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Os seres vivos reproduzem-se de forma a garantir a sobrevivência da sua espécie. Através da reprodução são originados seres
vivos semelhantes aos progenitores. Desta forma é assegurada a substituição da geração anterior. Existem dois tipos
fundamentais de reprodução: assexuada e sexuada.
1. Reprodução assexuada
A reprodução assexuada leva à produção de indivíduos geneticamente idênticos ao progenitor e entre si. Os descendentes com
estas características constituem clones. Neste tipo de reprodução, o processo de divisão celular é a mitose.
2. Reprodução sexuada
A reprodução sexuada possibilita a formação de descendentes diferentes entre si, como consequência da mistura de genes
provenientes dos progenitores. Neste processo de reprodução, duas células, os gâmetas, unem-se para formar a primeira célula
do descendente, o ovo ou zigoto. A união dos gâmetas denomina-se fecundação.
Mecanismo da meiose
A meiose (Figura 14) é um processo de divisão nuclear que permite que uma célula diploide origine quatro células haploides.
Este processo decorre em duas divisões: a divisão I e a divisão II.
A divisão I é reducional, pois, durante as suas quatro etapas, ocorre uma redução do número de cromossomas para metade,
acompanhada por uma redução da quantidade de DNA. No final da divisão I formam-se duas células com n de cromossomas e
2Q de DNA. A divisão II é equacional, pois o número de cromossomas mantém-se, embora o teor de DNA se reduza para
metade. No final desta etapa, cada uma das duas células anteriormente formadas origina duas células, cada uma com n de
cromossomas e Q de DNA.
No final das duas divisões da meiose formam-se quatro células com n de cromossomas e Q de DNA, ou seja, os cromossomas
foram reduzidos para metade e o DNA para 1/4.
Na tabela 9 encontram-se resumidas as principais características de cada uma das etapas da meiose.
Tabela 9 Etapas da meiose
Meiose
Características
Divisão I ou reducional
Os cromossomas começam a condensar, tornando-se cada vez mais grossos, curtos e visíveis.
Os cromossomas homólogos emparelham, originando as ilíadas cromossómicas ou bivalentes. Os genes de cada
cromossoma homólogo justapõem-se, ocorrendo a sinapse. Deste modo, cada bivalente passa a ser constituído por
Prófase I
quatro cromatídios e dois centrómeros, surgindo as tétradas cromatídicas. Durante a sinapse podem originar-se
pontos de quiasma, isto é, pontos de cruzamento/recombinação entre os cromossomas homólogos. Nos pontos de
quiasma pode ocorrer crossing-over, isto é, ocorrer uma troca de segmentos de cromatídios não irmãos de
cromossomas homólogos. O crossing-over é um dos responsáveis pela variabilidade genética, já que altera o
conteúdo genético dos cromossomas homólogos.
Forma-se o fuso acromático, a partir de microfilamentos proteicos, com origem nos centríolos.
A membrana nuclear e os nucléolos desorganizam-se.
É caracterizada pela formação da placa equatorial.
Os bivalentes organizam-se no plano equatorial do fuso acromático, originando a placa equatorial. O plano equatorial
Metáfase I
é definido pelos pontos de quiasma entre os cromossomas homólogos, estando os centrómeros voltados para os
poios opostos.
A orientação dos cromossomas homólogos na placa equatorial é efetuada ao acaso, o que introduz variabilidade
genética nos seres vivos que se reproduzem sexuadamente.
Verifica-se ascensão polar dos cromossomas homólogos. Desta forma, ocorre a separação dos cromossomas
homólogos, migrando cada cromossoma para poios opostos.
Anáfase I
Cada cromossoma passa a ser constituído por dois cromatídios unidos por um centrómero (não ocorre a clivagem dos
centrómeros).
Esta etapa é responsável pela redução cromossómica existente na meiose, assim como do teor de DNA. Durante esta
fase, o número de cromossomas é reduzido para metade (passa de 2n a n), assim como o teor de DNA (passa de 4n a
2n). O núcleo diploide origina, no final da etapa, dois núcleos haploides.
