00 DESENVOLVIMENTO HUMANO
Coração primitivo
Crânio
Sangue e células linfáticas
Tecido conjuntivo da cabeça
Dentina
Córtex da adrenal
Orelha interna
Cristalino do olho
EN D O D ERM A EC TO D ERM A
pâncreas, bexiga e
úraco N EU R O EC T O D ER M A
M ESO D ER M A
Cnsta neural Tubo neural
■ Fig. 6.4 Desenho esqucmático ilustrando os derivados dos três folhetos germ inativos: ectoderma, endoderma e mesoderma. As células destas
tres camadas contribuem para a formação dc diferentes tecidos e órgãos; por exemplo, o endoderma forma o revestimento epitelial do traio jjas-
trintestinal e o mesoderma dá origem ao tecido conjuntivo e aos músculos.
PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 77
Prosencófalo
Vesícula do cristalino
em sitio anormal
Cálice óptico
indu/ido
Haste
Vesícula do cristalino no
seu sítio normal (cristalino
em desenvolvimento)
Ectoderma de superfície
Cálice óptico
■ Fig. 6.5 Corte transversal esquemálico da cabeça de um embrião na região da formação dos olhos para ilustrar a interação indutiva dos tecidos.
No sítio normal (embutia. ú direita), observe que a vesícula óptica, precursora do cálice óptico, atuou sobre o ectoderma cefálico superficial para
induzir a formação da vcsícula do cristalino, primórdio do cristalino do olho. Do lado oposto, a haste óptica foi seccionada e a vesícula óptica
removida. Em conseqüência, não se desenvolve o placóide do cristalino (primeira indicação do cristalino). No sítio anormal (em cima. à direita),
a vesícula óptica, removida do lado direito, foi inserida profundamente na pele. Neste local, ela atuou sobre o ectoderma superficial, induzindo a
formação dc uma vcsícula do cristalino que. por sua vez, induziu a formação dc um cálice óptico (primórdio do globo ocular).
Quarta Semana
20-21 6.M , 9 1-3 1.5-3,0 Disco embrionário plano. Sulco neural profundo e pregas
6.2A neurais proeminentes. Um a três pares de somitos presentes.
Prega cefálica evidente.
22-23 6.7A. B 10 4-12 2.0-3.5 Embrião reto ou ligeiramente encurvado. Tubo neural
6.8 formando-se entre os somitos. ou já formado, max amplamente
aberto nos ncuroporos anterior c posterior. O primeiro c o
segundo pares dc arcos branquiais sào visíveis.
24-25 6.7C 11 13-20 2.5-4.5 Embrião encurvado por edusa das pregas cefálica e caudal.
6.9 Neuroporo anterior fechando-se. Placóides óticos presentes.
Vesículas ópticas formadas.
26-27 6.7£> 12 21-29 3.0-5.0 Aparecimento dos brotos dos membros superiores. Neuroporo
6.10 anterior fechado. Neuroporo posterior fechando-se. Três pares
de arcos branquiais visíveis. Saliência cardíaca distinta.
Fossetas óticas presentes.
28-30 6.7£ 13 30-35 4.0-6.0 Embrião encurvado emforma de C. Neuroporo posterior fechado.
6.11 Brotos dos membros superiores semelhantes a nadadeiras.
Quatro pares dc arcos branquiais visíveis. Aparecem os brotos
dos membros inferiores. Vesículas óticas presentes. Placóides
do cristalino distintos. Cauda adelgaçada presente.
31-32 . 6.12 14 í 5.0-7.0 Membros superiores emforma de remo. Fossetas do cristalino e
nasal visíveis. Cálices ópticos presentes.
33-36 15 7,0-9,0 Placas da nulo formadas; raios digitais presentes. Vesículas do
cristalino presentes. Fossetas nasais proeminentes. Os membros
inferiores têm a forma de remo. Seios cervicais visíveis.
37-40 16 8.0-,11,0 Placas dos pês formadas. Pigmento visível na retina. Saliências
auriculares desenvolvendo-se.
41-43 6.13 17 11,0-14,0 Raios digitais claramente visíveis nas placas das mãos. As
saliências auriculares delineiam o futuro pavilhão da orelha
externa. O tronco começa a se endireitar. Vesículas cerebrais
proeminentes.
44-46 18 13.0-17,0 Raios digitais nítidos nas placas dos pês. Região do cotovelo
visível. Pálpebras formando-se. Depressões entre os raios
digitais nas màos. Mamilos visíveis.
47-48 6.14 19 16,0-18.0 Os membros se estendem ventralmente. Tronco alongando-se c
endireitando. Hérnia do intestino médio proeminente.
49-51 20 18.0-22.0 Membros superiores mais longos e dobrados nos cotovelos.
Dedos distintos, mas ainda interligados. Depressões entre os
raios digitais dos pés. Aparccc o plexo vascular do couro
cabeludo.
52-53 6.15 21 22,0-24.0 Mãos e pês se aproximam entre si. Dedos estão livres e mais
longos. Dedos dos pês distintos, mas ainda interligados.
Cauda curta e grossa presente.
54-55 22 23,0-28.0 Dedos dos pês livres e mais longos. Pálpebras c aurículas da
orelha externa mais desenvolvidas.
56 6.16 23 27.0-31.0 Cabeça arredondada mostrando características humanos.
Genitália externa ainda com aspecto indiferenciado. Ainda
presente no cordão umbilical saliência bem evidente causada
pela hérnia do intestino. A cauda desapareceu.
*Os comprimentos dos embriões indicam a amplitude usual. Nos estágios 9 c 10. a medida é o maior comprimento {GL)\ nos estágios subseqtlenics são dadas as
medidas vértex-nádega {CKj.
1Baseado sobretudo em O'Rahilly R, M UllcrF: Developmental Stages in Human Embryos. Washington. Camegie Insutute of Washington. 1987.
JNestc estágio e nos subseqUenle.s. é difícil determinar o número dc somitos. dc modo que este não é um critério útil. Para mais fotografias cm cores de embriões,
ver Moore K L. cJ al <1994).
sente. Os brotos dos m em bros superiores são reconhecíveis no cardiovascular, já estão estabelecidos. Ao final da quarta sema
dia 26 ou 27 como pequenas intumescências sobre as paredes na, normalmente o neuroporo caudal está fechado.
ventrolaterais do corpo (Fig. 6.7D e E ). As fossetas óticas, os
primórdios das orelhas internas, também são visíveis. Espessa- Quinta Semana
mentos ectodérmicos chamados placóides cristalinos, indican
do os futuros cristalinos dos olhos, são visíveis nos lados da ca As modificações da forma do corpo são pequenas durante a quinta
beça. O quarto par de arcos faríngeos e os brotos dos m embros semana, em comparação com as que ocorreram durante a quarta
inferiores são visíveis ao final da quarta semana (Fig. 6.7£). semana, mas o crescimento da cabeça excede o das outras regi
Quase ao final da quarta semana, a cauda delgada é uma carac ões (Fig. 6.12). O aumento da cabeça é causado sobretudo pelo
terística marcante (Fig. 6.11; ver também Fig. 6.10). Os rudimen rápido desenvolvimento do encéfalo e das proeminências faci
tos de muitos dos sistemas de órgãos, especialmente o sistema ais. A face logo fica em contato com a eminência cardíaca. O
PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA OUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 79
Sulco óptico
Sulco (primórdio do olho)
posterior
22 dias 23 dias
Saliência Placóide
Saliência cefálica cristalino
cardíaca (primórdio do
cristalino)
Arco hióideo
Somitos Brotamento do
membro
Neuroporo inferior
posterior Cauda
(caudal)
aberto I Brotamento
do membro
superior
24 dias 26 dias 28 dias
■ Fig. 6.7 A c B, Desenhos de vistas dorsais de embriões no início da quarta semana mostrando 8 e 12 somitos. respectivamente. C\ D e /:, Vistas
laterais de embriões mais velhos mostrando 16. 27 e 33 somitos. respectivamente. Normalmente, o neuroporo anterior se fecha aos 25 a 26 dias,
co neuroporo posterior usualmente se fecha ao final da quarta semana.
segundo arco faríngeo lateral, crescendo rapidamente, se super ção dos dedos. Foi relatado que embriões na sexta semana apre
põe ao terceiro c ao quarto arcos, formando, em ambos os lados, sentam movimentos espontâneos, tais como contrações bruscas
uma depressão ectodérmica lateral — o seio cervical. Os brotos do tronco e dos membros. O desenvolvimento dos membros in
dos membros superiores têm a forma de remos, e os dos mem feriores ocorre um pouco mais tarde que o dos membros superi
bros inferiores têm a forma de nadadeiras. As cristas mesonéfri- ores. Várias pequenas saliências — as saliências auriculares —
cas indicam o sítio dos rins mesonéfricos, que são rins transitó se formam em torno do sulco branquial (faríngeo) entre os dois
rios na espécie humana. primeiros arcos faríngeos. Este sulco (fenda) torna-se o meato
auditivo externo (canal auditivo externo) e as saliências se fun
Sexta Semana dem para formar a aurícula, a parte em forma de concha da ore
lha externa. Agora o olho c bem evidente, principalmente por
Os membros superiores começam a mostrar diferenciação regi que o pigmento retiniano já se formou. A cabeça é agora muito
onal no cotovelo e as grandes placas da mão sc desenvolvem maior em relação ao tronco e se dobra sobre a grande saliência
(Fig. 6.13). Os primórdios dos dedos — os raios digitais — co cardíaca, lista posição da cabeça resulta do encurvamento na
meçam a se desenvolver nas placas da mão. indicando a forma região cervical (pescoço). O tronco e o pescoço já começaram a
80 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Prega neural
na rogião do
encéfalo em
Sulco dasenvoh/imento
neural
Saco vftolirvo
Superfície
cortada
Primeiros pares
do ámmo
de somitos
Sulco
neural
Pregas neurais na
regido da medula
espinhal em
desonvolvimonto
Pedicuk) de
fixação
localização da
linha primiliva
I
A
Tamanho real 2.5 mm
Neuroporo anterior
Pregas neurais na
regiáo do encéfato
om desonvoivimento
Tubo neura'
Reslo do
Somitos
Neuroporo
■ F ig . 6.8 A . Vista dorsal dc um embrião dc cinco somitos no estágio Cam egic 10. ccrca dc 22 dias. Observe as pregas neurais e u profundo sulco
neural. As pregas neurais da regiào cefálica sc espessaram para form ar o primórdio do encéfalo. fí%Desenho indicando as estruturas mostradas em
A. A maior parte do saco am niótico c do saco coriônico foi retirada para expor o embriáo. As pregas neurais se fundiram cm frente aos somitos
para formar o tubo neural (prim órdio da medula espinhal nesta região). C . Vista dorsal dc um embrião dc 10 somitos no estágio Carnegie 10, cerca
dc 23 dias. O Uibn neuraI está em comunicação livre com a cavidade amniótica nas extremidades cefálica e caudal pelos neuroporos anterior e
posterior, respectivamente. t ) mEsquema indicando as estruturas mostradas em C.
PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO • 81
Neuroporo
anterior
fechando-se
l * arco branquial
(faríngeo)
Prosencéfalo
Ámnio
Saliência
cardíaca
Somitos
Neuroporo
posterior
Pedículo de
fixação
■ Fig. 6.9 A. Vista dorsal dc um embrião de 13 somitos no estágio Camcgic 11. cerca de 24 dias. O neuroporo anterior está se fechando, mas o
neuroporo posterior está amplamente aberto, ti. Desenho indicando as estruturas mostradas em A. O embrião está encurvado por causa das pregas
nas extremidades cranial e caudal.
se tornar retos. Foi relatado que, durante a sexta semana, os branas (Fig . 6.15). São vistas agora nítidas depressões entre os
embriões apresentam respostas reflexas ao toque. raios digitais dos pés em forma de leque. A cauda ainda está
presente, mas é curta e rombuda. O plexo vascular do couro
Sétima Semana cabeludo apareceu e forma uma faixa característica em torno da
cabeça. Ao final da oitava semana, todas as regiões dos mem
Os membros sofrem alterações consideráveis durante a sétima se bros são aparentes, os dedos se alongaram e estão completamente
mana. Nas placas da mão aparecem depressões entre os raios digi separados (Fig. 6.16). Os prim eiros movimentos propositados dos
tais que separam, parcialmente, os futuros dedos (Fig. 6.14). A co membros ocorrem durante esta semana. A ossificação começa
municação entre o intestino primitivo c o saco vitelino está. agora» nos membros inferiores, na oitava semana, e é identificável ini
reduzida a um dueto relativamente estreito, o canal vitelino. ( ) intes cialmente no fêmur. Todos os sinais da cauda já desapareceram
tino entra no celoma extra-embrionário na porção proximal do cor ao final da oitava semana. O plexo vascular do couro cabeludo
dão umbilical. A hérnia umbilical é um evento normal no embrião, agora forma uma faixa estreita junto ao vértex da cabeça. As mãos
que ocorre porque a cavidade abdominal é pequena demais neste e os pés se aproximam ventralmente entre si. Ao final da oitava
estágio para acomodar o intestino, que cresce rapidamente. semana, o embrião tem características nitidamente humanas;
entretanto, a cabeça ainda é desproporcionalmente grande, cons
Oitava Semana tituindo quase a metade do embrião. A região do pescoço está
estabelecida e as pálpebras são mais óbvias. As pálpebras estão
No início desta última semana do período embrionário, os de se fechando e, ao final da oitava semana, começam a se unir por
dos da mão estão separados, mas ainda estão unidos por mem fusão epitelial. O intestino ainda está na porção proximal do
82 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA OUAHTA A OITAVA SEMANA OO DESENVOLVIMENTO HUMANO
1 . 2 . " 0 3*
branquiais
(faríngeos)
Prosencéfalo
Süio do placoide
crista tino
do cristalino)
Eslomodeu
•boca primitiva)
Saliência cardíaca
■ F ig . 6.10 4 . V isia lateral de um em brião dc 27 somitos no estágio Carnegie 12. cerca dc 26 dias O embrião está muito encurvado, cspccial
merue sua longa cauda. Observe o placóidc do cristalino (prim órdio do cristalino do olho) e a fosseta ótica indicando o desenvolvim ento inicial
da orelha interna, ti. Desenho indicando as estruturas mostradas cm A O neuroporo anterior está fechado e tres pares dc arcos faríngeos estão
presentes. {A dc Nishirnura I), et al: Pren atal Developm ent o f the Hum an w ith Sp ecial Keference to C raniofaeutl Stm ctures: An A tlas. W ashing
ton* D C. National Institutos o í Health. I977.)
1 2.*. 3.**' e4 . ;
branquiais
Loca do (faringeos}
mesencólalo
Local do placóidc
do cristalino Saliência atrial
esquerda do
coração
l ocai do
placóide nasal
Saliènoa ventricular
esquerda do coração
Broto do membro
suporior
Cordão umbilcal
Somilos
Cauda
Saliência
Broto do mombro inferior mesonéfrica
■ Fig. 6.11 A> Vista lateral de um embrião no estágio Carncgie 13. cerca de 2H dias. O coração é grande, cé visível sua divisão em um átrio e um
ventríeulo primordiais. Os neuroporos anterior c posterior estão fechados, ti. Desenho indicando as estruturas mostradas em A . O embrião tom
uma curvatura cm C característica, quatro arcos faríngeos e os brotos dos mcmhros superiores e inferiores. (A de Nishim iira H. et al: Prenutai
Developm ent of the Hum an with Sp ecial Keference to C ra n itfja cia l Stm ctures: An A tlas. Washington. DC*. National Institutes o f Health. I977.)
PERÍODO DA ORGANOGÉNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 83
Seio cervical
Fosseta do
cristalino
Saliência
Placóido cardíaca
nasal
Cordão
umbilical
Broto do
membro superior
Cauda
Crista
mesonófrica
Broto do membro
infenor
■ Fig. 6 . 1 2 , Vista lateral de um em brião no estágio Cam egie 14, cerca de 32 dias. O segundo arco larfngeo cresceu sobre o terceiro arco.
formando uma depressão conhecida como seio cervical. A crista mesonélrica indica o sítio do rim mesonéfrico. um rim transitório <ver Cap. 14).
/J, Desenho indicando as.estruturas mostradas em A. Os brotos dos membros superiores têm a forma de remo, e os dos membros inferiores, a
forma de nadadeira. [A de Nishimura H. et al: P re n ata l Developm ent o jlh e H tm an with Sp ceial Referem ? to C ntuiofachd Strueiures: An Atlas.
Washington. IX ’. National Inslitutes o f Health. 1977.)
84 PERÍODO DA ORGANOGÊNESE DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Saliências auriculares
formando a aurícula da
externa
Pálpebra- -
Meato
acústico
Olho pigmentado
externo
Sulco
nasolacrímal
Raios digitais da
placa da mào
Fosseta nasal
Cordão umbilical
cardíaca P |aca do pé Tamanho real 11,0 mm
B
F ig . 6.13/1. Vista lateral dc um embrião no estágio Carnegie 17. cerca de 42 dias. Os raios digitais são visíveis na grande placa da mão, nuli
cando o futuro sítio dos dedos li, Desenho indicando as estruturas mostradas em A. O olho, as saliências auriculares e o meato auditivo externo
(canal auditivo) são agora bem evidentes.
Flexura corvical
Pálpebra
Aurícula da
Olho orelha externa
Raio digital -—
Depressão entre os
raios digitais da mao
■ Fig . 6.14.1. Vista lateral de um embrião no estágio Carnegie 19. cerca de 48 dias. O pavilhão da orelha e o meato auditivo externo são agora
claramente visíveis. Observe a posição relativamente baixa da orelha neste estágio. Os raios digitais são agora visíveis na grande placa do pé. A
proeminência do alxiome é causada sobretudo pelo grande lamanho do ligado, li. IX\scnho indicando as estruturas mostradas em A . Observe o
grande tamanho da mão c as depressões entre os raios digitais indicando claramente os dedos em desenvolvimento.
PFRÍODO DA OHGANOGÉNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ■ 85
Ploxo vascular do
couro cabeludo
Pálpebra Auricula da
orelha externa
Olho
Nariz ~~
Cotovelo
Dedos
separados
Cordão Joelho
umbilical
Depressão entre os
raios digitais no pé
Cauda curta
e grossa
Tamanho real 23,0 mm
■ Fig. 6.15 A , Vista lateral de um embrião no estágio Carnegic 2 1, cerca de 52 dias. Observe que os pés têm a forma de leque e que a cauda é
muito curta. O plexo vascular do couro cabeludo agora forma uma faixa característica em tomo da cabeça. O nari/.e achatado e o olho é fortemen
te pigmentado. li. Desenho indicando as estruturas mostradas em A . O s dedos das mãos estão separados e os dos pés estão começando a se sepa
rar. (.A de Nishimura II.e t al: Prcstofat Developm ent o f lhe Hutnun with Sp ertu l Reference loC raniojaeU t/ Struelurex: An A lias. Washington. DC.
National Institutcs o í Health. 1977.1
86 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA À OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Plexo vascular do
couro cabeludo
Aurícula da
Pálpebra
orelha externa
Olho
Ombro
Nanz
Mandibula
Boca
Punho
Cotovelo
Cordáo umbilical
Dedos dos pós
separados
Planta dos pés
Joelho Tamanho real 30,0 mm
■ Fíg. 6.16 A, Vista lateral de um embrião no estágio Carnegie 23. cerca de 56 dias. O embrião agora tem um aspecto distintamente humano. R.
Desenho indicando as estruturas mostradas cm A. O plexo vascular do couro cabeludo está reduzido e a cauda desapareceu. (A de Nishimura H.
ct al: Prenatal Development of the Human with Speciai Reference lo Craniofaeia! Structures: An Atlas. Washington, DC. National Institutos of
Health, 1977.)
__ -Cavidade •
* «■.- coriônica
Saco
vitolino
A B
■ Fig. 6.17 Imagens por ultra-som de embriões. A. Comprimento vértex-nádega (CRL). 4.S mm. C) embrião com 4.5 semanas de idade eslá
indicado pelos cursores de medida (-+-). O saco vitelino é ventral ao embrião. A cavidade coriônica aparece em prelo. H. varredura coronal de um
embrião com 5 semanas de idade ( C R I 2.09 cm). Os membros superiores aparecem claramente. O embrião esta rodeado por um àmnio delgado
(A). O fluido do saco coriônico (CC) apresenta-se mais particulado do que o fluido amniótico. (Cortesia do I )r. E.A. Lyons. Professor de Radiolo
gia, Obstetrícia e Ginecologia. Health Sciences Centre, Universily of Manicoba, Winnipeg. Manitoba, ('anadá.)
G
*
■Fig. 6.18 Esboços mostrando os métodos usados para medir o comprimento de embriões. A. Maior comprimento, li e C, Comprimento vertex-
nádega. D, Comprimento vértex-calcanhar.
88 ■ PERÍODO DA ORGANOGÊNESE: DA QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
89
90 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
■ A transformação do embrião em um feto é gradativa, mas a peso ao nascimento resultam de um retardo do crescimento intra-
mudança do nome é significativa, pois quer dizer que o embrião se uterino (IU G R, intrauterine growth retardation). A maioria dos fe
desenvolveu em um ser humano reconhecível e que todos os seus tos pesando entre 1.500 e 2.500 g sobrevive, mas apresenta dificul
principais sistemas estão formados. Durante o período fetal, o de dades; estes são recém-nascidosprematuros. A prcmaturidade é uma
senvolvimento se expressa, primariamente, pelo rápido crescimento das causas mais comuns de morbidade e morte perinatal (Behrman
do corpo e pela diferenciação dos tecidos, órgãos e sistemas. Uma et al., 1996).
alteração digna de nota que ocorre durante o período fetal é a redu
ção do crescimento da cabeça cm comparação com o do resto do
corpo (England, 1983; Bam eaetal., 1992; Hadlock. 1994a). Du ESTIMATIVA DA IDADE FETAL
rante o período fetal, a velocidade de crescimento do corpo é mui
to rápida (Fig. 7.1; Quadro 7.1) e o ganho de peso do feto é extra Quando há dúvidas acerca da idade de um feto em pacientes com
ordinário durante as últimas semanas. Períodos de crescimento uma história médica incerta, pode medir-se. por ultra-som, seu
normal contínuo se alternam com intervalos prolongados de ausên comprimento vértex-nádega (C R L ) para determinar seu tamanho
cia de crescimento (Bemstein et al., 1995). e idade provável e para fornecer uma previsão confiável da data
esperada do fxirto (ED C . expected date o f confinement) para o
parto do feto (Hadlock. 1994b). Medidas da cabeça fetal e do com
primento do fêmur também são usadas para avaliar a idade do feto.
O período intra-uterino pode ser dividido cm dias, semanas
ou meses (Quadro 7.2), mas pode haver confusão se não for
explicitado que a idade atribuída foi calculada a partir do início
-4 viabilidade é definida como a capacidade dosfetos de sobreviver do último período menstruai normal (L N M P , last norm al mens
no ambiente extra-uterino (i. e., após nascimento prematuro). Os fe truai period) — idade gestacionai ou menstruai — ou a partir
tos pesando menos de 500 g ao nascer usualmente nâo sobrevivem. do dia estimado da fertilização ou concepção — idade da fertili
Entretanto, se receberem cuidados pós-natais especializados, alguns
zação. A maioria das dúvidas surge quando são utilizados me
fetos pesando ainda menos podem sobreviver; estes sáo chamados
de infantes com peso natal extremamente baixo (E L B W , extremely ses, particularmente quando não se esclarece se são meses do
low birth weight) ou prematuros. Muitos fetos a termo com baixo calendário (28 a 31 dias) ou meses lunares (28 dias). A não ser
quando mencionado de modo explícito, neste livro, a idade fetal
Fttos Pré-viáveis
9 50 7 8 Olhos fechando ou fechados. Cabeça mais arredondada,
Genitália externa ainda nSo distinguível como masculina ou
feminina. Intestino no cordão umbilical.
10 61 9 14 Intestino dentro do ahdome. Início do desenvolvimento das unhas
\ dos dedos da mão.
12 87 14 45 Sexo distinguível extenuimente. Pescoço bem definido.
14 120 20 110 Cabeça ereta. Membros inferiores bem desenvolvidos. Início do
desenvolvimento dus unhas dos dedos dos pés.
16 140 27 20» .4.v orelhas se destacam da cabeça.
18 160 33 320 Pele coberta por vémix caseosa. A mãe sente os movimentos
do feio.
20 190 39 460 Cabelos e pêlos do corpo (lanugo) visíveis.
Fetos Viáveist
22 210 45 630 Pele enrugada c vermelha.
24 230 50 820 Unhas dos dedos das mãos presentes. Corpo magro.
26 250 55 1.000 Olhos parcialmente abertos. Cílios presentes.
28 270 59 1.300 Olhos abertos. Cabelos definidos. Pele levemente enrugada.
30 280 63 1.700 Unhas dos dedos dos pés presentes. Corpo arredondando-se.
Testículos desccndo.
32 300 68 . 2.100 At unhas atingem a ponta dos dedos das mãos. Pele rosada c lisa.
36 340 79 2.9ÍX) Corpo usualmente roliço. Pêlos do lanugo quase ausentes.
Unhas atingem as pontas dos dedos dos pés. Membros
fietidos: preensflo manual firme.
38 360 83 3.400 Tórax saliente; as mamas fazem protrusão. Testículos na
bolsa escrotal ou palpáveis nos canais inguinais. As unhas
se estendem além das pontas dos dedos das mães.
* r * t a \ medidas silo niédiax c, portanto, jkxlcm não ve jp lic a r a casos cxpecíticox: as variaçõei das dtnwnxftcs aumentam com a idade.
-ffcxies pesos se referem a fetos que foram fixados por cerca d c duas semanas cm fo n n o l a 10%. Os espécimes frescos usualmente pesam cerca dc 5% menos.
íNâto há um lim ite nfcido dc desenvolvim ento, idade ou peso n o qual um fe io automaticamente se tom a viável, nu além do qual a sobrevivência esteja assegurada, max a experiência
m ostro* que é iacom um a sobrevivência com um peso m enor que 500 £ ou com uma idade dc feniMzacèo ou idade do desenvolvim ento menor que 22 semanas. Mesm o fetos nascidos
durante o período entre 26 a 2H semanas têm dificuldade cm sobreviver, sobretudo porque os sistemas respiratório e nervoso central n io cstfto completamente diferenciado* O term o
aborto sc refere a toda* ax ycsl«»yir»e> que lerm iruim antes dn perúxlo dc viabilidade.
PERlODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO ■ 91
D 28 Samanas E 38 Semanas
■ Fig. 7.1 Desenhos de fetos cm vários estágios de desenvolvimento. A, Feto dc 9 semanas. H. Feto de 12 semanas. C, Feto dc 20 semanas. D,
Feto dc 28 semanas. E, Feto de 38 semanas. C R L. Comprimento vértex-nádega (rrown-ntmp length). Os pêlos na cabeça começam a aparecer em
como de 20 semanas.
92 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
Fertilização’* 266 38 9*
LN M P 280 40 9>í 10
♦A data do nascimento é calculada como 266 dias após o dia estimado da fertilização. ou
2KOdia* após o início do último período menstruai normal (LNMP). Da ícrtilizaçio au final
do período embrionário (8 semana.-s), a idade é expressa melhor em dias, daí cm diante, a
idade c frequentemente dada em semanas.
Trimestres da Gestação
Clinicamente, o período dc gestação c dividido em três trimes i Fig. 7.2 Ultra-sonografia transvaginal de um feto ( I ) no início da
tres, cada um dos quais com a duração de 3 meses. Ao final do nona semana mostrando sua relação com a cavidade amniótica. (2) a
primeiro trimestre, todos os principais sistemas estão formados cavidade cxtrafctal ou coriônica (3) c o âmnio (4). (De Walhen NC,Cass
(Fig.7. Ifl). Ao final do segundo trimestre, o feto pode sobrevi PL. Kitan M J. Chard T: Human chorionic gonadotrophin and alpha-
ver se nascer prematuramente. O feto atinge um marco impor íetoprotein leveis in matched samplesof amniotic fluid, extra-embryonic
tante do seu desenvolvimento com 35 semanas dc gestação. Ele coelomic fluid. and maternal scrum in the first trimester of prcgnancy.
Prenat Diagn 11:145. 1991.)
pesa cerca dc 2.500 g, valor usado para definir o nível da matu
ridade fetal. Neste estágio, o feto usualmente sobrevive se nas
cer prematuramente.
CARACTERÍSTICAS im p o r t a n t e s
Características Fetais Externas DO PERÍODO FETAL
Várias medidas c características externas são úteis para a esti Não há um sistema formal de estágios para o período fetal; en
mativa da idade fetal {Quadro 7.1). () C R L ó o método de esco tretanto. é útil considerar as alterações que ocorrem em perío
lha para a estimativa da idade fetal até o final do primeiro tri dos dc 4 a 5 semanas.
mestre, pois há muito pouca variabilidade do tamanho fetal du
rante este período. No segundo e terceiro trimestres, várias es
Nove a Doze Semanas
truturas podem scr identificadas e medidas ultra-sonograficamcn-
te (Hadlock, 1994b), mas as medidas básicas são as seguintes: No início da nona semana, a cabeça constitui a metade do C R L
• Diâm etro biparietul ( B P D . biparietal diam eter) — o diâ do feto (Figs. 7.2 c 7.3). Subseqüentemente, o crescimento do
metro da cabeça entre as duas saliências parietais comprimento do corpo se acelera rapidamente e, ao final de 12
• Circunferência da cabeça semanas, o C R L excede o seu dobro (ver Quadro 7.1). Apesar
• Circunferência abdominal de o crescimento da cabeça diminuir consideravelmente com 12
• Comprimento do fêmur semanas, esta é ainda desproporcionalmente grande cm compa
• Comprimento do pé ração com o resto do corpo. Com 9 semanas, a face é larga, os
olhos estão amplamente separados, as orelhas têm implantação
O comprimento do pé se correlaciona bem com o C R L e é muito baixa e as pálpebras estão fundidas. Ao final de 12 sema
particularmente útil para a estimativa da idade de fetos incom nas, aparecem centros prim ários de ossificação no esqueleto,
pletos ou macerados. () peso fe ta l 6, freqüentemente, um crité especialmente no crânio e nos ossos longos. As pálpebras per
rio útil para a estimativa da idade, mas pode haver uma discre manecem fundidas por todo este período.
pância entre a idade e o peso do feto. particularmente quando a No início da nona semana, as pernas são curtas e as coxas
mãe tiver tido distúrbios metabólicos durante a gravidez, como relativamente pequenas (Fig. 1A A ). Ao final das 12 semanas, os
diabetes melito. Nestes casos, o peso fetal freqüentemente exce membros superiores quase atingiram seu tamanho relativo final,
de os valores considerados normais para o C R L . Medidas bo mas os membros inferiores ainda não estão tão bem desenvolvi
checha a bochecha (Abramowicz et al., 1991) e transversais do dos e são um pouco mais curtos que seu comprimento relativo
cerebelo (Lee et al.. 1991) também têm sido usadas para verifi final. A genitália externa masculina c feminina é semelhante até
car o crescimento fetal c a idade da gestação, respectivamente. o final da nona semana. Sua forma fetal madura somente fica
A determinação do tamanho do feto, especialmente dc sua cabe estabelecida na 12.“ semana. As alças intestinais são claramente
ça. c dc grande valor para o obstetra, quando cuida de pacientes visíveis na extremidade proximal do cordão umbilical até a me
com pelves pequenas c/ou fetos com 1UGR e/ou anomalias con tade da 11* semana (Fig.7.4W). Na 11." semana, o intestino já
gênitas (F illy , 1991b). voltou para o abdome (Fig. 7.5).
PERÍODO FETAL DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO ■ 93
9 12 16 38
Tempo desde a fertilização (concepção) em semanas
■ Fig. 7.3 Esquema ilustrando a variação das proporções do corpo durante o período fetal. Com 9 semanas, a cabeça tem quase a metade do
comprimento vértex-nádega do feto. Com 36 semanas, as circunferências da cabeça c do abdome são aproximadamente iguais. Depois disto, a
circunferência do abdome pode ser maior. Todos os estágios estào desenhados com a mesma altura total.
Saco coriônico
■ Fig. 7.4 Fotografias dc um feto dc 9 semanas no saco amniótico exposto pela remoção do saco coriônico. A, Tamanho real. C) resto da vesícula
vitelina está indicado por uma seta. fí. Fotografia ampliada do feto (2 X). Observe as seguintes características: cabeça grande, costelas cartilagi
nosas e intestino no cordão umbilical (seia). (Cortesia do Professor Jean Hay |Aposentado| Department of Anatomy. University of Manitoba.
Winnipeg. Manitoba. Canadá.)
94 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
No início do período fetal, o fígado é a principal sede da rianos prim ários contendo ovogônias. Com 20 semanas, os
eritropoese (formação dos glóbulos vermelhos do sangue). Ao testículos iniciaram sua descida, mas ainda estão localizados
final da 12.* semana, esta atividade já diminuiu no fígado e co na parede abdominal posterior, tal como os ovários nos fetos
meçou no baço. A form ação da urina começa entre a nona e a femininos.
1 2 semana, e a urina é esvaziada dentro do líquido amniótico.
O feto reabsorve parte deste líquido por deglutição. Os produtos
de excreção fetais são transferidos para a circulação materna Da 21.® à 25.® Semana
atravessando a membrana placentária (ver Cap. 8).
Durante este período ocorre um ganho substancial de peso. Ape
sar de ainda ser um tanto magro, o feto é mais bem proporcionado
Da 13.* à 16.® Semana (Fig. 7.9). Usualmente, a pele é enrugada e mais translúcida, parti
cularmente durante a parte inicial deste período. A pele é rosada a
() crescimento é muito rápido neste período (Figs. 7.6 e 7.7; vermelha, nos espécimes frescos, porque o sangue é visível nos
Quadro 7.1). Com 16 semanas, a cabeça é relativamente peque capilares. Com 2I semanas, começam os movimentos oculares
na cm comparação com a dc um feto de 12 semanas e os mem rápidos, c respostas de piscar ao susto foram relatadas com 22 a
bros inferiores se alongaram. Os movimentos dos membros, que 23 semanas após a aplicação de uma fonte de ruído vibroacústico
ocorrem primeiro ao final do período embrionário (8 semanas), ao abdome materno. Com 24 semanas, as células epiteliais sccre-
tomam-se coordenados na 14.“ semana, mas são muito tênues toras (pneumócitos tipo II) das paredes interalveolares do pulmão
para serem sentidos pela mãe. Estes movimentos são visíveis começaram a sccrctar surfactante, um lipídio tensoativo que man
durante os exames por ultra-som. tém abertos os alvéolos pulmonares em desenvolvimento (ver Cap.
A ossificação do esqueleto fe ta l é ativa durante este período 12). As unhas dos dedos das mãos também estão presentes com 24
e, no início da 16.* semana, os ossos são claramente visíveis nas semanas. Apesar de um feto de 22 a 25 semanas nascido prematu
imagens por ultra-sonografia do abdome materno. Bim holz ramente poder sobreviver sc receber cuidados intensivos, ele pode
(1981) revelou, por ultra-sonografia. que ocorrem movimentos morrer durante o período pós-natal porque seu sistema respirató
oculares lentos com 14 semanas ( 16 semanas após o L N M P ). O rio ainda é imaturo.
padrão dos pêlos do couro cabeludo também é determinado du
rante este período. Com 16 semanas, os ovários estão diferenci
ados e contêm folículos primordiais que têm ovogônias (ver Cap.
14). A genitália externa pode ser reconhecida com 14 semanas
e, com 16 semanas, o feto tem mais características humanas
porque os olhos estão colocados cm posição anterior na face, em
vez de ântero-lateralmente. Além disto, as orelhas estão próxi
mas de sua posição definitiva nos lados da cabeça.
Altura de pé em mm
12 16 20 24 28 32 35 38
Idade da fertilização (concepção) em semanas
■ Fig. 7.6 Diagrama desenhado mantendo as proporções, ilustrando as mudanças de tamanho do feto humano.
Nesta idade, com freqüência um feto sobrevive se nascer prematu Nos olhos, os reflexos pupilares à luz podem ser induzidos com
ramente mas receber cuidados intensivos porque seus pulmõesjá 30 semanas. Usualmente, ao final deste período, a pele é rosada
são capa7.es de respirar. Os pulmões e os vasos pulmonares já se e lisa, e os membros superiores e inferiores têm um aspecto re
desenvolveram o suficiente para permitir trocas gasosas adequa chonchudo. Nesta idade, a quantidade de gordura branca é cerca
das. Além disso, o sistema nervoso central amadureceu ao ponto de 8 % do peso corporal. Os fetos de 32 semanas e mais velhos
de ser capaz de dirigir os movimentos respiratórios rítmicos e con usualmente sobrevivem se nascerem prematuramente. Um feto
trolar a temperatura do corpo. As maiores perdas neonatais ocor de peso normal que nasce durante este período é “ prematuro
rem em crianças de peso baixo (2.5ÍX) g ou menos) e peso muito quanto à data" em vez de “ prematuro quanto ao peso".
baixo ( 1.500 g ou menos) ao nascimento (Bchrman et al., 1996).
Os olhos estão abertos com 26 semanas, e o lanugo e os ca
belos estão bem desenvolvidos (Fig. 7.10). As unhas dos dedos Da 35.® à 38.® Semana
dos pés são visíveis, e uma quantidade considerável de gordura
subeutânea está agora presente sob a pclc, desfazendo muitas das Os fetos de 35 semanas têm uma preensão palmar firme e exi
rugas. Durante este período, a quantidade de gordura branca bem uma orientação espontânea para a luz. À medida que se
aumenta até cerca de 3,5% do peso corporal. O baço fe ta l é ago aproxima o fim da gestação (37 a 38 semanas), o sistema nervo
ra um local importante de henuitopoese — o processo de forma so está suficientemente maduro para executar algumas funções
ção e desenvolvimento de vários tipos de células sangüíneas e integrativas (Drife, 1985). Durante este “ período de acabamen
outros elementos figurados. A eritropoese no baço termina com to” , a maioria dos fetos são roliços (Fig. 7.11). Com 36 sema
28 semanas, quando a medula óssea se toma a sede principal deste nas, as circunferências da cabeça e do abdome são aproximada
processo (Boles, 1991). mente iguais. Depois disto, a circunferência do abdome pode ser
PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO ■ 97
■ Fig. 7.9 Fotografias de um feto de 25 semanas. A, No útero. tf. Tamanho real. Observe a pele enrugada c o corpo bastante magro, causado pela
escassez de gordura subeutânea. Observe que os olhos estão começando a abrir-se. Uni feto deste tamanho poderia sobreviver se nascesse prema
turamente; portanto, é considerado um feto viável. (De Moore KL. Persaud TVN. Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia,
WB Saunders. 1994.1
98 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
■ Fig. 7.10 Fotografia dc um feto dc 29 semanas no útero. Tamanho real. Observe que o feto está cm posição longitudinal e em apresentação
cefálica, o que é normal neste período da gestação. Partes da parede do útero, do córion e do àmnio foram removidas para mostrar o íeto. Fstc feto
c sua mãe morreram em conseqüência das lesões sofridas em um acidente dc automóvel. (De Moore Kl., Persaud TVN. Shiota K: Color Atlas of
Clinicai Embryology. Philadclphia. VVB Saunders, I994.)
p e r Io d o f e t a l d a mona sem an a a o n a s c im e n to ■ 99
■Fig. 7.11 Fotografia dc um feto dc 36 semanas. Metade do tamanho real. Fetos deste tamanho c desta idade geralmente sobrevivem. Observe
ocorpo roliço resultante da deposição de gordura subeutânea. A mãe deste feto foi morta em um acidente de automóvel c o feto morreu antes de
poder ser feito o parto por cesariana. (Dc Moore KL. Persaud TVN, Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia. W B Saunders,
1994.)
100 ■ p e r Io d o f e t a l : d a n o n a sem ana a o n a s c im e n to
Drogas Sociais
Amníocentese Diagnostica
As crianças nascidas de mães alcoólatras freqüentemente exibem
Este é o procedimento invasivo mais comum no diagnóstico pré-
IU G R como parte da síndrome do alcoolism o fetal (ver Cap. 9).
natal (Elias e Simpson, 1993). Para o diagnóstico pré-natal, é
Dc modo semelhante, o uso de maconha e outras drogas ilícitas
colhida uma amostra do líquido amniótico inserindo-se uma
(p. ex„ cocaína) pode causar IU G R e outras complicações obs-
agulha oca. através das paredes abdominal anterior e uterina da
tétricas (Persaud, 1988, 1990).
mãe. passando pela cavidade amniótica e perfurando o córion e
o âmnio (Fig. 7 .13A). Uma seringa é fixada à agulha e retirado
Fluxo Sangüíneo Uteroplacentário Deficiente líquido amniótico. Como há relativamente pouco líquido amni
ótico presente antes da 14* semana após o L N M P . é difícil exe
A circulação placentária materna pode ser reduzida por condi cutar a amniocentese antes deste momento. O volume do líqui
ções que diminuem o fluxo sangüíneo uterino (p. ex., vasos do amniótico é de aproximadamente 200 ml, e 20 a 30 ml po
coriônicos ou umbilicais pequenos, hipotensão grave e doença dem ser retirados com segurança. O procedimento é relativamen
renal). A redução crônica do fluxo sangüíneo uterino pode cau te isento de risco, especialmente quando feito por um médico
sar desnutrição fetal, resultando em IU G R (Harding e Charlton, experiente orientado pela ultra-sonografia para delinear a posi
1991;Ghidini, 1996). Disfunções e defeitos placentários (p. ex.. ção do feto e da placenta.
infarto; ver Cap. 8) também podem causar IU G R . O efeito final
destas anormalidades placentárias é uma redução da área total
de troca dc nutrientes entre os fluxos sangüíneos fetal e mater
no. É muito difícil separar o ef eito destas alterações placentárias
do efeito da redução do fluxo sangüíneo materno para a placen
A amniocentese é uma técnica comum para detectar distúrbios ge
ta. Em alguns casos de doença materna crônica, as alterações
néticos (p. ex., a síndrome de Down). Complicações associadas à
vasculares do útero materno são primárias e os defeitos placen
amniocentese sâo relativamente incomuns. Há um pequeno risco, es
tários são secundários (Harding e Charlton, 1991). timado como sendo de aproximadamente 0,5%, de induzir aborto
(Goldberg, 1994).
As indicações para a amniocentese usuais sfio:
Fatores Genéticos e Retardo do Crescimento
• Idade materna avançada (38 anos ou mais)
• Nascimento anterior de uma criança com trissomia (p. ex., sín
Está bem estabelecido que fatores genéticos podem causar IU G R .
drome de Down)
A existência dc casos repetidos desta situação em uma família • Anormalidades cromossômicas em um dos genitores (p. ex.,
indica que genes recessivos podem ser a causa do crescimento translocaçáo de um cromossoma; ver Cap. 9)
anormal. Nos últimos anos. foi demonstrado que aberrações es • Mulheres portadoras de distúrbios recessivos ligados ao cro
truturais e numéricas de cromossomas também podem estar as mossoma X (p. ex., hemofdia)
sociadas a casos dc crescimento fetal retardado (Thompson et al., • História de defeitos do tubo neural (NTDs) na família (p. ex.,
1991). O IU G R é acentuado em crianças com a síndrome de espinha bífida cística; ver Cap. 19)
Down e é muito característico de fetos com a síndrome da • Portadoras de erros inatos do metabolismo (Elias e Simpson.
1993)
trissomia 18 (ver Cap. 9).
102 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
A alfa-fetoproteína (A F P ) é uma glicoprotcína sintetizada no fí Podem ser feitas biópsias de vilosidades coriônicas (cm sua
gado fetal e na vcsícula vitelina e que sai da circulação para o maioria trofoblastos) inserindo-se uma agulha na cavidade ute
líquido amniótico de fetos com defeitos do tubo neural abertos rina. orientando-se por ultra-sonografia, através das paredes ab
(N TD s), como a espinha bíFida com mielosquise, meroanence dominal e uterina da mãe (Fig. 7.13B ). A amostragem da vilosi
falia. ou anencefalia (ver Cap. 19). Os N TD s abertos se referem dade coriônica também é feita por via transcervical usando-se a
a lesões que não são cobertas por pele. A alfa-fetoproteína tam orientação da ultra-sonografia em tempo real (Hogge, 1991;
bém aparece no líquido amniótico quando há defeitos abertos da Harman, 1995).
parede abdominal (V W D s), como gastrosquise e onfalocele (ver
Cap. 13).
Vilosidade coriônica
Placenta
Bexiga
Parede uterina
Espéculo
Cavidade amniótica
Seringa
Transdutor do
uhra-som
Bexiga
Vagina
vilosidade
coriônica
A B
■ Fig. 7.13 A, Desenho ilustrando a técnica da amniocentese. Uma agulha é inserida na cavidade amniótica através da parede abdominal inferior
e da parede uterina. Uma seringa é afixada e o líquido amniótico é retirado para fins diagnósticos. B , Desenho ilustrando a amostragem de vilo
sidade coriônica (CVS). Esta técnica é usualmente executada cm tomo da nona semana após o último período menstruai. São ilustradas duas
abordagens para a amostragem: através da parede abdominal anterior materna, com uma agulha dc punção espinhal, e através da vagina e do canal
cervical usando-se uma cânula maleável.
PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO ■ 103
■ Fig. 7.14 Núcleos de células do líquido amniótico obtidas por amniocentese. A. Núcleo cromatina-posilivo, indicando a presença de um feto
feminino; a cromatina sexual está indicada por uma seta. B, Núcleo cromatina-ncgativo. indicando a presença de um feto masculino. Nenhuma
cromatina sexual é visível. Coloração pelo cresil-violeta (1.000 X). C, Núcleo cromatina Y-positivo, indicando a presença dc um feto masculino.
A seta indica a cromatina Y como um corpo intensamente fluorescente obtido após a coloração da célula por mostarda quinacrina. 04 e R de Riis
M. Fuchs F: Sex chromatin and antcnatal sex diagnosis. In Moorc K L (cd): The 5e.\- Chromatin. Philadclphia. W B Saunders, 1966.)
104 ■ PERÍODO FETAL: DA NONA SEMANA AO NASCIMENTO
A varredura por ultra-som fornece medidas precisas do B P D Até cerca de 30 semanas, o feto parece avermelhado e enru
do crânio fetal, a partir das quais podem ser feitas estimativas gado por causa da pele delgada e da relativa ausência de gordura
bastante exatas da idade c do comprimento fetais (Hadlock. subeutânea. Usualmente, a gordura se desenvolve rapidamente
I994a,b). A Fig. 7.15 ilustra como podem ser observados deta durante as últimas 6 a 8 semanas, dando ao feto uma aparência
lhes do feto por ultra-sonografia. Os exames por ultra-som tam lisa e rechonchuda. Este período terminal (de "acabamento’’) é
bém são úteis para diagnosticar gestações anormais num estágio devotado sobretudo à construção dc tecidos e ao preparo dos sis
muito precoce (F illy , 1991b). temas envolvidos na transição do ambiente intra-uterino para o
extra-uterino, primariamente os sistemas respiratório e cardio
vascular. As alterações que ocorrem no período fetal não são tão
Tomografia Computadorizada e Imagem por dramáticas quanto as que aparecem no período embrionário, mas
Ressonância Magnética são muito importantes. O feto é menos vulnerável aos efeitos
teratogênicos de drogas, vírus e radiação, mas estes agentes po
Quando é planejado tratamento fetal, tal como uma cirurgia dem interferir no crescimento e desenvolvimento funcional nor
(Filly, 1991 a,b), a tomografia computadorizada (C T ) e a imagem mal, especialmente do cérebro e dos olhos (ver Cap. 9).
por ressonância magnética (M R1) podem ser usadas para forne Há várias técnicas disponíveis para avaliar o estado do feto c
cer mais informações acerca dc uma anormalidade que tenha sido para diagnosticar certas doenças e anomalias do desenvolvimen
detectada por ultra-som. As desvantagens da M R I atual incluem to, antes do nascimento. Hoje em dia, usando várias técnicas
alto custo, os planos fixos dos cortes e uma resolução fetal lim i diagnósticas, como a amniocentese e a ultra-sonografia. o médi
tada. A tomografia computadorizada é útil para diferenciar en co pode determinar se um feto apresenta ou não uma determina
tre gêmeos monoamnióticos e diamnióticos, isto é, em um ou dois da doença ou uma anomalia congênita. O diagnóstico pré-natal
sacos amntóticos (ver Cap. 8). É importante que isto seja conhe pode ser feito em uma fase bastante inicial da gravidez, permi
cido para os cuidados durante a gestação, porque é alta a morta tindo a sua interrupção precoce, caso esta decisão seja tomada,
lidade perinatal de gêmeos monoamnióticos — 30 a 50% de ris como quando são diagnosticadas anomalias graves incompatí
co dc morte (Finberg, 1994). veis com a vida pós-natal. Em casos selecionados, o feto pode
ser submetido a vários tratamentos (Soothill, 1996). como, por
exemplo, a administração de drogas para corrigir arritmia cardí
Monitoramento Fetal aca ou distúrbios da tireóide. A correção cirúrgica de anomalias
Sofrimento Fetal
f
O sofrimento fetal pré-natal tem várias causas, tais como as doen
ças maternas que reduzem o transporte de oxigênio para o feto (p.
ex., doença cardíaca cianótica). O método do monitoramento exter
no usa transdutores colocados sobre o abdome da mãe. Por exem
plo, um transdutor de ultra-som capta ondas sonoras de alta freqüên
cia que refletem a ação mecânica do coração fetal. Para maiores in
formações sobre o sofrimento fetal e o monitoramento contínuo do
coração fetal, ver Harman (1995) e Manning (1995).
congênitas in utero também é possível, como as ureterostomias F illy RA. Callen PW , Goldstein RB: a-Fctoprotcin screcning programs. What
em fetos que têm os ureteres que não se abrem na bexiga (Harri- every obstetrie sonologist should know. In Callen PW (ed): Ultrasonogra
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1. Ouvi dizer que o embrião maduro apresenta contrações e que um (ed): Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology, 3rd cd. Philadelphia.
feto no primeiro trimestre move seus membros. Isto é verdadei W B Saunders. 1994.
ro? Se for, nesta época a mâe pode sentir seu bebê dando chutes? Hadlock FP: Fetal growth. In Callen PW' (cd): Ultrasonography in Obstetrics
2. Algumas mulheres têm “ enjôos matinais" durante o início da ges and Gynecology, 3rd ed. Philadelphia. W B Saunders. 1994a.
tação. Que tipo de doença é esta? Como pode ser tratada? Hadlock FP: Ultrasound determination of menstruai age. In Callen PW (ed):
Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology, 3rd cd. Philadelphia, W B
3. Ouvi dizer que o bebê pode causar cáries nos dentes da máe. É
Saunders. 1994b.
verdade? Haddow JE : a-Fetoprotcin. In Harrison M R, Golbus MS, Filly RA (eds): The
4. Li num jornal que a suplementação vitamínica por volta da épo Unbom Patient: Prenatal Diagnosis atui Treatment. 2nd ed. Philadelphia.
ca da concepção impede defeitos do tubo neural (NTDs) como a W B Saunders, 1991.
espinha bífida. Há provas científicas corroborando esta afirma Harding JE , Charlton V: Experimental nutritional supplcmentation for intrau
ção? terine growth retardation. In Harrison MR. Golbus MS, Filly RA (eds): The
5. O feto pode ser lesado pela agulha durante a amniocentese? Há Unbom Patient: Prenatal Diagnosis and Treatment. 2nd ed. Philadelphia.
risco de induzir o aborto ou de causar infecção materna ou fetal? W B Saunders. 1991.
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As respostas a estas questões são apresentadas nofin al do livro. cntific Publication, 1995.
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Placenta e
Membranas Fetais
Placenta
Parto
Âmnio e Líquido Amniótico
Saco Vitelino
Alantóide
Gravidez Múltipla
Resumo da Placenta e Membranas Fetais
Questões de Orientação Clínica
106
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS ■ 107
Tuba uterina
Decídua capsular
Vilosidades coriònicas
Decídua parietal sobre o saco coriônico
Miomêtrio
Tampão mucoso
Cónon viloso
Decídua basal
Saco vitelino
Saco vitelino
Córion liso
Decídua capsular
Local do Ostio
interno do útero
C Decídua parietal
Tampão mucoso Tampão mucoso
Vagina
Decídua basal
Córion viloso
Saco
vitelino
Cavidade uterina
Àmnio
Saco coriônico
(córion liso)
Membrana
Decídua parietal amniocoriônica
■ Fig. 8.1 Desenhos ilustrando o desenvolvimento da placenta e das membranas fetais. A, Corte coronal do útero mostrando a elevação da decídua
capsular causada pelo saco coriônico cm expansão dc um embrião dc 4 semanas, implantado no emlométrio da parede posterior. B , Desenho
ampliado do local da implantação. As vilosidades coriònicas foram expostas fazendo-se uma abertura na decídua capsular. C a F, Cortes sagitais
do útero grávido da 5.* à 22.‘ semana, mostrando as relações mutáveis das membranas fetais com a decídua. Em F. o âmnio e o córion estão
fundidos um com o outro c com a decídua parietal. obliterando deste modo a cavidade uterina. Observe em />a F que as vilosidades coriònicas
persistem apenas onde o córion está associado à decídua basal.
106 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
■ A parte fetal da placenta e as membranas fetais separam o feto degeneram próximo ao saco coriônico na região do sinciciotro-
do endométrio do útero. Uma troca de substâncias (p. ex., nutri foblasto e, juntamente com sangue materno e secreções uterinas,
entes e oxigênio) ocorre entre a circulação sangüínea materna c fornecem uma rica fonte dc nutrição para o embrião. As regiões
a fetal através da placenta. Os vasos do cordão umbilical unem a deciduais claramente reconhecíveis durante a ultra-sonografia
circulação placentária com a circulação fetal. são importantes no diagnóstico precoce da gravidez (Filly, 1994;
O córion. o âmnio, o saco vitelino e a alantôide constituem Townsend, 1994).
as membranasfetais. Estas se formam do zigoto, mas não parti
cipam na formação do embrião ou do feto, exceto partes do saco
vitelino e da alantôide. Parte do saco vitelino é incorporada ao Desenvolvimento da Placenta
embrião como o primórdio do intestino. A alantôide se torna um
cordão fibroso, conhecido como o úraco, no feto, e como liga As descrições anteriores do desenvolvimento placcntário inicial
mento umbilical mediano, no adulto. Ele se estende do ápice da descreviam a proliferação rápida do trofoblasto e o desenvolvi
bexiga urinária ao umbigo. mento do saco coriônico e das vilosidades coriònicas (ver Caps.
4 e 5). Ao final da terceira semana, estão estabelecidas as estru
turas anatômicas necessárias para as trocas fisiológicas entre a
PLACENTA mãe e o embrião. Ao final da quarta semana, formou-se, na pla
centa, uma rede vascular complexa que facilita as trocas mater-
A placenta é o local fundam ental das trocas de nutrientes e ga no-embrionârias de gases, nutrientes e produtos metabólicos de
ses entre a mãe e o feto. A placenta é um órgão m aternofetal excreção.
com dois componentes: As vilosidades coriònicas cobrem todo o saco coriônico ate o
* s.
começo da oitava semana (Figs. 8 .1C, 8.2 e 8.3A). À medida que
• Uma porção fetal, que se origina de pane do saco coriônico
este saco cresce, as vilosidades associadas à decídua capsular são
• Uma porção materna, que deriva do endométrio
comprimidas, reduzindo seu suprimento sangüíneo. Estas vilo
A placenta e o cordão um bilical funcionam como um siste sidades logo degeneram (Figs. 8.1D e 8.3B ), produzindo uma área
ma de transporte das substâncias que transitam entre a mãe e o nua relativamente avascular, o córion liso. Quando estas vilosi
feto. Nutrientes e oxigênio vão do sangue materno para o san dades desaparecem, aquelas associadas à decídua basal rapida
gue fetal, e os produtos de excreção c o dióxido dc carbono, do mente aumentam de número, ramificam-se profusamente e au
sangue fetal para o sangue materno, através da placenta. A pla mentam de tamanho (Fig. 8.4). Esta porção frondosa do saco
centa e as membranas fetais desempenham as seguintes funções coriônico é o córion viloso.
Ye atividades:
• Proteção
• Nutrição
• Respiração
• Excreção
• Produção de hormônios
O tamanho do saco coriônico é útil para a determinação da idade da
Logo após o nascimento de uma criança, a placenta e as mem gestação de embriões em pacientes com histórias menstruais incer
branas fetais são expelidas do útero. tas (Filly, 1994). O saco coriônico inicial está cheio de líquido
coriônico porque o saco amniótico, que contém o embrião, e o saco
vitelino são relativamente pequenos (Fig. 8.1C). O crescimento do
Decídua saco coriônico é extremamente rápido entre a quinta e a décima se
mana. O equipamento moderno da ultra-sonografia, especialmente
A decídua (do lat., deciduus, que cai) se refere ao endométrio instrumentos equipados com transdutores intravaginais, permite aos
grávido — a camada funcional do endométrio em uma mulher especialistas em ultra-sonografia detectar sacos coriônicos (da ges
grávida. O termo decídua é apropriado porque esta parte do en tação) com um diâmetro médio de 2 a 3 mm (Fig. 8.5). Sacos cori
ônicos com este diâmetro indicam que a idade da gestação é cerca
dométrio se separa do resto do útero após o parto.
de 4 semanas e 3 a 4 dias (Filly, 1994), isto é, 18 dias após a fertili
Três regiões da decídua recebem nomes de acordo com sua zação.
relação com o local da implantação (Fig. 8.1):
• A decídua basal é a parte da decídua situada mais distan
te do concepto, que forma o componente materno da pla
centa. O útero, o saco coriônico e a placenta aumentam à medida
• A decídua capsular é a parte superficial da decídua que que o embrião e o feto crescem. O aumento de tamanho e de es
recobre o concepto. pessura da placenta continua rapidamente até o feto ter cerca de
• A decídua parietal (decídua vera) é constituída por todas 18 semanas dc idade (gestação de 20 semanas). A placenta plena
as partes restantes da decídua. mente desenvolvida cobre 15 a 30% da decídua e pesa cerca de
um sexto do feto. A placenta tem duas partes (Figs. 8. lE e 8.6):
Em resposta aos níveis crescentes de progesterona no sangue
materno, as células do estroma (tecido conjuntivo) da decídua • O componente fetal da placenta é formado pelo córion
aumentam de tamanho para formar as células deciduais, que se viloso. As vilosidades-tronco, que surgem deste, se proje
coram fracamente. Estas células aumentam à medida que tam para dentro do espaço interviloso contendo sangue
glicogênio e lipídios se acumulam no seu citoplasma. As altera materno.
ções celulares e vasculares deciduais que resultam da gravidez * O com ponente m aterno da placenta é formado pela
são chamadas dc reação decidual. Muitas células deciduais decídua basal. a porção da decídua relacionada com o com-
-'LAC-LWIA E ME MB flANAS ■: IAM 109
Vilosidades
coriònicas
Córion
hsc
Vasos
cor ómeos
Cordão
umbilical
Tamanho foal do
£
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B
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Fig. 8.2 Vista .iu-iviI iIo um n n h ião abortado c^ponianoamonU- no u•<’amc$!u- I I. ivica dc í J di.iv ( K v;k ms cmiíõiiu h o amnióuco
laiam abiilo-. pura iirnsiiai oembrião ( Hvsoi \v mt?ramlialanianliM •Io saio vilclino m^lo csCilmo. /»'. I amanho tcal do cnibiiaot' suav membrana'»
110 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
E S P A Ç O IN T E R V IL O S O
Córion
Cotovelo de
um feto de
13 semanas
.Córion
viloso
Cotilódone
Espaço
mterviloso
■ Fig. 8.4 Fotografia dc ura saco coriônico humano contendo um feto de 13 semanas. O córion liso fomui-sc com a dcgcncração e desaparecimento
das vilosidades coriònicas desta área tk» saco coriônico. O córion viloso (chorionfrondosum) fica onde as vilosidades coriònicas persistem c formam
a pane letal da placenta. In siiu. os cotilédones estavam presos íi decídua basal, c o espaço interviloso era preenchido por sangue materno.
C IR C U L A Ç Ã O P L A C E N T A R IA M A T E R N A
Decídua basal
Cordào umbilical
coriônica
Membrana
amniocoriônica
Cavidade uterina
Córion liso
Tampão
mucoso
Decídua parietal
Vagina
■ Fig. 8.6 Desenho de um corte sagital de um útero grávido de 4 semanas mostrando a relação das membranas letais entre si c com a decídua e
o embrião. O âmnio e o córion liso foram cortados e rebatidos para mostrar sua relação mútua e com a decídua parietal.
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS « 1 1 3
endometnais endometriais
Circulação materna
i Fig. 8.7 Desenho esquemático do corte transversal de unia placenta madura, mostrando { l ) a relação do córion viloso (parte fetal da placenta)
com a decídua basal iparte materna da placenta); (2) a circulação placentária fetal; e (3) a circulação placentária materna. O sangue materno
proveniente das artérias espirais flui para os espaços intervilosos em jorros em forma de funil, e as trocas com o sangue letal ocorrem quando o
sangue materno flui em torno das vilosidades ramificadas. É através das ramificações vilosas que ocorre a maior parte das trocas de material entre
a mãe e o embrião/feto. () sangue arterial que chega empurra o sangue venoso para fora do espaço interviloso c para dentro das veias endometnais.
que estão dispersas por toda a superfície da decídua basal. Observe que as artérias umbilicais conduzem sangue fetal pouco oxigenado (mostrado
cm azul) para a placenta c que a veia umbilical leva sangue oxigenado (mostrado em vermelho) para o feto. Observe que os cotilédones estão
separados uns dos outros pelos septos placcntários, que são projeções da decídua basal. Cada cotilédone é constituído por duas ou mais vilosida-
des-tronco e suas numerosas ramificações. Neste desenho, apenas uma vilosidade-tronco é mostrada em cada cotilédone, mas é indicada a inser
ção dos que foram removidos.
Endotélio do
capilar fetal
Eixo de tecido
Membrana conjuntivo da
placentária vilosidade
Rede arteriocapilar
venosa
Capilares fetais
Vilosidade Células de
'ramificada Hofbauer
Citotrofoblasto
Sinciciotrofoblasto
Agregado nuclear
Células citotrofoblásticas ou nó sincicial
Sinciciotro persistentes
foblasto • i» -■Xv
Material
fibrinóide Sangue fetal
rico em oxigênio
-'Artérias Membrana
placentária
■ Fig. 8.8 A. Desenho de uma vilosidade-tronco coriônica mostrando seu sistema arteriocapilar venoso. As artérias conduzem sangue fetal pou
co oxigenado e produtos dc excreção do feto. enquanto a veia conduz sangue oxigenado e nutrientes para o feto. fí e C, Desenhos de cortes de uma
ramificação de vilosidade com 10 semanas e a termo, respectivamente. A membrana placentária, composta por tecidos extrafetais, separa o san
gue materno no espaço interviloso do sangue fetal nos capilares das vilosidades. Observe que a membrana placentária sc toma muito delgada a
termo. Acrcdita-sc que as células dc Hofbauer sejam células fagocitárias.
se acentuadamente delgada. Nestas áreas, o sinciciotrofoblasto Durante o terceiro trimestre, numerosos núcleos no sincicio
fica cm contato direto com o endotélio dos capilares fetais, for trofoblasto das vilosidades se agregam, formando protrusões
mando a membrana placentária vasculossincicial. A membra multinucleadas ou agregados nucleares — os nós sinciciais. Estes
na placentária era antes denominada barreira placentária — um agregados se fragmentam continuamente e são levados do espa
termo inadequado, pois somente algumas substâncias, endóge- ço interviloso para a circulação materna. Alguns nós se alojam
nas ou exógenas, são incapazes dc passar através da membrana nos capilares do pulmão materno, onde são rapidamente destru
placentária cm quantidades detectávcis (Kraem ere Noerr, I997). ídos por ação enzimática local. Ao final da gravidez, forma-se
A membrana placentária atua como uma barreira verdadeira m aterial fibrinóide na superfície das vilosidades. Este material
apenas quando a molécula tem um certo tamanho, configuração é constituído por fibrina e outras substâncias não identificadas
e carga, como heparinae bactérias. Alguns metabólitos, toxinas que se coram intensamente pela eosina. O material fibrinóide
c hormônios, apesar dc estarem presentes na circulação mater resulta sobretudo do envelhecimento e parece reduzir a capaci
na, não passam através da membrana placentária cm concentra dade dc transferencia da placenta.
ções suficientes para afetar o embrião/feto.
A m aioria das drogas e outras substâncias no plasm a mater
Funções da Placenta
no passa através da membrana placentária e é encontrada no
plasm a fe ta l (Fig. 8.9). M icrografias eletrônicas do sincicio A placenta tem três funções principais:
trofoblasto mostram que sua superfície liv re tem m uitas
• Metabolismo (p. cx., síntese de glicogcnio)
m icrovilosidades, que aumentam a superfície para as trocas en
• Transporte de gases c nutrientes
tre as circulações materna e fetal (Benirschke e Kaufman, 1990).
• Secreção endócrina íp. ex., gonadotropina coriônica hu
À medida que a gestação avança, a membrana placentária torna-
mana |hCG|)
se progressivamente mais delgada, de modo que, em muitos ca
pilares fetais, o sangue fica extremamente próximo do sangue Estas atividades conjuntas são essenciais para a manutenção
matemo do espaço interviloso (Fig. 8.8C). da gestação e para promover o desenvolvimento fetal normal.
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS « 1 1 5
Outras Substâncias
Antígenos de hemácias
Hormônios
Membrana
placentária
2 Veias endometriais
t Sistema venoso
I materno
E -------------- -
a>
c
S
8.
in
LU Artérias espirais
endometriais
Oxigênio e Nutrientes
Água Drogas (p. ex., álcool)
Carboidratos Venenos e monóxidos
Aminoácidos de carbono
Lipídios
Eletrólitos ... ^ Rubéola
Vírus <T ,
Hormônios ^ Citomegalovirus
Vitaminas Estrôncio-90
Ferro Toxoplasma gondii
Elementos traço
O utrasS ubstânçjas
Anticorpos. IgG e vitaminas
■ Fig. 8.9 Ilustração csqucmática da transferência através da membrana placentária (barreira). Os tecidos extrafetais, através dos quais ocorre o
transporte de substâncias entre a mãe e o feto, constituem coletivamente a membrana placentária. (A fotografia inserida é de Javcrt CT: Spontaneous
and Habitual Abortion. 1957. Cortesia da The Blakiston Di vision, McGraw-Hill Book Co. Copyright 1957 por McGraw-Hill. Usada com permis
são de McGraw-Hill Book Co.)
O transporte passivo p or difusão simples é. usualmente, ca prontamente transportadas para o feto por pinocitose. Os anti
racterístico das substâncias que sc deslocam de áreas de concen corpos maternos conferem imunidade ao feto contra doenças
tração mais alta para as de concentração mais baixa, até que o como difteria, varíola e sarampo; no entanto, nenhuma imuni
equilíbrio seja estabelecido. Na difusão facilitad a, o transporte dade é adquirida contra o pertussis (coqueluche) ou varicela (ca
ocorre por meio de cargas elétricas. O transporte ativo contra um tapora). Uma proteína materna, a transferrina. cruza a membra
gradiente de concentração requer energia. Estes sistemas podem na placentária c leva ferro para o embrião ou feto. A superfície
envolver enzimas, que se combinam temporariamente com as placentária contém receptores especiais para esta proteína
substâncias transportadas. A pinocitose é uma forma de endoci- (Carlson, I994).
tose na qual o material englobado é uma pequena amostra do
líquido extracelular. Este método de transporte é usualmente
reservado para moléculas grandes. Algumas proteínas são trans
feridas muito lentamente, através da placenta, por pinocitose.
rampo e poliomielite. podem passar através da membrana pla Os estrógenos também sào produzidos em grande quantidade
centária e causar infecção fetal. Em alguns casos, como o do vírus pelo sinciciotrofoblasto (Nathanielsz. 1996).
da ruhéola. podem ser produzidas anomalias congênitas graves
(ver Cap. 9). Microrganismos, como o Treponemapallidum, que C R E S C IM E N T O U T E R IN O D U R A N T E A G R A V ID E Z
causa a sífilis. e o Toxoplasma gondii, que produz alterações
destrutivas no encéfalo e nos olhos, também cruzam a membra O útero de uma mulher não grávida fica situado na pelve menor,
na placentária. Estes organismos entram no sangue fetal, freqüen ou pelve verdadeira (Fig. 8.10A). Ele aumenta de tamanho du
temente causando anomalias congênitas e/ou a morte do embrião rante a gestação para acomodar o concepto em crescimento. O
ou feto. útero, ao aumentar, também aumenta de peso, e suas paredes se
tomam mais finas (Fig. 8.10/í e C ). Durante o primeiro trimes
tre, com 20 semanas o útero se desloca para fora da cavidade pél
S ÍN T E S E E S E C R E Ç Ã O E N D Ó C R IN A P L A C E N T Á R IA vica, usualmente atingindo o nível do umbigo. Com 28 a 30 se
manas, ele alcança a região cpigástrica — a área entre o processo
Usando precursores derivados do feto e/ou da mãe. o sincicio xifóide do esterno e o umbigo. O aumento de tamanho do útero
trofoblasto da placenta sintetiza hormônios proléicos e esterói resulta sobretudo da hipertrofia das fibras musculares lisas pree
des. Os horm ônios protéicos sintetizados pela placenta são os xistentes e, parcialmente, do desenvolvimento de novas fibras.
seguintes:
• Gonadotropina coriônica humana (hC G )
• Somatomamotrofina coriônica humana (h C S) ou lacto- PARTO
gênio placentário humano (h P L )
• Tireotrofina coriônica humana (hC T) O parto é o processo do nascimento durante o qual o feto, a pla
centa e as membranas fetais são expelidos do trato reprodutor
• Corticotrofina coriônica humana (h C A C T H )
da mãe (Fig. 8.11). O trabalho dc parto é a seqüência de con
A glicoproteína hCG, semelhante ao hormônio luteinizante trações uterinas, involuntárias, que resulta na dilatação da cér
(LH ), é primeiro secretada pelo sinciciotrofoblasto. durante a vice e na saída do feto e da placenta do útero. Os fatores que
segunda semana. A gonadotrofina coriônica humana mantém o desencadeiam o trabalho de parto não são completamente com
corpo lúteo, impedindo a instalação dos ciclos menstruais. A preendidos, mas vários hormônios estão relacionados com o iní
concentração de hCG no sangue materno e na urina sobe a um cio das contrações. O hipotálamo fetal secreta o horm ônio de
nível máximo na oitava semana, declinando a seguir. A placen liberação da corticotrofina, que estimula a hipófise anterior a
ta também desempenha um papel importante na produção de produzir o horm ônio adrenocorticotrófico (A C T H ). O A C T H
hormônios esteróides — a progesterona e os estrógenos. A induz a secreção de cortisol pelo córtex da adrenal. O cortisol
progesterona é essencial para a manutenção da gestação. Os está envolvido na síntese dos estrógenos. Estes esteróides esti
ovários de uma mulher grávida podem ser removidos, após o mulam a contração uterina (Nathanielsz, 1996).
primeiro trimestre, sem causar o abortamento, porque a placen A s contrações peristálticas do músculo liso uterino são
ta assume a produção de progesterona do corpo lúteo do ovário. provocadas pela oxitocina, liberada pelo lobo posterior da hi-
Intestino (observe a
compressão)
Fígado
Umbigo
Intestino grosso
Placenta
Útero
Reto
Bexiga
Vagina
■ Fig. 8.10 Desenhos dc cortes medianos do corpo de uma mulher. A. Não grávida, li. Com 20 semanas de gestação. C, Com 30 semanas dc
gestação. Observe que, à medida que o concepto cresce, o útero aumenta de tamanho para acomodar o feto cm crescimento rápido. Com 20 sema
nas, o útero e o feto atingem o nível do umbigo e, com 30 semanas, a região cpigástrica. As vísceras abdominais da mãe são deslocadas e compri
midas. c a pele c os músculos de sua parede abdominal anterior são muito distendidos.
Parede uterina Àmnio e córion Vagi na
Canal cervical B
E Hematoma
(coágulo
sangüíneo)
Útero contraído
membranas e
cordão umbilical expelidos
■ Flfl. 8.11 Desenhos ilustrando o parto. A e B, A cérvice dilata-se durante o primeiro estágio do trabalho dc parto. C a £', O feto passa pela
cérvice e a vagina durante o segundo estágio do trabalho dc parto. F c G. Durante o terceiro estágio do trabalho dc parto, o útero sc contrai c a
placenta se dobra c desprende da parede uterina. A separação da placenta resulta em sangramento e formação de um grande hematoma (massa dc
sangue). A pressão sobre o abdome facilita a separação da placenta. H, Durante o quarto estágio do trabalho dc parto, a placenta é expelida, e o
útero se contrai.
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS « 1 1 9
Cotilédone
■ Fig. 8.12 Fotografias de placentas e membranas fetais após o nascimento, ccrca dc um terço do tamanho real. A. Superfície materna mostrando
cotilédoncs c os sulcos em tomo destes. Cada cotilédone convexo é constituído por um certo número dc vilosidades-tronco principais com suas
múltiplas ramificações vilosas. Os sulcos eram ocupados pelos septos placentários quando as partes materna e fetal da placenta estavam unidas
(ver Fig. 8.7). li. Superfície fetal mostrando os vasos sangüíneos correndo na profundidade da placa coriônica c convergindo para formar os vasos
umbilicais na inserção do cordão umbilical. C. O âmnio c o córion liso estão dispostos para mostrar que sào fundidos e contínuos com as bordas
da placenta. I>. Placenta com inserção marginal do cordão, freqüentemente chamada de placenta em raquete, por causa tle sua semelhança com a
raquete usada no jogo medieval do volante.
pófi&c. Clinicamente, este hormônioé administrado quando é ne tálamo fetal que inicia o processo do nascimento (Nathanielsz,
cessário induzir o trabalho de parto. A oxitocina também esti 1996).
mula a liberação de prostaglaudinus da decídua, que estimulam
a contratilidade do miométrio, sensibilizando as células deste ã Estágios do Trabalho de Parto
oxitocina. Os estrógenos também aumentam a atividade contrátil
do miométrio e estimulam a liberação de oxitocina e prosta- I lá quatro estágios do trabalho dc parto:
glandinas. Estudos leitos em ovelhas c em primatas não huma • O prim eiro estágio do trabalho dc parto (estágio da di-
nos sugerem que a duração da gestação e o processo do nasci latação) começa com evidências objetivas de dilatação
mento estão sob o controle direto do feto. Certamente, é o hipo progressiva da cérvice (Fig . 8.11A c li). A dilatação é
120 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
V A R IA Ç Õ E S DA F O R M A D A P L A C E N T A
O característico aspecto de pavim entação com seixos desta
superfície é produzido pelas áreas vilosas ligeiramente salientes
A medida que a placenta se desenvolve, as vilosidades coriôni-
— os cotilédones — separados por sulcos anteriormente ocupa
cas persistem apenas onde o córion viloso está em contato com
dos pelos septos placentários (Figs. 8.7 e 8 .12A). A superfície
a decídua basal. Usualm ente, isto produz a típica placenta
dos cotilédones é coberta por fragmentos finos acinzentados da
discoidal (Fig. 8.12). Quando persistem vilosidades coriònicas
decídua basal que se separa da parede uterina juntamente com a
em outras regiões, ocorrem algumas variações da forma da pla
placenta.
centa, como a placenta acessória (Fig. 8.13). As variações da
forma e do tamanho da placenta usualmente são de pouco signi
ficado fisiológico ou clínico. Para uma discussão sobre outras S U P E R F ÍC IE F E T A L DA P L A C E N T A
variações da forma da placenta, ver M<x)re e Persaud (1998).
O exame da placenta, pré-natal pela ultra-sonografia e pós- O cordão um bilical usualmente se prende à superfície fetal, e
natal pelo estudo macro- e microscópico, pode fornecer infor seu epitélio amniótico é contínuo com o âmnio aderido à placa
mações clínicas acerca das causas de: coriônica da placenta (Figs. 8.6,8.7 e 8.12B e C ). Os vasos cori-
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS ■ 121
Placenta percreta
Vilosidades 1 Cavidade uterina
coriônicas i /
Ovário acreta
Tuba uterina
Endométrio
Placenta prévia
Miométrio
interno do útero
Perimétrio
Hemorragia
Cérvice
Vagina
■ Fig. 8.14 Anormalidades placentárias. Na placenta acreta. há uma aderência anormal da placenta ao miométrio. Na placenta percreta. a pla-
ccma penetra cm toda a espessura do miométrio. Na placenta prévia, a placenta fica sobre o óstio interno do útero c bloqueia o canal cervical.
122 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
formam alças produzindo nós falsos, que não têm nenhum sig- Margem da placenta
nificado; entretanto, em cerca de \% das gestações, formam-se
nós verdadeiros no cordão, que podem tornar-se apertados e
causar morte fetal resultante de anóxia fe ta l (Fig. 8 .17). Na mai
oria dos casos, os nós se formam durante o trabalho dc parto, na
passagem do feto através de uma alça do cordão. Pelo fato de
estes nós serem usualmente frouxos, eles não têm significado
clínico. Ocasionalmente, ocorre a formação de aiças simples do
cordão em torno do feto (Fig. 8 .16B ). Em cerca dc um quinto de
todos os partos, o cordão forma alças frouxas em tomo do pes
coço, sem aumento do risco para o feto.
Líquido Amniótico
CIRCULAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO
O líquido amniótico desempenha um papel importante no cres
cimento e no desenvolvimento fetais. Inicialmente, as células O conteúdo de água do líquido amniótico é trocado a cada 3 ho
amnióticas podem sccretar uma pequena quantidade de líquido; ras. Grande quantidade de água passa através da membrana
entretanto, a maior parte do líquido amniótico deriva do líquido amniocoriônica para o líquido tecidual materno e entra nos ca
tecidual (in tersticial) materno, por difusão através da membra pilares uterinos. TambiSm ocorre troca de líquido com o sangue
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS ■ 123
fetal através do cordão umbilical e onde o âmnio está aderido à ml dc líquido amniótico por dia. O líquido vai para a corrente
placa coriônica na superfície fetal da placenta (Figs. 8.7 e 8.126); sangüínea fetal, e os produtos dc excreção nele contidos cruzam
desta maneira, o líquido amniótico fica cm equilíbrio com a cir a membrana placentária c entram no sangue materno no espaço
culação fetal. O líquido am niótico é deglutido pelo feto e absor interviloso. O excesso de água no sangue fetal é excretado pelos
vido pelos tratos respiratório e digestivo do feto. Estima-se que, rins fetais e devolvido ao saco amniótico através do trato urinário
durante os últimos estágios da gravidez, o feto engole até 400 fetal.
C O M P O S IÇ Ã O D O L ÍQ U ID O A M N IÓ T IC O
Epitélío
Artéria
umbilical
Veia
umbilical
Âmnio
Tecido
conjuntivo
mucoso
■ Flg. 6.18 Corte transversal de um cordão umbilical. Observe que o cordão está coberto por um epitélio simples derivado do revestimento do
âmnio que o envolve, e tem um eixo central de tecido conjuntivo mucoso (geléia dc Wharton). Observe também que o cordão tem uma artéria
umbilical e urna veia umbilical. Usualmente há duas artérias. Cada artéria tem um revestimento muscular espesso, ou túnica media. A veia. que
leva sangue oxigenado da placenta, não é usual, pois sua parede, ao contrário da maioria das veias, é constituída principalmente pela túnica media.
(Cortesia do Professor V. Beckcr. Pathologisches Institut der Universitüt, Erlangcn, Alemanha.)
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS ■ 125
Âmnio coriônica
Pedículo de fixaçào
Saco amniótico
-Vilosidade coriônica
Intestino embrionáno
amniótico
Vesícula vitelina
Cavidade coriônica
Cordào umbilical
(córion viloso)
Resto da
vesícula vitelina
Córion
Vela
Embrião Pedículo de
Artérias umbilicais
Intestino
sangüíneo da alantôide
Vesícula vitelina
Úraco
Ligamento
umbilical Útero
mediano
Bexiga
Reto
■ Fig. 8.21 Desenhos ilustrando o desenvolvimento c o destino usual da alantôide. A, Embrião de três semanas. B, Feto dc nove semanas. C, Feto
masculino dc três meses. D, Mulher adulta. A alantôide não funcional forma o úraco. no feto. e o ligamento umbilical mediano no adulto.
gêmeos idênticos (F ig . 8.23). As membranas fetais e a(s) uma repetição da gcminaçâo, ou alguma outra forma de nasci
placenta(s) variam de acordo com a origem dos gêmeos e, no caso mentos múltiplos.
dos gêmeos M Z, o tipo da placenta e das membranas formadas
depende do momento em que ocorre o processo de gcminaçâo.
Cerca de dois terços dos gêmeos são D Z. A freqüência da
geminaçao D Z mostra diferenças raciais acentuadas, mas a in
cidência da geminaçõo M Z é mais ou menos a mesma em todas
as populações (Thompson et al., 1991). Além disto, a percenta
gem da geminaçao M Z mostra pouca variação com a idade ma
terna. enquanto a percentagem da gem inaçao D Z aumenta com Podem ocorrer anastomoses entre os vasos sangüíneos das placcn-
a idade materna. tas fundidas dos gêmeos DZ e resultar em mosaico crltrocltário.
O estudo dos gêmeos é importante em genética humana, pois Os membros destes gêmeos DZ têm hemácias de dois tipos diferen
é útil na comparação dos efeitos dos genes e ambientais sobre o tes porque os eritrócitos foram permutados entre as duas circulações.
desenvolvimento. Quando uma condição anormal não mostra um Para maiores informações acerca dos resultados da anastomosc dos
padrão genético simples, a comparação de sua incidência em vasos placentários, ver Moore e Persaud (1998).
gêmeos M Z e D Z pode revelar o envolvimento da hereditarie
dade. A tendência de os gêmeos D Z, mas não dos M Z, se repe
tirem nas fam ília s é evid en cia de in flu ên cia hereditária
(Thompson et al., 1991). Estudos feitos numa população de
mórmons mostraram que o genótipo da mãe afeta a freqüência
dos gêmeos D Z, mas o genótipo paterno não tem qualquer efei
to (Page et al., 1981). Também foi visto que, quando os gêmeos
Esta síndrome ocorre em 15 a 30% dos gêmeos M Z monocoriônico-
são primogênitos, há uma probabilidade cerca de cinco vezes
diamnióticos. O sangue arterial é desviado de um dos gêmeos, atra-
maior que na população geral de, na próxima gestação, ocorrer
128 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
Dois Estágio de
zigotos duas células
Placentas separadas
4 ) de blastocisto
► Implantação dos
blastocistos
Placentas fundidas
Implantação dos
blastocistos um
perto do outro
Dois córions Dois àmnios
(fundidos)
■ Fig. 8.22 Esquemas mostrando como os gêmeos dizigóticos (D Z) sc desenvolvem a partir de dois zigotos. As relações das membranas letais
c das placcntas são mostradas nos casos em que (A) os blastocistos se implantam separadamente c (B ) os blastocistos se implantam muito próxi
mos. Em ambos os casos, há dois ámnios c dois córions. Usualmente, as placentas fundcm-sc quando cias se implantam muito próximo uma da
outra.
PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS ■ 129
Dois âmnios
Uma placenta
Um saco coriônico ^
Dois sacos amnióticos
Duas massas
celulares internas
Estágio de
Zigoto duas células
■ Fig. 8.23 Esquemas ilustrando como cerca de 65% dos gêmeos monozigóticos (M Z) se formam a partir de um único zigoto pela divisão da
massa celular interna do biastocisto. Estes gêmeos sempre têm âmnios separados, um único saco coriônico c uma placenta comum. Quando os
vasos placentários se anastomosam, um gêmeo pode receber a maior parte da nutrição da placenta (ver Fig. 8.24).
130 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
Placentas
separadas
diamnióticas
dicoriônicas
Dois blastocistos
Duas
mórulas
Estágio de
Zigoto duas células Placentas separadas
Placentas
soparadas
diamnióticas
dicoriônicas Placentas fundidas
■ Fig. 8.25 Esquemas ilustrando como cerca dc 35% dos gêmeos monozigóticos (M Z) se formam a partir dc um único zigoto. A separação
dos blastômeros pode ocorrer a qualquer momento entre o estágio dc duas células (blastômeros) ate o estágio dc mórula. produzindo dois
blastocistos idênticos. Subseqüentemente, cada embrião lorma seus próprios sacos amniótico e coriônico. As placentas podem ser separadas
ou fundidas. Lm 25% dos casos, há uma única placenta resultante da fusão secundária e. cm 10% dos casos, duas placentas. Nestes últimos
casos, o exame da placenta sugere serem gêmeos di/.igóticos (DZ). Isto explica porque alguns gêmeos MZ são erradamente declarados gêmeos
DZao nascer.
observado em tomo do saco coriônico, e este liga o saco à decídua nocivos da mãe para o embrião ou feto. Os produtos de excre
basal. ção passam, através da membrana placentária, do feto para a mãe.
As principais atividades da placenta são: As membranas letais e a(s) placenta(s) variam consideravel
mente nas gestações m últiplas, dependendo da derivação dos
• Metabolismo, como a síntese de glicogênio, colesterol e
embriões e do momento em que ocorre a divisão das células
ácidos graxos
embrionárias. O tipo mais comum de gêmeos são os gêmeos
• Trocas respiratórias de gases (oxigênio, dióxido dc carbo-
dizigóticos (D Z ), com dois âmnios. dois córions e duas placen
no e monóxido dc carbono)
tas, que podem estar fundidas ou não. Os gêmeos monozigóticos
• Transferência de nutrientes, como vitaminas, hormônios
(M Z ). o tipo menos comum, representam cerca de um terço de
e anticorpos
todos os gêmeos; eles derivam de um único zigoto. Os gêmeos
• Elim inação dos produtos de excreção
monozigóticos comumentc têm um córion, dois âmnios e uma
• Secreção endócrina (p. ex., hCG) para a manutenção da
placenta. Os gêmeos com um âmnio, um córion e uma placenta
gravidez
são sempre monozigóticos, e seus cordões umbilicais estão, fre
Todas estas atividades são essenciais para a manutenção da qüentemente, emaranhados. Outros tipos de nascimentos múlti
gestação e para promover o desenvolvimento normal do feto. plos (trigemeos etc.) podem derivar dc um ou mais zigotos.
A circulação fetal está separada da circulação materna por uma O saco vitelino e a alantôide são estruturas vestigiais; entre
delgada camada de tecidos extrafetais — a membrana placen tanto, sua presença é essencial para o desenvolvimento embrio
tária. Esta é uma membrana permeável que permite a passagem nário normal. Ambas as estruturas são sítios da formação inicial
de água. oxigênio, substâncias nutritivas, hormônios e agentes do sangue e ambas são parcialmente incorporadas ao embrião.
132 ■ PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS
Placenta única e
saco coriônico único
Cavidade amniótica
Saco amniótico único
Divisão do disco
embrionário
Gêmeos separados
Embriões fundidos
Estágio de
Gêmeos interligados
Gêmeo parasita
■ Fig. 8.26 Esquemas ilustrando como alguns gcmcos monozigóticos (M Z) sc desenvolvem. Este modo dc desenvolvimento é muito incomum.
A divisão do disco embrionário resulta cm dois embriões com um único saco amniótico. A, A divisão completa do disco embrionário dá origem
a gêmeos. Estes gêmeos raramente sobrevivem porque seus cordões umbilicais freqüentemente estão tâo emaranhados que há interrupção do
suprimento sangüíneo para os fetos. ífe C . A divisão incompleta do disco resulta cm vários tipos de gêmeos interligados.
1. O que significa natimorto? Mulheres mais velhas têm mais crian REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS
ças natimortas? Ouvi dizer que mais crianças do sexo masculino
que do feminino nascem monas. Isto é verdade? Bchrman R E, Klicgman RM , Arvin AM (eds): Nelson Textbook o f Pediatria, »
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PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS « 1 3 3
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Defeitos Congênitos Humanos
134
DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS ■ 135
■ Anom alias congênitas, defeitos congênitos e malformações o papel das drogas no desenvolvimento dos defeitos de nascen
congênitas são termos usados correntemente para descrever dis ça humanos. Eles descreveram anomalias graves dos membros
túrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento (do lat., c perturbações do desenvolvimento causadas pela lalidom ida
congenitus, nascido com). Os defeitos de nascença são a mai durante o início da gestação (Brent e Holmes, 1988; Kliegman.
or causa de mortalidade infantil e podem ser estruturais, funci 1996). Estima-se que 7 a 10% dos defeitos congênitos humanos
onais, metabólicos. comportamentais ou hereditários (Persaud resultem das ações nocivas de drogas, vírus e outros fatores
et al., 1985). O guia de referência mais comumente usado para ambientais (Persaud, 1990; Thompson et al., 1991). De acordo
a classificação dos defeitos congênitos 6 o International C las com dados dos U.S. Centers for Disease Control, a causa princi
sifica ti on o f D isease s (M e d ic o d e 's H osp ital and Pa yer pal de morte das crianças brancas são os defeitos congênitos.
ICD.9.Cm, 4* ed, 1995). Este sistema prático de classificação M ais de 2 0 % das mortes infantis nos Estados Unidos são
dos defeitos do desenvolvimento, que leva cm consideração o atribuídas a defeitos de nascença. Grandes anomalias estrutu
momento do início da lesão, a possível causa e a patogenia, é rais, como a espinha bífida cística — um tipo grave de defeito
agora amplamente aceito entre os médicos (Spranger et al., vertebral no qual o tubo neural não se fecha, são observadas em
1982; Jones, 1997). cerca de 3 % das crianças recém-nascidas. Anomalias adicionais
Uma anom alia congênita é qualquer tipo de anormalidade podem scr detectadas após o nascimento; assim, a incidência
estrutural: entretanto, nem todas as variações do desenvolvimento chega a cerca de 6 % nas crianças de 2 anos de idade e a 8 % nas
são anomalias. As variações anatômicas são comuns; por exem crianças de 5 anos de idade (Nelson e Holmes. 1989). Para as
plo, os ossos variam entre si não apenas na sua forma básica, mas contribuições da epidemiologia ao estudo dos defeitos congêni
em pequenos detalhes da estrutura da superfície (Moore, 1992). tos (registros, sistemas de vigilância, prevenção), ver Khourv
As anom alias congênitas sào de quatro tipos clinicam ente sig- (1995).
nificantes.- malformação, perturbação, deformação e displasia. As causas das anom alias congênitas são divididas em:
Para uma discussão sobre o significado destes termos, ver M oo
• Fatores genéticos, como anormalidades cromossômicas
re e Persaud (1998).
• Fatores am bientais, como drogas e vírus
No entanto, muitas anomalias congênitas comuns são causa
TERATOLOGIA: ESTUDO DO das por fatores genéticos e ambientais atuando em conjunto — a
DESENVOLVIMENTO ANORMAL herança m ultifatorial.
Em 50 a 60% das anomalias congênitas, as causas são desco
A teratologia é o ramo da ciência que estuda as causas, mecanis nhecidas (Fig. 9.1). As anomalias congênitas podem ser isola
mos e padrões do desenvolvimento anormal. Um conceito fun das ou múltiplas e de maior ou menor significado clínico. Pe
damental da teratologia é o de que certos estágios do desenvol quenas anom alias isoladas estão presentes em cerca de 14% dos
vimento embrionário são mais vulneráveis à perturbação que recém-nascidos (Jones, 1997). As anomalias do ouvido externo,
outros. Até a década de 1940, acreditava-se, de modo geral, que por exemplo, não têm significado médico sério, mas indicam ao
as membranas extra-embrionárias fetais (âmnio e córion) e as clínico a possível presença de anomalias graves associadas; por
paredes abdominal e uterina da mãe protegiam os embriões hu exemplo, a presença de uma única artéria umbilical alerta o
manos dos agentes ambientais, como drogas e vírus. Gregg médico quanto à possível presença de anomalias cardiovascula-
(1941) apresentou as primeiras evidências bem documentadas de res e renais. Noventa por cento das crianças com três ou mais
que um agente ambiental (o vírus da rubéola) podia produzir pequenas anomalias também têm um ou mais defeitos importan
perturbações graves do desenvolvimento, como catarata, se es tes. Dos 3 % nascidos com anomalias congênitas clinicamente
tivesse presente durante o período crítico do desenvolvimento significativas. 0.7% tem múltiplas anomalias importantes (Jones,
humano dos olhos, coração e ouvidos. Entretanto, as observa 1997). A maioria destas crianças morre durante o período neo-
ções de Lenz ( 1961) e M cBride (1961) chamaram a atenção para natal. Os grandes defeitos do desenvolvimento são muito mais
Etiologia desconhecida
Herança multifatorial
Anormalidades cromossômicas
Genes mutantes
Agentes ambientais
■ Fig. 9.1 Ilustração gráfica das causas das anomalias congênitas humanas. Observe que a causa da maioria das anomalias é desconhecida c que
20 a 25% destas s3o devidas a uma combinação de fatores genéticos e ambientais (herança multifatorial).
136 ■ DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS
Meiose I
Meiose II
Zigoto anormal
(contém 47 cromossomas)
■ Fig. 9.2 Esquema mostrando a nào-disjunção de cromossomas durante a primeira divisão meiótica dc um ovócito primário, resultando cm um
ovócilo anormal com 24 cromossomas. A fertilização subseqüente por um espermatozóide normal produz um zigoto com 47 cromossomas —
aneuploidia — , um desvio do número diplóide humano dc 46.
constituição cromossômica mais freqüente na síndrome dc Tur- • Trissomia 21, ou síndrome de Down (Fig. 9.4)
ner é 45,X ; no entanto, quase 5 0 % destas pessoas têm outros ca- • Trissomia 18, ou síndrome de Edwards (Fig. 9.5)
riótipos (Hook e Warburton, 1983). Para ver o significado clíni • Trissomia 13, ou síndrome de Patau (Fig. 9.6)
co destas constituições cromossômicas, como o cariótipo em mo
As crianças com a trissomia 13 e a trissomia 18 têm malfor
saico 45,X/46,XX, ver Thompson et al. (1991).
mações graves, são mentalmente retardadas e, usualmente, mor
rem cedo na primeira infância. Mais dc 50% dos conceptos tris-
T R IS S O M IA D O S A U T O S S O M A S sôm icos abortam no in ício da gestação. A trissom ia dos
autossomas ocorre, com freqüência crescente, com o aumento
Quando três cromossomas estão presentes em vez do par usual, da idiule materna', por exemplo, a síndrome da trissomia 21 ocor
a anormalidade é uma trissomia. As trissomias são as anormali re uma vez a cada 1.400 nascimentos de mães entre 20 e 24 anos.
dades mais comuns do número de cromossomas (H all, 1996). A mas uma vez a cada 25 nascimentos cm mães de 45 anos ou mais
causa usual deste erro numérico é a nâo-disjunção m eiótica dos (Quadro 9.2).
cromossomas (Fig. 9.2), resultando cm um gameta com 24 em O mosaicismo — dois ou mais tipos celulares contendo nú
vez de 23 cromossomas e, subseqüentemente, em um zigoto com meros diferentes de cromossomas (normal e anormal) — leva a
47 cromossomas. A trissomia dos autossomas está associada a um fenótipo menos grave, e o Q I pode ser quase normal. Para
três síndromes principais (Quadro 9 .1): maiores informações sobre trissomias, ver Hall (1996).
138 ■ DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS
Aberração/síndrome
cromossômka Incidência Características morfológicas usuais Figuras
Trissomia 21. ou síndrome de Down* 1 :800 Deficiência mental; braquicefalia. dorso do nariz achatado; inclinação para cima 9.4
das fissuras palpebrais; língua protrusa; sulco palmar simíesco; clinodactilia do quinto
dedo; defeitos cardíacos congênitos.
Síndrome da trissomia 18* 1 : 8.000 Deficiência mental; retardo do crescimento; occiput proeminente; esterno curto; defeito 9.5
do septo do ventrículo; micrognatia; orelhas malformadas de implantação buixa: dedos
fletidos, unhas hipoplásticas; pés com plantas arredondadas cm cadeira dc balanço.
Síndrome da trissomia 13t 1 : 25.000 Deficiência mental; malformações graves do sistema nervoso central; testa inclinada 9.6
para trás; orelhas malformadas, defeitos do couro cabeludo; mícroftalmia; fenda labial
bilateral e/ou palatina; polidactilia; calcanhares com saliência posterior.
♦A im portância desle d istúrbio nu problema global do rctuído mentol é indicada pelo fa to de que pessoas com a síndrome dc D ow n representam 10 a 15% dos deficientes menui»
institucionalizados <Brcg, 1975). A Incidtncia da iristomUi 21 tuijerlilizaçâo é maior que ao nau tmenio: no entanto, 75% dos embriões abortam espontaneamente c pelo menos 20% »Se
natimortos.
♦Crianças com esta síndrome raramente sobrevivem akfm dc 6 meses.
DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS ■ 139
20-24 1 1.400
25-29 1 1.100
30-34 1 700
35 1 350
37 1 225
39 1 140
41 1 85
43 1 50
45 + 1 25
Quadro 9.3
Complemento
cromossôniico’* Sexo Incidência t Características usuais
47X X X Feminino 1:960 Aparência normal; usualmente férteis; 15-25% têm retardo mental moderado.
47.XXY Masculino 1 : 1.080 Síndrome dc Klinefelter. testículos pequenos, hialinização dos túbulos seminíferos;
ausência de espermatogênese; freqüentemente altos, com membros inferiores
desproporcionalmente longos. A inteligência é menor que a dos irmáos normais.
Cerca de 40% destes pacientes têm ginecomastia.
47.XYY Masculino 1 : 1.080 Aparência normal; usualmente altos; freqüentemente exibem comportamento
agressivo.
♦Os números designam o número lo ta i d c cromossomas, incluindo os cromossomas sexuais. mostrados depois da vírgula.
tDados de Ifo o k M B , llam erton Jl.: The írequency o f chromosoroe abnorm alities detcctod in consecutive new bom siudies — DiffcreiKC-s bctwccn studies — Results b y sex and by tevericy
o í phcnotypic involvem ent. in H ook E B . Porter 1H (eds): Population Cytogtnetics: Studies in Humans. N ew Y o rk . A cadcm ic Press. 1977.
140 ■ DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS
Tríploidia
Tetraploídia
T R A N SLO C A Ç Ã O
Perda
I A
B
Quebras dos cromossomas
Perda
Cr O O :
i i I
OU
5
* é S
Quebra
Perda
l,W
Quebra
* I
in 14
I
21
■ Fig. 9.8 Esquemas ilustrando várias anormalidades estruturais dos cromossomas. A, Translocação recíproca, fí, Deleção terminal. C. Cromos
soma em anel. D. Duplicação. F„ Inversão paracêntrica. F, Isocromossoma. G, Translocação rohertsoniana.
Fig. 9.9 A, Menino com a síndrome do miado do gato. (Dc Gardncr EJ: Principies ofCíenetics, 5“ ed. New York, John Wiley & Sons. I975.) B,
Cariótipo parcial dcstc menino mostrando uma deleção termina) da extremidade do braço curto do cromossoma 5. A seta indica o local da deleção.
sim como aqueles com microduplicações, são chamados de síndro- cessidade da cultura de células para a análise específica dos cromos
mes dos genes contíguos. Dois exemplos são: somas, como no caso do diagnóstico pré-natal das trissomias fetais.
• A síndrom e de P ra d er- W illi (PW S), um distúrbio de ocorrên
cia esporádica, está associado a baixa estatura, retardo men
tal moderado, obesidade, hiperfagia (comer demasiadamen
te) e hipogonadismo (função gonadal inadequada)
• A síndrom e de Angelm an (AS), caracterizada por retardo men
tal grave, microcefalia, braquicefalia (cabeça curta), convul
sões e movimentos atáxicos (incoordenados) dos membros e As duplicações podem ser representadas como uma parte duplicada
do tronco de um cromossoma, dentro dc um cromossoma (Fig. 9.8D), presa a
um cromossoma, ou como um fragmento separado. A s duplicações
O fenótipo clínico é determinado pela origem da deleção do cro são m ais comuns que as deleções, e menos nocivas porque náo ocorre
mossoma 15 em um dos genitores. Quando a deleção surge na mãe, perda de material genético. A duplicação pode envolver parte de um
ocorre AS; quando é transmitida pelo pai, a criança exibe o fenótipo gene, genes inteiros, ou uma série de genes (Thompson et al., 1991).
PWS. Isto sugere o fenômeno do imprinting genético, pelo qual a
expressão diferencial do material genético depende do sexo do ge
nitor que o transmite (Kirkilionis et al., 1991).
■ Fig. 9.11 Síndrome do X frágil. A. Menino dc 8 anos dc idade mentalmente retardado, exibindo aspecto relativamente normal, com face longa
c orelhas proeminentes, fí. Sua irmã de 6 anos de idade também apresenta esta síndrome. Ela tem uma leve dificuldade de aprendizagem e os
traços semelhantes da face longa e orelhas proeminentes. Observe o estrabismo (desvio do olho direito). Apesar dc este ser um distúrbio ligado ao
X, às vezes portadoras femininas expressam a doença. (Cortesia do Dr. A. E. Chudley. Professor of Pcüiatrics and Child Health, Children’s Hos
pital and University of Manitoba. Winnipcg. Manitoba. Canadá.)
u
ANOMALIAS CAUSADAS POR onário alterando processos fundamentais, como o compartimento
FATORES AMBIENTAIS intracelular, a superfície da célula, a matriz extracelular e o ambi
ente fetal. Nenhuma hipótese fundamental explica os mecanismos
subjacentes (Persaud et al., 1985). Sugeriu-se que a resposta celu
Apesar de o embrião humano estar bem protegido no útero, cer
lar inicial pode assumir mais de uma forma (genética, molecular,
tos agentes ambientais — os teratógenos — podem causar per
bioquímica, biofísica), resultando em seqüências diferentes de al
turbações do desenvolvimento após a exposição materna a eles
terações celulares (morte celular, interação-indução celular defei
(Quadro 9.4). Um teratógeno é qualquer agente que possa pro
tuosa, biossíntese reduzida dos substratos, movimentos morfoge-
duzir uma anomalia congênita ou elevar a incidência dc uma
néticos prejudicados e perturbação mecânica). Finalmente, estes
anomalia na população (Persaud. 1990; Kliegman, I996). Fato
tipos diferentes de lesão patológica possivelmente levariam ao
res ambientais, como infecções e drogas, podem simular condi
defeito final (morte intra-uterina. anomalias do desenvolvimento,
ções genéticas, como ocorre quando duas ou mais crianças dc
retardo do crescimento fetal, ou distúrbios funcionais) através de
genitores normais são afetadas. O princípio importante é — “ nem
uma via comum (Bcckman c Brent. 1984).
tudo que é fam ilial é genético” . Os órgãos e as partes de um
() rápido progresso da biologia molecular está fornecen
embrião são mais sensíveis aos agentes teratogênicos durante os
do mais inform ações sobre o controle genético da diferenci
períodos de diferenciação rápida (Fig. 9 .12).
ação, bem como sobre a cascata de eventos envolvidos na ex
Os fatores ambientais causam 7 a 10% das anomalias congê
pressão dos genes homeobox e a formação de padrões. É razoá
nitas (Fig. 9.1). Pelo fato de a diferenciação bioquímica preceder
vel especular que a perturbação da atividade genica em qualquer
a diferenciação morfológica. o período durante o qual as estrutu
estágio critico possa levar a um desenvolvimento defeituoso. Este
ras são sensíveis às interferências pelos teratógenos freqüentemente
ponto de vista baseia-se em estudos experimentais recentes mos
precede em alguns dias o estágio visível dc seu desenvolvimento.
trando que a exposição de embriões dc camundongo e de anfíbi
Os teratógenos não parecem ser eficazes em causar anomalias antes
os ao teratógeno ácido retinóico altera o domínio da expressão
do início da diferenciação celular; entretanto, sua ação precoce
gênica e perturba a morfogênese normal. Os pesquisadores es
pode causar a morte do embrião, como. por exemplo, durante as
tão agora dirigindo maior atenção aos mecanismos moleculares
primeiras 2 semanas do desenvolvimento. Os mecanismos exatos
do desenvolvimento anormal numa tentativa dc compreender
pelos quais drogas, substâncias químicas e outros fatores ambien melhor a patogênese das anomalias congênitas (DeLuca, 1991).
tais perturbam o desenvolvimento embrionário e induzem anor
malidades ainda permanecem obscuros. Mesmo os mecanismos
de ação da talidomida sobre o embrião são um “ mistério", e mais Princípios Básicos em Teratogênese
de 20 hipóteses foram postuladas para explicar como ela perturba
o desenvolvimento do embrião (Castella et al.. 1996). Quando se considera a teratogenicidade de um agente como uma
Muitos estudos mostraram que certas influências hereditárias e droga ou uma substância química, três importantes princípios têm
ambientais podem afetar adversamente o desenvolvimento embri que ser considerados;
DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS ■ 145
DROGAS
Ácido valpróico Anomalias craniofaciais; defeitos do tubo neural (DTNs); freqüentemente hidrocefalia; defeitos
cardíacos c esqueléticos.
Álcool Síndrome do alcoolismo fetal (FA S): crescimento intra-uterino retardado (IUGR); retardo mental,
microcefalia; anomalias oculares; anormalidades das articulações; fissuras palpebrais curtas.
Aminopterina IUGR; defeitos do esqueleto; malformações do sistema nervoso central, sobretudo meroancncefalia
' (a maior parte do encéfalo está ausente).
Andrógenos c altas doses de progestágenos Graus variáveis dc masculinizaç3o de fetos femininos; genitália externa ambígua resultando na fusão
dos lábios c hipertrofia do clitóris.
Bussulfano Crescimento prejudicado; anormalidades do esqueleto, opacificaçào da córnea; fenda palatina;
hipoplasia de vários órgãos.
Carbonato dc lítio Várias anomalias usualmente envolvendo o coração e os grandes vasos.
Cocaína IUGR; microcefalia; infarto cerebral; anomalias urogenitais, distúrbios ncurocomportamentais.
Dietilescilbestrol Anormalidades do útero c da vagina; erosão e cristas cervicais.
Fenitoína (Dilantina) Síndrome da hidantoína fetal (FH S )■ , IUGR; microcefalia; retardo mental; sutura metópica sulcada;
pregas epicantais internas; ptose palpebral; dorso do nariz largo e deprimido; hipoplasia falangiana.
Isotretinoína (ácido 13-cw-rctinóico) Anormalidades craniofaciais; defeitos do tubo neural (DTNs). como espinha bífida císüca;
defeitos cardiovascularcs.
Mctotrexato Anomalias múltiplas, especialmente esqueléticas, envolvendo a face, o crânio, os membros e a
coluna vertebral.
Talidomida Desenvolvimento anormal dos membros; meromelia (ausência parcial) e amelia
(ausência completa); anomalias faciais; anomalias sistêmicas, p. ex.. defeitos cardíacos c renais.
Tctraciclina Dentes manchados; hipoplasia do esmalte.
Trimetadiona Retardo do desenvolvimento; sobrancelhas em forma de V; orelhas de implantação baixa; fenda
labial e/ou palatina.
Warfarina Hipoplasia nasal; epífises pontilhadas; falanges hipoplásticas; anomalias oculares; retardo mental.
SUBSTÂNCIAS Q UÍM ICAS
Bifcnilas policloradas (PCBs) IUGR; descolorações da pele.
Mctilmcrcúrio Atrofia cerebral; espasticidadc; convulsões; retardo mental.
IN FEC Ç Õ ES
Citomegalovírus Microcefalia; coriorretinite; perda sensorial neural; desenvolvimento psicomotor/mental retardado;
hepatoesplenomegalia; hidrocefalia; paralisia cerebral; calcificações encefálicas (periventriculares).
Parvovíius humano B19 Defeitos oculares; alterações degenerativas nos tecidos fetais.
Toxopiasma gondii Microcefalia; retardo mental; microftalmia; hidrocefalia; coriorretinite; calcificações cerebrais; perda
da audição; distúrbios neurológicos.
Treponema pallidum Hidrocefalia; surdez congênita; retardo mental; dentes e ossos anormais.
Vírus da encefalite eqüina da Venezuela Microcefalia; microftalmia; agenesia cerebral; necrose do SNC; hidrocefalia.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV) Falta de crescimento; microcefalia; testa proeminente cm forma dc caixa; dorso do nariz achatado;
hipertelorismo; filtro triangular e lábios estirados.
Vírus da rubéola IUGR; retardo do crescimento pós-natal; anormalidades cardíacus e dos grandes vasos; microcefalia;
surdez sensorial neural; catarata; microftalmia; glaucoma; retinopatia pigmentar; retardo mental;
sangramento neonatal; hepatoesplenomegalia; osteopatia.
Vírus da varicela Cicatrizes cutâneas <distribuiç8o seguindo os dermátomos); anomalias neurológicas (p. ex., paresias
dos membros, hidrocefalia, convulsões); cataratas; microftalmia; síndrome de Homer; atrofia óptica;
nistagmo; coriorretinite; microcefalia; retardo mental; anomalias esqueléticas (p. ex., hipoplasia dos
membros, dos dedos das mios e dos pés); anomalias urogenitais.
Vírus do herpes simples Vesículas c cicatrizes na pele; coriorretinite; hepatomegalia; trombocitopcnia; petéquias; anemia
hemolítica; hidranencefalla.
ALTOS N ÍV EIS D E RADIAÇÃO IO NIZANTE Microcefalia; retardo mental; anomalias esqueléticas; retardo do crescimento; cataratas.
CONGÊNITOS
8 16 32 38
P eríodo de drvisào do
zigoto. im plantação c
H U M AN O S
em bnào bilam inar
M orte do em brião e
G randes anom alias congênitas Defeitos funcionais e pequenas anomalias
abortam ento espontâneo com uns
■ Fig. 9.12 Ilustração esquemática dos períodos críticos do desenvolvimento pré-natal humano. Durante as primeiras 2 semanas do desenvolvimento, usualmente o embrião não é suscetível
aos teratógenos; um teratógeno lesa todas as células ou a maioria delas, o que leva à morte do embrião, ou lesa apenas algumas células, permitindo que o concepto se recupere e o embrião se
desenvolva sem defeitos congênitos. A cor lilás denota os períodos altamente sensíveis quando os grandes defeitos podem scr produzidos (p. ex„ amelia. ausência dos membros). O verde
indica estágios menos sensíveis aos teratógenos. quando pequenos defeitos podem ser induzidos (p. ex.. polegares hipoplásicos).
DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS ■ 147
GENÓTIPO DO EMBRIÃO
grave do desenvolvimento quando administrados durante o pe gravidez podem resultar em alterações do crescimento e da mor-
ríodo organogenétieo de certas partes do embrião (p. ex.. a tali fogênesc do feto (Behrman et al., 1996); quanto maior a inges
domida e o desenvolvimento dos membros). Outros teratógenos tão. mais graves os sinais. As crianças que nascem de mães al
causam retardo mental e do crescimento, assim corno outras coólatras crônicas exibem um padrão específico de defeitos (Per
anomalias, quando usados excessivamente ao longo de todo o saud. 1988, 1990; Aase, 1994), inclusive deficiência do cresci
desenvolvimento (p. ex.. o álcool). mento pré-natal e pós-natal, retardo mental e outras anomalias
O uso de drogas prescritas p o r médicos e não prescritas du (Fig. 9.13; Quadro 9.4). Microcefalia, fendas palpebrais curtas,
rante a gravidez é surpreendentemente alto. De 40 a 90% das pregas do epicanto, hipoplasia maxilar, nariz curto, lábio supe
mulheres grávidas consomem pelo menos uma droga durante a rior fino, sulcos palmares anormais, anomalias articulares e do
gestação. Vários estudos indicaram que algumas mulheres to ença cardíaca congênita também estão presentes na maioria des
mam uma média de quatro drogas, excluindo os suplementos tas crianças. Este padrão de anomalias — a síndrom e do alco
alimentares, e cerca de 50% destas mulheres as tomam durante olism o fetal (FAS) — é detectado em 1 a 2 recém-nascidos por
o primeiro trimestre. O consumo de drogas também tende a ser 1.000 nascimentos vivos (Behrman et al., 1996). A incidência
mais alto durante o período crítico do desenvolvimento entre as da F A S está relacionada com a população estudada. Freqüente
grandes fumantes e consumidoras de álcool (Persaud, 1990). mente é necessário ter experiência clínica para fazer um diag
Apesar disto, menos de 2 % das anom alias congênitas são cau nóstico acurado de F A S porque as anomalias físicas nas crian
sados por drogas e substâncias quím icas (Brent, 1986). Ape ças afetadas são inespecíficas. Contudo, o padrão geral das ca
nas algumas drogas foram positivamente implicadas como agen racterísticas clínicas presentes é típico, mas pode variar de sutil
tes teratogênicos humanos (Quadro 9.4). Apesar de apenas 7 a a grave (Aase, 1994).
10% das anomalias serem causadas por teratógenos reconhecí Acredita-se, atualmente, que o abuso materno de álcool seja
veis (F ig .-9.1), novos agentes continuam a ser identificados a causa m ais comum de retardo mental. Mesmo o consumo
(Behrman et al., 1996). E melhor que as mulheres evitem usar materno moderado dc álcool |p. ex., I (28,36 g) a 2 onças (56,72
qualquer medicação durante o primeiro trimestre, a não ser que g) por dia] pode produzir efeitos do alcoolism o fetal (FAE)
haja uma forte razão médica para seu uso. e, mesmo assim, ape — crianças com dificuldades comportamentais e de aprendi
nas quando reconhecida como razoavelmente segura para o em zagem, por exemplo — especialmente se a bebida estiver as
brião humano. sociada à má nutrição. Grandes bebedeiras (consumo intenso
de álcool por 1 a 3 dias durante a gravidez) têm muita probabi
Cigarros. () tabagismo materno é uma causa bem estabelecida lidade de produzir F A E . O período suscetível do desenvolvi
de IU G R . Apesar dos avisos de que fumar cigarros é perigoso mento do encéfalo abrange a maior parte da gestação; portan
para o feto, mais de 25% das mulheres continuam a fumar du to, o conselho mais seguro é a abstinência total de álcool du
rante a gestação. Nas grandes fumantes de cigarros (20 ou mais rante a gravidez.
por dia), o parto prematuro é duas vezes mais freqüente que cm
mulheres não fumantes, c seus filhos pesam menos que o nor
mal . O baixo peso ao nascimento ( abaixo de 2.000 g )é o p rin ci
p al indicador de morte neonatal. Em um estudo de casos com
controles, foi encontrado um modesto aumento na incidência de
crianças com defeitos cardíacos conotruncais e deficiências nos
membros associados ao tabagismo tanto materno quanto pater
no (Wasserman et al., 1996).
A nicotina induz à constrição dos vasos sangüíneos uterinos.
causando uma dim inuição do fluxo sangüíneo uterino, baixan
do o suprimento de oxigênio e de nutrientes disponíveis ao em
brião/feto no sangue materno no espaço interviloso da placenta.
Esta deficiência no embrião prejudica o crescimento celular e
pode ter um efeito adverso sobre o desenvolvimento mental.
Altos níveis de carboxiem oglobina, resultantes de fumar cigar
ros, aparecem no sangue materno e fetal, e podem alterar a ca
pacidade do sangue de transportar oxigênio. Conseqüentemen
te, pode ocorrer hipôxia fe ta l crônica (dim inuição abaixo do
normal dos níveis de oxigênio), afetando o crescimento e o de
senvolvimento fetais.
Anticonvulsivantes. Aproximadamente l entre 200 mulheres grande escala de recém-nascidos, não demonstraram um aumento
grávidas é epiléptica e requer tratamento com um anticonvulsi- do risco de defeitos congênitos após sua administração a mulhe
vante. Dentre os anticonvulsivantes disponíveis, há fortes evi res grávidas (Fortin e Lalonde, 1995).
dencias de que a trim etadiona (Tridiona) é teratogênica (G old
man et al., I986). As características principais da síndrome da Agentes Antineoplásicos. Cerca de 20 agentes citotóxicos são atu
trimetadiona fe ta l são retardo do crescimento pré-natal e pós- almente disponíveis para uso clínico. Com exceção do antagonista
natal. retardo do desenvolvimento mental, sobrancelhas em for do ácido fólico aminopterina, poucos relatos bem documentados
ma dc V, orelhas de implantação baixa, fenda labial e/ou palati- sobre efeitos teratogênicos estão disponíveis para avaliação. Como
na e defeitos cardíacos, genitourinários e dos membros. O uso os dados disponíveis sobre a possível teratogenicidade das drogas
desta droga é contra-indicado durante a gravidez. antincoplásicas são inadequados, é recomendado que sejam evita
A fenitoína (Dilantina, Novofenitoína) é definitivam ente dos, especialmente durante o primeiro trimestre da gestação.
um teratógeno (Fig. 9 .15). A síndrome da hidantoímifetal ocor As substâncias quím icas inibidoras de tumores são alta
re em 5 a l()% das crianças nascidas de mães tratadas com os mente teratogênicas. Isto não é surpreendente, pois estes agen
anticonvulsivantes fenitoína ou hidantoína. O padrão das ano tes inibem a mitosc cm células que estão em divisão rápida. O
malias é constituído por IU G R , microcefalia, retardo mental, uso de aminopterina, durante o período embrionário, freqüente
sutura metópica (frontal) sulcada, pregas epicantais internas, mente resulta em morte intra-uterina dos embriões, mas os 20 a
ptose palpebral, nariz cm sela, hipoplasia das unhas e/ou das 3 0 % dos que sobrevivem são gravemente malformados. O
falanges distais e hérnias (Behrman et al., 1996). bussulfano e a 6-mercaptopurina, administrados em tratamen
O ácido valpróico tem sido a droga dc escolha para o trata tos alternados ao longo de toda a gravidez, produziram múlti
mento de diferentes tipos de epilepsia; entretanto, seu uso por plas anormalidades graves, mas nenhuma das drogas, isolada
mulheres grávidas levou a um padrão de anonudias constituído mente, parece causar grandes anomalias (Quadro 9.4). Para in
por defeitos craniofaciais, cardíacos e dos membros. Também formações sobre o desenvolvimento em longo prazo dc crianças
há um risco aumentado de defeitos do tubo neural (Kliegm an, expostas in utero a drogas antincoplásicas, ver Garber (19X9).
19% ). O fenobarhital é considerado uma droga antiepiléptica A am inopterina é um teratógeno potente que produz gran
segura para o uso durante a gestação (Persaud. 1990). des anomalias congênitas (Fig. 9.16), especialmente do sistema
esquelético e do sistema nervoso central (Kliegm an. 1996). A
Antinauseantes. Tem havido extensos debates, na imprensa leiga aminopterina, um antrmetabólito, é um antagonista do deido
e nas cortes judiciais, para concluir se a Bendectina (Debendox, fó lico . Múltiplas anomalias esqueléticas e outras anomalias con
Lenotan, Dicletina) é uma droga teratogênica para o ser huma gênitas foram encontradas numa criança nascida de mãe que ten
no. Os teratologistas consideram a Bendectina como nào terato- tou interromper sua gestação tomando metotrexato, um deriva
gênica na espécie humana porque estudos cpidemiológicos, cm do da aminopterina, também antagonista do ácido fólico.
■ Fig. 9.15 Síndrome da hidantoína fetal. A, Esta menina tem dificuldade dc aprendizagem. Observe as orelhas incomuns. o grande espaçamento
entre os olhos, as pregas do cpicanto, o nariz curto c o filtro longo. Sua mãe é epiléptica e tomou Dilantina ao longo de toda a gravidez. (Cortesia
do Dr. A. E. Chudley, Professor of Pediatrics and Child Health, Chi ldren’s Hospital and University of'Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canadá.)
fí. Mão direita de uma criança com hipoplasia digital grave (dedos curtos) nascida dc mãe que tomou Dilantina durante toda a gravidez. (De
Chodirker, BN, Chudley A E. Persaud TVN: Possible prenatal hydantoin cffcct in child bom to a nonepileptic mother. Am J Med Genet 27:373.
C opyright €> 1987. Reproduzido com permissão de Wiley-Liss, uma divisão de John Wiley and Sons, Inc.)
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 301
perfuração ovalada — o forâm en oval. A parto cefálica do fecha, e a válvula do forâmen oval se funde com o septum
septum primum, inicialmente presa ao teto do átrio esquerdo, primum. Como resultado, o septo interatrial torna-se um tabique
desaparece gradativãmente (Fig. 15.13G, e //,). A parte rema completo entre os átrios.
nescente do septum primum, presa aos coxins endocárdicos, for
ma a válvula do forâm en oval. em forma de aba.
Antes do nascim ento, o forâmen oval permite que a maior Alterações no Seio Venoso
parte do sangue oxigenado, que entra no átrio direito vindo da
V C I, passe para o átrio esquerdo (Fig. 15.144) e impede a pas Inicialm ente, o seio venoso se abre no centro da parede dor
sagem do sangue na direção oposta, porque o septum primum se sal do átrio prim itivo, e seus cornos direito e esquerdo são
fecha contra o septum secundum relativam ente rígido (Fig . aproximadamente do mesmo tamanho (Figs. 15.5,4 c I5.15A).
15.14/?). Após o nascim ento, normalmente o forâmen oval se O crescimento progressivo do corno direito do seio venoso é
o resultado de dois shunts do sangue do esquerda p ara a d i
reita:
ÁTRIO DIREITO ÁTRIO ESQUERDO Inicialmente, o seio venoso é uma câmara do coração, dis
PR E S S Ã O M AIS BAIXA tinta, abrindo-se na parede dorsal do átrio direito (Fig. 15.1 (M
PR E S S Ã O MAIS ALTA
c B ). À medida que prossegue o desenvolvimento do coração,
o corno esquerdo do seio venoso torna-se o seio coronário, e
o com o direito c incorporado à parede do átrio direito (Fig.
Septum secundum 15.15# e C).
Por derivar do seio venoso. a parte lisa da parede do átrio di
reito é chamada de sinus venarum (Fig. 15.15fíc C). O restante
da superfície interna da parede do átrio direito e da bolsa mus
cular cônica, a aurícula (apêndice auricular), tem um aspecto
Fossa oval grosseiramente trabeculado. Estas duas partes derivam do átrio
primitivo. A parte lisa (sinus venarum) e a parte rugosa (átrio
primitivo) são demarcadas, internamente, no átrio direito por uma
elevação vertical, a crista terminal (Fig. 15.15C), e, externamen
Septum primum
te, por um sulco raso discreto, o sulco terminal (Fig. 15.15B).
A crista terminal representa a parte cefálica da válvula sinoatrial
B direita (Fig. 15.150; a parte caudal desta válvula forma as vál
vulas da V C I e do seio coronário. A válvula sinoatrial esquerda
■Fig. 15.14 Esquemas ilustrando as relações do septum prim um com
funde-se com o septum secundum e é incorporada com este pelo
o forâmen oval e septum secundum . A , Antes do nascimento, quando
a pressão sobe. o sangue bem oxigenado é desviado, através do septo interatrial.
lorâmen oval. do átrio direito para o átrio esquerdo. Quando a pres
são cai no átrio direito, a válvula em forma de aba do forâmen oval é
VEIA PULMONAR PRIMITIVA E FORMAÇÃO DO
comprimida contra o septum secundum , relativamente rígido. Isto fe
cha o forâmen oval. fí, Após o nascimento, a pressão no átrio esquer ÁTRIO ESQ UERDO
do sobe quando o sangue volta dos pulmões, que agora estão funcio
nando. Finalmente, o septum prim um e comprimido contra o septum A maior parte da parede do átrio esquerdo é lisa porque é forma
secundum e adere a este, fechando permanentemente o forâmen oval da pela incorporação da veia pulmonar prim itiva (Fig. 15.16A).
e formando a fossa oval. Esta veia sc desenvolve como um crescimento que parte da pa-
302 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Átrio primitivo
Aorta
Veia cava superior
Artéria pulmonar
venarum do átrio direito
Sinus venarum
(parte lisa Forâmen oval
da parede)
Seplum primum
Parte rugosa
da parede
Aurícula direita
Válvula da veia cava inferior
■ Fig. 15.15 Fisquemaü ilustrando o destino do seio venoso. A, Vista dorsal do coração (cerca dc 26 dias) mostrando o átrio primitivo c o seio
venoso. ti. Vista dorsal com 8 semanas após n incorporação do corno direito do seio venoso pelo átrio direito. O corno esquerdo do seio venoso
tornou-se o seio coronário. C. Vista interna do átrio direito fetal mostrando a parte lisa da parede do átrio direito {sinus venarum), derivada do
corno direito do seio venoso, a crista terminal, as válvulas da veia cava inferior e o seio coronário, derivado da válvula sinoatrial direita. O átrio
primitivo direito torna-se a aurícula direita, uma bolsa muscular cônica.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 303
■ Fig. 15.16 Desenhos esquemáticos ilustrando a absorção da veia pulmonar pelo átrio esquerdo. -4. Cinco semanas, mostrando a veia pulmonar
comum abrindo-sc no átrio primitivo esquerdo. B. Estágio mais tardio, mostrando a absorção parcial da veia pulmonar comum. C. Seis semanas,
mostrando a.s aberturas de duas veias pulmonares no átrio esquerdo, resultantes da absorção da veia pulmonar comum. D, Oito semanas, mostran
do quatro veias pulmonares com orifícios atriais separados. O átrio esquerdo primitivo toma-se a aurícula esquerda, um apêndice tubular do átrio.
A maior parte do átrio esquerdo é formada pela absorção da veia pulmonar primitiva e seus ramos.
Septo interventricular
Sulco interventricular
■ Fig. 15.17 Desenhos esquemáticos ilustrando a scptaçào do coração primitivo. A. Corte sagital. ao final da quinta semana, mostrando os septos
e forames cardíacos. B, Corte coronário, em um estágio um pouco mais adiantado, ilustrando as direções do fluxo sangüíneo pelo coração e a
expansão dos ventríeulos.
304 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
S E P T A Ç Ã O D O B U L B O C A R D ÍA C O E DO
átrio direito, em uma das veias sistêmicas, ou cm ambas. Nas cone
T R O N C O A R T E R IO S O
xões venosas pulmonares parcialmente anômalas, uma ou mais vei
as pulmonares têm conexões anômalas semelhantes; as outras têm
conexões normais. Durante a quinta semana do desenvolvimento, a proliferação ativa
de células mesenquimatosas nas paredes do bulbo cardíaco re
sulta na formação das cristas bulbares (Fig. 15.20# e C; ver
também Fig. 15.18Cc D ). Formam-se cristas semelhantes no
SEPTAÇÃO DO VENTRÍCULO PRIMITIVO tronco arterioso. que são contínuas com as cristas bulbares. As
crista s tru n cais e bulbares derivam , em grande parte, do
A primeira indicação da divisão do ventrículo prim itivo em dois mesênquima da crista neural (Clark, 1986). As células da cris
ventrículos é constituída por uma crista muscular mediana — o ta neural migram pela faringe prim itiva e pelos arcos faríngeos
septo IV prim itivo — no soalho do ventrículo. próximo ao seu para atingir as cristas. Quando isto ocorre, as cristas bulbares e
ápice (Fig. 15. 12#). Esta espessa prega, em forma de crescente, truncais passam por um movimento de espiralização de 180°. A
tem uma borda livre côncava (Fig. 15.1 IA ). Inicialmente, a maior orientação espiralada das cristas bulbares e truncais, possivelmen
parte do seu aumento em altura resulta da dilatação dos te causada pelo fluxo do sangue vindo dos ventrículos, resulta
ventrículos de ambos os lados do septo IV (Fig. 15.17/?). As na formação de um septo aorticopulm onar espiralado quando
paredes mediais dos ventrículos em expansão se aproximam e as cristas se fundem (Fig. 15.20D a G ). Este septo divide o bul
se fundem, formando o primórdio da parte m uscular do septo bo cardíaco e o tronco arterioso em dois canais arteriais, a aorta
IV. Mais tarde. a proliferação ativa de mioblastos no septo au c o tronco pulmonar. Por causa da espiralização do septo aor
menta seu tamanho. Até a sétima semana, há um forâm en IV ticopulmonar. o tronco pulmonar gira em tomo da aorta ascen
entre a borda livre do septo IV em forma de crescente e os coxins dente (Fig. 15.20//).
endocárdicos fundidos (Fig. 15.19A e /?). O forâmen IV permite O bulbo cardíaco é incorporado pelas paredes dos ventrículos
a comunicação entre os ventrículos direito e esquerdo (Fig . definitivos (Fig. 15.18Ae#):
15. IX#; ver também Fig. 15.17). O forâmen IV usualmente sc
fecha ao final da sétima semana, quando as cristas bulbares se • No ventrículo direito, o bulbo cardíaco é representado pelo
fundem com os coxins endocárdicos (Fig. 15.18C a E ). cone arterioso (infundíbulo), que dá origem ao tronco
O fecham ento do forâm en IV e a formação da parte mem- pulmonar.
branosa do septo IV resultam da fusão dc tecidos provenientes • No ventrículo esquerdo, o bulbo cardíaco forma as pare
de três fontes: des do vestíbulo aórtico, a parte da cavidade ventricular
imediatamente inferior à válvula aórtica.
• A crista bulbar direita
• A crista bulbar esquerda
• O coxim cndocárdico D E S E N V O L V IM E N T O D A S V Á L V U L A S
C A R D ÍA C A S
A parte m em branosa do septo IV deriva de uma extensão
de tecido do lado direito do coxim cndocárdico para a parte
Quando a septação do tronco arterioso está quase completa (Fig.
muscular do septo IV . Este tecido é contínuo com o septo aorti-
15.20/1 a O , as válvulas sem ilunares começam a se desenvol
copulmonar (Fig. 15 .19C ). Após o fechamento do forâmen IV e
ver de três proliferações do tecido subendocárdico em tomo dos
a formação da parte membranosa do septo IV , o tronco pulmo
orifícios da aorta e do tronco pulmonar. Estas proliferações são
nar fica em comunicação com o ventrículo direito, e a aorta co
escavadas e remodeladas, formando três cúspides de paredes
munica-se com o ventrículo esquerdo (Fig. 15.18£).
delgadas (Fig. 15.21; ver também Fig. 15.19Ce D ). As válvu
A cavitação das paredes ventriculares forma uma estrutura
trabcculada de feixes musculares. Alguns destes feixes permanecem las atrioventriculares (A V ) (válvulas tricúspidc e mitral) de
senvolvem-se de modo semelhante, de proliferações localizadas
como as trabeculae carneae (trabéculas camosas, feixes muscula
de tecido cm tomo dos canais A V .
res sobre o revestimento das paredes ventriculares), enquanto ou
tros se tornam os músculos papilares e a cordoalha tendinosa
(chordae tendineae). Os cordões tendinosos vão dos músculos Sistema de Condução do Coração
papilares para as válvulas atrioventriculares (Fig. 15.19Ce D ).
Inicialmente, as camadas musculares do átrio e do ventrículo
são contínuas. O átrio prim itivo atua como o marcapasso pro
visório do coração, mas o seio venoso logo assume esta fun
ção. O nódulo sinoatrial (S A ) desenvolve-se durante a quinta
semana. Originalmente, ele fica na parede direita do seio ve
Os avanços tecnológicos da ultra-sonografia tomaram possível o re noso, mas é incorporado pela parede do átrio direito juntamen
conhecimento da anatomia fetal normal e anormal. Quando apresenta te com o seio venoso (Fig . 15.19D). O nódulo S A fica locali
batimentos cardíacos muito lentos (menos de 80 batimentos por zado no alto do átrio direito, próximo à entrada da V C S. Após
minuto), o feto corre o risco de ter uma doença cardíaca associada a incorporação do seio venoso, células de sua parede esquerda
(Silverman e Schmidt, 1994). A maioria dos estudos é feita entre 18 são encontradas na base do septo interatrial imediatamente
e 22 semanas de gestação porque o coração já é bastante grande para anteriores à abertura do seio coronário. Juntamente com célu
ser facilmente examinado; contudo, a anatomia cardíaca fetal já pode las da região A V , elas formam o nódulo e o feixe A V , que fi
ser estudada com 18 semanas, se necessário. Para detalhes a respei
cam localizados imediatamente acima dos coxins endocárdicos.
to da avaliação ultra-sonográfica do coração, inclusive estudos em
As fibras que surgem do feixe A V vão do átrio para o ventrí
cores do fluxo, ver Silverman e Schmidt (1994) e Lee et al. (1995).
culo. separando-se nos ram os do feixe, direito e esquerdo, que
Arcos aõrticos
Atno
venoso
Tronco Tronco pulmonar
artonoso
Cone
artorioso Crisla bulbar
Bulbo
cardíaco Canal atnoventricular
Veslibulo aórlico
Foràmen interventricular
Ventriculo esquerdo
Ventriculo
Septo interventricular inicial Sopto interventricular
Sulco interventricular
Crista
bulbar
direita
Crista bulbar esquerda
Foràmen
Canal alriovontricular esquerdo
Borda livre da
parle muscular do
septo interventricular Canal alrioventricular direito
Coxins endocárdicos lundidos
□ Coxim ondocárdico
Ventriculo direito
Parto mombranosa do
septo interventricular
Parlo muscular do
septo interventricular
■ Fig. 15.18 Físquemas ilustrando a incorporação do bulbo cardíaco pelos ventríeulos c a septação do bulbo cardíaco c do tronco arterioso na
aoila c no tronco pulmonar. A, Corte sagital, com 5 semanas, mostrando o bulbo cardíaco como uma das câmaras do coração primitivo. H. Corte
coronário csquemático, com 6 semanas, depois de o bulbo cardíaco ser incorporado pelos ventríeulos para se tornar o cone arterioso (infundíbulo)
do vcntrículo direito e o vcstíbulo aórlico do vcntrículo esquerdo. C a Desenhos esquemáticos ilustrando o fechamento do lorâmen interven
tricular e a formação da parte membranosa do septo interventricular. As paredes do tronco arterioso, do bulbo cardíaco e do vcntrículo direito
foram removidas. C, Cinco semanas, mostrando as cristas bulbares e os coxins endocárdicos lundidos. />, Seis semanas, mostrando como a pr<>
lifcraçãodo tecido subendocárdico diminui o foràmen interventricular. h. Sete semanas, mostrando as cristas bulbares fundidas, a parte rnembra-
nosa do septo interventricular, formada por cxiensoes de tecido do lado direito dos coxins endocárdicos. e o fechamento do forâmen interventri
cular.
306 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Orificio sinoatrial
Átrio esquerdo
Nódulo sinoatrial
cava supenor
Forámon oval
Nódulo alrioventricular
Crista terminal
Válvula mitral em
desenvolvimento Cordoalha tendinosa
Parte membranosa do
septo interventricular
Músculo papilar
Trabéculas
carnosas
Feixe atnoventricular (AV)
Ramos do teixo AV
■ Fig. 15.19 Cortes c.squcmáticos do coração ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento das válvulas atrioventriculares, da cordoalha
tendinosae dos músculos papilares. A. Cinco semanas. H, Seis semanas. C, Sete semanas. /), Vinle semanas, mostrando o sistema de conduçào do
coração.
Arcos aórticos
Crista truncal
Tronco arterioso
Bulbo cardíaco
bulbar
Ventriculo
Aorta
Septo aorticopulmonar
Tronco pulmonar (TP)
Canal
atrioventricular
D F Septo interventricular
Tronco pulmonar
Aorta 4 -
Septo aorticopulmonar
Aorta ascendente
Tronco pulmonar
G Aorta
Septo aorticopulmonar
■ F ig . 15.20 Desenhos esquemáticos ilustrando a septação do bulbo cardíaco c do tronco arterioso. A. Aspccto ventral do coração com 5 sema
nas. lixCortes transversais do tronco arterioso e do bulbo cardíaco ilustrando as cristas tnmcais e bulbares. C\ A parede ventral do coração e do
tronco arterioso foi removida para evidenciar estas cristas. ÍK Aspccto ventral do coração após a septação do tronco arterioso. E. Cortes pela aorta
(A) c tronco pulmonar (TP) recem-formados, mostrando o septo aorticopulmonar. /•'. Seis semanas. A parede ventral do coração c do tronco pul
monar foi removida para mostrar o septo aorticopulmonar. G. Esquema ilustrando a forma espiralada <lo septo aorticopulmonar. //. Desenho
mostrando os grandes vasos girando um em tomo do outro ao deixarem o coração.
308 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Nível do
Bulbo corte B
cardíaco
bulbar .
esquerda
Tronco
Cristas bulbares Intumescimento da válvula ventral pulmonar
Cúspides póstero-laterais
Cúspide posterior
Aorta
Cúspide anterior
Tronco pulmonar
D
Cúspide ventral (anterior) Cúspides
ântero-laterais
Aorta
■ Fig. 15.21 Desenhos esquemáticos ilustrando o desenvolvimento das válvulas semilunares da aorta e do tronco pulmonar. A, Esquema de um
corte do tronco arterioso e do bulbo cardíaco, mostrando a.s proliferações valvulares. fí. Corte transversal do bulbo cardíaco. C. Corte semelhante
após a fusáo das cristas bulbares. D, Formação das paredes e válvulas da aorta e do tronco pulmonar. E. A rotação dos vasos estabeleceu as rela
ções adultas das válvulas. F, Cortes longitudinais da junção aorticoventricular, ilustrando etapas sucessivas da escavação (setas) e do adelgaça-
mento das proliferações valvulares para formar as cúspidcs da válvula.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 309
NORMAL
Tronco arterioso
Bulbo cardíaco
Ventrículo
Seio venoso
DEXTROCARDIA
Tronco arterioso
Bulbo cardíaco
Ventrículo
Átrio
Seio venoso
■ Fig. 15.23 Fotografia de um recém-nascido com ectopia cordis, es-
■ Fig. 15.22 Esquemas do tubo cardíaco primitivo durante a quarta se- temo fendido c fenda labial bilateral. A morte ocorreu nos primeiros
mana. A, Dobra normal para a direita. B, Dobra anormal para a esquerda, dias de vida de infecção, insuficiência cardíaca e hipoxemia.
310 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Septum secundum
■ Fig. 15.24-4, Desenho ilustrando o aspecto normal pós-natal do lado direito do septo interatrial depois da aderência do septum primum ao
septum secundum. /4„ Esquema de um corte do septo interatrial ilustrando a formação da fossa oval no átrio direito. Observe que o soalho desta
fossa é formado pelo septum primum. B c B u Vistas semelhantes de um forâmen oval permeável à sonda, resultante da aderência incompleta do
septum primum ao septum secundum.
forma mais comum dc DSA é o forâmen oval permeável (Figs. cessiva do septum primum e um grande forâmen oval (Fig. 15.25D).
15.24A e 15.25/4 a D). Um pequeno forâmen oval permeável, isola Os DSAs do ostium secundum são bem tolerados durante a infân
do, não tem significado hemodinâmico; no entanto, quando outros cia; os sintomas, como a hipertensão pulmonar, usualmente apare
defeitos estão presentes (p. ex., estenose pulmonar ou atresia), o cem depois dos 30 anos de idade. O fechamento dos DSAs é feito
sangue é desviado pelo forâmen ovai para o átrio esquerdo, produ por cirurgia cardíaca a céu aberto, e a taxa da mortalidade é menor
zindo clanose, uma coloração azul-escura ou púrpura da pele e das que 1% (Bernstein, 1996).
membranas mucosas resultante da oxigenação deficiente do sangue. Os defeitos do coxim endocárdico e do septo AV com DSAs
Um forâmen oval permeável à sonda está presente em até 25% do ostium primum (Fig. 15.25£) são formas menos comuns de DSA.
das pessoas (Fig. 15.24/4 e B). Uma sonda pode ser passada de um Anormalidades cardíacas graves são agrupadas em conjunto sob este
átrio para o outro através da parte superior do soalho da fossa oval. nome porque resultam do mesmo defeito do desenvolvimento, uma
Este defeito, usualmente pequeno, não é clinicamente significati deficiência dos coxins endocárdicos e do septo AV. O septumprimum
vo, mas um forâmen oval permeável à sonda pode ser forçado a abrir- não se funde com os coxins endocárdicos, resultando em umforâmen
se por causa de outros defeitos cardíacos e contribuir para a patolo primum permeável. Usualmente, também há uma fenda na cúspide
gia funcional do coração. O forâmen oval permeável à sonda resul anterior da válvula mitral.
ta da aderência incompleta do folheto original da válvula do forâmen Todos os defeitos do seio venoso estão localizados na parte su
oval com o septum secundum, após o nascimento. perior do septo interatrial junto à entrada da VCS (Fig. 15.25F). Um
Há quatro tipos significativos de DSA (Fig. 15.25): defeito do seio venoso é um dos tipos mais raros de DSA. Resulta
da absorção incompleta do seio venoso pelo átrio direito e/ou do de
• Defeito do ostium secundum
senvolvimento anormal do septum secundum. Este tipo de DSA está
• Defeito do coxim endocárdico com defeito do ostiumprimum
comumente associado a conexões venosas pulmonares parcialmen
• Defeito do seio venoso
te anômalas.
• Átrio comum
Os primeiros dois tipos de DSA são relativamente comuns.
Os DSAs do ostium secundum (Fig. 15.25/4 a D ) ficam na área
da fossa oval e incluem defeitos tanto do septum primum quanto do
septum secundum. Os defeitos podem ser múltiplos e, em crianças
maiores sintomáticas, defeitos de 2 cm ou mais de diâmetro não são
incomuns (Bernstein, 1996). As meninas com estes defeitos predo
minam sobre os meninos cm uma relação de 3 para 1. Os DSAs do Os defeitos dos septos ventriculares (DSVs) são o tipo mais comum
ostium secundum são um dos tipos mais comuns de CHD. O forâmen de CHD, perfazendo cerca de 25% dos defeitos. Os defeitos dos
oval permeável usualmente resulta da reabsorçâo anormal do septum septos ventriculares ocorrem mais freqüentemente nos meninos. A
primum durante a formação dòforâmen secundum. Quando a reab- maioria dos DSVs ocorre na parte membranosa do septo IV (Fig.
sorção ocorre em localizações anormais, o septum primum é 15.26A e B)\ no entanto, eles podem ocorrer em qualquer parte do
fenestrado ou reticulado (Fig. 15.25/4). Quando ocorre reabsorçâo septo IV . Muitos DSVs pequenos se fecham espontaneamente (30 a
excessiva do septum primum, o septum primum curto resultante não 50%), mais freqüentemente durante o primeiro ano de vida. DSVs
fecha o forâmen oval (Fig. 15.25B). Quando ocorre um forâmen oval isolados são detectados em uma freqüência de 10 a 12 por 10.000
anormalmente grande, por causa do desenvolvimento defeituoso do entre o nascimento e 5 anos de idade. A maioria dos pacientes com
septum secundum, um septum primum normal nâo fecha o forâmen um grande DSV têm um desvio maciço do sangue da esquerda para
oval anormal ao nascimento (Fig. 15.25C). DASs com grande ostium a direita. O DSV muscular é um tipo menos comum de defeito e
secundum podem ocorrer por uma combinação de reabsorçâo ex pode aparecer em qualquer lugar da parte muscular do septo inter-
SISTEMA CARDIOVASCULAH 311
A
Veia cava
inferior Músculos papilares
Perfurações no septum primum,
a válvula do foràmen oval
* Fig. 15.25 Desenhos do aspecto direito do septo intcratrial. Os esquemas adjacentes aos cortes dos septos ilustram vários tipos de defeito do sepio
atrial (D SA ). A. Forâmcn oval permeável resultante da rcabsorção do septumprimum cm localizações anormais, ti. Foràmen oval permeável causado
pela rcabsorção excessiva do septum primum (“defeilo do/7«/j curto"). C, Foràmen oval patente resultante de um foràmen oval anormalmente grande.
/>. Foràmen oval permeável resultante de um foràmen oval anormalmente grande e da rcabsorção excessiva do septum primum. Defeito do coxim
cndocárdico com DSA do tipo primum. O corte adjacente mostra a fenda na cúspide anterior da válvula mitral. h\ I >SA do seio venoso. O defeito alto
do septo resultou da absorção anormal do seio venoso pelo átrio direito. Fm /•. e /•’, observe que a fossa oval sc formou normalmente.
312 • SISTEMA CARDIOVASCULAR
Croça da
Tronco pulmonar
■ Fig. 15.26 Desenhos ilustrando os tipos principais dc tronco arterioso persistente. A. O tronco comum divide-se na aorta e em um tronco
pulmonar curto. B , Corte coronário do coração mostrado em A. Observe a circulação neste coração (setas) e o defeito do septo ventricular. C, As
artérias pulmonares, direita e esquerda, saem juntas do tronco arterioso. D, As artérias pulmonares saem independentemente dos lados do tronco
arterioso. E. Não há presença dc artérias pulmonares; os pulmões são supridos pelas artérias brónquicas.
ventricular. A transposição das grandes artérias (Fig. 15.27) e uma (Bernstein, 1996). Um DSV está sempre presente junto com a ano
câmara dc saída rudimentar estão presentes na maioria das crianças malia do TA, c este predomina sobre o DSV (Fig. 15.26B). A causa
com este grave CHD. Alguns pacientes morrem durante a primeira desta anormalidade é em grande parte desconhecida (Yu c Hutchins.
infância de insuficiência cardíaca congestiva, mas outros sobrevi 19%). O tipo mais comum de TA é um único vaso arterial que se
vem até o início da idade adulta. ramifica, formando o tronco pulmonar c a aorta ascendente (Fig.
15.26A e B). Em seguida vem o tipo em que as artérias pulmonares,
direita c esquerda, surgem juntas da parede dorsal do TA (Fig.
15.26C). Tipos menos comuns estão ilustrados na Fig. 15.26D e E.
Tronco Arterioso
O tronco arterioso (TA), ou TA persistente, resulta da falta do de Transposição das Grandes Artérias
senvolvimento normal das cristas trancais e do septo aorticopulmo-
nar, e da falta da divisão do tronco arterioso na aorta e no tronco pul
monar (Fig. 15.26). Nesta anomalia, um único tronco arterial, o TA, A transposição das grandes artérias (TGA) é a causa mais comum
sai do coração e supre as circulações sistêmica, pulmonar e coronária da cardiopatia cianótica nos recém-nascidos (Fig. 15.27). A
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 313
Tronco
pulmonar
Estenose infundibular
Tronco pulmonar
estreito {estenose Estenose
pulmonar) da válvula
pulmonar
Aorta cavalgante
Hipertrofia do
Defeito do septo do ventriculo
ventriculo direito
B
■ Fig. 15.28 A, Desenho do coração de um recém-nascido mostrando um tronco pulmonar pequeno (estenose pulmonar) e uma grande aorta
resultante da septação desigual do tronco arterioso. Há também hipertrofia do ventriculo direito e um dueto arterioso permeável (DAP). B, Corte
frontal de um coração ilustrando a tctralogia de Fallot. Observe as quatro deformidades cardíacas: estenose da válvula pulmonar, defeito do septo
ventricular, aorta cavalgante e hipertrofia do ventriculo direito. Neste caso, também é mostrada estenose infundibular.
314 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Este grupo clássico de quatro defeitos cardíacos consiste cm (Fig. Na estenose da válvula aórtica, as bordas da válvula usualmente
15.28-4 e 5): estão fundidas, formando uma abóbada com uma abertura estreita
(Fig. 15.29D). Esta anomalia pode estar presente ao nascimcnto (con
• Estenose pulmonar (obstrução ao cfluxo ventricular direito)
gênita), ou pode descnvolver-sc após o nascimcnto (adquirida). A
• Defeito do septo ventricular
estenose valvular causa trabalho adicional ao coração e leva à
• Dextroposição da aorta (aorta cavalgante)
hipertrofia do ventrículo esquerdo e a bulhas cardíacas anormais
• Hipertrofia ventricular direita
(sopros cardíacos). Na estenose subaórtica, há freqüentemente uma
O tronco pulmonar é usualmente pequeno, e também podem faixa de tecido fibroso imediatamente inferior à válvula aórtica. O
existir graus variáveis de estenose da artéria pulmonar (Bernstein, estreitamento da aorta resulta da persistência deste tecido, que. nor
1996). A cianose é um dos sinais óbvios da tetralogia dc Fallot, mas malmente, degenera quando a válvula se forma. A atresia aórtica está
não costuma ocorrer ao nascimento. presente quando a obstrução da aorta ou de sua válvula é completa.
Aorta
Tronco pulmonar
Aorta grande
Tronco pulmonar
estenosado
Aorta eslenosada
Tronco pulmonar
aumentado
D
Válvula semilunar normal Estenose da válvula pulmonar Estenose da válvula aórtica
■ Fig. 15.29 Divisão anormal do tronco arterioso (TA). A a C, Esquemas de cortes transversais do TA ilustrando a septação normal c anormal do
TA. A, Normal. B , Septação desigual do TA resultando em um tronco pulmonar pequeno. C, Septação desigual resultando em uma aorta pequena.
D. Esquemas ilustrando uma válvula semilunar normal c válvulas pulmonar e aórtica estenosadas.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 315
DERIVADOS DOS ARCOS AÓRTICOS também podem contribuir para a formação das artérias carótidas
externas.
Quando os arcos faríngeos se desenvolvem durante a quarta se
mana (Fig. 15.30/4), eles sào irrigados por artérias — os arcos Derivados do Segundo Par de Arcos
aórtieos — provenientes do saco aórtico, homólogo da aorta Aórtieos
ventral em outros mamíferos (Fig. 15.305). Os arcos aórtieos
terminam na aorta dorsal ipsilateral. Apesar de, usualmente, se As partes dorsais destes vasos persistem e formam os troncos das
desenvolverem seis pares de arcos, todos nào estão presentes ao artérias estapédieas. pequenos vasos que, no embrião, correm
mesmo tempo. Quando se forma o sexto par de arcos aórtieos, pelo anel do estribo, um ossículo da orelha média.
os primeiros dois pares já desapareceram (Fig. 15.300. Duran
te o período da sexta à oitava semana, o padrão dos arcos aórtieos
é transformado no arranjo arterial adulto. Derivados do Terceiro Par de Arcos Aórtieos
Mandibular
Arcos Cordào umbilical
faríngeos Hióideo (2*)
3g
Saco vitelino
— Artéria vitelina
Aorta dorsal
Veia umbilical
Canal vitelino
Saco vitelino
Vasos vltelinos sobre o saco vitelino
■ Fig. 15.30 Desenhos ilustrando os arcos faríngeos e os arcos aórtieos. A, I .ado esquerdo dc um embriáo (cerca de 26 dias). 8. Desenho esquemático
deste embrião mostrando os arcos aórtieos esquerdos surgindo do saco aórtico, correndo pelos arcos faríngeos e terminando na aorta dorsal es
querda. C. Um embrião (cerea de 37 dias) mostrando a aorta dorsal única e mostrando que a maior parte dos dois primeiros pares <le arcos aórtieos
degenerou.
316 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
■ Fig. 15.31 Desenhos esquemáticos ilustrando as alterações arteriais que ocorrem durante a transformação do tronco arterioso, do saco aórtico,
ilos arcos aórticos c das aortas dorsais no padrão arterial adulto. Os vasos que n3o estão coloridos não derivam destas estruturas. A. Arcos aórticos
com 6 semanas; neste estágio, os primeiros dois pares dc arcos aórticos desaparecem cm grande parte. B. Arcos aórticos com 7 semanas; as partes
das aortas dorsais e dos arcos aórticos que. normalmente, desaparecem estão indicadas pelas linhas tracejadas. C. Arranjo arterial com 8 semanas.
D, Esquema dos vasos arteriais de uma criança de 6 meses dc idade. Observe que a aorta ascendente c as artérias pulmonares são consideravel
mente menores em Cque em D. Isto representa o fluxo relativo por estes vasos nos diferentes estágios do desenvolvimento. Observe o grande
tamanho do dueto arterioso (D A ) cm C: este é essencialmente uma continuação direta do tronco pulmonar. O DA normalmente toma-se funcio
nalmente fechado nos primeiros dias após o nascimento. Finalmente, o DA transforma-se no ligamento arterioso, como é mostrado em D.
SISTEMA CARDIOVASCULAR « 3 1 7
Esôfago
Derivados do Sexto Par de Arcos Aórticos Nervo laríngeo
recorrente direito
O sexto arco aórtico esquerdo desenvolve-se do seguinte modo Traquéia
(Fig. 15.31# e C):
• A parte proximal do arco persiste como a parte proximal Nervo laríngeo
Artéria recorrente
da artéria pulmonar esquerda. subclávia esquerdo
• A parle distai do arco vai da artéria pulmonar esquerda para direita
a aorta dorsal, para formar um shunt pré-natal, o dueto
Metade distai
arterioso (D A ). Dueto arterioso
degenerada do 6o arco
O sexto arco aórtico d ireito desenvolve-se do seguinte Esôfago
modo:
• A parte proximal do arco persiste como a parte proximal
da artéria pulm onar direita.
• A parte distai do arco degenera. Artéria
carótida externa
A transformação do sexto par de arcos aórticos explica por Nervo laríngeo
que o trajeto dos nervos laríngeos recorrentes é diferente dos recorrente direito
dois lados. Estes nervos suprem o sexto par de arcos faríngeos e Nervo laríngeo
recorrente esquerdo
contornam o sexto par de arcos aórticos no seu trajeto para a la-
ringe em desenvolvimento (Fig. 15.32A). À direita, como a parte Nervo vago esquerdo
distai do sexto arco aórtico direito degenera, o nervo laríngeo
recorrente direito se desloca para cima e contorna a parte proxi
mal da artéria subclávia direita, um derivado do quarto arco aór Artéria subclávia direita
tico (Fig. 15.32#). À esquerda, o nervo laríngeo recorrente es
querdo contorna o D A formado pela parte distai do sexto arco Ligamento
aórtico. Quando este vaso involui após o nascimento, o nervo arterioso
contorna o ligamento arterioso (o remanescente do DA) e a croça
Artéria
da aorta (Fig. I5.32C).
pulmonar esquerda
Aorta descendente
ANOMALIAS DOS ARCOS AÓRTICOS
Por causa das numerosas alterações envolvidas na transforma
ção do sistema embrionário das artérias dos arcos faríngeos no ■ Fig. 15.32 Esquemas mostrando a relação dos nervos laríngeos recor
rentes com os arcos aórticos. A, Seis semanas, mostrando os nervos larín
padrão arterial adulto, é possível compreender por que podem
geos rccorrcntcs contornando o sexto par de arcos aórticos. fí. Oito sema
ocorrer anomalias. A maioria das irregularidàdes resulta da per nas, mostrando o nervo laríngeo recorrente direito contornando a artéria sub
sistência de partes dos arcos aórticos que, usualmente, desapa clávia direita e o nervo laríngeo recorrente esquerdo cm tomo do dueto
recem. ou do desaparecimento de partes que, normalmente, per arterioso c da croça da aorta. C. Criança mostrando o nervo laríngeo recor
sistem. rente esquerdo em tomo do ligamento arterioso e da croça da aorta.
318 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Artéria subclávia
Artéria
subescapular
Coarctação
pós-ductal
Coarctação pós-ductal
intercostais
Aorta descendente
Dueto arterioso
Artéria
inferior
A
Coarctação pré-ductal
Coarctação pré-ductal extensa
■ Fig. 15.33 <4. Coarctação pós-ductal da aorta. B, Representação esquemática das vias comuns da circulação colateral que se desenvolvem em
associação à coarctação pós-ductal da aorta. C e D, Coarctação pré-ductal.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 319
Esôfago
Artéria
subclávia direita
Croça da aorta
direita aumentada
Artéria
subclávia
esquerda
Croça da aorta
Artéria
Dueto Croça da aorta
direita arterioso esquerda pequena
Aorta
ascendente
Normalmente involui artéria intersegmentar
Dueto arterioso
■ Fig. 15.34,4 , Desenho dos arcos aórticos embrionários ilustrando a base embriológica da duplicação da croça da aorta. A porção distai da aorta
dorsal direita persiste e forma uma croça da aorta direita. B, Uma grande croça da aorta direita c uma pequena croça da aorta esquerda surgem da
aorta descendente e tormam um anel vascular cm tomo da traquéia e do esôfago. Observe a compressão do esôfago e da traquéia. As artérias
carótida comum direita e a subclávia surgem separadamente da grande croça da aorta direita.
Arténa
subclávia
esquerda
Ligamento
arterioso
Artéria
Artéria subclávia direita subclávia
esquerda
Croça
aorta direita
Aorta doscondonte
Aorta descendente
Artéria
subclávia
esquerda
Ligamento
arterioso Croça da aorta Artéria
subclávia
direita
Artéria pulmonar
Aorta ascendente
Aorta doscondonto
doscendente
C
Fig. 15.35/1, Esquema dos arcos aórtieos mostrando a involução i Fig. 15.36 Esquemas ilustrando a possível base embriológica da ori
anormal da porção distai da aorta dorsal esquerda. Também há persis gem anormal da artéria subclávia direita. O quarto arco aórtico direito
tência dc toda a aorta dorsal direita c da parte distai da artéria do sexto c a parte cefálica da aorta dorsal direita involuíram. Em conseqüência, a
arco aórtico direito. li, Croça direita da aorta sem um componente artéria subclávia direita origina-se da sétima artéria intersegmentar direi
retroesofágico. C, Croça direita da aorta com um componente ta e do segmento distai da aorta dorsal direita, li, Com a formação da croça
retroesofágico. A croça direita anormal da aorta c o ligamento arterioso da aorta. a artéria subclávia direita é dcsl<x'adacefalicamente (selas) com
(remanescente pós-natal do dueto arterioso) formam um anel vascular a artéria subclávia esquerda. C. A artéria subclávia direita anormal surge
que comprime o esôfago e a traquéia. da aorta e corre posteriormente ã traquéia e ao esôfago.
SISTEMA CARDIOVASCULAR 321
Croça da aorta
Veia cava
superior ’
Dueto arterioso
Tronco pulmonar
Foràmen oval
Veias pulmonares
Átrio direito
Átrio esquerdo
Válvula do
foràmen oval
Ventriculo direito
Aorta descendente
Veia umbilical
Conteúdo médio de oxigênio
Bexiga
Umbigo Baixo conteúdo de oxigênio
Artérias
umbilicais
Placenta
Pem as
Artéria iliaca interna
■ Fig. 15.37 Ilustração esquemática da circulação fetal. As cores indicam a saturação de oxigênio do sangue, c as setas mostram o trajeto do
sangue da placenta para o coração. Os órgãos não estáo desenhados em escala. Observe que três shunts permitem que a maior parte do sangue sc
desvie do fígado e dos pulmões: í 1) o dueto venoso, (2) o foràmen oval c (3) o dueto arterioso. O sangue pobre em oxigênio volta para a placenta
para obter oxigênio e nutrientes das artérias umbilicais.
322 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
4
esfincteriano junlo à veia umbilical. Quando o esfíncter relaxa, alta que no átrio direito. O aumento da pressão atrial esquerda
passa mais sangue pelo dueto venoso. Quando o esfíncter se fecha o forâmen. comprimindo a válvula do forâmen contra o
contrai, mais sangue é desviado para a veia porta e sinusóides septum secundum (Fig. 15.38). O débito do ventrículo direito
hepáticos. então flui todo para a circulação pulmonar. Como a resistência
Após um curto trajeto na V C I, o sangue entra no átrio direito vascular pulmonar é mais baixa que a resistência vascular sistê
do coração. Pelo fato de a V C I conter sangue pouco oxigenado mica, o lluxo do sangue no D A sc inverte, passando da aorla para
proveniente dos membros inferiores, do abdome e da pelvc, o o tronco pulmonar.
sangue que entra no átrio direito não é tão bem oxigenado quan Nos fetos e nos recém-nascidos, a parede do ventrículo direi
to o da veia umbilical, mas ainda tem um alto conteúdo de oxi to é mais espessa que a do ventrículo esquerdo porque o ventrí
gênio (Fig. 15.37). A borda inferior do septum secundum. a crista culo direito vinha trabalhando mais intensamente. Ao final do
dividens, dirige a maior parte do sangue da V C I para o átrio es primeiro mês, a parede do ventrículo esquerdo tornou-se mais
querdo, através do forâmen oval. A í ele se mistura com a quan espessa que a do ventrículo direito porque o ventrículo esquer
tidade relativamente pequena de sangue pobre em oxigênio que do agora trabalha mais intensamente que o direito. A parede do
volta dos pulmões pelas veias pulmonares. Os pulmões fetais ventrículo direito torna-se mais delgada por causa da atrofia as
extraem oxigênio do sangue ao invés de fornecê-lo. Do átrio sociada ü redução da sua carga dc trabalho.
esquerdo, o sangue vai para o ventrículo esquerdo e o deixa pela Ao nascim ento, o DA entra em constrição, mas, cm um
aorta ascendente. recém-nascido a termo, saudável, freqüentemente há um peque
As artérias que vão para o coração, cabeça, pescoço e mem no desvio de sangue da aorta para a artéria pulmonar esquerda
bros superiores recebem sangue rico em oxigênio. O fígado tam (Sansoucie e Cavalicre, 1997). Nos recém-nascidos prematuros
bém recebe sangue rico em oxigênio da veia umbilical. A pequena e nos que têm hipóxia persistente, o D A pode permanecer aber
quantidade de sangue rico em oxigênio da V C I que permanece to por mais tempo. O oxigênio é o fator mais importante no con
no átrio direito mistura-se com o sangue pobre em oxigênio da trole do fechamento do D A nos recém-nascidos a termo. O fe
V C S e do seio coronário e vai para o ventrículo direito. Este chamento do D A parece ser mediado pela bradicinina, uma
sangue, com um conteúdo médio dc oxigênio, sai através do tron substância liberada pelos pulmões durante a insuflação inicial.
co pulmonar. Uma taxa de cerca dc 10% do sangue vai para os A bradicinina tem um efeito contrátil potente sobre o músculo
pulmões, mas a maior parte dele vai pelo D A para a aorta para liso. A ação desta substância parece depender do alto conteúdo
perfundir a parte caudal do corpo fetal e voltar para a placenta dc oxigênio do sangue aórtico resultante da aeração dos pulmões
pelas artérias umbilicais (Fig. 15.37). O D A protege os pulmões ao nascimento. Quando a PO , do sangue que passa pelo D A atin
da sobrecarga circulatória e permite que o ventrículo direito se ge cerca de 50 mm Hg, a parede do dueto entra em constrição.
fortifique em preparação para o-funcionamento pleno ao nasci Os mecanismos pelos quais o oxigênio causa as restrições duetais
mento (Carlson, 1994). Por causa da alta resistência vascular não são bem compreendidos. O efeito do oxigênio sobre o mús
pulmonar na vida fetal, o fluxo sangüíneo pulmonar é baixo. culo liso ductal pode ser direto ou pode ser mediado por seus
Apenas um pequeno volume de sangue da aorta ascendente (cerca efeitos sobre a secreção de prostaglandina E , e de prostaciclina.
de 10% do débito cardíaco) entra na aorta descendente. Uma taxa As artérias um bilicais se contraem ao nascimento, impe
de cerca de 65% do sangue na aorta descendente vai para as ar dindo a perda do sangue da criança. Demora cerca de um minu
térias umbilicais, sendo este sangue devolvido à placenta para to para que o cordão umbilical seja ligado; conseqüentemente, o
ser reoxigenado. Os 35% restantes do sangue suprem as vísceras fluxo sangüíneo pela veia umbilical continua, transferindo assim
e a metade inferior do corpo (Bernstein, 1996). sangue fetal da placenta para o recém-nascido.
A m odificação do padrão da circulação fe ta l para o padrão
Circulação Neonatal de Transição adulto da circulação sangüínea não é uma ocorrência súbita.
Algumas alterações ocorrem com a primeira inspiração; outras
Ao nascimento, ocorrem importantes ajustes circulatórios quando são efetuadas ao longo de horas e dias (Bernstein, 1996). Du
cessa a circulação do sangue fetal pela placenta e os pulmões do rante o estágio de transição, pode ocorrer um fluxo da direita para
recém-nascido se expandem e começam a funcionar (Fig. 15.38). a esquerda pelo forâmen oval. O fechamento dos vasos fetais e
Os três shunts, que permitem que grande parte do sangue se des do forâmen oval é. inicialmente, uma alteração funcional. Mais
vie do fígado e dos pulmões, se fecham e tornam-se obliterados. tarde, o fechamento anatômico resulta da proliferação de teci
Assim que a criança nasce, o forâm en oval, o dueto arterioso, o dos endotelial e fibroso.
dueto venoso e os vasos um bilicais não são mais necessários. O
esfíncter do dueto venoso entra em constrição. de modo que todo Derivados Adultos das Estruturas Vasculares Fetais
o sangue que chega ao fígado passa pelos sinusóides hcpáticos.
A oclusão da circulação placentária causa uma queda imediata Por causa das alterações no sistema cardiovascular ao nascimen
da pressão na V C I e no átrio direito. to, alguns vasos e estruturas não são mais necessários. Ao longo
Ao nascimento, a aeração dos pulm ões está associada a: de um período dc meses, estes vasos fetais tomam-se ligamentos
• Uma queda dramática da resistência vascular pulmonar não funcionantes, e estruturas fetais, como o forâmen oval, per
• Um aumento acentuado do fluxo sangüíneo pulmonar sistem como vestígios anatômicos do sistema circulatório pré-natal.
• Um adelgaçamento progressivo das paredes das artérias
pulmonares. l£ste adelgaçamento resulta sobretudo do cs-
VEIA UMBILICAL E LIGAMENTO TERES
tiramento quando os pulmões aumentam de tamanho com
as primeiras inspirações. A parte intra-abdominal da veia um bilical acaba sc transformando
C) forâmen se fecha ao nascim ento. Por causa do fluxo san no ligamento teres (Fig. 15.38), que vai do umbigo bporta hepatis
güíneo pulmonar aumentado, a pressão no átrio esquerdo é mais (Moore, 1992); aí se prende ao ramo esquerdo da veia porta (Fig.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 323
Croça da aorta
Veia cava
superior
Ligamento
arterioso
Pulmão
Tronco pulmonar
Foràmen oval
fechado pela
válvula formada Veias pulmonareá
pelo septum primum
Átrio direito
Átrio esquerdo
/ V e ia cava
inferior
Veia hepática esquerda
Veia hepática direita
—j ' Ligamento j
venoso 1
Aorta descendente
Ligamento teres
Baixo teor de oxigênio
Bexiga
Umbigo
Artéria
veslcal
superior
Pem as
Artéria ilíaca Intema
■ Fig. 15.38 Ilustração esquemática da circulação nconatal. Os derivados adultos dos vasos fetais c as estruturas que deixam de ser funcionais
ao nascimento também são mostrados. As setas indicam o trajeto do sangue no recém-nascido. Os órgãos não estão desenhados cm escala. Após
o nascimento, os tres shunts que desviavam o sangue durante a vida fetal deixam de funcionar, e as circulações pulmonar e sistêmica tornam-se
separadas.