Ocorre reorganização celular.
Telófase I
Ocorre ascensão polar dos cromossomas-filhos. O centrómero sofre clivagem e os cromatídios de cada cromossoma
Anáfase II
separam-se, originando dois cromossomas-filhos. Cada cromossoma-filho passa a ser constituído por um
centrómero e um cromatídio.
Há redução do teor de DNA (passa de 2Q a Q), não existindo alteração do número de cromossomas (n).
A membrana nuclear reorganiza-se à volta de cada conjunto de cromossomas-filhos.
Telófase II
Os nucléolos reorganizam-se.
0 fuso acromático desorganiza-se. Os cromossomas tornam-se cada vez mais finos e flexuosos.
A citocinese pode iniciar-se durante a anáfase II e prolongar-se pela telófase II.
No decorrer da meiose, existe uma redução do número de cromossomas (2n a n) e duas reduções do teor de DNA (4Q a Q). O
número de cromossomas é reduzido a metade durante a anáfase I, quando ocorre a separação dos cromossomas homólogos,
originando-se dois núcleos haploides, já que cada um deles possui apenas um cromossoma de cada par de homólogos. Os
cromossomas passam de 2n a n. No decorrer da anáfase II, não há qualquer alteração no número de cromossomas, pois, nesta
fase, existe separação dos dois cromatídios de um cromossoma, o que origina dois cromossomas--filhos, um para cada núcleo
filho, pelo que se mantém o número de cromossomas. A quantidade de DNA sofre duas reduções. A primeira redução ocorre na
anáfase I e a segunda na anáfase II. No decorrer da anáfase I, o teor de DNA reduz para metade, de 4Q para 2Q, devido à
separação dos cromossomas homólogos, ficando dois núcleos com metade dos cromossomas, logo com metade dos cromatídios
e, por isso, com metade do DNA. Durante a anáfase II, dá-se a separação dos cromatídios e a clivagem dos centrómeros. Como
cada cromossoma-filho é constituído por apenas um cromatídio, então possui apenas uma cadeia de DNA. Desta forma, a
quantidade de DNA passa de 2Q (dois cromatídios) para metade, ou seja, Q (um cromatídio). O valor inicial de DNA na prófase I
deve-se à replicação do DNA durante o período 5 da interface que precedeu a meiose (Figura 15).
Figura 15 Variação do teor de DNA no decorrer da meiose
Meiose
Ocorre em células germinais para a produção de gâmetas ou esporos.
Origina quatro células-filhas germinais, cujo número de cromossomas é metade do da célula-mãe. As células resultantes
possuem apenas um cromossoma (cromatídio) de cada par de homólogos.
Uma célula diploide origina quatro células haploides.
A célula que sofre meiose é sempre diploide.
A informação genética das células-filhas é diferente entre si e a célula-mãe, devido à separação ao acaso dos homólogos e
à ocorrência de crossing-over.
A quantidade de DNA das células-filhas é a quarta parte da célula-mãe.
Há emparelhamento de cromossomas homólogos com possibilidade de crossing-over (prófase I).
Há formação de tétradas cromatídicas (prófase I).
O centrómero só se divide na anáfase II.
Na anáfase I, os centrómeros não se dividem e os cromatídios irmãos não se separam. Sobem aos poios cromossomas com
estrutura dupla, ou seja, cada um com os seus dois cromatídios. Na anáfase II, ocorre a divisão dos centrómeros e sobe aos
poios um cromatídio de cada cromossoma.
Ocorrem duas divisões sucessivas, sendo a divisão II igual à mitose.
Na metáfase I, os cromossomas colocam-se aos pares em placa equatorial. Em cada bivalente, o centrómero de um
cromossoma está voltado para um polo e o centrómero do seu homólogo está voltado para outro polo. O plano equatorial
é definido por quiasmas, ou seja, pontos de ligação entre os cromossomas de cada par.