324 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
15.39). A veia umbilical permanece permeável por um período borda inferior do septum secundum forma uma prega arredon
considerável e pode ser usada para as transfusões de troca do dada, o limbo da fossa oval (anulus ova lis), que marca o antigo
sangue durante o período neonatal. Estas transfusões sào feitas limite do foràmen oval. Há, freqüentemente, uma depressão em
para impedir a lesão cerebral e a morte de crianças com anemia forma de crescente sobre o lado esquerdo do septo interatrial. que
eritroblástica. A maior parte do sangue do recém-nascido é subs indica o antigo sítio do foràmen oval.
tituída por sangue doado. Usualmente, a luz da veia umbilical
não desaparece completamente; portanto, o ligamento teres pode
DUCTO ARTERIOSO E LIGAMENTO ARTERIOSO
às vezes ser canulado mesmo em adultos, se necessário, para a
injeção de meios de contraste ou drogas quimioterapêuticas. O fechamento funcional do D A usualmente é completado com
10 a 15 horas após o nascimento (Fig. 15.4 M ). Ele vai da artéria
pulmonar esquerda para a croça da aorta. O fechamento anatô
DUCTO VENOSO E LIGAMENTO VENOSO
mico do dueto e a formação do ligamento arterioso normalmen
te ocorrem com 12 semanas (Fig. 15.41C).
O dueto venoso torna-se o ligamento venoso’, no entanto, seu
fechamento é mais demorado que o do D A (Carlson, 1994). O
ligamento venoso passa pelo fígado indo do ramo esquerdo da
veia porta para a V C I, à qual se prende (Fig. 15.39).
Veia porta
Ligamento venoso
Vesícula biliar
Ligamento teres
■ Fig. 15.39 Fotografia de uma dissecçâo da superfície visceral dc um fígado adulto. Observe que, no adulto, a veia um bilical é representada
pelo ligamento teres e o dueto venoso pelo ligamento venoso.
SISTEMA CARDIOVASCULAH ■ 325
Aorta ascondonte
Tronco pulmonar
Ventrículo direito
■ Fig. 15.40 Fotografia dc umadissecçâo do aspecto atrial direito do seplo interatrial de um coração adulto Observe a fossa oval c o limbo da fossa oval.
O soalho desta fossa oval é fomuido peloseptumprimum. enquanto o limbo da fossa oval é formado pela borda liviv do septum secundum. A aeração dos
pulmões ao nascimento está associada a uma queda dramática da resistência vascular pulmonar c por um aumento acentuado do fluxo pulmonar. Por
eausu do fluxo sangüíneo pulmonar aumentado, a pressão no átrio esquerdo fica acima da do átrio direito. Esta pressão atrial esquerda aumentada
fecha o forâmen oval ao empurrar a válvula do forâmen oval contra o septum secundum. Isto forma a fossa oval, um marco do septo interatrial.
Ligamento arterioso
Artéria pulmonar
Aorta esquorda
■ Fig. 15.41 Fechamento do dueto arterioso. A, Dueto arterioso (DA) de um recém-nascido. H. DA permeável anormal cm uma criança de 6 meses
de idade. O grande dueto é quase do mesmo tamanho que a artéria pulmonar esquerda. C O ligamento arterioso em uma criança de 6 mcscs dc idade.
326 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
A base embriológica do DAP é a falta da involução do DA após aorta, pela transposição das grandes artérias, ou pela estenose e atresia
o nascimento e da formação do ligamento arterioso. A ausência da pulmonares.
contração da parede muscular do DA após o nascimento é a causa
primária da manutenção da luz. Algumas evidências sugerem que o
baixo conteúdo de oxigênio do sangue nos recém-nascidos com a
síndrome do sofrimento respiratório possa afetar adversamente o fe
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
chamento do DA; por exemplo, o DAP ocorre comumente nos re- LINFÁTICO
cém-nascidos prematuros pequenos com dificuldades respiratórias
associadas a uma deficiência de surfactante. O D AP isolado é mais O sistema linfático começa a desenvolver-se ao final da sexta
comum nas crianças nascidas em altitudes elevadas. O dueto arteri semana, cerca de 2 semanas após os primórdios do sistema car
oso permeável pode ocorrer como uma anomalia isolada ou em as
diovascular serem reconhecíveis. Os vasos linfáticos se desen
sociação a defeitos cardíacos. As grandes diferenças entre as pres
volvem de modo semelhante ao que foi previamente descrito para
sões sangüíneas aórtica e pulmonar podem causar um fluxo intenso
de sangue pelo DA, impedindo, deste modo, a constrição normal. os vasos sangüíneos (ver Cap. 5) e fazem conexões com o siste
Estas diferenças de pressão podem ser causadas pela coarctação da ma venoso. Os capilares linfáticos iniciais juntam-se uns aos
outros, formando uma rede de linfáticos (Fig. 15.42).
Vela cava
inferior
Saco linfático
retroperitoneal
Cisterna do quilo
Vela subclávia
Anastomose
Dueto torácico
Duetos torácicos
Cisterna do quilo
Linfonodo
Saco linfático
retroperitoneal
B P ' saco
Saco linfático ilíaco ^
■ Fig. 15.42 Desenhos ilustrando o desenvolvimento do sistema linfático. A, Lado esquerdo de um embrião de 8 semanas mostrando os sacos
linfáticos primários. B, Vista ventral do sistema linfático com 9 semanas, mostrando o par de duetos torácicos. C. Mais tarde. durante o período
fetal, ilustrando a formação do dueto torácico definitivo e do dueto linfático direito.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 327
Desenvolvimento dos Sacos Linfáticos e Pequenos linfócitos saem do timo e circulam para outros órgãos
dos Duetos Linfáticos linfóides. M ais tarde, algumas células mesenquimatosas dos
linfonodos se diferenciam em linfócitos. Os nódulos linfáticos
Há seis sacos linfáticos prim ários ao final do período embrio somente aparecem nos linfonodos imediatamente antes ou de
nário (Fig. 15.42A): pois do nascimento.
• Dois sacos linfáticos juguiares situados próximo à junção
das veias subclávias com as veias cardinais anteriores (as D E S E N V O L V IM E N T O D O B A Ç O E D A S T O N S IL A S
futuras veias juguiares internas)
• Dois sacos linfáticos ilíacos situados próximo à junção das O baço origina-se de um agregado de células mesenquimatosas
veias ilíacas com as veias cardinais posteriores do mesentério dorsal do estômago (ver Cap. 13). As tonsilas
• Um saco Unfático retroperitoneal na raiz do mesentério palatinas originam-se do segundo par de bolsas faríngeas. As
na parede abdominal posterior tonsilas tubárias originam-se de agregados de nódulos linfáti
• Uma cisterna do quilo localizada dorsalmente ao saco lin- cos em tomo das aberturas faríngeas das tubas faringotimpânicas
fático retroperitoneal (auditivas). As tonsilas faríngeas (adenóides) originam-se de um
Vasos linfáticos logo se unem aos sacos linfáticos, e, acom agregado de nódulos linfáticos na parede da nasofaringe. As
panhando as veias principais, saem dos sacos linfáticos juguia tonsilas linguais originam-se de um agregado de nódulos linfá
res e vão para a cabeça, pescoço e membros superiores; saem dos ticos na raiz da língua. Nódulos linfáticos também se desenvol
sacos linfáticos ilíacos e vão para a parte inferior do tronco e vem na mucosa dos sistemas respiratório e digestivo.
membros inferiores; saem do saco linfático retroperitoneal e da
cisterna do quilo c vão para o intestino primitivo. Dois grandes
canais (os duetos torácicos direito e esquerdo) unem os sacos
linfáticos juguiares com a cisterna do quilo. Logo se forma uma
grande anastomose entre estes canais (Fig. 15.42#).
As anomalias congênitas do sistema linfático são incomuns. Pode
D U C T O T O R Á C IC O haver edema difuso de uma parte do corpo — tinfedema congêni
to. Esta condição pode resultar da dilatação dos canais linfáticos
primitivos, ou da hipoplasia congênita dos vasos linfáticos. Mais
O dueto torácico origina-se
raramente, a dilatação cística difusa dos canais linfáticos envolve
• da parte caudal do dueto torácico direito porções amplamente espalhadas do corpo. Os higromas rísticos são
• da anastomose entre os duetos torácicos e da parte cefáli grandes intumescências que, usualmente, aparecem na parte ínfero-
lateral do pescoço, sendo constituídos por uma cavidade única, ou
ca do dueto torácico esquerdo
multiloculada, cheia de líquido. Os higromas podem estar presentes
Pelo fato de existirem inicialmente dois duetos torácicos, di ao nascimento, mas freqüentemente aumentam e tomam-se eviden
reito e esquerdo, há muitas variações da origem, trajeto e térmi tes durante a primeira infância. A maioria dos higromas parece de
no do dueto torácico adulto. rivar da transformação anormal dos sacos linfáticos jiyjulares. Acre
dita-se que os higromas suijam de partes de um saco linfáticojugular
O dueto linfático direito deriva da parte cefálica do dueto
que se destacaram ou de espaços linfáticos e deixaram de estabele
torácico direito (Fig. I5.42C). O dueto torácico e o dueto linfá
cer conexões com os principais canais linfáticos.
tico direito unem-se ao sistema venoso, 110 ângulo entre as veias
jugular interna e a veia subclávia. A parte superior da cisterna
do quilo embrionária persiste. No adulto, a cisterna do quilo mede
cerca de 5 cm de comprimento c 6 mm de largura.
RESUMO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
329
330 ■ SISTEMA ESQUELÉTICO
■ O sistema esquelético origina-se de células do mesoderma e Para mais detalhes sobre a histogênese e o crescimento da
da crista neural. Quando a notocorda e o tubo neural se formam, cartilagem, ver Gartner e Hiatt (1997).
o mesoderma intra-em brionário lateral a estas estruturas se es
pessa. formando duas colunas longitudinais, que constituem o
mesoderma p araxial (Fig. 16. IA a C). Ao final da terceira se Histogênese do Osso
mana. estas colunas se segmentam*em blocos de tecido meso-
dérmico, os som itos (ver Cap. 5). Externamente, os somitos O osso se desenvolve cm dois tipos de tecido conjuntivo, me-
parecem elevações cm forma de contas ao longo da superfície sênquima c cartilagem. Assim como a cartilagem, o osso é cons
tituído por células e por uma substância intercelular orgânica
dorsolateral do embrião (ver Cap. 6). Cada somito se diferencia
— a m atriz óssea — que compreende fibrilas colágenas inclu
em duas partes (Fig. 16. ID e E ):
ídas num componente amorfo. Para um relato sobre as células
• Uma parte ventromedial, o esclerótomo, cujas suas célu ósseas, com respeito à regulação do desenvolvimento, estrutu
las formam as vértebras e as costelas. ra, formação da matriz e mineralização, ver Marks e Popoff
• Uma parte dorsolateral. o dermomiótomo, cujas células (1988). Dziedzic-Goclawska et al. (1988) e Gartner c Hiatt
da região do miótomo formam mioblastos (células muscu (1997).
lares primitivas), e as da região do dermátomo, a derme
da pele.
OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA
As células m esodérm icas dão origem ao mesênquima — o
tecido conjuntivo embrionário frouxamente organizado. Uma Este tipo de formação óssea ocorre no mesênquima que for
parte considerável do mesênquima da região da cabeça também mou uma bainha membranosa (Fig . 16.2), o que lhe dá seu
deriva da crista neural. Células da crista neural migram para nome. o s sific a ç ã o intram em branosa. O m esênquim a se
os arcos faríngeos e formam os ossos e o tecido conjuntivo das condensa, tornando-se altamente vascular; algumas células se
estruturas craniofaciais. Qualquer que seja sua origem, as célu diferenciam cm osteoblastos (células formadoras de osso) e
las mesenquimais têm a capacidade dc se diferenciar em muitos começam a depositar matriz ou substâncias intercelularcs —
tipos celulares diferentes (p. ex.. em fibroblastos. condroblastos tecido osteóide — ou pré-osso. Os osteoblastos estão quase
ou osteoblastos). completamente separados uns dos outros, o contato sendo
mantido somente através de alguns prolongamentos delgados.
Fosfato de cálcio é então depositado no tecido osteóide, quando
FORMAÇÃO DO OSSO E DA CARTILAGEM este se organiza em osso. Os osteoblastos ósseos são aprisio
nados na matriz c transformam-se em osteócitos. Inicialm en
Os ossos surgem primeiro como condensações de células mesen te, o osso recém-formado não tem um padrão organizado. As
quimais que formam moldes dos ossos. A condensação marca o espículas ósseas logo se organizam e coalescem cm lamelas,
início da atividade de genes específicos, que precede a diferen ou camadas. Formam-se lamelas concêntricas em torno dos
ciação celular (H all e M iyake. 1995). A maioria dos ossos cha vasos sangüíneos, constituindo os sistem as de Havers. Alguns
tos se desenvolve no mesênquima dentro de bainhas membra- osteoblastos permanecem na periferia do osso em desenvol
nosas preexistentes'-(Gartner e Hiatt. 1997); este tipo de osteo- vimento e continuam a depositar lamelas, formando placas de
gênese é a form ação óssea intram em branosa. Na maioria dos osso compacto nas superfícies. Entre as placas superficiais, o
ossos dos membros, os moldes mesenquimais são transforma osso interveniente permanece cm espículas, ou esponjoso. Este
dos em moldes cartilaginosos, que. mais tarde. são ossificados ambiente esponjoso é um pouco acentuado pela ação de célu
pela form ação óssea endocondral. Existem diferenças signifi las de origem diversa — os osteoclastos. que dissolvem osso.
cativas na cinética do processo de mineralização entre a forma Nos interstícios do osso esponjoso, o mesênquima se diferen
ção óssea endocondral e a intram em branosa (D ziedzic- cia em m edula óssea.
Goclawska et al., 1988). Durante a vida fetal e pós-natal, ocorre a remodelagem con
tínua do osso pela ação simultânea dos osteoclastos e dos osteo
blastos. Estudos sobre os eventos celulares e moleculares durante
Histogênese da Cartilagem a formação óssea embrionária sugerem que a osteogênese e a
condrogênese são programadas no início do desenvolvimento e
A cartilagem origina-se do mesênquima e começa a aparecer nos constituem eventos independentes, sob a influência de fatores
embriões durante a quinta semana. Nas áreas onde a cartilagem vasculares.
irá se desenvolver, o mesênquima se condensa, formando cen
tros de form ação de cartilagem. As células mesenquimais pro
liferam e tornam-se arredondadas. As células formadoras de OSSIFICAÇÃO INTRACARTILAGINOSA
cartilagem — os condroblastos — secretam fibrilas colágenas
e a substância fundamental da matriz. Subseqüentemente, fibras Este tipo de formação óssea ocorre nos moldes cartilaginosos
colágenas e/ou elásticas são depositadas na substância interce- preexistentes (Fig. 16.3A a £'). Em um osso longo, por exemplo,
lular ou matriz. Três tipos de cartilagem se distinguem de acor o centro prim ário de ossificação surge na diáfise — a parte
do com o tipo de matriz que é formada: longa do osso entre suas extremidades — que forma o corpo ou
a haste do osso. Aqui. as células cartilaginosas aumentam de
• Cartilagem hialina, o tipo mais amplamente distribuído (p. tamanho (hipertrofiam), a matriz toma-se calcificada e as célu
ex., nas articulações) las morrem. Concomitantemente. uma fina camada de osso é
• Fibrocartilagcm (p. ex., nos discos intervertebrais) depositada sob o pericôndrio, que circunda a diáfise; deste modo,
• Cartilagem elástica (p. ex., no pavilhão da orelha) o pericôndrio transforma-se no periósteo. A invasão de tecido
SISTEMA ESQUELÉTICO ■ 331
Área cardiogénica
Nível do
corte B
Âmnio
Espaços
celômicos
Notocorda
Espaços
Mesoderma somático
Aortas dorsais
Celoma
intra-embrionário
Somito
Mesoderma intermediário
Mesoderma espláncnico
Gânglio espinhal
em desenvolvimento
Celoma intra-embrionário
Miótomo
Condroblasto
Area ___
ampliada
Matriz da
cartilagem
Centro (primário) de
ossificação da diáfise Cartilagem
hialina nâo
calcificada Disco cartilaginoso epifisário
Cartilagem
hialina
calcificada
Condrócito
Periósteo
Artéria
Capilar do metafisária
periósteo
Osso subperiósteo
Cavidade
medular do
osso longo
Artéria nutridora i
Centro (secundário) de
ossificação da epífise
Artéria ^
epifisária Artéria
nutridora
Epífise
Diáfise
Epífise Centro de
ossificação
da epífise
■ Fig. 16.3 A a E, Cortes longitudinais esquemáticos ilustrando a ossificação intracartilaginosa ou endocondral em um osso longo cm dcscn
volvimento.
334 ■ SISTEMA ESQUELÉTICO
DESENVOLVIMENTO DO
ESQUELETO AXIAL
O esqueleto axial é composto pelas seguintes partes:
• Crânio
• Coluna vertebral
• Costelas
Fibro-
• Estemo
cartilagem
Mesênquima
interzonal Durante a formação desta parte do esqueleto, as células dos
esclerótomos dos somitos mudam de posição (Fig. 16.1). Durante
a quarta semana, elas circundam o tubo neural (primórdio da me
dula espinhal) c a notocorda. estrutura em tomo da qual os pri-
mórdios das vértebras se desenvolvem. Esta mudança na posi
ção das células do esclerótomo é efetuada pelo crescimento di
Pericôndrio
ferencial das estruturas circundantes, e não por migração ativa
das células do esclerótomo.
□ Cartilagem
Durante o estágio pré-cartilaginoso, ou mesenquimatoso, as cé
lulas mesenquimatosas dos esclerótomos sào encontradas em três
áreas principais (Fig. 16.5/4):
□ Osso
• Em torno da notocorda
• Circundando o tubo neural
• Na parede do corpo
■ Fig. 16.4 Desenhos esquemáticos ilustrando o desenvolvimento das
articulações durante a sexta e a sétima semanas. A, O mesênquima con Em um corte frontal dc um embrião de 4 semanas, os escle
densado 6 contínuo através da fenda, ou interzona. entre os ossos em rótomos aparecem como pares de condensações dc células me
desenvolvimento, englobando um pouco de mesênquima (mesênquima senquimatosas em tomo da notocorda (Fig. 16.5S). Cada escle
interzonal) entre estes. Esta articulação primitiva pode diferenciar-se em rótomo é constituído por células frouxamente dispostas, cefali
B , uma articulação sinovial; em C, uma articulação cartilaginosa; ou em camente, e densamente agrupadas, caudalmente. Algumas das
D, uma articulação fibrosa. células densamente agrupadas se deslocam cefalicamente, vin
do a situar-se em frente ao centro do miótomo, onde formam o disco
intervertebral (Fig. 16.5C e D ). O remanescente das células dis
postas densamente funde-se com as células dispostas frouxamente
Articulações Cartilaginosas do esclerótomo imediatamente caudal, formando o centrum me
senquimatoso, primórdio do corpo vertebral. Assim, cada centrum
Durante o desenvolvimento das articulações cartilaginosas, o se forma de dois esclerótomos adjacentes, tomando-se uma estru
mesênquima interzonal entre os ossos em desenvolvimento se tura intersegmentar. Os nervos agora ficam cm íntima relação com
diferencia em cartilagem hialina (p. ex., as articulações condro- os discos intervertebrais, e as artérias intersegmentares ficam de
costais) ou em fibrocartilagem (Fig. 16.4C), como a sínfise pu- ambos os lados dos corpos vertebrais. No tórax, as artérias inter-
biana entre os corpos dos ossos do púbis (Moore, 1992). segmentares dorsais tomam-se as artérias intereostais.
A notocorda degenera e desaparece onde é circundada pelo
Articulações Sinoviais corpo vertebral em desenvolvimento. Entre as vértebras, a noto
corda se expande, formando o centro gelatinoso do disco inter
vertebral, o núcleo pulposo (Fig. 16.5D). M ais tarde, este nú
Durante o desenvolvimento deste tipo comum de articulação (p.
cleo é cercado por fibras dispostas circularmente, que formam o
ex., a articulação do joelho), o mesênquima interzonal entre os
anel fibroso. O núcleo pulposo e o anel fibroso, juntos, consti
ossos em desenvolvimento diferencia-se do seguinte modo (Fig.
tuem o disco intervertebral. As células mesenquimatosas, que
16.4fl):
cercam o tubo neural, formam o arco vertebral (neural). As cé
• Perifericamente. forma o ligamento capsular e outros li lulas mesenquimatosas na parede do corpo formam os proces
gamentos. sos costais. que formam as costelas na região torácica.
SISTEMA ESQUELÉTICO ■ 335
Nolocorda
Esclerótomo
Artérias
Plano do intersegmentares
corte B
Células
intersegmentar
frouxamente
Células
mesenquimatosas
densamente
agrupadas
Notocorda
Tubo neural
Condensação de
células do esclerótomo
Núcleo
Miótomo pulposo
Nervo espinhal
Miótomo
■ Fig. 16.5 A . Corte transversal dc um embrião dc 4 semanas. As setas indicam o crescimento dorsal do tubi» neural e o movimento dorsolateral
simultâneo do resto do somito, deixando atrás de si um rastro dc células do esclerótomo. H. Corte frontal esquemático deste embrião mostrando
que a condensação das células do esclerótomo em torno da notocorda é constituída por uma área cefálica dc células frouxamente agrupadas e uma
área caudal dc células mais densamente agrupadas. C. Corte transversal de um embrião de 5 semanas, mostrando a condensação dc células do
esclerótomo cm torno da notocorda c do tubo neural. formando uma vértebra mesenquimatosa. D, Corte frontal esquemático ilustrando como o
corpo vertebral é formado pelas metades cefálica c caudal dc duas massas sucessivas do esclerótomo. As artérias intersegmentares agora cruzam
os corpos das vértebras, e os nervos espinhais ficam entre as vértebras. A notocorda está em degcncração, exceto na região do disco intcrvcrtebral.
onde forma o núcleo pulposo.
Foràmen
Centros
primários de
Processo costal ossificação
Notocorda
Costela
Epífise anular
Corpo
Centrum
■ Fig. 16.6 Desenhos ilustrando os estágios do desenvolvimento das vértebras. A, Vértebra mesenquimatosa com 5 semanas. B , Centros de for
mação de cartilagem em uma vértebra mesenquimatosa com 6 semanas. C. Centros dc ossificação primária em uma vértebra cartilaginosa com 7
semanas. D. Vértebra torácica. ao nascimento, constituída por tres partes ósseas. Observe a cartilagem entre as metades do arco vertebral c entre
o arco c o centrum (articulação neurocentrum). E e F, Duas vistas de uma vértebra torácica típica, na puberdade, mostrando a localização dos
centros de ossificação secundários.
centros primários estão presentes ao final do período embrio ficação típica das vértebras ocorrem no atlas (C l), no axis (C2),
nário: em C7, nas vértebras lombares, no sacro e no cóccix. Para detalhes
de sua ossificação, consultar Bannister et al. (1995) e Moore (1992).
• Um no centrum
• Um em cada metade do arco vertebral
A ossificação torna-se evidente nos arcos vertebrais durante a
oitava semana. Ao nascimento, cada vértebra está constituída por
três partes ósseas unidas por cartilagem (Fig. 16.6D ). As metades
ósseas do arco vertebral usualmente se fundem durante os primei
ros 3 a 5 anos. Os arcos se unem primeiro na região lombar, e a Aproximadamente 95% das pessoas têm 7 vértebras cervicais, 12
união progride cefalicamente. O arco vertebral articula-se com o torácicas, 5 lombares e 5 sacras. Cerca de 3% das pessoas têm uma
centrum nas articulações neurocentrais cartilaginosas. Estas ar ou duas vértebras a mais, e ccrca de 2% têm uma a menos. Para de
ticulações permitem que os arcos vertebrais cresçam acompanhando terminar o número de vértebras, é necessário examinar toda a colu
o aumento da medula espinha1. Estas articulações desaparecem na vertebral porque uma vértebra extra (ou ausente) aparente em um
quando o arco vertebral se funde com o centrum durante o período segmento da coluna pode ser compensada por uma vértebra ausente
entre o terceiro e o sexto ano. Cinco centros de ossificação secun (ou extra) no segmento adjacente — por exemplo, 11 vértebras do
tipo torácico com 6 vértebras do tipo lombar.
dários aparecem nas vértebras, após a puberdade:
• Um para a extremidade do processo espinhoso
• Um para a extremidade de cada processo transverso
Desenvolvimento das Costelas
• Duas epífises anulares, uma na borda superior e outra na
borda inferior do corpo vertebral (Fig. 16.6£ e F )
As costelas originam-se dos processos costais mesenquimatosos das
O corpo vertebral é uma estrutura composta, constituída pelas vértebras torácicas (Fig. 16.6A). Elas tomam-se cartilaginosas du
epífises anulares e pela massa de osso entre estas. O corpo verte rante o período embrionário e ossificam-se durante o período fetal.
bral inclui o centrum, partes do arco vertebral e as facetas para as O sítio original da união dos processos costais com as vértebras é
cabeças das costelas. Todos os centros secundários se unem com o substituído pelas articulações costovertebrais. Estas são do tipo
resto da vértebra em tomo dos 25 anos de idade. Exceções da ossi- plano de articulação sinovial (Fig. 16.6D). Sete pares de costelas
SISTEMA ESQUELÉTICO ■ 337
(1 a 7) — as costelas verdadeiras — se prendem por suas própri plano mediano, formando os moldes cartilaginosos do manúbrio.
as cartilagens ao estemo. Cinco pares de costelas (8 a 12) — as estérnebras (segmentos do corpo do estemo) e do processo xi-
costelas falsas — se prendem ao estemo pela cartilagem de outra fóide. A fusão na extremidade inferior do esterno é. às vezes,
costela ou costelas. Os dois últimos pares de costelas (11 e 12) não incompleta; em conseqüência, nestas crianças o processo xifói-
se prendem ao estemo: são as costelas flutuantes. dc é bífido ou perfurado. Centros de ossificação aparecem cra-
niocaudalmente no esterno antes do nascimcnto, exceto o do
processo xifóide, que aparece durante a infância.
Desenvolvimento do Esterno
□
Neurocrânio
cartilaginoso □ Neurocrânio
membranoso
□
Viscerocrônio
cartilaginoso
□
Viscerocrânlo
membranoso
orbital
temporal
Cartilagens
| hipofisárias
ótica
paracordal B
Osso frontal
Etm6ide
Asas Osso parietal
grande e
pequena e
corpo do
esfenólde '
f \
\ I Porção petrosa
/ • 'do temporal
i
i \ /
A I 1
1
/ 1
f i
Osso nasal
■Osso occipital
■ Fig. 16.7 Esquemas ilustrando estágios do desenvolvimento do crânio. A a C são vistas da base do crânio em desenvolvimento (olhadas dc
cima). Dé uma vista lateral. A, Seis semanas, mostrando as várias cartilagens que vão sc fundir para formar o condrocrânio. B, Sete semanas, após
a fusão dc alguns dos pares de cartilagens. C, Doze semanas, mostrando a base cartilaginosa do crânio, ou condrocrânio, formada pela fusão de
várias cartilagens. D , Vinte semanas, indicando a origem dos ossos do crânio fetal.
338 ■ SISTEMA ESQUELÉTICO
• Pelo ncurocránio, caixa protetora do encéfalo vimento, que se forma pela fusão de várias cartilagens (Fig.
• Pelo vlscerocrânlo, o esqueleto da face 16.7/4 a D ). M ais tarde, a ossificação endocondral do condro
crânio forma os ossos da base do crânio. O padrão da ossifica
Ver H all e M iyakc (1995) para detalhes sobre os eventos
ção destes ossos tem uma seqüência definida, começando pelo
moleculares relacionados com a condrogêncsc do esqueleto cra-
osso oecipital, osso basiesfenóide (corpo do esfenóide) e osso
niofacial.
etmóide.
A cartilagem paracordal, ou placa basal, forma-se em tor
N E U R O C R Á N IO C A R T IL A G IN O S O no du extremidade cefálica da notocorda (Fig. 16.7/4). fundin
do-se com as cartilagens derivadas das regiões do esclerótomo
Inicialmente, o neurocrânio cartilaginoso, ou condrocrânio. dos somitos occipitais. Esta massa cartilaginosa contribui para a
e constituído pela base cartilaginosa do crânio em desenvol base do osso occipital; mais tàrde, crescem extensões em tomo
Fontanela
anterior
Sutura
frontal ou
metóplca
Saliância
Saliência frontal
parietal
Fontanela
ântero-lateral
(esfenoldal)
Fontanela
Maxilar
póstero-lateral
(mastóidea)
Mandíbula
Sutura
sagital
Sutura
lambdóide
Osso Fontanela
occipital anterior
Fontanela
posterior
Sutura
coronária
■ Fig. 16.8 Fotografias dc um crânio fetal mostrando os ossos, as fontanelas c as suturas dc união. A. Vista lateral. B , Vista superior. As tonta-
nelas posterior e ântero-laterais desaparecem por causa do crescimento dos ossos circundantes, dentro dc 2 a 3 meses após o nascimento, mas
permanecem como suturas por vários anos. As fontanelas póstero-laterais desaparecem de modo semelhante ao final do primeiro ano. e a fonta-
ncla anterior ao final do segundo ano. As metades do osso frontal normalmente começam a sc fundir durante o segundo ano. e a sutura frontal ou
metópica está, usualmente, obliterada aos Hanos de idade. As outras suturas desaparecem durante a vida adulta, mas a época cm que as suturas sc
fecham está sujeita a amplas variações.
SISTEMA ESQUELÉTICO ■ 339
N E U R O C R Â N IO M E M B R A N O S O
C R E S C IM E N T O P Ó S - N A T A L D O C R Â N IO
V IS C E R O C R Â N IO M E M B R A N O S O
■ Fig. 16.10 Fotografias das vistas anterior (/l), lateral (B ) e posterior (C) dc uma criança recém-nascida com acrania (ausência do crânio),
mcroancnccfalia (auscncia parcial do encéfalo), raquisquise (fenda extensa dos arcos vertebrais da coluna vertebral) c mielosquise (anomalia
grave da medula espinhal). As crianças com estas graves anomalias craniovertebrais envolvendo o encéfalo e a medula espinhal usualmente morrem
dentro de poucos dias após o nascimento. Para mais informações sobre mcroancnccfalia c espinha bífida com mielosquise, ver Cap. 19.
DESENVOLVIMENTO DO ESQUELETO
APENDICULAR
O esqueleto apendicular é constituído pelas cinturas escapular e ■ Fig. 16.11 Fotografias de um menino com um crânio longo, em forma
pélvica e pelos ossos dos membros. Ossos mesenquimatosos for de cunha (escafocefalia), resultante dc craniossinostose — fechamento
mam-se durante a quinta semana, quando condensações do me prematuro da sutura sagital. (De Laurence KM, Weeks R. Abnormalities
sênquima aparecem nos brotos dos membros. Durante a sexta se of thc central nervous system. In Norman A P [edj: Congênita!Abnorma-
mana, os moldes mesenquimatosos dos ossos dos membros tor litiesof/nfancy, 2ndcd. Oxford. Blackwcll Scienüfic Publications, 1971.)
342 SISTEMA ESQUELÉTICO
□ M e s ê n q u im a fr o u x o M e s ê n q u im a c o n d e n s a d o ■ Cartilagem
P r im ó r d io s
Ectoderma m e s e o q u im a to s o s d o s
o s s o s d o a n te b r a ç o
Crista
ectodérmica
apical
B Raios digitais
Rádio
Carpo Escápula
Rádio úmero
Carpo
Metacarpos
Cotovelo
Cúbito
Cúbito
■ Fig. 16.13 A, Um embrião com cerca de 2K dias mostrando o início do aparecimento dos brotos dos membros. B, Desenho esquemático dc um
corte longitudinal dc um broto do membro superior. A crista ectodérmica apical tem uma influência indutora sobre o mesênquima do broto do
membro; ela promove o crescimento do mesênquima c parecc lhe conferir a capacidade dc formar elementos cartilaginosos cspccíficos. C, Ks-
quema semelhante de um broto do membro superior com cerca de 33 dias, mostrando os primórdios mesenquimatosos dos ossos do membro. Os
raios digitais são condensações mesenquimatosas que formam cartilagem e se ossificam na formação dos ossos da mão. D, Membro superior com
6 semanas mostrando os moldes cartilaginosos dos ossos. E, Mais adiante, durante a sexta semana, mostrando os moldes cartilaginosos completos
dos ossos do membro superior.
SISTEMA ESQUELÉTICO ■ 343
O s s o p a r ie ta l
O s s o fr o n ta l
O sso
o c c ip ita l
M a x ila
V é r te b ra s
c e r v ic a ls M a n d íb u la
M e ta c a r p o s
R á d io
Ú m e ro
C ú b ito
C o s te la s
V é r te b r a s
to rá c ic a s
— ^ —
A acondroplasia é a causa mais comum do nanismo — uma esta
tura muito baixa (ver Cap. 9). Ela ocorre cerca de 1 vez em cada
15.000 nascimentos. Os membros são cncurvados e curtos por cau
Idade Óssea sa do distúrbio da ossificação endocondral dos discos cartilagino
sos epifisários. particularmente os dos ossos longos, durante a vida
A idade óssea é um bom índice da maturação geral. A determinação do fetal. O tronco é usualmente curto, e a cabeça é grande, com uma
número, tamanho c fusão dos ccntros epifisários através de radiografias testa proeminente e “ nariz escavado” (osso nasal achatado). A
é um método usado comumentc. O radiologista determina a idade óssea acondroplasia é um distúrbio autossômico dominante, c cerca dc 80%
dc uma pessoa avaliando os centros de ossificação usando dois critérios: dos casos surgem de novas mutações; a freqüência aumenta com a
idade paterna (Behrman et al., 19>96; Thompson et al., 1991).
• O aparecimento de material calcificado na diáfise e/ou na epí
fise é específico para cada diáfise e epífise c para cada osso e
cm cada sexo.
• O desaparecimento da linha escura que representa o disco car
tilaginoso epifisário indica que a epífise se fundiu com a diáfise.
Hiperpltultarlsmo
A fusão dos ccntros epifisários, que ocorre cm momentos específi
cos para cada epífise, acontece 1 a 2 anos antes no sexo feminino
que no masculino. A ultra-sonografia cm tempo real é agora cada O hiperpituitarismo infantil congênito, que faz com que uma criança
vez mais utilizada para a avaliação e a mensuração dos ossos fetais, crcsça a uma velocidade anormalmente rápida, é raro. Ele pode levar
assim como para a determinação da idade da gestação (Filly, 1991). ao gigantismo (estatura e proporções corporais excessivas), ou à acro-
344 ■ SISTEMA ESQUELÉTICO
megalia (aumento dos tecidos moles, dos órgãos viscerais e dos ossos
da face, mãos e pés). Na acromegalia, os ccntros epifisários c diafisá- Questões de Orientação Clínica
rios dos ossos longos se fundem, deste modo impedindo o alongamento
destes ossos. Tanto o gigantismo quanto a acromegalia resultam do
excesso de secreção do hormônio do crescimento. 1. Qual é a anomalia congênita mais comum da coluna vertebral?
Onde fica usualmente situado o defeito? Esta anomalia congêni
ta usualmente causa sintomas (p. ex., dor nas costas)?
2. Ocasionalmente, costelas rudimentares estão associadas à séti
ma vértebra cervical e à primeira vértebra lombar. Estas costelas
acessórias têm importância clínica? Qual é a base embriológica
das costelas acessórias?
3. Qual o defeito vertebral que pòde produzir escoliose? Defina esta
situação. Qual é a base embriológica deste defeito vertebral?
Uma deficiência grave da produção de hormônio tireoidiano fetal 4. O que significa o termo craniossinostosel Qual o resultado des
resulta em cretinismo, uma condição caracterizada por retardo do ta anormalidade do desenvolvimento? Dê um exemplo comum e
crescimento, deficiência mental, anormalidades esqueléticas e dis o descreva.
túrbios auditivos e neurológicos. A idade óssea parece menor que a 5. Uma criança apresentou as características da síndrome de Klippel-
idade cronológica porque o desenvolvimento epifisário é retardado. Feil. Quais são as principais características desta condição? Quais
O cretinismo é muito raro, exceto nas áreas em que falta iodo no solo são as anomalias vertebrais usualmente presentes?
e na água. A agenesia da tireóide também leva ao crednismo. As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
Miótomos cervicais
DESENVOLVIMENTO DO MÚSCULO
ESQUELÉTICO Musculatura do
membro superior
Os mioblastos que formam os músculos esqueléticos do tronco
Musculatura da
derivam do mesoderma das regiões dos miótomos dos somitos parede do corpo
(Fig. 17.M ). Os músculos dos membros originam-se de pelo
menos duas populações distintas dc células miogcnicas precur Somitos caudais lombares
soras dos brotos dos membros. Estudos experimentais recentes
mostraram que estas células originam-se dos somitos em resposta Musculatura do membro inferior
a estímulos provenientes dos tecidos vizinhos (Brand-Saberi et
al., 1996). A primeira indicação de m iogênese (formação de Músculos epiaxiais
músculo) é o alongamento dos núcleos e dos corpos celulares das do tronco
células mesenquimatosas quando estas se diferenciam em mio Ramos
blastos. Logo estas células musculares primordiais se fundem, primários Músculos extensores
formando estruturas cilíndricas, multinuclcadas, alongadas — os dorsal e do membro superior
miotubos. A nível molecular, estes eventos são precedidos pela ventral
ativação de genes e pela expressão dos fatores dc transcrição Músculos hipoaxiais
do tronco
hélice-alça-hélicc básicos, museuloespecíficos, da fam ília do
M ioD. nas células miogênicas precursoras. Para uma revisão dos
Músculos flexores do
trabalhos recentes sobre o controle genético c da regulação da membro superior
diferenciação muscular, ver Buonanno e Rosenthal (1996) e Pin
et al. (1997).
O crescimento muscular durante o desenvolvimento resulta Músculos intercostais
da contínua fusão dos mioblastos e miotubos. Os miofilamen-
tos desenvolvem-se no citoplasma dos miotubos durante ou após
a fusão dos mioblastos. Logo se desenvolvem miofibrilas c ou
tras organelas características das células musculares estriadas. Músculo curto dorsal
Pelo fato dc as células musculares serem longas e estreitas, elas
são, usualmente, chamadas de fibras musculares. Durante sua Músculo longo dorsal
diferenciação, os miotubos são envolvidos por lâminas externas,
que os segregam do tecido conjuntivo circundante. Os fibroblas-
Músculo psoas
tos produzem as camadas do perimísio e do epimísio da bainha
fibrosa; o endomísio é formado pela lâmina externa, que deriva
da fibra muscular e dc fibras reticulares. A maior parte dos mús Estômago
culos esqueléticos desenvolve-se antes do nascimento, e quase
todos os músculos remanescentes estão formados ao final do
Fígado Camadas de músculos
primeiro ano. O aumento do tamanho de um músculo, após o do abdome
primeiro ano. resulta do aumento do diâmetro das fibras por causa
Músculo reto abdominal
da formação dc mais miofilamcntos. Os músculos aumentam em
comprimento e largura para poderem crescer com o esqueleto.
■ Fig. 17.1 A, Esquema dc um embrião (ecrca dc 41 dias) mostrando
Seu tamanho final depende da quantidade de exercício realiza
os miótomos e o sistema muscular em desenvolvimento, fí. Corte trans
do. Nem todas as fibras musculares embrionárias persistem: versal do embrião ilustrando os derivados epiaxial e hipoaxial de um
muitas delas deixam de se estabelecer como unidades necessári miótomo. C, Corte semelhante de um embrião de 7 semanas mostrando
as do músculo e logo degeneram. as camadas musculares que se formam dos miótomos.
SISTEMA MUSCULAR ■ 347
Miótomos pré-óticos
do olho
Miótomos occipitais
Músculos faciais
Miótomos cervicais
Músculo
Miótomos torácicos oblíquo externo
■ Fig. 17.2 Desenhos ilustrando o sistema muscular em desenvolvimento. A, Embrião dc seis semanas mostrando as regiões dos miótomos dos
somitos que dão origem à maioria dos músculos esqueléticos, tí. Embrião de oito semanas mostrando a musculatura do tronco c dos membros em
desenvolvimento.
prim ário dorsal suprindo a divisão epiaxial e o ramo prim ário Músculos Oculares
ventral a divisão hipoaxial. Alguns músculos, os músculos in-
tercostais, por exemplo, permanecem dispostos de modo segmen A origem dos músculos oculares extrínsecos não está escla
tar, como os somitos, mas a maioria dos mioblastos migra para recida. mas acredita-se que possam ser derivados das células
longe do miótomo e forma músculos não segmentares. mesenquimatosas próximas à placa pré-cordal (Figs. 17.1 e
17.2). Acredita-se que o mesoderma desta área dê origem a
DERIVADOS DAS DIVISÕES EPIAXIAIS DOS três miótomos pré-óticos. Mioblastos diferenciam-se de cé
MIÓTOMOS lulas mesenquimatosas derivadas destes miótomos. Grupos de
mioblastos, cada qual suprido por seu próprio nervo craniano
Os mioblastos destas divisões dos miótomos formam os múscu (N C III, N C IV ou N C V I), formam os músculos extrínsecos
los extensores do pescoço e da coluna vertebral (Fig. 17.2). Os do olho.
músculos extensores embrionários derivados dos miótomos sa
cros e coccígeos degeneram; seus derivados adultos são os liga
mentos sacrococcígeos dorsais (Moore, 1992). Músculos da Língua
DERIVADOS DAS DIVISÕES HIPOAXIAIS DOS Inicialmente, há quatro miótomos occipitais (pós-ó>ticos)\ o pri
MIÓTOMOS meiro par desaparece. Os mioblastos dos miótomos remanescen
tes formam os músculos da língua, que são inervados pelo ner
Os mioblastos destas divisões dos miótomos cervicais formam os vo hipoglosso (N C X II).
músculos escaleno, pré-vertebral, gênio-hióideoe infra-hióideo (Fig.
17.2). Os miótomos torácicos formam os músculos flexores laterais
e ventrais da coluna vertebral, c os miótomos lombares formam o Músculos dos Membros
músculo quadrado lombar. Os miótomos sacrococcígeos formam
os músculos do diafragma pélvico (Moore e Agur, 1995) e, prova A musculatura dos membros origina-sc das células miogênicas
velmente, os músculos estriados do ânus e dos órgãos sexuais. (m ioblastos) que circundam os ossos em desenvolvimento (Fig.
17.1). Estudos de enxertos e de alvos genéticos cm aves e ma
Músculos dos Arcos Faríngeos míferos demonstraram que pelo menos algumas das células mi
ogênicas precursoras dos brotos dos membros originam-se dos
A migração dos mioblastos dos arcos faríngeos para formar os somitos. Estas são células localizadas primeiro na parte ventral
músculos da mastigação, da expressão facial, da faringe c da do dermomiótomo, sendo de natureza epitelial (ver Fig. 16.1D).
laringe está descrita no Cap. 11. Estes músculos são inervados Após a transformação mesenquimatoepitelial. as células migram
pelos nervos dos arcos faríngeos. para o primórdio do membro.
348 ■ SISTEMA MUSCULAR
18
Estágios Iniciais do Desenvolvimento dos Membros
Estágios Finais do Desenvolvimento dos Membros
Dermátomos e Inervação Cutânea dos Membros
Irrigação Sangüínea dos Membros
Anomalias dos Membros
Resumo do Desenvolvimento dos Membros
Questões de Orientação Clínica
350
OS MEMBROS 351
1 » . 2 * . 3» e 4e
a rc o s fa rín g e o s
Local do
( b r a n q u ia is )
m e s e n c é fa lo
Local do
S a liê n c ia
p la c ó d io d o c r is ta lin o
a tr ia l o s q u e r d a
d o c o ra ç ã o
Local do
p la c ó d io n a s a l
S a liê n c ia v e n tr ic u la r
e s q u e r d a d o c o ra ç ã o
B r o to d o
m e m b r o s u p e rio r
C o r d ã o u m b ilic a l
Somitos
C auda
S a liê n c ia
B r o to d o m e m b r o in fe r io r m e s o n é tr ic a
1y s u lc o fa r ín g e o ( fe n d a )
Q u a r to v e n tr ic u lo
1° , 23 e 3*
d o e n c é fa lo
a r c o s fa r in g e o s
( b r a n q u ia is )
M e s e n c é fa lo
S e io c e rv ic a l
F o s s e ta d o c r is ta lin o
Saliência
P la c ó d io n a s a l c a rd ía c a
C o r d ã o u m b ilic a l
B r o to do
m e m b r o s u p e rio r
C auda
C n s ta m e s o n é fr ic a
B r o to d o m e m b ro Somitos
in fe r io r
B $ T a m a n h o r e a l 4 ,0 m m
■ As características gerais do desenvolvimento dos membros desenvolvimento dos brotos dos membros superiores precede o
estão descritas e ilustradas no Cap. 6. O desenvolvimento dos dos brotos dos membros inferiores em cerca de 2 dias (Fig. 18.1A
ossos dos membros está descrito no Cap. 16, e a formação dos e B ). Além disso, há diferenças claras entre o desenvolvimento
músculos dos membros está delineada no Cap. 17. O objetivo da mão e do pé pela forma e função. Os brotos dos membros
deste capítulo é consolidar este material e fornecer mais infor superiores desenvolvem-se ao nível dos segmentos cervicais
mações acerca do desenvolvimento dos membros. caudais, e os brotos dos membros inferiores formam-se ao nível
dos segmentos lombares e sacros superiores.
No ápice de cada broto dos membros, o ectodcrma se espes
ESTÁGIOS INICIAIS DO sa, formando uma crista ectodérm ica apical (C E A ). A intera
DESENVOLVIMENTO DOS MEMBROS ção entre a C E A e as células mesenquimatosas é essencial para
o desenvolvimento do membro (Hinrichsen et al., 1994). A C EA ,
Os brotos dos membros aparecem primeiro como pequenas ele uma estrutura epitelial de múltiplas camadas (Fig. 18.2), intera
vações da parede ventrolateral do corpo durante a quarta semana ge com o mesênquima do broto do membro, promovendo o cres
(Fig. 18.1A). O desenvolvimento dos membros começa com a ati cimento do broto para fora (Carlson, 1994). A C EA exerce utna
vação de um grupo de células mesenquimatosas do mesoderma influência indutora sobre o mesênquima do membro, que dá iní
lateral (Carlson, 1994). Genes contendo a seqüência homeo (H O X ) cio ao crescimento e desenvolvimento dos membros. O mesên
regulam o estabelecimento do padrão do desenvolvimento dos quima adjacente à C E A é constituído por células indifcrencia-
membros nos vertebrados (Muragaki et al., 1996; Cohn et al., das, que proliferam rapidamente, enquanto as células mesenqui
1997). Os brotos dos membros se formam sob uma espessa faixa mais proximais a ela se diferenciam em vasos sangüíneos e
de ectodcrma. Os brotos dos membros superiores são visíveis no moldes cartilaginosos dos ossos. Membros da família do gene
dia 26 ou 27, e os brotos dos membros inferiores aparecem um do fator transformador de crescimento, a ativina A e proteínas
dia ou dois mais tarde. Cada broto dc um membro é constituído ósseas morfogcnéticas, desempenham um papel importante no
por uma massa de mesênquima coberta por ectodcrma. O mesên desenvolvimento e na remodelação dos ossos (Centrella et al.,
quima deriva da camada somática do mesoderma lateral. Os bro 1994; Russell, 1996). As extremidades distais dos brotos, em
tos dos membros alongam-se pela proliferação do mesênquima no forma de nadadeiras, se achatam, formando as placas da mão e
seu interior. Os membros superiores aparecem em posição despro do pé, em forma de pá de remo (Fig. 18.3).
porcionalmente baixa sobre o tronco do embrião por causa do Ao final da sexta semana, o tecido mesenquimatoso das pla
desenvolvimento precoce da metade cefálica do embrião. cas das mãos se condensa, formando os raios digitais (Figs. 18.3
Os estágios iniciais do desenvolvimento dos membros são e 18.4A a C ). Estas condensações mesenquimatosas delineiam o
iguais para os membros superiores e os inferiores; no entanto, o padrão dos dígitos (dedos). Durante a sétima semana, conden-
Tubo neural
Fusão das
a o r ta s d o r s a is
M e s o g á s tr io
d o rs a l
C o m o d ir e ito E s tô m a g o
d o s e io v e n o s o
B r o to d o
m e m b r o s u p e r io r
C ris ta
V e n tr íc u lo e c to d é r m ic a
com um apical
Prosencófak)
■ Fig. 18.2 Corte oblíquo de um embrião no estágio Camegie 13, cerca de 28 dias. Observe o membro superior em forma de nadadeira, lateral
ao coração do embrião. (De Moore KL, Persaud TVN, Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia, W B Saunders, 1994.)
OS MEMBROS ■ 353
Sem ana 5
32 dias
Sem ana 5.
35 dias
Membros superiores
fletidos no cotovelo,
dedos curtos e
interligados
Sem ana 6,
44 dias
Sem ana 8,
56 dias
Brotos dos membros Placas da mào e Raios digitais Depressões Dedos das mãos e Dedos separados
do pé em forma entre os raios dos pés interligados
de remo digitais
M EM BRO
IN FER IO R :
H I
»i Fig. 18.4 Desenhos ilustrando o desenvolvimento das mãos e dos pés entre a quarta c a oitava semanas. Os estágios iniciais do desenvolvi
mento dos membros são iguais, mas o desenvolvimento das mãos precede o dos pés por mais ou menos um dia; A, 27 dias; fí, 32 dias; C, 41dias;
I), 46 dias; E, 50 dias; F, 52 dias; G, 28 dias; H. 36 dias; I, 46 dias;./, 49 dias; K, 52 dias; L 56 dias.
sações semelhantes do mesênquima formam raios digitais nas a ossos, ligamentos e vasos sangüíneos (Fig. 18.5). A partir das
placas dos pés (Fig. I8 .4 E a /). Na ponta de cada raio digital, regiões do dermomiótomo dos somitos. células precursoras mi-
uma parte da C E A induz o mesênquima a formar os primórdios ogênicas também migram para o broto do membro e. mais tar
mesenquimatosos dos ossos (falanges) dos dedos. Os intervalos de, diferenciam-se em m ioblastos — precursores das células
entre os raios digitais são ocupados por mesênquima frouxo. musculares (ver Hinrichscn ct al., 1994, para mais informações).
Logo as regiões de mesênquima interveniente degeneram, for Os miótomos cervicais e lombossacros contribuem para os
mando depressões entre os raios digitais (Figs. 18.3 e 1S.4D e músculos das cinturas escapular e pélvica.
J ) . O prosseguimento desta degeneração produz dedos separa No início da sétima semana, os membros se estendem ven-
dos, ao final da oitava semana. A morte celular programada tralmente. Os membros superiores c inferiores em desenvolvi
(apoptose) é responsável pela degeneração do tecido nas regi mento fazem um movimento dc rotação em direções opostas e
ões interdigitais, e é provavelmente mediada por moléculas de em diferentes graus (Figs. 18.6 e 18.7A a D ):
sinalização conhecidas como proteínas ósseas morfogenéticas.
• Os membros superiores fazem uma rotação lateral de 90°
O bloqueio destes eventos celulares e moleculares poderia ex
sobre seu eixo maior; assim, os futuros cotovelos apontam
plicar a sindactilia, a permanência das regiões interdigitais, ou
dorsalmente e os músculos extensores se situam nos as
a fusão dos dedos das mãos ou dos pés (Zou e Niswander. 1996).
pectos lateral c posterior do membro.
• Os membros inferioresfazem uma rotação mediai dc quase
90°; assim, os futuros joelhos apontam ventralmente e os
ESTÁGIOS FINAIS DO DESENVOLVIMENTO músculos extensores sc situam no aspecto anterior do
DOS MEMBROS membro inferior.
Com o alongamento dos membros durante a parte inicial da quin Deve estar claro, agora, que o rádio e a tíbia são ossos homó
ta semana, formam-se moldes mesenquimatosos dos ossos por logos, tais como o cúbito e o perônio, assim como o polegar e o
agregados celulares (Fig. I8 .M c fí). Centros de form ação de dedo grande do pé são homólogos. Originalmente, o aspecto fle
cartilagem aparecem durante a quinta semana. Ao final da sex xor dos membros é ventral e o aspecto extensor é dorsal, c as
ta semana, todo o esqueleto do membro é cartilaginoso (Fig. bordas pré-axial e pós-axial são cefálica e caudal, respectivamen
18.5C e D ). A osteogênese dos ossos longos começa na sétima te (Fig. 18.7A c D ). As articulações sinoviais aparecem no iní
semana, a partir de centros primários de ossificação no meio dos cio do período fetal, coincidindo com a diferenciação funcional
moldes cartilaginosos dos ossos longos. Centros prim ários de dos músculos do membro e sua inervação.
ossificação estão presentes em todos os ossos longos na 12.“
semana (ver Cap. 16). A ossificação dos ossos do carpo (punho)
começa durante o primeiro ano após o nascimento. DERMÁTOMOS E INERVAÇÃO CUTÂNEA
Com a formação dos ossos longos, mioblastos se agregam e DOS MEMBROS
formam uma grande massa muscular dentro de cada broto dos
membros (ver Fig. 17.1). Em geral, esta massa muscular se d ivi Por causa de sua relação com o crescimento e a rotação dos
de em um componente dorsal (extensor) e em um componente membros, a inervação segmentar cutânea dos membros é consi
ventral (flexor). O mesênquima do broto do membro dá origem derada neste capítulo cm vez dc no Cap. 19, sobre o sistema
OS MEMBROS ■ 355
Ectoderma
A Crista
ectodérmica
□ Mesênquima frouxo
apical
Mesênquima condensado
Primórdio
mesenquimatoso dos
ossos do antebraço
□ Cartilagem
Ectoderma
B
Osso do carpo
Úmero
Rádio
Cúbito
Rádio
Carpo Escápula
Falanges
Metacarpos
Cúbito
■ Fig. 18.5 Cortes longitudinais esquemáticos do membro superior cm desenvolvimento de um embrião humano mostrando o desenvolvimento
tios ossos cartilaginosos.
nervoso. Ver Lumb ( 1988) para detalhes sobre a embriologia dos nervos periféricos saem dos plexos dos membros (braquial e lom-
nervos periféricos em relação à inervação das fibras musculares bossacro) em desenvolvimento c penetram no mesênquima dos
dos membros. Durante a quinta semana, axônios motores pro brotos dos membros (Fig. 18.8/1, fí. D e E ). Os nervos espinhais
venientes da medula espinhal penetram nos brotos dos membros se distribuem em faixas segmentares, suprindo tanto a superfície
e crescem para dentro das massas musculares, dorsal e ventral. dorsal quanto a ventral dos brotos dos membros. Com o alonga
Axônios sensoriais penetram nos brotos dos membros depois dos mento dos membros, a distribuição cutânea dos nervos espinhais
axônios motores, utilizando-os como guias (Carlson, 1994). migra ao longo dos membros e não atinge mais a superfície na sua
Células da crista neural, precursoras das células de Schwann, parte distai. Apesar das alterações do padrão dermatômico origi
envolvem as fibras nervosas motoras e sensitivas dos membros nal durante o crescimento dos membros, uma seqüência ordena
c formam as bainhas do neurolema (células de Schwann) c de da de distribuição ainda pode ser reconhecida no adulto (Fig.
m ielina (ver Cap. 19). 18.8C e F ). No membro superior, observe que as áreas supridas
Um derm átom o é a área de pele suprida por um único nervo por C5 e C6 são vizinhas das áreas supridas por T2. T I e C8,
espinhal e seu gânglio espinhal. Durante a quinta semana, os mas a superposição entre estas é mínima na linha axial ventral.
356 ■ OS MEMBROS
Plexo vascular do
couro cabeludo
Pálpebra
Pavilhão da
orelha externa
Nariz
Cotovelo
Dedos separados
Cordáo umbilical
Joelho
Depressão entre os
raios digitais do pé
Cauda rombuda >j T a
Plexo vascular do
couro cabeludo
Pavilhão da
orelha externa
Olho
Nariz
Mandíbula
Boca
Punho
Cotovelo
Cordão umbilical
Dedos do pó separados
Planta do pó
Tamanho real 30.0 mm
Joelho
■ Fig. 18.6 A, Vista lateral dc um embrião no estágio Carnegie 2 1, cerca de 52 dias. Os dedos das mãos estão separados, c os dedos dos pés estão
começando a sc separar. Observe que os pés têm a forma de leque. H. Vista lateral dc um embrião no estágio Carnegie 23, cerca de 56 dias. Todas
as regiões dos membros são visíveis, e os dedos das mãos c dos pés estão separados. <Modificado de Nishimura H. Semba R. Tanimura T, Tanaka
O: Prenatal Development ofthe Human with Special Referent e to Craniofaciul Struetures: An Atlas. Washington. DC. National Institutc of Health,
I977.)
Uma área nervosa cutânea e a área dc pele suprida por um guidos progressivamente para baixo ao longo do aspecto lateral
nervo periférico. As áreas nervosas cutâneas c os dermátomos do membro superior e retornando ao longo de seu aspecto medi
exibem uma superposição considerável. Quando a rai/. dorsal que ai. Um a distribuição comparável dos dermátomos ocorre nos
inerva uma determinada área é cortada, os padrões dermatômi- membros inferiores, que podem ser seguidos para baixo ao lon
cos indicam que pode haver um pequeno déficit na área indica go do aspecto ventral e, depois, retornando ao longo do aspecto
da. Pelo fato de haver superposição dos dermátomos. uma área dorsal do membro inferior. Quando os membros se alongam para
particular da pele não é inervada exclusivamente por um único baixo, levam consigo seus nervos; isto explica o trajeto oblíquo
nervo segmentar, ü s dermátomos dos membros podem ser se dos nervos que psovêm dos plexos braquial e lombossacro.
OS MEMBROS ■ 357
■ Fig. 18.7 Desenhos ilustrando as alterações da posição dos membros em desenvolvimento de embriões humanos. A, Cerca de 4H dias. mostran
do os membros estendendo-se ventralmente e as placas das mãos e dos pés uma cm frente à outra. fí. Cerca de 5 1dias, mostrando os membros
superiores dobrados nos cotovelos e as mâos curvadas sobre o tórax. C, Cerca dc 54 dias. mostrando as plantas dos pés dirigidas medialmcntc. />.
Cerca dc 56 dias. Observe que agora os cotovelos apontam caudalmente e os joelhos cefalicamente.
Aspecto anterior
Aspecto posterior
■ Fig. 18.8 Esquemas ilustrando o desenvolvimento dos padrões dcrmatômicos dos membros. As linhas axiais indicam onde não há presença de
superposição sensitiva. A e t). Aspecto ventral dos brotos dos membros no início da quinta semana. Neste estágio, os padrões dermatômicos
mostram o arranjo segmentar primitivo, ti c E . Vistas semelhantes em idade mais adiantada, na quinta semana, mostrando o arranjo modificado
dos dermátomos. C e F, Os padrões dermatômicos nos membros superior c inferior adultos. O padrão dermatômico primitivo desapareceu, mas
uma seqüência ordenada de dermátomos ainda pode ser reconhecida. Em F, observe que a maior parte da superfície ventral original do membro
inferior fica na região dorsal do membro adulto. Isto resulta da rotação mediai do membro inferior, que ocorre ao final do período embrionário.
No membro superior, a linha axial ventral se estende ao longo da supcrfícic anterior do braço e do antebraço. No membro inferior, a linha axial
ventral sc estende ao longo do aspecto mediai da coxa e do joelho para o aspecto póstcro-mcdial da perna, até o calcanhar.
IRRIGAÇÃO SANGÜÍNEA DOS MEMBROS tos, formando outros vasos. A artéria axial primária torna-se a
artéria braquial no braço, e, no antebraço, a artéria interóssea
Os brotos dos membros são irrigados por ramos das artérias com um , que tem os ramos interósseos, anterior e posterior. As
intersegm entares (Fig . 18.9A), que se originam da aorta e for artérias cubital e radial são ramos terminais da artéria braqui
mam uma fina rede capilar por todo o mesênquima. O padrão al. Quando os dedos se formam, o seio marginal sc fragmenta:
vascular prim itivo é constituído por uma artéria axial prim á forma-se o padrão venoso final, representado pelas veias basí
ria e seus ramos (Fig . 18.9fl). que drenam para um seio margi lica e cefálica e suas veias tributárias. Na coxa. a artéria axial
nal periférico. O sangue do seio m arginal drena para uma veia primária é representada pela artéria profunda da coxa (arté
periférica. O padrão vascular se modifica com o desenvolvi ria profunda femoral). Na perna, a artéria axial primária é re
mento dos membros, sobretudo por vasos que se originam dos presentada pelas artérias tibiais anterior e posterior (Moore,
vasos já existentes. Os novos vasos coalescem com outros bro 1992).
Veias cardinais anterior, comum a posterior
Artéria umbilical
Arcos aórlicos
mediana
Placa da mão
Artória radial
Artéria braquial Artéria tibial anterior
Artória Artória
interóssea isquiâtica
anterior
Artéria poplitea
Arténa cubital
Artória tibial postenor
Artéria profunda do braço
Arténa mediana (artéria braquial profunda) Artéria fibular (peroneal)
Arténa braquial
Arténa cubital
■ Fig. 18.9 Desenvolvimento das artérias dos membros. A, Esquema do sistema cardiovascular primitivo em um embriáo de 4 semanas, cerca
dc 26 dias. H. Desenvolvimento das artérias do membro superior. ('. Desenvolvimento das artérias do membro inferior.
OS MEMBROS ■ 359
ANOMALIAS DOS MEMBROS te, um teratógeno que poderia causar a ausência dos membros
ou de partes destes tem que atuar antes do período crítico do
Pequenas anomalias são relativamente comuns, mas, usualmen desenvolvimento dos membros. Muitas anomalias graves dos
te. podem ser corrigidas cirurgicamente. Apesar de as pequenas membros ocorreram entre 1957 a 1962, como resultado da in
anomalias serem usualmente de pouca conseqüência médica, elas gestão materna de talidomida. Esta droga, amplamente usada
podem servir como indicadores de anomalias mais graves e fa como sedativo e antinauseante. foi retirada do mercado em de
zer parte de um padrão reconhecível de defeitos (Jones, 1997). zembro de 1961. Desde esta época, anomalias semelhantes dos
O período mais crítico do desenvolvimento dos membros vai membros têm sido raramente observadas. Pelo fato de a talido
do dia 24 ao dia 36 após a fertilização. Esta afirmação é basea mida ainda estar disponível como um agente para investigações,
da cm estudos clínicos dc crianças expostas à talidomida, um deve ser enfatizado que a talidom ida é absolutamente contra-
teratógeno humano potente, que produziu defeitos dos membros indicada para mulheres em idade de ter filhos (Behrman et al.,
e outras anomalias (Newman, 1986). A exposição a um terató 1996).
geno potente antes do dia 33 pode causar anomalias graves, como Grandes anomalias dos membros aparecem cerca de 2 ve
ausência dos membros e das mãos (Figs. I8.10A e 18.1 IC ). A zes em cada 1.000 recém-nascidos (Connor e Ferguson-Smith,
exposição a um teratógeno dos dias 34 a 36 produz a ausência 1988). A maioria destes defeitos é causada por fatores genéti
ou a hipoplasia dos polegares (Fig. 18.12B ). Conseqüentemen cos.
■ Fig. 18.10 Anomalias dos membros causadas pela talidomida. A, Amélia quádmpla: ausência dos membros superiorcs e inferiores. B, Meromelia
dos membros superiores: os membros são representados por colos rudimentares. C, Meromelia com membros superiores rudimentares presos
diretamente ao tronco. (De Lenz W. Knapp K: Foetal malformations due to thalidomide. Ger Med Mon 7:253, 1962.)
360 ■ OS MEMBROS
Termos descritivos como hemimelia, peromelia, ectromelia, efoco- O rádio está parcial ou completamente ausente. A mão desvia-se
melia não são usados na nomenclatura atual por serem imprecisos. lateralmente (radialmente) e o cúbito encurva-sc com a concavida-
■ Fig. 18.11 Vários tipos dc meromelia (ausência parcial dos membros). A, Ausência das mãos e da maior parte dos antebraços, fí. Ausência dos
dedos. C, Ausência da mão. I). Ausência do quarto e quinto dedos, com sindactilia do segundo e terceiro dedos. E. Auscncia do terceiro dedo.
resultando na mão fendida. /•', Ausência do segundo c terceiro dedos do pé, com sindactilia do quarto e quinto dedos, resultando em pé fendido.
(£) de Swenson O: Pediatric Surgery. New York. Appleton-Century-Crofts. 1958.)
OS MEMBROS ■ 361
de no aspecto lateral do antebraço. Esta anomalia resulta da falta da 18.15/1 e D). É mais freqüente no pé do que na mão (Fig. 18.13). A
formação do primórdio mesenquimatoso do rádio, durante a quinta sindactilia cutânea resulta da falta da degeneração das membranas
semana do desenvolvimento. A ausência do rádio é, usualmente, cau entre dois ou mais dígitos. Nos casos graves, há fusão de vários de
sada por fatores genéticos. dos (Fig. 18.155, E c F). Em alguns casos ocorre fusão dos ossos
(sinostose). A sindactilia óssea ocorre quando as depressões entre
Braquldactllia os raios digitais não se desenvolvem durante a sétima semana; por
isto, nâo ocorre a separação dos dedos. A sindactilia é mais freqüen
Dedos curtos (das mãos ou dos pés) são incomuns e resultam da temente observada entre o terceiro e o quarto dedos da mão (Fig.
redução do comprimento das falanges (Fig. 18.12/1). Esta anomalia 18.11D), e entre o segundo e o terceiro dedos do pé (Fig. 18.13). É
é usualmente herdada como um traço dominante e está freqüente herdada como um traço simples dominante ou recessivo (Thomp
mente associada à baixa estatura. son et al., 1991).
Dedos supranumerários são comuns (Figs. 18.12CeDe 18.14). Fre Qualquer deformidade do pé que envolva o talo (osso do tornozelo) é
qüentemente, o dedo extra não se formou completamente e não tem chamada de pé torto ou talipe (do lat. talus, calcanhar, tornozelo e
um desenvolvimento muscular apropriado; é, portanto, inútil. Quan pes, pé). O pé torto é uma anomalia comum, que ocorre cerca de 1
do a mão está afetada, o dedo supranumerário é, mais comumente, vez a cada 1.000 nascimentos. Ela é caracterizada pela posição anor
mediai ou lateral em vez de central. No pé. o dedo extra fica usual mal do pé, impedindo a sustentação normal do peso. Quando a crian
mente no aspecto lateral. A polidactilia é herdada como um traço ça cresce, ela tende a andar sobre o tornozelo em vez de sobre a plan
dominante. ta do pé. O talipe eqüinovaro. o tipo mais comum de pé torto (Fig.
18.15C), ocorre cerca de duas vezes mais freqüentemente no sexo
Sindactilia ' masculino. A planta do pé é voltada medialmente e o pé é invertido.
Há muita incerteza sobre a causa do pé torto (Robertson e Corbett,
A sindactilia ocorre em 1a cada 2.200 nascimentos (Behrman et al., 1997). Apesar de se afirmar comumente que o pé torto resulta do po
1996). A sindactilia cutânea (a simples ligação dos dedos pela mem sicionamento anormal ou da restrição dos movimentos dos membros
brana interdigital) é a mais comum das anomalias dos membros (Fig. inferiores do feto in uíero, as evidências para tanto não são conclusi-
■ Fig. 18.12 Vários tipos dc anomalia dos membros. A. Braquidactilia. B , Hipoplasia do polegar. C. Polidactilia mostrando um quinto dedo
supranumerário. D , Polidactilia mostrando um quinto dedo do pé supranumerário. E. Duplicação parcial do pé. F. Duplicação parcial do polegar.
(C c D de Swenson O; Pediatric Surgery. New York. Appleton-Century-Crofts. 1958.)
362 ■ OS MEMBROS
■ Fig. 18.15 Vários tipos dc anomalia dos membros. A, Sindactilia cutânea mostrando membranas de pele entre o primeiro e o segundo e entre
o segundo e o terceiro dedos do pé. B. Sindactilia cutânea grave envolvendo a fusão de todos os dedos do pé, exceto o quinto. C, Sindactilia
cutânea associada ao pé torto (talipe eqüinovaro). D, Sindactilia cutânea envolvendo o terceiro e quarto dedos da mão. E e F, Vistas dorsal e
palmar da mão direita de uma criança, mostrando sindactilia óssea (fusão) do segundo ao quinto dedos. (A c D dc Swenson O: Pediatric Surgery.
New York, Applcton-Century-Crofts. 1958.)
tos dos membros derivam de duas fontes principais, que são o meso
pouco maior que o normal. Ambos os genitores têm membros
derma e o ectoderma. A crista ectodénmca apical (C E A ) exerce uma
normais, e estes problemas nunca ocorreram em nenhuma das
influência indutora sobre o mesênquima do membro, promovendo o suas famílias. A ingestáo dc drogas pela mãe durante a gravi
crescimento e o desenvolvimento dos membros. Os brotos dos mem dez poderia ter causado estas anormalidades? Sc não. qual é a
bros alongam-se pela proliferação do mesênquima no seu interior. causa provável destes distúrbios do esqueleto? Eles poderão
A morte celular programada é um mecanismo importante no desen ocorrer novamente se este casal tiver mais filhos?
volvimento dos membros, tal como na formação dos dedos. Os 2. Minha irmã quer se casar com um homem com dedos muito cur
músculos dos membros derivam do mesênquima (células precurso tos (braquidactilia). Ele diz que dois parentes seus tinham de
ras miogênicas) originário dos somitos. As células formadoras dc dos curtos, mas nenhum de seus irmãos ou irmãs os apresen
tam. Minha irmã tem dedos normais, como todos em nossa fa
músculo (mioblastos) constituem as massas musculares dorsal e ven
mília. Ela mc perguntou quais as probabilidades de seus filhos
tral. Os nervos penetram nos brotos dos membros depois dc as mas terem braquidactilia sc ela se casar com este homem. Sei que é
sas musculares terem se formado. A maioria dos vasos sangüíneos uma questão dc hereditariedade, mas não fui capaz de lhe dar
dos brotos dos membros surge da aorta e das veias cardinais. uma resposta útil. Será que o senhor pode fazê-lo?
Inicialmente, os membros cm desenvolvimento dirigem-se 3. Há cerca dc um ano, li no jornal sobre uma mulher que teve
caudalmente; mais tarde. projetam-se ventralmente; finalmente, uma criança sem a mão direita. Para aliviar as náuseas, ela co
fazem um movimento de rotação sobre seu eixo mais longo. Os meçara a tomar uma droga chamada Bendectina. durante a 10.*
membros superiores e inferiores giram em direções opostas e em semana da sua gestação (8 semanas após a fertilização) e, atu
almente, está movendo um processo legal contra o fabricante
graus diferentes. A maioria das anormalidades dos membros é
desta droga. Este medicamento causa defeitos dos membros;
causada por fatores genéticos; entretanto, muitas anormalidades e, se o fizer, poderia ter causado a falta do desenvolvimento da
resultam, provavelmente, de uma interação de fatores genéticos e mão da criança?
ambientais (herança multifatorial). Relativamente poucas anoma 4. Quando eu era enfermeira, vi um bebê com sindactilia (dedos
lias congênitas dos membros podem ser atribuídas a teratógenos fundidos) da mão esquerda e com ausência da extremidade cs-
ambientais específicos, exceto as resultantes da talidomida. temal do músculo grande peitoral. A criança parecia normal,
mas o mamilo do lado esquerdo era ccrca de 5 cm mais baixo
que o outro. Qual é a causa destas anomalias? Elas podem ser
corrigidas?
5. Qual é o tipo mais comum dc pé torto? Isso é muito comum?
Questões de Orientação Clínica Descreva os pés das crianças nascidas com esta anomalia.
6. A sindactilia é comum? Ocorre mais freqüentemente nas mãos
que nos pés? Qual é a base embriológica da sindactilia?
1. Uma conhecida nossa teve uma criança com membros muito
curtos. Seu tronco tem proporções normais, mas a cabeça é um As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
364 ■ OS MEMBROS
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F o rm a ç ã o d o S is te m a N e rv o s o
F o rm a ç ã o d a M e d u la E s p in h a l
A n o m a lia s C o n g ê n ita s d a M e d u la E s p in h a l
F o rm a ç ã o d o E n c é fa lo
A n o m a lia s C o n g ê n ita s d o E n c é fa lo
D e s e n v o lv im e n to d o S is te m a N e rv o s o P e rifé ric o
F o rm a ç ã o d o S is te m a N e rv o s o A u tô n o m o
R e s u m o d o S is te m a N e rv o s o
Q u e s tõ e s d e O rie n ta ç ã o C lín ic a
366 ■ SISTEM A NERVOSO
■ O sistema nervoso consiste em três partes: colunar pseudo-estratificado, espesso (Fig. 19.40). Estas célu
las ncuroepitcliais constituem a zona ventricular (camada epen-
• Sistema Nervoso Central (SN C ), que compreende o encé
dimária), que dá origem a todos os neurônios e células macro-
falo c a medula espinhal
gliais (m acróglia) da medula espinhal (Fig. 19.5). As células
• Sistem a Nervoso Periférico (S N P ), que compreende os
macrogliais são as maiores células da neuróglia (p.ex., astróci-
neurônios (células nervosas) situados fora do SN C e os
tos e oligodendrócitos). Logo se toma reconhecível uma zona
nervos cranianos c espinhais que ligam o encéfalo e a
m arginal, composta pelas partes externas das células neuroepi-
medula espinhal com as estruturas periféricas
tcliais (Fig. I9.4E). Gradualmente, a penetração de axônios pro
• Sistema Nervoso Autônomo (SN A ), que tem parles no SN C
venientes dos corpos de células nervosas da medula espinhal,
e no S N P e consiste cm neurônios que inervam os múscu
gânglios espinhais e encéfalo nesta zona a toma a substância
los lisos, o músculo cardíaco, os epitélios glandulares, ou
branca da medula espinhal. Algumas células neuroepiteliais da
combinações destes tecidos (Haines, 1997).
zona ventricular se diferenciam em neurônios primários — os
neuroblastos. Estas células embrionárias formam a zona inter
m ediária (camada do manto) que se situa entre as zonas ventri
FORMAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO cular e marginal. Os neuroblastos tomam-se neurônios, forman
do processos citoplasmáticos (Fig. 19.5).
O sistema nervoso origina-se da placa neural (Fig. 19. IA ), uma
As células de sustentação primitivas do SN C — os glioblastos
área espessada do ectoderma do embrião em forma de chinelo. (espongioblastos) — diferenciam-se das células neuroepiteliais,
São a notocorda e o mesoderma paraxial que induzem o ecto principalmente depois que cessa a formação de neuroblastos. Os
derma sobrcjaccnte a sc diferenciar na placa neural. Moléculas glioblastos migram da zona ventricular para as zonas intermedi
sinalizadoras parecem envolver membros da família do fa to r de ária e marginal. Alguns glioblastos tomam-se astroblastos e.
transformação de crescim en to -(TG F-fJ). que incluem a ativi- mais tarde. astrócitos, enquanto outros tornam-se oligodendro-
na, e os fatores de crescimento de fibroblastos (FG Fs). A for blastos e, depois, oligodendrócitos (Fig. 19.5). Quando as célu
mação das pregas neurais, tubo neural e crista neural. que se di las neuroepiteliais deixam de produzir neuroblastos e glioblastos,
ferenciam da placa neural, está ilustrada na Fig. 19. l/i a F. elas sc diferenciam cm células ependim árias, que formam o
• () tubo neural se diferencia no SN C , que consiste no cn- epêndim a (epitélio ependimário), que reveste o canal central da
céfalo e medula espinhal. medula espinhal.
• A crista neural dá origem às células formadoras da mai As células microgliais (micróglia), dispersas por toda a subs
or pane do S N P e S N A , constituídos pelos gânglios crani tância cinzenta e branca, são pequenas células do sangue deri
anos, espinhais c autônomos. vadas da linhagem monócito-macrôfago (Fig. 19.5). As células
da micróglia invadem o SN C , no final do período fetal, depois
A formação do tubo neural — neurulaçâo — começa duran dc este ter sido penetrado por vasos sangüíneos. A micróglia
te a parte inicial da quarta semana (22 a 23 dias), na região que
origina-se dc células do sangue da linhagem monócito-macró-
vai do quarto ao sexto pares de somitos. Neste estágio, os dois
fago que chegam ao SN C com os vasos sangüíneos (Hutchins et
terços cefálicos da placa e do tubo neural, caudalmente, até o al.. 1997).
quarto par de somitos representam o futuro encéfalo, enquanto A proliferação e a diferenciação de células neuroepiteliais na
o terço caudal da placa e do tubo neural representa a futura me medula espinhal cm desenvolvimento levam à formação de pa
dula espinhal. A fusão das pregas neurais avança em direção redes espessas e às placas do teto e do soalho, delgadas (Fig.
cefálica c caudal até que somente pequenas áreas permaneçam 19.40). O espessamento diferencial das paredes laterais da me
abertas em ambas as extremidades (Fig. 19.2A e B ). Nestes lo dula espinhal produz rapidamente um sulco longitudinal, raso,
cais. a luz do tubo neural — o canal neural — comunica-se li dc ambos os lados — o sulco limitante (Figs. 19.4# e 19.6). Este
vremente com a cavidade amniótica. A abertura cefálica, o neu- sulco separa a parte dorsal, a placa (lâmina) alar, da parte ven
roporo rostral, ou anterior, se fecha em torno do 25.° dia. en tral. a placa (lâm ina) basal. As placas alar e basal produzem
quanto o neuroporo caudal, ou posterior, se fecha 2 dias mais saliências longitudinais que se estendem por quase todo o com
tarde (Fig. 19.2C c D ). Recentemente, foi sugerido que. nos se primento da medula espinhal em desenvolvimento. Esta separa
res humanos, o fechamento do tubo neural se inicia em muitos ção regional é dc fundamental importância, pois as placas alar e
locais (ver Martinez-Frias et al., 1996). O fechamento dos neu- basal estarão, mais tarde, associadas às funções aferente e efe-
roporos coincide com o estabelecimento de uma circulação vas rente. respectivamente.
cular sangüínea no tubo neural. As paredes do tubo neural se Os corpos celulares das placas alares formam as colunas cin
espessam, formando o encéfalo e a medula espinhal (Fig. 19.3). zentas dorsais, que sc estendem por todo o comprimento da
O canal neural do tubo neural converte-se no sistema de ventrí medula espinhal. Em cortes transversais da medula, estas colu
culos do encéfalo e no canal central da medula espinhal. nas constituem os cornos dorsais (cinzentos) (Fig. 19.7). Os
neurônios destas colunas constituem os núcleos aferentes, c gru
pos destes núcleos formam as colunas dorsais cinzentas. Com
FORMAÇÃO DA MEDULA ESPINHAL o crescimento das placas alares, forma-se o septo dorsal. ou rafe
(Parkinson e Del Bigio. 1996). Corpos celulares das placas ba
O tubo neural caudal ao quarto par de somitos forma a medula sais formam as colunas cinzentas ventrais e laterais. Em cortes
espinhal (Figs. 19.3 e 19.4). As paredes laterais do tubo neural transversais da medula espinhal, estas colunas constituem os
se espessam, reduzindo, gradualmente, o tamanho do canal neu cornos ventrais (cinzentos) e cornos laterais (cinzentos), res
ral até que. com 9 a 10 semanas, ele fica reduzido ao pequeno pectivamente. Os axônios das células do como ventral dirigem-
canal central da medula espinhal (Fig. 19.4A a C ). Inicialm en se para fora da medula espinhal, formando as raízes ventrais dos
te, a parede do tubo neural é constituída por um neuroepitélio nervos espinhais (Fig. 19.7). Ao crescerem, as placas basais
SISTEM A NERVOSO « 367
Membrana bucofaríngea
Placa neural
Placa neural Ámmo
Sulco Prega
neural neural
Processo notocordal
N íve l d a
socçao B Pareoo do
saco vitelino
L in h a p rim itiv a
Nó primitivo
Placa notocordal M esodem a
inlra-ombrionario
Mombrana cloacal
Sulco neural
Crista neural
Prega neural
Sulco
neural
Niveis das
socções:
Som«to
Notocorda
Coloma intra-embrionário
Cnsta neural
S o m ito s
Nouroporo
cau dai
Nolooorda
Tubo neural
EctcxJerm a d a s u p e rfície
Crista neural
A o rta d o rs a l
Saoo vlttflno
■ Fig. 19.1 Diagramas ilustrando a placa neural c seu dobramento paru formar o tubo neural. A. Vista dorsal dc um embrião com ccrca de 18 dias
exposto pela remoção do âmnio. /J* Secçáo transversal de um embrião mostrando a placa neural e o início da formação do sulco neural. Também
é mostrada a notocorda em desenvolvimento. C\ Vista dorsal de um embrião com cerca dc 22 dias. As pregas neurais já sc fundiram no nível do
quarto ao sexto somito. mas estão amplamente separadas cm ambas as extremidades. I) a F . SccçOcs transversais deste embrião nos níveis mos
trados cm C. ilustrando a formação do tubo neural c sua separação do ectoderma da superfície. Note que algumas células neuroectodérmicas não
foram incluídas no tubo neural c\ assim, permaneceram entre ele e o ectoderma da superfície, constituindo a crista neural.
368 ■ SISTEMA NERVOSO
Sulco neural
Saliência do encéfalo anterior
Saliência cardíaca
Neuroporo rostral
Pedículo de ligação
Neuroporo caudal
B
Neuroporo caudal
Amnio
Coraçào em
desenvolvimento
Tubo neural
Placódio do cristalino
Canal neural
Alantóide
Broto do membro
Pedículo de ligaçào superior
Neuroporo caudal
■ Fig. 19.2 A. Vista dorsal dc um embrião com cerca de 23 dias mostrando fusão avançada das pregas neurais formando o tubo neural. fí, Vista
lateral de um embrião com ccrca dc 24 dias mostrando a saliência do encéfalo anterior e o fechamento do neuroporo rostral. C, Secção diagramá-
tica sagital deste embrião mostrando a comunicação transitória do canal neural com a cavidade amniótica (setas). D. Vista lateral dc um embrião
com ccrca dc 27 dias. Note que os neuroporos mostrados em fí estão fechados.
fazem saliência, ventralmente, de ambos os lados do plano me espinhais têm características estruturais dc axônios. mas o pro
diano. Quando isto ocorre, forma-se o septo ventral mediano, e cesso periférico é um dendrito, pois a condução ocone em dire
um sulco longitudinal profundo — a Fissura ventral mediana ção ao corpo celular. Os prolongamentos periféricos das células
— na superfície ventral da medula espinhal. dos gânglios espinhais seguem pelos nervos espinhais com ter
minações sensitivas em estruturas somáticas ou viscerais (Fig.