Os gâmetas são produzidos em estruturas especializadas — as gónadas e os gametângios. As gónadas são as estruturas
responsáveis pela produção de gâmetas nos animais. As gónadas masculinas são os testículos e as femininas são os ovários. Nos
testículos são produzidos os gâmetas masculinos, os espermatozoides, enquanto nos ovários são produzidos os gâmetas
femininos, os óvulos. Nos animais, os gâmetas são haploides, uma vez que resultam do processo meiótico. Os gâmetas
masculinos são pequenos e móveis, enquanto os femininos são maiores e imóveis. Assim, diz-se que, nos animais, existe
anisogamia, isto é, os gâmetas são morfologicamente e fisiologicamente diferentes. Os gametângios são as estruturas
responsáveis pela produção de gâmetas na maior parte das plantas. Os gametângios masculinos são os anterídios e os
femininos são os arquegónios. Nos anterídios são produzidos os gâmetas masculinos, os anterozoides, enquanto nos
arquegónios são produzidos os gâmetas femininos, as oosferas. Em cada arquegónio só é produzida uma oosfera, enquanto
num anterídio se produzem numerosos anterozoides. Estes deslocam-se em ambiente húmido até à oosfera, que se encontra no
interior do arquegónio, onde ocorre a fecundação.
As duas estratégias principais de reprodução sexuada são o hermafroditismo e o unissexualismo. Os organismos hermafroditas
são aqueles que possuem, simultaneamente, os dois sistemas reprodutores (masculino e feminino) e, consequentemente, são
capazes de produzir os dois tipos de gâmetas. Alguns animais e numerosas plantas são organismos hermafroditas. O
hermafroditismo pode ser suficiente ou insuficiente. No primeiro caso, a fecundação ocorre entre os gâmetas provenientes do
mesmo indivíduo, isto é, ocorre autofecundação. No segundo caso, mais frequente, ocorre fecundação cruzada, isto é, verifica-
se troca de espermatozoides entre os dois indivíduos que se cruzam, apesar de ambos possuírem os dois sexos. A
autofecundação é vantajosa em organismos imóveis ou naqueles que têm dificuldade em encontrar parceiros. No entanto, é um
processo que conduz a uma diminuição da variabilidade genética e, consequentemente, a uma diminuição da capacidade de
adaptação às variações ambientais.
A fecundação cruzada é o processo típico de fusão dos gâmetas no unissexualismo. Nos animais unissexuais, a fecundação
cruzada depende da capacidade de mobilidade e do local onde ocorre a fecundação. Assim, se o critério for o local onde ocorre
a fecundação, esta pode ser interna ou externa. A primeira ocorre no interior do organismo da fêmea, enquanto a segunda
ocorre em meio líquido. A fecundação externa exige uma produção abundante de gâmetas, de forma a garantir o sucesso da
fecundação. No entanto, a maioria dos gâmetas perde-se, pelo que este tipo de fecundação é um processo biologicamente
ineficiente. Pelo contrário, a fecundação interna é um processo mais vantajoso, uma vez que, ao produzir menos gâmetas e ao
aumentar a eficiência da fecundação, permite uma poupança dos recursos energéticos e materiais dos organismos envolvidos.
Os ciclos de vida que podemos encontrar nos seres vivos são ciclos de vida haplontes (algas como a espirogira), diplontes
(mamíferos como o Homem) e haplodiplontes (fetos como o polipódio), possuindo cada um destes ciclos de vida características
que os tornam únicos (Tabela 13).