19.8). Os prolongamentos centrais penetram na medula espinhal
Formação dos Gânglios Espinhais e constituem as raízes dorsais dos nervos espinhais.
Vesícula óptica
Flexura cervical
espinhal
antenor
Nível da Aorta
secçáo B
Metencéfalo
Flexura da ponte
Mesencéfalo
Mielencéfalo
Dlencéfalo
Medula espinhal em
desenvolvimento
Telencéfalo
■ Fig. 19 .3A, Vista lateral esquemática de um embrião com ccrca dc 28 dias mostrando as três vesículas enccfálicas primárias: encéfalo anterior,
encéfalo médio e encéfalo posterior. Duas flexuras demarcam as divisões primárias do encéfalo. B, Secçüo transversal deste embrião mostrando
o tubo neural, que dará origem á medula espinhal nesta região. Também sâo mostrados os gânglios espinhais (raiz dorsal) derivados da crista
neural. C\ Vista lateral esquemática do sistema nervoso central dc um embrião com 6 semanas mostrando as vesículas encefálicas secundárias c
a flexura da ponte. Esta flexura (dobra) é causada pelo crescimento rápido do encéfalo.
370 ■ SISTEMA NERVOSO
Sulco
limitante
Neurônio
motor
Placa basal
Membrana
limitante Célula neuroepitelial em divisão
Mesênquima
interna
Meninges
Membrana espinhais
limitante
externa
■ Fig. 19.4 Diagramas ilustrando o desenvolvimento da medula espinhal. A, Secção transversal do tubo neural de um embriáo com cerca de 23
dias. tíc C . SecçÕes similares com 6 e 9 semanas, respectivamente. D, Secção da parede do tubo neural mostrado em A. £', Secçáo da parede da
medula espinhal em desenvolvimento mostrando suas três zonas. Em A a C, note que o canal neural do tubo neural foi convertido no canal central
da medula espinhal.
A camada externa desta membrana, de origem mesodérmica, se rapidamente do que a medula espinhal. A extremidade caudal da
espessa e forma a dura-m áter (Fig. 19.10). A camada interna medula espinhal ocupa, gradualmente, níveis relativamente mais
permanece delgada e forma a pia-aracnóide, composta pela pia- altos. Com 6 meses, ela fica ao nível da primeira vértebra sacra
m áter e pela aracnóide; juntas, estas duas camadas constituem (Fig. 19. KW ). No recém-nascido, a medula espinhal termina no
as leptomeninges. Células da crista neural misturam-se com o nível da segunda ou da terceira vértebra lombar (Fig. 19.10C).
mesênquima, formando as leptom eninges, e parecem estar en No adulto, usualmente a medula espinhal termina na borda infe
volvidas com as funções da pia-máter. Espaços cheios de fluido rior da primeira vértebra lombar (Fig. 19.100). Este é o nível
aparecem dentro das leptomeninges e logo coalescem, forman médio, pois a extremidade caudal da medula espinhal pode ter
do o espaço subaracnóideo. No adulto, a origem da pia-máter e minar, superiormente, na altura da 12.* vértebra torácica, ou.
aracnóide, provindo dc uma única camada, é indicada pelos nu inferiormente, na altura da terceira vértebra lombar (Moore,
merosos delicados feixes de tecido conjuntivo { trabéculas da 1992). Disto resulta que as raízes dos nervos espinhais, especi
aracnóide). que unem a pia e a aracnóide (Moore, 1992). Du almente os dos segmentos lombar e sacro, seguem obliquamen
rante a quinta semana, começa a formar-se o fluido cerebro- te da medula espinhal para o nível correspondente da coluna
espinhal (FC S , líquor), que pode constituir um meio nutritivo vertebral. As raízes dos nervos inferiores à extremidade da me
para as células epiteliais dos tecidos neurais. dula — o cone da m edula — formam um feixe de raízes dc
nervos, a cauda eqüina. Apesar de, nos adultos, a dura-máter e
a aracnóide usualmente terminarem na vértebra S2, a pia-máter
Mudanças de Posição da Medula Espinhal não o faz. Distalmcntc à extremidade caudal da medula espinhal,
a pia-máter forma um filamento longo c fibroso, ofilu m termi•
No embriáo, a medula espinhal ocupa toda a extensão do canal nale (Fig. 19.10C e D ), que também indica a linha de regressão
vertebral (Fig. 19. K M ). Os nervos espinhais passam pelos fora- da extremidade caudal da medula espinhal do embrião. Este fi
mens intervertebrais perto do nível dc sua origem. Esta relação lamento estende-se do cone da medula e prende-se ao periósteo
não persiste, pois a coluna vertebral e a dura-máter crescem mais da primeira vértebra coccígea.
SISTEMA NERVOSO ■ 371
Mesênquima
Monócito-macrófago
Neuroepltólio
(neuroectoderm a)
Tubo neural
Célula da micróglia
Neuroblasto unipolar
Oligodendrócito
Astrócito fibroso
Astrócito protoplasm ático
Neurônio
■ Fig. 19.5 Diagramas csqucmáticos ilustrando a histogênese das células do sistema nervoso central. Depois dc desenvolver-se mais, o neuroblasto
multipolar (esquerda inferior) torna-se uma célula nervosa, ou neurônio. Células neuroepiteliais dào origem a todos os neurônios c células da
macróglia. As células da micróglia derivam de células da linhagem monócito-macrófago trazidas pelos vasos sangüíneos que invadem o sistema
nervoso em desenvolvimento.
Mielinização das Fibras Nervosas godendrócitos. Estas células da neuróglia derivam de células
da crista neural. que migram para a periferia e enrolam-se
As bainhas de mielina da medula espinhal começam a formar- em torno dos axônios dos neurônios somáticos motores e dos
se durante o final do período fetal e continuam a formar-se neurônios motores autônomos pré-ganglionares em seu trajeto
durante o primeiro ano pós-natal. Em geral, os tratos de fi fora do SN C (Figs. 19.8 e 19.1 M a E ). Estas células também
bras tornam-se m ielinizados ao se tornarem funcionais. As se enrolam em torno dos prolongamentos centrais c periféri
bainhas de m ielina, que envolvem as fibras nervosas situa cos dos neurônios somáticos e viscerais sensitivos, assim como
das dentro da medula espinhal, sào formadas por oligoden em torno dos axônios dos neurônios motores autônomos pós-
drócitos. As membranas plasmáticas destas células enrolam- ganglionarcs. Para maiores detalhes sobre este processo, ver
se cm torno do axônio, formando várias camadas (Fig. 19.11F Hutchins et al. (1997). A partir de cerca de 20 semanas, as fi
a H ). Fm torno dos axônios das fibras nervosas periféricas, bras nervosas têm um aspecto esbranquiçado resultante do
as bainhas de m ielina são formadas pelas membranas plasmá depósito de mielina. As raízes motoras tornam-se mielinizadas
ticas das célu las do neurilem a (Schw ann), análogas aos o li antes das sensitivas.
372 ■ SISTEMA NERVOSO
Placa do teto
Sulco limitante
Canal central
Neufoepitélio
Gânglio espinhal
(raiz dorsal) Placa basal
Placa do assoalho
Corpo de vértebra
em desenvolvimento
Raiz ventral de
nervo espinhal
■ Fig. 19.6 Sccção transversal dc um embrião (l()0 X ) no estágio Camcgic 16. cerca dc 40 dias. A rai/. ventral do nervo espinhal é constituída
por fibras nervosas originárias de neuroblastos da placa basal (como ventral da medula espinhal em desenvolvimento), c a raiz dorsal c formada
por prolongamentos nervosos originários dc neuroblastos do gânglio espinhal (raiz dorsal).
Canal central
Zona intermediána
Zona do ventrículo
Corno ventral (cinzento)
Septo mediano
ventral
Gânglio espinhal
Centrum em desenvolvimento
Fissura mediana
ventral
■ Fig. 19.7 Fotomicrografia de uma secçáo transversal da medula espinhal em desenvolvimento de um embrião humano dc 20 mm. com ccrca dc 50
dias (60 X ). (Cortesia da Professora Jean Hay (aposentada). Department of Anatomv, University of Manitoba. Winnipcg. Manitoba. Canadá.)
SISTEMA NERVOSO ■ 373
Crista neural
Tubo neural
Célula satélite
Corno
ventral
Nervo espinhal Célula de Schwann
(da bainha de neurolema)
Raiz ventral
Comunicando Ramo comunicante branco
Neurônio multipolar
(célula de gânglio simpático)
Medula da adrenal
(célula cromafim)
Gânglio Gânglio Adrenal
celíaco renal
Plexo do trato
intestinal
■ Fig. 19.8 Diagramas mostrando alguns derivados da crista neural. Células da crista neural também sc diferenciam nas células dos gânglios
alerentes dos nervos cranianos c dc muitas outras estruturas (ver Cap. 6). A formação dc um nervo espinhal também é ilustrada.
B
Célula da Neuroblasto Neurônio
crista neural bipolar aferente
unipolar
■ Fig. 19.9 Diagramas ilustrando os estágios sucessivos da diferenciação dc uma célula da crista neural em um neurônio unipolar aferente de um
gânglio espinhal.
374 ■ SISTEMA NERVOSO
Raiz do
1a nervo Fllum
sacro terminale
Raiz do
Gânglio espinhal 1“ nervo
sacro
Fim do saco da
Ligaçáo da
dura-máter
■ Fig. 19.10 Diagramas mostrando a posição da extremidade caudal da medula espinhal em relação com a coluna vertebral e as meninges, cm
vários estágios do desenvolvimento. A crcsccnlc inclinação da raiz do primeiro nervo sacro também é ilustrada. A. Oito semanas, fí, Vinte e
quatro semanas. C, Recém-nascido. D, Adulto.
Célula do neurilema
(de Schwann) Mesaxônio
Axônio \ /
&
B
■ Fig. 19.11 Esboços diagramáticos ilustrando a miclinização das fibras nervosas. A a E, Estágios sucessivos da mielinização dc um axônio de
uma fibra nervosa periférica por uma célula do neurílema ou dc Schwann. Primeiro, o axônio faz uma endentação na célula de Schwann; a seguir,
esta gira em tomo do axônio enquanto o mesaxônio (local da invaginação) sc alonga. O citoplasma entre as camadas da membrana plasmática da
célula dc Schwann se condensa gradualmente. O citoplasma permanece dentro da bainha, entre a mielina e o axônio. F a H . Estágios sucessivos
da mielinização dc uma fibra nervosa do sistema nervoso central por um oligodendrócito. Um prolongamento da célula da neuróglia sc enrola em
tomo de um axônio e as camadas dc citoplasma interpostas se deslocam para o corpo da célula.
SISTEM A NERVOSO ■ 375
ANOMALIAS CONGÊNITAS DA MEDULA Sua presença pode ser uma pequena depressáo com um tufo de pê
ESPINHAL los (Fig. 19.13). Usualmente, a espinha bífida oculta não produz si
nais clínicos. Uma pequena percentagem de infantes afetados tem
A maioria das anomalias congênitas da medula espinhal resulta defeitos funcionalmente significativos da medula espinhal e das ra
do fechamento defeituoso do tubo neural durante a quarta sema ízes dorsais subjacentes (Behrman et al., 19%).
na do desenvolvimento. Estes defeitos do tubo neural (D T N s)
afetam os tecidos situados sobre a medula espinhai: meninges,
arcos vertebrais, músculos e pele (Fig. 19. \2B a D ). As anoma
lias envolvendo os arcos vertebrais recebem o nome de espinha
bífída. Este termo denota a ausência de fusão das metades em
brionárias dos arcos vertebrais, comum a todos os tipos dc es
pinha bífida. Anomalias graves também envolvem a medula es Tipos graves de espinha bífida, apresentando protrusão da medula
pinhal e as meninges. A espinha bífida vai destes tipos clinica espinhal e/ou meninges através do defeito dos arcos vertebrais, são
mente significativos até pequenas anomalias insignificantes. chamados, coletivamente, espinha bífida cística, por causa da pre
sença de um saco semelhante a um cisto associado a estas anomali
as (Fig. 19.12£aD, 19.14 e 19.15). A espinha bífida cística ocorre
aproximadamente 1 vez em cada 1.000 nascimentos. Quando este
saco contém meninges e FCS, a anomalia é denominada espinha
bífida com meningocele (Fig. 19. \2B). A medula espinhal e as ra
ízes espinhais estão em suas posições normais, mas podem estar pre
Este defeito do arco vertebral (arco nervoso) ocorre quando as me sentes anormalidades da medula espinhal. Quando a medula espi
tades do arco do embrião náo crescem e nâo se fundem normalmen nhal e/ou raízes nervosas estão incluídas no saco, a anomalia é de
te no plano mediano (Fig. 19.12A). A espinha bífida oculta ocorre nominada espinha bífida com meningomielocele (Figs. 19.12Cc
nas vértebras L5 ou S 1em cerca de 10% de pessoas de outro modo 19.14). As meningoceles são raras, em comparação com as menin-
normais (Moore, 1992). Em sua forma menor, a única evidência dc gomieloceles (Filly, 1994).
Espaço subaracnóide
(contendo fluido
cerebroespinhal)
Medula espinhal
Músculos das
costas
Saco membranoso
Dura-máter
Medula espinhal aberta
Espaço subaracnóide
Gânglio
espinhal
C
■ Fig. 19.12 Esboços diagramáticos ilustrando vários tipos dc espinha bífida e das anomalias do arco vertebral, da medula espinhal e das menin
ges comumente associadas. A. Evspinha bífida oculta. Observe o arco vertebral não fundido. B, Espinha bífida com mcningoccic. C. Espinha bífida
com meningomielocele. D, Espinha bífida com mielosquise. Os tipos ilustrados de B a D são chamados, coletivamente, de espinha bífida por
causa do saco cm forma dc cisto associado a cies.
376 ■ SISTEM A NERVOSO
FORMAÇÃO DO ENCÉFALO
Flexuras Encefálicas
M IE L E N C É F A L O
■ Fig. 19.19 Esboços diagramáticos das vesículas cnccfálicas indicando os derivados, no adulto, dc suas paredes e cavidades. *A parte rostral
(anterior) do terceiro ventrículo forma a cavidade do telcncéfalo; a maior parte do terceiro ventrículo deriva da cavidade do diencéfalo.
Cerebelo
Flexura da ponte
Nível da
Núcleo cuneado
secção B
Substância cinzenta
Vaso sanguíneo central
Medula espinhal
■ Fig. 19.20,4, Esboço do encéfalo em desenvolvimento, no fim da quinta semana, mostrando as três divisões primárias do encéfalo e as flexura-s
encefálicas. B, Secção transversal da parte caudal do mielencéfalo (parte fechada do bulbo cm desenvolvimento). C e />, Secçõcs similares da
parte rostral do mielencéfalo (parte "aberta” do bulbo cm desenvolvimento) mostrando a posição e estágios sucessivos da diferenciaçáo das pla
cas alares e basais. Em C, as seias mostram o trajeto dos neuroblastos das placas alares para os núcleos olivares.
380 ■ SISTEMA NERVOSO
Teto do epèndima
Nível da secção B Pia-máter Cerebelo em
desenvolvimento
Cerebelo em desenvolvimento
Somático aferente
ventriculo
Fissura primária
Lobo floculonodular
Aquedulo (arquicerebelo)
Tela coróide encefálico
ventriculo Núcleo
denteado
■ Fig. 19.21 A, Esboço do encéfalo cm desenvolvimento no fim da quinta semana. B. Secção transversal do metencéfalo (ponte e cerebelo cm
desenvolvimento) mostrando os derivados das placas alar e basal. C c D, Sccçõcs sagitais do cnccfalo posterior com 6 e 17 semanas, respectiva
mente. mostrando os estágios sucessivos do desenvolvimento da ponte e do cerebelo.
SISTEMA NERVOSO ■ 381
19.21 C e D ). Para uma discussão sobre o desenvolvimento filo- (uras. As aberturas mediana e lateral (Ibrâmen de Magendic c
genétieo do cerebelo, ver Moore e Persaud (1998). foramens de Luschka, respectivamente) permitem que o FCS.
Fibras nervosas unindo os córtices cerebral e cerebelar com a vindo do quarto ventrículo. passe para o espaço subaracnóide.
medula espinhal passam pela camada marginal da região ven O principal local de absorção de FC S pelo sistema venoso são
tral do metencéfalo. Esta região do (ronco encefálico constitui a as vilosidades aracnriides, que são protrusòes da aracnóidc nos
ponte, por causa da foríe faixa de fibras nervosas que a cruza no seios venosos da dura (Moore, 1992). Estas vilosidades consis
plano mediano e forma uma crista volumosa sobre seus aspec tem de uma delgada camada celular derivada do epitélio da arac-
tos anterior e lateral. nóide e do endotélio do seio.
O delgado teto ependimário do quarto ventrículo é coberto, ex O encéfalo médio ( mesencéfalo) é a parte do encéfalo em desen
ternamente, pelapia-m áter, derivada do mesênquima associado volvimento que menos muda. com exceção da parte mais caudal
ao encéfalo posterior (Fig. 19.21 C e D ). A pia-máter vascular, do encéfalo posterior. O canal neural se estreita e forma o aque-
juntamente com o teto do epêndima, forma a tela coróidea. Por duto encefálico (Fig. 19.21 D), um canal que une o terceiro ven
causa da proliferação ativa da pia-máter, a tela coróidea invagi- trículo ao quarto. Neuroblastos migram das placas alares do encé
na-sc no quarto ventrículo, onde se diferencia no plexo coróide. falo médio para o teto e se agregam, formando quatro grandes
Plexos coróides semelhantes se formam no teto do terceiro ven grupos de neurônios, os colícubs superiores e inferiores, pares
trículo e nas paredes mediais dos ventrículos laterais. Os plexos (Fig. 19.22B ), envolvidos com os reflexos visuais e auditivos, res
coróides secrctam F C S . O delgado teto do quarto ventrículo for pectivamente. Neuroblastos das placas basais podem dar origem
ma cvagihações em três locais. Estas sc rompem, formando aber- a grupos de neurônios do tegumento (núcleos vermelhos, núcle-
Primórdios dos
Nível da secção B
Encéfalo médio
Encéfalo posterior
A Núcleo mesencefálico (N C V)
Núcleo troclear
(somático eferente)
Vesicula telencefálica
(hemisfério cerebral) Decussaçâo do
pedúnculo
cerebelar superior Substância negra
Níveis das
secções
E Fossa interpeduncular Crus cerebri
Colículo inferior
Colículo
superior Núcleo mesencefálico
Cerebelo
(N C V)
Núcleo oculomotor
(N C III)
Núcleo vermelho
Crus cerebri
Ponte Bulbo Substância negra
mFig. 19.22.4, Esboço do encéfalo cm desenvolvimento no Fim da quinta semana. H. Secção transversal do encéfalo médio cm desenvolvimento
mostrando a migração inicial dc células das placas alares c basais. C, Esboço do encéfalo cm desenvolvimento com 11 semanas. D e E, Sccçõcs
transversais do encéfalo médio cm desenvolvimento no nível dos colículos inferiores e superiores, respectivamente.
382 ■ SISTEMA NERVOSO
os do terceiro e quarto nervos cranianos e núcleos reticulares). A Esta origem embrionária dupla explica por que a hipófise é
substância negra, uma larga camada de substância cinzenta ad composta de dois tipos de tecido completamente diferentes.
jacente ao pedúnculo encefálico (Fig. 19.22D e E ), também pode
• A adenoipófise (porção glandular), ou lobo anterior, ori
diferenciar-se da placa basal, mas alguns autores acreditam ser
gina-se do ectoderma oral.
ela derivada de células da placa alar, que migram ventralmente.
• A neuroipófise (porção nervosa), ou lobo posterior, ori
Fibras originárias do cérebro formam, anteriormente, os pedún-
gina-se do neuroectoderma.
culos cncefálicos (Fig. 19.22B ). Os pedúnculos encefálicos tor
nam-se, progressivamente, mais salientes com a descida de mais No meio da quarta semana, um divertículo — a bolsa hipofi
grupos de fibras (corticopontinas, corticobulbares e corticoespi- sária ou bolsa de R a th ke — projeta-se do teto do estomodeu e
nhais) que passam pelo encéfalo médio em desenvolvimento em coloca-se adjacente ao assoalho (parede ventral) do diencéfalo
seu trajeto para o tronco encefálico e medula espinhal. (Fig. 19.24A e B). Na quinta setnana, esta bolsa tomou-se alon
gada e sofreu uma constrição em seu ponto de ligação com o
epitélio oral. o que lhe dá um aspecto de mamilo (Fig. 19.24C).
Encéfalo Anterior Neste estágio, ela entrou em contato com o infundíbulo (deri
vado do broto neuroipofisário), uma invaginação (divertículo)
Quando o neuroporo rostral se fecha, aparecem duas evagina- ventral do diencéfalo (Fig. 19.24O- As partes da hipófise que se
çôes laterais — as vesículas ópticas (Fig. 19.3A), uma de cada originam do ectoderma do estomodeu — parte anterior, parte
lado do encéfalo anterior. As vesículas ópticas são os primórdi intermédia e parte tuberal — formam a adenoipófise (Quadro
os das retinas e dos nervos ópticos (ver Cap. 20). Logo surge, 19.1). O pedículo da bolsa hipofisária passa entre os centros de
mais dorsal c rostralmcntc, um segundo par de divertículos; es formação dc cartilagem dos ossos pré-esfenóide c basiesfenóide
tes são as vesículas cerebrais, ou vesículas do tclencéfalo (Fig. do crânio em desenvolvimento (Fig. 19.24E). Durante a sexta
19.22C). Elas são os primórdios dos hem isférios cerebrais, e semana, a ligação da bolsa com a cavidade oral degenera e desa
suas cavidades tomam-se os ventríeulos laterais (Fig. 19.23,4 e parece.
B). A parte rostral, ou anterior, do encéfalo anterior, incluindo
os primórdios dos hemisférios cerebrais, constitui o tclencéfa
lo, e a parte caudal, ou posterior, do encéfalo anterior, o diencé-
falo. As cavidades do telencéfalo e do diencéfalo contribuem para
a formação do terceiro ventriculo, apesar dc a contribuição da
cavidade do diencéfalo ser maior.
Um resquício do pedículo da bolsa hipofisária (dc Rathke) pode per
sistir e formar uma hipófise faríngeo no teto da bucofaringe (Fig.
D IE N C É F A L O 19.24F)- Ocasionalmente, formam-se craniofaríngiomas na farin-
ge ou no basiesfenóide (parte posterior do osso esfenóide), deriva
Nas paredes laterais do terceiro ventriculo, formam-se três intu- dos de resquícios do pedículo da bolsa hipofisária, mas, com maior
freqüência, eles se formam na e/ou acima da sela turca (Moore, 1992).
mescências que. mais tarde, tornam-se o epitálam o, tálam o e
hipotálam o (Fig. 19.23C a £,*)• O tálam o está separado do epi
tálamo pelo sulco epitalâm ico e, do hipotálamo, pelo sulco hi-
potulâm ico. Este último não é uma continuação do sulco lim i Células da parede anterior da bolsa hipofisária. ou de Rathke.
tante do encéfalo anterior c não divide, como o sulco limitante. proliferam ativamente e dão origem à pars distalis da hipófise.
áreas sensitivas e motoras. O tálamo se forma rapidamente de Mais tarde, uma pequena extensão, a pars tuberalis. forma-se
ambos os lados c faz saliência na cavidade do terceiro ventrícu- em tomo da haste infundibular. A extensa proliferação da pare
lo, reduzindo-o a uma fenda estreita. de anterior da bolsa hipofisária (Rathke) reduz sua luz a uma
O hipotálamo origina-se pela proliferação de neuroblastos da fenda estreita (Fig. 19.24E ). Geralmente, esta fenda residual não
zona intermediária das paredes do diencéfalo, ventralmente aos é identificável na glândula adulta, mas pode ser representada por
sulcos hipotalâmicos. Mais tarde, formam-se vários núcleos en uma zona com cistos. As células da parede posterior da bolsa
volvidos com atividades endócrinas e a homeostasia. Um par de hipofisária, ou de Rathke. não proliferam; elas dão origem bpars
núcleos, os corpos m am ilares, formam intumescimentos do interm edia, delgada c mal definida (Fig. 19.24F ). A parte da
tamanho dc ervilhas sobre a superfície ventral do hipotálamo (Fig. hipófise originária do neuroectoderma do encéfalo (infundíbu
19.23C). O epitálam o origina-se do teto c da porção dorsal da lo) é a neuroipófise (Quadro 19.1). O infundíbulo origina a
parede lateral do diencéfalo. Inicialmente, os intumescimentos em inência média, haste infundibular e p a rs nervosa.
epitalâmicos são grandes, porém, mais tarde. eles se tomam re
lativamente pequenos. A pineal forma-se como um divertículo
TELEN C ÉFA LO
mediano da parte caudal do teto do diencéfalo (Fig. 19.23C e D).
A proliferação de células de suas paredes logo a converte em uma
O telencéfalo é constituído por uma parte mediana e dois di
glândula cônica, maciça.
vertículos laterais, as vesícu las cereb rais (Fig s. 19.23A e
19.24A). Estes divertículos são os primórdios dos hem isférios
Hipófise (Fig. 19.24; Quadro 19.1). A hipófise ( hypophysis ce-
cerebrais. A cavidade da porção mediana do telencéfalo for
rehri) tem origem ectodérmica. E la sc forma de duas fontes:
ma a extremidade anterior do terceiro ventriculo. Inicialm en
• Uma evaginação do teto d o ectoderm a d o estom odeu — a te, as vesículas cerebrais comunicam-se amplamente com a
holsa hipofisária cavidade do terceiro ventriculo através dos foram ens interven-
• Uma invaginação do neuroectoderma do diencéfalo — o triculares (Fig . 19.25). Com a expansão dos hemisférios cere
hroto neuroipofisário brais, eles cobrem, sucessivamente, o diencéfalo, encéfalo
SISTEMA NERVOSO ■ 383
Encéfalo
médio
Epitâlamo
Mesencéfalo Pineal
Hemisfério cerebral Epltálamo
Placa alar
Cerebelo
Sulco limitante
Placa basal
Cerebelo
Tálamo
Hipotálamo
Epitâlamo
Tálamo
Sulco hipotalômico
Hlpoláiamo
■ Fig. 19.234, Vista externa do encéfalo no fim da quinta semana, ti. Vista similar com 7 semanas, C. Secçào mediana deste encéfalo mostrando
a superfície mediai do encéfalo anterior e do encéfalo médio. D, Secção similar com 8 semanas. E, Secção transversal do dicncéfalo mostrando
o epitâlamo. dorsalmcntc, o tálamo, lateralmente, e o hipotálamo, venlralmente.
384 ■ SISTEMA NERVOSO
Vesícula
Assoalho do diencéfalo
encefálica Bolsa hipofisária
Bolsa
hipofisária
Ectoderma
A
Notocorda
Local anterior
(cavidade da da membrana
boca primitiva) bucofaringea
Pars tuberalis
Haste infundibular
Lobo anterior
Pars tuberalis
(lobo anterior) Pars intermedia
Pars nervosa
Osso esfenóide (lobo posterior)
em
Pedículo da
desenvolvimento
bolsa hipofisária
Vesículas contendo
em regressão
colóide
■ Fig. 19.24 Esboços diagramáticos ilustrando o desenvolvim ento da hipófise. A, Secção sagital da extremidade cefálica de um embrião com 36
dias mostrando a bolsa hipofisária (dc Rathkc), uma evaginação superior do estomodeu. e o broto da neuroipófisc. uma invaginação inferior do
encéfalo anterior. B a D , Estágios sucessivos da hipófise em desenvolvimento. Com 8 semanas, a bolsa perde sua ligação com a cavidade oral c
fica cm íntimo contato com o infundibulo c com o lobo posterior (neuroipófise) da hipófise. E c F. Estágios posteriores mostrando a proliferação
da parede anterior da bolsa hipofisária, que formará o lobo anterior (adenoipófise) da hipófise.
Ectoderma Oral
(Bolsa hipofisária do teto Adenoipófise
Pars distalis‘
'■ Pars tuberalis
1 Lobo
anterior
lis }
do estomodeu) (porção glandular) Pars intermedia
Lobo
posterior
Neuroectoderma Pars nervosa
(Broto neuroipofisário do Neuroipófisc Haste infundibular
assoalho do diencéfalo) (porção nervosa) Eminência média
SISTEMA NERVOSO ■ 385
Ventriculo
lateral
Diencéfalo
■ Fig. 19.25 A . Esboço da superfície dorsal do encéfalo anterior indicando como o teto cpcndim ário do diencéfalo é levado para a superfície
dorsomedial dos hemisférios cerebrais. B . Secção diagram ática do encéfalo anterior mostrando como os hemisférios cerebrais em desenvolvi
mento crescem das paredes laterais do encéfalo anterior e se expandem cm todas as direções até cobrirem o diencéfalo. A s setas indicam algumas
das direções nas quais os hemisférios se expandem. A parede rostral do encéfalo anterior, a lâm ina term inal. é muito delgada. C, Esboço do
encéfalo anterior mostrando como o teto cpcndimário é levado pai a os lobos temporais em conseqüência do padrão dc crescimento em forma dc
C dos hemisférios cerebrais.
médio e o encéfalo posterior. Os dois hemisférios acabam se os cerebrais entre si (Fig. 19.26). A mais importante destas co
encontrando na linha média, achatando suas superfícies medi- missuras cruza a lâmina terminal, a extremidade rostral do en
ais. O mesênquima incluído na fissura longitudinal entre eles dá céfalo anterior. Esta lâmina estende-se da placa do teto do dien
origem à foice cerebral, uma prega mediana da dura-máter céfalo ao quiasma óptico. E la é o trajeto natural de um hemisfé
(Moore. 1992). rio para o outro. As primeiras comissuras a se formarem, a co-
O corpo estriado aparece durante a sexta semana como uma missura anterior c a comissura do hipocampo, são pequenos fei
intumcsccncia saliente no assoalho de ambos os hemisférios xes dc fibras que unem partes do encéfalo, filogcncticamente
cerebrais (Fig. 19.26/?). O assoalho de ambos se expande mais mais antigas. A com issura anterior une o bulbo olfativo e áre
lentamente do que suas delgadas paredes corticais, por conter o as relacionadas do cérebro de um hemisfério com o lado oposto.
corpo estriado. bastante grande; isto leva os hemisférios cerebrais A com issura do hipocam po une as formações do hipocampo
a assumirem uma forma de C (Fig. 19.27). O crescimento e a (Haines, 1997).
curvatura dos hemisférios também influencia a forma dos ven A maior comissura cerebral, o corpo caloso (Fig. 19.26,4).
tríeulos laterais. Eles se tornam cavidades cheias de FC S, gros une as áreas neocorticais. Inicialmente, o corpo caloso fica na
seiramente em forma dc C. A extremidade caudal de cada he lâmina terminal, mas fibras são adicionadas a ele com o cresci
misfério sc volta ventralmente e. depois, rostralmente, forman mento do córtex; em conseqüência, ele se estende, gradualmen
do o lobo temporal; ao fazê-lo, ela leva consigo o ventriculo (for te, além da lâmina terminal. O restante da lâmina terminal co
mando o como temporal) e a fissura coróide (Fig. 19.27). Nes loca-se entre o corpo caloso c o fómix. Ele se distende, forman
te local, a delgada parede mediai do hemisfério é invaginada, ao do o fino septo pelúcido, uma delgada placa de tecido cerebral
longo da fissura coróide, pela pia-máter, vascular, formando o (Koshi et al., 1997). Ao nascimento, o corpo caloso se estende
plexo coróide do corno tem poral (Fig. 19.26B ). sobre o teto do diencéfalo. O quiasma óptico, que se forma na
Com a diferenciação do córtex cerebral, as fibras que chegam porção ventral da lâmina terminal (Fig. 19.26A), consiste em fi
a ele e dele saem passam pelo corpo estriado e o dividem nos bras das metades mediais da retina, que se cruzam para unir o
núcleos condado e lentiforme. Quando o hemisfério assume a trato óptico do lado oposto.
forma de um C , esta via dc fibras — a cápsula interna (Fig. As paredes dos hemisférios cerebrais mostram, inicialmente,
19.26C) — também a assume. O núcleo caudado fica alongado as três zonas típicas do tubo neural (ventricular, intermediária e
e em forma de C . acompanhando o contorno do ventriculo late marginal); mais tarde, aparece uma quarta zona, a subventricu-
ral (Fig. I9.27A a C). Sua cabeça periforme e o corpo alongado lar. Células da zona intermediária migram para a zona marginal
ficam no assoalho do como frontal e do corpo do ventriculo la e dão origem às camadas corticais. Desta maneira, a substância
teral; sua cauda faz uma volta em U, alcançando o teto do corno cinzenta fica localizada na periferia, e os axônios dos corpos
temporal ou inferior. celulares seguem ventralmente, formando o grande volume de
substância branca — o centro medular.
Inicialmente, a superfície dos hemisférios é lisa (Fig. 19.2&4);
Comissuras Cerebrais entretanto, com o crescimento, formam-se sulcos e giros (cir-
cunvoluções ou elevações) (Fig. 19.28A a C). Os sulcos c giros
Com o desenvolvimento do córtex cerebral, grupos de fibras — possibilitam um aumento considerável da superfície do córtex
as comissuras — unem as áreas correspondentes dos hemisféri cerebral sem exigir um grande aumento do tamanho do crânio.
336 ■ SISTEMA NERVOSO
Comissura
Lobo frontal habenular
Plexo coróide
Epífise
Comissura do (pineal) Forâmen
hipocampo interventricular
Comissura
posterior Ventrículo
Corpo lateral
caloso Colículos
Corpo
estriado
Lâmina
terminal Cerebelo
A Tálamo
Hipotálamo
Comissura anterior Ponte
Teto do epêndima do Terceiro ventrículo
terceiro ventrículo
Quiasma óptico Corpo mamilar
Córtex cerebral
Fibras de projeção
da cápsula interna
Tálamo
Núcleo lentiforme
C
■ Fig. 19.26 A, Desenho da superfície mediai do encéfalo anterior de um embrião dc 10 semanas mostrando os derivados diencefálicos. as
comissuras principais e os hemisférios cerebrais cm expansão, ti, Secção transversal do encéfalo anterior, no nível dos foramens interventricula-
res, mostrando o corpo estriado e os plexos coróides dos ventrículos laterais. C, Secção similar com cerca de 11 semanas mostrando a divisão do
corpo estriado nos núclcos caudado e lentiforme pela cápsula interna. Também é ilustrada a relação, durante o desenvolvimento, dos hemisférios
cerebrais com o diencéfalo.
Com o crescimento dos hemisférios cerebrais, o córtex que co que causam DTN s sào de natureza genética, nutricional e/ou
bre a superfície externa do corpo estriado cresce de modo relati ambiental (Shaw et al., 1996). Anomalias congênitas do encéfa
vamente lento e logo fica encoberto (Fig. 19.28C’). Este córtex lo podem ser causadas por alterações da morfogênesc ou da his
coberto, escondido na profundeza do sulco (fissura) lateral do togênese do tecido nervoso, ou podem resultar de erros do de
hemisfério cerebral, constitui a insula (ilha). senvolvimento que ocorrem em estruturas associadas (notocor
da, somitos. mesênquima e crânio).
Um a histogênese anormal do córtex cerebral pode causar
ANOMALIAS CONGÊNITAS DO ENCÉFALO convulsões e vários tipos de retardo mental. A exposição do
embrião/feto a alguns vírus, ou a altos níveis dc radiação, du
Por causa da complexidade de sua história embriológica, é co rante o período que vai da 8.“ à 16* semana, pode causar um
mum o desenvolvimento anormal do encéfalo (aproximadamente desenvolvimento intelectual abaixo do normal (ver Cap. 9). Fa
3 em 1.000 nascimentos). A maioria das grandes anomalias con tores pré-natais podem estar envolvidos na paralisia cerebral;
gênitas do encéfalo, tais como a meroaneneefalia (anencefalia) entretanto, esta deficiência motora central resulta, com maior
e meningoencefalocele, resultam de defeito no fechamento do freqüência, de lesões causadas ao cérebro normal dc um feto
neuroporo rostral, durante a quarta semana (Fig. I9.29C), e en durante o nascimento. A paralisia cerebral é uma das condições
volve os tecidos sobrejacentes (meninges e calvária). Os fatores mais incapacitantes da infância (Behrman et al., 1996).
SISTEM A NERVOSO ■ 387
Corpo estriado
Ventriculo lateral
Corno frontal do
ventriculo lateral
Semana 14 Semana 30
Sulco lateral
Dioncôraio
Insula
Lobo temporal
Cerebelo
Hasie
inlundibular
A
Suloo
Semana 26 Giros Semana 38
Sulco lateral
Lobo
occiprtal Lobo frontal
Cerebelo
Ponte
Medula espinhal
■ Fig. 19.28 A a C, Esboços de vistas laterais do hemisfério cerebral esquerdo, diencéfalo e tronco encefálico mostrando os estágios sucessivos
do desenvolvimento dos sulcos c giros do córtex cerebral. Note o estreitamento gradual do sulco lateral e o aprofundamento da insula (lat. insula,
ilha). uma área do córtex cerehral que fica escondida da superfície. Note que. durante o período fetal, a superfície dos hemisférios cerebrais cresce
com rapidez, formando muitas circunvoluçõcs (giros), separados por muitos sulcos.
388 ■ SISTEM A NERVOSO
D e fe ito d o c r â n io n o fo r â m e n m a g n o
Parte do cerebelo
D e fe ito d a fo n ta n e la p o s te r io r d o c r â n io
Ventrículo
do lobo occipital
D e fe ito d a fo n ta n e la p o s te r io r d o c r â n io
■ Fig. 19.29 Desenhos esquemáticos ilustrando um crânio bífido (defeito dos ossos do crânio) c vários tipos dc hérnias do encéfalo e/ou meninges.
A, Esboço da cabeça de um recém-nascido com uma grande protrusão na região occipital do crânio. O círculo vermelho superior indica um defei
to do crânio na fontanela posterior. O círculo vermelho inferior indica um defeito do crânio perto do forâmen magno. B, Meningocele consistindo
cm uma protrusão das meninges cranianas cheia dc fluido ccrcbrocspinhal. C, Meningoencefalocele consistindo em uma protrusão de parte do
cerebelo coberta por meninges e pele. D, Meningoidroencefalocele consistindo em uma protrusão dc parte do lobo occipital contendo parte do
como posterior de um ventrículo lateral.
SISTEMA NERVOSO ■ 389
V e n tr íc u lo la te ra l
L o c a l d a e s te n o s e d o
a q u e d u to c e re b r a l
T e r c e ir o v e n tr íc u lo
Q u a r to v e n tr íc u lo
P o n te
■ Fig. 19.34 Estenose congênita do aqueduto encefálico. Esta imagem sagital de ressonância magnética de um infante dc 9 meses c cabeça
grande mostra ventrículos laterais e terceiro muito grandes. O fluido cerebroespinhal aparece escuro nestas imagens. O aqueduto encefálico apa
rece como uma linha escura de fluido, ventral ao teto do encéfalo médio. A extremidade cefálica do aqueduto está estenosada (estreita), o que
levou à ausência de fluido cerebroespinhal escuro. (Cortesia de Gerald S. Smyser, MD, Altru Health System, Grande Forks. North Dakota.)
SISTEMA NERVOSO ■ 391
neurilema de células de Schwann, que envolvem os axônios dos 19.8). Estas fibras nervosas se originam de células das placas
neurônios aferentes. Por fora das células satélites, há uma camada basais da medula espinhal cm desenvolvimento c emergem como
dc tecido conjuntivo contínua com a bainha do endoneuro das uma série contínua de radículas ao longo da superfície ventrola-
fibras nervosas. Este tecido conjuntivo e a bainha de endoneuro teral. As fibras destinadas a determinado grupo muscular em
derivam do mesênquima. desenvolvimento dispõem-se em um feixe, formando a raiz ven
Células da crista neural do encéfalo em desenvolvimento mi tral do nervo. As fibras da raiz dorsal do nervo são formadas
gram e formam gânglios sensitivos somente para os nervos trigê- por axônios derivados dc células da crista neural, que migram
meo (N C V ), facial (N C V II), vestibulococlear (N C V III). glosso- para o aspecto dorsolateral da medula espinhal, onde se diferen
faríngeo (N C IX ) c vago (N C X ). Células da crista neural também ciam nas células do gânglio espinhal (Figs. 19.7 a 19.9). Os
se diferenciam em neurônios multipolares dos gânglios autônomos prolongamentos centrais dos neurônios de um gânglio espinhal
(Fig. 19.8), incluindo os gânglios dos troncos do simpático, dispos formam um feixe único, que penetra na medula espinhal, no ponto
tos lateralmente ao longo dos corpos vertebrais; gânglios colate oposto ao ápice do como dorsal da substância cinzenta (Fig.
rais, ou pré-vertebrais, dos plexos do tórax e do abdome (p.ex., os 19.4B e C ). Os prolongamentos distais das células do gânglio
plexos cardíaco, celíaco e mesentérico); e os gânglios parassimpá- espinhal crescem em direção da raiz do nervo ventral e acabam
ticos, ou terminais, dentro ou perto das vísceras (p.ex., o plexo sub- por unir-se a ele, formando o nervo espinhal. Imediatamente
mucoso ou dc Meissner). Células dos paragânglios — células cro- depois de formado, o nervo espinhal misto divide-se nos ramos
maflns — também derivam da crista neural. O termo paragângli primários dorsal e ventral. O ram o prim ário dorsal, a divisão
os inclui vários grupos celulares, amplamente distribuídos, seme menor, inerva a musculatura axial dorsal (ver Fig. 17.1), vérte
lhantes, em muitos aspectos, às células da medula da adrenal. Es bras, articulações intervertebrais posteriores c parte da pele das
tes grupos celulares situam-se, em grande parte, retroperitone- costas. O ramo prim ário ventral, a divisão maior de cada ner
almente. freqüentemente associados a gânglios simpáticos. Os cor vo espinhal, contribui para a inervação dos membros e panes
pos carotídeo e aórtico também têm pequenas ilhas de células cro- ventrolaterais da parede do corpo. Os grandes plexos nerv osos
mafins associadas a eles. Estes grupos dc células cromafins, am (cervical, braquial e sacrolombar) são formados pelos ramos
plamente distribuídos, constituem o sistema cromaflm. Células da primários ventrais.
crista neural também dão origem aos melanoblastos (precursores Durante a formação dos brotos dos membros, os nervos dos
dos melanócitos) e às células da medula da adrenal. segmentos da medula espinhal em frente a eles se alongam e
penetram nos membros. As fibras nervosas distribuem-se pelos
Nervos Espinhais músculos, que se diferenciam de células miogênicas originárias
dos somitos (ver Cap. 17). A pele dos membros em desenvolvi
As fibras dos nervos motores que saem da medula espinhal co mento também é inervada de um modo segmentar. No início do
meçam a aparecer no final da quarta semana (Figs. I9 .4 e 19.6a envolvimento, sucessivos ramos primários ventrais são unidos
NCV
NC IX
NC X
e
N C XI
N C X II
M e d u la e s p in h a l
N C X II
■ Fig. 19.36 ,4. Desenho esquemático dc um embrião de 5 semanas mostrando a distribuição da maioria dos nervos cranianos, especialmente os
que inervam os arcos faríngeos. /?. Desenho esquemático da cabeça e pcscoço dc um adulto mostrando a distribuição geral da maioria dos nervos
cranianos.
SISTEMA NERVOSO ■ 393
por alças de conexão de fibras nervosas, especialmente os que faríngeo. O nervo craniano V é principalm ente sensitivo da ca
inervam os membros (p.ex., o plexo braquial [Moore. 1992]). A beça. O grande gânglio trigêm eo fica ao lado da extremidade
divisão dorsal dos troncos destes plexos inerva os músculos rostral da ponte, e suas células derivam da parte mais anterior da
extensores e a superfície extensora dos membros, enquanto as crista neural. Os prolongamentos centrais das células deste gân
divisões ventrais destes troncos inervam os músculos flexores e glio formam a grande raiz sensitiva do N C V, que penetra na
as superfícies flexoras. Os dermátomos e a inervação cutânea porção lateral da ponte. Os prolongamentos periféricos das cé
estão descritos no Cap. 18. lulas deste gânglio se separam em três grandes divisões (nervos
oftálmico, maxilar e mandibular). Suas fibras sensitivas inervam
a pele da face, assim como o revestimento da boca e do nariz (ver
Nervos Cranianos Fig. 11.7). As fib ras motoras do N C V originam-se de células da
parte mais anterior da coluna visceral eferente especial do me
Doze pares de nervos cranianos sc formam durante a quinta c a
tencéfalo. O núcleo motor do N C V fica no nível médio da pon
sexta semana do desenvolvimento. Eles são classificados em três
te. As fibras saem da ponte no local de entrada das fibras sensi
grupos, de acordo com sua origem embriológica.
tivas e vão para os músculos da mastigação e para outros mús
culos que se formam na saliência mandibular do primeiro arco
NERVOS CRANIANOS SOMÁTICOS EFERENTES faríngeo (ver Quadro 11.1). O núcleo mesencefálico do NC V
diferencia-se de células do encéfalo médio que se projetam, ros-
Os nervos troclear (N C IV ), abdutor (N C V I), hipoglosso (N C tralmente, do metencéfalo.
X II) c a maior parte do oculomotor (N C III) são homólogos das O nervo facial (N C V II) é o nervo do segundo arco faríngeo.
raízes ventrais dos nervos espinhais (Fig. 19.36). As células que Ele consiste, em sua maior parte, em fibras motoras originárias
dão origem a estes nervos localizam-se na coluna som ática efe principalmente dc um grupo nuclear da coluna visceral eferente
rente (derivada da placa basal) do tronco encefálico. Seus axô especial da parte caudal da ponte. Estas fibras se distribuem para
nios distribuem-se para os nervos derivados dos miótomos cefá- os músculos da expressão fa c ia l e para outros músculos que se
licos (pré-ótico e occipital; ver Fig. 17.2). formam no mesênquima do segundo arco faríngeo (ver Quadro
O nervo hipoglosso (N C XII) assemelha-se a um nervo espi 11.1). O pequeno componente visceral eferente geral do NC V II
nhal mais do que os outros nervos cranianos somáticos eferen- termina nos gânglios autônomos periféricos da cabeça. As fibras
tes. O nervo craniano XII é formado pela fusão das fibras das sensitivas do N C V II se originam de células do gânglio genicu-
raízes ventrais de três dos quatro nervos occipitais (Fig. 19.36/1). lado. Os prolongamentos centrais destas células penetram na
Estão ausentes as raízes sensitivas, correspondentes às raízes ponte, e os prolongamentos periféricos vão para o nervo grande
dorsais dos nervos espinhais. As fibras somáticas motoras origi petroso superficial e, via nervo da corda do tímpano, para os
nam-se do núcleo hipoglosso, constituído por células motoras, botões gustativos dos dois terços anteriores da língua.
que se assemelham às do como ventral da medula espinhal. Es O nervo glossofaríngeo (N C IX ) é o nervo do terceiro arco
tas fibras deixam a parede ventrolateral do bulbo em vários gru faríngeo. Suas fibras motoras sc originam das colunas viscerais
pos, as raízes do nervo hipoglosso, que convergem formando o eferentes especiais e, cm menor extensão, das gerais, da parte
tronco comum do N C XII (Fig. 19.365). Elas crescem rostral- anterior do mielencéfalo. O nervo craniano IX forma várias raí
mente e terminam inervando os músculos da língua, que se acre zes que saem do bulbo, imediatamente caudais à orelha interna
dita derivarem dos miótomos occipitais (ver Fig. 17.2). Com o em desenvolvimento. Todas as fibras da coluna visceral eferen
desenvolvimento do pescoço, o nervo hipoglosso coloca-se, pro te especial se distribuem para o músculo estilofaríngeo. deriva
gressivamente, em nível mais alto. do do mesênquima do terceiro arco faríngeo (ver Quadro 11.1).
O nervo abdutor (N C V I) origina-se de células nervosas da As fibras eferentes gerais vão para o gânglio ótico, do qual saem
placa basal do metencéfalo. Ele vai da superfície ventral para a fibras pós-ganglionares que se dirigem para a parótida e glându
posterior dos tres miótomos pré-óticos, dos quais parece origi las linguais posteriores. As fib ras sensitivas do N C IX distribu
nar-se o nervo reto lateral do olho. em-se como fibras sensitivas gerais e como fibras viscerais afe-
O nervo troclear (N C IV ) origina-se de células nervosas da rentes especiais (fibras gustativas) para a parte posterior da lín
coluna somática eferente da parte posterior do encéfalo médio. gua.
Apesar de ser um nervo motor, ele emerge do tronco encefálico O nervo vago (N C X ) é formado pela fusão dos nervos do
dorsalmente e, depois, segue ventralmente para inervar o mús quarto e sexto arcos faríngeos (ver Quadro 11.1). Ele tem gran
culo oblíquo superior do olho. des componentes viscerais eferentes e aferentes, que se dirigem
O nervo oculom otor (N C III) inerva a maioria dos músculos para o coração, intestino anterior e seus derivados, e para uma
do olho (i.e., o superior, inferior e retos mediais) e os músculos grande parte do intestino médio. O nervo do quarto arco farín
oblíquos inferiores, que parecem originar-se dos primeiros mió geo toma-se o nervo laríngeo superior, que inerva o músculo
tomos pré-óticos. cricotireóideoe os músculos constritores da faringe. O nervo do
sexto arco faríngeo torna-se o nervo laríngeo recorrente, que
inerva vários músculos da laringe.
NERVOS DOS ARCOS FARÍNGEOS O nervo acessório (N C X I) tem duas origens distintas (Fig.
19.36). A raiz cefálica é uma extensão posterior do NC X , e a
Os nervos cranianos V, V II, IX e X inervam os arcos faríngeos raiz espinhal se origina dos cinco ou seis segmentos cervicais
do embrião; por este motivo, as estruturas que se originam des cefálicos da medula espinhal. As fibras da raiz cefálica emergem
tes arcos são inervadas por estes nervos cranianos (Fig. 19.36A; da superfície lateral do bulbo, onde sc unem ao nervo vago e
ver Quadro 11.1). inervam os músculos do palato mole e os músculos intrínsecos
O nervo trigêm eo (N C V ) é o nervo do arco faríngeo, mas da laringe. As fibras da raiz espinhal inervam os músculos es-
ele tem uma divisão oftálmica que não é componente do arco ternocleidomastóideo e trapézio (Moore, 1992).
394 ■ SISTEM A NERVOSO
O nervo olfativo (N C 1) origina-se do bulbo olfativo. As célu As fibras nervosas parassimpáticas pré-ganglionares originam-
las olfativas são neurônios bipolares originárias de células do se de neurônios situados nos núcleos do tronco encefálico e na
epitélio que reveste o saco nasal primitivo. Os axônios destas região do sacro da medula espinhal. As fibras do tronco encefá
células olfativas reúnem-se em 18a 20 feixes em tomo das quais lico saem através dos nervos oculomotor (N C III), facial (N C
se forma a p laca cribriform e do osso etmóide. Estas fibras ner VII), glossofaríngeo (N C IX) e vago (N C X). Os neurônios pós-
vosas amielínicas terminam no bulbo olfativo. ganglionares estão localizados em gânglios periféricos ou em
O nervo óptico (N C II) é formado por mais de um milhão de plexos perto ou dentro da estrutura inervada (p.ex., pupila do olho
fibras nervosas que penetram no encéfalo provenientes de neu e glândulas salivares).
roblastos da retina primitiva. Como o nervo óptico sc origina da
parede evaginada do encéfalo anterior, na realidade ele representa
um feixe de fibras encefálicas. O desenvolvimento do nervo
óptico está descrito no Cap. 20. Megacólon Aganglionar Congênito
O nervo vestibulococlear (N C VIII) consiste cm duas espécies
dc fibras sensoriais dispostas em dois feixes; estas fibras são conhe
O megacólon aganglionar congênito, ou doença de Hirschsprung,
cidas como os nervos vestibular c coclcar. O nervo vestibular se
resulta da ausência de células ganglionares na parede do intestino
origina dos duetos semicirculares, e o nervo coclear do dueto co- grosso proximal ao ânus e que se estende continuamente por uma
clear, no qual sc forma o órgão espiral (de Corti). Os corpos celu distância variável. A doença de Hirschsprung é a causa mais comum
lares dos neurônios bipolares do nervo vestibular ficam no gânglio de obstrução intestinal baixa no neonato, com uma incidência geral
vestibular. O s prolongamentos centrais destas células terminam dc 1 em 5.000 nascimentos (Fig. 19.37). Há ausência de inervação
nos núcleos vestibulares no assoalho do quarto ventrículo. Os do cólon quando precursores neuronais entéricos não migram para
corpos celulares dos neurônios bipolares do nervo coclear ficam a parede da porção inferior do intestino (Naftel e Hardy, 1997). O
no gânglio espiral. Os prolongamentos centrais destas células ter segmento afetado do cólon fica paralisado em contração, o que leva
à distensão da parte proximal inervada normalmente. Em 75% dos
minam nos núcleos cocleares, ventral e dorsal, do bulbo.
casos, o segmento aganglionar está limitado ao cólon retossigmói-
de. Os sintomas clínicos da doença de Hirschsprung geralmente
começam 48 horas depois do nascimento, com evacuação retardada
FORMAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO do mecônio (fezes fetais). Os homens são mais afetados do que as
AUTÔNOMO mulheres (4:1).
RESUMO DO SISTEMA NERVOSO seiras (p.ex., meroanencefalia) são incompatíveis com a vida.
Outras anomalias graves (p.ex., espinha bífida com meningomi-
O SN C origina-se de um espessamento dorsal do ectoderma — clocele) causam deficiência funcional (p.ex., paralisia muscular
a placa neural — que aparece em torno do meio da terceira se dos membros inferiores). Anomalias graves do SN C também
mana. A formação da placa neural é induzida pela notocorda resultam de anomalias congênitas do sistema ventricuiar ence
subjacente e pelo mesoderma paraxial. A placa neural dobra-se fálico. Há dois tipos principais de hidrocefalia:
formando um sulco neural, com pregas neurais de ambos os • H idrocefalia obstrutiva ou não comunicante (bloqueio do
lados. Quando as pregas neurais começam a fundir-se formando fluxo do F C S no sistema ventricuiar)
o tubo neural, no início da quarta semana, algumas células neu- • H idrocefalia não obstrutiva ou comunicante (bloqueio do
roectodérmicas não são incluídas nele, mas permanecem entre o fluxo do F C S no espaço subaracnóideo)
tubo neural e o ectoderma da superfície, formando a crista neu
ral. Na maioria dos casos, a hidrocefalia congênita está associa
A extremidade cefálica do tubo neural forma o encéfalo, cu da a espinha bífida com meningomielocele.
jos primórdios são o encéfalo anterior, encéfalo médio e encéfa Retardo mental pode resultar dc anormalidades cromossô
lo posterior. O encéfalo anterior dá origem aos hemisférios micas ocorridas durante a gametogênese, causadas por distúrbi
cerebrais e ao diencéfalo. O encéfalo m édio torna-se o encéfalo os metabólicos, por abuso de álcool pela mãe ou por infecções
médio do adulto, e o encéfalo posterior dá origem à ponte, ce ocorridas durante a vida pré-natal. Várias condições pós-natais
rebelo e bulbo. O restante do tubo neural torna-se a medula es (p.ex., infecção ou trauma do encéfalo) também podem causar
pinhal. O canal neural. a luz do tubo neural, dá origem aos ven desenvolvimento mental anormal.
tríeulos encefálicos e ao canal central da medula espinhal. As
paredes do tubo neural se espessam pela proliferação das célu
las neuroepiteliais. Estas células dão origem a todas as células
nervosas e da macróglia do SN C . A micróglia sc diferencia das
Questões de Orientação Clínica
células da linhagem monócito-macrófago que chegam ao SN C
com os vasos sangüíneos. 1. São hereditários os defeitos do tubo neural (DTNs)? A razão de
A hipófise origina-se de duas partes totalmente distintas: minha pergunta é porque minha mãe teve uma criança com espi
• Uma evaginaçâo ectodérmica do estomodeu — a bolsa nha bífida cística e minha irmã outra com meroanencefalia. É
provável que minha irmã tenha outro filho com um DTN? É pos
hipofisária — forma a adenoipófise
sível detectar a meroanencefalia e a espinha bífida no início da
• Uma invaginação neuroectodérmica do diencéfalo — o vida fetal?
broto neuroipofisário — forma a neuroipóflse (Quadro 2. Recentemente, li nojornal sobre uma criança que nasceu sem os
19.1) hemisférios cerebrais, mas, apesar disto, sua cabeça parecia nor
mal; entretanto, a criança apresentava sonolência excessiva, choro
Células dos gânglios cefálicos, espinhais e autônomos deri
contínuo, quando acordada, e problemas de alimentação. Qual é
vam de células da crista neural originárias da crista neural. As o nome dado a esta condição? Qual é sua base embriológica?
células de Schwann, que mielinizam os axônios externos à me Geralmente estas crianças sobrevivem?
dula espinhal, também se originam de células da crista neural. 3. Ouvi dizer que as mulheres grávidas que bebem excessivamente
Igualmente, a maior parte do sistema nervoso autônomo e todo podem ter filhos com retardo mental e do crescimento. Isto é ver
o tecido cromafim, inclusive a medula da adrenal, originam-se dade? V i mulheres se embebedarem durante a gravidez e seus
dc células da crista neural. filhos parecem normais. Há um limiar seguro para o consumo de
H á três tipos de anom alias congênitas do sistema nervoso: álcool durante a gravidez?
4. Minha tia me disse que. provavelmente, o fato de eu ter fumado
• Anomalias estruturais causadas por organogênese anormal, cigarros durante minha gravidez causou o leve retardo mental de
tais como defeitos do tubo neural resultantes de defeitos meu filho. Não sou grande fumante. A acusação de minha tia é
do fechamento do tubo neural correta?
• Perturbações da organização das células do sistema ner 5. Todos os tipos de espinha bífida causam perda da função motora
voso (p.ex., os efeitos de altas doses de radiação c desnu dos membros inferiores? Qual tipo de espinha bífida cística é mais
comum e mais séria? Como são tratadas as crianças com espi
trição grave) que levam a retardo mental
nha bífida cística?
• Erros do metabolismo, freqüentemente herdados, cau
sam retardo mental por causa de um acúmulo de subs As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
tâncias tóxicas (p.ex., fenilcetonúria), ou deficiência dc
substâncias essenciais (p.ex., hipotireoidism o congêni
to) REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS
As anomalias congênitas do SN C são comuns (cerca de 3 em Behnnun R E. Kliegman RM, Arvin AM (eds): Nelson Textbook of Pediatrics.
1.000 nascimentos). Defeitos do fechamento do tubo neural são 15th cd. Philadelphia. W B Saunders. 19%.
responsáveis pela maioria das anomalias graves (p.ex., espinha Brumficld CG, Aronin PA, Cloud GA. Davis RO: Felal myelomcningocclc. Is
antcnatal ultrasound useful in predicting neonatal outeome. J Reprod Med
bífida cística). Estas anomalias incluem os tecidos sobrepostos. 40:26. 1995.
Algumas anomalias do SN C são causadas por fatores genéticos Carlson BM : Human Embrvologvand Developmental Biology. St. Louis. Mos-
(p.ex., anormalidades numéricas dos cromossomos, tais como a by-Ycar Book, 1994.
trissomia do 21); outras resultam de fatores ambientais, tais como Evans O B. Hutchins JB : Development ofthe nervous system. tn HaincsDE (cd):
Fundamentai Neuroscience. New York. Churchill Livingstone, 1997.
agentes infecciosos, drogas e doença metabólica. Entretanto, a
Filly RA : Ultrasound evaluation of the fetal neural axis. In Callen PW <ed):
m aioria das anom alias do SN C é causada por uma combinação Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology. 3rd ed. Philadelphia. W B
de fatores genéticos e ambientais. Anomalias congênitas gros Saunders, 1994.
396 ■ SISTEM A NERVOSO
Graham Dl. Lanios PL ledsj: GreeqfleW s Nturopatftoiogy, 6thcd. New York, Naftcl JP. Hardy SGP: Visceral motorpathways. In Haincs DE<cd): Fundamentai
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Haincs DE<cd): Fundamental Neuroxcience. New York. Churehill Livingstone. Noden DM: Spatial integraiion among cells forming thc cranial peripheral
1997. neurons. J NeurobM 24:248. 1993.
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Olho e Ouvido
Desenvolvimento do Olho
Desenvolvimento do Ouvido
Resumo do Desenvolvimento do Olho
Resumo do Desenvolvimento do Ouvido
Questões de Orientação Clínica
398 ■ OLHO E OUVIDO
óptico
neural
Sulco neural
Ectoderma da
A superfície
Tubo neural
Pedículo óptico
Placódio do
cristalino
Encéfalo anterior
Fosseta do
cristalino
Placódio do cristalino
da
óptica
superfície
C Mesênquima
Estágio inicial do cálice óptico
Encéfalo
Cam ada extema do cálice óptico
Ecloderm a da superfície
Camada interna
do cálice óptico
Vesícula do
anterior
cristalino
óptica
Artéria hialóide
p / Nível da secção G
Cálice óptico
Veia hialóide
óptica
Artéria hialóide
Artéria hialóide
intra-retiniano
Veia hialóide na
G fissura óptica
■ Fig. 20.1 Desenhos ilustrando os estágios iniciais do desenvolvimento do olho. A. Vista dorsal da extremidade cefálica de um embrião, com
ccrca de 22 dias. mostrando os sulcos ópticos, primeira indicação da formação do olho. Note que. neste estágio, as pregas neurais ainda não se
fundiram para formar as vesículas primárias do encéfalo anterior, tí, Secção transversal de uma prega neural mostrando o sulco óptico. C Dese
nho esquemático do encéfalo anterior de um embrião, com cerca dc 28 dias, mostrando as camadas de mesênquima e o ectodcrma da superfície
que o recobrem. D, H, Secçõcs esquemáticas do olho cm desenvolvimento ilustrando estágios sucessivos da formação do cálicc óptico e da
vesícula do cristalino. E. Vista lateral do encéfalo de um embrião, com cerca dc 32 dias, mostrando o aspecto externo do cálice óptico. C. Secção
transversal do pedículo óptico mostrando a fissura óptica e seu conteúdo. Note que. ao crescerem, as bordas da fissura óptica se aproximam c
completam, desta maneira, o cálicc óptico, englobando a artéria central c a veia da retina no pedículo e no cálicc ópticos.
400 ■ OLHO E OUVIDO
Parede do pedículo
óptico (contínua com a
parede do encéfalo Ectoderma da superfície
anterior)
Cavidade do pedículo
óptico (contínua com
a cavidade do
Fosseta do cristalino
encéfalo anterior)
(placódio do cristalino
invaginado)
■ Fig. 20.2 Fotomicrografia (200 X ) dc um corte sagital do olho dc um embrião no estágio Camcgic 14. cerca dc 32 dias. Observe o primórdio
do cristalino (placódio do cristalino invaginado), as paredes do cálice óptico (primórdio da retina) c o pedículo óptico, primórdio do nervo óptico.
(Dc Moore KL. Persaud TVN. Shiota K: Color Alias o f Clinicai Embryology. Philadelphia, W B Saunders, 1994.)
lia dependem do estágio embrionário durante o qual ocorre a per mantém sua irrigação sangüínea (artéria central da retina), originá
turbação do desenvolvimento. Vários teratógenos ambientais cau ria da artéria hialóide embrionária, Normalmente, o epitélio pigmen-
sam defeitos congênitos do olho (Stromland ct al., 1991; ver Cap. tar da retina prende-se firmemente à coróide, mas sua ligação com a
9). A maioria das anomalias comuns do olho resulta de defeitos do retina nervosa não é firme; portanto, uma retina descolada pode
fechamento dafissura óptica (Wright, 1997). Para descrições e ilus surgir após um golpe ao globo ocular, tal como durante uma luta de
trações de anomalias congênitas do olho, raras, tais como ciclopia boxe. Em conseqüência, acumula-se fluido entre as camadas e a vi
(um único olho), ver Moore e Persaud, (1998). são fica prejudicada.
O descolamento congênito da retina ocorre quando, na formação da Este defeito caracteriza-se por uma fenda localizada na retina, usu
retina e obliteração do espaço intra-retiniano, as camadas interna e almente inferior ao disco óptico. Na maioria dos casos, este defeito
extema do cálice óptico não se fundem durante o período fetal (Figs. é bilateral. Um coloboma típico é proveniente dofechamento defei
20.3 e 20.4). A separação das camadas nervosa c pigmentar da reti tuoso da fissura óptica.
na pode ser parcial ou total. O descolamento da retina pode resultar
de velocidades diferentes de crescimento das duas camadas; em con
seqüência, as camadas do cálice óptico não se colocam em aposição
perfeita. Algumas vezes, as camadas do cálicc óptico parecem ter
se fundido e, mais tarde, se separado; geralmente, estes descolamen Desenvolvimento do Corpo Ciliar
tos secundários ocorrem associados a outras anomalias do olho e da
cabeça. Nosso conhecimento sobre o desenvolvimento do olho dei O corpo ciliar é a extensão cuneiforme da coróide (Gartner e
xa claro que, onde há uma retina descolada, este não é um descola Hiatt. 1997). Sua superfície mediai projeta-se em direção do cris
mento de toda a retina porque o epitélio pigmentar desta permane talino, formando os processos ciliares, digitiformes (Fig. 20.5).
ce firmemente aderido à coróide subjacente. O descolamento se dá
A porção pigmentada do epitélio ciliar deriva da camada exter
no local de adesão das camadas interna e extema do cálicc óptico.
na do cálice óptico e é contínua com o epitélio pigmentar da re
Apesar de separada do epitélio pigmentar da retina, a retina nervosa
tina (Figs. 20.5 e 20.6D). A parte não pigmentada do epitélio ciliar
OLHO E OUVIDO ■ 401
Cristalino
do pedículo óptico
hialóides
Nivol da secção D
Axônios de células
Bainha do nervo óptico
ganglionares
(contínua com as meninges do
encéfalo e com a coróide e esclerótica)
óptico
/
Nervo óptico
Nível da secção F
central da retina
■ Fig. 20.3 Diagramas ilustrando o fechamento da fissura óptica c a formação do nervo óptico. A. C e Vistas da superfície inferior do cálice
e pedículo ópticos mostrando os estágios progressivos do fechamento da fissura óptica. C,, Esboço esquemático dc uma secção longitudinal dc
uma parte do cálice e pedículo ópticos mostrando os axônios das células ganglionares da retina crescendo pelo pedículo óptico em direção ao
encéfalo. li. t) c /•'. Secções transversais do pedículo óptico mostrando estágios sucessivos do fechamento da fissura óptica e a formação do nervo
óptico. Normalmente, a fissura óptica se fecha durante a sexta semana. Defeitos no fechamento da fissura resultam em coloboma da íris e/ou
retina. Note que a luz do pedículo óptico é. gradualmente, obliterada pelo acúmulo de axônios das células ganglionares na camada interna do
pedículo óptico, durante a formação do nervo óptico.
4 0 2 ■ OLHO E OUVIDO
Epitélio pigmentar
da retina
Retina nervosa
Nervo óptico
Epitélio anterior do cristalino
Coróide
Esclerótica
■ Fig. 20.4 Fotomicrografia (100 X )d e um corte sagital do olho dc um embrião no estágio Camegie 18. cerca de 44 dias. Observe que a parede
posterior da vesícula do cristalino forma as fibras do cristalino. A parede anterior não muda dc modo apreciável ao tornar-se o epitélio anterior do
cristalino. (Dc Nishimura H |ed|: Atlas of Human P renatal Histology. Tokyo, Igaku-Shoin. 1983.)
Desenvolvimento da íris
Processos
ciliares
■ Fig. 20.5 Fotomicrografia da raiz dc uma íris adulta (direita) e processos ciliares mostrando as partes ciliar e da íris da retina (215 X). (De
Leeson TS, Leeson CR (eds]: Histology. 3rd cd. Philadelphia. W B Saunders, 1976.)
mente transparentes, as Fibras primárias do cristalino. Estas fi causa da maneira de sua formação. O antigo local da artéria hi
bras crescem e obliteram, gradualmente, a cavidade da vcsícula alóide é sinalizado pelo canal hialóide do corpo vítreo (Fig.
do cristalino (Figs. 20.6,4 a C, 20.8 e 20.9). A borda do cristalino 20.6D), que. no olho vivo, usualmente é imperceptível.
é conhecida por zona, ou regiào, equatorial por estar localizada a O corpo vítreo forma-se dentro da cavidade do cálice óptico
meio caminho entre os pólos anterior e posterior do cristalino. As (Fig. 20.6C). E le é composto pelo hum or vítreo, uma massa
células da zona equatorial são cubóides; ao se alongarem, elas avascular de substância intercelular gelatinosa, transparente. O
perdem os núcleos e tornam-se as fibras secundárias do crista hum or vítreo prim ário provém de células mesenquimatosas
lino. Estas fibras são acrescentadas ao lado externo das fibras pri originárias da crista neural. O humor vítreo primário não aumen
márias do cristalino. Apesar de fibras secundárias do cristalino con ta, mas ele é rodeado pelo humor vítreo secundário, gelatino
tinuarem a formar-se no adulto e o cristalino aumentar de tama so, de origem desconhecida (W right, 1997).
nho, as fibras primárias do cristalino têm que durar por toda a vida.
O cristalino em desenvolvimento é irrigado pela parte distai
da artéria hialóide (Figs. 20.4 e 20.6); entretanto, ele se torna
avascular no período fetal com a degeneração desta parte da ar
téria hialóide. Depois que isto ocorre, o cristalino depende da Persistência da Artér ía Hialóide
difusão proveniente do humor aquoso da câmara anterior do olho.
que banha sua superfície anterior, e do humor vítreo nas outras
Normalmente, a parte distai da artéria hialóide degenera enquanto
partes. O cristalino em desenvolvimento é envolvido por uma
a parte proximal toma-se a artéria central da retina. Quando uma pe
camada mesenquimatosa vascular, a túnica vascular do crista quena parte da artéria persiste distalmente, ela pode aparecer como
lino. A parte anterior desta cápsula é a membrana da pupila (Fig. um vaso náo funcional, de movimentação livre, ou como uma estru
20.6R e C). A parte da artéria hialóide que irriga a túnica vascu tura vermiforme que se projeta do disco óptico. Algumas vezes, o
lar do cristalino desaparece durante o final do período fetal. Em resquício da artéria hialóide pode aparecer como uma delicada fai
conseqüência, a túnica vascular do cristalino e a membrana da xa atravessando o corpo vítreo. Em outros casos, um resquício da
pupila degeneram (Fig. 20.6D); entretanto, persistem a cápsula artéria hialóide pode formar um cisto. Em casos raros, toda a parte
do cristalino, produzida pelo epitélio anterior do cristalino, e as distai da anéria persiste e se estende do disco óptico, atravessa o corpo
vítreo e vai até o cristalino. Na maioria destes infantes, o olho é
fibras do cristalino. A cápsula do cristalino representa uma mem
microftálmico (muito pequeno), mas. cm alguns casos, é normal.
brana basal muito espessada e tem uma estrutura lamelar por
404 ■ OLHO E OUVIDO
Espaço mlra-
retiniano
Córnea
Córnea
-Córnea
■ Fig. 20.6 Desenhos diagramáticos dc sccções sagitais do olho mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento do cristalino, retina. íris c
córnea. A. Cinco semanas. B. Seis semanas. C, Vinte semanas. I). Recém-nascido. Note que as camadas do cálicc óptico se fundem formando o
epitélio pigmentar da retina e a retina nervosa e que eles sc estendem cm direção anterior como o epitélio duplo do corpo ciliar e a íris. A retina
e o nervo óptico originam-se do cálice e pedículo ópticos (cvagi nações do encéfalo). Ao nascimetuo, o olho tem cerca dc três quartos do tamanho
adulto. A maior parte do crescimento ocorre durante o primeiro ano. Depois da puberdade, o crescimento do olho c desprezível.
■ Fig. 20.7 Coloboma bilateral da íris. Observe o defeito da parte inferior da íris (na posição de 6 horas). (Cortesia dc A. E. Chudley. MD.
Section of Genetics and Metabolism. Department of Pediatrics and Child Health. Childrcn‘s Hospital. University of Manitoba, Winnipeg, Mani
toba. Canadá.)
OLHO E OUVIDO ■ 405
Esclerótica
Epitélio
pigmentar da retina
Espaço Intra-retiniano
íris
Retina
Coróide
Músculo
reto inferior
■ Fig. 20.8 Fotomicrografia dc um cortc sagital do olho de um embrião (50 X ) no estágio Carnegie 23. ccrca dc 56 dias. Observe a retina nervosa
e o epitélio pigmentar da relina em desenvolvimento. Normalmente, o espaço intra-retiniano desaparece com a fusão das duas camadas da retina.
(De Moore KL. Persaud TVN, Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia. W B Saunders, 1994.)
Retina nervosa
Córnea
Fibras do cristalino
Corpo vítreo
Porçào não
nervosa da retina
■ Fig. 20.9 Fotomicrografia (280 X ) de parte dc um olho em desenvolvimento de um embrião no estágio 23, ccrca dc 56 dias. Observe que as
fibras do cristalino alongaram-se e obliteraram a c'avidadc da vcsícula do cristalino. Note que a camada interna do cálice óptico ficou muito espes
sa. formando a retina nervosa, e que a camada externa é fortemente pigmentada (epitélio pigmentar da retina). (De Moore KL, Persaud TVN.
Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia. W B Saunders, 1994.)
406 ■ OLHO E OUVIDO
Desenvolvimento da Córnea
Sulco óptico
Placódio ótico
Prega neural
Encéfalo posterior em
desenvolvim ento
Ectoderm a da superfície
B
Mesênquima
Notocorda
Fosseta ótica
Tubo neural
Vesícula ótica
Nível da secção F
Local da vesícula ótica
Ectoderma da superfície
Vesícula ótica
■ Fig. 20.14 Desenhos ilustrando o desenvolvimento inicial do ouvido interno. A. Vista dorsal de um embrião de 4 semanas (cerca de 22 dias)
mostrando os placódios óticos. B, D, F e G, Sccções coronais esquemáticas ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento das vesículas
óticas. C c E, Vistas laterais da região cefálica de embriões com 24 e 2X dias, respectivamente.
petromastóidea do osso temporal (Moore, 1992). Ao nascimen acústico externo alcança seu comprimento adulto em torno do
to. o antro mastóideo tem quase o tamanho adulto; entretanto, nono ano.
não há células mastóideas cm infantes recém-nascidos. Por volta O primórdio da membrana timpânica é a primeira membrana
dos 2 anos de idade, a.s células mastóideas estão bem desenvol faríngea que separa o primeiro sulco faríngeo da primeira bolsa
vidas e produzem projeções cônicas do osso temporal, os pro faríngea (Fig. 20.16A). Com o desenvolvimento, o mesênquima
cessos m astóideos. O ouvido médio continua a crescer até a cresce entre estas duas partes da membrana faríngea e diferen-
puberdade (Behrman et al., 1996). O desenvolvimento dos ossí- cia-se em fibras de colágcno da membrana timpânica. O revesti
culos auditivos (ossos do ouvido médio) está descrito no Cap. mento externo (pele muito delgada) da membrana timpânica
11. O tensor do tímpano, músculo que se prende ao martelo, provém do endoderma do recesso tubotimpânico. Resumindo, a
deriva do mesênquima do primeiro arco faríngeo e é inervado membrana timpânica deriva de três fontes:
pelo N C V , o nervo deste arco. C) músculo estapédio origina-se • Ectoderm a do primeiro sulco faríngeo
do segundo arco faríngeo e é inervado pelo N C V II, o nervo deste • Endoderm a do recesso tubotimpânico. um derivado da
arco. primeira bolsa faríngea
• Mesoderma do primeiro e segundo arcos faríngeos
Desenvolvimento do Ouvido Externo A aurícula (pina) deriva de seis proliferações mesenquima
tosas do primeiro e segundo arcos faríngeos. Estas saliências —
() meato acústico externo origina-se da extremidade dorsal a.s saliências auriculares — circundam o primeiro sulco farín
do primeiro sulco (fenda) faríngeo. A s células ectodérmicas geo (Fig. 20.17A). Com o crescimento da aurícula, diminui a
situadas no fundo deste tubo, lunilado, proliferam, formando contribuição do primeiro arco faríngeo (Fig. 20.17# a D ). O ló
uma placa epitelial maciça, o tam pão do nieato (Fig . 20.16C). bulo é a última parte a desenvolver-se. A aurícula começa a for-
Na parte final do período fetal, as células do centro deste tam mar-se na base do pescoço (Fig. 20.17A e ti). Com o desenvol
pão degeneram c formam uma cavidade que se torna a parte vimento da mandíbula. a aurícula desloca-se para sua posição
interna do meato acústico externo (F ig . 20.16D ). Este meato é normal na lateral da cabeça (Fig. 20.17D ). A orelha externa con
relativamente curto ao nascimento; por este motivo, deve-se tinua a crescer até a puberdade. As partes da aurícula derivadas
tomar cuidado para não lesar a membrana timpânica. O meato do primeiro arco faríngeo são inervadas pelo nervo deste arco, o
410 ■ OLHO E OUVIDO
Dueto e saco
endolinfáticos Dueto semicircular
Dueto sem icircular
Dueto endolinfático posterior em desenvolvim ento
Am pola
Divertículo
Utrículo Duelo
reuniens
Sáculo
Cóciea
membranosa
Parte utricular da Dueto coclear
. vesícula ótica
\
Parte sacular da
vesícula ótica
Escala vestibular Labirinto ósseo
em desenvolvim ento
G ânglio espiral
Dueto coclear
F Ligamento I
espiral
Mesênquima
Cápsula ótica Vacúolos (espaço perilinfático Escala do tím pano
cartilaginosa em desenvolvim ento) em desenvolvim ento Dueto coclear
Ó rgão espiral
■ Fig. 20.15 Desenhos da vesícula ótica mostrando o desenvolvimento dos labirintos membranoso e ósseo do ouvido interno. A a E. Vistas
laterais exibindo estágios sucessivos na transformação da vesícula ótica em labirinto membranoso. entre a quinta c a oitava semana. -4, a / )M
Esboços diagramáticos ilustrando a formação do dueto semicircular. /•' a /. Secções através do dueto coclear mostrando estágios sucessivos do
desenvolvimento do órgão espiral (de Corti) e do espaço perilinfático da 8.* à 20.* semana.
Derivados da
cartilagem
Primeiro Primeira bolsa faríngea do primeiro
sulco arco
faringeo
Recesso
Primeira tubotimpânico
membrana
faríngea
Porção escamosa
Martelo Bigorna Estribo Cápsula ótica cartilaginosa do osso tem poral Espaço perilinfático
Labirinto
Vesícula ótica
Meato acústico timpânica
extem o em
Meato
desenvolvim ento
acústico Membrana
extem o timpânica
■ Fig. 20.16 Desenhos esquemáticos ilustrando o desenvolvimento dos ouvidos externo c médio. Observe a relaçáo destas partes do ouvido com
a vesícula ótica, primórdio do ouvido interno. A, Quatro semanas, ilustrando a relação da vesícula ótica com o aparelho faringeo. B, Cinco sema
nas. mostrando o recesso tubotimpânico e as cartilagens dos arcos faríngeos. C. Estágio posterior mostrando o recesso tubotimpânico (futura
cavidade timpânica e antro mastóideo) começando a envolver os ossíeulos. D, Estágio final do desenvolvimento do ouvido mostrando a relação
do ouvido médio c o espaço perilinfático com o meato acústico extemo. Note que a membrana timpânica origina-se das três camadas germinati-
vas: ectoderma da superfície, mesoderma e endoderma do recesso tubotimpânico.
sulco faringeo
Microtia
Seios Pré-auriculares
RESUMO DO DESENVOLVIMENTO DO
Há muitas anom alias oculares, mas a maioria é rara. O olho
OLHO é muito sensível aos efeitos teratogênicos de agentes infeccio
sos (p.ex.. o citomegalovírus c o vírus da rubéola). Os defeitos
A primeira indicação do olho d o sulco óptico, que se forma no mais graves resultam de perturbações do desenvolvimento da
início da quarta semana. Este sulco se aprofunda e forma a vesí quarta à sexta semana, mas defeitos da visão podem resultar da
cula óptica, rasa. que sc projeta do encéfalo anterior. A vesícu infecção de tecidos e órgãos por certos microrganismos durante
la óptica entra em contato com o ectoderma da superfície c in- o período fetal (p.ex., o vírus da rubéola c o Treponema palli-
duz o desenvolvimento do placódio do cristalino, o primórdio durn. o microrganismo causador da sífilis). A maioria das ano
do cristalino. Com a invaginação do placódio, formando a fosseta malias oculares é causada por defeitos do fechamento da fissura
do cristalino e a vesícula do cristalino, a vesícula óptica se in- óptica durante a sexta semana (p.ex., coloboma da íris). A cata
vagina e forma o cálicc óptico. A retina origina-se das duas ca rata congênita e o glaucoma podem resultar de infecções intra-
madas do cálice óptico. uterinas (p.ex., vírus da rubéola), mas a maioria das cataratas
• A retina, as fibras do nervo óptico, os músculos e o epité congênitas é herdada.
lio da íris c o corpo ciliar derivam do neuroectoderma do
encéfalo anterior. Os músculos esfíncter c dilatador da íris
originam-se do ectoderma da margem do cálice óptico. RESUMO DO DESENVOLVIMENTO DO
• ( ) ectoderma da superfície dá origem ao cristalino c ao epi- OUVIDO
télio das glândulas lacrimais, pálpebras, conjuntiva e cór
nea. A vesícula ótica origina-se do ectoderma da superfície, durante
• O mesoderma dá origem aos músculos do olho, exceto os a quarta semana. lista vesícula forma o lab irin to m em brano
da íris c a todos os tecidos conjuntivo c vascular da cór so do ouvido interno. A vesícula ótica divide-se em duas par
nea, íris, corpo ciliar, coróide e esclerótica. tes:
414 ■ OLHO E OUVIDO
estribo) originam-se das extremidades dorsais das cartilagens dos As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
dois primeiros arcos faríngeos.
O epitélio do meato acústico externo origina-se do ectoder
ma do primeiro sulco (fenda) faríngeo. A membrana timpânica
origina-se de três fontes:
REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS
• Endoderma da primeira bolsa faríngea Behrman RE. Kliegman RM . Arvin AM (eds): Nelson Textbook of Pediatrics.
15th ed. Philudclphia. W B Saunders, 1996.
• Ectoderma do primeiro sulco faríngeo Carlson, BM : Human Embryology and Developmental Biology. St. Louis, Mos
• Mesênquima situado entre as camadas citadas by-Year Book. 1994.
De la Cruz A. Doylc K J: Ossiculoplasty in congenital hearing loss. Otolan-ngol
A aurícula origina-se de seis saliências auriculares, que se Clin Nonh Am 27:799. 1994.
formam das saliências mesenquimatosas situadas em tomo das Frenz DA, Van de W aterTR, Galinovic-Schwart, V: Transforming growth fac-
margens do primeiro sulco faríngeo. A aurícula é formada pela tor beta: does it direct otic capsule formation. Ann Otol Rhlnol Laryngol
fusão destas saliências. 100:301. 1991.
Gartncr LP. Hiatt JL : Color Textbook of Htstology. Philadelphia. W B Saunders,
A surdez congênita pode resultar do desenvolvimento anor 1997.
mal do labirinto membranoso e/ou labirinto ósseo, assim como Gorlin R J, Toriello HV, Cohen M M Jr: Hereditary Hearing I m s s and its
de anormalidades dos ossículos auditivos. A herança recessiva Syndromes. New York. Oxford University Press, 1995.
é a causa m ais comum de surdez congênita, mas sabe-se que a Jones K L: Smith 's Kecognizable Patterns of Human Malformation. 5th cd. Phi
ladelphia. W B Saunders, 1997.
infecção pelo vírus da rubéola, próximo ao fim do período em
Mathers PH. Grinberg A, Mahon KA, Jamrich M: The Rx homeobox gene is
brionário, é um importante fator ambiental causador do desen esscntial for vertebrate eye development. Nature 387:603.1997.
volvimento anormal do órgão espiral e de defeitos da audição. Michacls L: Evolution of the epidermoid formation and its role in the develop-
Há muitas pequenas anomalias da aurícula, clinicamente sem ment of the middle ear and tympanic membrane duríng the first trimester. J
Otolaryngol 17-22, 1988.
importância; entretanto, a sua presença deve alertar o médico para
Moll M: Congenital carpitsor auricular sinuses.Acfa Path Micro biol Scand99:96,
a possível existência de grandes anomalias associadas (p.ex., 1991.
defeito do ouvido médio). Orelhas cm posição baixa, gravemente Moore K L: Clinically Oriented Anatomy, 3rd cd. Baltimore, Williams & W i
deformadas, estão, freqüentemente, associadas a anormalidades lkins, 1992.
cromossômicas, em particular a trissomia do 18 e trissomia do Moore K L. Agur AM R: Exsential C liniçal Anatomy. Baltimore. Williams &
Wilkins, 1995.
13. Moore K L. Persaud TVN: The Developing Human. Clinically Oriented Embryo
logy, 6th cd. Philadelphia. W B Saunders, 1998,
Nelson L: Disorders of the eye. In Behrman RE, Kliegman RM . Arvin AM (eds):
Nelson Textbook of Pediatrics. 15th ed. Philadelphia. W B Saunders, 1996.
Noden DM. Van de Water TR: Genetic analyscs of mammalian ear development.
Questões de Orientação Clínica Trends Neurosci 15:235. 1992.
Pcnfold PL. Provis JM . Madigan MC, et al: Angiogenesis in normal human retinal
development: the involvement of astrocytes and macrophages. Graefes Arch
1. Quando uma mulher tem rubéola durante o primeiro trimestre da Clin Exp Ophthalmol 228:255. 1990.
gravidez, qual é a probabilidade de os olhos e ouvidos do em Stromland K. M iller M. Cook C: Ocular teratology. Surv Ophthalmol 35:429.
brião/feto serem afetados? Qual é a manifestação mais comum 1991.
da infecção pela mbéola no final do período fetal em crianças? Takayama S. Yamamoto M. Hashimoto K, Itoh H: Immunohistochemical study
Quando uma mulher fica exposta à rubéola, é possível determi in the developing optic nerves in human embryos and fetuses. Brain Develop
13:307. 1991.
nar se ela é imune a esta infecção?
Tripalhi B J, Tripathi RC, Livingston AM . Borisuth NSC: The role of growth
2. Minha avó disse-me que uma boa maneira para prevenir anoma factors in the embryogenesis and diffcrentiation of the eye. Am J Anat
lias congênitas causadas pela rubéola é através da exposição pro 192:442, 1991.
positada de moças à rubéola. É esta a melhor maneira para eu não Twefik T L, Der Kaloustian VM (eds): Congenital Anomalies of the Ear, Nose,
ter um filho cego e surdo por causa de infecção pela mbéola du and Throat. Oxford, Oxford University Press, 1996.
rante minha gravidez? Caso não seja, o que pode ser feito para Wilson RS, Char F: Drug-induced ocular malformations. In Persaud TVN (cd):
ser imunizada contra a infecção pela rubéola? Advances in the Study o f Birth Defects. Vol. 7: Central Nervous System and
3. Uma enfermeira disse-me que a surdez e defeitos dos dentes que Craniofacial Malformations. New York, Alan R Liss, 1982.
Wright K W : Embryology and eye development. In Wright K W (ed): Textbook
ocorrem na infância podem resultar do que ela chamou de “sífi-
ofOphthalmology. Baltimore, Williams & Wilkins. 1997.
Sistema Tegumentar
21 Formação da Pele
Formação dos Pêlos
Formação das Unhas
Formação das Glândulas Mamárias
Formação dos Dentes
Resumo do Sistema Tegumentar
Questões de Orientação Clínica
415
416 ■ SISTEM A TEGUMENTAR
a migração das células da crista neural (Holbrook ct al., I989). A transformação do ectodcrma da superfície em uma epider
Nus ruças brancas, usualmente, os corpos celulares dos melanó me estratificada resulta das interações indutoras continuadas com
citos estào confinados às camadas basais da epiderme: entretan a derme (Carlson. 1994). A pele é classificada em espessa e fina,
to, seus prolongamentos dendríticos estendem-se entre as célu de acordo com a espessura da epiderme (Gartner e Hiatt, 1997).
las da epiderme. Normalmente, na derme há poucas células con
tendo melanina. Os melanócitos começam a produzir nielanina • A pele espessa cobre a palma das mãos e a sola dos pés;
{gr. meias, preto) antes do nascimento e a distribuem pelas cé- ela não possui folículos pilosos, músculos levantadores dos
. lulas da epiderme. A formação de pigmento antes do nascimen pelos ou glândulas sebáceas, mas possui glândulas sudo-
to pode ser observada na epiderme das raças de pele escura. Um ríparas.
aumento da produção de melanina ocorre em resposta á luz ul ♦ A pele fina cobre a maior parte do restante do corpo: cia
travioleta. O teor relativo de melanina nos melanócitos é o res contém folículos pilosos, músculos levantadores dos pê
ponsável pelas diferentes cores da pele. los. glândulas sebáceas e sudoríparas (Fig. 21.2).
semana Sem ana Sem ana 12 Semana 14 Sem ana 16 Sem ana 20 Sem anas 23-28
4
Cam adas da
epiderme
Estrato cómeo
Estralo lúcido
■Estrato granuloso
Eslralo espinhoso
Estrato germinativo
\
Broto de Melanócito
Folículo plksso glândula
Melanócitos sudorípara
em migração
Glândula
sebácea
Células
mesenquimatosas
Colágeno Dueto sudoriparo
Primórdio de ^6 lp '
glândula sebácea I
- Glândula ‘
Célula secretora de
sudorípara em
glândula sudorípara
desenvolvimento
Bainha *' |
epidérmica 1|
da raiz \ iJ
Músculo levantador
dopélo
Vasos
Paplla do pélo
/ sangüíneos
Bainha dérmica da raiz
Células adíposas
■ Fig. 21.2 Desenho mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento dc um pelo c da glândula scbácca c músculo eretor do pêlo associados.
Note que a glândula sebácea origina-se dc uma evaginação lateral do folículo piloso.
418 ■ SISTEMA TEGUMENTAR
- Epiderme
Luz em
Broto formação
Dueto
Mesênquima
Célula
secretora
Invaginação cilíndrica
maciça Espiral
Célula mioepitelial
Tecido conjuntivo
■ Fig. 21.3 Diagramas ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento dc uma glândula sudorípara. A c fí, A glândula inicia seu desenvolvi
mento com cerca de 20 semanas como uma projeção maciça dc células da epiderme no mesênquima. C, Sua porção terminal enrola-se e forma o
corpo da glândula. As células centrais degeneram formando a luz da glândula. D, As células periféricas difcrenciam-sc nas células sccrctoras c
nas células mioepiteliais contráteis.
Distúrbios da Queratinização
Eponíquio
Campo ungueal
Campo ungueal
■ Fig. 21.5 Diagramas ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento da unha de um dedo. A, A primeira indicação da unha é um espessa
mente da epiderme. o campo ungueal, na ponta do dedo. B. Ao desenvolver-se a placa ungueal cresce em direção da ponta do dedo. C, A unha
alcança a extremidade do dedo antes do nascimento.
SISTEM A TEGUMENTAR ■ 421
Nivel da secção C
Crista mamária
Resquícios da
crista mamária
Dueto
lactifero
Broto primário
(primórdio da
glândula Brotos
mamária) secundários
F
1
Mesênquima Derme
■ Fig. 21.6 Desenhos ilustrando o desenvolvimento das glândulas mamárias. .4. Vista ventral dc um embrião com cerca de 28 dias mostrando as
cristas mamárias. H. Vista semelhante, com 6 semanas, mostrando os resquícios destas cristas. C. Secção transversal dc uma crista mamária no
local dc uma glândula mamária em desenvolvimento. D. E c E. Seeções semelhantes mostrando os estágios sucessivos do desenvolvimento da
mama, entre a 12.a semana e o nascimcnto.
cas c, com freqüência, estão aumentadas. Elas podem produzir ficam esféricas (Fig . 21.1D e £ ), em grande parte por causa
um pouco de secreção, chamada, com freqüência, de “leite de da deposição de gordura. O desenvolvimento completo ocor
bruxa”. Estas mudanças transitórias são induzidas pelos hormô re em torno dos 20 anos (Fig. 2 I.7 E ).
nios maternos que atravessam a placenta e caem na circulação
fetal.
No nascimento, somente os principais duetos lactíferos es
tão formados, e as glândulas mamárias permanecem pouco de
senvolvidas até a puberdade. As glândulas mamárias desen
volvem-se de modo semelhante c têm a mesma estrutura cm
Nos homens, normalmente as glândulas mamárias rudimentares nâo
ambos os sexos. Nas mulheres, as glândulas aumentam rapi
apresentam nenhum desenvolvimento pós-natal. A ginecomastia (gr.
damente durante a puberdade (Fig . 2 1.7). principalmente por gyne, mulher + mastos, mama) refere-se ao excesso de desenvol
causa do aumento de gordura e de outros elementos do con vimento de tecido mamário no homem. Ela ocorre em meninos re-
juntivo. O crescimento do sistema de duetos também ocorre cém-nascidos por causa do estímulo do tecido glandular pelos hor
por causa dos níveis elevados de estrógenos circulantes. Pro- mônios sexuais matemos. Este efeito desaparece em poucas sema
gestógenos, prolactina. corticóides e hormônio do crescimento nas (Behrman et al., 1996). Na metade da puberdade, cerca de dois
também desempenham um papel (G artner e H iatt, 1997). terços dos meninos apresentam graus variáveis de hiperplasia das
Quando ocorre a gravidez, as glândulas mamárias completam mamas. A hiperplasia subareolar pode persistir de aiguns meses a 2
seu desenvolvim ento por causa dos níveis aumentados de anos. Nos meninos com ginecomastia, tem sido encontrada uma di
minuição da relação entre a testosterona e o estradiol (Behrman et
estrógeno e do aumento sustentado dos níveis da progestero-
al., 1996). Cerca de 80% dos homens com a síndrome de Klinefel-
na. Os duetos intralobulares passam por um rápido desenvol ter têm ginecomastia (ver Cap. 9).
vimento formando brotos que se tornam alvéolos. As mamas
422 ■ SISTEM A TEGUMENTAR
Mamilo Aréola
B
■ Fig. 21.7 Esboços mostrando estágios progressivos do desenvolvi
mento pós-natal da mama. A, Recém-nascido. B, Criança. C. Início da
puberdade. D, Fim da puberdade. E, Adulto jovem. F . Mulher grávida.
Note que, ao nascimcnto. o mamilo está invertido (A). Normalmente, o
mamilo se eleva durante a infância, formando o mamilo usual. Quando
este processo nüo ocorre, forma-se um mamilo invertido. Na puberda
de (12 a 15 anos), as mamas crescem por causa do crescimento das glân
dulas mamárias c do acúmulo de gordura.
■ Fig. 21.8 Fotografia dc uma mulher com um mamilo supranumerá-
rio à direita (seta) e uma pequena mama supranumerária inferior à mama
esquerda normal. (De Haagensen CD: Diseases of the Breast. 3rd ed.
Philadelphia, W B Saunders. 1986.)
m £%
O I 11 u
O esmalte deriva do ectodcrma da cavidade oral; todos os (M o d ific a d o dc Moore K L : Clinicallv Oriented Anatomy, 3 rd c d . BaJúmorc, W illia m s &
W ilk in s . I992.J
outros tecidos se diferenciam do mesênquima circundante ori •Oh dentes permanente* iifio caem. Quando não recebem cuidados adequados. ou quando
ginário do mesoderma e de células da crista neural. Evidências o corrc doença da gengiva, é possível que tenham que scr extraídos.
SISTEMA TEGUMENTAR ■ 423
mento dos dentes ocorre na sexta semana como um espessamento dio do cemento e do ligamento periodontal. O cemento é um
do epitélio oral. um derivado do ectoderma da superfície. Estas tecido conjuntivo rígido, semelhante a osso, que cobre a raiz do
faixas em forma de U — as lâm inas dentárias — acompanham dente. O ligamento periodontal é o tecido conjuntivo denso que
as curvas das mandíbulas primitivas (Figs. 21.9A e 21.1 CM). envolve a raiz do dente, separando-a do osso alveolar e prenden
do-a a ele (Fig. 2 1.10C).
Lâmina dentária
Lábio superior
Língua
Broto do dente
Cartilagem do
Mesênquima primeiro arco Mandíbula em
faríngeo desenvolvimento
■ Fig. 21.9 Esboços diagramáticos dc secções sagitais dos maxilares em desenvolvimento ilustrando o desenvolvimento inicial dos dentes. A,
Início da sexta semana, mostrando as lâminas dentárias. B. Posteriormente, na sexta semana, mostrando brotos dentários surgindo das lâminas
dentárias.
424 ■ SISTEMA TEGUMENTAR
□ Esmalle
□ Dentina Papila e polpa do dente
Epitélio oral
Broto do dente
Lâmina dentária
Lâmina dentária
Órgào do esmalte
B
Broto do
Reticulo do
dente permanente
esmalte
Reticulo do
esmalte
Epitélio oral
Gengiva
Coroa
Camada de odontoblastos anatômica
Ameloblastos
Polpa dentária
Ligamento periodontal
Prism as do esmalte ssiíà
Dentina
Artéria
Osso alveolar
Pré-dentina
G
Polpa dentária /
Dente permanente em Odontoblastos
desenvolvimento Prolongamentos dos odontoblastos
■ Fig. 21.10 Desenhos csqucmáticos dc sccçõcs sagitais ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento e erupção de um dente incisivo. A,
Seis semanas, mostrando a lâmina dentária, fí. Sete semanas, mostrando o broto dentário desenvolvendo-se da lâmina dentária. C. Oito semanas,
mostrando o estágio do capuz do desenvolvimento do dente. D, Dez semanas, mostrando o estágio do sino. inicial, de um dente decíduo e o
estágio do broto de um dente permanente. £. Quatorze semanas, mostrando o estágio do sino, adiantado, do desenvolvimento do dente. Note que
a ligação (lâmina dentária) do dente com o epitélio oral está cm degeneração. F, Vinte c oito semanas, mostrando as camadas do esmalte c da
dentina. G. Seis meses após o nascimento, mostrando o início da erupção do dente. //. De/.oito meses após o nascimento, mostrando um dente
incisivo decíduo totalmente irrompido. O dente incisivo permanente agora tem uma coroa bem desenvolvida. /. Secção através de um dente em
desenvolvimento mostrando amcloblastos (secrctorcs dc esmalte) c odontoblastos (sccrctorcs dc dentina».
formação de osso. Cada dente logo se toma envolvido por osso. mandíbula em geral nascem antes dos da maxila, os das meni
exceto na região da coroa. O dente é mantido em seu alvéolo pelo nas quase sempre antes que os dos meninos. A dentição de uma
forte ligamento periodontal, um derivado do saco dentário (Fig. criança contém 20 dentes decíduos. A dentição adulta comple
2 l.l0 G e H ). Algumas fibras deste ligamento estão contidas ta é formada por 32 dentes. Com o crescimento da raiz. do dente,
dentro do cemento: outras estão incluídas na parede óssea do a coroa vai irrompendo, gradualmente, através do epitélio oral.
alvéolo. O ligamento periodontal está localizado entre o cemen A parte da mucosa oral em torno da coroa irrompida toma-se a
to da raiz e o alvéolo ósseo. gengiva. Usualmente, a erupção dos dentes decíduos ocorre en
tre 6 e 24 meses após o nascimento (Quadro 2 1.1). Os incisivos
centrais, mediais, mandibulares usualmente irrompem dos 6 aos
Erupção do Dente 8 meses após o nascimento, mas, em algumas crianças, este pro
cesso só se inicia aos 12 ou 13 meses. Apesar disto, em crianças
Ao se desenvolverem, os dentes iniciam um movimento lento e sadias, usualmente todos os 20 dentes decíduos estão presentes
contínuo em direção da cavidade oral (Fig. 2 1. IO). Os dentes da ao fim do segundo ano. Uma erupção retardada pode indicar
SISTEM A TEGUMENTAR ■ 425
G H I
■ Fig. 21.13 Desenhos ilustrando anomalias comuns dos dentes. A. Coroa irregular em forma de framboesa. B . Pérola de esmalte e fossetas. C,
Dente incisivo com coroa dupla. D, Divisão anormal da raiz. £. Raiz distorcida. F. Raiz bifurcada. G, Raízes fundidas. H. Hiperdontia com dente
incisivo supranumerário na região anterior do palato (seta). /. Hiperdontia com 13 dentes decíduos da maxila (mandíbula superior) cm vez dos 10
normais.
SISTEM A TEGUMENTAR ■ 427
uma delgada camada de esmalte, formado anormalmente, através do RESUMO DO SISTEMA TEGUMENTAR
qual é visível a dentina amarela, que fica abaixo (Johnsen, 1996).
Isto dá aos dentes uma aparência escura. Este traço autossômico do A pele c seus apêndices originam-se do ectoderma, mesoderma e
minante afeta cerca de 1em 20.000 crianças. de células da crista neural. A epiderme deriva do ectoderma da su
perfície. Os melanócitos derivam de células da crista neural que
migram para a epiderme. As células descarnadas da epiderme mis
turam-se com a secreção das glândulas sebáceas, formando a vér
nix caseosa, uma capa oleosa, esbranquiçada, que recobre a pele.
Esta substância gordurosa protege a epiderme, provavelmente tor
nando-a mais impermeável, e facilita o parto por ser escorregadia.
Esta condição é relativamente comum em crianças brancas (Fig. Os pêlos são formados por invaginações da epiderme na derme.
21.14). A cor dos dentes vai do castanho ao cinza-azulado, com um Com cerca de 20 semanas, o feto está totalmente coberto por pêlos
brilho opalescente porque os odontoblastos não se diferenciam nor delicados, macios — os pêlos do lanugo. Estes pêlos são perdidos
malmente e formam dentina pouco calcificada (Johnsen, 1996). Ge
ao nascimento, ou logo após, e são substituídos por pêlos mais gros
ralmente, tanto os dentes decíduos como os permanentes estão en
seiros. A maioria das glândulas sebáceas origina-se de invagina
volvidos. O esmalte tende a desgastar-se rapidamente, deixando a
dentina exposta. Esta anomalia é herdada como um traço autossô ções laterais dos folículos pilosos; entretanto, algumas glândulas
mico dominante (Thompson et al., 1991). formam-se como invaginações da epiderme na derme. As glându
las sudoríparas também se originam de invaginações da epiderme
na derme. As glândulas mamárias formam-se de modo semelhante.
Anomalias congênitas da pele são principalmente perturba
ções da queratinização (ictiose) e da pigmentação (albinismo).
A formação anormal de vasos sangüíneos resulta nos vários tipos
de angiomas. As unhas podem estar ausentes ou mal formadas. Os
A incorporação de substâncias estranhas pelo esmalte em desenvol pêlos podem estar ausentes ou em excesso. É rara a ausência das
vimento toma o dente manchado. A hemólise (liberação de hemo glândulas mamárias, mas mamas supranumerárias (polimastia) ou
globina) associada à eritroblastose fetal do recém-nascido (ver Cap. mamilos supranumerários (politelia) são relativamente comuns.
8) pode produzir manchas nos dentes do azul ao preto. Todas as te Os dentes originam-se do ectoderma. mesoderma e células da
traciclinas são extensamente incorporadas pelo esmalte dos dentes. crista neural. O esmalte é produzido pelos ameloblastos, que deri
O período crítico de risco vai das 14 semanas da vida fetal ao 10.°
vam do ectoderma oral; todos os outros tecidos dos dentes derivam
mês pós-natal, para os dentes primários, e de cerca de 14 semanas
do mesênquima, que, por sua vez, deriva do mesoderma e de célu
da vida fetal ao 16.° ano pós-natal, para os dentes permanentes (John
sen, 1996). As tetraciclinas produzem uma coloração castanho- las da crista neural. As anomalias congênitas dos dentes comuns
amarelada (mosqueamento) e hipoplasia do esmalte por interferirem são formação defeituosa do esmalte ou da dentina. anormalidades
com os processos mctabólicos dos ameloblastos. Aos 8 anos de ida da forma e variações do número c da posição. As tetraciclinas são
de, o esmalte já está completamente formado em todos os dentes, extensamente incorporadas pelo esmalte dos dentes em desenvol
exceto os terceiros molares. Por este motivo, não se devem admi vimento. produzindo manchas amarelo-acastanhadas e hipoplasia
nistrar tetraciclinas a mulheres grávidas ou a crianças com menos do esmalte. Conseqüentemente, as tetraciclinas não devem ser pres
de 8 anos (Shepard, 1992). critas para mulheres grávidas ou crianças com menos de 8 anos.
1. Ouvi, rcccntcmente, uma mulher dizer que seu filho havia nasci
do sem pele. Isto é possível? Uma criança nestas condições pode
sobreviver?
2. Uma vez vi uma pessoa de pele escura com manchas brancas no
rosto, peito e membros. Ela tinha também uma mecha de cabelos
brancas. Como esta condição é chamada e qual a base dc seu de
senvolvimento? Há algum tratamento para estes defeitos da pele?
3. Foi-me dito que alguns meninos têm mamas aumentadas no nas
cimento. Isto constitui uma indicação de desenvolvimento sexu
al anormal? Também ouvi dizer que, cm alguns homens, formam-
se mamas na puberdade. Estes homens são intersexuados?
4. Uma enfermeira contou-me sobre uma jovem em quem, durante
a puberdade, havia aparecido uma mama na axila. Ela também
disse que esta jovem tinha mamilos extras no abdome superior.
Qual é a base embriológica destas anomalias?
5. Recentemente, li no jornal que uma criança havia nascido com
dois dentes. Estes dentes são normais? Esta é uma ocorrência
comum? Geralmente eles são extraídos?
■ Fig. 21.14 Fotografia dos dentes dc uma criança com dentinogênese
imperfeita. (Dc Thompson MW: Genetics in Medicine. 4th ed. Phila As respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
delphia. W B Saunders, I986.)
428 ■ SISTEM A TEGUMENTAR
REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS Gaitner LP. Hiatt JL: Color Textbook efHistology. Philadelphia. W B Saunders. 1997.
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.
.»
f.
Respostas às
Questões de
Orientação Clínica
C ap ítu lo 1
lização; entretanto, testes e visualização por ultra-som podem dométrio que passa a apresentar um ambiente hostil ao bias
ser feitos para detectar a data provável da ovulação c o início tocisto; em conseqüência, o biastocisto não se implanta. Neste
da gravidez. Estes testes não são leitos rotineiramente por caso, o D IU seria um dispositivo antiim plantação que resul
causa dos custos envolvidos. Ao fazer uma estimativa da data ta na morte e absorção do embrião quando ele tem mais ou
do início da gravidez usando o L N M P , os médicos estão cons menos uma semana de idade.
cientes de que a idade do ser humano em desenvolvimento é
8. A mãe mais jovem já registrada deu à luz aos 5 anos e 8 me
cerca de 2 semanas menor do que a “ idade menstruai ou da
ses. Esta foi uma ocorrência altamente incomum, resultante
gestação", e eles tomam decisões com base nisto; por exem
de um desenvolvimento sexual precoce, ovulação e relação
plo. a respeito da vulnerabilidade do embrião às drogas.
sexual. Existe ampla variação no início da puberdade (menar-
6. O zigoto tem o potencial de d ar origem a um ser humano, ca) das mulheres; entretanto, a idade mais comum na Améri
como um pinhão tem em relação a um pinheiro. O zigoto é ca do Norte varia dos 11 aos 13 anos.
uma única célula, enquanto o ser humano é constituído por
muitas células. O ser humano começa com a fertilização. Capítulo 3
características de pais diferentes. Nào se pode desprezar a tozóide fertilize um ovócito (se presente). O risco de engra
possibilidade da ocorrência deste processo em seres humanos, vidar devido a uma relação sexual não protegida no meio do
pois há evidência dc gêmeos D Z (não idênticos) pertencendo ciclo é de até 30%.
a diferentes grupos sangüíneos, o que nào pode ser explicado 4. Usualmente, a inserção de um D IU impede a implantação dc
de outra maneira. um blastocisto no útero; entretanto, ele não impede a pene
6. Não há muitas diferenças. Concepção significa tornar-se grá tração do espermatozóide nas tubas uterinas c a fertilização
vida. Fertilização ocorre quando um espermatozóide se fun de um ovócito. quando presente. Como o endométrio é hostil
de com um ovócito; quando isto ocorre, dá-se a concepção. à implantação, o blastocisto pode desenvolver-se e implan
Im pregnação significa tornar grávida (um homem impregna tar-se na tuba uterina (i.e., gravidez ectópica tubária).
uma mulher). 5. A gravidez abdom inal ém uito rara. Apesar de uma gravidez
7. Essencialmente, sim. A mitose é o processo usual da repro deste tipo poder resultar da implantação primária do blasto
dução das células que resulta na formação de células-filha. A cisto no abdome. acredita-se que a maioria delas resulte da
ctivagem é a seqüência de divisões celulares que ocorrem no implantação ectópica de um blastocisto abortado espontane
zigoto, após sua formação. Este processo leva à formação dc amente na tuba uterina. O risco de sangramento materno gra
células-filha — os blastômeros. Quando sc referem ao zigo ve e a mortalidade fetal são altos nos casos de gravidez abdo
to em divisão, as expressões “ divisão de clivagem” c “ d ivi minal; entretanto, quando o diagnóstico é feito tardiamente
são mitótica” significam a mesma coisa. na gravidez e a paciente (mãe) não apresenta sintomas, deve-
se permitir a continuação da gravidez até assegurar a viabili
8. As necessidades nutricionais do zigoto cm divisão não são dade do feto (p.ex., 32 semanas). O parto deve ser feito, en
grandes. Os blastômeros nutrem-se, parcialmente, pelos grâ tão, por cesárea.
nulos de vitelo dispersos nestas células; entretanto, os nutri
entes vêm principalmente da secreção da tuba uterina e. mais 6. Sim . mas é muito rara. Uma gravidez intra-uterina e uma tu
tarde, das glândulas uterinas. bária ectópica são muito mais comuns.
da também produz um risco significantemente mais elevado • Durante a oitava semana, o embrião adquire caracterís
para o embrião/feto. Os mais comuns são defeitos associados ticas tipicamente humanas, tais como perda da cauda e
a anormalidades cromossômicas, como a síndrome dc Down o aspecto do rosto.
e a trissomia do 13 (ver Cap. 9); entretanto, mulheres acima
4. Nào. Durante o período embrionário, há mais semelhanças do
dos 40 anos têm, com freqüência, crianças normais.
que diferenças na genitália extema (ver Cap. 14). Através do
exame ultra-sonográfieo, é impossível dizer se o órgão sexu
Capítulo 6
al primitivo (tubérculo genital com 5 semanas e falo com 7
semanas) se tornará um pênis ou um clitóris. As diferenças
1. Durante as primeiras semanas, os embriões humanos asseme
sexuais só se tornam claras depois do início do período fetal
lham-se aos de várias outras espécies por causa de caracterís
(10.* à 12* semana). Os padrões da cromatina sexual e a aná
ticas comuns (p.ex., cabeça grande, arcos faríngeos e cauda);
lise cromossômica de células embrionárias obtidas por am
depois disto, os embriões adquirem características nitidamente
niocentese podem revelar o sexo cromossômico do embrião
humanas (p.ex., perda da cauda e o aspecto humano do rosto
(ver Cap. 7).
c dos membros [ver desenhos dc embriões dc quatro espéci
es)). A característica distintiva dos embriões humanos inici 5. Prim igrávida é uma mulher que engravidou pela primeira vez.
ais é a grande saliência formada pelo coração. Prim i/tara é a mulher que deu à luz pela primeira vez a um
infante ou infantes, vivos ou mortos, pesando 500 g ou mais.
2. No início da oitava semana, os embriões têm aspecto diferente
ou tem uma gestação de 20 semanas ou mais. Uma mãe que
dos fetos dc 9 semanas por causa dos artelhos unidos por
teve. previamente, um aborto espontâneo com 6 semanas é
membranas e caudas curtas; entretanto, no fim da oitava se
mana, os embriões e fetos iniciais sc assemelham. A mudan denominada multigrávida por já ter ficado grávida mais dc
uma vez.
ça do nome é usada para indicar o início de uma nova fase do
desenvolvimento (crescimento rápido e diferenciação), e que
terminou o período mais crítico do desenvolvimento. Capítulo 7
3. É difícil responder a esta questão comum porque as opiniões
1. O exame por ultra-som mostrou que embriões maduros (8
são influenciadas pela religião e pelos pares. A resposta c i semanas) e fetos jovens (9 semanas) apresentam movimen
entífica é a de que o embrião tem exclusivamente potencial
tos espontâneos, tais como contrações do tronco e membros.
humano, c nenhum outro, desde o momento da fertilização,
Apesar de o feto começar a movimentar seu dorso e membros
por causa da constituição humana dc seus cromossomas. Três
durante a 12.* semana, a mãe só consegue sentir sua criança
pontos estão bem definidos:
da 16.* à 20.* semana. As mulheres que deram à luz a várias
• O desenvolvimento humano começa na fertilização. crianças (multigrávidas) geralmente conseguem detectar este
• O zigoto e o embrião inicial são organismos humanos movimento, chamados chutes, antes das mulheres grávidas
vivos. pela primeira vez, pois já sabem como são os movimentos
fetais. Estes primeiros movimentos fetais são freqüentemen do o cordão faz um prolapso na cérvice ao nível da parte em
te percebidos como uma leve vibração. apresentação (com freqüência a cabeça). Isto cria uma pres
são sobre o cordão e impede o feto de receber uma oxigena-
2. Ccrca de 70% das mulheres grávidas têm náuseas e vômitos
ção adequada. O prolapso pode causar morte fetal ou lesão
(“ doença matutina” ) durante o primeiro trimestre. Apesar dc
cerebral. Um cordão que se embaraça no feto também pode
o impulso para vomitar ocorrer usualmente de manhã, ele pode
causar defeitos congênitos (p.ex.. ausência de um antebraço).
ocorrer em qualquer momento. Náuseas e vômitos são, com
freqüência, os primeiros sintomas que uma mulher sente no 3. A maioria dos testes dc gravidez adquiridos “ sem receita
início da gravidez. Apesar de a maioria das mulheres sentir- médica" baseia-se na presença de hCG. Estes testes são ca
se um pouco nauseada durante algum momento da gravidez, pazes de detectar as quantidades relativamente grandes de
a maior parte delas não têm vômitos. Acredita-se que o au hCG presentes na urina da mulher. Tais testes dão resultados
mento dos hormônios (hC G c progesterona) seja a principal positivos durante um curto período (uma semana, mais ou
causa da náusea. Geralmente, comer biscoitos do tipo água e menos), após a primeira ausência da menstruação. A hCG é
sal e restringir água durante as refeições afasta a sensação de produzida pelo sinciciotrofoblasto do córion. Geralmente,
náusea. Algumas mulheres necessitam ser medicadas (por estes testes fazem um diagnóstico adequado da gravidez; en
prescrição médica) para aliviar os sintomas. tretanto, um médico deve ser consultado o mais rápido possí
3. Não. Apesar de o feto competir com a mãe pelos nutrientes c vel porque alguns tumores ( coriocarcinom as) também pro
cálcio de seu sangue, o feto não consegue retirar cálcio dos duzem este hormônio.
dentes da mãe caso ela esteja tendo uma dieta balanceada de 4. “ Bolsa d*água" é como os leigos chamam o saco amniótico
acordo com as normas nacionais, mantenha uma boa higiene contendo fluido amniótico (composto em grande parte de
oral e.faça um controle dentário regular. O feto precisa de água). Algumas vezes, os sacos coriônico e amniótico se rom
cálcio para a mineralização de seu esqueleto e formação dos pem antes do início do trabalho dc parto, permitindo a saída
dentes; por isto, a ingestão de cálcio pela mãe deve ser em do fluido. A rotura prem atura das membranas (P R O M ) é o
nível suficiente para ela c para o feto. Quando a ingestão evento mais comum que conduz ao trabalho de parto (nasci
materna de cálcio é insuficiente, as necessidades do feto são mento) prematuro. A P R O M pode complicar o processo do
atendidas pela desmineralização do esqueleto da mãe. nascimento; entretanto, não sc trata de um “ nascimento seco".
4. Atualmente não c possível afirmar com certeza que a suple- Algumas vezes é feita uma infusão dc salina estéril no útero,
mentação vitamínica na época da concepção reduz a incidên através dc um cateter, a fim de aliviar o sofrimento fetal —
cia de DTN s (p.ex., espinha bífida); entretanto, estudos pre amnioinfusão. A FR O M também pode possibilitar que uma
liminares sào encorajadores. Foi demonstrado que o risco de infecção vaginal se espalhe para o feto. O prolapso do cordão
uma mãe ter um filho com D T N é significantemente menor ocorre comumente após a PR O M .
quando ela usa uma suplcmentação vitamínica. Entretanto,
5. O termo sofrimento fe ta l é sinônimo de hipóxia fetal — di
não há consenso de que as vitaminas ajudam na prevenção
minuição da oxigenação do feto resultante da diminuição geral
destes defeitos, na maioria das gravidezes de risco.
do teor de oxigênio do sangue materno, da diminuição da
5. Não há risco de lesar o feto durante uma amniocentese quan capacidade de transporte de oxigênio, da diminuição do flu
do a ultra-sonografia é usada para localizar a sua posição; xo sangüíneo. Existe sofrimento fetal quando os batimentos
portanto, a agulha não o lesará. É pequeno o risco de induzir cardíacos caem abaixo de 100 batimentos por minuto. Pres
um aborto (cerca de 0,5%). Infecção materna ou do feto é uma são sobre o cordão um bilical causa sofrimento fetal em apro
complicação pouco provável, quando o procedimento 6 rea ximadamente 1 em 200 partos resultante de um suprimento
lizado por uma pessoa treinada usando técnicas modernas, tais sangüíneo para o feto prejudicado. Nestes casos, o corpo do
como a ultra-sonografia. feto comprime o cordão umbilical ao passar pela cérvice e
vagina. Sofrim ento fe ta l resulta de hipóxia e de anomalias
Capítulo 8 cardíacas (ver texto para maiores detalhes).
6. Sim , esta afirmativa é verdadeira para gêmeos DZ, mas não
1. Um natimorto é um feto que nasce morto pesando pelo me
para gêmeos M Z. A formação de gêmeos D Z é um traço au
nos 500 g e tem pelo menos 20 semanas. Um natimorto (feto)
tossômico recessivo carregado pelas filhas dc mães de gême
não dá sinais de vida. Infantes natimortos ocorrem com uma
os; portanto, a form ação de gêmeos D Z é hereditária. Por
freqüência cerca de três vezes maior em mães com idade aci
outro lado, a formação de gêmeos M Z é uma ocorrência ao
ma dos 40 anos do que em mulheres na década dos 20. É ver
acaso não controlada geneticamente.
dade que fetos masculinos natimortos são mais freqüentes do
que os femininos. A razão é desconhecida.
Capítulo 9
2. Algumas vezes, o cordão umbilical é anormalmente compri
do e enrola-se em torno de uma parte do feto, como o pesco 1. Não há evidências indicando que o uso ocasional de aspirina,
ço ou um membro. Este “ acidente do cordão” obstrui o fluxo nas doses terapêuticas recomendadas, seja prejudicial durante
sangüíneo pela veia umbilical para o feto, e pelas artérias a gravidez; entretanto, não foi demonstrado que grandes doses
umbilicais do feto para a placenta. O feto morre quando não em níveis subtóxicos (p.ex., para artrite reumatóide) são inó
recebe oxigênio c nutrientes em quantidade suficiente. Um nõ cuas para o embrião e feto. Portanto, as mulheres que tomam
verdadeiro do cordão umbilical, que se forma quando o feto uma ou duas aspirinas para uma dor de cabeça não precisam
passa pela alça do cordão, também obstrui o fluxo sangüíneo prcocupar-se com o risco de produzir anomalias em seu em
pelo cordão. O prolapso do cordão um bilical também costu brião/feto. Todas as mulheres devem discutir com seus médi
ma ser incluído nos “ acidentes do cordão” . Isto ocorre quan cos o uso de medicações vendidas sem prescrição médica.
434 ■ R ESPO STA S AS Q UESTÕ ES DE ORIENTAÇÃO CLÍNICA
cas sérias. Cerca de 14% dos infantes recém-nascidos têm rúrgica da obstrução do piloro. A causa da estenose pilórica
pequenas anormalidades morfológicas, e menos de 1% des não é conhecida; entretanto, acredita-se que tenha uma heran
tes tem outros defeitos. As orelhas anormais da criança po ça m ultifatorial ; isto é, provavelmente estão envolvidos fa
deriam ser consideradas anomalias branquiais. porque as ore tores genéticos e ambientais.
lhas externas derivam das seis pequenas saliências (intumes-
2. É verdade que infantes com a síndrome de Down têm uma
cências) auriculares dos primeiros dois pares de arcos farín
incidência aumentada de atresia d o duodeno. Também é mais
geos; entretanto, estas pequenas anormalidades da forma da
provável que tenham ânus im perfurado e outros defeitos con
orelha normalmente nào são classificadas desta maneira.
gênitos (p.ex., defeitos do septo atrial). Estas anomalias são.
provavelmente, causadas pela constituição cromossômica
Capítulo 12 anormal dos infantes (i.e., três e não dois cromossomas 2 1).
A atresia pode ser corrigida cirurgicamente fazendo a obstru
1. O feto não pode respirar antes do nascimento porque as vias
ção pilórica — uma duodenoduodenostom ia (ver texto).
aéreas e os alvéolos primitivos estão distendidos com líqui
do. Os pulmões fetais não funcionam como órgãos de trocas 3. Em casos muito raros, quando o intestino retorna ao abdome,
gasosas; entretanto, o feto pratica movimentos respiratórios. ele gira no sentido horário e não no sentido anti-horário usu
Movimentos respiratórios rápidos, irregulares, ocorrem du al. Em conseqüência, o ceco e o apêndice ficam localizados
rante os estágios terminais da gravidez. Os pulmões precisam do lado esquerdo — situ s in versus abdom inis. Um ceco e
desenvolver-se a fim de poder assumir seu papel respiratório apêndice do lado esquerdo também podem resultar de um ceco
logo após o nascimento. O fluido intra-alveolar é rapidamen móvel. Quando o ceco não se fixa à parede abdominal poste
te substituído por ar após o nascimento. rior, o ceco e o apêndice ficam livremente móveis e podem
migrar para o lado esquerdo.
2. São múltiplos os estímulos que iniciam a respiração ao nas
cimento (ver texto). A “ palmada nas nádegas” costumava ser 4. Indubitavelmente, o amigo da enfermeira teve um d ivertícu
um estímulo físico comum; entretanto, geralmente esta ação lo ileal (de M eckel ), uma evaginação digitiforme do íleo. Esta
é desnecessária. Em circunstâncias normais, o infante come anomalia comum é, algumas vezes, chamada de "segundo
ça a respirar prontamente, o que sugere ser isto uma resposta apêndice", que é um nome inadequado. Um divertículo do íleo
reflexa aos estímulos sensitivos da exposição ao ar e ao to produz sintomas semelhantes aos produzidos pela apendici
que. As mudanças nos gases do sangue, tais como a queda da te. Também é possível que a pessoa tivesse uma duplicação
tensão de oxigênio e do pH c a elevação do P C 0 2, após a in do cólon, o que resultaria em dois apêndices.
terrupção da circulação placentária, também são importantes 5. Em infantes recém-nascidos, a doença de Hirschsprung, ou
para estimular a respiração. Por isto. usualmente não é neces m egacólon co n g ên ito (gr. m egas, grande), é a causa mais
sário “ bater nas nádegas". comum de obstrução do cólon. A causa desta condição é a
3. A doença da m em brana hialina (DMH) , uma causa comum ausência de m igração de células da crista neural para a p a
da síndrome da dificuldade respiratória (R D S ), ocorre após o rede do intestino. Quando estas células formam neurônios, há
início da respiração em infantes com pulmões imaturos e com uma deficiência de células nervosas para inervar a camada
deficiência de surfactante pulm onar. A incidência de R D S é muscular da parede do intestino. Quando esta parede colaba,
de cerca de 1% de todos os nascimentos vivos, e é a principal há obstrução e constipação (ver texto para ilustrações).
causa de morte de infantes recém-nascidos (ver texto). Ela
6. Não. ela não era. Se a criança tinha umafís tu la umbilicoileal.
ocorre principalmente em infantes nascidos prematuros. A
este canal anormal unindo o íleo e o umbigo poderia permitir
D M H é causada por fatores ambientais (principalmente defi
a passagem de fezes do íleo para o umbigo. Quando isto ocor
ciência de surfactante).
re, constitui um importante sinal diagnóstico indicador da
4. Um feto com 22 semanas é viável e pode sobreviver, quando existência desta fístula. Urina também pode gotejar do umbi
nasce prematuramente, se receber cuidados especiais em uma go. quando o úraco permanece permeável (fístula d o úraco).
unidade de cuidados intensivos neonatais. Entretanto, é bai
xa a probabilidade da sobrevivência de infantes que nascem
Capítulo 14
com menos de 600 g, porque os pulmões são imaturos e inca
pazes das trocas gasosas alveolocapilares. Ademais, o cncé-
1. A maioria das pessoas com rim cm ferradura não tem proble
falo do infante geralmente não está suficientemente diferen
mas urinários. Usualmente, estes rins anormais sào descober
ciado para permitir uma respiração regular.
tos na autópsia, durante visualização de imagens para diag
nóstico. ou no laboratório de dissecção. Nào há nada a ser feito
Capítulo 13 com este rim anormal, exceto quando ocorre infecção do tra
to urinário que não pode ser controlada. Em alguns destes
I . Não há dúvida de que a criança tinha e sten o sep iló ric a hiper-
casos, o urologista pode dividir o rim em duas partes e fixá-
trófica congênita, uma hipertrofia (aumento) difusa e hiper- las cm uma posiçào que não resulte em estagnação da urina.
plasia do músculo liso da parte pilórica do estômago. Esta
condição produz uma massa dura ( “ tumor” ); entretanto, não 2. Provavelmente seus rins em desenvolvimento se fundiram,
se trata de um tumor verdadeiro, mas sim de um aumento durante a sexta à oitava semana, ao “ migrarem” da pelve. Os
benigno e, certamente, não de um tumor maligno. O aumen rins fundidos ascendem para a posição normal de um lado ou
to muscular causa o estreitamento do canal de saída (canal do outro. Usualmente, não há problemas associados a rins
pilórico). Em resposta à obstrução do fluxo de saída e ao pe- fundidos; entretanto, os cirurgiões devem ter consciência da
ristaltismo vigoroso, os vômitos são em projétil, como no caso possibilidade da existência desta condição e reconhecer to
da criança de sua irmã. O tratamento usual é a correção ci das as possíveis implicações. A remoção de rins pélvicos fun
436 ■ R ESPO ST A S À S Q U ESTÕ ES DE ORIENTAÇÃO CLÍNICA
didos é um erro catastrófico, pois eles representam o único díacos; entretanto, é impossível dizer se o uso excessivo de
rim que a pessoa tem. álcool por sua amiga provocou a anomalia cardíaca da crian-
ça.
3. Alguns hermafrodiUis verdadeiros se casam; entretanto, a mai
oria deles não o faz. Estas pessoas têm tecido ovariano e testi- 4. Várias infecções virais estão associadas a defeitos cardíacos
cular (ver texto). Apesar de a espermatogênese ser rara. a ovu- congênitos (ver Cap. 9); entretanto, somente o vírus da rubé
lação não o é. Já foi observada a ocorrência de gravidez, e nas ola é conhecido como causador de doença cardiovascular
cimento de filhos em algumas pacientes, mas isto é muito raro. (p.ex., dueto arterioso permeável). Sarantpo é o termo geral
empregado para duas moléstias virais distintas. O sarampo
4. Na maioria dos casos, é possível atribuir um sexo definido
comum não causa defeitos cardiovascularcs, mas a rubéola
cerca de 48 horas após o nascimento. É dito aos pais que o
(sarampo alemão), sim. Existe uma vacina contra o vírus da
desenvolvimento genital de seu filho é incompleto e que são
rubéola. efetiva para a prevenção da infecção contra este v í
necessários testes para determinar se a criança é menino ou
menina. Geralmente eles são aconselhados a adiar o anúncio rus em mulheres que não tiveram esta doença c planejam ter
do nascimento da criança até que seja atribuído a ela o sexo filhos. Além disso, esta vacina impede que a criança se infecte.
apropriado. ( ) teste do esfregaço bucal para a identificação da Como há risco potencial de a vacina lesar o embrião, a vaci
cromatina sexual é feito tão logo seja possível. Quase sem nação somente é feita na ausência dc uma provável gravidez
pre células cromatino-positivas — aquelas com cromatina nos dois meses seguintes.
sexual no núcleo — indicam sexo fem inino. C élulas 5. Esta anomalia é denominada transposição das grandes artéri
cromatino-negativas usualmente indicam sexo masculino; as (T G A ) porque a posição dos grandes vasos (aorta e tronco
entretanto, pode ser necessário analisar os cromossomas da pulmonar) está invertida (ver texto para detalhes e ilustrações).
criança antes de atribuir o sexo. Também pode ser necessário A sobrevivência após o nascimento depende do grau de mistu
fazer dosagens hormonais. ra do sangue entre as circulações pulmonar c sistêmica (p.ex.,
5. A virilização (masculinização) do feto feminino por hiperpla através de uma D SA, ou de forâmen oval aberto). A TG A ocorre
sia congênita da adrenal (H C A ) é a causa mais comum de em cerca de 1 em cada 5.ÍXK) nascimentos vivos, sendo mais
genitália extema ambígua que resulta na intersexualidade. Em comum cm infantes masculinos (quase 2:1). A maioria dos
outros casos, os andrógenos entram na circulação fetal após infantes com esta anomalia cardíaca grave morre durante os
ingestão de hormônios androgcnicos pela mãe. Em casos ra primeiros meses dc vida; entretanto, uma cirurgia corretiva pode
ros, estes hormônios são produzidos por um tumor de umas ser feita nos infantes que sobrevivem vários meses. Inicial
das adrenais da mãe (ver texto). A fusão parcial, ou comple mente. uma D S A pode ser criada para aumentar a mistura
ta. das pregas urogenitais, ou das saliências labioescrotais, entre as circulações sistêmica e pulmonar. Mais tarde, pode
resulta da exposição a andrógenos antes da 12.* semana do ser feita uma operação de desvio (inversão da aorta com o
desenvolvimento. Depois disto, ocorre aumento do clitóris; tronco p u lm o n ar); entretanto, mais com um ente uma
entretanto, os andrógenos não causam ambigüidade sexual bandagem é inserida no átrio, permitindo que o sangue veno
porque, nesta época, a outra genitália externa já está comple so sistêmico passe pela valva mitral, ventrículo esquerdo e
tamente formada. artéria pulmonar em seu trajeto para os pulmões, c que o san
gue venoso pulmonar passe pela valva tricúspide, ventrículo
Capítulo 15 direito e aorta. Isto corrige, fisiologicamente. a circulação.
6. M uito provavelmente, um dos gêmeos tem dextrocardia.
1. Sopros cardíacos são sons transmitidos à parede torácica pela
Usualmente isto não tem significado clínico. Em alguns ca
turbulência do sangue no coração ou nas grandes artérias.
sos, o coração simplesmente está deslocado para a direita; em
Sopros altos representam, com freqüência, estenose (estrei
outros, as câmaras direita e esquerda estão totalmente inver
tamento) de uma das valvas sem iiunares (valva aórtica ou
tidas. Na condição representada por seu amigo, o coração
pulmonar). Um defeito do septo ventricular ou um forâmen
apresenta uma imagem especular da estrutura cardíaca nor
oval aberto também podem produzir um sopro alto.
mal. Isto ocorre durante a quarta semana do desenvolvimen
2. São comuns os defeitos congênitos do coração. Eles ocorrem to, quando o tubo cardíaco faz. uma rotação para a esquerda
em 6 a 8 de cada l .000 recém-nascidos e representam cerca em vez de o fazer para a direita.
de 10% de todas as anomalias congênitas. Defeitos do septo
ventricular (D S V ) são o tipo mais comum de anomalia cardí Capítulo 16
aca. Eles ocorrem com maior freqüência no sexo masculino.
Desconhece-se a razão. 1. A anomalia congênita da coluna vertebral mais comum é a
espinha bífida oculta. Este defeito do arco vertebral da pri
3. A causa da maioria das anomalias congênitas do sistema car
meira vértebra sacra e/ou da última lombar está presente em
diovascular é desconhecida. Em cerca de 8 % das crianças com
cerca de 10% das pessoas. Este defeito também ocorre cm
doença do coração, a base genética é evidente. A maioria
vértebras cervicais e torácicas. Usualmente, a medula espi
destes casos está associada a anormalidades cromossômicas
nhal e os nervos são normais e, geralmente, não há ocorrên
óbvias (p.ex., trissomia do 2 1) e deleção de partes de cromos
cia de sintomas neurológicos. Na maioria dos casos, a espi
somas. Em 50% dos casos, a síndrome de Down está associ
nha bífida oculta não causa problemas nas costas; ocasional
ada à doença cardíaca. Foi demonstrado que a ingestão de
mente, entretanto, ela pode estar associada a perturbações
drogas, tais como antimetabólitos e Coumadina (um anticoa
neurológicas ou musculoesqueléticas.
gulante), pela mãe está associada a uma alta incidência dc
defeitos cardíacos. As evidências sugerem que um alto con 2. Uma costela associada à sétima vértebra cervical tem impor
sumo de álcool durante a gravidez pode causar defeitos car tância clínica, porque pode comprimir a artéria subclávia e/
R ESPO ST A S AS Q U ESTÕ ES DE ORIENTAÇÃO CLÍNICA ■ 437
ça com D TN , o risco de um criança subseqüente ter um D TN dores de espinha bífida cística são complexos e envolvem
está dividido mais ou menos igualmente entre os dois defei várias especialidades clínicas e cirúrgicas. Obviamente, é mais
tos. No Reino Unido, onde os DTNs são comuns (7,6 em 1.(XX) facil corrigir cirurgicamente a meningocele espinhal do que
na Gales do Su l e 8,6 na Irlanda do Norte), o risco dc recor a meningomielocele espinhal, e o prognóstico também é me
rência é de cerca de 1 em 25. Ele é, provavelmente, cerca de lhor.
1 em 50 na América do Norte. Os DTN s podem ser detecta
dos antes do nascimento através de uma combinação de exa Capítulo 20
me por ultra-som e dosagem dos níveis de alfa-fetoproteína
no fluido amniótico (ver texto). 1. A probabilidade da ocorrência de lesões significativas do
2. A condição descrita é a hidranencefalia, uma anomalia ex embrião/feto após uma infecção por rubéola depende, prima
tremamente rara. A maior parte de ambos os hemisférios ce riamente, do momento da infecção viral (ver Cap. 9). Nos
rebrais está reduzida â .,. casos de infecção materna primária durante o primeiro trimes
«"ténrJa JtfU)eo35;.~.,.érios cerebrais pode resultar de diferen tre da gravidez, o risco geral dc infecção do embrião/feto é
tes perturbações do desenvolvimento. M ais provavelmente, cerca de 20%. Estima-se que cerca de 50% destas gravidezes
esta condição resulta da oclusão vascular de ambas as artéri terminem em aborto espontâneo, natimortos ou com anoma
as carótidas internas produzida por infecção intra-uterina gra lias congênitas (surdez, catarata, glaucoma e retardo mental).
ve. Em alguns casos, a hidranencefalia parece ser um tipo Quando a infecção ocorre no fim do primeiro trimestre, a pro
grave de hidrocefalia intra-uterina (daí o prefixo hidro da babilidade de anomalias congênitas é somente um pouco
designação). Usualmente, estes infantes não sobrevivem mais maior do que para uma gravidez sem complicação. Entretan
que 3 meses. to, a ocorrência de algumas infecções no fim do primeiro tri
mestre pode resultar em infecção grave do olho (p.ex., cori-
3. Retardo mental e do crescimento são os aspectos mais sérios orretinite), que pode afetar o desenvolvimento visual. A sur
da síndrome do alcoolism o fetal. Os níveis médios do Q I es
dez é a manifestação mais comum da infecçãofe ta l tardia pela
tão entre 60 e 70. Calcula-se que a incidência de retardo mental
m béola (i.e.. durante o segundo e o terceiro trimestres). Quan
resultante de grande ingestão dc álcool durante a gravidez
do uma mulher grávida é exposta à rubéola, pode ser realiza
pode chegara 1em 400 nascimentos vivos. Grandes bebedo
do um teste para anticorpos. Se ela for imune, ela pode ter
res são os que ingerem cinco ou mais doses por ocasião, com
certeza de que seu embrião/feto não será afetado pelo vírus.
uma média diária consistente de 45 ml de álcool absoluto.
Medidas preventivas são essenciais para a proteção do em
Atualmente, não sc conhece um limite seguro dc consumo dc
brião. É especialmente importante que meninas sejam imu
álcool durante a gravidez. A maioria dos médicos recomenda
nizadas contra a rubéola antes de chegarem à idade fértil; por
a abstinência completa até a criança nascer.
exemplo, por imunização ativa.
4. Nenhuma evidência conclusiva indica que o fumar pela mãe
2. Os médicos não recomendam a exposição propositada de
afeta o desenvolvimento mental de um feto; entretanto, fu
moças à rubéola (sarampo alemão). Apesar de serem raras as
mar compromete o suprimento de oxigênio para o feto por
complicações resultantes destas infecções, ocasionalmente
que o fluxo sangüíneo para a placenta diminui durante o fu
ocorrem neurite e artrite (inflamação dos nervos c das articu
mar (ver Caps. 8 c 9). Como está bem estabelecido que, em
lações, respectivamente). A encefalite (inflamação do encé
mães que são grandes fumantes, o crescimento físico do feto
falo) ocorre em cerca de 1 em 6.000 casos; ademais, a infec
é afetado e é uma importante causa de IU G R , é insensato que
ção pela rubéola é, com freqüência, subclínica (difícil de ser
as mães fumem durante a gravidez. Um suprimento reduzido
detectada), mas. apesar disto, representa um risco para mu
de oxigênio para o cérebro poderia afetar o desenvolvimento
lheres grávidas. É possível uma lesão do embrião, já que o
intelectual, apesar dc este efeito poder não ser detectável.
período dc risco é maior quando os olhos e orelhas estão em
Abster-se de fumar dá ao feto uma melhor oportunidade para
desenvolvimento. Este período ocorre muito cedo na gravi
ter um desenvolvimento normal.
dez de modo que algumas mulheres não sabem que estão grá
5. A maioria dos leigos usa a designação “ espinha bífida" com vidas. Uma maneira muito melhor de dar imunidade é a ad
um sentido geral. Eles desconhecem que o tipo comum, a ministração da vacina com vírus vivo. Esta é dada a crianças
espinha bífida oculta, geralmente é clinicamente insignifican com mais de 15 meses de idade c a mulheres pós-púberes não
te. E la constitui um achado isolado em até 20% das colunas grávidas nas quais é possível ter uma certeza razoável de que
vertebrais examinadas radiograficamente. Em sua maioria, os não engravidarão antes de 3 meses após a imunização.
portadores desconhecem que têm este defeito vertebral e a
3. A sífilis congênita ( “ sífilis fetal") resulta da transmissão atra
maioria dos médicos não lhes informariam a respeito, pois ela
vés da placenta do microrganismo Treponema pallidum . A
não produz quaisquer sintomas, exceto quando associada a um
transferência em mulheres grávidas nào tratadas para o feto
D T N ou a uma anormalidade das raízes dos nervos espinhais.
pode ocorrer durante toda a gravidez; entretanto, ela geralmen
Os vários tipos de espinha bífida cística têm importância clí
te ocorre durante o último trimestre (ver Cap. 8). Estas crian
nica (ver texto para detalhes e ilustrações). A meningomielo
ças apresentam comumente surdez e deformação dos dentes.
cele é um defeito mais grave do que a meningocele porque
Estas anomalias podem ser evitadas tratando a mãe no início
tecido neural está incluído na lesão. Por este motivo, a fun
da gravidez. O microrganismo que causa a sífilis é muito sen
ção dos músculos abdominais c dos membros pode estar afe
sível à penicilina, um antibiótico que não causa dano ao feto.
tada. Usualmente, as meningoceles estão cobertas pela pele;
geralmente as funções motoras dos membros são normais, 4. Vários vírus da família do herpes podem causar cegueira e
exceto quando estão presentes defeitos associados da medu surdez fetal durante a infância. O citom egalovírus pode cru
la espinhal ou do encéfalo. Os cuidados com os infantes porta zar a placenta, ser transmitido nara o infante durante o parto
R ESPO ST A S AS Q U EST Õ ES DE ORIENTAÇÃO CLÍNICA ■ 439
e passar para o bebê pelo leite materno. Os vírus d o herpes tanto, eles podem ser cobertos com produtos cosméticos e
sim ples (geralmente tipo 2 ou herpes genital) quase sempre tinturas para os cabelos.
são transmitidos pouco antes ou no decorrer do parto. Não são
3. Ao nascimento, as mamas — inclusive as glândulas mamári
boas as chances de um desenvolvimento normal dos infantes
as dentro delas — em homens e mulheres são semelhantes. É
infectados. Alguns desenvolvem microcefalia. convulsões,
comum o aumento das mamas em infantes recém-nascidos
surdez e cegueira.
resultante de estímulo por hormônios matemos que chegam
5. O m etilm ercúrio é um teratógeno para em briões humanos, ao sangue do infante através da placenta. Por isto, em infan
especialmente para o encéfalo em desenvolvimento (ver Cap. tes masculinos, mamas aumentadas constituem uma ocorrên
9). Como os olhos e as orelhas internas se originam de evagi- cia normal e não indicam desenvolvimento sexual anormal.
nações do encéfalo, é compreensível como seu desenvolvi Em alguns homens, no início da adolescência, ocorre a gine
mento também pode ser afetado. Além do metilmercúrio, que com astia d a puberdade, fisiológica, semelhante, resultante de
passa da mãe para o embrião/feto através da placenta, o in uma diminuição dos níveis de testosterona. Usualmente, este
fante recém-nascido pode receber metilmercúrio adicional aumento das mamas é transitório. A ginecom astia fa m ilia r é
pelo leite materno. As fontes de metilmercúrio têm incluído um traço autossômico dominante, ligado ao X . Ginecomas
peixe proveniente de águas contaminadas, farinha feita de tia também ocorre em 50% dos homens com a síndrom e de
grãos tratados com metilmercúrio e ingestão de carne de ani K linefelter (descrita no Cap. 9 e ilustrada na Fig. 9.7). Estes
mais criados com ração contaminada. meninos e homens não são intersexuados porque sua genitá
lia externa e interna é normal, com exceção de testículos pe
Capítulo 21 quenos por degeneração dos túbulos seminíferos.
4. É comum uma mama (polimastia) ou um mamilo (politelia)
1. É muito rara a ausência congênita de pele. Áreas de pele (vá extra. A mama da axila pode aumentar durante a puberdade,
rios centímetros dc diâmetro) podem estar ausentes, mais fre ou pode ser percebida somente quando ocorre gravidez. A base
qüentemente no couro cabeludo, mas também podem estar embriológica para mamas e mamilos extras é a presença das
faltando no tronco e membros. Usualmente, os infantes afe cristas mamárias, que se estendem da axila até a região in-
tados sobrevivem porque a cicatrização destas lesões ocorre guinal. Usualmente, só se forma um par de mamas; entretan
sem complicações e leva de l a 2 meses. Persiste uma cica to, mamas podem formar-se em qualquer ponto das cristas
triz sem pêlos. A causa da ausência congênita de pêlos — mamárias. Usualmente, a mama ou o mamilo ejttra fica logo
aplasia cu tis co n g ên ita — geralmente é desconhecida. A acima ou abaixo da mama normal. É muito rai^um a mama
maioria dos casos é esporádica; entretanto, várias linhagens ou mamilo na axila.
bem documentadas demonstram uma transmissão autossômi-
5. Dentes presentes ao nascimento são os dentes natais (lat.
ca dominante deste defeito da pele.
na tal is, nascer). Um termo mais apropriado seria dentes co n
2. Em uma pessoa com pele escura, as manchas brancas resul gênitos (lat. congenitus , nascido com). D entes natais já es
tam de a lbinism o p a rc ia l (piebaldismo). Este defeito, que tão irrompidos ao nascimento e são observados em cerca de
também afeta pessoas com pele clara, é um distúrbio heredi I em cada 2.ÍXX) infantes recém-nascidos. Usualmente, estão
tário transmitido por um gene autossômico dominante. Estu presentes dois incisivos mandibulares mediais (centrais). A
dos ultra-estruturais mostram uma ausência de melanócitos presença de dentes natais sugere que irá ocorrer erupção pre
nas áreas despigmentadas da pele. Presumivelmente, a causa coce de outros dentes. Como os dentes natais podem soltar-
é um defeito genético na diferenciação dos melanoblastos. se e ser aspirados para os pulmões, algumas vezes eles são
Não há tratamento para estes defeitos da pele e pêlos; entre extraídos. Com freqüência, caem sozinhos.
Indice Alfabético
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442 ■ ÍNDICE ALFABÉTICO
Biópsia. 102 - - vaso* vangiiíncos do. 247 - da crista neural. 61. 172. 191. 211. 220. 264. 330. .346.
Blustcma metancfrogénico. 252 - atrioventricular, 295 355.3 66
BltutocUto» 2. 37 - - septaçflo do. 297, 298 - - diagrama mostrando derivados da. 373
- ~cc)o*fio do‘\ 37 - auditivo, form ação do. 79 - - e desenvolvim ento
- íofm açfto do. 37 - oentral da medula evpmhal, 366 - da cómea. 406
- implantação do, 43 -c e rv ic a l, 13 - • - da epiderme. 416
- - com eço da. 43 - da notocorda, 57 - - - das adrenais, 264
- • desenhos ilu rra n d o a. 4 4 .4 5 - dc Schlem m , 406 - das canilagcns da lariiige, 2 1 1, 220
- • extra-uteri na. 4K - do epidídim o, 272 • • • das células dos paragánglios. 392
- - in ibição da. 51 • ejaculador, 270, 272 - - - d o olho. 398
- • locais dc. 47. 50 - hialóide. 403 - do sistema esquelético. 330
- • resumo. 49 - inguinal. 281 • • - d o sistema nervoso pcrifén co . 391
- - sangramento da. 54 • • desenho da tormaçáo do, 282 - dos arcos faríngeos. 172
- • térm ino da, 43 - - desenvolvim ento do. 281 - dos dentes. 422
Blastómero, 2 • nasolacrim al. 197 - da decídua, 4 3 .4 5 . 108
Boca - nasopalatino. 202 - dc Schwann. 355
- origem da. 172 - neural. 366,395 - • da crista neural. 371
- p rim itiva . 194 - ncurocnténco. 58 - • d o neurilema, 371
Bolsa - • penusténcia do. 61 - dc S ertoli. 270
• de Rathkc. 382 - pcricardiopcritoncal. 160, 162, 164. 170 • do sungue, 64
- faríngea, 179,207 - vite lin o , 72, 125 - germ inativa p rim itiva , 125. 265
- - derivados da. 179 Cápsula - m icro g lia l, 366
- - - cortes horizontais ilustrando os. 180 - dc B owm an. 252 • sangüínea da medula óssea. 332
- - p f im eira. 179 - d o cristalino, 44)3 • sexual, 16
- - quarta, 179 • nasaJ. 339 C cm cnto. 423
• • quinta, 179 - óplica. 339.408 Ccm cntoblasto. 423
--se g u n d a , 179 Carbonato dc lítio . 152 Centro
• - terceira, 179 C a rrin o m a d o cannl anal. 247 - de form açào da cartilagem . 330
• hipofisária, 382 C artilagem - organizador
- om cntal. 224 -a n tcn ó íd e . 178 - - proscncéfalo, 191
- - ilustração da form ação da. 225 .2 2 6 -co m icu la d a . 178 - - rom bencéfalo. 191
• retoulerina, 272 - c r k ó id c . 178 • p rim á rio dc ossificaçáo, 330. 332
- vcsicoutcrina. 272 -c u n c ifo rm e . 178 - secundário de ossificaçflo. 332. 335, 336
Braquidactilia. 361 • da cp ig lo tc. 177 - - do jo e lh o . 342
BrÔnquio -d a la rin g e . 177. 220 Cerebelo. form ação do. 378. 380
- estágios do desenvolvim ento do, 216 - - form açào da, 339 Cérebro, comissuras do. 385
- prim ário. 214 - da traquéia. origem da. 2 1 1 C érvice. 13
• prim ó rd io do, 160 - de M eckel, 339 Chordee. 277
- principal. 214 - de R ckh e rt, 339 Chum bo, teratogenicidade do. 153
- secundário, 214 - do arco faringeo, 177 Cianose. 312
• segmentar, 214 - elástica. 330 C ic lo
- tcrciáno, 214 - form açào da. 330 - endom etrial. 26
B ronquíolo respiratório. 214 - hialina. 330 • menstruai. 26
Broto - hipofisária, 339 - - anovulatóno, 26
- brónquico, 160.2 14 ,2 2 0 - origem da, 75 - - com pleto. 23
- da uretra. 273 - tircóide, 178 - - fase
- dentririo. 423 Catapora - menstruai. 27
- d o pêlo. 418 - durante a gravidez, 154 • • • p ro liferativa . 27
- dos membros. 342,346. 352 - im unidade fetal para. 116 - secretora do. 13.27
• * inferiores, 351, 352 Catarata congênita, 406, 413 - • nâo-ocorrência de fertilização, 27
- - superiores. 351, 352 Cauda eqüina, 370 - - níveis dc vários horm ônios no sangue durante o. 26
- bcpático. 229 Cavidade. 159-170 - • oconréncia dc fcrtiliza çôo . 27
• lingual. 189
- am niótica. 43 • ovariano. 20. 22. 23
-- d is ta ], lft9
- blastocística, 2 - reprodutivo da m ulher. 22
- - mediano. 189
• coriônica, 47 - sexual. 22
• mamário, 420
- do embrião. 159 C iclop ia, 398
- ncun>ipofisáno. 382
- - d iv is fto d a . 160 C in lilo g rn fia de tircóide sublingual, 189
- pancrcático. 231. 248
• do tímpano, 179 Circulação
- - dc células cndodérmicas, 231 • exooelómica, 43 - ao nascimcnto. 328
--d o rs a l, 231
- nasal • do coraçáo p rim itiv o . 295
- - ventral, 231
• • desenvolvim ento da. 199 -fe ta l, 319
• pulm onar. 211. 214
- - p rim ó rd io * da. 194 - - ilustraçáo da. 321
- urctcral. 252
- pélvica. 13 neonatal. 319
B ulbo. 378
• pericárdica, 64, 159.295 - - de transição, 322
• cardíaco, 295 - peritoneal, 64, 159 - - ilustraçáo da. 323
- - septação do. 3CM
- plcural. 64. 159 • placentária. 111
- o lfa tiv o . 199
• • extens&oda, 165 - - fe ta l 111
■ pi luxo, 418
- - líq u id o na, 219 - - materna. 112
- sinovaginal, 273
• questões d c orientação clínica. 170 • uteroplacentária, 43
Bussulfuno
• resumo do desenvolvim ento da. 170 - - deficiente. 101
• anomalia congênita pelo, 145
• sinovial. 344 - - form açào da. 64
- teratogenicidade do. 150
• tim pânica, 408 • - p rim itiva . 45
Ceco C isto
c - desenho d o desenvolvim ento do. 239 - auricular congênito. 184
- m óvel. 242 - branquial. IK4
Cabeça e pescoço, anomalias dc. 181. 183 • p rim ó rd io do. 234, 235 - - fotografia dc um . 184
Cafeína. 148 - subcpático. 242 - - imagem por TXT. 185
Calcanhar, deformidade do. 361 C clom a • da alantôide. 61
Cálicc • extra-em brionário. 45, 159 - dentífero. 426
- óptico, 398. 413 - intra-em bnonário, 6 4 ,6 9 , 159 - do dueto
- prim órdio do. 252 - - desenho • - de Gartner, 273
Câmara uquosii do olho. 406 • - • ilustrando o desenvolvim ento do, 62 - - tireoglosso, 187, 188
- antenor. 406 - mostrando o contorno do, 159 - do úraco. 263.26 4
- posterior. 406 - - ilustração do prcgucamcmo do em brifio e seus efeitos - lingual, 190
C!ana) sobre o. 160 C itogcnética m olecular, 142
- anal. 245. 247 C élula Citom egalovírus
- - esboço do, 247 - alveolar. 216 - anom alia congênita por. 145
• - inervação do, 247 - crom aíim . 392 - através da placenta. 116
ÍNDICE ALFABÉTICO ■ 443
- hidrocefalia c infecção fetal por. 389 -u m b ilic a l, 120. 121 - viscerocrânio, 338
• m icrocefalia c infccçâo fetal por. 389 - - alças sim ples do. em to m o do feto. 122 C raniofanngiom a. 382
- retardo mental e. 391 - - amostragem pcrcutânea d c sangue do. 122 Craniossinostose. 340
- tcratogcnicidadc do. 153 • • corte truasversal dc um . 124 - fotografia de m enino com . 341
C itotóxico, tcratogcnicidadc do. 150 - - form ação do. 7 2 .7 4 C retinism o. 344
C itotrofoblasto. 3 8 ,4 3 - • fu n çà o d o . 108 • congênito, 152
C lavícula, ossificação da. 342 • • inserção velamentosa do, 122 - por agenesia da tireóide. 344
C lim atério, 27 - - nós do. 122 - por hipocircoidism o. 344
C litó ris. 16. 276 - • punçflo percutiínea do. 103 C ripta lonsi lar. 179
Clivagem . 2 • * torção dos vasos do. 121 C riptorq uid ia, 281. 284
Cloaca. 245 - - vasos do Crista
- esquema mostrando a divlsáo da. 262 • • - coriônicos, 12 1 - dérim ca, 418
- fom uiçfto da. 72 - - - um bilicais, 121 • cclodérm ica apical. 352
• ilustração da d iv is io da. 246 Cordoma. 335 • epidérm ica, 416.4 18
- septação da. 245 Coréia de H untington, 143 • gem tal. 252
C lom ifcno , 25 Coriocarcinom a, 66 - gonadal. 252. 265
C om ia* p rim itiva *, 199 - da gcstaçào, 120 • mamária. 420
Coarctação da aorta. 318 C ó rio n . 47 - nefrogénica. 252
Cocaína - liso. 108 - neural. 61. 69. 366. 395
• e retardo de crescimento íntru-uterino, 101 - viloso, 108 C ristalino
- tcratogcnicidadc da. 152 Córnea, desenvolvim ento da. 406 - cápsula do, 403
Colcrtenol, através da placenta. 116 - desenho do, 404 - desenvolvim ento do. 402
Colobom a C om eto. 199 • * desenho do, 404
-d a ír is ,404.4 13 C oróide, desenvolvim ento da. 406 - epitélio subcapsular do. 402
- • fotografia de criança com . 408 C orpo - fibras
• da pálpebra, 407 - albicans, 26 - * pnm ária* do, 403
- da rc«ina. 400 • caloso cerebral, 385 - - sccundánas do. 403
Cólon - cavernoso, 276 - placódio do. 398
- descendcntc, 243 - c ilia r. 400 • túnica vascular do. 403
- sigmôide. 243 - d c uma mulher, desenho do. 117 - vcsícula do. 398
- transverso, 243 - desenvolvim ento da form a do. 54 Croça da aorta
Coluna vertebral • d o osso, 330 • direita. 319
- estágio - esponjoso. 276 - dupla. 318
• • cartilaginoso. 335 - estriado cerebral. 385 Cromossoma
• • ósseo, 335 - invasUo m uscular a p a rtir das paredes laterais do. 165 • aberraçóes do, 136
- formaç-fio da. 334 - lúteo, 26 - anormalidades do. 136
Comissura cerebral. 385 • • em atresia, 26 - - estruturais. 140
- anterior. 385 - • em degeneração. 26 • • numéricas. 136
• do hipocampo, 385 - posição do. 9 - • retardo mental associado a. 391
Com plexo - - anatômica. 9 • crossing-over do. 35
• crom ossóinico sexual anormal. 268 - - anterior, 9 • dc crom álidc dupla, 16. 17
• do rom pim ento da faixa am niótica. 124 - - dorsal. 9 • dos gametas, 16
Conccpçao. 2 • • plano. 9 • duplicação do. 142
• idade da, 2 • • • coronal, 9 , 10 • in vcrsüodo, 142
• pnxlulos da, 2 - mediano. 9 • número hapióide de, 17
Concepto, 2 - sagital. 9 • quebra do. 140
• implantação do. 43 • - • transversal. 9 , 10 • - delcçào em anel. 141
Condroblasto, 5 6 .3 3 0 • • posterioT, 9 - - translocação. 140
Conexão venosa pulm onar anômala. 303 - - ventral. 9 - sexual, trissom ia do. 138, 139
C onjuntiva • vertebral. 336 • X , 16, 267
•bulbar. 407 C orpúsculo renal. 252 - Y . 16. 267
• palpebral. 407 Córtex Cumulus oophomi, 22
Convulsào, 386 • adrenal, 264 Curare, 116
Coqueluche, imunidade fetal para. 116 - cerebelar. 380
C o ra çlo - cerebral. 385 l>
• adulto, fotografia de um , 325 • - histogênese anorm al do. 386
• córtex saguais do, na quarta e quinta semanas, 297 • supra-renal. origem do. 75 Dcbendox, teratogenicidade do. 150
- desenvolvim ento do. 287 CoTticosteróide Decídua, 108
- - da rcgiâo pcric«1rdica, ilustração. 293 • para prevençüo de sindroene dc sofrimento respiratório, 219 basal, 108
• - das válvulas atnnvcntriculores, ilustração, 306 - teratogenicidade do. 151 - capsular. 108, 110
- - das velas associadas. 287 C o rtico tro fin a coriônica humanu. 117 - p a rie ta l 108
• - fin a l pré-natal. 292 C o rtiso l e o parto. 117 • vera, 108
• - in icia l, 287 Cortisona. tcratogcnicidadc da. 151 Dedos, formação dos. 7 9,3 5 2
• - vistas Costela l^cfcrcntectom ia, 29
- dorwiis, 291,2 9 4 - acessória. 340 Dente<t), 16
- ventrais. 293 - desenvolvim ento da. 336 - anormalidades numéricas dos, 426
- fotografia dc, com duplicaçfio da veia cava supenor, 292 • falsa. 337 • cistos dentíferos, 426
• iluMraç&o da septação - flutuante. 337 - com tamanho anonnal. 426
- - do á trio p rim itiv o , 299 - fundida. 340 - decíduos. 422 .424
- - do cana] atrioventricular. 298 • verdadeira, 337 • - idade da queda dos, 422
• in ício do funcionam ento do, 287 C otilédone. 110. 120 - erupção dos. 424
- origem do, 75 - retenção dc. 120 - - ordem c tem po usual da. 422
- p rim itivo , 64, 287 ,3 2 7 C o u ro cabeludo • estágio do desenvolvim ento dos
- - circulaçfto pelo, 295 - músculo do, 348 - - do B roto, 423
- - corte sagital esquemático do, 296 - ple xo vascular do. 81 - - do Capuz. 423
- - septaçào do. 297 C o xim endocárdico. 297 • - do Sino. 423
- • • devenho ilustra tivo . 303 - defeito do, com defeito do otfium primum, 310 - form ação dos. 422
- ilustração, 303 C oxsackic vírus, através da placenta. 116 - fundidos, 426
- p rim órdio do, 57 C rânio • in cisivo, 424
- sistema de condução do. 304 - bífido. 388 - irrigação sangüínea dos, 315
Condão - - com meningocele. 388 - manchado, 427
- angioblástico, 287 .2 9 2 • - e hérnia do cérebro. 388 • natais. 425
• hepático, 231 - - ilustração de. 388 - período crítico d o desenvolvim ento dos, 145
- sem inífero. 270 - desenvolvim ento do. 337 - permanentes. 422,425
- sexual • d o recém-nascido. 339 • ra i/ do, 423
• - prim áno, 265. 270 - - crescimento pós-natal. 339 - supranumerários. 426
- - secundário, 270 - fetal, 339 • variações da form o dos. 425
• testicular. 270 - neurocrânio, 338 Dentina. 423
444 ■ INDICE ALFABÉTICO
- período crítico d o desenvolvim ento du. 145 -c ís tic a , 6 3 .3 4 0 .3 7 5 - labial, 202. 203. 208
- posterior. 377 hidrocefalia associada à. 391 - - bilateral, 204
• v is ta - com meningocele. 375 - - fotografias de vários tipoc* de, 204
- - dc um embrião. mostrando a> vesículas prim árias do, - com m eningom iclocclc. 391 - - in f erio r mediana. 204
369 • co m mielosquise - - posterior, 203
• - extema do. no lim da quinta semana. 383 - - fotografia de intante com , 378. 3K9 - - superior. 203
Endoderma, 75 • - m alform ação de A rn o ld -C h ia ri associada à. 391 - - unilateral. 204
- intra-cm brionário. 56 • oculta, 339, 375 - palatina, 202, 203, 208
hiidom étno, 13 - - m enina com . 376 - - anterior. 206
Endomísio. 346 Espongioblasto. 366 • • hase em briológica da. 204. 205
Ependimu. 366 Esqueleto - - com pleta. 204
Epidem ia da talidom ida, 152 - apendicular - - posterior. 206
Epiderme. 416 - - constituição do, 3 4 1 Eenilcetonúna. 155
E pidídim o, 16.270 - - d e sen vo lvim en to do. 141 Fcnitoína
• dueto do. 270 - a xia l. 334 • anomalia congênita pela. 145
Epífise. 342 - - coluna vertebral. 334 • teratogenicidade da. 150
Lpiglote . 211 - - costela, 336 Fcnótipo, 136
Epispédia, 27 K - - crânio. 334. 337 Ferro, através da placenta. 116
Epitâlam o. 382 - - estemo, 337 Fertilidade mavculina, 29
Epitélio - fetal. 94 Fertilização. 2. 13. 32
• da bexiga, 259 Estenose • diagrum a ilustrando a. 34
• da córnea. 406 - anal, 248 - fase* da. 32
• da laringe, 2 1 1 - congênita d o aqueduto, 389. 3911 • idade da. 2
- da próstata. 272 - da aorta. 314 - in ittn /, 35
- da uretra. 264 da laríngc, 2 1 1 • - capacitação do espermatozóide na. 28
• da vagina. 272 - da traquéia. 2 1 1 • - proccndim cntos para. 36
• d o esmalte dentário, 423 - da v á lvu la pulm onar. 313 produtos da. 2
• d o esôfago, 223 - do canal p iló ric o , 224 resultado da, 35
-o lfa tiv o . 199 - do duodeno, 227 - terotógenos no período da, 147
- pigm entar dn retina. 398 - do esôfago. 224 Feto
• subcapsular do c rista lin o . 402 do intestino médio. 243 - a term o, com baixo peso ao nascimento, 90
Epoòíoro, 273 - p iló ric a hip e rtró fica congênita, 224 • arlequim , 419
E rm inato d o metabolism o. IU3 Estômago - avaliaçáo d o estado do. 101
Escafoocfalia, 340 desenho do lado esquerdo do. 235 - características externas do. 92
- fo to grafia de m enino com . 341 - desenvolvim ento do, 224 - circulação no. 319,321
Escala - - ilustração do. 226 - com peso natal extremamente baixo, 90
- tim pânica. 408 grande curvatura do. 224 - crânio do. 338
- vestibular. 408 • mesentério* do. 224. 226 - de mãe diabética. 155
Esclerótica - rotaçflo do. 224,225 - deglutição pelo, 191)
- desenvolvim ento da. 406 Estomodeu, 172, 179. 191.223 - desenhos do
- xcio venoso du. 406 Estrato - - cm vánox estágioo* dc desenvolvim ento. 91
Esclerótomo. 330 - córneo da epiderme. 416 - - ilustrando as mudanças dc tamanho. 95
Escoliose - germ inativo da epiderme. 416 - determinaçào do sexo do. 102. 103
- miopática, 340 Estreptom icina, teratogenicidade da, 149 fatores que in flue ncia m no crescim ento do. 100
- por hemivértebra. 340 Estribo. 177, 1 7 8 .4 0 8 .4 1 4 - idade do. 2. 90
Iiscroto. 16 • fixação congênita do. 410
- ilustraçáo da variaçáo da* proporções do corpo no. 93
Esfíncter Extrôgeno
- natim orto, fotografia da regiáo torácica de um. 168
• anal extem o, 245 - d o corpo lútco. 26. 27
• prematuro, 90
- cloaca. 245 - d o o vá rio fetal, 276
- n m do. 254
- e o trabalho de parto, 119
- da pupila. 402 - sistema cardiovascular do. 328
- ovariano. 16
Esmalte dentário - viabilidade do. 90
• epitélio • placentário, 117
Fetoscopia. 103
Etisterona. 149
- - extem o do, 423 Fezes fetais. 124
Excnoeíalia, 388
- - interno do. 423 Fibra
• hipoplasia do, 425 • dc Purkm je, 348
- órgão do. 423 F - muscular. 346
- reticulo do. 423 . • cardíaca. 348
Esôfago Fuce - nervosa. 374
- atrcsia do. 223 - desenvolvim ento da, 172, 191 Fibroblasto. 56
- desenvolvim ento do. 223 • - esquemas dos estágios do. 192. 193 F ibrocarlilagcm . 330
• estenose do. 224 • - resum o, 197 Fígado
- falta dc recanali*aç&odo. 223 - fendas da. 206 - desenvolvim ento do. 229
Espaço - - bilateral, 206 • ilustração do. 228
• intra-rctiniano. 398 . - lateral, 206 - origem do, 54. 75
- perilinfático. 408 - - oblíqua. 206 - p rim ó rd io do. 231
- subaracnóidc, 370, 381 - inervação da. 177 Fissura
Espermátide, 17 • músculos da. 346 - coróide, 385
Espermatòcito Faringc • da língua. 190
- pnm ário, 17 - arcos da. 172 - óptica. 398
- secundário, 17 - bolsa* da. 179 • - defeito do fechamento da. 400
E^pcrmatogêncse. 17 - desenvolvim ento da. 172 • - - coloboma por, 400.402
- últim a fase da. 20 • membranas da. 181 - - ilustraçáo d o fechamento da. 401
Espermatogônia. 17. 270 - músculos da. 347 Fístula
Espermatozóide, 2, 13 - p rim itiv a . 179. 2 1 1. 223 - anoperineal. 248
- armazenamento do. 30 - sulcos dn. 181 branquial. IK4
■ cabeça do. 20 Fator - da língua. 190
- cauda do. 20 - de angiogéncse. 22 • d o úraco, 263. 264
- colo do. 17 - de crescimento • retovesical, 248
• contagem de. 29 • - da epiderme. 187 - rctovcstibular. 248
- desenho dc um. 9. 17 - - d c fibroblastos. 366 - traqucoesofágica. 211.223
- maduro, 17 • - dos queratinócitos, 219 - - ilustraçáo da* variedades dc. 215
- maturação do, 27 • - em brionário. 56 - u m b ilico ile a l. 243
- m obilidade do. 28 - de transformação de crescim ento beta. 366 - - fotografia de abdome com . 244
- produçàodc. 16 • determinante d o testículo. 267 F lu id o cérebro espmhal, defeito do. 370. 381
- tranxporte de. 27 - in ic ia l da gravidez, 54 - na absorção. 389
Espcrmiogêncsc, 17.2 0 Fêmur, ossificação do. 342 • na circulação, 389
Espinha bífida, 339 Fenda Fluorescência. 142
- alfa-fetoproteína para. 102 - da faoc. 206 Focom elia. 360
446 ■ ÍNDICE ALFABÉTICO
- vestibular, 394 - d o esmalte dentário. 423 - foto m icro gra fia* de cortes de. 24, 25
- vcslibulococlcar. 394 - espiral de C o rti, 3 9 4 .4 0 8 .4 1 4 - origem do. 75. 265
- visceral. 391 - matem ofetal. IOK • produção de ovócitos. 13
N ciirocrânio. 338 - reprodutor O vid uto. 13
- cartilaginoso. 338 - - fem inino. 13. 15 O vo, 2
- membranoso, 339 - externo. 16 - fe rtiliza do, 2
Ncuroectodorma. 346 - ovário. 16 - in viáve l. 2
• desenvolvim ento d o o lh o e. 398 - tubas uterinas. 13 O vócito , 2. 13.20
N euroepitélio da retina, 398 - útero. 13 - fe rtili/a d o . 2(1
N euroipófise. 382. 395 - vagina. 13 - maduro. 2. 20
N eurônio. 366 - m asculino, 16 • prim ário. 20
Neuroporo - dueto deferente. 16 - secundário, 2, 2(1
• anterior. 366 - dueto ejaculador. 16 - transporte do. 13.27
• caudal. 366 • • ■epidídim o, 16 Ovogênese. 16.20
• posterior. 366 - próstata. 16 O vogônia. 20, 270
• rostral. 366 - testículo. 16 Ovulação. 13.22
Nêurulu. 61 • • • uretra, 16 - diagrama ilustrando a. 24
Neurolação. 366 - - - vesículas seminais, 16 - mitttkchmeri e. 25
- anorm al, anomalia congênita. 61 - sexual. 13 Oxazepam, 152
iVrvMf (Uunmeus, 420 • vesti b u lo cixle a r. 408 O xice felia. 341
N ódulo O rifíc io laríngeo p rim itiv o , 2 1 1 O xigênio, troca m atemofetal de. 108, 116. 125
- atrioventricular. 304 Oxsículo auditivo. 4 0 8 .4 1 4 O xitocina e o parto. 117, 119
- lin fá tico . 327 Osso(s>
- - da tonsila palalina. 179 - chato
- sinoatrial. 304 - - da calvária, 339
P
Noretisterona. 149 • • desenvolvim ento do. 338
Palato
Notocorda. 57. 5K. .134 • co rp o do. 330
- desenho ilustrando a lo ca li/a çfio do. 200
- form ação da. 54. 58.67 • d o carpo. 354
desenvolvim ento do, 200
N ovofcnitoinu. 150 d o \ membms. ossificação dos. 332
- duro. 202
N úcleo crom atina • esfenóide. form ação do. 339
- esquema ilustrando o desenvolvim ento do. 198
- negativo. 277 • ctm óide - mole, 202
• posilivo, 277 - - form ação do. 339 -p rim itiv o , 197, 19X, 200. 201
N utriçáo - - placa c rib ri form e do. 394 - secundário. 200
- defeitos do tubo neural e, 376 • formação do. 330 Pálpebra
• para o em brião. 108, 116. 125 - - intracartilaginosa. 33(1 - colobom a da, 407
Nutriemea - - intrumembranosa. 330 - desenvolvim ento da. 407
• necessidades para o feto, 100 - fotom icrografia. 332 pto*c congênita da. 407
• troca m aterno-fctal dc. 108. 116. 125 • haste do. 330 Pâncreas. 24K
hióide - anular. 232
O - - desenvolvim ento do, 177 - • ilustração da base em briológica dc um. 234
- - form ação do. 339 - desenvolvim ento do. 231
Odontoblasto. 423 - - o r ig e m do. 172 - - ilustração do. 228. 233
Odontogónese. 422 - - p a r te - fetal. 100
O lho* - in fe rio r do co rp o do. 178 - ongem do, 54. 75
• desenvolvim ento diw . 398*40# - • • superior d o corpo do. 178 Pancreatite. 232
- - da córnea. 406 - idade do. 343 Paptla piIosii. 418
• • da coróide. 406 - longo Paradídimo. 273
• - da esclerótica. 406 - - centro p rim á rio de ossificação cm um . 330 Paragünglio. 392
- - du íris. 402 - * crescimento do. 332 Paralisia cerebral, 386
. - Ja* câmaras aquosas, 406 - origem do. 75 Paratireóide. 207
• - das glândulas Lacrimais, 407 - palatino. 202 - ausência dc. 185
- - das pálpebras. 4(>7 - pequeno, d o ouvido. 408 ectópica, 186
- - desenho ilustrando o, 399 - temporal - núm ero anormal de. 1X6
• - do corpo c ilia r. 400 - - form ação do. 339 - ongem da. 75. 181
- - do crista lino. 402 • • origem do, 172 Paroóforo, 273
• - questftes de oricnlaçAo clínica, 414 - /.igom áiico. 172 Paróíida. desenvolvim ento da. I9 |
- - resumo. 4 13 O sie o b luco . 56. 330 .4 2 5 Pano. 117
- - retina. 398 O steócito. 330 data esperada do. 100
• formação dos, 191 Osteoclasto. 330 • determinação da data do. 54
- músculos dos. 347 Oxceogénexe - prematuro. 152
- nervos para os. 393 - dos ossos longos. 354 to rcico lo congênito c. 348
• no feio, 96 - form ação óssea - trabalho de. 117
Oligodcndroblasto. 366 • - endocondral. 330 - - desenho da cérvioc no, 118
O ligodendrócito. 366, 371 - - intramembranosa. 330 • - estágios do. 119
O ligoidrâm nio. 123 O.rfium Parvovím s. 145
- agenesia renal e. 256 - j>r\mum, 297 Pé
• anom alia congênita c. 155 - - defeito d o c o x im endocárdico. com def eito do. 310 • fendido. 360
- deform idade* dos membros e. 362 • .rteundum. 297 • form ação da unha do. 420
- desenvolvim ento pulm onar e. 219 - - d e fe ito do, 310 • ilustração do descnvolvim ento do. 354
Om ento O uvido - to rto congênito. 155. 361
- grande, 224 • desenvolvim ento do. 408-414 Pedículo
- pequeno. 231 - - qucstfle* de orientação clín ica . 414 • ó p tico oco. 398
O nfalocele, 250 - - resumo. 413 - vitelino . 287
- alfa-fetoproteína para, 102 • externo Pele. 416
- congênita. 237 - - desenvolvim ento do, 409 - angiom a da. 419
- - fotografia de recém-nascido com . 240 - ilustração. 4 1 1 - derme, 416. 4 IX
- - ultra-sonografia de feto com. 240 • • m úsculo do. 348 -epiderm e. 416
Ó rbita, irrigação sangüínea da. 315 - interno, desenvolvim ento do. 40K • espesso. 417
Orelha - - ilustração. 4 0 9 .4 1 0 - excesso de queratim /ação da. 419
- aurícula* da, 195 • irrigação sangüínea do. 315 - fin a . 417
- externa, desenvolvim ento da. 4(W - médio, desenvolvim ento do. 408 • f ormação da, 416
• interna, prim órdios du. 339 - - ilustração. 411 Pêlo<s).416
- média, ossículos da. 177, 339 O vário. 16 -desenho dos. 417
- pavilhão da. 195 - descida do. 281 • d o lãnugo, 418
Organogênese, 72 - desenvolvim ento do. 270 - formação dos. 4 1X
- agentes letütogèfdco* n o período da. 147 • - in ic ia l. 274 - haste do. 418
ÓTgão - c c ic lo reprodutivo da mulher. 22 Pélve renal, p rim órd ios da. 252
- desenvolvim ento de um . 54 - fetal, estrógeno do. 276 Pênis. 13. 16
450 a ín d ic e a l f a b é t ic o
- medula espinhal no. 370 Ruptura da membrana am niocoriônica, 111 - - par amexonéf rico no, 374
- morte do. 135 - fetal, determinaçfio do. 2 64,265. 276
- ovócitos no ovário <la menina. 20 S • • genitália ambígua. 276
- pulmfto do. 219 - - herm afroditivino. 276
• teratoma sacrococcígc© do. 57 - - intcrecxualidadc. 276
Saco
Recesso • m axculino remanescente
- am niótico. 122
• costodiafragmáúco. 166 - - mexonéfrico no, 273
- • fotografia dc um feto dentro do. 123
• tubotim píinico. 179 - - paramesonéfrico no. 274
• aórtico. 295
R ctlu xo do hun \oi aquoso. 406 S ífilix
• - ilustraçfto das alteraçôe* que ocorrem durante a
Rcgiào pélvica. 13 - congênita. 154
transform ação do. 316
• da mulher, 14 • • anormalidades dentárias c, 426
- c o riô n ico . 2 .4 3
- - corte sagital esquemático da. 29 - infecção fetal pela, 117
• - contendo feto de 13 semanax. 111
- do homem. 14 - retardo mental c. 391
• • desenvolvim ento do. 45
- - corte xagital esquemático da. 29 S inciciotrofoblasto. 38. 43
- - parede do. 47. 48
Rclaxantc muscular, através da placenta. 116 - horm ônios sintetizados pelo. 117
- - ultra-sonografia do. 108
Reproduçflo. 13-40 S indactilia. 361
• dentário. 423
- c iclo * reprodutivos da mulher. 22 - cutânea, 361
- cndolinfático. 40R
-gametogênese. 16 - do segundo e terceiro dedos do pé. 362
- gcstacional. 2
- maturaçilo dc espermatozóides. 28 -óssea, 361
• lacnm al, 197
• órgüox da, 13 Síndrome
- lin fá tico . 327
- • fem inino*. 13 - adrcnogenital. 264
-n a sa l, desenvolvim ento do. 199
- - masculinos, 14, 16 - da fa ixa am niótica, 124
- peritoneal pequeno. 224
• quextões de oncm açjio clínica, 30 • • fotografia dc feto com a. 126
- vite lin o . 2 .4 3 . 125. 131
- resumo. 30 - da hidantoína fetal. 150
- - p rim itiv o . 43
• transporte dc gametas. 27 - da im unodeficiência adquirida, g ra v id e /e . 154
- • xecundino, 45
• viabilidade dos gametas. 30 • da m orte xúbita in fa n til. 306. 308
- - significado do, 125
R expiraçio - (ja obstrução congênita dax via* aéreas superiores. 211
Sáculo. 408
- fecal. 96 - da talidom ida. 152
S alicilato, tcrutogenicidadc do. 151
- origem da. 96. 215 • da tranxfuxfio dos gêmeos. 127
Saliência
Ressonância magnética - da trim etadiona fetal. 150
aritenóide. 211
• para extenose congênita d o aqueduto encefálico, 390 auricular, 409 - dc A ngclm an. 142
• para o feto. KM • dc D i Georgc. 185
- acessória. 412
Retardo • dc D ow n, 137
hipobranquial. 211
- dc crescimento m tra-uterino. 90, 101 Sangramento vaginal. e gravidez. 54 • - amniocentcsc para detocçào da. 101
- - agentes infecciosos e. 153 Sangue - - anormalidades da língua na, 190
- - chumbo c. 153 do cordôo um bilical, amostragem percutfinea de. 122 - - atresia duodcnal e. 227
• • ciganos e. 14# fetal. 111 - - exame do líquido am niótico para, 124
- • citom egalovírus c. 153 • excesso de água no. 123 - - incidências dc recém-nascido com , 139
- - cocaína e. 152 matemo. 112 • - menina com , 138
- - com in ib id o r da E C A . 151 o rig e m do, 54 • - retardo de crescim ento intra-uterino c. 101
- - fe n ike to n ú ria c. 155 Sarampo - dc Edsvardx. 137
• • fenitoína e. 150 formação dos dentex c. 425 - dc fcm im zaçâo texticular, 277. 278
- • ultra-xonografiu pura a v a lia ç io dc. 120 imunidade fetal para. 116 - dc insensibilidade aoa andrógenos, 277
- mental. 395 vírus do. atruvéx da placenta, 116, 117 -d e K lin e fclte r, 139. 140
- - alcoolism o c. 14$ Sebo. 418 - - ginecomastia na, 421
- - causas dc. 391 Sedativo, através da placenta, 116 - dc K lip p e l Feil. 339
• • m icrocefalia e. 341.388 Seio - d c Patau. 137
• • por histogênesc anorm al cerebral. 386 auricular congênito. 184 - dc P icrrc R obin, 185
- - uso de drogas e. 148 branquial, 184 - de P ra der-W illi. 142
Retina - externo, 184 - de Treacher C ollins. 185
• artéria central da, 398 - interno, 184 - dc T um er, 136
• colobom a da. 398 coronáno, 301 - - cromossoma cm anel na. 141
• descolamento congênito da, 400 do dueto tireoglosso, 187 - - indivíduos fem ininos com. 138
- desenvolvim ento da. 398 do tíraco, 263. 264 • diabética em briopática. 155
- - desenho do. 404 m a xila r. 426 • do alcoolixm o fetal, 101. 148
- nervosa. 398 paranaxal, 199 • do m iado do gato. 141
• prim órdio da, 382 - desenvolvim ento pós-natal, 200 - - m enino com . 142
- veia central da. 398 - no recém-nascido, 200 - do p n m c iro arco. 410,41 2
Reto. 245 pericárdico transverso, 295 - d o p n m c iro arco faríngeo. 184. 185
• esboço do. 247 pré-auricular. 4 12 - d o sofnm ento rexpiraióno, 219, 220
- prim órdio do. 72 tonxilar.179 - - atresia d o esôfago e. 224
R im , 252 urogeniial, 259 • - e fechamento do d u d o arterioso, 326
• desenvolvim ento do, 252 venoso. 295 - d o X frágil. 143, 144
- displáxico mulUcíxtico, 259 - alterações no. 301 - dos genes contíguos. 142
- duplicado com dois ureteres e duas pelve* renais, 261 - circulação d o xangue no, 295 polonexa, 348
• ectópico, 259 -d e fe ito d o . 310 Sinus venarum. 301
- cm ferradura. 159 - ilustração d o destino do. 302 Sinusóidc hcpático. 231
- - fotografia dc um . 261 êmen. 16 Sistema arteriocapilar venoso p la ccn tino . 111
- em panqueca, 259 análise do. 29 Sistema cardiovascular. 287-328
- fetai, altcraçfio. 123, 254 conservação do, 30 • anomalia
- - da posiçào do. 254 cjaculaçfto do, 28 - - do coraçfio, 308
- - do xuprim ento sangüíneo do. 254 transporte do. 16 - - dos arcos aórticox. 317
- fotografia de. em feto de 28 xemunas, 257 epto - circulação
- fundido unilateral. 259 a t/ia l, 309 fetal, 319
- ungem do. 75 intcratrial, 311 - - nconatal, 319
- pélvico, 259 nasal, 200 - derivados dos arcos aórtieos. 315
- permanente, 252,234 traqueocsofágico. 211, 220, 223 - dexenvolvim ento do. 64. 66
- • desenvolvim ento do. 256 - defeituoso. 211 - - do sistema lin fá tic o , 326
- rotaç-fio defeituosa do. 259 • dexenho dos estágios d o desenvolvim ento do. 213 - - fin a l pré-natal do coraçfio. 292
- supranumerário. 259 urorrctal, 245 • - inicial
Romhencéfalo. 377 ventricuiar. 310 - do coração. 287
Rubéola tptum - dos vasos. 237
• anomalias congênitas pelo vím s da. 117. 145 primum, 297 • origem do, 54
• catar ala congênita c, 406 • ilustração das relações do. 301 - questões de orientação clínica. 328
- glaucoma congênito por. 406 secundum, 297 • resumo do. 327
• retardo mental c, 391 Sexo Sistema crocnalim , 392
- surdez congênita e. 410 fe m inino remanescente Sistema dc condução cardíaco. 304
- tcratogcnicidadc d o vírus da. 153 • mexonéfrico no, 273 Sixtema dc Havers. 330
452 ■ Ín d ic e a l f a b é t i c o
■ Fig. 9.16 Anomalias congênitas induzidas pela aminopterina. A. Embrião grosseiramente malformado e suas membranas. (Cortesia do Dr. J.