Tabela 13 Diferentes tipos de ciclos de vida
Características Ciclo haplonte Ciclo diplonte Ciclo haplodiplonte
Meiose Pós-zigótica Pré-gamética Pré-espórica
Indivíduo adulto Haploide Diploide Haploide e diploide
Estruturas haploides Indivíduo adulto Gâmetas Indivíduo adulto
(n cromossomas) Gâmetas Gametófito
Gâmetas
Esporos
Estruturas diploides Ovo ou zigoto Indivíduo adulto Indivíduo adulto
(2n cromossomas Gametófito Esporófito
Ovo ou zigoto Ovo ou zigoto
Alternância de fases Existe. Existe. Existe.
nucleares A haplófase é mais A diplófase é a mais A diplófase e a haplófase possuem o mesmo
desenvolvida. desenvolvida. desenvolvimento, tornando-se a diplófase
progressivamente mais desenvolvida.
Alternância de Não Não Gerações esporófita e gametófita com diferentes graus
gerações* de desenvolvimento.
*Considera-se que ocorre alternância de gerações quando existe, em cada uma das fases nucleares, uma entidade adulta multicelular. A geração responsável
pela formação de gâmetas, haploide, é a gametófita. A geração esporófita, diploide, é responsável pela formação de esporos.
A espirogira é uma alga verde (Clorófita) filamentosa e muito simples. Esta alga, que se pode reproduzir assexuadamente e
sexuadamente, possui um ciclo de vida haplonte e, consequentemente, uma meiose pós-zigótica (Figura 16). A espirogira possui
alternância de fases nucleares, pois ao ocorrer meiose e fecundação, mecanismos biológicos complementares, as células passam
de diploides a haploides e vice-versa. A meiose é pós-zigótica, uma vez que ocorreu sobre o zigoto. O indivíduo adulto é
haploide, sendo o zigoto a única célula diploide. Os gâmetas revelam isogamia morfológica e anisogamia funcional, isto é, as
células dadora e recetora são morfologicamente iguais mas funcionalmente diferentes. A espirogira também se reproduz
assexuadamente por fragmentação, quando as condições do meio em que vive são favoráveis.
O Homem é um mamífero que se reproduz sexuadamente, possui um ciclo de vida diplonte e, consequentemente, uma meiose
pré-gamética (Figura 16). O Homem é um ser vivo diplonte, uma vez que a quase totalidade do seu ciclo de vida ocorre na fase
diploide. A meiose é pré-gamética, ou seja, ocorre para a formação dos gâmetas. Os gâmetas (fase haploide), ao fundirem-se,
originam o ovo ou zigoto que, por mitoses sucessivas e por diferenciação celular, origina um indivíduo adulto. O ciclo biológico
do Homem apresenta alternância de fases nucleares, isto é, ocorre uma fase diploide e uma fase haploide. A primeira começa
com a fecundação (fusão dos gâmetas) e termina com a meiose e a segunda começa com a meiose e termina com a fecundação.
As únicas entidades haploides do ciclo biológico do Homem são os gâmetas.
As plantas conhecidas por fetos, como o polipódio, são exemplo de plantas da classe das Filicíneas (Divisão das Traqueófitas).
Estas plantas caracterizam-se por possuírem xilema e floema, apresentarem grandes folhas e disseminarem-se através de
esporos, uma vez que não possuem semente. O polipódio é um ser vivo haplodiplonte, pois possui uma meiose pré-espórica e
um indivíduo multicelular adulto haploide e outro diploide (Figura 16). A meiose decorre nas células-mães dos esporos, no
interior dos esporângios, originando os esporos. O polipódio possui alternância de fases nucleares. A diplófase inicia-se com o
desenvolvimento do ovo e termina com a formação dos esporos durante a meiose. A haplófase inicia-se com o desenvolvimento
de um esporo e termina com a fecundação. A diplófase é constituída pelo zigoto, indivíduo adulto (esporófito), esporângios e
células-mães dos esporos, sendo mais desenvolvida que a haplófase. A fecundação é dependente da água, uma vez que os
anterozoides possuem flagelos para se movimentarem na água em direção à oosfera.
Figura 16 Ciclos de vida
O Homem intervém nos ciclos de vida dos organismos através dos impactes provocados pelas numerosas atividades humanas.