B. Thiersch, Seattle, Washington.) B, Criança recém-nascida com mcroancnccfalia — auscncia parcial do encéfalo. (Dc Thiersch JB : Aminoptc-
rin induced anomalies. In Wolstcnholmc G EW , 0 ’Connor CM [eds): Ciba Foundation Symposium on CongênitaI Malformation. London, J & A
Churehill, 1960. pp 152-154.) C, Recém-nascido mostrando acentuado retardo do crescimento intra-uterino. cabeça grande, mandíbula pequena,
orelhas deformadas, muos e pés tortos. (De Warkany J, Beaudry PH, Homstein S: Attempted abortion with 4-aminopteroglutamic acid [Aminopterin]:
Malformations of the child. Am J Dis Child 97:274, 1960.)
Corticosteròldes. A cortisona causa fenda palatina c defeitos te o risco de terem crianças com defeitos de nascença se conse
cardíacos em cepas suscetíveis de camundongos e coelhos. A guirem um bom controle da doença antes da concepção.
cortisona não induz fenda palatina ou qualquer outra anom alia
em embriões humanos. O risco teratogênico dos corticosterói- Á cido Retinóico (Vitamina A). O ácido retinóico é um terató
des é de mínimo a inexistente (Fraser e Sajoo, 1995). geno bem estabelecido em animais, e sua teratogenicidade hu
mana foi reconhecida há mais de uma década. A isotretinoína
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (ACE). (ácido 13-cis-retinóico), usada para o tratamento oral do acne
A exposição do feto aos inibidores da A C E como agentes anti- cístico grave, é teratogênica na espécie hum ana, em doses
hipertensivos causa oligoidrâmnio, morte fetal, hipoplasia de lon m uito baixas. O período crítico de exposição parece ser da ter
ga duração dos ossos da abóbada craniana, IUGR e disfunçâo re ceira à quinta semana (5 a 7 semanas após o L N M P ). O risco dc
nal. No início da gravidez, o risco para o embrião é aparentemen abortamento espontâneo e de defeitos congênitos após a exposi
te menor, c nào há indicação neste caso para a interrupção de uma ção ao ácido retinóico é alto. As anomalias importantes mais
gravidez desejada. Por causa da alta incidência de complicações comumente observadas são dismorfismo craniofacial (microtia,
perinatais graves, é recomendado que os inibidores da A C E não micrognatia), fenda palatina e/ou defeitos de aplasia tímica. ano
sejam prescritos durante a gestação (Barr, 1994). malias cardiovascularcs e defeitos do tubo neural. O acompanha
mento longitudinal pós-natal de crianças expostas in utero à iso
Insulina e Drogas Hiploglicem iantes. A insulina não é terato- tretinoína revelou danos neuropsicológicos significantes (Per
gênica nos embriões humanos, exceto, possivelmente, na tera saud, 1990). A vitamina A é um nutriente valioso e necessário
pia materna por coma insulínico. As drogas hipoglicemiantes (p. durante a gestação, mas a exposição a grandes doses por perío
ex., a tolbutamida) foram implicadas, mas as evidências de sua dos prolongados não é aconselhável. As mulheres grávidas de
teratogenicidade são muito fracas; conseqüentemente, apesar de vem evitar altos níveis de vitamina A porque, recentemente, foi
sua moderada teratogenicidade em roedores, não existem evidên relatado um aumento do risco de defeitos congênitos em filhos
cias convincentes de que os agentes hipoglicemiantes orais (par dc mulheres que tomaram mais de 1Ü.(XX) 1U de vitamina A dia
ticularmente as sulfoniluréias) sejam teratogênicos nos embri riamente (Rothman et al., 1995).
ões humanos. A incidência de anomalias congênitas (p. ex., ajçe- ( ' ,■
>* <
■.* '
nesia do sacro) está aumentada de duas a três vezes nos filhos £ Salicilatos. Algumas evidências indicam que grandes doses de
de mães diabéticas, e cerca de 4 0 % de todas as mortes perinatais ácido acetilsalicílico (A S A ), ou aspirina, a droga mais comu
entre recém-nascidos diabéticos resultam de anomalias congê mente ingerida durante a gravidez, são potencialmente nocivas
nitas. O mecanismo teratogênico da embriopatia diabética não é ao embrião ou feto. Estudos epidemiológicos indicam que a as
conhecido (Reece e Eriksson, 1996). As mulheres com diabetes pirina não é um agente teratogênico. mas grandes doses de A S A
melito dependentes de insulina podem diminuir significativamen devem ser evitadas, especialmente durante o primeiro trimestre.
152 ■ DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS
da sífilis materna não tratada são surdez congênita, dentes e os Fatores Maternos como Teratógenos
sos anormais, hidrocefalia e retardo mental (Persaud, 1990). As
manifestações tardias da sífilis congênita não tratada são lesões As doenças maternas podem, às vezes, levar a riscos mais altos
destrutivas do palato c do septo nasal, anormalidades dentárias dc anormalidade nos filhos. Ü diabetes m elito mal controlado na
(incisivos centrais superiores com chanfradura central, ampla mãe com hipergliccmia c cetose persistentes, particularmente
mente separados, em forma de pregadores de roupa — os dentes durante a embriogênese, está associado a uma incidência duas a
de Hutchinson) e fácies anormal (bossa frontal, nariz em sela e três vezes mais alta de defeitos congênitos (Reece e Eriksson.
maxilar pouco desenvolvido). Para mais informações, ver Azi- 1996). Nâo existe uma síndrome diabética embriopática, mas o
mi (1996). feto de mãe diabética é usualmente grande (macrossomia), com
panículos adiposos proeminentes na parte superior do dorso e na
mandíbula. As anomalias comuns incluem a holoprosencefalia
Radiação como Teratógeno (falta da divisão do prosencéfalo em hemisférios), meroencefa-
lia (ausência parcial do encéfalo), agenesia do sacro, anomalias
A exposição à radiação ionizante pode lesar as células embrio vertebrais, defeitos cardíacos congênitos e anormalidades dos
nárias, resultando em morte celular, lesão dos cromossomas e
membros (Behrman ct al., 1996; Tyrala, 1996). Se não forem
retardo do desenvolvimento mental e do crescimento físico. A tratadas, as mulheres homozigóticas para a deficiência da feni-
gravidade da lesão embrionária está relacionada com a dose ab lalanina hidroxilase — fenilcetonúria (P K U ) — e as que apre
sorvida, proporção da dose e estágio do desenvolvimento em sentam hiperfenilalaninemia correm um risco maior de ter filhos
brionário ou fetal quando ocorre a exposição. No passado, gran com microcefalia, defeitos cardíacos, retardo mental e IU G R . As
des quantidades dc radiação ionizante (centenas a vários milha anomalias congênitas podem ser evitadas se a mãe com P K U for
res de rad.s) foram aplicadas inadvertidamente a embriões c fe submetida a uma dieta com restrição de fenilalanina antes e no
tos de mulheres grávidas que tinham câncer da cervical. Em to decorrer da gestação (Le vy e Ghavami, 1996).
dos os casos, seus embriões ficaram gravemente malformados
ou morreram. Foram observados retardo do crescimento, micro
cefalia, espinha bífida cística (ver Cap. 19), alterações pigmen- Fatores Mecânicos como Teratógenos
tares da retina, catarata, fenda palatina, anormalidades esquelé
ticas e viscerais, e retardo mental nas crianças que sobreviveram O líquido amniótico absorve pressões mecânicas, protegendo
após receber altos níveis de radiação ionizante. O desenvolvi deste modo o embrião da maioria dos traumatismos externos. É
mento do SN C foi quase sempre afetado. O período de 8 a 16 geralmente aceito que as anomalias congênitas causadas por le
semanas após a fertilização ( 10 a 18 semanas após o L N M P ) é o sões externas à mãe são extremamente raras, mas são possíveis.
período dc maior sensibilidade às lesões do cérebro pela radia A luxação congênita do quadril e o pé torto podem ser causados
ção, levando a retardo mental grave. A exposição acidental de por forças mecânicas, particularmente cm um útero malforma-
mulheres grávidas à radiação é uma causa comum de ansiedade. do. Estas deformações podem ser causadas por qualquer fator que
Não existe prova conclusiva de que anom alias congênitas restrinja a mobilidade do feto, causando assim compressão pro
humanas tenham sido causadas por níveis diagnósticos de radia longada em uma postura anormal. Uma quantidade significati
ção. A radiação dispersada por um exame de raios X de uma parte vamente reduzida de líquido amniótico (oligoidrâm nio) pode
do corpo que não esteja próxima ao útero (p. ex., tórax, seios da resultar em deformação dos membros induzida mecanicamente
face, dentes) produz uma dose de apenas alguns milirads, que (ver Cap. 8), como a hiperextensão do joelho. Amputações in-
não é teratogênica para o embrião. Se a exposição do embrião à tra-uterinas ou outras anomalias causadas por constrição local
radiação for de 5 rads ou menos, os riscos da radiação ao em durante o crescimento fetal podem resultar dc faixas amnióticas
brião são minúsculos (Bcntur et al., 1991): no entanto, é prudente — anéis formados em conseqüência da rotura do âmnio durante
ter cautela durante os exames diagnósticos da região pélvica cm a fase inicial da gestação (Behrman et al., 1996).
mulheres grávidas (exames radiográficos e testes diagnósticos
médicos usando radioisótopos), porque levam à exposição do
embrião a 0,3 a 2 rads. O limite recomendado para a exposição ANOMALIAS CAUSADAS POR
materna do corpo inteiro à radiação de qualquer fonte é de 500 HERANÇA MULTIFATORIAL
milirads para todo o período da gestação.
Muitas anomalias congênitas comuns (p. ex., fenda labial com ou
Campos Eletrom agnéticos. Não existem evidencias de que o sem fenda palatina) têm distribuição familiar compatível com he
risco de IU G R ou outros defeitos do desenvolvimento seja au rança multifatorial (MF1) (Fig. 9.1). Para uma listagem das carac
mentado pela exposição materna a campos eletromagnéticos de terísticas da M FI, ver Thompson et al. (1991). A herança multifa
baixa freqüência (p. ex., cobertores elétricos, terminais de exi torial pode ser representada por um modelo no qual a “ probabili
bição de vídeo; ver Robert, 1996). dade” da ocorrência de um distúrbio é uma variável contínua, de
terminada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais,
Ondas de Ultra-som. A ultra-sonografia é amplamente usada com um limiar de desenvolvimento que divide os indivíduos entre
durante a gravidez para o diagnóstico fetal e os cuidados pré-na- aqueles com a anomalia e aqueles que não a apresentam (Fig. 9.20).
tais. Uma revisão sobre a segurança da ultra-sonografia obstétrica Os traços multifatoriais sãofreqüentemente grandes anomalias úni
(Reece et al., 1990) concluiu que “ os dados atuais indicam a ine cas, como a fenda labial, a fenda palatina isolada e defeitos do tubo
xistência de efeitos biológicos confirmados sobre as pacientes e neural. Algumas destas anomalias também podem ocorrer como
seus fetos causados pelo uso da avaliação ultra-sonográfica diag- parte do fenótipo em síndromes determinadas por herança de um
nóstica, e os benefícios às pacientes expostas ao uso prudente desta único gene, por anormalidade cromossômica ou por um teratóge
modalidade superam os riscos, se é que estes existem” . no ambiental. Os riscos de recorrência usados para o aconselha-
156 ■ DEFEITOS CONGÊNITOS HUMANOS
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Cavidades do Corpo,
Mesentérios e Diafragma
158
CAVIDADES DO CORPO, M ESENTÉRIO S E DIAFRAGMA ■ 169
■ O desenvolvimento inicial do celoma intra-embrionário — o Hstas cavidades do corpo têm uma camada parietal revesti
primórdio das cavidades do corpo do embrião — está descrito da por mesotélio, derivado do mesoderma somático (porção
no Cap. 5. No começo da quarta semana, o celoma intra-em- principal da futura camada parietal), e uma parede visceral
hrionário surge no mesoderma cardiogênico e no mesoderma coberta por mesotélio derivado do mesoderma esplâncnico (fu
lateral, como uma cavidade em forma de ferradura (Fig. 10. M ). tura camada visceral) (Fig. 10.3£). A cavidade peritoneal (por
A curva, ou dobra, desta cavidade na extremidade cefálica do ção principal do celoma intra-embrionário) une-se ao celoma
embrião representa a futura cavidade p ericárdica, e seus ramos extra-embrionário no umbigo (Fig . 10.4C e D ). A cavidade
(extensões laterais) indicam as futuras cavidades p le u ra l e peritoneal perde sua conexão com o celoma extra-embrioná
peritoneal. A parte distai de cada ramo do celoma intra-embrio rio durante a 10.“ semana, quando o intestino volta do cordão
nário se abre dentro do celoma extra-em brionário, nas bordas um bilical para o abdome (ver Cap. 13). Durante a formação da
laterais do disco embrionário (Fig. 10. \tí). Esta comunicação é prega cefálica, o coração e a cavidade p ericárd ica sc deslo
importante, pois a maior parte do intestino médio faz uma hér cam ventrocaudalmentc, para adiante do intestino anterior (Fig.
nia, através desta comunicação, para dentro do cordão umbili 10.2li). Como resultado, a cavidade pericárdica se abre dentro
cal, onde sc transforma na maior parte do intestino delgado e em dos canais pericardioperitoneais, que correm dorsalmente ao
parte do intestino grosso (discutido no Cap. 13). Nos embriões intestino anterior (Fig. 10.4/2 e D ). Após o pregueamento do
de animais inferiores, o celoma intra-embrionário constitui um embrião, a parte caudal do intestino anterior, o intestino médio
local de armazenamento temporário para os produtos de excre e o intestino posterior ficam suspensos na cavidade peritoneal.
ção. Nos embriões humanos, o celoma fornece espaço para os presos à parede abdominal posterior pelo mesentério dorsal
órgãos se desenvolverem e se deslocarem. Durante o dobramento (Figs. I0 .2 £ e 10.3C a E ).
do embrião no plano horizontal, os ramos do celoma intra-em
brionário* aproximam-se no aspecto ventral do embrião (Fig.
10.2A a F ). O mesentério ventral degenera na região da futura
Mesentérios
cavidade peritoneal, o que resulta em uma grande cavidade
peritoneal embrionária, que se estende do coração até a região O mesentério é uma cam ada dupla de peritônio, começando
pélvica (Figs. 10.2Fe 10.3Aa£). como uma extensão do peritônio visceral que recobre um órgão;
ele une o órgão à parede do corpo e conduz seus vasos e nervos.
Transitoriamente, os mesentérios dorsal e ventral dividem a ca
A CAVIDADE DO CORPO DO EMBRIÃO vidade peritoneal em metades direita e esquerda (Fig. 10.30;
entretanto, o mesentério ventral desaparece logo (Fig. 10.3£),
exceto no local onde se prende à parte caudal do intestino ante
Durante a quarta semana, o celoma intra-embrionário, ou cavi
rior (o primórdio do estômago e da porção proximal do duodeno).
dade do corpo do embrião, dá origem a três cavidades celômicas,
A cavidade peritoneal torna-se, então, um espaço contínuo (Figs.
ou do corpo, bem definidas (Figs. 10.2 e 10.4):
10.3 e 10.4). As artérias que suprem o intestino primitivo — o
• U ma cavidade pericárdica tronco celíaco (intestino anterior), a artéria mesentérica superi
• Dois canais pericardioperitoneais unindo as cavidades o r (intestino médio) e a artéria mesentérica inferior (intestino
pericárdica e peritoneais posterior) — passam entre as camadas do mesentério dorsal (Fig.
• Uma grande cavidade peritoneal 10.3C).
Pregas neurais
Celoma intra-embrionário
Futura cavidade pleural
Celoma extra-embrionário
Nível do corte B
vitelino
Notocorda Camada
do mesoderma
■ Fig. 10.1 A, Desenho da vista dorsal dc um embrião de 22 dias mostrando o contorno do celoma intra-embrionário em forma de ferradura. O
àmnio foi removido, e o celoma ó mostrado como sc o embrião fosse translúcido. A continuidade do celoma intra-embrionário, bem como a
comunicação dc seus ramos direito e esquerdo com o celoma cxtra-cmbrionário, é indicada por setas. tí. Corte transversal do embrião ao nível
mostrado em A.
160 ■ CAVIDADES DO CORPO. M ESEN TÉRIO S E DIAFRAGMA
Saliência
Aorta
Celoma
embnonário
Pedículo do
embriáo
Nível do corte C pericárdica
Saco vitelino
dorsal
Septo
transverso
Camada
esplâncnica
mesoderma
desaparecendo
■ Fig. 10.2 Desenhos ilustrando o pregueamento do embrião e seus efeitos sobre o celoma intra-embrionário c outras estruturas. A. Vista lateral
dc um embrião (ccrca dc 26 dias). B , Corte sagital esquemático deste embrião mostrando a prega cefálica e a prega caudal. C. Corte transversal
a<>nível mostrado em A. indicando como a fusão das pregas laterais dá ao embrião uma forma cilíndrica. D, Vista lateral de um embrião (cerca dc
28 dias). £', Corte sagital esquemático deste embrião mostrando a comunicação reduzida entre os cclomas intra- c extra-embrionários {seta de
duas pontas). h\ Corte transversal, conforme indicado em D, ilustrando a formação da parede ventral do corpo e o desaparecimento do mesentério
ventral. As setas indicam a junção das camadas somática e esplâncnica do mesoderma. O mesoderma somático tomar-sc-á o peritônio parietal
revestindo a parede abdominal, c o mesoderma esplâncnico, o peritônio visceral que rccobrc os órgãos (p. ex., o estômago).
Os canais pericardioperitoneais situam-se lateralmente ao intes As pregas pleuropericárdicas crescem e formam septos que se
tino anterior e dorsalmente ao septo transverso — uma placa param a cavidade pericárdica das cavidades pleurais. Hstes septos
espessa dc tecido mesodérmico que ocupa o espaço entre a cavi — as membranas pleuropericárdicas — contêm as veias cardi
dade torácica e o canal vitelino (Fig. 10.4A e B ). O septo trans nais com uns (Fig. 10.5A c B ). Estas grandes veias drenam o sis
verso é o primórdio do tendão central do diafragma. Formam- tema venoso primitivo para o seio venoso do coração primitivo
se, concomitantemente, septos cm cada canal pericardioperito- (ver Cap. 15). Inicialmente, os brotos brônquicos são pequenos
ncal, que separam a cavidade pericárdica das cavidades pleurais em relação ao coração e à cavidade pericárdica (Fig. 10.5A). Fies
e estas da cavidade peritoneal. O crescimento dos brotos brôn- crescem lateralmente a partir da extremidade caudal da traquéia
quicos (primórdios dos brônquios e pulmões) para dentro dos para dentro dos canais pericardioperitoneais (futuros canais pleu
canais pericardioperitoneais (Fig. 10.5/4) produz, um par de cris rais). À medida que as cavidades pleurais primitivas sc expan
tas membranosas na parede lateral de cada canal. dem ventralmente em torno do coração, elas se estendem para
dentro da parede do corpo, dividindo o mesênquima em:
• As cristas cefálicas — as pregas pleuropericárdicas —
ficam localizadas acima dos pulmões em desenvolvimen ♦ Uma camada extema, que se toma a parede torácica
to. • Uma camada intema (a membrana pleuropericárdica), que
• As cristas caudais — as pregas pleuroperitoneais — fi se toma o pericárdio fibroso, a camada extema do saco
cam localizadas inferiormente aos pulmões. pericárdico, que contém o coração (Fig. 10.5C c D).
CAVIDADES DO CORPO. M ESENTÉRIO S E DIAFRAGMA « 1 6 1
Canal
esofágica do
traqueoesofáglco
Parte traqueal do
tubo traqueoesofágico
Mesocárdlo dorsal
Coração
Cavidade pericárdica
Plano do
B Artéria do intestino anterior (celíaca)
Septo
transverso Cavidade peritoneal
Mesentério
dorsal
Cavidade peritoneal
do inteslino médio
(mesentérica superior)
corte D médio
do
corte E
Rim metanéfrico
vitelino
(rim permanente)
Tubo neural
Aorta dorsal
Cavidade peritoneal
Camada esplâncnica
Mesentério dorsal do mesoderma
Intestino
Camada somática
do mesoderma
■ Fig. 10.3 Esquemas ilustrando os mesentérios no início da quinta semana. A. Corte sagital esquemático. Observe que o mesentério dorsal serve
dc suporte para as artérias que suprem o intestino em desenvolvimento. Os nervos c os vasos linfáticos também correm entre as camadas deste
mesentério. B a E, Cortes transversais do embrião nos níveis indicados em A. O mesentério ventral desaparece, exceto na regiào terminal do
esôfago, do estômago e da primeira parte do duodeno. Observe que as partes direita e esquerda da cavidade peritoneal, separadas em C, sáo con
tínuas em E.
162 ■ CAVIOADES DO CORPO, M ESEN TÉRIO S E DIAFRAGMA
Nlvel do corte B
Àmnio (cortado) Tubo neural
Canal pericardioperitoneal
peritoneal
Intestino antenor
Septo transverso
(primórdio da parte
tendinosa do diálragma)
Alantôide
Cavidade pericárdica
Pediculo vitelino
Intestino
Coração
Cavidade pericárdica
Cavidade pericárdica
Comunicação do celoma
com o celoma extra-embrionário
D
■ Fig. 10.4 Desenhos esquemáticos dc um embrião (cerca dc 24 dias). A, A parede lateral da cavidade pericárdica foi removida para mostrar o
coração primitivo. H. Corte transversal do embrião ilustrando a relação dos canais pericardioperitoneais com o septo transverso (primórdio do
tendão central do diafragma) e o intestino anterior. C. Vista lateral do embrião com o coração removido. O embrião também foi cortado trans
versalmente para mostrar a continuidade dos celomas intra- c extra-embrionários. /), Esquema mostrando os canais pericardioperitoneais ori
ginando-se da parede dorsal da cavidade pericárdica c correndo de ambos os lados du intestino anterior para se juntarem à cavidade peritoneal.
As setas mostram a comunicação do celoma extra-embrionário com o celoma intra-embrionário c a continuidade do ccloma intra-embrionário
neste estágio.
Notocorda
Pulmão
Cavidade pleural
Membrana
Prega pleuropericárdica pleuropericárdica
Coração
Cavidade pericárdica
Mesoesófago
Cavidade
Esôfago no
Parede torácica
mediastino
primitivo
Veia cava inferior
c
Cavidade pericárdica pericárdica
■ Fig. 10.5 Desenhos esquemáticos de cortes transversais de embriões, cefalicamente ao septo transverso, ilustrando estágio»» sucessivos da
separação das cavidades plcurais da cavidade pericárdica. O crescimento e o desenvolvimento dos pulmões, a expansão das cavidades ptounrâ c
a formação do pericárdio fibroso também sào mostrados. A, Cinco semanas. As setas indicam a comunicação entre os canais pericardiopedtone-
ais e a cavidade pericárdica. fí, Seis semanas. As setas indicam o desenvolvimento das cavidades plcurais à medida que sc expandem para dentro
da parede Corporal. C, Sc te semanas. É mostrada a expansão das cavidades pleurais, ventralmente, em torno do coração. As membranas plcuro-
pericárdicas estão agora fundidas uma à outra no plano mediano, c com o mesoderma ventral ao esôfago. D. Oito semanas. Estão ilustradas a
expansão continuada dos pulmòes e da.s cavidades pleurais e a formação do pericárdio fibroso c da parede torácica.
gas sc tornam membranosas, formando a.s membranas pleuro- que sc relacione com o tamanho relativamente grande do lobo
peritoneais (Figs. 10.6A a C e 10.7/1 e R ). Finalmente, estas direito do fígado neste estágio do desenvolvimento.
membranas separam as cavidades pleurais da cavidade peritoneal.
As membranas pleuroperitoneais são produzidas quando os pul
mões em desenvolvimento c as cavidades plcurais sc expandem FORMAÇÃO DO DIAFRAGMA
e invadem a parede do corpo. Elas estão presas, dorsolateralmen-
te, à parede abdominal, e, inicialmente, suas bordas livres, em O diafragma é uma estrutura composta que se desenvolve a par
forma de crescente, se projetam para dentro das extremidades tir de quatro componentes embrionários (Fig. 10.7):
caudais dos canais pericardioperitoneais. Elas se tomam relati • Septo transverso
vamente mais proeminentes quando os pulmões crescem cefali • Membranas pleuroperitoneais
camente e o fígado se expande caudalmente. Durante a sexta • Mesentério dorsal do esôfago
semana, as membranas pleuroperitoneais sc estendem ventro- • Paredes laterais do corpo
medialmente até suas bordas livres se fundirem com o mesentério
O diafragma é um tabique musculotendinoso, em forma dc
dorsal do esôfago e o com septo transverso (Fig. 10.7C). Isto
cúpula, que separa as cavidades torácica c abdominal.
separa as cavidades pleurais da cavidade peritoneal.
O fechamento das aberturas pleuroperitoneais é auxiliado
pela migração de mioblastos (células musculares primitivas) para Septo Transverso
dentro das membranas pleuroperitoneais (Fig. 10.7E). A abertu
ra pleuroperitoneal do lado direito se fecha um pouco antes da O septo transverso, composto por tecido mesodérmico, é o
do lado esquerdo. Desconhece-se a razão disto, mas é possível primórdio do tendão central do diafragm a (Fig. 10.7D c E ). O
164 ■ CAVIDADES DO CORPO. M ESEN IÉH IO S E DIAFRAGMA
Cavidade pleural
Membrana plouroporitoneal
Estômago
peritoneal
Fígado
transverso
poricárdica
B Medula espinhai
P u lm ã o ____________________________
Abertura pleuroperitoneal
---- Fígado
Septo transverso
Coração
Cavidade pericárdica
■ Fig. 10.6 A. Esquema da vista lateral de um embrião (cerca de 33 dias). O retângulo indica a área ampliada em ti. H, As cavidades primitivas
sào vistas do lado esquerdo, após a remoção da parede lateral do corpo. C. Corte transversal do embrião ao nível mostrado em H.
septo transverso cresce, dorsalmente, a partir da parede ventro- cefálica u cavidade pericárdica (ver Cap. 6). Depois que a cabe
lateral do corpo e forma uma prateleira semicircular, que separa ça se dobra ventral mente, durante a quarta semana, o septo trans
o coração do fígado (F ig. 10.6). Durante seu desenvolvimento verso forma uma divisória espessa e incompleta entre as cavida
inicial, grande parte do fígado fica incluída no septo transverso. des pericárdica e abdominal (Fig. I0.4). O septo transverso não
O septo transverso se locali/.a caudalm ente à cavidade separa completamente as cavidades torácica e abdominal. Uma
pericárdica, separando-a parcialmente da cavidade peritoneal em grande abertura, o canal pericardioperitoneal. é encontrada dc
desenvolvimento. O septo transverso é primeiro identificável ao ambos os lados do esôfago (Fig. 10.7ZJ). O septo transverso se
final da terceira semana como uma massa de tecido mcsodérmico expande e se funde com o mesênquima ventral ao esôfago
CAVIDADES 0 0 CORPO. M ESENTÉRIO S E DIAFRAGMA ■ 165
(mediastino prim itivo) c com as membranas pleuroperitoneais Este mesentério constitui a porção mediana do diafragma, ü s crura
(Fig. 10.7C). do diafragma — um par de feixes musculares semelhantes a fei
xes divergentes, que se cruzam 110 plano mediano anterior à aorta
(Fig. 10.7/T) — se desenvolvem a partir dos mioblastos que cres
Membranas Pleuroperitoneais cem para dentro do mesentério dorsal do esôfago.
Mesentério Dorsal do Esôfago • Uma camada externa, que se torna parte da parede abdo
minal definitiva.
Como foi previamente descrito, o septo transverso e as membranas • Uma camada interna, que contribui com tecido muscular
pleuroperitoneais sc fundem com o mesentério dorsal do esôfago. para as porções periféricas do diafragma, externamente às
Canal
perícardioperitoneal Membrana
pleuroperitoneal
Invasão muscular a
partir da parede do corpo
Tendão central
I 1 Septo transverso
■ Fig. 10.7 Desenhos ilustrando a formação do diafragma. A, Esquema da vista lateral de um embrião ao final da quinta semana (tamanho real),
indicando o nível dos cortes de fí a D. fí a F. mostram o diafragma cm desenvolvimento, visto inferiormente, fí, Corte transversal mostrando as
membranas pleuroperitoneais não fundidas. C. Corte semelhante ao final da sexta semana após a fusão das membranas pleuroperitoneais com os
outros dois componentes do diafragma. D, Corte transversal dc um embrião de 12 semanas depois do crescimento invasivo do quarto componente
diafragmático a partir da parede do corpo. E. Vista do diafragma de um recém-nascido, indicando a origem embriológica dc seus componentes.
166 ■ CAVIDADES DO CORPO. M ESENTÉRIO S E DIAFRAGMA
Pulmáo Cavidade pleural Esôfago Cavidade pericárdica to. tra/.endo consigo suas fibras nervosas. Conseqüentemente, os
nervos frênicos, que dão a inervação motora do diafragma, ori
ginam-se dos ramos ventrais do terceiro, quarto e quinto nervos
espinhais cervicais. Os três ramos de cada lado se unem para
formar o nervo frênico. Os nervos frênicos também fornecem
fibras sensitivas para as superfícies superior e inferior das meta
des direita e esquerda do diafragma.
O rápido crescimento da parte dorsal do corpo do embrião
resulta na descida aparente do diafragm a. Na sexta semana, o
diafragma cm desenvolvimento está ao nível dos somitos torá
cicos (Fig. 10.9/í). Os nervos frênicos agora têm um trajeto des
cendente. À medida que o diafragma se “ desloca" para uma po
sição ainda mais caudal no corpo, os nervos se alongam de modo
^ Diafragma correspondente. No início da oitava semana, a parte dorsal do
diafragm a fica ao nível da prim eira vértebra lombar (Fig .
■ Fig. 10.8 Esquemas ilustrando a expansão das cavidades pleurais para 10.9C). Por causa da origem embrionária dos nervos frênicos,
dentro da parede do corpo para formar as porções periféricas do dia estes têm cerca de 30 cm de comprimento no adulto. O nervo
fragma. os recessos costodiafragmáticos e o estabelecimento da forma frênico no embrião chega ao diafragma passando através das
cm abóbada característica do diafragma. Observe que tecido da parede membranas pleuropericárdicas. Isto explica por que os nervos
do corpo é acrescentado, pcrifcricamente, ao diafragma à medida que frênicos ficam situados, subseqüentemente, sobre o pcricárdio
os pulmões c.as cavidades pleurais aumentam.
fibroso, o derivado adulto das membranas pleuropericárdicas
(Fig . 10.5C e D ).
Quando as quatro partes do diafragm a se fundem (Fig .
partes derivadas das membranas pleuroperitoneais (Fig. 10.7), o mesênquima do septo transverso sc estende para den
10.70 e E ). tro das outras três partes. E le forma mioblastos, que se dife
renciam no músculo esquelético do diafragma; por isto, o su
A expansão adicional das cavidades pleurais em desenvolvi
primento nervoso motor do diafragma é feito pelo nervo frêni
mento para dentro das paredes laterais do corpo forma os reces
co. A inervação sensitiva do diafragma é feita também pelo
sos costodiafragmáticos direito e esquerdo (Fig. 10.8), estabe
nervo frênico. mas sua borda costal recebe fibras sensitivas
lecendo a forma em abóbada característica do diafragma. Após
dos nervos intercostais inferiores, devido a porção periférica
o nascimento, os recessos costodiafragm áticos tornam-se,
do diafragma originar-se das paredes laterais do corpo (Fig.
alternadamente, menores e maiores com o movimento dos pul
10.7D e E ).
mões para dentro e para fora deles, durante a inspiração c a
expiração.
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA
Alterações de Posição e Inervação do Diafragma
O desenvolvimento do diafragma é um processo complexo; con
Durante a quarta semana do desenvolvimento, antes dc sua des seqüentemente, podem ocorrer defeitos congênitos. Um defeito
cida juntamente com o coração, o septo transverso fica ao nível póstero-lateral do diafragma, através do qual ocorrem hérnias, é
do terceiro ao quinto somitos cervicais (Fig. 10.9A). Durante a a anomalia mais comum. Uma hérnia diafragmática congênita
quinta semana, mioblastos (células musculares prim itivas) des (C D H ) é caracterizada pela presença de vísceras abdominais na
tes somitos migram para dentro do diafragma cm desenvolvimen cavidade torácica.
Somito 1
Somitos
cervicais
3a5
Diafragma
Septo transverso
B
■ Fig. 10.9 Esquemas ilustrando as alterações da posição do diafragma cm desenvolvimento. A. Cerca de 24 dias. O septo transverso está ao
nível do terceiro, quarto e quinto segmentos cervicais. B , Cerca de 41 dias. C, Cerca de 52 dias.
CAVIOADES DO CORPO. M ESENTÉRIO S E DIAFRAGMA ■ 167
Deleito póstero-iateral
Pulmão hipoplásico do diafragma
comprimido
Aorta
Intestino no
tórax
Saco pericárdico
Eventraçáo do
dialragma
Intestino
Fígado
■ Fig. 10.10 A, Foi feita uma “janela” sobre o tórax e o abdome para mostrar uma hérnia do intestino dentro do tórax através de um defeito
póstero-iateral do lado esquerdo do diafragma. Observe que o pulmão esquerdo está comprimido e é hipoplásico. fí, Desenho dc um diafragma
com um grande defeito póstero-iateral do lado esquerdo por causa da formação e/ou fusão da membrana pleuroperitoneal do lado esquerdo com
o mesoesôfago e com o septo transverso. C cD , Eventração do diafragma resultante do desenvolvimento muscular defeituoso do diafragma. As
vísceras abdominais estão deslocadas para dentro do tórax, no interior de uma bolsa de tecido diafragmático.
168 ■ CAVIDADES DO CORPO. M ESEN TÉRIO S E DIAFRAGMA
Aorta
nosticada e feito o reparo pré-natal entre 22 e 28 semanas de gesta
ção (20 a 26 semanas após a fertilização), mas esta intervenção acar
reta um risco considerável para o feto e a mãe.
— ^ —
Questões de Orientação Clínica
Já foram relatados mais de 30 casos desta anomalia rara. Freqüente
mente, ela está associada à hipoplasia pulmonar e a outras compli 1. Ouvi falar de uma criança que nasceu com o estômago e o fíga
cações respiratórias. É possível diagnosticar um diafragma acessó do dentro do tórax. Isto é possível?
rio por imagem de ressonância magnética e varredura por tomogra 2. Uma criança com a maior parte de suas vísceras abdominais no
fia computadorizada, e tratá-lo por excisão cirúrgica (Becmeur et al., tórax pode sobreviver? Ouvi dizer que defeitos diafragmáticos
1995). podem ser operados antes do nascimento. Isto é verdade?
3. Os pulmões se desenvolvem normalmente em crianças que nas
cem com CDH?
4. Um amigo meu fez uma radiografia de tórax de rotina há cerca
RESUMO DO DESENVOLVIMENTO DAS de um ano, quando ficou sabendo que uma pequena parte do seu
intestino estava no tórax. É possível que ele tenha uma CDH sem
CAVIDADES DO CORPO se dar conta? Seu pulmão do lado afetado seria normal?
O celoma intra-embrionário, primórdio das cavidades do corpo, A i respostas a estas questões são apresentadas nofinal do livro.
começa a desenvolver-sc perto do final da terceira semana. Na
quarta semana, ele aparece como uma cavidade em forma de
ferradura no mesoderma cardiogênico e no mesoderma lateral. REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS
A curvatura da “ ferradura” representa a futura cavidade pericár
dica, e as extensões laterais representam as futuras cavidades Becmeur F. Horta P, Donaio L. et al: Accessory diaphragm— review of 31 cases
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O Aparelho Faríngeo
(Branquial)
11 Arcos Faríngeos
Bolsas Faríngeas
Sulcos Faríngeos
Membranas Faríngeas
Desenvolvimento da Tireóide
Desenvolvimento da Língua
Desenvolvimento das Glândulas Salivares
Desenvolvimento da Face
Desenvolvimento das Cavidades Nasais
Desenvolvimento do Palato
Resumo do Aparelho Faríngeo
Questões de Orientação Clínica
171
172 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
■ As regiões da cabeça c do pescoço dc um embrião humano de O segundo arco faríngeo (arco hióideo) dá uma importante
4 semanas de idade se parecem um pouco com as regiões de um contribuição para a formação do osso hióide. Os arcos faríngeos
embrião de peixe em um estágio comparável do desenvolvimen caudais ao segundo arco são chamados apenas por seu número.
to. Isto explica o uso antigo do adjetivo branquial, que deriva da Os arcos faríngeos sustentam as paredes laterais da faringe pri
palavra grega branchia, cujo significado 6 guelra ou brânquia. mitiva, que deriva da porção cefálica do intestino anterior. A boca
Ao final do período embrionário, estas estruturas, semelhantes a primitiva, ou estomodeu. aparece, inicialmente, como uma leve
guelras, reagruparam-se e adaptaram-se a novas funções ou de depressão no ectoderma superficial (Fig. 11.1D e E ). Ela está
sapareceram. separada da cavidade da faringe primitiva por uma membrana
O aparelho faríngeo (branquial) (Fig. 11.1) é constituído por: bilaminar — a m embrana bucofaríngea — . que se forma du
rante a terceira semana (ver Cap. 5). Ela é composta, externa
• Arcos faríngeos
mente. por ectoderma e por endoderma. internamente. A mem
• Bolsas faríngeas
brana bucofaríngea se rompe em torno dos 26 dias, permitindo a
• Sulcos faríngeos
comunicação da faringe primitiva e do intestino anterior com a
• Membranas faríngeas
cavidade amniótica (Fig. 11.1 F e G ).
Estas estruturas embrionárias contribuem grandemente para
a formação da cabeça e do pescoço. A maior parte das anomali
as congênitas nestas regiões se origina durante a transformação Componentes dos Arcos Faríngeos
do aparelho faríngeo em seus derivados adultos. As anom alias
branquiais resultam da persistência de partes do aparelho farín Inicialmente, cada arco faríngeo é constituído por um eixo acn-
geo que, normalmente, desaparecem. ( ) estudo do desenvolvi tral de mesênquima (tecido conjuntivo embrionário), revestido
mento e das .modificações do aparelho faríngeo humano, duran externamente por ectoderma e internamente por endoderma (Fig.
te a formação da cabeça e do pescoço, pode prestar-se a confu 11.1H e /). O mesênquima original deriva do mesoderma na ter
são, sc a função do aparelho branquial cm formas inferiores não ceira semana. Durante a quarta semana, a maior parte do mesên
for compreendida. Nos peixes e nas larvas de anfíbios, o apare quima deriva de células da crista neural, que migram para os
lho branquial forma um sistema de guelras para a troca de oxi arcos faríngeos. A migração destas células da crista neural para
gênio e dióxido de carbono entre o sangue e a água. Os arcos os arcos com sua diferenciação em mesênquima produz as pro
branquiais sustentam as guelras. Nos embriões humanos, um eminências maxilares e mandibularcs do primeiro arco (Fig.
aparelho branquial, ou faríngeo, prim itivo sc desenvolve; no 11.2). As células da crista neural são muito especiais porque,
entanto, não se formam guelras. Conseqüentemente, atualmente apesar de sua origem neuroectodérmica, contribuem de modo
é usado o termo arco farín g eo . em vez de arco branquial. quan importante para o mesênquima da cabeça, bem como para estru
do se descreve o desenvolvimento das regiões da cabeça e do turas de muitas outras regiões (ver Cap. 6). Entretanto, a muscu
pescoço dc embriões humanos. latura esquelética e o endotélio vascular derivam do mesênqui
ma original dos arcos faríngeos (Noden, 1991; Sulik. 1996).
Neuroporo anterior
(rostral) Nlvel do
2o sulco faringeo corte I
Arco Placóide ótico Arco hióldeo
mandibular
Nível do
sulco corte H Broto do
faringeo membro
superior
A B
23 dias 24 dias 26 dias 28 dias
Estomodeu
Plano do
Proeminència corte J
maxilar Estomodeu
nasal
E F Proeminència
hióide (2*)
23 dias 26 dias cardíaca
Antigo local da
Sítio do fechamento do vaso Cartilagem Proeminências membrana
sulco neural linguais bucofaríngea
Proeminència
Placóide ótico Nervo maxilar
Boca
1°
sulco
faringeo
Ectoderma
□ Endoderma Mesoderma
■ Fig. 11.1 Desenhos ilustrando o aparelho faringeo humano. A. Vista dorsal da parte cefálica dc um embrião inicial. B a D, Vistas laterais
mostrando o desenvolvimento subseqüente dos arcos faríngeos. E a G, Vistas ventrais. ou faciais, ilustrando as relações do primeiro arco faringeo
com o estomodeu. H . Corte horizontal da região cefálica de um embrião. /. Corte semelhante ilustrando os componentes deste arco e o soalho da
faringe primitiva. J, Corte sagital da região cefálica de um embrião ilustrando as aberturas das bolsas faríngeas na parede lateral da faringe primi
tiva.
174 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
Segundo sulco ou
fenda faríngea
Terceiro arco
faríngeo
Proeminência maxilar
Seio cervical
Proeminência mandibular
Vesícula óptica
Segundo
faríngeo (hióideo)
Placóide nasal
Estomodeu
Broto do membro
superior
Broto de cauda
■ Fig. 11.2 Macrofotografia de um embrião humano no estágio 13, com quatro semanas e meia. (Cortesia do Professor Emérito Dr. KV Hinrichsen.
Medi?.inische Fakultat, Institui für Anatomie, Ruhr-Universitát Bochum. Alemanha.)
O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 175
Placóide do
Somitos
Placóide nasal
Estomodeu Coração
Esôfago
— Aorta dorsal
Esôfago
Ectoderma
□ Endoderma Mesoderma
■Fig. 11.3.4. Desenho das regiões da cabeça, pescoço e tórax de um embrião humano (cerca de 28 dias), ilustrando o aparelho faringeo. B.
Desenho esquemático mostrando as bolsas faríngeas e os arcos aórticos. C. Corte horizontal deste embrião mostrando o soalho da faringe primi
tiva c ilustrando as camadas germinativas que dão origem aos componentes dos arcos faríngeos.
176 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
Faringe primitiva
bolsa larfngea
sulco faríngeo
(branquial)
Arcos
faríngeos Selo cervical
Masônqulma
Mesônqulma
Nervos cranianoB:
Abertura no
selo cervical
Meato
acústico Arcos faríngeos
externo (branquiais):
Resquício
transitório do
selo cervical
1Barco faríngeo
■ Fíg. 11.4 A, Vista lateral das regiões cefálica, cervical e torácica dc um embrião (cerca de 32 dias), mostrando os arcos faríngeos c o seio
cervical. B. Corte esquemático deste embrião no nfvcl mostrado em A, ilustrando o crescimento do segundo arco sobre o terceiro e o quarto arcos.
C, Embrião com cerca de 33 dias. D, Corte do embrião ao nível mostrado em C, ilustrando o fechamento inicial do seio cervical. E, Embrião com
cerca de 41 dias. F . Corte do embrião ao nível mostrado em E , mostrando o remanescente cístico transitório do seio cervical. G, Desenho dc um
feto dc 20 semanas ilustrando a área da face derivada do primeiro par de arcos faríngeos.
0 APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 177
cardiovascular, no Cap. 15. Nos peixes, estas artérias fornecem A cartilagem do terceiro arco, localizada na parte ventral
sangue à rede capilar das guelras. Nos embriões humanos, o san do arco, se ossifica, formando o grande como e a parte inferior
gue dos arcos aórticos supre os arcos e, depois, vai para a aorta do corpo do osso hióide. As cartilagens do quarto e do sexto
dorsal. arcos se fundem, formando as cartilagens laríngeas (Fig. 11.5B
e Quadro 11.1), exceto a epiglote. A cartilagem da epiglote se
desenvolve a partir do mesênquima da eminência hipobranquial
D E R IV A D O S D A S C A R T IL A G E N S D O S A R C O S (ver Fig. 11.244), uma proeminència no soalho da faringe em
F A R ÍN G E O S brionária derivada do terceiro e do quarto arcos.
Ligamento
anterior do
Esplnha do martelo
esfenólde'
Ligamento eslilo-hióideo
Antigo local da cartilagem
do 1Barco (Meckel) Grande como
do osso hióide
Corno pequeno do
osso hióide
Cartilagem tireóide
Corpo do osso hióide'
Cartilagem cricóide
□ primeiro arco |____ | segundo arco W lm terceiro arco quarto e sexto arcos
■ Fig. 11.5 A. Vista lateral esquemática das regiões cefálica, cervical e torácica de um embrião de 4 semanas, ilustrando a localização das car
tilagens dos arcos faríngeos. B. Vista semelhante de um feto de 24 semanas ilustrando os derivados adultos das cartilagens dos arcos. Observe que
a mandíbula é formada por ossificação intramembranosa do tecido mesenquimatoso em tomo da cartilagem do primeiro arco (Meckel). Esta car
tilagem atua como um molde para o desenvolvimento da mandíbula, mas não contribui diretamente para sua formação. Ocasionalmente, a ossi
ficação da cartilagem do segundo arco pode estender-se do processo estilóide ao ligamento estilo-hióideo. Quando isto ocorre, pode causar dor na
região da amígdala palatina.
178 ■ O APARELHO FARlNGEO (BRANQUIAL)
Estruturas
Arco Nervo Músculos esqueléticas Ligamentos
*O s derivados das jirtériax do* arcov aórtico* xfiú desserito* n o Cap. 15.
t A d iv iK in oftálm ica nZk> supre nenhum componente dos arcos faríngeos.
JTcm poral. massetcí. ptcrigóidcos m ediai c lateral
SBudnudor. auricular, frontal, platism a, ortncular da boca e dou olhos.
| 0 q uinto arco faríngeo freqüentemente está ausente. Quando presente, é rudim entar e usualmente nào tem haste cartilagin<»a reconhecível. Os componentes cartilaginosos do quarto e do
sexto arcos sc fundem para fo rm a r as cartilagens da laringe.
Temporal
Orbtcular dos oli
Auricular
Frontal
Miótomos occipitais
Bucinador Occipital
Estilo-hióideo
Orblcular da boca
Estilofaringeo
Músculos faríngeos ■
Platisma
Clavícula
Estemocleidomastóideo
Músculos do
primeiro arco LJ
Músculos do
segundo arco
■ Músculos do
terceiro arco
a Músculos do
quarto e do sexto arcos
■ Fig. 11.6 A . Esquema da vista lateral das regiões da cabeça, pescoço e tórax de um embrião de 4 semanas mostrando os músculos derivados
dos arcos faríngeos. A seta mostra o irajeto seguido pelos mioblastos dos miótomos occipitais para formar a musculatura da língua. B . Esquema
das regiões da cabeça e pescoço de um feto de 20 semanas, dissecado para mostrar os músculos derivados dos arcos faríngeos. Partes do platisma
e do músculo estemocleidomastóideo foram removidas para mostrar os músculos mais profundos. Observe que mioblastos do segundo arco mi
gram do pescoço para a cabeça, onde dâo origem aos músculos da expressão facial. Estes músculos são supridos pelo nervo facial (N C V II), o
nervo do segundo arco faríngeo.
O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 179
dais (m axilar e m andibular) suprem derivados do primeiro arco a face, os dentes c as membranas mucosas das cavidades nasais,
faringeo (Fig. 11.75). C) V nervo craniano é o principal nervo do palato, da boca e da língua (Fig. 11.7C).
sensitivo da cabeça c do pescoço, e é o nervo motor dos múscu O sétimo nervo craniano, o nervo facial (N C V II), o nono
los da mastigação (Quadro 11.1). Seus ramos sensitivos inervam nervo craniano, o nervo glossofaríngeo (N C IX ), e o 10.° nervo
craniano, o nervo vago (N C X ), suprem os arcos segundo, ter
ceiro e caudais (quarto ao sexto), respectivamente. O quarto arco
é suprido pelo ramo laríngeo superior do nervo vago, e o sexto
arco por seu ramo recorrente laríngeo. Os nervos do segundo ao
sexto arcos faríngeos têm pouca distribuição cutânea (Fig.
11.7C): entretanto, inervam as membranas mucosas da língua,
da faringe e da laringe.
/
BOLSAS FARÍNGEAS
A farin g e prim itiva, derivada do intestino anterior, alarga-se
cefalicamente. onde sc une à boca prim itiva ou estomodeu. e
estreita-se caudalmcnte, onde se continua com o esôfago (Figs.
113 A e B e 11.45). O endoderma da faringe reveste os aspectos
internos dos arcos faríngeos c penetra em divertículos semelhan
tes a balões — as bolsas faríngeas (Figs. 11. IH a J e 11.35 e
O . Os pares de bolsas se desenvolvem entre os arcos, em uma
seqüência ccfalocaudal. O primeiro par de bolsas, por exemplo,
fica entre o primeiro e o segundo arcos faríngeos. Quatro pares
de bolsas faríngeas são bem definidos; o quinto par é ausente ou
rudimentar. O endoderma das bolsas entra em contato com o
ectoderma dos sulcos faríngeos, e, juntos, formam as delgadas
m em branas faríngeas de dupla camada, que separam as bolsas
faríngeas dos sulcos faríngeos (Figs. 11.1// e 11.3C).
P R IM E IR A B O L S A F A R ÍN G E A
■
v, r H v2 vii
Divisão maxilar do L__J Dlvlsáo N. facial sobre a orelha em desenvolvimento.
n. Irlgômeo mandibular do
n . Irig ê m e o
S E G U N D A B O L S A F A R ÍN G E A
3fl arco faringeo 4° arco faringeo
Apesar dc a segunda bolsa faríngea ser, em grande parte, obliterada
N. glossofaringeo W BÊ N. vago à medida que a am ígdala palatina se desenvolve, parte da cavi
dade desta bolsa permanece como o seio, ou fossa, tonsilar (Figs.
■ Fig. 11.7 A, Vista lateral das regiões da cabeça, pescoço c tórax de 11.8C e 11.9). O endoderma da segunda bolsa prolifera e cresce para
um embrião de 4 semanas mostrando os nervos cranianos que suprem
dentro do mesênquima subjacente. A parte central destes brotos
os arcos faríngeos. B , Esquema das regiões da cabeça e do pescoço de
um feto de 20 semanas mostrando a distribuição superficial dos dois sc fragmenta, formando criptas (depressões estreitas e profundas).
ramos caudais do nervo do primeiro arco (NC V). C, Corte sagital da O endoderma da bolsa forma o epitélio da superfície e o revesti
cabcça c do pescoço fetais mostrando a distribuição profunda das fibras mento das criptas tonsilares. Em torno de 20 semanas, o mesên
sensitivas dos nervos dos dentes e da mucosa da língua, da faringe, da quima em volta das criptas se diferencia cm tecido linfóide, que
cavidade nasal, palato e laringc. logo se organiza nos nódulos linfáticos da tonsila palatina.
180 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
Faríngeos Divertículo
(branquiais) Brotos linguais tireoldiano Foràmen cego Língua
Sulcos
Bolsas faríngeas
I
Meato
acústico I >>• / C _>' \
extemo \V ,^ T Ê \> V • ?—
ZA ToHSüa palatina
Vesícula
cervical
Timo
B
Corpo ultimobranquial
Aurícula
Tecido Ikifóide
(derivado do mesoderma)
Tonsila palatina
Pele do pescoço
Paratireóide superior
Seio tonsilar
Paratireóide inferior
Antigo local do
seio cervical Tireóide
Corpo ultimobranquial
■ Fig. 11.8 Cortes horizontais esquemáticos ao nível mostrado na Fig. 11.4A. ilustrando os derivados adultos das bolsas faríngeas. A, Cinco
semanas. Observe que o segundo arco faríngeo cresce sobre o terceiro e o quarto arcos, colocando os sulcos faríngeos, do segundo ao quarto,
dentro do seio cervical. B, Seis semanas. C. Sete semanas. Observe a migração do timo. da paratireóide e da tireóide cm desenvolvimento para
dentro do pescoço.
O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 181
---- Paratireókles
Corpo ultimobranquial
Bolsa III
(bolsa IV)
Timo (bolsa III) A maioria das anomalias da cabeça e do pescoço se origina durante
a transformação do aparelho faringeo nas estruturas adultas. A mai
or parte dos defeitos representa remanescentes do aparelho faringeo
■ Fig. 11.9 Corte sagital esquemático das regiões da cabeça, pescoço que, normalmente, desaparecem com o desenvolvimento das estru
e tórax superior de um feto de 20 semanas mostrando os derivados adul turas adultas (Stricker et al., 1990).
tos das bolsas faríngeas e a descida da tireóide para o pescoço.
182 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
cervical Mesênquima do
2o arco faríngeo
Sek> cervical
2 °, 3“ e 4“
sulcos faríngeos
Esôfago
Seio lonsilar
Tonsita palatina
Faringe
Vestígio branquial
Abertura externa
da fístula
Abertura externa
usual da fístula
ou seio na pele
do pescoço
Músculo estemocleidomastóideo
■ Fig. 11.1 OA, Desenho das regiões cefálica. cervical c torácica dc um embrião dc 5 semanas mostrando o seio cervical que. normalmente, está
presente neste estágio, fí, Corte horizontal do embrião, ao nível mostrado em A. ilustrando a relação do seio cervical com os arcos e bolsas farín
geos. C, Diagrama esquemático das regiões da faringe e do pescoço adultos, indicando os antigos locais das aberturas do seio cervical e das bolsas
faríngeas. A.s linhas tracejadas indicam trajetos possíveis dc fístulas branquiais. D, Esquema semelhante mostrando a base embriológica dc vários
tipos de seios branquiais. E, Desenho de uma fístula branquial resultante da pcrsistcncia dc partes do segundo sulco faríngeo e da segunda bolsa
faríngea. F, Esquema mostrando os possíveis locais de cistos branquiais e de aberturas dc seios c fístulas branquiais. Um vestígio branquial tam
bém é ilustrado (ver também Fig. 11.14).
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) « 1 8 3
Seio
ranquiai
Local da
abertura externa
■ Fig. 11.11 A, Fotografia da cabeça e do pescoço de uma criança mostrando muco escorrendo tia abertura externa dc um seio branquial (sela),
de localização imediatamente anterior ao músculo estemocleidomastóideo. ti. Fotografia de um seio branquial feita durante sua cxcisão. A aber
tura externa na pclc do pescoço e o trajeto original do seio no tecido subcutfinco são indicados pelas linhas tracejadas. (De Swenson O: Pediatric
Surgery. New York, Applcton-Ccntury-Crofts, 1958.) C, Fotografia ilustrando uma físuila branquial em mulher adulta. O cateter entra pela aber
tura intema no seio tonsilar (seta branca), passa pela fístula e sai pela abertura no pescoço (seta preta). D, Radiografia feita após a injeção dc um
meio dc contraste, mostrando o trajeto da fístula (seta) no pescoço. (Cortesia do Dr. DA Kemahan, l he Children’s Memorial Hospital, Chicago.)
184 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
Congênitos
Músculo
Pequenos seios (depressões) e cistos auriculares são freqüentemen estemocleidomastóideo
te encontrados em uma área triangular da pele anterior ao pavilhão Intumescência formada
da orelha extema (Fig. 11.10F)\ no entanto, podem ocorrer em ou por cisto branquial
tros locais em torno da orelha ou em seu lóbulo. Apesar dc alguns
seios e cistos serem remanescentes do primeiro sulco faringeo, ou
tros representam pregas ectodérmicas seqüestradas durante a forma
ção da orelha a partir das saliências auriculares (as intumescências
que formam o pavilhão da orelha). Estes pequenos seios e cistos são
classificados como anomalias menores c não representam conseqüên Tendão do músculo
cias médicas sérias. estemocleidomastóideo
Vestígios Branquiais
Umafístula branquial é um canal anormal que se abre, internamen
te, dentro do seio tonsilar e, externamente, do lado do pescoço. Esta Normalmente, as cartilagens faríngeas desaparecem, exceto algumas
anomalia, rara, resulta da persistência de partes do segundo sulco c partes em que formam ligamentos ou ossos; entretanto, em casos
da segunda bolsa faríngeos (Figs. 11.10E e F e 11.11C c D). A fís raros, remanescentes cartilaginosos, ou ósseos, das cartilagens dos
tula ascende de sua abertura no pescoço pelo tecido subeutâneo e o arcos faríngeos aparecem sob a pele, lateralmente, no pescoço (Fig.
músculo platisma até atingir a bainha carotídea (Moore, 1992). A 11.14), sendo usualmente encontrados em posição anterior ao terço
fístula então corre entre as artérias carótida intema e extema, c abre- inferior do músculo estemocleidomastóideo (Fig. 11.10F).
se no seio tonsilar. Os pacientes mais velhos podem sentir um gosto
desagradável na boca por causa da descarga de material da fístula
na orofaringe.
■ Fig. 11.13 Cisto do sulco branquial <B). Esta é uma imagem por
tomografia computadorizada (CT) da região do pescoço de uma mu
lher que apresentou um “ caroço” no pescoço, semelhante ao mostrado
na Fig. 11.12. O cisto de baixa densidade é anterior ao músculo ester-
noclcidomastóidco direito (s), ao nível do osso hióide (h). O aspccto
normal da bainha carotídca (c) é mostrado para comparar com a bainha
comprimida do lado direito. (Dc McNab T. McLennan MK, Margolis ■ Fig. 11.15 Fotografia dc um recém-nascido com a síndrome do pri
M: Radiology rounds. Can Fam Physician 41:1673. 1995.) meiro arco. um padrão de anomalias resultante da migração insuficien
te das células da crista neural para o primeiro arco faríngeo. Observe o
seguinte: orelha deformada, apêndice pré-auricular, defeito na boche
cha entre a orelha c a boca. hipoplasia da mandíbula e macrostomia (boca
grande).
Esôfago
Lobo piramidal
da tireóide
Osso hióide
Paratireóides
superiores Antigo trajeto do
dueto tireoglosso
T raquóia
Cordão de tecido Osso hióide
tímico persistente
Manúbrio do
estemo
Lobo piramldal da tireóide
Tireóide
D
Timo
retroesternal Paratireóide inferior
ectópica ■ Fig. 11.17 Desenvolvimento da tireóide. A. fí e C, Cortes sagitais
csqucmâticos das regiões da cabeça e do pescoço de embriões com 4,5
Corpo do esterno e 6 semanas, ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento da ti
reóide. D. Corte semelhante da cabeça e do pescoço adultos mostrando
■ Fig. 11.16 Desenho de uma vista anterior da tireóide. do timo c das o trajeto feito pela tireóide durante sua descida no embrião (indicado
paratireóides ilustrando várias anomalias congênitas que podem ocorrer. pelo antigo trajeto do dueto tireoglosso).
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) « 1 8 7
Lobo piramidal
Foràmen cego
da língua
Cisto lingual do
Osso hióide dueto tireoglosso
Cisto
dueto tireoglosso
Tireóide
■ Fig. 11.19 A, Desenho esquemático da cabeça e do pescoço mostrando as localizações possíveis dos cistos do dueto tireoglosso. Um seio do
dueto tireoglosso também é ilustrado. A linha tracejada indica o trajeto do dueto tireoglosso durante a descida da tireóide em desenvolvimento, do
foràmen cego para sua posição final na parte anterior do pescoço. B , Esquema semelhante ilustrando cistos lingual e cervical do dueto tireoglosso.
A maior parte dos cistos do dueto tireoglosso sc localiza imediatamente abaixo do osso hióide.
188 ■ O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL)
Tireóide lingual
C n rà m o n ín g u a
Tecido tireoidiano
acessório
Osso hióide
Trajeto do dueto
tireoglosso
Tireóide cervical
normal da
Cisto cervical
do dueto Lobo piramidal
tireoglosso da tireóide
Cartilagem tireóide
■ Fig. 11.21 Imagens por tomografia computadorizada (C T ). A, N ível da membrana tíreo-hióidea e da base da epiglote. ti. N ível da cartilagem
tireóide. que está calcificada. O cisto do dueto tireoglosso sc estende, ccfalicam cntc, até a margem do osso hióide. (Cortesia do Dr. Gcrald S.
Sm yser, Ahru Health System. Grand Forks, N D .)
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 189
■ Fig. 11.23 A, Fotografia dc uma massa tircóidca sublingual cm uma menina dc 5 anos dc idade. B. Cintigrafia pelo peitecnetato dc tccnccio-
99m. mostrando uma tireóide sublingual sem evidência dc tecido tireóideo funcionanie, na parte inferior do pescoço. (De Leung AKC, Wong AL,
Robson W LLM : Ectopic thyroid gland simulating a ihyroglossal duet cyst: A case report. Can J Surg 38:87. 1995.)
Arcos: Broto lingual distai deglutição pelo feto (Sperber, 1993). Respostas fetais na face
podem ser induzidas por substâncias de gosto amargo entre as
semanas 26 a 28, indicando que as vias reflexas entre os corpús
Broto lingual mediano culos gustativos e os músculos faciais já estão estabelecidas neste
estágio.
Forâmen cego da língua
Cópula
Inervação da Língua
Proeminència hipobranquial
O desenvolvimento da língua explica sua inervação. A inervação
sensorial da mucosa de quase a totalidade dos dois terços ante
Esôfago Sulco laringotraqueal
riores da língua (parte oral) provém do ramo lingual da divisão
mandibular do nervo trigêmeo, o nervo do primeiro arco farín-
geo. que forma os corpúsculos linguais medianos e distais (Fig.
11.24). Apesar de o nervo facial ser o nervo do segundo arco
Migração do mesoderma faringeo, seu ramo da corda do tímpano inerva os corpúsculos
do terceiro arco gustativos dos dois terços anteriores da língua, exceto as papilas
circunvaladas. Como o componente do segundo arco, a cópula.
é recoberto pelo terceiro arco, o nervo facial não inerva nenhu
Proeminència ma parte da mucosa da língua, exceto os corpúsculos gustativos
hipobranquial
da parte oral da língua. As papilas circunvaladas, na parte oral
Rima da glote da língua (Fig. 11.25), são inervadas pelo nervo glossofaríngeo
{abertura para o do terceiro arco faringeo (Fig. 11.24C). A razão usualmente pro
aparelho vocal) posta para explicar este fato é que a mucosa do terço posterior
da língua é tracionada anteriormente, durante a formação da lín
gua. C) terço posterior da língua (parte faríngea) é inervado so
bretudo pelo nervo glossofaríngeo do terceiro arco faringeo. 0
ramo laríngeo superior do nervo vago do quarto arco supre uma
mediano
pequena área da língua anterior à epiglote (Fig. 11.24C). Todos
os m úsculos da língua são supridos pelo nervo hipoglosso (NC
Papilas X II). exceto o palatoglosso. que é suprido pelo plexo faringeo
circunvaladas
por fibras provenientes do nervo vago.
terminal
Parte faríngea
da língua Forâmen cego
da língua
As anormalidades da língua sào incomuns. exceto a fissuração da
língua e a hipertrofia das papilas linguais, que s5o características das
Epiglote
C crianças com a síndrome de Down (ver Cap. 9).
S u lc o
Foràmen
Terço postenor
(parte faríngea)
Tonsila
Epiglote
■ Fig. 11.25 Fotografia do dorso de uma língua adulta (espécime cadavérico). O foràmen ccgo indica o local de origem do divertículo tireóideo
e do dueto tireoglosso no embrião. O sulco term inal demarca as partes oral e faríngea da língua, de desenvolvim ento diferente.
linear que logo se fecha por cima para formar o dueto subman-
está presente em cerca de 1em 300 crianças norte-americanas, mas.
usualmente, não tem significado funcional (Behrman et al., 1996). dihular.
Em geral, um frênulo curto se distende com o tempo, tomando des As sublinguais aparecem na oitava semana, cerca de 2 sema
necessária a correção cirúrgica desta anomalia. nas mais tarde que as outras glândulas salivares. Elas se desen
volvem a partir de múltiplos brotos epiteliais endodérmicos no
sulco paralingual (Fig. 11.7C). Estes brotos se ramificam e se
canalizam, formando 10 a 12 duetos, que se abrem independen
DESENVOLVIMENTO DAS GLÂNDULAS temente no soalho da boca.
SALIVARES
Arcos laríngeos
(branquiais):
Estomodeu 1®
Proeminència
cardíaca 2*
24 dias
Placóide do crielalino
Placóide nasal
B
28 dias
Fosseta nasal
Proeminências nasais
Sulco nasolacrimal
35 dias
Pálpebra
Pálpebras fechadas
Sulco nasolacrimal
Segmento intermaxllar
H H1
10 9emanas
Filtro do lábio
I 14 semanas
Proeminência frontonasal
Proeminência maxilar
Enlrada do
Proeminência mandibular
Medula espinhal
■ Fig. 11.27 Micrografia eletrônica de varredura dc uma vista ventral de embrião no estágio 14 (30 a 32 dias). (Cortesia do Professor Emérito
Dr. KV Hinriehscn, Vledizmischc Fakultat. Institui 1'Ur Anatoinie. Kuhr Universital Bochum, Alemanha.)
da I N P forma a testa; a parte nasal da F N P forma t>limite ros formar. Eles resultam da fusão das extremidades mediais das pro-
tral do estomodeu e do nariz. As proem inências m axilares for cminências mandibulares no plano mediano.
mam os lim ites laterais do estomodeu, e as proem inências Ao final da quarta semana, espessamentos ovalados bilaterais
m andibulares constituem o limite caudal da boca primitiva (Fig. do ectoderma superficial — os placóides nasais (primórdios do
11.27 ). As cinco proeminências da face são centros de crescimen nariz e das cavidades nasais) — se desenvolveram nas partes
to ativos no mesênquima subjacente. Este tecido conjuntivo em ínfero-laterais da proeminência frontonasal (Figs. 11.28 e 11.29A
brionário e contínuo de uma proeminência à outra. O desenvolvi c fí). Inicialmente, estes placóides sào convexos, porém mais
mento da face ocorre principalmente entre a quarta e a oitava se tarde sào distendidos até produzirem uma depressão rasa em cada
manas (Fig. I 1.2M a (/’). Ao final do período embrionário, a face placóide (Hinriehscn, 1985). Ü mesênquima nas margens dos
tem uma aparência inquestionavelmente humana. As proporções placóides prolifera, produzindo elevações em forma de ferradu
faciais se desenvolvem durante o período fetal (Fig. I 1.26H c /). ra — as proem inências nasais mediais e laterais (Fig. I 1.29/)
A mandíbula e o lábio inferior são as primeiras partes da face a se c /:)• Como resultado, os placóides nasais agora ficam no fundo
0 APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 195
Proeminència trontonasal
Placóide nasal
Estomodeu
Prosencófalo
Mesênquima (derivado
do mesoderma)
Placóide nasal
Fosseta nasal
■ Fig. 11.30 Micrografia eletrônica de varrednra da rcgiâa craniofacial dc um cmbriào humano com ccrca dc «41dias (Estágio 16. C'RL 10,8 mm)
visia obliquamente. A proeminència maxilar (M XP) aparece como uma grande saliência lateral e sc situa como uma cunha encravada entre as
proeminências nasais lateral (LN P) e mediai (M NP), envolvendo a fosseta nasal (NP). Observe a proeminència mandibular (MDP) e o estomodeu
imediatamente acima (ST). As saliências auriculares (AH ) podem ser vistas em ambas as bordas do sulco entre os arcos mandibular c hióideo, que
formarão o meato acústico externo <EAM). <De Hinrichsen K: The carly development of morphologv and pattems of thc face in the human embryo.
Adv Anal Kmhryol Cell Biol 98:1. 1985.)
Pálpebra
Narina anterior
extema
■ Fig. 11.31 Vista ventral da face de um embrião no estágio Camegic 22. ccrca de 54 dias. Observe que, neste estágio, os olhos estão muito
separados e as orelhas têm implantação baixa. (De Nishimura H, ct al: Prenatal Development of the Human wilh Special Referente to Craniofa
cial Slructures: An Atlax. Bethesda. MD. US Department of Health. F.ducation. and Welfare, National lnstitutcs of Health. 1977.)
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 197
■ Fig. 11.32 Microgrufia eletrônica de varredura da região nasal direita dc um embrião humano com ccrca dc 41 dias (Estágio 17, CRL 10,8 mm)
mostrando a proeminência maxilar <M X P) fundindo-se com a procmincncia nasal mediai (MNP). Observe a grande fosseta nasal (NP). Podem ser
vistas pontes epiteliais entre estas proeminências. Observe a depressão que representa o sulco nasolacrimal entre a M XP e a proeminência nasal
lateral (LN P). (Dc Hinrichsen K: The early development of morphology and patterns of the face in the human embryo. Adv Anat Embryol Cell
Biol 98:1, 1985.)
ao longo da linha do sulco nasolacrimal (Figs. 11.32 c 11.33/4 mais subjacentes. A fusão das proeminências nasais mediais e
e B). Isto estabelece a continuidade entre o lado do nariz, forma maxilares leva à continuidade do maxilar com o lábio superior e
do pela proeminência nasal lateral, e a região da bochecha for à separação das fossetas nasais do estomodeu.
mada pela proeminência maxilar. Quando as proeminências nasais mediais se fundem, cias for
O canal nasolacrimal se desenvolve a partir de um espessa- mam um segmento intermaxilar (Figs. 11.26H c 11.33C a F ). O
mento do ectoderma em forma de bastão, no soalho do sulco segm ento interm axilar origina:
nasolacrimal. liste espessamento dá origem a um cordão epite • A parte média, ou filtro do lábio superior
lial compacto, que sc separa do ectoderma e afunda dentro do • A porção pré-maxilar do maxilar e a gengiva associada
mesênquima. M ais tarde. como resultado de degeneração celu • O palato primitivo
lar, este cordão epitelial se canaliza, formando o canal nasola
crimal. A extremidade cefálica deste canal se expande, forman As partes laterais do lábio superior, a maior parte do maxilar
do o saco lacrimal. Ao final do período fetal, o canal nasolacri e o palato secundário se originam das proeminências maxilares
mal drena dentro do meato inferior na parede lateral da cavida (Fig. 11.26//). Estas proeminências se fundem lateralmente com
de nasal (Moore, 1992). Usualmente, o canal só se torna com as proeminências mandibulares. Os lábios primitivos e as boche
pletamente aberto após o nascimento. Ocasionalmente, parte do chas são invadidos por mesênquima do segundo par dc arcos
canal nasolacrimal deixa de se canalizar, resultando cm uma faríngeos, que se diferencia nos músculos faciais (Fig. 11.6 e
anomalia congênita — a atresia do canal nasolacrim al. Quadro 11.1). Estes músculos da expressão fa c ia l sào supridos
Durante a sétima semana, a irrigação sangüínea da face muda, pelo nervo facial, o nervo do segundo arco. O mesênquima do
da artéria carótida intema para a externa (Sperber. 1993). Esta primeiro par de arcos se diferencia nos músculos da mastigação
alteração está relacionada com a transformação do padrão dos e em alguns outros, todos os quais são inervados pelos nervos
arcos aórtieos primitivos no arranjo arterial pós-natal. Entre a trigêmeos, que suprem o primeiro par dc arcos.
sétima c a 10." semanas, as proeminências nasais mediais se fun
dem uma com a outra c com as proeminências maxilares e pro- Resumo do Desenvolvimento da Face
eminências nasais laterais (Fig. 11.26G e H ). A fusão destas pro-
cminências requer a desintegração do epitélio superficial que • A proeminência frontonasal forma a testa e o dorso e a
estava em contato. Isto resulta na mistura das células mesenqui ponta do nariz.
198 ■ 0 APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL)
• As proeminências nasais laterais formam os lados do na massas de tecido mescnquimal. Os lábios e as gengivax come
riz. çam a desenvolver-se quando um espessamento linear do ecto
• As proeminências nasais mediais formam o septo nasal. derma. a lâm ina labiogengival, cresce para dentro do mesênqui
• As proeminências maxilares formam as regiões superio ma subjacente (Fig. 11.365). Gradativamente, a maior parte da
res das bochechas e a maior parte do lábio superior. lâmina degenera, deixando o sulco labiogengival entre os lábios
• As proeminências mandibulares dão origem ao queixo, ao e a gengiva (F ig . 11.36H ). Um a pequena área da lâmina
lábio inferior e às regiões inferiores das bochechas (Fig. labiogengival persiste no plano mediano para formar o frênulo
11.26). do lábio superior, que prende o lábio à gengiva.
Além destes derivados musculares, vários ossos derivam do O desenvolvimento final da face ocorre, lentamente, duran
mesênquima das proeminências faciais (Fig. 11.33). Até o final te o período fetal e resulta sobretudo das alterações da propor
da sexta semana, a mandíbula e a maxila são compostas por ção e das posições relativas dos componentes faciais. Durante
Proeminências nasais
mediai e lateral
Parede do prosencófalo
Proeminència
nasal lateral
Sulco nasolacrlmal
Placóide nasal
Fosseta
Proeminència
frontonasal nasal mediai
Proeminència
maxilar Proeminència
Palato primário
■ Fig. 11.33 Esquemas ilustrando o desenvolvimento inicial do maxilar, do palato e do lábio superior. .4. Vista facial de um embrião de 5 sema
nas. tíe C . Esquemas de cones horizontais nos níveis mostrados cm A. As setas em C indicam o crescimento subseqüente das proeminências
maxilar e nasais mediais em direç3o ao plano mediano e a fusão das proeminências umas com as outras. D a f , Cortes semelhantes dc embriões
mais velhos ilustrando a fusiSo das proeminências nasais mediais enue si e com as proeminências maxilares para formar o lábio superior.
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 199
o início do período fetal, o nariz é achatado e a mandíbula sub epitelial temporário forma-se na cavidade nasal pela prolife
desenvolvida (Fig . 11.26//); eles adquirem sua forma caracte ração das células que a revestem. Entre 13 e 15 semanas, o
rística quando o desenvolvimento facial é completado (Fig. tampão nasal desaparece, após sua reabsorção (Nishim ura,
11.26/). C) aumento do encéfalo cria uma testa proeminente e 1993). As regiões de continuidade entre as cavidades nasal e
desloca os olhos, medialmente. O crescimento da mandíbula e oral são as coanas prim itivas, que se situam posteriormente
da cabeça eleva as aurículas do ouvido externo até o nível dos ao palato prim itivo. Depois do desenvolvim ento do palato
olhos. secundário, as coanas se localizam na junção da cavidade
O pequeno tamanho da face pré-natal resulta dos seguintes nasal e da faringe (Fig . 11.34D).
fatores: Enquanto ocorrem estas alterações, os cornetos superior,
médio e inferior se desenvolvem como elevações das paredes
• Mandíbula e maxilares rudimentares
laterais das cavidades nasais (Fig. 11.34D). Concomitantemen-
• Dentes primários que ainda náo irromperam
te. o epitélio ectodérmico do teto de cada cavidade nasal se es
• Pequeno tamanho das cavidades nasais e dos seios maxi
pecializa para formar o epitélio olfativo. Algumas células epi
lares
teliais se diferenciam cm células receptoras olfativas (neurônios).
Os axônios destas células constituem os nervos olfativos, que
crescem para dentro dos bulbos olfativos do cérebro (Fig. 11.34C
DESENVOLVIMENTO DAS CAVIDADES
e D ).
NASAIS
Membrana oronasal
Membrana
Narina rompendo-se
Saco nasal
Lingua
. Cavidade oral Palato primário Coração
A
Cavidade nasal
Palato secundário
Coana primitiva
Narina Coana
Cavidade
Palato primário oral Orofaringe
Lábio inferior
■ Fig. 11.34 Desenhos de cortes sagitais da cabeça mostrando o desenvolvimento das cavidades nasais. O septo nasal foi removido. A. Cinco
semanas. /í. Seis semanas, mostrando o rompimento da membrana oronasal. C. Sete semanas, mostrando a cavidade nasal comunicando-se com
a cavidade oral c o desenvolvimento do epitélio olfativo. D. Doze semanas, mostrando o palato e a parede lateral da cavidade nasal.
2 0 0 ■ O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL)
Parte pré-maxilar
Denies do maxilar
Fossa
Palaio
Sutura
parte pré-maxilar
do maxilar e o
Dente processo palatino
do maxilar
Faringe
Osso
■ Fig. 11.35 A, Desenho de um corte sagital da cabeça dc um feto dc 20 semanas ilustrando a localização do palato. B, O palato ósseo e o arco
alveolar dc um adulto jovem. A sutura entre a parte pré-maxilar da maxila e os processos palatinos fundidos das maxilas é usualmente visível no
crânio de pessoas jovens. Não é visível nos palatos duros da maioria dos crânios secos porque estes usualmente são de adultos velhos.
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 201
nasal
Processo
Nervos olfativos
* VK0 Processo
mediano
palatino lateral
mandibular
Cornetos olfativos
Septo nasal
Osso desenvolvendo-se na
proeminência maxilar
secundário
Processo palatino lateral
palatino lateral
de Meckel
Cavidade oral Mandibula
desenvolvendo-se
no maxilar
palatina
Processos palalinos
laterais fundidos
Língua
■ F ig . 11.3 6 A. Esboço de um corte sagital da cabeça embrionária ao final da sexta semana mostrando o processo palatino mediano, ou palato
primitivo. B, D, F c H. Desenhos do teto da boca da sexta à 12.‘ semana ilustrando o desenvolvimento do palato. As linhas tracejadas em D c F
indicam os locais de lusão dos processos palatinos. As setas indicam o crescimento mediai e posterior dos processos palatinos laterais. C. E e G.
Desenhos de cortes frontais da cabeça ilustrando a fusão dos processos palatinos laterais entre si e com o septo nasal, e a separação das cavidades
nasal c oral.
202 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
si vos (ver Fig. 11.35li). Concomitantemente, o osso estende-se a para além do septo nasal e se lundem para formar o palato mole,
partir dos maxilares e dos ossos palatinos para dentro dos pro inclusive sua projeção mole cônica — a úvula (Fig. 11.36D. /•'.
cessos palatinos laterais (prateleiras palatinas), formando o pa e H ). A rafe palatina mediana indica a linha de fusão tios pro
lato duro (ver Fig. I 1.36/? e G ). As partes posteriores destes cessos palatinos laterais.
processos não são ossificadas. Elas se estendem posteriormente Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano
do palato, entre a parte pré-maxilar da maxila e os processos
palatinos das maxilas. Este canal é representado, no palato duro
adulto, pela fossa incisiva (Fig. 11.35#), que é a abertura comum
dos canais incisivos direito e esquerdo (Moore, 1992). Uma su
tura irregular vai da fossa incisiva para os processos alveolares
do maxilar, entre os dentes incisivo lateral c o canino, dc ambos
os lados. Fia é visível na região anterior do palato de pessoas
jovens. Esta sutura indica onde os palatos primitivo e secundá
rio embrionários se fundiram.
Palalo
Palato
moío
B
Úvula Úvula
Cavidade nasal
Septo nasal
Palato
primitivo
Local do foràmen
incisivo
Palato
secundário
E F
Septo nasal
■ Fig. 11.39 Desenhos ilustrando vários tipos de fenda labial c palatina. A, Lábio c palato normais, fí. Fenda da úvula. C\ Fenda unilateral do
palato posterior ou secundário. D, Fenda bilateral do palato posterior. £. Fenda labial unilateral completa e do processo alveolar da maxila com
a fenda unilateral do palato anterior ou primitivo. F, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares dos maxilares, com fenda bilateral
do palato anterior. (>, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares dos maxilares, com fenda bilateral do palato anterior c fenda
unilateral do palato posterior. H, Fenda bilateral completa do lábio c dos processos alveolares dos maxilares, com fenda bilateral completa do
palato anterior e posterior.
terior completa é aquela na qual a fenda se estende através do lábio palato até a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior
e da parte alveolar da maxila até a fossa incisiva, separando as par do palato (Fig. 11.39G e H). As anomalias da fenda posterior são
tes anterior e posterior do palato (Fig. 11.39E e F). As anomalias da causadas pelo desenvolvimento defeituoso do palato secundário e
fenda anterior resultam de uma deficiência do mesênquima na(s) resultam de distorções do crescimento dos processos palatinos late
proeminência(s) maxilar e do segmento intermaxilar (Fig. 11.33E). rais, que impedem sua migração e fusão mediai.
As anomalias da fenda posterior incluem fendas do palato se As fendas que envolvem o lábio superior, com ou sem fenda
cundário ou posterior, que se estendem pelas regiões dura e mole do palatina, ocorrem em cerca de uma vez a cada 1.000 nascimentos;
204 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
■ Fig. 11.40 Fotografias ilustrando vários tipos de fenda labial. A c B. Fenda labial unilateral. A fenda cm Bé incompleta; a seta indica uma faixa
ile tecido (faixa de Simonart) unindo as partes fendidas do lábio. C c D. Fenda labial bilateral. (Cortesia do Dr. DA Kemahan, The Children’s
Memorial Hospital. Chicago.)
no entanto, sua freqüência varia amplamente entre os grupos étni A fenda mediana do lábio superior é um defeito extremamen
cos (Thompson et al., 1991); 60 a 80% das crianças afetadas são do te raro (Fig.l 1.43A). Ele resulta de uma deficiência mesenquimal,
sexo masculino. As fendas variam desde pequenas depressões da que causa a falta de fusão, parcial ou completa, das proeminências
borda vermelha do lábio (Fig. 11.402?) até fendas maiores, que se nasais mediais e a falta da formação do segmento intermaxilar. Uma
estendem para dentro do soalho da narina e através da paite alveolar fenda labial mediana é um traço característico da síndrome de Mohr,
do maxilar (Figs. 11.39 e 11.4QA, C e D). A fenda labial pode ser que é transmitida como um traço recessivo autossômico (Gorlin et
uni- ou bilateral. al., 1990). A fenda mediana do lábio inferior (Fig. 11A3B) é tam
A fenda labial unilateral (Figs. 11.38 e 11.404) resulta da falta bém muito rara, sendo causada pela falta da fusão completa das
de união da proeminência maxilar do lado afetado com as proemi massas mesenquimais das proeminências mandibulares e do preen
nências nasais mediais fundidas (Fig. 11.4\A a H). Isto é conseqüên chimento da fenda embrionária entre estas.
cia da falta de fusão das massas mesenquimais e da não-prolife- Uma fenda p a la tin a com pleta indica o grau máximo das fendas
ração do mesênquima, que não preenche e aplaina o epitélio de re de qualquer tipo; por exemplo, umafenda completa do palato poste
vestimento. Isto leva a um sulco labial persistente. Além disto, o epi rior 6 uma anomalia na qual a fenda se estende pelo palato mole e,
télio do sulco labial é distendido, e os tecidos no soalho do sulco anteriormente, até a fossa incisiva. O marco para a distinção entre as
persistente se rompem. Disto resulta que o lábio é dividido em uma anomalias da fenda anterior da posterior é afossa incisiva. As anoma
porção mediai e em partes laterais. Às vezes, uma ponte de tecido, a lias das fendas anterior e posterior são embriologicamente distintas.
faixa de Simonart, une as partes da fenda labial incompleta (Fig. A fenda palatina, com ou sem fenda labial, ocorre em cerca de 1
11.405). em cada 2.500 nascimentos e é mais comum nas crianças do sexo
A fenda labial bilateral (Figs. 11.40C e D e 11.42B) resulta da feminino. A fenda pode envolver apenas a úvula, dando-lhe uma
falta de aproximação e união das massas mesenquimais das proemi aparência de cauda de peixe (Fig. 11.395), ou pode estender-se pe
nências maxilares com as proeminências nasais médias fundidas. O las regiões mole e dura do palato (Figs. 11.39C e D e 11.42C e D).
epitélio de ambos os sulcos labiais é distendido e se rompe. Nos casos Nos casos graves associados à fenda labial, a fenda do palato se es
bilaterais, os defeitos podem ser desiguais, com graus variáveis do tende pela parte alveolar do maxilar e dos lábios de ambos os lados
defeito de cada lado. Quando há uma fenda bilateral completa do (Figs. 11.39G c H c \ \ A 2 A c B ).
lábio e da parte alveolar do maxilar, o segmento intermaxilar pende A base embriológica da fenda palatina é a falta do encontro e
livremente e se projeta anteriormente. Estes defeitos são especial fusão entre si das massas mesenquimais dos processos palatinos la
mente deformantes por causa da perda da continuidade do músculo terais, com o septo nasal e/ou com a margem posterior do processo
orbicular dos lábios, que fecha a boca e franze os lábios como ocor palatino mediano (Figs. 11.33D e 11.39). As fendas palatinas unila
re quando se assovia (Moore, 1992). teral e bilateral são classificadas em três grupos:
O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 205
Proeminências
nasai9 mediais
Proeminências
Ectoderma nasais mediais
Sulco ou depressão
Nível do
corte B
Normal
Proeminència maxilar
-—Epitélio
\ Local do colapso
nasal mediai fundidas subseqüente do tecido
Filtro do lábio
Parte lateral do
separada
Nível do
corte H
■ F ig . 11.41 Desenhos ilustrando a base embriológica da fenda labial unilateral completa. ,4. Embrião dc cinco semanas. H, Corte horizontal da
cabeça ilustrando os sulcos entre as proeminências maxilares e as proeminênciasyasais mediais fundindo-se. C. Embrião dc seis semanas mos
trando um sulco labial persistente do lado esquerdo. D, Corte horizontal da cabeça mostrando o preenchimento gradual do lado direito, após a
proliferação do mesênquima (setas). E, Embrião dc sete semanas. F, Corte horizontal da cabeça mostrando que o epitélio d») lado direito já foi
quase que completamente excluído do sulco entre as proeminências maxilares c as procminencias nasais mediais. G. Feto de 10 semanas com
uma tenda labial unilateral completa. H, Corte horizontal da cabeça após a distensão do epitélio e o rompimento dos tecidos no soalho do sulco
labial persistente do lado esquerdo, formando uma fenda labial unilateral completa.
206 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
■ Fig. 11.42 Fotografias ilustrando anomalias congênitas do lábio c do palato. .4, Fenda unilateral completa do lábio e do processo alveolar. fí>
Fenda bilateral completa do lábio c do processo alveolar, com lenda bilateral do palato anterior. C e D, Fenda bilateral do palato posterior ou
secundário; o lábio é normal.
• As fendas do palato anterior (primitivo) (i. e., fendas anteri ou sem fenda palatina, do que na fenda palatina isolada. O irmão de
ores à fossa incisiva) resultam da falta do encontro e da fusão uma criança com fenda palatina (em risco elevado de ter fenda
das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais palatina, mas não tem risco aumentado de apresentar fenda labial.
(prateleiras palatinas) com o mesênquima no palato primário Uma fenda labial e do processo alveolar do maxilar que se continua
(Fig. 11.39E t F ) . pelo palato é usualmente transmitida por um gene ligado ao sexo mas
•' As fendas do palato posterior (secundário) (i.e., fendas pos culino. Quando nenhum dos genitores é afetado, o risco de recor
teriores à fossa incisiva) resultam da falta do encontro e da rência em irmãos subseqüentes (irmão ou irmã) é ccrca dc 4%. Para
fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos la discussão adicional sobre os riscos de recorrência, ver Thompson et
terais entre si e com o septo nasal (Fig. 11.39A a D), al. (1991).
• Asfendas das partes anterior e posterior do palato (i.e., fen
das do palato primitivo e secundário) resultam da falta do
encontro e da fusão das massas mesenquimais nos processos
palatinos laterais com o mesênquima do palato primitivo, entre
si, e com o septo nasal (Fig. 11.39G e H).
Fendas da Face
A maior parte das fendas labiais e palatinas resulta dc fatores
múltiplos (herança multifatorial-, ver Cap. 9): genéticos e não gené
ticos, cada um dos quais causando um pequeno distúrbio do desen Podem ocorrer vários tipos de fenda facial, mas todos são extrema
volvimento (Thompson et al., 1991; Behrman et al., 1996). Dc que mente raros. As fendas graves estão usualmente associadas a gran
maneira os fatores teratogênicos induzem a fenda labial e palatina des anomalias da cabeça. As fendas oblíquas da face (fissuras
ainda é desconhecido. Estudos experimentais nos deram alguma orbitofaciais) são freqüentemente bilaterais e se estendem do lábio
compreensão sobre a base celular e molecular destes defeitos (Sulik, superior até a margem mediai da órbita (Fig. 11.430- Quando isto
1996). ocorre, os canais nasolacrimais são sulcos abertos (sulcos
Algumas fendas labiais e/ou palatinas aparecem como parte de nasolacrimais persistentes). As fendas faciais oblíquas associadas à
síndromes determinadas por genes mutantes isolados (Thompson et fenda labial resultam da falta de fusão das massas mesenquimais nas
al., 1991). Outras fendas são parte dc síndromes cromossômicas, es proeminências maxilares com as proeminências nasais lateral e
pecialmente da trissomia 13 (ver Cap. 9). Alguns casos de fenda la mediai. As fendas faciais laterais, ou transversas, vão da boca em
bial e/ou palatina parecem ter sido causados por agentes teratogêni direção à orelha. As fendas bilaterais resultam em uma boca muito
cos (p. ex., drogas anticonvulsivantes). Estudos em gêmeos indicam grande, uma condição denominada macrostomia (Fig. 11.43D). Nos
que os fatores genéticos têm mais importância na fenda labial, com casos graves, as fendas nas faces se estendem quase até as orelhas.
O APARELHO FARINGEO (BRANQUIAL) ■ 207
■ Fig. 11.43 Desenhos de anomalias congênitas da face raras. A. Fenda mediana do lábio superior. B . Fenda mediana do lábio inferior. C. Fendas
faciais oblíquas bilaterais com fenda labial bilateral completa. D, Macrostomia. E, Narina única c microstomia; usualmente, estas anomalias não
estão associadas. F, Nariz bífido c fenda labial mediana incompleta.
208 ■ O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL)
■ Fig. 11.44 Imagens ultra-sonográíicas da cabeça. -4, Vista sagital dc um feto no início do segundo trimestre, com fenda labial bilateral com
pleta e fenda palatina mostrando o deslocamento anterior da parte intermaxilar do lábio superior (seta). (De Bcnacerraf BR: Ultrasound evaluation
of the fetal face. In Callen PW (cd): Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology, 3* ed. Philadelphia, W B Saunders. 1994.) B, Vista sagital do
perfil de um feto no terceiro trimestre com trissomia 13, mostrando micrognatia acentuada (seta). (De Benacerraf B. Miller W , Frigoletto F:
Sonographic detection of fetuses with trisomy 13 and 18: Accuracy and limitations. Am J Obstet Gynecol 158:404, 1988.)
A maioria das anomalias congênitas da cabeça c do pescoço res genéticos e ambientais (herança m ultifatorial). Estes fatores
sc origina durante a transformação do aparelho faríngeo em es interferem com a migração das células da crista neural para as
truturas adultas. Cistos branquiais, seios e fístulas podem origi- proeminências maxilares do primeiro arco faríngeo. Quando o
nar-se de partes do segundo sulco faríngeo. do seio cervical ou número de células é insuficiente, pode haver ocorrência dc fen
da segunda bolsa faríngea, que não se obliteram. da labial e/ou palatina. Outros mecanismos celulares e molecu
Uma tireóide ectópica ocorre quando a tireóide não desce lares podem estar envolvidos.
completamente de seu local de origem na língua. O canal
tireoglosso pode persistir, ou resquícios dele podem dar origem
a cistos do dueto tireoglosso e a massas ectópicas de tecido ti- PP
reoidiano. Cistos infectados podem perfurar a pele e formar sei Questões de Orientação Clínica
os do dueto tireoglosso, que se abrem no plano mediano anteri
or do pescoço.
1. M inha mãe disse que meu tio tinha "lá b io leporino” . Que espé
Por causa do desenvolvimento complicado da face e do pala
cie de defeito la b ia l é este? Q ual é o nome clín ico deste defeito
to, são comuns as anomalias congênitas da lace c do palato. Es
de nascença?
tas anomalias resultam do mau desenvolvimento do tecido da 2. Disseram -m e que os em briões têm fendas labiais e que esta ano
crista neural, que dá origem aos primórdios do esqueleto e do m alia fa cia l com um representa uma persistência desta situação
tecido conjuntivo da face. As células da crista neural podem ser em brionária. Estas afirm ações estão corretas?
deficientes em número, podem não completar sua migração para 3. Nem meu m arido nem eu temos fenda labial ou palaüna, e náo
a face, ou podem falhar na sua capacidade indutora. As anoma sabemos de ninguém em nossas fam ílias que as tenha ou tenha
lias da face e do palato resultam de uma parada do desenvolvi tid o . Qual é a probabilidade de term os um filh o com fenda lab i
mento e/ou da falta de fusão das proeminências faciais e dos al, com ou sem fenda palatina?
4. Tenho um filh o com fenda labial e fenda palatina. M eu irm ão tem
processos palatinos envolvidos.
um defeito semelhante no lábio e no palato. Apesar de eu não pla
A fenda labial é uma anomalia congênita comum. Apesar de
nejar ter m ais filh o s, meu m arido d iz que a culpa do defeito con
freqüentemente estar associada à fenda palatina, a fenda lab ial gênito de nosso filh o é inteiram ente m inha. É possível que o
e a fenda palatina são anom alias etiologicam ente distintas, que d efeito tenha sido herdado apenas do lado da m inha fam ília?
envolvem diferentes processos do desenvolvimento que ocorrem 5. O filh o de m inha irm ã tem pequenas anom alias nas orelhas, mas
em momentos distintos. A fenda labial resulta da falta de fusão não tem problem as de audição ou m alform ação fa cia l. A s anor
das massas mesenquimais das proeminências nasais médias e das m alidades das orelhas poderiam ser consideradas defeitos bran
maxilares, enquanto a fenda palatina resulta da falta do encon quiais?
tro e fusão das massas mesenquimais nos processos palatinos
As respostas a estas questões são apresentadas no fin al do
(prateleiras palatais). A maioria dos casos de fenda labial, com
livro.
ou sem fenda palatina, é causada por uma combinação de fato
O APARELHO FARÍNGEO (BRANQUIAL) ■ 209
REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS I.cung A K C . W ong A L . Robson W L L M : Ectopic th yro id gland sim ulating a
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Sistema Respiratório
Desenvolvimento da Laringe
Desenvolvimento da Traquéia
Desenvolvimento dos Brônquios e Pulmões
Resumo do Sistema Respiratório
Questões de Orientação Clínica
210
SISTEMA RESPIRATÓRIO « 2 1 1
■ O desenvolvimento dos órgãos respiratórios superiores, das ca durante os primeiros 3 anos após o nascimento. Nesta época, a
vidades nasais, por exemplo, está descrito no Cap. 11. Os órgãos epiglote atinge sua forma adulta (D c Vries e De Vries, 1991).
respiratórias inferiores (laringe. traquéia, brônquios e pulmões)
começam a formar-se durante a quarta semana do desenvolvimen
to. O primórdio respiratório aparece dos 26 aos 27 dias como uma
evaginação mediana que se projeta da extremidade caudal da pa
rede ventral da faringe primitiva— o sulco laríngotraqueal (Figs.
I2.I/4 a C e 12.3/1). Este rudimento da árvore traqueobrônquica Esta anomalia rara resulta na obstrução da via aérea superior fetal
forma-se caudalmente ao quarto par de bolsas faríngeas. O endo — a síndrome da obstrução congênita das vias aéreas superio
derma, que reveste o sulco laríngotraqueal, dá origem ao epitélio e res (CHAOS, congenital high airway obstruetion syndrome). Dis-
às glândulas da laringe, traquéia. brônquios e ao epitélio pulmo talmente à atresia (bloqueio), ou à estenose (estreitamento), as vias
nar. O tecido conjuntivo. a cartilagem e o músculo liso destas es aéreas tomam-se dilatadas, os pulmões são aumentados e ecogênicos
(capazes de produzir eco), o diafragma é achatado ou invertido e
truturas formam-se do mesoderma espláncnico, que circunda o
ascite fetal ou hidropisia (acúmulo de líquido seroso) está presente.
intestino anterior (ver Fig. 12.4). Ao final da quarta semana, o sul
A ultra-sonografia pré-natal permite o diagnóstico destas anomali
co laríngotraqueal já sc evaginou, formando um divertículo larin- as (Hedrick et al., 1994).
gotraqueal em forma de bolsa (divertículo respiratório), que fica
localizado ventralmente à porção caudal do intestino anterior (Figs.
12.15 e 12.2A). Ao alongar-se, este divertículo é envolvido pelo
DESENVOLVIMENTO DA TRAQUÉIA
mesênquima espláncnico, e sua extremidade distai se amplia, for
mando um broto pulmonar globular (Fig. 12.25).
O revestimento cndodérmico do tubo laríngotraqueal distai à
O divertículo laríngotraqueal logo se separa da faringe pri
laringe diferencia-se no epitélio e nas glândulas da traquéia e no
mitiva; no entanto, ele mantém uma comunicação com esta atra
epitélio pulmonar. A cartilagem, tecido conjuntivo e músculos
vés do orifício laríngeo prim itivo (Fig. 12.2C). Pregas traqueo-
da traquéia são derivados do mesênquima espláncnico, que cir
esofágicas (cristas) longitudinais se desenvolvem no divertícu
cunda o tubo laríngotraqueal (Fig. 12.4).
lo laríngotraqueal, aproximam-se uma da outra e se fundem,
formando um tabique — o septo traqueoesofágico (Fig. 12.2D
e E ). Este septo divide a parte cefálica do intestino anterior em
uma porção ventral, o tubo laríngotraqueal (o primórdio da
laringe, traquéia, brônquios e pulmões), e em uma porção dorsal
(o primórdio da orofaringee do esôfago) (Fig . 12.2F ). A abertu
Uma fístula (comunicação anormal) entre a traquéia e o esôfago
ra do tubo laríngotraqueal na faringe toma-se o orifício larín
ocorre cerca de 1vez em cada 3.000 a 4.500 nascimentos vivos (Fig.
geo (Figs. l2 .2 C c 12.3-4 a C).
12.5); a maioria das crianças afetadas é do sexo masculino. Na maio
ria dos casos, a fístula está associada à atresia esofágica (Behrman
et al., 1996). A fístula traqueoesofágica resulta da divisão incom
DESENVOLVIMENTO DA LARINGE pleta da parte cefálica do intestino anterior em uma parte respirató
ria e outra esofágica, durante a quarta semana. A fusão incompleta
0 revestimento epitelial da laringe origina-se do endoderma da das pregas traqueoesofágicas resulta em um septo traqueoesofágico
extremidade cefálica do tubo laríngotraqueal. As cartilagens da defeituoso e em uma comunicação entre a traquéia e o esôfago.
laringe se desenvolvem das cartilagens do quarto e sexto pares A fístula traqueoesofágica é a anomalia mais comum do trato res
piratório inferior. Podem formar-se quatro principais variedades òe
de arcos faríngeos (ver Cap. 11). As cartilagens laríngeas se de
fístula traqueoesofágica (Fig. 12.5). A anomalia mais comum é a ter
senvolvem do mesênquima derivado das células da crista neu minação cega da parte superior do esôfago (atresia esofágica) e ajun
ral. O mesênquima da extremidade cefálica do tubo laringotra- ção da sua parte inferior à traquéia, peito desta bifurcação (Fig. 12.5*4).
queal prolifera rapidamente, produzindo o par de saliências Outras variedades desta anomalia estão ilustradas na Fig. 1Z5B a D.
aritenõides (Fig. 12.35). Estas saliências crescem em direção à Ao engolir, as crianças com o tipo comum de ffmèa traqueoctofígica
língua, convertendo a abertura em forma de fenda — a glote e atresia esofágica tossem e engasgam por caun do acúraoto de oro
prim itiva — no orifício laríngeo em forma de T e reduzindo a excesso de saliva na boca e no trato oespiratório superior. Quando a
luz da laringe em desenvolvimento a uma fenda estreita. O epi criança tenta engolir leite, este rapidamente enebe a boba esofágica e
télio laríngeo prolifera rapidamente, levando à oclusão tempo é regurgitado. O conteúdo gástrico também pode refluir do estômago
através da fístula para a traquéia e pulmões. Isto causa eagasgo e pode
rária da luz da laringe. A recanalização da laringe ocorre na 10.'
resultar em pneumonia ou pneumonite (inflamação dos pulmões).
semana. Os ventríeulos laríngeos sc formam durante este pro
O poliidrâmnio (ver Cap. 8) está. freqüentemente, associado à
cesso de recanalização. Estes recessos são limitados por pregas atresia esofágica e à fístula traqueoesofágica. Forma-se um excesso
da membrana mucosa, que se tomam as pregas vocais (cordas) de líquido amniótico porque o líquido não pode passar para o estô
e as pregas vestibulares (Sanudo e Domenech-Mateu, 1990). mago e intestino para ser absorvido e, subseqüentemente, transferi
A epiglote se forma da parte caudal da saliência hipobran do, através da placenta, para o sangue materno, onde seria removido.
quial, uma proeminência resultante da proliferação do mesên
quima nas extremidades ventrais do terceiro e quarto arcos fa
ríngeos (Fig. 12.35 a D ). A parte rostral desta saliência forma o
terço posterior, ou porção faríngea da língua (ver Cap. 11). Como
os músculos laríngeos se desenvolvem de mioblastos do quarto
e sexto pares de arcos faríngeos, eles são inervados pelos ramos
laríngeos dos nervos vagos (N C X ), que suprem estes arcos (ver O estreitamento (estenose) e a obstrução (atresia) da traquéia são
anomalias incomuns que, usualmente, estão associadas a uma das
Quadro 11.1). O crescimento da laringe e da epiglote é rápido
212 ■ SISTEMA RESPIRATÓRIO
lateral
Encéfalo
Local da mombrana
bucofaríngea
. . . . . , Primórdio do esôfago
Local do sulco lanngotraqueal
Saliência
hipobranquial
Sulco lanngotraqueal
Pnmórdio do esôfago (primórdio respiratório)
c
■ Fig. 12.1 A, Desenho dc uma vista lateral dc um embrião de 4 semanas de idade ilustrando a relação do aparelho laríngeo com o sistema
respiratório cm desenvolvimento. B, Corte sagital esquemático da metade cefálica do embrião. C. Corte horizontal do embrião, ilustrando o soa
lho da faringe primitiva e a localização do sulco laríngotraqueal.
SISTEMA RESPIRATÓRIO « 2 1 3
Endoderma
(mesoderma
Tubo
Mesoderma Orifício da laríngotraqueal
Faringe laringe
primitiva
Nivel do Nível do Nível do
corte D corte E corte F
Abertura
laríngotraqueal
Primórdio
do tubo
Tubo
laríngotraqueal Septo lanngotraqueal
traqueoesofágico
■ Fig. 12.2 Desenhos ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento do septo traqueoesofágico durante a quarta c a quinta semanas. A a C.
Vistas laterais da parte caudal da faringe primitiva mostrando o divertículo laríngotraqueal e a divisão do intestino anterior no esôfago e no tubo
laríngotraqueal. D a F , Cortes transversais ilustrando a formação do septo traqueoesofágico c mostrando como este divide o intestino anterior no
tubo laríngotraqueal e no esôfago.
Foràmen cego
Saliência da
Saliência hipobranquial
Orifício da
Saliências
Sulco laríngotraqueal aritenóides
Tonsila
Epiglote palatina
Raiz da
Orifício da laringe
Cartilagens
laríngeas
■ Fig. 12.3 Desenhos ilustrando estágios sucessivos do desenvolvimento da laringe. A, Quatro semanas, fí, Cinco semanas. C. Seis semanas. D.
Dez semanas. O epitélio que reveste a laringe 6 dc origem endodérmica. As cartilagens e os músculos da laringe provêm do mesênquima do
quarto e sexto pares de arcos faríngeos. Observe que o orifício laríngeo muda de forma, dc uma abertura cm forma de fenda para um orifício em
forma de T, quando o mesênquima que circunda a laringe em desenvolvimento prolifera.
214 ■ SISTEMA RESPIRATÓRIO
Epitélio
Mesoderma
esplâncnico Cartilagem em
desenvolvimento
Tecido conjuntivo
Endoderma B embrionário
Luz da traquéia
Músculo liso
Tecido
conjuntivo
\ j.— Cartilagem
Glândulas
Epitélio
■ Fig. 12.4 Desenhos de cortes transversais do tubo laringotraqueal ilustrando estágios progressivos do desenvolvimento da traquéia. A, Quatro
semanas, li, Dez semanas. C, Onze semanas. Observe que o endoderma do tubo dá origem ao epitélio e às glândulas da traquéia e que o mesên
quima em torno tio tubo forma o tecido conjuntivo, o músculo c a cartilagem. I), Fotomicrografia dc um corte transversal da traquéia em desen
volvimento com 14 semanas. (Dc Moore KL. Persaud TVN, Shiota K: Color Atlas of Clinicai Embryology. Philadelphia, W B Saunders. 1994.)
Canal pericardioperitoneal
-Traquéia
_ Mesoderma
espláncnico
Mesoderma
somático
Brotos brônquicos
Cavidade pleural
P E R ÍO D O P S E U D O G L A N D U L A R
(5 A 17 S E M A N A S )
Traquéia
Brotos
brônquicos
Saco terminal
Células do tecido conjuntivo Saco terminal
Capilares
Bronquíolos
respiratórios
Bronquíolo
terminal
Tecido conjuntivo
Bronquíolo
Bronquíolo Epitélio pavimentoso
respiratório
Sacos terminais
Fibra de Membrana
elastina alveolocapilar
Bronquíolo
Bronquíolo
terminal Célula muscular
Bronquíolo
respiratório A|véo)o Alvéolos
C Período de saco terminal (24 semanas — nascimento) D Período alveolar (nascimento — 8 anos)
■ Fig. 12.8 Desenhos csqucmáticos dc coitcs histológicos ilustrando os estágios progressivos do desenvolvimento dos pulmões. Em C e D , observe
que a membrana alveolocapilar é delgada e que alguns capilares fazem saliência dentro dos sacos terminais (futuros alvéolos).
e 12.9/)). Ao final do período fetal, os pulmões sào capazes de • Produção adequada de surfactante nos alvéolos
respiração porque a m em brana alveolocapilar (barreira dc di • Transformação dos pulmões de órgãos secretores em ór
fusão respiratória, ou membrana respiratória), c suficientemen gãos de troca de gases
te fina para permitir a troca dos gases. Apesar de os pulmões nào • Estabelecimento das circulações pulmonar e sistêmica
começarem a desempenhar esta função vital antes do nascimen paralelas
to, eles têm que estar bem desenvolvidos para serem capazes de
funcionar assim que a criança nasce. No início do período alve Para mais informações sobre a adaptação do recém-nascido
olar. cada bronquíolo respiratório termina em um aglomerado de à respiração aérea, ver Behrman et al. (1996).
sacos terminais, de paredes delgadas, separados um do outro por Os alvéolos maduros característicos somente se formam de
tccido conjuntivo frouxo. Estes sacos terminais representam os pois do nascimento: cerca de 95% dos alvéolos seformam apôs
futuros duetos alveolares. A transição da dependência da placenta o nascimento. Antes do nascimento, os alvéolos imaturos apare
para as trocas gasosas, para a troca de gases autônoma, requer as cem como pequenas saliências nas paredes dos bronquíolos res
seguintes alterações adaptativas nos pulmões: piratórios e dos sacos terminais (futuros duetos alveolares). Após
218 * S IS IE M A RESPIRATÓRIO
Pnrrordlo do
c a rtila g e m
B rô n q u io
B rô n q u io R fo rx ju lo lo
re s p ira tó rio
P rim ó rd io s rtos
a lv é o lo s
Bronqufolo
rospIratórKj
B ro lo d n
U ro riq u io lu EpilOKi
cúbico
B rô n q u io -
IrotKX»
D ueto
a lv e o la r
C apilar
EpitálKi
a d e lg a ç a d o
d o a lv ô o lo
■ Fig. 12.9 Polom icrografias dc cortcs de pulmões humanos em desenvolvimento. /I. Período pseudoglandular, X semanas. ( íbserve o aspecto
"glandular" do pulmão nesie estágio /J. Período canalictilar. 16 semanas. A luz dos brônquios e dos hroiu|iiiolos terminais está aumentando. C.
Período canalieular, IN semanas. Observe que nuiiio% vasos sangüíneos cstào se formando no mesênquima que circunda os cortes de hrònquiosc
de l>roiu|uíolos terminais. I >. Período do saco terminal, 24 semanas. Observe os sacos terminais I alvéolos prim itivos) de paredes delgadas que sc
desenvolveram nas extremidades dos bronquíolos respiratórios. ( Jbserve também que o número dc vasos saugiiíneos aumentou e que alguns deles
estão intimamente associados aos alvéolos em desenvolvimento. (D c Vlooie K L , Persaud T V N . Shiota K : ( 'o lo r A tla s o f ( l i n i c a ! F.mbryolofty.
Philadelphia. W B Saunders, 1994.)
SISTEM A RESPIRATÓRIO ■ 219
13 Intestino Anterior
Desenvolvimento do Baço
Intestino Médio
Intestino Posterior
Resumo do Sistema Digestivo
Questões de Orientação Clínica
222
SISTEMA DIGESTIVO ■ 223
■ No início da quarta semana, o intestino prim itivo (prim or esôfago pelo septo traqueoesofágico está descrita no Cap. 12.
dial) está fechado, na sua extremidade cefálica. pela membrana Inicialmente, o esôfago é curto mas se alonga rapidamente, sobre
bucofaríngea (ver Fig. 11.1) e. na sua extremidade caudal, pela tudo pelo crescimento e descida do coração e dos pulmões. O esô
membrana cloacal (Fig. 13.1//). O intestino primitivo se forma fago atinge seu comprimento relativo final na sétima semana. Seu
durante a quarta semana, quando as pregas cefálica, caudal e late epitélio e suas glândulas derivam do endoderma. O epitélio proli
rais incorporam a parte dorsal do saco vitelino dentro do embrião fera c oblitera, parcial ou completamente, a luz; no entanto, a
(ver Cap. 6). ( ) endoderma do intestino primitivo dá origem à maior recanalização do esôfago ocorre normalmente ao final do período
parte do epitélio e das glândulas do trato digestivo. C) epitélio nas embrionário. O músculo estriado. que constitui a camada muscu
extremidades cefálica e caudal do trato deriva do ectoderma do lar extema do terço superior do esôfago, deriva do mesênquima
estomodeu (boca primitiva) e do proctodeu (fosseta anal), res dos arcos faríngeos caudais. O músculo liso, sobretudo no terço
pectivamente (Fig. I3 .M e fí). O tecido muscular, o tecido con inferior do esôfago, se desenvolve a partir do mesênquima esplânc
juntivo e as outras camadas da parede do trato digestivo derivam nico circundante. Ambos os tipos de músculo são inervados por
do mesoderma esplâncnico. que circunda o intestino primitivo. ramos do nervo vago (N C X ), que suprem os arcos faríngeos cau
Para fins descritivos, o intestino primitivo é dividido em três par dais (ver Quadro 11.1).
tes: intestino anterior, intestino médio e intestino posterior.
INTESTINO ANTERIOR
Os derivados do intestino anterior são:
O bloqueio do esôfago ocorre com uma incidência dc 1 em 3.000
• A fa rin g e p rim itiva e seus derivados (cavidade oral, a 4.500 nascimentos vivos (Herbst, 1996). Cerca de um terço das
faringe, língua, tonsilas, glândulas salivares e sistema res crianças afetadas nasce prematuramente. A atresia do esôfago está
piratório superior), que são discutidos 110 Cap. 11 associada à fístula traqueoesofáglca em mais de 85% dos casos
• O sistema respiratório inferior (descrito no Cap. 12) (ver Fig. 11.5). Ela pode ocorrer como uma anomalia isolada, mas
• O esôfago e o estômago isto é menos comum. A atresia do esôfago resulta de um desvio do
• O duodeno, proximal à abertura do dueto biliar septo traqueoesofágico em direção posterior (ver Fig. 12.2); disto
• O fígad o, o aparelho b ilia r (duetos hepáticos, vesícula resulta que a separação do esôfago do tubo.laringotraqueal fica in
completa. A atresia esofágica isolada pode estar associada a ou
biliar e dueto biliar) e o pânc reas
tras anomalias congênitas, como a atresia anorretal e a anomalias
Todos esses derivados do intestino anterior, exceto a faringe. do sistema urogenital. Nestes casos, a atresia resulta da falta de
0 trato respiratório e a maior parte do esôfago, são supridos pela recanalização do esôfago durante a oitava semana do desenvolvi
artéria celíaca, a artéria do intestino anterior (Fig. 13.1li). mento. Acredita-se que a causa desta parada do desenvolvimento
seja o crescimento defeituoso dc células endodérmicas (Herbst,
1996).
Desenvolvimento do Esôfago Um feto com atresia do esôfago é incapaz de engolir fluido am
niótico; conseqüentemente, este não pode chegar ao intestino para
ser absorvido e transferido, através da placenta, para o sangue ma
0 esôfago se desenvolve do intestino anterior imediatamente cau
terno de onde será removido. Isto resulta em poliidrâmnio, o acú-
dal à laringc primitiva (Fig. 13. \B). A separação da traquéia do
Faringe
Coraçào
Aorta
Arcos faríngeos Estomodeu
Regiões do esôfago
Intestino médio
Artéria mesentérica
Membrana inferior
Placenta cloacal
■ Fig. 13.1 A , Vista lateral de um embrião dc 4 semanas mostrando a relação do intestino primitivo com o saco vitelino. R, Desenho dc um cortc
mediano dc um embrião mostrando o sistema digestivo e seu suprimento sangüíneo. O intestino primitivo é um tubo longo que se estende por
todo 0 comprimento do embrião. Seus vasos sangüíneos derivam dos vasos que irrigam o saco vitelino.
224 ■ SISTEMA DIGESTIVO
ROTAÇÃO DO ESTÔMAGO
Intestino médio
Encéfalo -—' Coração/f'
Cloaca (parte caudal do intestino posterior)
Pedículo vitelino
Mesentério dorsal
Parede dorsal do abdomo Esôfago Aorta dorsal
Artéria celíaca
Artéria do
intestino antorior
Mesentério ventral
Aorta dorsal Pâncreas
Duodeno
Aorla Esôlago
Pâncreas
Parede posterior do
abdome
Grande curvalura
do estômago Fígado
Forâmen rio
omento
Duodeno
Bolsa do omento
(área indicada pela
Eslõmago
linha tracejada)
Artéria gastroomenlal direita Grande omento
Grande omento
Bolsa do omento
Nivel do (pequeno saco)
corte à direita
Forâmen do
omento
Parede
dorsal do
abdome
Grande omento Estômago Plano do corte á direita Grande omenlo
■Fig. 13.2 Desenhos ilustrando o desenvolvimento c a rotação do estômago e a formação da bolsa do omento (pequeno saco) c do grande omento.
A, Desenho de um corte mediano de um embrião de 28 dias. H. Vista ântcro-lateral de uni embrião de 28 dias. C. Embrião com ccrca de 35 dias.
D. Embrião com cerca de 4» dias. E, Embrião em tomo de 48 dias. F. Vista lateral do estômago e do grande omento de um embrião com cerca de
52 dias. O corte transversal mostra o forâmen e a bolsa do omento. G, Curte sagital mostrando a bolsa do omento e o grande omento.
226 ■ SISTEMA DIGESTIVO
Mesogástrio
dorsal
Forâmon do
Fendas do — o m e n to Bolsa do om ento
mesogástrio dorsal
Estômago
Estômago
Nível do
Nivel do corto D
corto B
Mesogástrio^
vontrai
Artéria gástrica-
Aorta
Bolsa do
omento
Foràmen
omental
(entrada da
bolsa do omento) Mesentôrlo
dorsal
Estômago
Plano do
corte G
Plano do Artéria
Aorta dorsal
corte J
/
Artéria gástrica
Erilraoa da bolsa
do omonto
Grande
orr.ento
Recesso inferior da
Nível do Plano do boisa do omento
corte l cono J
Bolsa do omento
Grande omento
■ Fig. 13.3 Desenhos ilustrando o desenvolvimento do estômago e seus mesentérios c a formação da bolsa dc» omento <pequeno saco). A, Cinco
semanas, /f. Corte transversal mostrando as fendas do mesogástrio dorsal. C. Estágio subseqüente à coalescência das fendas para formar a bolsa
do omento. />. Corte transversal mostrando o aspecto inicial da bolsa do omento. /;', í) mesentério dorsal sc alongou c a bolsa do omento ficou
maior. F e G, Cortes transversal e sagital. respectivamente, mostrando o alongamento do mesogástrio dorsal e a expansão da bolsa do omento. II.
Seis semanas, mostrando o grande omento c a expansão da bnlsa do omento. I e J, Cortes transversal e sagital, respectivamente, mostrando o
recesso interior da bolsa c o foràmen do omento.
SISTEM A DIGESTIVO ■ 227
■ F ig . 1 3.4 .4. Ultra-sonograma abdominal transversal demonstrando que a espessura da parede muscular pilórica é maior que 4 mm (distância
entre as cruzes). B . Imagem horizontal demonstrando que o comprimento do canal pilórico é maior que 14 mm (a espessura da parede e.stií deli
mitada entre as cruzcs) em uma criança com estenose pilórica hipertrófica. (D e W y llie R : Pyloric stenosis and other congenital anomalies of the
stomach. In Behrman R E . Kliegm an R M . A rvin A M (eds): Nelson Textbook o f Ped iatrics, I5 lh cd. Philadelphia, W B Saunders, ) 996.)
Mesentério
ventral anterior
Duodeno
Intestino
médio
Pedículo
Cordão umbilical
B Broto pancreático
Vesícula biliar dorsal
Intestino médio Intestino
antenor
Diafragma Estômago
Diafragma
Dueto cístico
Estômago
Dueto bHíar Vesícula biliar
Fígado
Brolo
_pancreático
dorsal
Alça ventral
' duodenal fundidos
C
■ Fig. 13.5 Desenhos ilustrando estágios progressivos do desenvolvimento do duodeno. fígado, pâncreas c das vias biliares cxtra-hcpáticas. /
Quatro semanas. H e C, Cinco semanas. D. Seis semanas. () pâncreas se desenvolve dos brotos dorsal c ventral, que se fundem para formar
pâncreas. Observe que a entrada do dueto biliar no duodeno desloca-se gradativamente de sua posição inicial para uma posição posterior. ls‘
explica por que. rui adulto, o dueto biliar passa posteriormente ao duodeno e à cabeça do pâncreas.
SISTEM A DIGESTIVO ■ 229
Duodeno dilatado
Estômago duodenal
luz)
duodenal
estreita)
Nível do Nível do
corte D, corte D,
Recanalização
Di D2
Tampão epitelial
Formação insuficiente de
vacúolos (cavidades) Luz estreita
Recanalização parcial
Ei
F F, F2 F3
■ Fig. 13.6 Esquemas ilustrando a base embriológica dos dois tipos comuns de obstrução intestinal congênita. A, Estenose duodenal. fí, Atresia
duodenal. C a /•', Cortes longitudinais e transversais csqucmáticos do duodeno mostrando ( l ) a recanalização normal (D a D,), (2) a estenose (£
a £,) c a atresia <E a /•',). A maior parte das atresias duodenais ocorrc na parte desccndcntc (segunda) c na parte horizontal (terceira) do duodeno.
Aorta
Diverliculo
hopãtico (broto
fígado)
Cavidade peritoneal
Coração
Divertículo hepático
Sopto transverso Nivoi do
crescendo dentro do
corte B
mesênquima do seplo
transverso
mesentérica
superior
Septo transverso
Diafragma
Duodeno
Fígado
Figado em
desenvolvimento
Pontòmo visceral
Ligamento Nível do
falciforme corte D
Aorta dorsal
Borda livre do
mesentério
Cavidade peritoneal
vontral
Peritônio pariotal
Artéria inferior
Ligamento falciforme
• Fig. 13.8 l>esenhos ilustrando como a parte caudal do septo transverso se torna estirada e membranosa ao formar o mesentério ventral. A.
Corte mediano de um embrião de 4 semanas, li. Cone transversal do embrião mostrando a expansão da cavidade peritoneal (setas). C. Corte
sagital de um embrião dc 5 semanas. />. Corte transversal do embrião apôs a formação dos mesentérios dorsal c ventral. Observ e que o fígado está
ligado à parede ventral do abdome e ao estômago e duodeno pelo ligamento falciforme e pelo pequeno omento, respectivamente.
SISTEMA DIGESTIVO ■ 231
Pequeno omento
__________I
I--------
Ligamento hepatoduodenal Ligamento hepatogástrico . Mesentério dorsal
Diafragma
Vesícula biliar
Veia umbilical
(leva sangue
oxigenado ao feto)
Aorta dorsal
Celoma extra-embrionário
Artéria mesentr*f<;a superior
Cavidade peritoneal
Artéria mesentérica inferior
(antigo celoma intra-embrionário)
■ Fig. 13.9 Desenho esquemático dc um cortc mediano da metade caudal dc um embrião, ao final da quinta semana, mostrando o fígado e seus
ligamentos. A seta indica a comunicação da cavidade peritoneal com o celoma cxtra-cmbrionário. Por causa do rápido crescimento do fígado e da
alça do intestino médio, a cavidade abdominal toma-se temporariamente pequena demais para conter o intestino cm desenvolvimento; conse
qüentemente, este penetra no celoma extra-embrionário, na parte proximal do cordão umbilical.
DESENVOLVIMENTO DO BAÇO
Dueto biliar
Eslòm ago
Fígado Broto
pancreático dorsal corte E
Parte do duodeno
Broto pancreático ventral do intestino antenor - Mesentério dorsal
{pâncreas ventral)
Parte do duodeno
do intestino médio
Mesentério dorsal
Nível
Nível do Duodeno corte
corte
Cauda do
pâncreas pâncreas
■ Fig. 13.10 A a />. Desenhos csqucmáticos mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento do pâncreas, da quinta à oitava semanas. £ a C.
Cortes transversais esquemáticos do duodeno e do pâncreas cm desenvolvimento. O crescimento c a rotação {selas) do duodeno aproximam o
broto pancreático ventral do broto dorsal; estes se fundem, subseqüentemente. Observe que, inicialmente, o dueto biliar se prende ao aspecto
ventral do duodeno c, quando o duodeno gira, c tracionado para o aspecto dorsal. O dueto pancreático principal é formado pela união da parte
distai do dueto pancreático dorsal com todo o dueto pancreático ventral. A parte proximal do dueto pancreático dorsal usualmente sc oblitera, mas
pode persistir como um dueto pancreático acessório.
234 ■ SISTEMA DIGESTIVO
Local da
obstrução duodenal
■ Fig. 13.11 A c fí. Desenhos ilustrando a provável base embriológica de um pâncreas anular. C, Um pâncreas anular envolvendo o duodeno. As
vezes, esta anomalia produz obstrução completa (atresia) ou parcial (estenose) do duodeno. Na maioria dos casos, o pâncreas anular envolve a
segunda parte do duodeno. distalmcntc à ampola hcpatopancrcática; ver Moore ( I992> para uma discussão da anatomia clínica desta ampola.
Mosogástrio
Aorta
dorsal
Baço
Estômago
Nível do
corte B Figado
Artóna celíaca
Mesogástrio
dorsal
Pâncreas
Estômago
Ligamento falciforme
■ Fig. 13.12 A, Desenho tio lado esquerdo do estômago e das estruturas associadas ao final da quinta semana. Observe que o pâncreas, o baço c
a artéria celíaca estão entre as camadas do mesogástrio dorsal, /i. Corte transversal do fígado, do estômago e do baço ao nível mostrado em A,
ilustrando sua relação com os mesentérios dorsal e ventral. C. Corte transversal de um feto mostrando a fusão do mesogástrio dorsal com o peri-
tônio na parede abdominal posterior. I) c E. Cortes semelhantes mostrando o movimento do fígado para a direita e a rotação do estômago. Obser
ve a lusão do mesogástrio dorsal com a parede dorsal do abdome. Disto resulta que o pâncreas sc torna retroperitoneal.
236 ■ SISTEMA DIGESTIVO
Figado
dorsal
Baço
Ramo
G&O
Pedículo vitelino A B ll !l i Bi *
Ramo I
Artéria mesentérica anterior
caudal
Alça do intestino Artéria mesentérica superior
Fígado
Mesogástrio dorsal
Estômago
Vesícula biliar.
Duodeno
Cordão umbilical
Intestino posterior
r
Divertículo
cecal
dorsal
Fígado
Bolsa do omento
saco)
Pequeno
omento
Ceco
Cólon
transverso ascendente
delgado
sigmóide
Ceco e apêndice
■ Fig. 13.13 Desenhos csqucmáticos ilustrando a rotação do intestino médio tal como é vista pela esquerda. A, Em tomo do início da sexta
semana, mostrando a alça do intestino médio dentro da parte proximal do cordão umbilical. Corte transversal da alça do intestino médio,
ilustrando a relação inicial dos ramos da alça intestinal com a artéria. B , Estágio subseqüente mostrando o início da rotação do intestino medio. B,„
Ilustraçáo da rotação dc 90a no sentido anti-horário que leva o ramo cefálico do intestino médio para a direita. C, Com cerca de 10 semanas,
mostrando o intestino voltando para o abdome. C „ Ilustração da rotação adicional dc 90°. £), Com cerca de 11 semanas, depois da volta do intes
tino para o abdome. D., Mostrando uma rotação adicional dc 90° do intestino, para um total dc 270°. Período fetal mais tardio, mostrando o
ceco em rotação para sua posição normal no quadrante inferior direito do abdome.
SISTEM A DIGESTIVO ■ 237
Mesencéfalo
Cerebelo
Couro cabeludo
Flexura pontina
Vela umbilical
Mielencófalo Telencéfalo
Artéria umbilical
Olho
Alantóide
Coluna vertebral
Vasos Artéria umbilical
umbilicais
Costela
Intestino
Fígado Intestino no
cordão
umbilical Âmnio revestindo
o cordão umbilical
A B
■ Fig. 13.14 /t, Fotografia de um embrião humano de 2K mm (cerca de 56 dias). Observe a hérnia do intestino, derivada da alça do intestino
médio, dentro da parte proximal do cordão umbilical. Observe também os vasos sangüíneos umbilicais. Observe ainda as costelas cartilaginosas,
o olho proeminente, o fígado grande c o encéfalo relativamente bem desenvolvido. (Cortesia do Dr. Brucc Frascr. former Associate Professor of
Anatomy. Faculty of Medicine. Memorial University, St. John's, Newfoundland. Canadá.) fí. Desenho esquemático mostrando as estruturas da
parte proximal do cordão umbilical.
muito modificada, depois que o intestino volta para a cavidade modo que, ao nascimento, ele é um tubo vermiforme, relativa
abdominal. Inicialmente, o mesentério dorsal fica no plano me mente longo, surgindo da extremidade distai do ceco (Fig.
diano. À medida que os intestinos aumentam, se alongam e as 13.160). Após o nascimento, a parede do ceco cresce de modo
sumem suas posições finais, seus mesentérios são comprimidos desigual, de tal modo que o apêndice vem inserir-se no seu as
contra a parede abdominal posterior. O mesentério do cólon as pecto mediai (Fig. 13.16£). O apêndice apresenta uma variação
cendente se funde com o peritônio parietal desta parede e desa considerável dc posição. Durante o alongamento do cólon ascen
parece; conseqüentemente, o cólon ascendente também sc torna dente, o apêndice pode assumir uma posição posterior ao ceco
retroperitoneal (Fig. 13.15# e E ). (apêndice retrocecal), ou ao cólon (iapêndice retrocólico). Pode
O cólon aumentado comprime o duodeno contra a parede também descer sobre a margem da pelve (apêndice pélvico). Em
abdominal posterior; como resultado, a maior parte do mesenté cerca de 64% das pessoas, o apêndice tem localização retrocecal
rio do duodeno é absorvida (Fig. 13.15C, D e F ). Conseqüente (Moore. 1992).
mente, o duodeno, exceto mais ou menos os 2,5 cm iniciais (de
rivados do intestino anterior), não tem mesentério e situa-se
retroperitonealmente. Outros derivados da alça do intestino mé
dio (p. ex., o jejuno e o íleo) mantem seus mesentérios. O me
sentério se prende, inicialmente, no plano mediano da parede
abdominal posterior (Fig. 13.13fí e C). Depois do desaparecimen
As anomalias do intestino são comuns; a maioria é constituída por
to do mesentério do cólon ascendente, o mesentério do intestino
anomalias da rotação do intestino — rotação defeituosa do intesti
delgado, em forma de leque, adquire uma nova linha de inser no — que resulta da rotação e/ou da fixação incompleta do intesti
ção, que vai da junção duodenojejunal, ínfero-lateralmente, até no.
a junção ileocecal (Fig. 13.I5D).
Onfalocele Congênita
Grande Jejuno
omento
Cólon descendente
Estômago
Nivel do corte B
Pâncreas
Grande omento
(cam adas não fundidas) Duodeno
Cólon transverso o
seu mesentério
Flexura esplênica
Flexura
Grande
Jejuno Goteiras
Estômago
Nível do corto E
Pâncreas
descendento
Grande omento
Duodeno
(cam adas fundidas)
Cólon
Mesentério do
cólon sigmóido
Cólon transverso
■ Fig. 13.15 Fixação do intestino. A, Vista ventral do intestino antes dc sua fixação, II. Corte transversal ao nível mostrado em A. As setas indi
cam as áreas dc fusão subseqüente. C. Corte sagital no plano mostrado cm A. ilustrando o grande omento pendendo sobre o cólon transverso. As
setas indicam as áreas de fusão subseqüente. I), Vista ventral do intestino depois de sua fixação. E. Corte transversal ao nível mostrado em D.
após o desaparecimento do mesentério do cólon ascendente e do cólon descendente. /•', Corte sagital no plano mostrado em I) ilustrando a fusão
do grande omento com o mesentério do cólon transverso c a fusão das camadas do grande omento.
SISTEM A DIGESTIVO ■ 239
terminal
Tênia do
cólon
Pedículo vitelino
A
descendente
terminal
da abertura do
Ceco dentro do ceco
■ Fig. 13.16 Desenhos mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento do ccco c do apêndice vermiforme. A, Seis semanas, fí, Oito sema
nas. C, Doze semanas. D, Ao nascimcnto. Observe que o apêndice é relativamente longo c é contínuo com o ápicc do ceco. F„ Adulto. Observe
que o apêndice é agora relativamente curto e fica situado do lado mediai do ccco. Em cerca dc 64% das pessoas, o apêndice está localizado pos
teriormente ao ceco (retrocecal). Em cerca de 32% das pessoas, ele aparece tal como é ilustrado cm E. A tênia do cólon é uma faixa espessada
longitudinal dc músculo na parede do cólon, que termina na base do apêndice.
cavidade abdominal durante a 10“ semana. A cobertura do saco da mo gastrosquise, que significa literalmente “ estômago fendido ou
hérnia é o epitélio do cordão umbilical, um derivado do âmnio. aberto” , é um nome impróprio, porque a fenda está na parede abdo
minal anterior e não no estômago. O defeito usualmente ocorre do
Hémia Umbilical lado direito, próximo ao plano mediano, e é mais comum no sexo
masculino que no feminino. A anomalia resulta do fechamento in
Quando o intestino retoma à cavidade abdominal, durante a 10.* se completo das pregas laterais, durante a quarta semana (ver Cap. 6).
mana, e depois faz uma hérnia por um umbigo imperfeitamente fe A exposição a drogas e substâncias químicas ambientais poderia es
chado, forma-se uma hémia umbilical. Este tipo comum de hémia é tar envolvida na formação da gastrosquise.
diferente da onfalocele. Na hémia umbilical, a massa que faz a pro
trusão (usualmente o grande omento e parte do intestino delgado) é Ausência de Rotação do Intestino Médio
coberta por tecido subeutâneo e pele. A hémia usualmente não atin
ge seu tamanho máximo antes do final do primeiro mês após o nas Esta condição, relativamente comum, às vezes chamada de cólon do
cimento. Usualmente, ela varia de 1 a 5 cm. O defeito por onde a lado esquerdo, é geralmente assintomática, mas pode ocorrer a tor
hémia ocorre está na linea alba (Moore, 1992). A hémia faz protru ção dos intestinos ( vôlvulo) (Fig. 13.20A). A nâo-rotação ocorre
são durante o choro, esforço para evacuar ou tosse, e pode ser facil quando a alça do intestino médio nfio gira quando retoma ao abdo
mente reduzida através do anel fibroso do umbigo. Usualmente, me. Como resultado, o ramo caudal da alça retoma primeiro ao ab
somente é feita intervenção cirúrgica quando a hémia persiste até a dome, e o intestino delgado fica do lado direito do abdome e todo o
idade de 3 a 5 anos (Kliegman, 1996). intestino grosso à esquerda. Quando ocorre um vôlvulo, a artéria me
sentérica superior pode ser obstruída, resultando em infarto e gan
Gastrosquise grena do intestino por ela suprido.
Esta anomalia está entre as mais comuns entre os defeitos congêni Rotação e Vôlvulo Mistos
tos da parede abdominal (Fig. 13.19). A gastrosquise resulta de um
defeito próximo ao plano mediano da parede abdominal ventral. O Nesta condição, o ceco se situa imediatamente inferior ao piloro do
defeito linear permite a extrusâo das vísceras abdominais sem en estômago e é fixado à parede abdominal posterior por faixas
volver o cordão umbilical. As vísceras fazem uma protrusão dentro peritoneais que passam sobre o duodeno (Fig. 13.205). Estas faixas
da cavidade amniótica e são banhadas pelo fluido amniótico. O ter e o vôlvulo do intestino usualmente causam obstrução duodenal.
240 ■ SISTEMA DIGESTIVO
Local do figado
dentro do saco
Âmnio
revestindo
a onfalocele
Intestino
Parede anterior do
abdome
Cordão
■ Fig. 13.17.4, Fotografia de uma criança recém-nascida com onfalocele. (Cortesia do Dr. NE Wiseman, Pediatrie Surgeon, Childrcn’s Hospi
tal. Winnipcg, Manitoba. Canadá.) fí. Desenho da mesma criança com uma grande onfalocele resultante dc um defeito mediano dos músculos
abdominais, das fáscias c da pele na região do umbigo. O defeito resultou na formaçào de uma hérnia das cstnituras intra-abdominais (fígado e
intestinos) para dentro da extremidade proximal do cordão umbilical. Ela está coberta por uma membrana composta por peritônio c âmnio. Em
alguns casos, a onfalocele pode .ser uma persistência do estágio embrionário normal da hérnia umbilical.
■ Fig. 13.19/1, Fotografia dc uma criança recém-nascida com um defeito da parede abdominal anierior — a gastrosquise. O defeito era relati
vamente pequeno (2 a 4 cm) c envolvia todas as camadas da parede abdominal. Estava localizado à direita do umbigo. B, Fotografia da criança
após as vísceras serem recolocadas no abdome c o defeito corrigido cirurgicamente. C, Ultra-sonograma de um feto (20 semanas dc gestação)
com gastrosquise. Podem ser vistas as alças do iniestino delgado flutuando livremente no líquido amniótico (seta), anteriormente ao abdome
fetal, à esquerda. (A e B, Cortesia do Dr. A E Chudley, Section of Genetics and Metabolism, Department of Pediatrics and Child Health, Children’s
Hospital, Winnipeg, Manitoba, Canadá. C, Cortesia do Dr. CR Harman, Department of Obstetrics. Gynecology and Reproduetive Services. Women *s
Hospital and University of Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canadá.)
242 ■ SISTEMA DIGESTIVO
Este tipo de má rotação ocorre quando a alça do intestino médio não na sua posição fetal (Fig. 13.20D). O ceco e o apêndice subepáticos
completa os 90° finais da rotação (Fig. 13.13D); conseqüentemente, são mais comuns no sexo masculino e ocorrem em cerca de 6% dos
a parte terminal do fleo retoma primeiro para o abdome. fetos. O ceco subepático não é comum em adultos; no entanto, quan
do ocorre, pode criar um problema no diagnóstico da apendicite e
Rotação Inversa durante sua remoção cirúrgica (aptndicectomia).
Em casos muito pouco usuais, a alça do intestino médio gira em dire Ceco Móvel
ção horária em vez de anti-horária (Fig. 13.20Q. Disto resulta que o
duodeno fica anterior à artéria mesentérica superior (AM S), em vez Em cerca de 10% das pessoas, o ceco tem uma mobilidade incomum.
de posteriormente a esta, e o cólon transverso fica posterior à AMS, Em casas muito pouco usuais, ele pode fazer uma hémia dentro do
em vez de anterior. Nestas crianças, o cólon transverso pode ser canal inguinal direito. Um ceco móvel resulta da fixação incomple
obstmído pela pressão da AMS. Em casos muito raros, o intestino del ta do cólon ascendente. Esta situação é clinicamente significativa por
gado fica do lado esquerdo do abdome, e o intestino grosso fica do lado causa das variações possíveis da posição do apêndice (Moore. 1992)
direito, cora o ceco no centro. Esta situação insólita resulta da má rota e porque pode ocorrer torção ou vôlvulo do ceco.
ção do intestino médio seguida pela falta de fixação do intestino.
Hémia Interna
Ceco e Apêndice Subepáticos
Nesta anomalia, o intestino delgado passa para dentro do mesenté
Quando o ceco aderir à superfície inferior do fígado, ao retomar para rio da alça do intestino médio, durante o retomo do intestino para o
o abdome (Fig. 13.13D), ele é tracionado em direção superior quan abdome (Fig. 13.20£). Disto resulta a formação de um saco seme
do o fígado diminui de tamanho; disto resulta que o ceco permanece lhante ao de uma hémia. Esta condição, muito incomum, usualmen-
Duodeno
Vôlvulo
(torção do
intestino)
Fígado
Duodeno Obstrução
Ceco e apêndice
duodenal
Vôlvulo (torção)
do intestino
Saco interno
da hérnia
■ Fig. 13.20 Desenhos ilustrando várias anormalidades da rotação do intestino médio. A. Falta de rotação, ti. Rotação c vôlvulo mistos. C. Ro
tação inversa. D, Ceco e apêndice subepáticos. E, Hémia interna. F, Vôlvulo do intestino médio.
SISTEM A DIGESTIVO ■ 243
Divertículo do íleo e Outros Resquícios do das pela falta de recanalização normal; em conseqüência, formam-
Pedículo Vitelino se duas luzes (Fig. 13.24E a /). O segmento duplicado fica do lado
mesentérico do intestino.
Esta evaginação é uma das anomalias mais comuns do trato digesti
vo (Fig. 13.21). Um divertículo congênito do íleo (divertículo de
Meckel) ocorre em 2 a 4 % das pessoas (Moore, 1992) e é três a cin
co vezes mais freqüente no sexo masculino do que no feminino. Um
INTESTINO POSTERIOR
divertículo do íleo tem significado clínico, porque às vezes se infla
ma e causa sintomas que imitam os da apendicite. A parede do di Os derivados do intestino posterior são os seguintes:
vertículo contém todas as camadas do íleo e pode conter pequenas
• Do terço esquerdo até a metade do cólon transverso; o
regiões dispersas de tecido gástrico e pancreático. A mucosa gástri
ca freqüentemente secreta ácido, produzindo ulceraçâo e sangramen cólon descendente e o cólon sigm óide; o reto e a parte
to (Fig. 13.22-4). O divertículo do fleo é um resquício da porção pro superior do canal anal
ximal do saco vitelino. Ele aparece, tipicamente, como uma bolsa • O epitélio da bexiga e da maior parte da uretra (ver Cap.
digitiforme com 3 a 6 cm de comprimento, que surge da borda an- 14)
timesentérica do íleo (Fig. 13.18), distante 40 a 50 cm da junção
Todos estes derivados do intestino posterior são supridos pela
ileocecal. Um divertículo do íleo pode estar unido ao umbigo por
um cordão fibroso, ou por uma fístula umbllicolleal (Figs. 13.22# artéria mesentérica inferior, a artéria do intestino posterior. A
e C e 13.234 e B)\ outros resquícios possíveis do pedículo vitelino junção do segmento do cólon transverso, derivado do intestino
estão ilustrados na Fig. 13.22D a F. médio, com o que se origina do intestino posterior é indicada pela
alteração do suprimento sangüíneo de um ramo da artéria me
Duplicação do Intestino sentérica superior (a artéria do intestino médio) para o de um ramo
da artéria mesentérica inferior (a artéria do intestino posterior).
A maioria das duplicações intestinais é de duplicações císticas ou
O cólon descendente toma-se retroperitoneal quando seu mesen
tubulares. As duplicações císticas são mais comuns (Fig. 13.244 e
B). As duplicações tubulares geralmente se comunicam com a luz tério se funde com o peritônio na parede abdominal posterior
intestinal (Fig. 13.24Ce D ). Quase todas as duplicações são causa- esquerda e desaparece (Fig . 13.15). O mesentério do cólon sig
móide é mantido, mas é mais curto que o do embrião.
2 4 4 ■ SISTEM A DIGESTIVO
Abertura extema no
Divertículo do (leo
Umbigo
■ Fig. 13.22 Desenhos ilustrando os divcrtículos do íleo (M cckcl) c outros remanescentes do saco vitelino. A, Corte do íleo c dc um divertículo
com uma úlcera, fí. Um divertículo unido ao umbigo por um cordão fibroso. C, Fístula umbilicoileal resultante da persistência de toda a porção
imra-ahdominal do pedículo vitelino. D. Cistos vitelinos no umbigo e em um resquício fibroso do pedículo vitelino. E. Seio umbilical resultante
da persistência do pedículo vitelino perto do umbigo. /■', O pedículo vitelino persistiu como um cordão fibroso unindo o íleo com o umbigo. Uma
artéria vitelina persistente sc estende ao longo do cordão fibroso até o umbigo.
■ Fig. 13.23 A, Fotografia do abdome de uma criança com uma fístula umbilicoileal. Uma sonda foi inserida dentro da fístula, que se estende do
umbigo até o íleo (uma distância de cerca dc 5 cm), fí. A fístula retirada apresenta uma saliência de aspecto granulomatoso na extremidade ileal.
(De A ver)1M E e Taeusch HW: Schaffers Diseasex of the Newbom. 5lh ed. Philadelphia. W B Saundcrs, 1984. p. 383.)
SISTEMA DIGESTIVO ■ 245
Nivel do
Intestino corte G
Nivel do
Cisto nào se corte I
Cisto comunica com
o intestino
delgado
Vacúolos se
formam Intestino normal
Luz
Paredes musculares
Estágio maciço fundidas
do desenvolvimento
Duplicação intestinal
I
■ Fig. 13.24,4, Duplicação cística do intestino delgado. Observe que a duplicação fica do lado mcscntcrico c recebe ramos das artérias que
irrigam o intestino, fí, Corte longitudinal da duplicação mostrada em .4. Ela não sc comunica com o intestino, mas sua musculatura é contínua com
a parede intestinal. C. Duplicação tubular curta do intestino delgado. D, Duplicação longa do intestino delgado mostrando um tabique constituído
pela parede muscular fundida. K, Corte transversal do intestino durante o estágio compacto. F, Formação normal de vacúolos. G. Coalcsccncia
dos vacúolos e nova formação da luz. H, Formaram-se dois grupos de vacúolos. /, A coalescência dos vacúolos ilustrados em H resulta na dupli
cação intestinal.
Mesênquima
médio
- Septo urorretal
Intestino Pregueamento
posterior interno da parede
posterior da cloaca
urorretal
Nível do corte B,
Cloaca
Proctodeu
Seio urogenital
- Septo urorretal
Pregueamento da parede
lateral da cloaca
urorretal
Nível do corto D.
Membrana cloacal
urorretal
Proctodeu
Perineo
urorretal
Nível do corto F,
anal
Membrana anal
■ Fig. 13.25 Desenhos ilustrando os estágios sucessivos da divisão da cloaca no reto e no seio urogenital pelo septo urorretal. A, C e E, Vistas
do lado esquerdo com 4,6 e 7 semanas, respectivamente. R. I) e F, Ampliações da região cloacal. R,. D , c F.. Secções transversais da cloaca nos
níveis mostrados em ti. I) e F, respectivamente. Note que a cauda do intestino (mostrada cm li) degenera c desaparece quando o reto se forma da
parte dorsal da cloaca (mostrada cm C).
SISTEMA DIGESTIVO ■ 247
pressão ectodérm ica — o p roctod eu , ou fosseta anal (Fig . A s diferenças do suprimento sangüíneo, nervoso e da drena
13.25/T). A membrana anal usualmente se rompe ao final da o i gem venosa e linfática do canal anal são clinicam ente importan
tava semana, fazendo com que a parte distai do trato digestivo tes (M oore, 1992), quando se consideram as metástases (disse
(o canal anal) entre em comunicação com a cavidade amniótica. minação) de células tumorais. As características dos carcinomas
nas duas partes também diferem. Os tumores da parte superior
são indolores e surgem do epitélio colunar, enquanto os da parte
CANAL ANAL
inferior são dolorosos e surgem do epitélio pavimentoso.
ao segmento dilatado do cólon. O cólon aumentado — megacólon meninos (Fig. 13.29Fe G). Mais de 90% das anomalias anorretais
(do grego megas, grande) — tem um número normal de células baixas estão associadas a uma fístula extema. A agenesia anal com
ganglionares. A dilatação resulta da ausência dc peristaltismo no uma fístula resulta da separação incompleta da cloaca pelo septo
segmento aganglionar, que impede a movimentação do conteúdo in urorretal.
testinal. Na maioria dos casos, apenas o reto e o cólon sigmóide es
tão envolvidos, mas, ocasionalmente, os gânglios também estão Estenose Anal
ausentes das partes mais proximais do cólon. O megacólon congê
nito é a causa mais comum de obstrução neonatal do cólon e perfaz O ânus está na sua posição normal, mas ele e o canal anal são estrei
33% de todas as obstruções neonatais, sendo as crianças do sexo mas tos (Fig. 13.295). Esta anomalia é causada, provavelmente, por um
culino afetadas mais freqüentemente do que as do sexo feminino pequeno desvio do septo urorretal quando este cresce caudalmente
(4:1). O megacólon congênito resulta da não-migração de células da para se fundir com a membrana cloacal. Conseqüentemente, o canal
crista neural para a parede do cólon, entre a quinta e a sétima sema anal e a membrana anal são pequenos. Às vezes, somente uma pe
nas. Isto resulta na falta de desenvolvimento das células gangliona quena sonda pode ser inserida dentro do canal anal.
res parassimpáticas dos plexos de Auerbach e de Meissner. Desco
nhece-se por que algumas células da crista neural não completam Atresia Membranosa do Ânus
sua migração.
O ânus está na posição normal, mas uma camada delgada de tecido
Ânus Imperfurado e Anomalias Anorretais separa o canal anal do exterior (Figs. 13.28 e 13.29Q . A membrana
é bastante delgada para fazer uma saliência ao esforço para evacuar,
O ânus imperfurado ocorre cerca dc 1 vez em cada 5.000 crianças e parece azulada devido à presença de mecônio acima dela. Esta ano
recém-nascidas c é mais comum nas do sexo masculino (Figs. 13.28 malia resulta da falta de perfuração da membrana anal ao final da
e 13.29C). A maioria das anomalias anorretais é causada pelo de oitava semana.
senvolvimento anormal do septo urorretal, resultando na separação
incompleta da cloaca em porções urogenital c anorretal (Fig. 13.29A). Agenesia Anorretal com ou sem Fístula
Normalmente, existe uma comunicação temporária entre o reto e o
canal anal, dorsalmente, e a bexiga e a uretra, ventralmente (Fig. Esta anomalia e as que sc seguem são classificadas como anomalias
13.25Ç), mas esta se fecha quando o septo urorretal se funde com a altas da região anorretal. Quando a agenesia anorretal está presente, o
membrana cloacal (Fig. 13.25E). As lesões são classificadas como reto termina superior ao músculo puborretal. Este é o tipo mais co
“ baixas” ou “ altas” , dependendo de a terminação do reto ser supe mum de anomalia anorretal, constituindo cerca de dois terços dos
rior ou inferior ao músculo puborretal (Moore, 1992). As seguintes defeitos anorretais. Apesar de o reto terminar em fundo cego, há usu
são anomalias baixas da região anorretal. almente uma fístula para a bexiga <fístula retovesical) ou uretra (fístula
retouretral), no sexo masculino, ou para a vagina (fístula retovaginal),
Agenesia Anal com ou sem Fístula ou para o vestíbulo da vagina (fístula retovestibular), no sexo femini
no (Fig. 13.29F e G). A eliminação de mecônio ou dc flatos (gás) na
O canal anal pode terminar em fundo cego, ou pode haver uma aber urina é diagnóstica de uma fístula retourinária A agenesia anorretal
tura ectópica (ânus ectópfco). ou uma fístula anoperfneal que, co com uma fístula resulta da septação incompleta da cloaca pelo septo
mumente, se abre no períneo (Fig. 13.29D e E). O canal anormal urorretal. Nos meninos recém-nascidos com esta condição, o mecônio
pode, no entanto, abrir-se na vagina, nas meninas, ou na uretra, nos (fezes) pode scr observado na urina, enquanto as fístulas nas meninas
resultam na presença de mecônio no vestíbulo da vagina.