Assim, a intervenção do Homem no ciclo de vida dos animais pode resultar de:
aumento do efeito de estufa, responsável por alterações climáticas que influenciam o ciclo de vida de numerosos
organismos. Se existem organismos que se adaptam às novas condições, existem outros, porém, cujos impactes causados
poderão levar à sua extinção;
acumulação de substâncias tóxicas no ar, solo e água. Algumas destas substâncias poderão intervir diretamente do ciclo de
vida de seres vivos, como, por exemplo, na produção de gâmetas;
destruição de habitats que constituem zonas de reprodução.
Unidade 7 - Evolução biológica
Todos os seres vivos da Terra resultaram da evolução de organismos muito simples, que surgiram há mais de 3 mil milhões de
anos (M.a.). A enorme biodiversidade atual é o resultado de um longo processo de evolução biológica, através da qual a vida
tem passado desde que surgiu.
1. Unicelularidade e pluricelularidade
Existem dois tipos fundamentais de células, de acordo com o grau de organização estrutural — as células procarióticas e as
células eucarióticas. Os organismos constituídos por células procarióticas denominam-se procariontes, enquanto aqueles que
são constituídos por células eucarióticas dizem-se eucariontes (Tabela 14).
Os procariontes surgiram na Terra há, pelo menos, 3500 M.a. e evoluíram sozinhos durante cerca de 2000 M.a. Estes seres vivos
continuam a adaptar-se e a evoluir num planeta em permanente mudança. Os procariontes ocupam uma grande variedade de
habitats e revelam uma grande diversidade de formas e funções. Assim, os primeiros seres vivos foram unicelulares e
procariontes, e é a partir deles que toda a vida evoluiu (Figura 17).
Figura 17 Provável evolução dos seres vivos a partir dos seres procarióticos unicelulares.
O aparecimento dos eucariontes, a partir das células procarióticas, foi o primeiro passo evolutivo. Para explicar o aparecimento
das células eucarióticas, existem duas hipóteses: a hipótese autogénica e a hipótese endossimbiótica (Figura 18 e Tabela 15).
invaginando para o interior da célula procariótica, especializando-se posteriormente. Estas invaginações, depois de
especializadas, originaram os diferentes organitos membranares, que são típicos das células eucarióticas.
As células eucarióticas surgiram a partir de associações endossimbióticas que se estabeleceram entre várias células
Hipótese endossimbiótica
procarióticas. De acordo com esta teoria, o sistema endomembranar surgiu devido a invaginações da membrana
citoplasmática, e as mitocôndrias e os cloroplastos resultaram de um processo evolutivo a partir de células procarióticas
que estabeleceram relações de endossimbiose com células hospedeiras de maiores dimensões, passando a viver dentro
delas. Com o avançar do tempo, estas células perderam grande parte da sua autonomia, tornando-se organitos da
célula hospedeira. Os procariontes ancestrais das mitocôndrias seriam células heterotróficas aeróbias e as dos
cloroplastos seriam células fotossintéticas. Esta é a hipótese mais aceite, pois é fundamentada através da organização
das mitocôndrias e dos cloroplastos. Qualquer um destes organitos possui DNA e ribossomas semelhantes aos das
células procarióticas, possuem as suas próprias membranas internas, além de se dividirem independentemente da
célula que os contém.
O aparecimento da célula eucariótica trouxe vantagens evolutivas aos seres vivos que por elas eram constituídos. Algumas
dessas vantagens são:
aumento do número de cromossomas, o que introduziu uma maior variabilidade genética na célula, logo uma maior
capacidade de adaptação ao ambiente;
o núcleo, como centro coordenador da célula, permitiu um maior controlo das atividades celulares;
o número e a variedade de células eucarióticas aumentou através dos mecanismos de seleção.
Os primeiros indivíduos eucarióticos eram unicelulares, sendo o seu número reduzido quando comparado com os procariontes.
No entanto, como estes eram favorecidos pela seleção natural, o seu número foi aumentando, o que permitiu a formação de
células eucarióticas com características semelhantes. Surgem, deste modo, as colónias de seres unicelulares. Estas colónias
eram constituídas por um conjunto de células sem qualquer interdependência funcional entre elas, isto é, cada célula
continuava a funcionar isoladamente das restantes células.
Posteriormente, começou a surgir uma certa interdependência funcional entre alguns indivíduos, como é o caso da colónia
Volvox (Protista). Esta colónia apresenta interdependência estrutural, mantendo unido um elevado número de células,
possuindo a nível reprodutor uma diferenciação celular, já que algumas das células da colónia têm a função reprodutiva. A
diferenciação que existe é praticamente nula, não se podendo considerar que haja diferenciação de tecidos, e, por isso, a Volvox
não é um ser multicelular. No passado, colónias eucarióticas semelhantes ao Volvox evoluíram, adquirindo sucessivamente,
diferenciação de tecidos, diferenciação de órgãos e, por fim, diferenciação de sistemas. Tornaram-se, assim, organismos
pluricelulares com um grau crescente de diferenciação. Estes indivíduos pluricelulares possuem um elevado número de células
eucarióticas, unidas entre si, por isso com interdependência estrutural, e que apresentam diferenciação de sistemas, possuindo,
por isso, interdependência funcional.
O aparecimento da pluricelularidade trouxe vantagens evolutivas para os seres vivos nos quais esta característica surgiu.
Algumas dessas vantagens são as seguintes:
As dimensões dos seres vivos aumentaram, o que permitiu uma maior especialização de determinados conjuntos celulares
destes seres vivos.
A especialização dos mecanismos energéticos permitiu um melhor aproveitamento energético.
Desenvolveram-se os mecanismos de coordenação das várias funções, permitindo que os seres vivos se tornassem mais
independentes relativamente ao meio.
Permitiu uma maior variabilidade de indivíduos, contribuindo para uma maior adaptação destes ao ambiente.
2. Mecanismos de evolução
De uma forma muito simples, a evolução biológica é a descendência, com modificações, resultante de diferentes gerações a
partir de ancestrais comuns. Esta definição abrange a microevolução — mudanças na frequência de um gene numa população
de uma geração para a seguinte — e a macroevolução — a formação de espécies diferentes, a partir de um ancestral comum, ao
longo de várias gerações.
A evolução biológica não é simplesmente um acumular de mudanças ao longo do tempo. Existem muitos exemplos de mudança
sem que ocorra evolução. Assim, as árvores que perdem as suas folhas e as montanhas que crescem e são erodidas são casos de
mudança, mas não são exemplos da evolução biológica, uma vez que não envolvem a transmissão de características
hereditárias. A ideia central da evolução biológica é que toda a vida na Terra resultou de um antepassado comum. Evolução não
significa superioridade ou perfeição. No essencial, a evolução é uma questão de sobrevivência num meio em constante
alteração.
2.1. Evolucionismo vs. fixismo
Ao longo da História foram propostas duas teorias explicativas da atual biodiversidade: o fixismo e o evolucionismo. Segundo o
fixismo, as espécies são vivas e imutáveis (fixas) e criadas independentemente umas das outras, enquanto para o evolucionismo
as espécies atuais são o resultado de lentas e sucessivas transformações sofridas pelas espécies do passado, ao longo do tempo.
As teorias fixistas mantiveram-se sem contestação até meados do século XVIII, sendo confrontadas com as teorias evolucionistas
a partir do século XIX.
Fixismo
O fixismo corresponde à primeira tentativa de explicação da biodiversidade dos seres vivos. Surgiu numa época em que vigorava
a teoria geocêntrica, em que o mapa-mundo não tinha os contornos de hoje e em que vigorava o poder da religião. Desta forma,
as teorias que surgiam nesta altura refletiam o pensamento da época. Se os seres vivos eram criados por um Deus, então estes
seres eram perfeitos, pois um Deus não produz nada imperfeito e deste modo não necessitariam de mudar. As três correntes
fixistas, explicativas da biodiversidade, têm em comum o facto de não aceitarem alterações nos seres vivos, isto é, estes são
imutáveis, mantendo-se inalterados ao longo dos tempos (Tabela 16).