Atresia Retal
Reto
D F
Reto proximal
Atresia
retal
H
Uretra I Fosseta anal
Reto distai Canal anal
Fístula retouretral
■ Fig. 13.29 Desenhos ilustrando vários tipos dc anomalia anorretal. A, Cloaca persistente. Observe a saída comum para os tratos intestinal,
urinário e reprodutor, fí, Estenose anal. C. Atresia anal membranosa (ânus coberto). D e /;, Agencsia anal com fístula permeai. F . Agencsia anorretal
com fístula retovaginal. G, Agencsia anorretal com uma fístula retourctral. H e i, Atresia retal.
tura do dueto biliar), ao fígado, ao pâncreas e ao aparelho biliar. luz do duodeno é restaurada. A obstrução do duodeno também
Como a traquéia e o esôfago têm uma origem comum do intes (XkIc scr causada por um pâncreas anular.
tino anterior (ver Cap. 12). acom partim cntação incompleta pelo O pâncreas se desenvolve dos brotos pancreáticos. dorsal e
septo traqueoesofágico resulta em estenoses e atresias, com ou ventral, que se originam do revestimento endodérmicodo intes
sem fístulas entre estas estruturas. tino anterior. Quando o duodeno efetua seu movimento de rota
O divertículo iiepâtico. primórdio do fígado, da vesícula b ili ção para a direita, o broto pancreático ventral se desloca dorsal-
ar e do sistema de duetos biliares. c uma evaginação do revesti mente c sc funde com o broto pancreático dorsal. O broto pan
mento epitelial do intestino anterior. Os cordões epiteliais hepá- creático ventral forma a m aior parte da cabeça do pâncreas, in
ticos e os primórdios do sistvnut b ilia r. que se originam do d i clusive o processo uncinado. O broto pancreático dorsal forma
vertículo hcpático, crescem para dentro do septo transverso. Entre o resto do pâncreas. Em alguns fetos, os sistemas de duetos dos
as camadas do mesentério ventral, derivado do septo transver dois brotos não se fundem e forma-se um dueto pancreático
so. estas células prim ordiais sc diferenciam no parênqubna do acessório.
fígado e no revestimento dos duetos do sistema biliar. O intestino médio dá origem ao duodeno (distai ao dueto bi
A atresia duodenal congênita resulta da falta de vacuolização liar). ao jejuno. fico, ceco, apêndice vermiforme, cólon ascen
e do processo de recanalização. após o estágio compacto normal dente e cólon transverso, da sua metade direita até aos dois ter
do duodeno. Usualmente, estas células epiteliais degeneram e a ços. C) intestino médio forma uma alça intestinal em forma dc U
250 ■ SISTEMA DIGESTIVO
251
252 ■ SISTEM A UROGENITAL
■ C) sistema urogenital pode ser dividido funcionalm ente no 14.28). Os pronefros rudimentares logo degeneram: no entanto,
sistema urinário (excretor) e no sistema genital (reprodutor). em sua maioria, os duetos pronéíricos persistem e são utilizados
Embriologicamente, estes sistemas estão intimamente associa pelo próximo conjunto de rins.
dos. Anatomicamente, também são intimamente associados, es
pecialmente no adulto do sexo masculino; por exemplo, a uretra M esonefros. Estes grandes órgãos alongados aparecem ao final
transporta tanto a urina quanto o sêmen. Apesar de estes siste da quarta semana, caudalmente aos pronefros rudimentares (Fig.
mas serem separados no sexo feminino adulto normal, a uretra e 14.2). Eles são bem desenvolvidos e funcionam como rins inte
a vagina se abrem num espaço, ou cavidade, comum — o vestí- rinos até que os rins permanentes se desenvolvam (Fig. 14.3).
bulo da vagina — entre os pequenos lábios (M oore. 1992). Os rins mesonéfricos são constituídos por glomérulos e túbulos
() desenvolvimento das adrenais é descrito neste capítulo por mesonéfricos. Os túbulos se abrem no dueto mesonéfrico. ori-
duas razões: ginariamente o dueto pronéfriCo. O dueto mesonéfrico se abre
na cloaca. Os mesonefros degeneram ao final do primeiro trimes
■ Elas estão intimamente relacionadas com os pólos superi
tre: no entanto, seus túbulos se tomam os duetos eferentes dos
ores dos rins.
testículos, e os duetos mesonéfricos têm vários derivados adul
• A hiperplasia congênita da adrenaf (C A H ) causa virili-
tos no sexo masculino.
zação (m asculinização) da genitália fem inina externa,
como aumento de tamanho do clitóris.
M etanefros. Os metanefros ou rins perm anentes começam a
O sistema urogenital se desenvolve do mesoderma intermediá desenvolver-se no início da quinta semana e iniciam seu funcio
rio, que se estende ao longo da parede dorsal do corpo do em namento ccrca dc 4 semanas mais tarde (Behrm an et al., 1996).
brião (Fig . I4 .M e fí). Durante o fechamento do corpo do em A form ação de urina é contínua por toda a vida fetal. A urina é
brião no plano horizontal (ver Cap. 6), este mesoderma c tracio- excretada na cavidade amniótica. onde se mistura com o líquido
nado ventralmente e perde sua conexão com os somitos (Fig . am niótico. Um feto maduro engole várias centenas de m ililitros
14.1Q. Uma elevação longitudinal do mesoderma — a crista de líquido am niótico por dia, que é absorvido pelo intestino. Os
urogenital — se forma a cada lado da aorta dorsal (Fig . 14.1 D a produtos de excreção são transferidos, através da membrana pla
F ). Esta crista dá origem a partes dos sistemas urinário e genital. centária. para o sangue materno para ser eliminado. Os rins per
A parte da crista urogenital que dá origem ao sistema urinário é manentes se desenvolvem de duas fontes:
o cordão, ou crista, nefrogênico (Fig. 14.1Ca F ): a parte que
• O divertículo metanéfrico, ou broto ureteral
dá origem ao sistema genital é a crista genital ou gonadal.
• A m assa m etanéfrica do m esoderm a interm ediário
(blastema metanefrogênico)
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA O divertículo metanéfrico é uma evaginação do dueto meso-
URINÁRIO néfrico perto de sua entrada na cloaca, e o mesoderma metanéfri
co deriva da parte caudal do cordão nefrogênico (Fig. 14.4). Am
O sistema urinário começa a desenvolver-se antes do sistema bos os primórdios do metanefro são de origem mcsodermica. Ver
genital. () sistema urinário é constituído pelas seguintes estrutu Bard (1996) para informações sobre os mecanismos moleculares
ras: da morfogênese renal. Foi relatada a expressão do padrão de mais
dc 2(X) genes associados aos rins, mas sua funçãoé em grande parte
• Os rins, que excretam urina
desconhecida. O divertículo metanéfrico, ou broto ureteral. é
• Os ureteres, que levam a urina dos rins para a bexiga
o primórdio do ureter, pelve renal, cálices e túbulos coletores (Fig.
• A bexiga, que armazena a urina temporariamente
14.4C a E ). A o alongar-se, o divertículo penetra no mesoderma
• A uretra, que leva a urina da bexiga para o exterior
metanéfrico. induzindo a formação da massa metanéfrica dc
mesoderma intermediário sobre sua extremidade expandida (Fig.
Desenvolvimento dos Rins e dos Ureteres 14.4#). Oligossacarídeos, ligados a N, da superfície celular, pare
cem ser importantes para esta interação indutiva entre o broto ure
Três conjuntos de órgãos excretores, ou rins. se desenvolvem nos teral e o mesoderma metanéfrico (Flem ing. 1990). A haste do di
embriões humanos: vertículo metanéfrico se transforma no ureter, e sua extremidade
cefálica forma a pelve renal.
• O pronefro
Os túbulos coletores retos passam por repetidas ramificações,
• O mesonefro
formando gerações sucessivas dc túbulos coletores. As primeiras
• O metanefro
quatro gerações de túbulos crescem e se tomam confluentes, for
O primeiro conjunto de rins — os pronefros — é rudimentar e mando os grandes cálices (Fig. 14.4C a E ), e as segundas quatro
não funcionante. É análogo aos rins dos peixes prim itivos. O gerações coalesccm para formar os pequenos cálices. As gerações
segundo conjunto de rins — os mesonefros — é bem desenvol remanescentes dos túbulos formam os túbulos coletores. A extre
vido e funciona por um tempo breve; é análogo aos rins dos an midade de cada túbulo coletor arqueado induz grupos de células
fíbios. O terceiro conjunto de rins — os metanefros — vem a ser mesenquimais da massa metanéfrica do mesoderma a formar pe
os rins permanentes. quenas vesículas metanéfricas (Fig. 14.5A). Estas vesículas sc
alongam c sc transformam cm túbulos metanéfricos (Fig. 14.58
Pronefros. Estas estruturas, transitórias e não funcionais, apa e C ). À medida que estes túbulos renais se desenvolvem, suas
recem nos embriões humanos no início da quarta semana. São extremidades proximais são invaginadas por glomérulos. Um cor
representadas por alguns aglomerados de células e estruturas púsculo renal (glomérulo e cápsula de Bowm an) e seu túbulo
tubulares tortuosas na região do pescoço (Fig. 14.24). Os due contorcido proximal. alça de Henle e túbulo contorcido distai cons
tos pronéíricos correm caudalmentc e abrem-se na cloaca (Fig . tituem um néfron (Fig. I4.5D). Cada túbulo contorcido distai entra
SISTEMA UROGENITAL ■ 253
Á r e a c a r d io g è n ic a
M e s o d e rm a
p a ra x ia l n e u ra l
P la c a n o u ra l M e s o d e rm a
in te r m e d iá rio
e m b rio n á rio
S u lc o n e u ra l
P re g a n e u ra l
N ív e l d o
c o r le B
Espaços
c e lô m ic o s
M e s o d e r m a la te r a l
B o rd a c o rta d a
do ám m o N o to c o rd a
E s p a ç o s c e lô m ic o s
C ris ta S o m ito
A o r ta d o r s a l A o r ta d o rs a l
P la n o d o
c o r te D
C o r d ã o n e fr o g ô n ic o S o m a to p le u r a
P e d ú n c u lo N o to c o rd a
de C e lo m a
fix a ç ã o in tra -e m b r io n á r io
T u b o n e u ra l
G â n g lio e s p in h a l e m d e s e n v o lv im e n to
 m n io (c o r ta d o )
C ris ta
C o r d ã o n e fr o g ê m c o
C e lo m a
in tra -e m b r io n á r io In te s tin o m é d io
P la n o d o
c o rte F
C e lo m a e x tr a - e m b r io n á r io
S a c o v ite lin o
■ Fig. 14.1 Vista dorsal dc um embrião durante a terceira semana (ccrca dc IH dias), fí, Corte transversal do embrião mostrando a posição do
mesoderma intermediário antes do dobramento lateral do embrião. C, Vista lateral de um embrião durante a quarta semana (cerca de 24 dias). /),
Corte transversal do embrião, após o início do dobramento, mostrando os cordões nefrogênicos do mesoderma. E, Vista lateral dc um embrião
mais adiantado na quarta semana (cerca de 2(>dias). F, Corte transversal do embrião mostrando as pregas laterais sc encontrando ventralmente na
linha media. Observe a posição das cristas urogenitais e dos cordões nelrogênicos.
254 ■ SISTEM A UROGENITAL
S o m ito s c e rv ic a is
D u e to p r o n é fr ic o e m
d e g e n e ra ç ã o
P ro n e fro
P ro n e fro
n e fr o g ê n ic o
M e s o n e fr o
Dueto
P r im ó r d io h e p á tic o
C a n a l v ite lin o
M e ta n e fr o
A la n tô id e
T ú b u lo s m e s o n é fr ic o s
C lo a c a
D iv e r tíc u lo m e ta n é fr ic o o u b r o to u re te ra l
A B
■ Fig. 14.2 Desenhos esquemáticos ilustrando os três conjuntos dc sistemas exeretores em um embrião durante a quinta semana. A, Vista lateral.
H. Vista ventral. Os túbulos mesonéfricos foram deslocados lateralmente: sua posição normal é mostrada cm A.
%
em contato com um túbulo coletor arqueado e ambos os túbulos 14.7A). A medida que o abdome e a pelve crescem, gradativa
se tomam confluentes. Rntre a I0.a e a 18* semana de gestação, o mente os rins se situam no abdome e se afastam um do outro (Fig.
número dc glomérulos aumenta gradativamente; a seguir, ele au 14.7# e C ). Eles atingem sua posição adulta pela nona semana
menta rapidamente até a 32 * semana, quando é atingido seu lim i (Fig . 14.7D). Esta “ m igração" (ascensão relativa) resulta sobre
te superior (Gasser et al., 1993). tudo do crescimento do corpo do embrião caudal aos rins. De fato,
O túbulo urinífero é constituído por duas panes embriolo- a parte caudal do embrião cresce afastando-se dos rins, de modo
gicamentc diferentes (Figs. 14.4 e 14.5): que estes ocupam progressivamente níveis m aiscefálicos. Final
mente, atingem sua posição retroperitoneal (externa ou posteri
• () néfron, derivado da massa metanéfrica do mesoderma
or ao peritônio) na parede posterior do abdome. Inicialm ente, o
• O túbulo coletor, derivado do divertículo metanéfrico
hilo do rim, local de entrada e saída dos vasos e nervos, fica di
Estudos em culturas de tecidos mostraram que a ramificação do rigido ventral mente; no entanto, ao “ ascender” , o rim gira medi-
divertículo m etanéfrico depende da indução pelo mesoderma almente quase 90°. Na nona semana, o hilo está dirigido ântero-
metanéfrico, c que a diferenciação dos néfrons depende da in medialmente (Fig . I4.7C e D).
dução pelos túbulos coletores (M oore c Persaud, 1998).
Os rins fetais são subdivididos em lobos, visíveis externa
mente (Fig . 14.6). Esta lobulação dim inui ao final do período ALTERAÇÕES DO SUPRIMENTO
fetal, mas os lobos ainda estão indicados nos rins dc uma crian SANGÜÍNEO DOS RINS
ça reccm-nascida. Usualmente, a lobulação desaparece durante
Durante sua “ ascensão” da pelve, os rins recebem seu suprimento
a primeira infância à medida que os néfrons aumentam e cres
sangüíneo dos vasos que lhes estão mais próximos. Inicialm en
cem. O caráter lobular dos rins não é evidente nos adultos; no
te, as artérias renais são ramos das artérias ilíacas comuns (Fig.
entanto, cm casos muito raros, os lobos são reconhecíveis exter
14.7/4 e li). Continuando sua “ ascensão” , os rins recebem seu
namente, tal como em certos anim ais (p. cx., no boi). A termo,
suprimento sangüíneo da extremidade distai da aorta. Quando
cada rim contém 800.(XX) a 1.000.000 dc néfrons. O aumento de
atingem um nível mais alto, recebem novos ramos da aorta (Fig.
tamanho dos rins após o nascimcnto resulta, sobretudo, do alon
14.7C e D ). Normalmente, os ramos caudais sofrem involuçãoe
gamento dos túbulos contorcidos proximais de Henle, bem como
desaparecem. Quando os rins entram cm contato com as adre-
de um aumento do tecido intersticial. Acredita-se, atualmente,
nais na nona semana, sua “ ascensão” cessa. Os rins recebem seus
que a form ação dos néfrons esteja com pleta ao nascimento
ramos arteriais mais cefálicos da aorta abdominal; estes ramos
(Behrm an et al., 1996), exceto nas crianças prematuras. A ma
sc tomam as artérias renais permanentes.
turação funcional dos rins ocorre após o nascimento. A filtração
glomerular começa em torno da nona semana fetal c a taxa de
filtração aumenta após o nascimento.
p 1 1( 4
Mesonefro inicial
Dueto mesonéfrico
Fígado em
desenvolvimento Nível do
Mesentério dorsal
corte B
Intestino
Intestino posterior Cordáo nefrogènico
módio
nefrogênico
Cloaca
A Broto ureteral
Dueto mesonólrico
Vesícula mesonéfrica
Parede
do
corpo
Epitélio celomático
Cavidade peritoneal
dorsal
Intestino módio
Túbulo mesonéfrico
Veia
cardinal
posterior
mesonéfrico
Plexo
Cápsula de capilar
Bowman
Túbulo
mesonéfrico
Dueto mesonéfrico
Primórdio da gónada
(testículo ou ovário)
■ Fig. 14.3/4. Esboço dc uma vista lateral de um embrião de 5 semanas mostrando a extensão do mesonefro e do primórdio do metanefro. ou rim
permanente, fí, Secção transversal deste embrião mostrando os cordões ncfrogcnicos. dos quais sc originam os túbulos mcsonéfricos. C a F, Es
boços de secções transversais mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento de um túbulo mesonéfrico entre a 5.* e a II .* semanas. Note que
o acúmulo dc células mesenquimais do cordão nefrogênico adquire uma luz, formando, desta maneira, uma vesícula mesonéfrica. Esta vesícula
toma-se, logo. um túbulo mesonéfrico em forma de S e se estende, lateralmente, para unir-sc ao dueto proncfrico. agora chamado dueto mesoné-
frico. A extremidade mediai, expandida, do túbulo mesonéfrico é imaginada por vasos sangüíneos, formando a cápsula glomerular (cápsula de
Bowman). O grupo de capilares, que se projeta dentro da cápsula, é o glomérulo.
256 ■ SISTEMA UROGENITAL
Dueto mesonéfrico
Massa metanéfrica do
mesoderma
Pelve renal
Mesonefro
Grande cálice
em desenvolvimento
Pequeno cálice
Pelve renal
Cordáo nefrogènico
Dueto mesonéfrico
Cloaca
mesenquimais
Massa metanéfrica do
Divertículo Massa metanéfrica do mesoderma
metanéfrico ou mesoderma intermediário
broto ureteral Sulco entre
os lobos
Primórdio do metanefro (rim permanente)
Túbulo
coletor
reto
■ Fig. 14.4 Desenvolvimento do metanefro, ou rim permanente. A, Esquema de uma vista lateral de um embrião dc 5 semanas, mostrando o
primórdio do metanefro. B a £'. Esquemas mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento do divertículo metanéfrico, ou broto ureteral (cinco
a oiio semanas). Observe o desenvolvimento do ureter, da pelve renal, dos cálices c dos túbulos coletores.
tinuamente durante a vida embrionária e o início da vida fetal (Fig. mais comuns. Muitas anormalidades do trato urinário fetal podem
14.7). Uma única artéria renal para cada rim está presente em cerca ser detectadas por ultra-sonografia antes do nascimento (Mahony,
de 70% das pessoas. Cerca dc 25% dos rins adultos têm duas a qua 1994).
tro artérias renais (Moore, 1992). As artérias renais acessórias
(supranumerárias) usualmente surgem da aorta, superiores ou infe Agenesia Renal
riores à artéria renal principal, e a seguem até o hilo (Fig. 14.&4 e
B). As artérias renais acessórias podem entrar nos rins diretamente, A agenesia renal unilateral é relativamente comum, ocorrendo
usualmente no pólo superior ou inferior. Uma artéria acessória, ao cerca de 1 vez em cada 1.000 crianças recém-nascidas (Fig. 14.9A).
dirigir-se para o pólo inferior, pode cruzar, anteriormente, o ureter e As crianças do sexo masculino são afetadas mais freqüentemente, e
obstruí-lo, causando hidronefrose — distensão da pelve e dos cáli o rim esquerdo é usualmente o que está ausente. A ausência unilate
ces por urina (Fig. 14.8/f). Quando a artéria entra pelo pólo inferior ral de um rim em geral não causa sintomas c, usualmente, não é
do rim direito, usualmente ela cruza, anteriormente, a veia cava in descoberta durante a infância, pois o outro rim geralmente sofre hi
ferior e o ureter. É importante ter cm mente que as artérias acessóri pertrofia compensatória e desempenha a função do rim ausente. A
as renais são artérias terminais; conseqüentemente, se uma artéria agenesia renal unilateral deve ser suspeitada em crianças com uma
acessória for lesada ou interrompida, a parte do rim suprida pela única artéria umbilical (ver Cap. 8). Quando descoberta durante a
artéria pode ficar isquemiada. As artérias acessórias são cerca de duas infância, a agenesia usualmente é detectada durante uma avaliação
vezes mais comuns que as veias acessórias (Fig. 14.8C c D). para outras anomalias congênitas, ou por causa de sintomas do trato
urinário (Mahony, 1994).
A agenesia renal bilateral está usualmente associada ao oligoi-
drâmnio (ver Cap. 8) porque pouca ou nenhuma urina é excretada
na cavidade amniótica (Peipert c Donnenfeld, 1991). O volume di
minuído do líquido amniótico, na ausência de outros fatores causais,
como a rotura das membranas fetais, alerta o ultra-sonografista para
Rins e dos Üreteres a procura dc anomalias do trato urinário (Mahony, 1994). A ausên
cia bilateral dos rins ocorre cerca dc 1 vez cm 3.000 nascimentos e
Alguma anormalidade dos rins e dos üreteres ocorre em 3 a 4% das é incompatível com a vida pós-natal. Estas crianças têm um aspecto
crianças recém-nascidas. As anomalias de forma e posição são as facial característico: os olhos são muito separados e têm pregas
SISTEMA UROGENITAL ■ 257
Cápsula do rim
Túbulo
coletor
reto
Local do contato
■ Fig. 14.5.4 a D. Desenhos esquemáticos ilustrando estágios da ncfrogênese — <>desenvolvimento dos néfrons. A. A nefrogênese começa em
tomo do início ila oitava semana, /i e C\ Observe que os túbulos metanéfricos, os primórdios dos néfrons, tornam-se contínuos com os túbulos
coletores, formando os túbulos uriníferos. I), De 20 semanas a 38 semanas, o número de néfrons aumenta para mais do dobro. Observe que os
néfrons derivam da massa metanéfrica do mesoderma, e que os túbulos coletores derivam do divertículo metanéfrico.
Adrenais
Gònada
Locais
, das
'antigas
arlérias
Artéria
renais
renal
Dueto
mesonéfrico
Rim esquerdo
Gônada
Ureter Ureter
* Fig. 14.7 A a D. Vistas ventrais esqucmáticas du região ubdominopelvica de cnihriòcs e fetos i sexta e nona semanas) mostrando a rotação
mediai e a "ascensão" dos rins, da pelve para o abdome. A e tf, Observe também a regressão do tamanho dos mesonefros. C e l>. Observe que,
durante sua "ascensão” , os rins são supridos por artérias em níveis sucessivamente mais altos, e que a posição final do hilo do rim (onde entram
os vasos e os nervos) é ánlero-medial.
Aorta
Aorta
C
■ Fig. 14.8 Desenhos ilustrando variações comuns dos vasos renais. A o tf, Artérias nmais múltiplas. Observe os vasos acessórios entrando nus
pólos do rim. A artéria renal polar cm tf obstruiu o ureter e produziu uma pelve renal aumentada. C e D, As veias renais múltiplas são menos
comuns que as artérias supranunterárias.
SISTEMA UROGENITAL ■ 259
Adrenal
Rim dividido
Adrenal
Adrenal
Rins
fundidos
Ureteres
Ureter bífido
Rim duplo
O rim esquerdo
Divisão completa do migrou
broto ureteral para o lado direito
Adrenal
Rim supranumeráno
Rim discoidal (om panqueca)
Dois brotos ureterais
Fusão dos
rins
■ Fig. 14.9 Desenhos ilustrando várias anomalias do sistema urinário. O pequeno esquema embaixo, à direita de cada desenho, ilustra a possível
base embriológica da anomalia. A. Agencsia renal unilateral, fí. Lado direito, rim pélvico; lado esquerdo, rim dividido com ureter bífido. C. Lado
direito, rotação defeituosa do rim; lado esquerdo, ureter bífido e rim supranumerário. ü . Ectopia renal cruzada. O rim esquerdo cruzou para a
direita c fundiu-se com o rim direito. E. Rim discoidal resultante da fusão dos rins enquanto estavam na pelve. F. Rim esquerdo supranumerário
resultante do desenvolvimento de dois brotos ureterais.
SISTEMA UROGENITAL ■ 261
■ Fig. 14.10 Fotografias de um rim em ferradura resultante da fusão dos pólos inferiores dos rins enquanto estavam na pelve. A, Vista anterior.
fí, Vista posterior. O rim direito, maior, tem um ureter bífido.
■ Fig. 14.11 Fotografias dc um rim duplicado com dois ureteres e duas pelves renais. Esta anomalia congênita resulta da divisão incompleta do
divertículo metanéfrico, ou broto ureteral. A. Corte longitudinal do rim mostrando duas pelves e cálices renais, fí, Superfície anterior do rim.
262 ■ SISTEMA UHOGENIIAL
urogenital primitivo
Mesonefro Mesonefro
urorretal
B
cloacal
Mesonefro
vesical
Dueto mesonéfrico
Seio urogenital
pélvica Metanefro
(formando o rim
Parte fálica permanente)
Ureter
rnesonéfnco Gónada
Mesonefro Mesonefro
Metanefro
Metanefro
Ureter
Bexiga
Dueto mesonéfrico
Ureter
Porção pélvica do
Roto soio urogenital
Úraco
Tuba uterina
Bexiga
Ovário
Ureter
Utero
Uretra Canal
defe rente
H CT
■ Fig. 14.12 Esquemas mostrando a divisão da cloaca em seio urogenital e reto; absorção dos duetos mesonéfricos: desenvolvimento da bexiga,
uretra e úraco; e alterações <lsi localização dos ureteres. A, Vista lateral da metade caudal dc um embrião de 5 semanas, li. />c /•'. Vistas dorsais.
C. E. (J c H. Vistas laterais. Os estágios mostrados cm G e H são atingidos na 12." semana.
SISTEMA UROGENITAL ■ 263
Cordão umbilical
Úraco
Bexiga
B e x ig a
Uretra
Um aumento anormal das células do córtex da adrenal resulta na
produção excessiva de andrógeno durante o período fetal. Nas me
ninas, isto causa usualmente a masculinização da genitália extema
e o aumento do clitóris, por exemplo (Fig. 14.19). As crianças do
■ Fig. 14.14 Esquemas ilustrando anomalias do úraco. A, Cistos do sexo masculino afetadas têm genitália extema normal e podem não
úraco. O local mais comum é na extremidade superior do úraco. imedia ser reconhecidas no período pós-natal. Mais tarde, durante a infân
tamente inferior ao umbigo. B , Dois tipos de seio do úraco estão ilus cia, em ambos os sexos, o excesso de andrógeno leva ao crescimen
trados: um se abre na bexiga; o outro sc abre no umbigo. C, Úraco com to rápido e à maturação acelerada do esqueleto (Thompson et al.,
luz. ou fístula do úraco unindo a bexiga com o umbigo. 1991). A síndrome adrenogenital associada à CAH sc manifesta
sob várias formas clínicas, que podem ser correlacionadas com de
ficiências enzimáticas da biossíntese do cortisol. A hiperplasia con
gênita da adrenal é constituída por um grupo de distúrbios recessi
Desenvolvimento da Uretra vos autossômicos, que resultam na virilização dos fetos femininos.
Ela é causada por uma mutação determinada geneticamente do gene
A maior parte do epitélio da uretra masculina e de toda a uretra femi do citocromo P450c21-esteróide 21-hidroxilasc, que causa uma de
nina deriva do endoderma do seio urogenital (Fig. 14.17: ver tam ficiência das enzimas do córtex da adrenal necessárias à biossíntese
bém Fig. 14.12). A parte distai da uretra masculina deriva da placa dc vários hormônios esteróides. A produção reduzida de hormônio
da glande. Esta placa ectodérmica cresce da ponta da glande do pênis resulta na liberação aumentada do hormônio adrenocorticotrópico,
que causa hiperplasia da adrenal e superprodução de andrógenos
até encontrar-se com a parte da uretra esponjosa derivada da parte
pelas adrenais hiperplásicas.
fálica do seio urogenital (Fig. 14.1 IA a C). A placa da glande torna-
se canalizada e une-se ao resto da uretra esponjosa; conseqüentemen
te, o epitélio da parte terminal da uretra deriva do ectoderma da su
perfície. O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra, em ambos DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
os sexos, derivam do mesênquima esplâncnico adjacente. GENITAL
Apesar dc o sexo cromossômico e genético de um embrião ser
DESENVOLVIMENTO DAS ADRENAIS determinado no momento da fertilização pelo tipo de esperma
tozóide que fecunda o ovócito (ver Cap. 3), as características
O córtex e a medula das adrenais (supra-renais) têm origerfri d i m orfológicas masculinas e femininas só começam a desenvol
ferentes (Fig . 14.18/4 a H ). O córtex se.desenvolve do mesoder ver-se na sétima semana. Nos dois sexos, os sistemas genitais
SISTEMA UROGENITAL B 265
■ F ig . 1 4 .1 5 Fotografias dc crianças com extrofia da bexiga. Por causa do fechamento defeituoso da parte inferior da parede abdominal anterior
e da parede anterior da bexiga, esta aparece como uma massa evertida, saliente, em posiçào inferior ao umbigo. A, Menino. Também está presente
cpispádia, c o pênis (seta) é pequeno e achatado. (Cortesia do Dr. CC Fcrguson. Children’s Hospital, Winnipeg, Manitoba, Canadá.) B, Menina
com extrofia vesical c um discreto prolapso (seta) do reto. (Cortesia do Dr. Inncs Williams. Genitourinary Surgeon, The Hospital for Sick Chil-
dren, London, Inglaterra.)
iniciais são semelhantes; por este m otivo, o período inicial do na. Nos embriões com um complemento cromossômico sexual
desenvolvimento genital é chamado de estágio indiferenciwlo do X X , o córtex da g ô n a d a in d ife r e n c ia d a se desenvolve num
desenvolvimento sexual. ovário e a medula regride. Nos embriões com um complemento
cromossômico sexual X Y , a medula se diferencia em testículo e
o córtex regride, exceto restos vestigiais (ver Quadro 14.1).
Desenvolvimento das Gônadas
Pedículo de fixação
Cloaca
Tubérculo genital
bífido (dividido)
Tubérculo genital
cloacal
cloacal
Úraco umbilical
Bexiga
Sulco uretral
uretral
dorso
do falo
Orifícios ureterais
Umbigo
Mucosa da
bexiga
Linha branca
Bexiga
■ Fig. 14.16 A, C c Estágios normais do desenvolvimento da parede abdominal infru-uinbilical e do pênis daquarta à oitava semana. Observe que
mesoderma c. mais tarde. músculo reforçam o ectoderma da parede anterior do abdome em desenvolvimento. B. />e F. Estágios prováveis do desen
volvimento da cxlmlla da be.xiga e da epispádia. Em fí e /), observe que o mesênquima (tecido conjuntivo embrionário) deixa de e.stcndcr-sc para
dentro da parede anterior do abdome, anteriormente à bexiga. Observe também que o tubérculo genital está localizado cm uma posição mais caudal
que o usual c que o sulco uretral se formou na superfície dorsal do pênis. Em F. o ectoderma da superfície c a parede anterior da bexiga se romperam,
resultando na exposição da parede posterior da bexiga. Observe que a musculatura da parede anterior do abdome está presente de ambos os lados do
deleito. (Baseado em Patten BM . Barry A: The genesis of exstrophy of thc bladdcr and epispadias. Am 7 Anal 90:35. 1952.)
SISTEMA UROGENITAL ■ 267
^ lan<le d0 ^ n's
f E c t o d e r m a
Uretra esponjosa
t Parte da glande da
\ / u re tra esponjosa
uretral externo
om desenvolvimento
Prepúcio
sétima semana, as gônadas dos dois sexos são idênticas quanto à
aparência e são chamadas gônadas indifercnciadas (Fig. 14.21).
O desenvolvimento do fenótipo masculino requer um cromosso
ma Y , mas apenas o braço curto deste cromossoma é crítico para
Fossa navicular da uretra
a determinação do sexo. O gene S R Y de um fato r determinante
do testículo (T D F ) foi localizado na “ região determinante do sexo
■ Fig. 14.17 Cortes longitudinais esquemáticos da parte distai do pê
do cromossoma Y ” (Berta et al., 1990: Thompson et al.. 1991).
nis em desenvolvimento, ilustrando o desenvolvimento do prepúcio e
da parie da glande da uretra esponjosa. A, Onze semanas. li, Doze se Dois cromossomas X são necessários para o desenvolvimento do
manas. C, Quatorze semanas. O epitélio da uretra esponjosa tem ori fenótipo feminino. Um certo número de genes c de regiõe,s do cro
gem dupla; a maior parte deriva do endoderma da parte fálica do seio mossoma X tem papéis especiais na determinação do sexo.
urogenital. A parte distai da uretra, que reveste a fossa navicular. deri O cromossoma Y tem um efeito determinante do testículo
va do ectoderma da superfície. sobre a medula da gônada indiferenciada. É o TD F, regulado pelo
m Fig. 14.18 Desenhos esquemáticos ilustrando o desenvolvimento das adrenais. A. Seis semanas, mostrando o primórdio mesodérmico do cór
tex fetal, li, Sete semanas, mostrando a adiçào das células da crista neural. C, Oito semanas, mostrando o córtex letal e o córtex permanente inicial
começando a encapsular a medula. D e E, tstágios subseqüentes do cncapsulamento da medula pelo córtex. F, Recém-nascido, mostrando o
córtex fetal e as duas zonas do córtex permanente. G, Um ano; o córtex fetal já quase desapareceu. //, Quatro anos, mostrando o padrão adulto das
zonas corticais. Observe que o córtex letal desapareceu e que a glândula é menor do que era ao nascimento (F).
268 ■ SISTEMA UROGENITAL
Medula da
adrenal Aofta Gânglio Córtex da
Mesonefro \ \ simpático adrenal
/ Dueto
Dueto mesonéfrico mesonéfrico
Primórdio da gônada
Nivel do corte C
Células
germ inativas
primitivas
Células
germinativas
primitivas
Medula da
adrenal
Mesentério urogenital
Dueto paramesonéfrico
Dueto mesonéfrico
■ Fig. 14.20 A, Esquema de um embrião de 5 semanas ilustrando a migração das células germinativas primitivas da saco vitelino para o embrião.
li, Esquema tridimensional da região caudal dc um embrião de 5 semanas, mostrando a localização e a extensão das cristas gonadais. C. Corte
transversal mostrando o primórdio das adrenais, as cristas gonadais (genitais) c a migração das células germinativas primitivas para as gônadas
em desenvolvimento. I), Corte transversal de um embrião de 6 semanas mostrando os cordões sexuais primários. E, Corte semelhante em um
estágio mais tardio mostrando as gônadas indifcrcnciadas e os duetos paramesonéfricos.
Córtex
Medula da
adrenal | adrenal
Antigos
cordões
sexuais
pnmános
Dueto
paramesonéfrico
'Células
Cordão germinativas
sominifero 'ntest.no postenor Células tino posterior
primitivas
germinativas | 0uct'o CordOos
^primitivas | paramesonéfrico
Mesórquio £
Rede do
Canal do Red© o vário ----
tepldídimo testlcular degenerando
Dueto e túbulo
mesonéfricos
Septo do Folículo
testículo ovariarvo "
primordial Tuba uterina
20 semanas 20 Semanas
Células
Células do estroma
interslioais -----' (lecido conjuntivo)
(de Leydig)
- Ovogónia
Espermaiogônia
Célula folicular
Cóiula do susleniação ou célula de Sertoli
■ Fig. 14.21 Ilustrações esquemáticas mostrando a diferenciação das gônadas indifcrcnciadas de um embrião de 5 semanas (no alto) cm ovários
ou testículos. O lado esquerdo mostra o desenvolvimento dos testículos resultante dos efeitos do fator determinante do testículo (TD F) localizado
no cromossoma Y . Observe que os cordões sexuais primários sc tomam cordões seminíferos, os primórdios dos túbulos seminíferos. As partes
dos cordões sexuais primários, que penetram na medula do testículo, formam a rede testieular. No corte do testículo na parte inferior da figura à
esquerda, observe que há dois tipos de células — as espermatogônias, derivadas das células germinativas primitivas, e as células dc sustentação,
ou de Sertoli, derivadas do mesênquima. O lado direito mostra o desenvolvimento dos ovários na ausência do TDF. Cordões cortieais se estende
ram do epitélio superficial da gônada, e as células germinativas primitivas penetraram nestes. Estas células são os primórdios das ovogônias. As
células folicularcs derivam do mesênquima (tecido conjuntivo primitivo) que separa as ovogônias.
270 ■ SISTEMA UROGENITAL
Ureter
Utrículo prostático
Canai mguinai
Vesícula seminal
Próstata
Glândula bulbouretral
Uretra prostática
Canal deferente
Testículo
Escroto
Gubernácuto
Paradídimo
•Paroóforo
Ureter
Úlero
Placa da vagina
Grande
Paroóforo
Tuba uterina
Dueto de Gartner
Llgamenio redondo
do útero Cistos de Gartner (do dueto)
Canal inguinal
Vagina
■ Fig. 14.22 Desenhos esquemático* ilustrando o desenvolvimento dos sistemas reprodutores masculino c feminino dos duetos genitais c do
seio urogenital. Estruturas vestigiais também são mostradas. A, Sistema reprodutor masculino de um recém-nascido, fí, Sistema reprodutor femi
nino em um feto de 12 semanas. C. Sistema reprodutor feminino em uma menina recém-nascida.
272 ■ SISTEMA UROGENITAL
tos mesonéfricos, aproximam-se um do outro no plano media ponjosa da uretra (Fig . I4.22A). As fibras musculares lisas e o
no, fundindo-se para formar um prim órdio uterovaginal em estroma se diferenciam do mesênquima adjacente. As secreções
forma dc Y (Fig . 14.23A ). Esta estrutura tubular sc projeta para destas glândulas contribuem para o sêmen.
dentro da parede dorsal do seio urogenital e produz, uma eleva
ção — o tubérculo (m iilleriano) do seio (Fig . 14.23B ).
D E S E N V O L V IM E N T O D O S D U C T O S E G L Â N D U L A S
G E N IT A IS F E M IN IN O S
D E S E N V O L V IM E N T O D O S D U C T O S E G L Â N D U L A S
G E N IT A IS M A S C U L IN O S Nos embriões com ovários, os duetos mesonéfricos regridem por
causa da falta de testosterona, e os duetos paramesonéfricos se
As células de Sertoli dos testículos fetais produzem hormônio
desenvolvem devido à ausência de M IS . Apesar dc a testostero
masculinizante (p. ex., testosterona)e M IS, esta última começando com
na ser essencial para estim ular o desenvolvimento sexual mas
6 a 7 semanas. As células intersticiais começam a pixxluzir testostero-
culino, o desenvolvimento sexual feminino não depende da pre
na na oitava semana (DiGeorge, 19%). A testosterona, cuja produ
ção é estimulada pela hCG, estimula os duetos mesonéfricos a forma sença de ovários ou de hormônios. Os duetos paramesonéfricos
formam a maior parte do trato genital feminino. As tubas uteri-
rem duetos genitais masculinos, enquanto o M IS faz com que os due
tos paramesonéfricos desapareçam por transformação epitélio- nas se desenvolvem das partes cefálicas, não fundidas, dos due
mcscnquimal (Hay, 1990). O mesonefro degenera, mas alguas túbulos tos paramesonéfricos (Fig . 14.22B c C ). As porções caudais fun
mesonéfricos persistem c se transformam em duetos eferentes (Fig. didas destes duetos formam o prim órdio uterovaginal. Como
I4.22A). Estes duetos se abrem no dueto mesonéfrico. que se transfor o nome da estrutura indica, ela dá origem ao útero c à vagina
mou no canal do epidídimo nesta região. Distalmente ao epidídimo. (pane superior). O estroma endomctrial e o miométrio derivam
o dueto mesonéfrico adquire um revestimento espesso de músculo liso do mesênquima esplâncnico adjacente.
e transforma-se no canal deferente. Uma evaginação, que cresce la A fusão dos duetos paramesonéfricos também aproxima duas
teralmente da extremidade caudal dc cada dueto mesonéfrico, dá ori pregas peritoncais, que formam os ligamentos largos, direito e
gem à vesícula seminaL Este par de glândulas prtxluz. uma secreção esquerdo, e dois com partim entos p eriton cais — a bolsa
que nutre os espermatozóides. A parte do dueto mesonéfrico entre o retouterina e a bolsa vesicouterina (Fig . 14.25# a D ). A o lon
dueto desta glândula e a uretra toma-se o canal ejaculador. go dos lados do útero, entre as camadas do ligamento largo, o
mesênquima prolifera e diferencia-se em tecido celular — o
Próstata. Surgem m últiplas evaginações endodérmicas da par paramétrio — composto por tecido conjuntivo frouxo e mús
te prostática da uretra, que penetram no mesênquima circundan culo liso.
te (Fig . 14.24). O epitélio glandular da próstata se diferencia
destas células endodérmicas, e o mesênquima associado se dife D E S E N V O L V IM E N T O DA V A G IN A
rencia no estroma denso e no músculo liso da próstata.
O epitélio vaginal deriva do endoderma do seio urogenital, e a
Glândulas Bulbouretrais. Estas estruturas, do tamanho de uma parede fibrom uscular da vagina se desenvolve do mesênquima
ervilha, desenvolvem-se de um par de evaginações da parte es circundante. O contato do primórdio uterovaginal com o seio uro-
Gônadas Mesonefro
Abertura afunilada do
canal paramesonéfrico
Canal mesonéfrico
Canal paramesonéfrico
Selo urogenital
em desen-
Primórdio uterovaginal
■ Fig. 14.23 A, Esquema dc uma vista ventral da parede posterior do abdome de um embrião dc 7 semanas mostrando os dois pares de duetos
genitais presentes durante o estágio indiferenciado do desenvolvimento sexual. B . Vista lateral de um feto de 9 semanas mostrando o tubérculo do
seio (tubérculo müllcriano) na parede posterior do seio urogenital. Este se transforma no hímen. no sexo feminino, e no colículo seminal, no sexo
masculino. O colículo é uma parte elevada da crista uretral na parede posterior da uretra prostática.
SISTEMA UROGENITAL ■ 273
Canal ejaculador G L Â N D U L A S G E N IT A IS F E M IN IN A S A U X IL IA R E S
prostática da uretra E S T R U T U R A S V E S T IG IA IS D E R IV A D A S D O S
D U C T O S G E N IT A IS E M B R IO N Á R IO S
Mesênquima
Evaginações prostáticas
da uretra
Parle esponjosa da uretra A extremidade cefálica do dueto mesonéfrico pode persistir como
um apêndice do epidídimo, que usualmente fica preso à cabeça do
epidídimo (Fig. 14.224). Caudalmente aos duetos eferentes, alguns
túbulos mesonéfricos podem persistir como um pequeno corpo, o
Estroma da glândula paradídimo.
(tecido conjuntivo de
sustentação) ‘ da próstata
prostático
Sexo Feminino
Dueto mesonéfrico
Primórdio
uterovaginal paramesonéfrico
Bulbo sinovaginal
Bexiga
Bolsa retouterina
em degeneração
Ovário
Duetos paramesonéfricos
(primórdio do Priçnórdio
útero) uterovaginal
Remanescente do septo no
útero em desenvolvimento Bexiga
C
■ Fig. 14.25 Desenvolvimento inicial dos ovários c do útero. A. Desenho esquemático dc um corte sagital da região caudal de uni embrião femi
nino dc 8 semanas. B. Corte transversal mostrando os duetos paramesonéfricos aproximando-se um do outro. C. Corte semelhante em um nível
mais caudal ilustrando a fusão dos duetos paramesonéfricos. Um remanescente do septo que, inicialmente, os separa é mostrado. D. Corte seme
lhante mostrando o primórdio uterovaginal, o ligamento largo c bolsas na cavidade pélvica. Observe que os duetos mesonéfricos regrediram.
Tubérculo genital
Tubérculo genital
Membrana cloacal
Saliência labioescrotal
Pregas urogenitais
Estágio indiferenciado
{masculino e feminino idênticos)
□ Saliências labioescrotais
urogenital
Mombrana anal
Placa uretral
Glande do pênis om
desenvolvimento Glande do clitóris em
Ectoderma desenvolvimento
Pregas urogenitais
fundidas
Sulco uretral
Prega urogenital
Sulco uretral
Em inências
labioescrotais
fundidas
Períneo
Placa da
glande
Glande do clitóris
Glande do pênis
Sulco uretral
Sulco uretral Pequeno lábio
Pregas
urogenitais Grande lábio
fundindo-se Bolsa escrotal
Mons pubis
Corpo cavernoso Prepúcio
Onfício
uretral
Uretra esponjosa
externo
Orifício
uretral
Bolsa escrotal externo
vagina
Rafe
(linha de fusão das
pregas urogenitais) Rafe escrotal
(linha de fusão Himen
das saliências
labioescrotais) Comissura labial posterior
■ Fig. 14.26 Desenvolvimento da genitália extema. A e fít F.squemas ilustrando o aspecto da genitália durante o estágio indiferenciado (da quar
ta à sétima semana). C, F.c G, Estágios do desenvolvimento da genitália externa masculina com 9.11 e 12 semanas, respectivamente. À esquerda
estão cortes transversais esquemáticos do penis em desenvolvimento, ilustrando a formação da uretra esponjosa. D. F c H, Estágios do desenvol
vimento da genitália externa feminina com 9. 11 e 12 semanas, respectivamente.
276 ■ SISTEMA UROGENITAL
tra i (Fig . 14.26), que se estende da porção fálica do seio uroge- crescim ento do falo cessa gradativamente e transforma-se no
nital. As pregas urogenitais se fundem uma com a outra ao longo clitóris, um órgão sexual muito sensível. O clitóris, ainda relati
da superfície ventral do pênis, formando a uretra esponjosa (Fig. vamente grande com 18 semanas (Fig . 14.13), desenvolve-se
14.26£, a O ectoderma da superfície se funde no plano me como o pênis, mas as pregas urogenitais não sc fundem, exceto
diano do pênis, formando a rafe peniana e englobando a ureira posteriormente, onde se juntam para formar ofrênulo dos peque
esponjosa do pênis. N a ponta da glande do pênis, uma invagina nos lábios (M oore, 1992). A s partes não fundidas das pregas
ção ectodérmica forma um cordão celular, a placa da glande, urogenitais formam os pequenos lábios. As pregas labioescrotais
que cresce em direção à raiz do pênis até encontrar a uretra es se fundem, posteriormente, para formar a comissura lab ial pos
ponjosa (Fig . 14.I7A). Esta placa se canaliza e se une ü uretra terior e, anteriormente, para formar a comissura lab ial anterior
esponjosa já formada. Isto completa a parte terminal da uretra e e o mons puhis (F ig . 14.26//). A m aior parte das pregas
desloca o orifício uretral extemo para a ponta da glande do pê labioescrotais permanece sem sc fundir e forma duas grandes
nis (Fig . 14.17C). pregas de pele, os grandes lábios, homólogos do escroto.
Durante a 12.' semana, ocorre uma invaginação circular do
ectoderma na periferia da glande do pênis (Fig . 14.17B). Quan
do esta invaginação se rompe, cia forma o prepúcio — uma
cobertura constituída por uma prega de pele (Fig . 14.17C)- Por
algum tempo, o prepúcio é aderente à glande e, usualmente, não
é retrátil ao nascimento. O rompimento das superfícies aderen
A visualização da genitália extema durante ultra-sonografia é clinica
tes normalmente ocorre durante a prim eira infância. Os corpos
mente importante por várias razões, como a detecção de fetos com ris
cavernosos e o corpo esponjoso do pênis se desenvolvem do co de distúibios graves ligados ao X (Thompson et al., 1991; Mahony,
mesênquima do falo. As em inências labioescrotais crescem em 1994). O exame cuidadoso do períneo pode detectar genitália ambí
direção uma à outra e se fundem, formando a bolsa escrotal (Fig. gua. Somente a documentação dos testículos dentro da bolsa escrotal
I4.26£e G). A linha de fusão destas pregas é claramente visível fornece uma determinação 100% segura do sexo, o que não é possível
como a rafe do escroto (Fig . I4.26G ). in utero antes da idade menstruai de 28 a 38 semanas (Mahony, 1994).
Pelo fato de os embriões iniciais terem o potencial dc se desenvolve
rem como machos ou fêmeas, os erros na determinação e na diferenci
DESENVOLVIMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA ação sexual resultam em sexo intermediário — intersexualklade ou
FEMININA hermafroditismo. O hermafrodidsmo implica uma discrepância en
tre a morfologia das gônadas (testículos/ovários) e o aspecto da geni
A fem inização da genitália extema indiferenciada não é bem tália extema. Uma pessoa com a genitália extema ambígua é um
intersexual ou hermafrodlta. As condições intersexuais são classifi
compreendida, mas os estrógenos produzidos pela placenta e
cadas de acordo com o aspecto histológico das gônadas:
ovários fetais parecem estar envolvidos (Fig . 14.260, F c H ) . O
SISTEMA UROGENITAL ■ 277
■ Fig. 14.29 Fotografias dc anomalias penianas. A. Hipospádia da glande. Ksta é a forma mais comum de hipospádia. () orifício <meato) uretral
externo fica no aspecto ventral da glande (seta). Há uma fosseta rasa na glande do pênis no sítio usual do orifício uretral. Observe o grau mode
rado de chordee, causando o encurvamento ventral do pênis. (Dc Jolly H: Diseases of ChUdren, 2"dcd. London, Blackwcll Scicntific Publications.
1968.) R, Hipospádia peniana. O pênis é curto e encurvado (chordee). O orifício uretral externo (seta) está próximo à junção penoescrotal. C.
Hipospádia penoescrotal. O orifício uretral externo (seta) está localizado na junção penoescrotal. D, Epispádia. O orifício uretral externo (seta)
está na superfície dorsal do pênis. (Cortesia do Dr. Inncs Williams. Genitourinary Surgcon. The Hospital for Sick Childrcn, London. Inglaterra.)
280 ■ SISTEMA UROGENITAL
Tuba uterina
Ovário
Corpo do utero
Cérvice
■ Fig . 14.30 Desenhos ilustrando vários tipos de anomalias uterinas. A. Utero e vagina normais, /i. II(em i útero didello) c vagina duplos. (
Utero duplo com vagina única. D. Útero bieórnio. E. Utero bieórnio com corno esquerdo rudimentar, h. Útero septado. C. Utero unicórnio.
SISTEM A UROGENITAL ■ 281
Os canais inguinais formam vias dc passagem para os testículos • A extensão da fáscia transversal se torna a fáscia esper-
descerem de sua posição intra-abdominal, pela parede anterior mática interna.
do abdome, para a bolsa escrotal. Os canais inguinais se desen • As extensões do músculo oblíquo interno c sua fáscia se
volvem em ambos os sexos, pois ambos passam pelo estágio tornam o m úsculo crem aster e sua fáscia.
morfologicamente indiferenciado do desenvolvim ento sexual. • A extensão da aponeurose do oblíquo externo se toma a
Enquanto o mesonefro degenera, um ligamento — o guberná- fáscia esperm ática externa.
culo do testículo — desce do pólo inferior da gônada, de ambos
Dentro da bolsa escrotal, o testículo se projeta para a extremida
os lados do abdome (Fig . 14.3 M ). O gubemáculo passa obliqua
de distai do processo vaginal. Durante o período perinatal, a haste
mente pela parede abdominal anterior em desenvolvimento, no
de conexão do processo é, normalmente, obliterada, isolando a
local do futuro canal inguinal. O gubemáculo se prende caudal-
túnica vaginal como um saco peritoneal relacionado com o tes
mente à superfície intema das eminências labioescrotais (futu
tículo (Fig . 14.31F).
ras metades da bolsa escrotal, ou dos grandes lábios).
O processo vaginal, um aevaginação do peritônio, desenvol
ve-se ventralmente ao gubemáculo e faz uma hérnia através da Descida dos Ovários
parede abdominal ao longo do trajeto formado pelo gubcmácu-
lo (Fig. 14.3 \B a E ). O processo vaginal impele extensões das Os ovários também descem da parede abdominal posterior para
camadas da parede abdominal adiante de si, que formam as pa a pelve, imediatamente inferior à borda pélvica. O gubemáculo
redes do canal inguinal. N o sexo masculino, estas camadas tam fica preso ao útero, perto da inserção da tuba uterina. A parte
bém formam o revestimento do cordão cspermático e do testí cefálica do gubemáculo se toma o ligam ento ovariano. e a par
culo (Fig . 14.3l£ e F ). A abertura nafascia transversalis pro te caudal forma o ligamento redondo do útero (Fig. 14.22C ). Os
duzida pelo processo vaginal se toma o anel inguinal profun ligamentos redondos passam pelos canais inguinais e terminam
do, e a abertura criada na aponeurose oblíqua externa forma o nos grandes lábios. O processo vaginal, relativamente pequeno
anel inguinal superficial (M oore, 1992). no sexo fem inino, é usualmente obliterado e desaparece muito
antes do nascimento.
Descida dos Testículos
Músculos em desenvolvimento
Gubernáculo
Processo
Púbis em vaginal
desenvolvimento
Gubernáculo
D
Pênis (cortado) Teste do gubernáculo
vagmal
Escroto
Oblíquo externo
Oblíquo
Fáscia transversal
Canal
delerente
Cordào espermático
Rem anescente do
pedículo do
processo vaginal
Túnica vaginal
vaginal
Fáscia espermática
extema espermática
Pedículo do processo vaginal
interna
■ Fig. 14.31 Desenhos csqucmáticos ilustrando a formação dos canais inguinais e a descida dos testículos. A. Corte sagital dc um embrião de 7
semanas mostrando o Icstículu untes de sua descida pela parede dorsal do abdome. H c C, Cortes semelhantes, com cerca de 28 semanas, mostran
do o processo vaginal e o testículo começando a passar pelo canal inguinal. Observe que o processo vaginal empurra camadas de fáscias da parede
abdominal ã sua frente. />. Corte frontal de um feto. cerca de 3 dias mais tarde, ilustrando a descida do testículo posterior ao processo vaginal. 0
processo vaginal foi cortado do lado esquerdo para mostrar o testículo e o canal deferente. £. Corte sagital de um recém-nascido mostrando o
processo vaginal comunicando-se com a cavidade peritoneal por um pedículo estreito. F. Corte semelhante de uma criança de l mês de idade após
a obliteração do pedículo do processo vaginal. Observe que as camadas de fáscias estendidas da parede abdominal agora formam os rcvcslimen-
tos do cordào espermático.
SISTEMA UROGENITAL ■ 283
Cavidade peritoneal
Alça intestinal
Canal deferente
Túnica vaginal Processo
vaginal nào
fechado
Gubemáculo
Escroto
Gubemáculo
(primórdio do
ligamento escrotal)
■ Fig. 14.33 Desenhos csqucmáticos de cortes sagitais ilustrando condições resultantes da falta de fechamento do processo vaginal. A, Hémia
inguinal congênita incompleta resultante da persistência da parte proximal do processo vaginal. B . Hérnia inguinal congênita completa para den
tro do escroto resultante da persistência do processo vaginal. A criptorquidia, uma anomalia comumente associada, também c ilustrada. C, Gran
de cisto ou hidrocele que surgiu de uma porção não obliterada do processo vaginal. D. Hidrocele do testículo c do cordão espermático resultante
Ua passagem de líquido peritoneal para dentro de um processo vaginal não fechado.
284 ■ SISTEMA UROGENITAL
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Sistema Cardiovascular
286
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 287
■ O prim eiro dos grandes sistemas que começa a funcionar no ceira semana (Fig . 15. \B e C ). Estes cordões se canalizam, for
embrião é o sistema cardiovascular. O coração e o sistema vas mando os tubos endocárdicos do coração, que sc fundem para
cular prim itivos aparecem na metade da terceira semana do de formar o coração tubular ao final da terceira semana (ver Fig.
senvolvimento embrionário. O coração começa a funcionar no 15.7). O coração começa a bater com 22 a 23 dias (Fig. 15.2).
início da quarta semana. Este desenvolvimento cardíaco precoce Um a influência indutora vinda do endoderma embrionário pa
é necessário porque o embrião, em crescimento rápido, não pode rece estimular a formação inicial do coração (Carlson. 1994). O
mais satisfazer a suas necessidades nutricionais e de oxigênio ape fluxo sangüíneo começa durante a quarta semana c pode ser v i
nas por difusão. Conseqüentemente, ele precisa de um método efi sualizado por ultra-sonografia com Doppler (Fig . 15.3).
ciente para retirar oxigênio e nutrientes do sangue materno c para a
remoção do dióxido dc carbono e dos produtos dc excreção. O sis
tema cardiovascular deriva sobretudo das seguintes estruturas: Desenvolvimento das Veias Associadas
ao Coração
• Mesoderma espláncnico. que forma o primórdio do cora
ção (Fig . 15. lÁ e tí) Três pares de veias drenam para o coração tubular do embrião
• Mesoderma paraxial e lateral próximos aos placódios óticos de 4 semanas de idade (Fig . 15.2):
(áreas de ectoderma espessadas localizadas na metade do
rombencéfalo). dos quais se desenvolvem as orelhas internas • As veias vitelinas transportam sangue pobre em oxigênio
• Células da crista neural, que se originam da região entre as do saco vitelino.
vesículas óticas (primórdios dos labirintos membranosos das • As veias um bilicais transportam sangue rico em oxigênio
orelhas intemas)c os limites caudais do terceiro par dc somitos das vilosidades coriônicas da placenta; apenas a veia um
bilical esquerda persiste.
A formação dos vasos sangüíneos — a angiogênese — está • As veias cardinais comuns transportam sangue pobre em
descrita no Cap. 5. Os vasos sangüíneos prim ordiais não podem oxigênio do corpo do embrião.
ser estruturalmente distinguidos como artérias ou veias, mas são
denominados de acordo com seu destino futuro c suas relações As veias vitelinas seguem pelo pedículo vitelino para o em
com o coração. brião. () pedículo vitelino é o tubo estreito que une o saco vitelino
com o intestino médio (ver Fig. 13.1). Após passarem pelo sep
to transverso, as veias vitelinas desembocam na extremidade
DESENVOLVIM ENTO INICIAL DO venosa do coração — o seio venoso (Fig . 15.4A e li: ver tam
CORAÇÃO E DOS VA SO S bém Fig. 15.2). A medida que o primórdio do fígado cresce para
dentro do septo transverso (ver Cap. 13). os cordões hepáticos
O primeiro sinal do coração é o aparecimento de um par de ca se anastomosam em torno de espaços preexistentes revestidos por
nais endoteliais — os cordões angioblásticos — durante a ter endotélio. Estes espaços, os primórdios dos sinusóides hepáti-
Nível do
corte B
Sítio da
membrana
bucofaríngea
Endoderma embrlonáno Mesoderma espláncnico
Placa neural
Pedículo
Borda cortada Àmnio de fixaçào
do âmnio Celoma pericárdico
de fixação
Placa neural
Alantóide
Cordáo angioblástico Membrana cloacal
■ Fig. 15.1 A, Dcsc da vista dorsal dc um embriáo (cerca dc 18 dias), tí, Corte transversal do embrião demonstrando os cordftes angioblásticos
e sua relação com o celoma pericárdico. C, Corte longitudinal do embriáo ilustrando a relação dos cordões angioblásticos com a membrana bu-
cofaríngca. celoma pericárdico c septo transverso.
288 ■ SISTEM A CARDIOVASCULAR
Aorta dorsal
Arcos aórticos
Arténa umbilical
Cavidade amniótica
Saco aórtico
Coração
Veia vitelina
Saco vitelino
■ Fig. 15.2 Esquema do sistema cardiovascular embrionário (cerca dc 26 dias) mostrando somente os vasos do lado esquerdo. A veia umbilical
leva sangue rico cm oxigênio c nutrientes do córion (parte embrionária da placenta) para o embrião. As artérias umbilicais levam sangue pobre em
oxigênio c com produtos dc excreção para o córion.
cos do fígado, mais turde ligarn-sc às veias vitelinas. A s veias lho através do fígado, permitindo que a maior parte do
hepáticas formam-se dos remanescentes da veia vitelina direi sangue vindo da placenta passe diretamente para o cora
ta, na região do fígado em desenvolvim ento. A veia porta origi ção, sem passar pelas redes capilares do fígado.
na-se de uma rede anastomosada formada pelas veias vitelinas
As veias cardinais (Figs. 15.2 e 15.4/1) constituem o princi
em torno do duodeno (Fig . 15.5#).
pal sistema de drenagem do embrião. A s veias cardinais, anteri
As veias umbilicais correm de ambos os lados do fígado e le
or e posterior, drenam as regiões cefálica e caudal do embrião,
vam sangue rico em oxigênio da placenta para o seio venoso. Com
respectivamente (Fig . 15.4/f). A s veias cardinais anterior e poste
o desenvolvimento do fígado, as veias um bilicais perdem sua co
rior se unem nas veias cardinais comuns, que desembocam no
nexão com o coração e desembocam no fígado. A veia umbilical
seio venoso (Fig. 15.2). Durante a oitava semana do desenvolvi
direita desaparece, ao íinal do período embrionário, deixando a veia
mento embrionário, as veias cardinais anteriores estão unidas por
um bilical esquerda como o único vaso que conduz sangue bem
uma anastomose oblíqua (Fig. 15.5B ), que desvia o sangue da veia
oxigenado da placenta para o embrião. A transformação das veias
card in al an terior esquerda para a d ireita. Esta derivação
um bilicais pode ser resumida do seguinte modo (Fig. 15.5):
anaslomótica toma-se a veia braquiocefáliea esquerda quando
• A veia um bilical direita e a parte caudal da veia um bilical a parte caudal da veia cardinal anterior direita degenera (Figs.
esquerda, entre o fígado c o seio venoso. degeneram. 15.4/> e I5.5C*). A veia cava superior (V C S ) forma-se da veia
• A parte caudal persistente da veia um bilical esquerda tor cardinal anterior direita e da veia cardinal comum direita.
na-se a veia umbilical, que transporta todo o sangue da As veias cardinais posteriores desenvolvem-se prim aria
placenta para o embrião. mente como os vasos do mesonefro e desaparecem, em grande
• Um grande shunt venoso — o dueto venoso — forma-se parte, juntamente com este rim transitório (ver Cap. 14). Os úni
dentro do fígado (Fig . 15.5#) e liga a veia um bilical com cos derivados adultos das veias cardinais posteriores são a raiz
a veia cava inferior (V C I). O dueto venoso forma um ata da veia ázigos e as veias Hiacas comuns. As veias subcardinal e
SISTEM A CARDIOVASCULAR ■ 289
625
■ 625
H2
0 •4f
Decídua basal
Cavidade coriônica
Saco vitelino
■Fig. 15.3/1, Ultra-sonograma dc um embrião dc 5 semanas dc idade (comprimetuo vértex— nádega |CRL|: 7.3 mm) e seu saco vitelino dentro
ilo saco coriônico (gcstacional). O coração pulsante do embrião, em vermelho, foi visualizado com o uso da ultra-sonografia dc Doppler. fí. De
senho esquemático do ullra-sonograma para orientação c identificação das estruturas. (Cortesia do Dr. C. A. Lyons. Professor of Radiology and
Obstetrics and Gynecology, University of Manitoba, Winnipcg. Manitoba. Canadá.)
supracardinal substituem c suplementam, gradativam ente, as I5 .5 C ). Caudalm ente aos rins, a veia supracardinal esquerda
veias cardinais posteriores. As veias subcardinais surgem pri degenera, mas a veia supracardinal direita torna-se a parte infe
meiro (Fig. 15.4/1). Fias estão unidas entre si pela anastomose rior da V C I (Fig . 15.4D).
subcardinal e. com as veias cardinais posteriores, pelos sinusóides
mesonéfricos. As veias subcardinais formam o tronco da veia
renal esquerda, as veias adrenais. as veias gonadais (testiculares DESENVOLVIMENTO DA VEIA CAVA INFERIOR
e ovarianas) e um segmento da V C I (Fig . 15.4D). As veias
supracardinais são o último par de vasos a sc desenvolver. Elas A V C I se forma durante uma série de alterações das veias primitivas
são interrompidas na região dos rins (Fig . I5.4C)- Cefalicamcn- do tronco, ocorrendo quando o sangue que volta da pane caudal do
te a esta região, cias são unidas por uma anastomose representa embrião é desviado do lado esquerdo para o lado direito do corpo.
da, no adulto, pelas veia-s ázigos e hem iázigos (Figs. 15.4/.> e A V C I c composta por quatro segmentos principais (Fig. 15.4C):
290 ■ SISTEM A CARDIOVASCULAR
V. cardinal anterior
Seio venoso
V. cardinal comum
V. cardinal posterior
Anastomose
subcardinal
V. subcardinal
Anastomose através
do mesonefro
{rim primitivo)
Anastomose
venosa iliaca das
vv. pós-cardinais
V. braquiocefálica esquerda
V. jugular
interna direita
V. cardinal V. subclávia esquerda
V, subclávia
comum V. jugular
extema direita
Veias cardinal,
umbilical e vitelina
Veias
subcardmais □ Veias
supracardinais
Segmento
hepático
V. - veia
Vv. - veias
■ Fig. 15.4 Desenhos ilustrando as veias primordiais do tronco do embrião humano (vistas ventrais). Inicialmente, estão presentes três sistemas
de veias: as veias umbilicais provenientes do córion, as veias vitelinas do saco vitelino c as veias cardinais vindas do corpo do embrião. Em
seguida aparecem as veias subcardinais, e. finalmente, desenvolvem-se as veias supracardinais. A , Seis semanas. /?, Sete semanas. C. Oito sema
nas. D , Adulto. Este desenho ilustra as transformações que produzem o padrão venoso adulto. (Modificado de Arey, L B : Developm ental Ano-
tomy, rev. 7th ed. Philadelphia, W B Saunders, 1974.)
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 291
Esffncler no Fígado
dueto venoso
Porção persistente da
veia umbilical esquerda vitelinas formando a veia porta
Placenta
R
Duodeno
Tronco arterioso
Veia oblíqua do
átrio esquerdo
Raiz da veia ázigos
Seio coronário
■ Fig. 15.5 Vistas dorsais do coração cm desenvolvimento. A, Durante a quarta semana (ccrca dc 24 dias), mostrando o átrio primitivo c o seio
venoso, e as veias que drenam para o seu interior, tf. Sete semanas, mostrando o corno direito aumentado do seio venoso c a circulação venosa
através do fígado. Os órgãos nào estão desenhados em escala. C. Oilo semanas, indicando os derivados adultos das veias cardinais.
292 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
• Um segmento hepático derivado da veia hepática (parte pro — que saem do saco aórtico e terminam nas aortas dorsais (Fig.
ximal da veia vitelina direita) e dos sinusóides hepáticos 15.2). Inicialm ente, o par de aortas dorsais corre por todo o com
• Um segmento pré-renal derivado da veia subcardinal di primento do embrião, mas logo se funde, formando uma única
reita aorta dorsal, situada a um nível imediatamente caudal aos ar
• Um segmento renal derivado da anastomose subcardinal- cos faríngeos.
supracardinal
• Um segmento pós-renal derivado da veia supracardinal
ARTÉRIAS INTERSEGMENTARES
direita
Em tomo dc 30 ramos da aorta dorsal, as artérias intersegmen
tares, correm entre os somitos, levando sangue para estes e seus
derivados (Fig . 15.2). As artérias intersegmentares dorsais, na
região cervical. unem-se para formar uma artéria longitudinal de
ambos os lados, a artéria vertebral. A maior parte das cone
Devido às múltiplas transformações que ocorrem durante a forma xões originais das artérias intersegmentares com a aorta dorsal
ção da VCS c da VC I, ocorrem variações da sua forma adulta, mas desaparece. No tórax, as artérias intersegmentares dorsais per
estas não são comuns. A anomalia mais comum é uma VC S persis sistem como as artérias intercostais. A m aioria das artérias in
tente. que drena para o átrio direito por um orifício dilatado do seio tersegmentares dorsais no abdome transforma-se em artérias
coronário (Fig. 15.6), um tronco curto, que recebe a maior parte das lombares, mas o quinto par de artérias intersegmentares lomba
veias cardíacas. A anomalia mais comum da V C I 6 a interrupção de res permanece como as artérias ilíacas com uns (Fig. 15.4D).
seu trajeto abdominal; em conseqüência, o sangue dos membros Na região sacra, as artérias intersegmentares formam as artéri
inferiores, do abdome e da pelve é drenado para o coração pelo sis
as sacras laterais. A extremidade caudal da aorta dorsal toma-
tema das veias ázigos. Para uma discussão das anomalias menos co
se a artéria sacra mediana (M oore. 1992).
muns das veias cavas, ver Moore c Persaud (1998).
Futuro prosencéfalo
Sulco neural 19 arco aórtico
Intestino anterior I
Prega neural / r arco aórtico
1o arco aórtico Faringe primitiva
Miocárdio
Cavidade
pericárdica Átrio
Tubos cardíacos
primordial
endocárdicos"
Geléia cardíaca
^Parede
saco vitelino Q
Sulco neural
13 arco aórtico 2 3 arco aórlico
Prega neural
Tronco
Tronco Futuro
Bulbo arterioso
arterioso ventriculo esquerdo
cardíaco
Ventriculo
Futuro
Átrio
ventriculo
primordial
Átrio d,reit0
primordial
Veia cardinal
Seio
comum
venoso
■ Fig. 15.7 A a C. Ksquemas dc vistas ventrais do coração em desenvolvimento e da região pericárdica (22 a 35 dias). A parede pericárdica
ventral foi removida para mostrar o miocárdio cm desenvolvimento c a fusão dos tubos endoteliais para formar um tubn cndocárdico único. A
fusão começa pelas extremidades cefálicas dos tubos, estendendo-se caudalmente ate que esteja formado um coração tubular único. () endotélio
do tubo cardíaco forma o endocárdio do coração. Ao alongar-se, o coração dobra-se sobre si mesmo, formando um coração cm forma de S {!)
e F.).
tio um único tubo endocárdico íFigs. 15.7/y e C e I5.8D ). A fu na-se o revestimento endotclial interno do coração, ou endocárdio.
são dos tubos endocárdicos começa pela extremidade cefálica do c o miocárdio primordial torna-se a parede muscular do coração,
coração cm desenvolvimento c avança caudalmente. ou miocárdio. O pericárdio visceral, ou epicárdio, deriva dc cé
Quando os tubos cardíacos se fundem, forma-se uma camada lulas mesoteliais. originárias da superfície extema do seio veno
extema do coração embrionário — o miocárdio primordial — so, que se espalham sobre o miocárdio (Fig. 15.8F).
do mesoderma espláncnico, que envolve o celoma pericárdico (Fig. À medida que ocorre o dobramento da cabeça, o coração e a
I5.8# c C). Neste estágio, o coração em desenvolvimento é com cavidade pericárdica passam a situar-se ventralmente ao intesti
posto por um tubo endoteliai delgado, separado dc um tubo mus no anterior e caudalmente à membrana bucofaríngea (Fig. 15.9A
cular espesso, o miocárdio primordial, por tecido conjuntivo ge a C). Concomitantemente, o coração tubular se alonga e forma
latinoso — a geléia cardíaca (Fig. 15.8/)). O tuboendotelial tor dilatações e constriçòes alternadas (Fig . I5 .7 C a F.):
294 ■ SISTEM A CARDIOVASCULAR
Sulco neural
Nivel do Prega neural
Sulco neural corte B Mesênquima
(tecido
Aorta dorsal
Prega neural
Notocorda
3V somito
Ámnio
Prega
Nó primitivo - lateral
Celoma pericàrdico
Linha primitiva (futura cavidade
pericárdica) g
Parede do saco vitelino
Tubo
endocárdico
Mesocárdio dorsal
Aorta dorsal
Àmnio
Parodo do
tubo
Geléia
cardíaca
Miocárdio
Pericárdio parietal
Somito
Seio pericàrdico
transverso Endocárdio
Miocárdio
Seio venoso
Parede cardiaca
Borda cortada do
pericárdio parietal Epicárdio
Nivel do corte F
■ Fig. 15.8,A. Desenho de uma vista dorsal de uni embrião (cerca de 20 dias). R, Corte transversal esquemático da região do coração do embrião
ilustrado em A, mostrando os dois tubos endocárdicos e as pregas laterais do corpo. C, Corte transversal de um embrião um pouco mais adiantado,
mostrando a formação da cavidade pericárdica c os tubos cardíacos fundindo-se. !). Corte semelhante (cerca de 22 dias) mostrando o tubo cardí
aco único suspenso pelo mesocárdio dorsal. F.. Desenho esquemático do coração (ccrca dc 28 dias) mostrando a degeneração da parte central do
mesocárdio dorsal e a formação do seio transverso do pericárdio. /•',Corte transversal do embrião, ao nível mostrado em £. mostrando as camadas
da parede cardíaca.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 295
• Tronco arterioso da cavidade pericárdica (Fig. 15.8E e F ) . Ocoração fica então preso
• Bulbo cardíaco apenas por suas extremidades cefálica e caudal.
• Ventriculo
• Átrio
• Seio venoso Circulação pelo Coração Primitivo
O tronco arterioso tubular é contínuo, cefalicam ente, com o As contrações iniciais do coração originam-se no músculo; isto é,
saco aórtico (Fig. 15.1 OA), do qual surgem os arcos aórtieos. O sào dc origem miogênica. As camadas musculares do átrio e do
seio venoso recebe as veias um bilical, vitelina e as cardinais ventriculo são contínuas, e as contrações ocorrem em ondas se
comuns originárias do córion, do saco vitelino e do embrião, melhantes às peristálticas, originando-se no seio venoso. Inicialmen
respectivamente (Fig . 15.10/?). te. a circulação pelo coração prim itivo é do tipo fluxo c refluxo; no
As extremidades, arterial e venosa, do coração são fixadas pe entanto, ao final da quarta semana as contrações coordenadas do
los arcos faríngeos e pelo septo transverso, respectivamente. Como coração resultam em um fluxo unidirecional. O sangue chega ao
o bulbo cardíaco e o ventriculo crescem mais rapidamente que as seio venoso vindo das seguintes estruturas (Fig . 15.10/4 e B ):
outras regiões, o coração se dobra sobre si mesmo, formando a alça
• Do embrião, pelas veias cardinais comuns
bulboventricular, cm forma dc U (Fig. 15.NE). Quando o coração
• Da placenta em desenvolvim ento, pelas veias um bilicais
primitivo se dobra, o átrio c o seio venoso passam a situar-se dor
• Do saco vitelino, pelas veias vitelinas
salmente ao tronco arterioso, ao bulbo cardíaco e ao ventriculo (Fig.
15.I0A e B ). Neste estágio, o seio venoso já formou expansões O sangue do seio venoso entra no átrio primitivo; o fluxo de sa
laterais, os cornos do selo venoso, direito e esquerdo. ída é controlado por válvulas sinoatriais (Figs. 15.10A e 15.1IA ).
A medida que o coração se alonga c se dobra, gradativamente O sangue então passa pelo canal atrioventricular para o ventrícu-
ele se invagina para dentro da cavidade pericárdica (Figs. 15.SC lo primitivo. Quando o vcntrículo sc contrai, o sangue é bombeado
e D e 15.9C). O coração, inicialm ente, fica suspenso da parede através do bulbo cardíaco e do tronco arterioso, indo para o saco
dorsal por um mesentério, o mesocárdio dorsal, mas a parte cen aórtico, do qual é distribuído para os arcos aórtieos nos arcos
tral deste mesentério logo degenera, formando uma comunicação, faríngeos (Fig. 15.10C). O sangue então vai para as aortas dorsais,
o seio pericárdico transverso, entre os lados direito e esquerdo de onde é distribuído para o embrião, saco vitelino e placenta.
Membrana bucofaríngea
Encéfalo em desenvolvimento
Notocorda
Amnio
Membrana bucofaríngea
Medula espinhal em desenvolvimento
Prosencéfalo em desenvolvimento
Intestino anterior
Septo transverso
Cavidade pericárdica
■ Flg.15.9 Desenhos esquemáticos de cortes longitudinais da metade cefálica dc embriões humanos, durante a quarta semana, mostrando o efeito
da prega cefálica (seta) sobre a posição do coração c de outras estruturas. A c fí, Com o desenvolvimento da prega cefálica, o tubo cardíaco c a
cavidade pericárdica passam a situar-se ventralmente ao intestino anterior e caudalmente à membrana bucofaríngea. C, Observe que as posições da
cavidade pericárdica c do septo transverso sc inverteram uma cm relação à outra. O septo transverso agora sc situa posteriormente à cavidade pericárdica.
onde formará o tendão central do diafragma.
296 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
1V arco aórtico
Áino primitivo
Aorta dorsal
Válvula sinoatrial
Seio venoso
Tronco arterioso
Canal atrioventricular
Bulbo cardíaco
Ventrículo
Tronco arterioso
Átrio primitivo
Bulbo cardíaco
Como esquerdo do soio vonoso
Abertura do seio
venoso dentro do átrio Veia cardinal anterior direita
Aorta dorsal
Saco aórtico
1*1
Arcos aórticos
Borda corlada
do pericárdio
Sulco bulboventricular
Ventrículo
C
■ Fig. 15.10 A, Corte sagital esquemático do coração primitivo (ccrca dc 24 dias), mostrando o fluxo sangüíneo através dele {selas), fi. Vista
dorsal do coração (ccrca de 26 dias), ilustrando os cornos do seio venoso e a locali/ação dorsal do átrio primitivo. C. Vista ventral do coração e
dos arcos aórticos (cerca dc 35 dias). A parede ventral do saco pericàrdico foi removida para mostrar o coração dentro da cavidade pericárdica.
SISTEM A CARDIOVASCULAR ■ 297
Septaçao do Coração Prim itivo coxins endocárdicos, que estão se fundindo, e divide parcial
mente o átrio comum em metades direita e esquerda. A o cres
A septação do canal atriovcntricular, do átrio prim itivo c do ven cer, este septo, semelhante a uma cortina, forma uma grande
trículo começa cm torno da metade da quarta semana e está es abertura — o forâm en prim um (ostium prim um ) — entre sua
sencialmente concluída ao final da quinta semana. Apesar de se borda livre, em form a de crescente, c os coxins endocárdicos
rem descritos separadamente, estes processos ocorrem concomi- (Fig s. 15 .12C e 15.13A a C ). O forâm en primum atua como um
tamemente. shunt, permitindo que o sangue rico em oxigênio passe do átrio
direito para o esquerdo. O forâm en primum torna-se progres
sivam ente menor c desaparece quando o septum primum se
SEPTAÇAO DO CANAL ATRIOVENTRICULAR
funde com os coxins endocárdicos fundidos, formando o sep
to A V p rim itiv o (F ig . 15.13/) e D ,). Antes de o forâm en
Próximo ao final da quarta semana, formam-se coxins endocár
primum desaparecer, aparecem perfurações — produzidas por
dicos nas paredes dorsal e ventral do canal atrioventricular (A V ).
m orte ce lu la r program ada — na parte central do septum
Quando estas m assas de tecido são invadidas por células
primum. Quando o septo se funde com os coxins endocárdicos
mesenquimatosas durante a quinta semana (Fig. 15.11 li), os coxins
já fundidos, estas perfurações coalescem . formando outra aber
endocárdicos A V se aproximam um do oulro c se fundem, d ivi
tura. oforâm en secundum (ostium secundum). Ao mesmo tem
dindo o canal A V em canais A V direito e esquerdo (Fig. 15.11C).
po, a borda livre do septum primum sc funde com o lado es
Hstes canais separam parcialmente o átrio prim itivo do ventrícu
querdo dos coxins endocárdicos fundidos, obliterando o
lo, e os coxins endocárdicos funcionam como válvulas A V .
forâm en primum (Figs. 15.12Z> e 15.13D ). O forâm en secundum
assegura um fluxo contínuo de sangue oxigenado do átrio d i
SEPTAÇÃO DO ÁTRIO PRIMITIVO reito para o esquerdo.
O septum secundum, uma membrana muscular em forma de
Começando ao final da quarta semana, o átrio prim itivo c d iv i crescente, cresce da parede ventrocefálica do átrio, imediatamen
dido nos átrios direito e esquerdo pela formação e subseqüente te à direita do septum primum (Fig . 15.13D x). Com o crescimen
m odificação e fusão de dois septos, o septum primum c o septum to deste septo espesso, durante a quinta e a sexta semanas, ele se
secundum (Figs. 15.1 2A a E e 15.13). superpõe, gradativam ente. ao forâm en secundum do septum
O septum prim um , uma membrana delgada em forma de primum (Fig . I5.13E e F ). O septum secundum forma um tabi
crescente, cresce do teto do átrio prim itivo, cm direção aos que incompleto entre os átrios; conseqüentemente, forma-se uma
Tronco arterioso
Válvula sinoatrial
Seio venoso
Coxins
Átrio primitivo endocárdicos
Canal atrioventricular
Ventrículo primitivo
Septum primum
Plano do corte D
Válvula sinoatrial no
do seio venoso
Forâmen primum
Canal atrioventncular
esquerdo
Coxins endocárdicos fundidos
Coxins endocárdicos
fundidos
■ Fig. 15.11 A a C. Desenhos esquemáticos de cortes sagitais do coração durante a quarta e a quima semanas, ilustrando o fluxo sangüíneo
através do coração e a divisão do canal atrioventricular. D, Corte coronário do coração no plano mostrado em C. Observe que os septos interatrial
e interventricular também começaram a se desenvolver.
298 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Onfício smoattial
Voia cava superior
Tronco arterioso Septum primum
Bulbo cardíaco
Seio venoso
Canais atrioventriculares
(direito e esquerdo)
Atrio
Ventriculo
Ventriculo esquerdo
Plano dos cortes B a fc Septo interventricular
Septum secundum
r oramon
Coxins endocárdicos
fundidos
Septum primum
Canal atrioventncular
Foràmen primum
esquerdo
Foràmen interventricular
Septum secundum
Crista terminal
roram on secundum
Orifício da V C S
Septum primum
Septum secundum
Válvula mitral
Músculos papilares
Válvula tricúspide
Ventriculo esquerdo
■ Fig. 15.12 Desenhos esquemáticos do coração cm desenvolvimento mostrando ;i septação do canal atrioventricular. do átrio primitivo e do
ventriculo. A, llsquema mostrando o plano dos cortes. íi, Durante a quarta semana (cerca de 2K dias), mostrando o aparecimento inicial do septum
prim um , tio septo interventricular e do coxim endocárdico dorsal. ('. Corte do coração (cerca de 32 dias) mostrando perfurações na parte dorsal do
septum prim um . />. Corte do coração (cerca de 35 dias), mostrando oforàm en secundum. h. Cerca dc 8 semanas, mostrando o coração após sua
divisão cm quatro câmaras. A seta indica o fluxo do sangue, rico em oxigênio, do álrio direito para o átrio esquerdo.
SISTEMA CARDIOVASCULAR ■ 299
Septum primum.
Forâmen primum.
Forâmen primum
Coxins endocárdicos
Forâmen secundum.
Septum primum
■ F ig . 15.13 Desenhos esquemáticos ilustrando os estágios progressivos da septação do átrio primitivo. A a H são vistas do septo interatrial em
desenvolvimento tal como é visto olhando-se pelo lado direito. At a //, são cortes coronários do septo interatrial cm desenvolvimento. Com o
crescimento do septum secundum, observe que este se superpõe à abertura do septum primum (forâmen secundum).
300 ■ SISTEMA CARDIOVASCULAR
Foràmen secundum
Foràmen oval
Foràmen oval
■ F ig . 15.13 Cotitim uiçiio. Observe a válvula do foràmen oval cm (1 c H,. Quando a pressão no átrio direito cxccdc a do átrio esquerdo, o sangue
passa do lado direito para o lado esquerdo do coração. Quando as pressões sào iguais, ou quando a pressão ó mais alta no átrio esquerdo, a válvula
formada pelo septum prim um fecha u forámen oval.
V EDIÇÃO
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T.V.N. P E R S A U D , M D , P H D , D S C , F R C P A T H ( L O N D . )
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