As teorias evolucionistas tiveram dificuldades de implementação na sociedade, visto que estas revolucionaram as ideias numa
época em que a religião possuía tanto ou mais poder que o Estado. Deste modo, as teorias de Lamarck e, posteriormente, de
Darwin tiveram de apresentar fortes argumentos para provarem o que postulavam.
Lamarck foi o primeiro cientista a apresentar uma teoria explicativa da forma como se processa a evolução dos seres vivos, o
lamarckismo. No entanto, esta teoria, atualmente, só é referenciada devido à sua importância histórica e não pelo seu valor
científico, pois Lamarck foi o primeiro cientista a apresentar uma explicação para a evolução, a explicar os registos fósseis e a
biodiversidade através da evolução, a acreditar que a Terra tinha uma idade muito superior ao que se julgava e a considerar que
a adaptação dos seres vivos ao ambiente foi o fator evolutivo mais relevante.
Da aplicação dos princípios da teoria lamarckista ao exemplo das girafas, temos (Figura 19):
As girafas habitavam meios em que predominavam as plantas herbáceas e arbustivas de que se alimentavam.
Estas girafas, sem qualquer variabilidade intraespecífica, possuíam pescoço e patas curtas.
O ambiente modificou-se, tendo desaparecido a vegetação herbácea e arbustiva e surgindo, de forma predominante, a
vegetação arbórea.
As girafas, para não morrerem de fome, sentiram necessidade de se modificar, de forma a poderem alimentar-se.
Para chegarem às árvores, ou seja, ao alimento, as girafas esticaram continuamente as patas e o pescoço (lei do uso e
desuso), de forma que estes se desenvolveram.
A totalidade das girafas, num tempo relativamente curto, adquiriu novas características, ou seja, o pescoço e as patas
compridas.
As características adquiridas são transmitidas à descendência, que passa a possuir patas e pescoço compridos (lei da
transmissão das características adquiridas).
Charles Darwin foi o cientista que conseguiu implementar a teoria evolucionista como teoria explicativa da biodiversidade. Esta
teoria evolucionista é também conhecida por teoria de Darwin-Wallace, dado que os cientistas, trabalhando
independentemente, chegaram às mesmas conclusões, tendo chegado a partilhar ideias (tabela 17)
Da aplicação dos fundamentos da teoria darwinista ao exemplo das girafas temos (Figura 20):
Existia uma população de girafas que apresentava variabilidade intraespecífica, isto é, umas possuíam o pescoço e patas de
reduzidas dimensões, outras de médias dimensões e outras de grandes dimensões.
Nesta população, o crescimento era controlado pela quantidade e tipo de alimento existente no meio.
Esta população travava uma luta pela sobrevivência, sendo selecionados os seres mais aptos e eliminados os menos aptos.
As girafas que possuíam os pescoços e patas de maiores dimensões estavam adaptadas a um meio em que predominava o
alimento arbóreo, pelo que conseguiam chegar ao alimento, e deste modo sobreviviam.
As girafas que possuíam o pescoço e as patas de menores dimensões estavam menos adaptadas a um meio em que
predominava o alimento arbóreo, pelo que não conseguiam chegar
Ocorreu, deste modo, uma seleção natural, que selecionou os indivíduos mais aptos (as girafas de pescoço e patas de
maiores dimensões) e eliminou os indivíduos menos aptos (as girafas de pescoço e patas de menores dimensões).
Na população de girafas começaram a predominar as girafas de pescoço e patas compridos, pelo que, reproduzindo-se
mais, iriam aumentar de número, enquanto as girafas de pescoço e patas curtos, sendo em menor número, reproduziam-se
menos e o seu número iria diminuir (reprodução diferencial).
A população passou a ser constituída, maioritariamente, por girafas de pescoço e patas compridos, transmitindo esta
característica mais apta à descendência.
Durante o século XX, novas áreas da Ciência vieram ampliar o conceito de evolução. O neodarwinismo ou teoria sintética da
evolução explica a causa da diversidade dos seres vivos a partir das frequências genéticas, isto é, no fundo genético das
populações (o fundo genético corresponde ao conjunto de todos os alelos que fazem parte dessa população). A evolução é, por
isso, devida a alterações das suas características genéticas. População é, por isso, a unidade evolutiva, pois é sobre os indivíduos
das populações que se fazem sentir os agentes evolutivos.
A teoria neodarwinista, ao contrário da teoria darwinista, é uma teoria completa, na medida em que explica as causas da
variabilidade intraespecífica existente nas populações que sofrem evolução. Esta variabilidade, ou seja, a variedade de formas
existente nos indivíduos, deve-se, essencialmente, a duas causas: a ocorrência de mutações e de recombinações génitas. As
mutações são o elemento que introduz a novidade genética, enquanto a recombinação dos genes, durante a meiose e a
fecundação ao acaso, aumentam a variabilidade genética, logo a variabilidade intraespecífica.
Argumentos do evolucionismo
A teoria da evolução contém princípios aceites pela maior parte da comunidade científica e unifica todos os conhecimentos da
Biologia. A análise do processo evolutivo é crucial para a compreensão da vida.
Os argumentos de que a evolução ocorreu são inúmeros, sendo as principais os referidos na tabela 19.
Tabela 19 Argumentos evolucionistas
Argumento Exemplos
Órgãos homólogos
Anatómicos Órgãos análogos
Órgãos vestigiais
Fósseis de seres vivos
Paleontológicos
Fósseis de transição
Embriológicos Desenvolvimento embrionário dos vertebrados superiores
Citológicos Teoria celular
Indivíduos semelhantes em locais muito afastados
Biogeográficos
Indivíduos diferentes em locais próximos
Argumentos anatómicos
Os argumentos anatómicos baseiam-se em estudos de anatomia comparada, a qual realça as semelhanças e as diferenças das
estruturas anatómicas dos indivíduos. A apoiar este argumento encontram-se os órgãos homólogos, os órgãos análogos e os
órgãos vestigiais.
Os órgãos homólogos são estruturas que apresentam o mesmo plano de organização interna e de desenvolvimento
embrionário, logo com um ancestral comum, mas que possuem função e forma diferentes (Figura 21).
Neste caso está o braço de um homem e a barbatana de uma baleia.
A existência dos órgãos homólogos permite concluir que ocorreu uma evolução divergente entre estes seres, pois se existe um
ancestral comum, uma estrutura comum e se na atualidade eles são morfológica e funcionalmente diferentes é porque através
do tempo se afastaram, o que significa que divergiram. Esta evolução divergente resulta de uma adaptação dos seres a
diferentes ambientes, ou seja, sujeitos a diferentes pressões, o que no caso da existência de vários nichos ecológicos se pode
traduzir na ocorrência de uma radiação adaptativa.
Os órgãos análogos correspondem a estruturas que não apresentam qualquer organização interna semelhante, logo não existiu
nenhum ancestral comum; no entanto, a sua forma e função são semelhantes (Figura 21).
A análise das estruturas análogas permite concluir que os seres foram submetidos às mesmas condições ambientais, ou seja, às
mesmas pressões seletivas, às quais se adaptaram da mesma forma, ocorrendo, por esse motivo, uma evolução convergente.
É importante referir que, quando se fala em órgãos homólogos e órgãos análogos, se está a referir apenas a estruturas e não a
indivíduos, e, caso se trate de um indivíduo, então fala-se de homologia e em analogia. Isto prende-se com o facto de um
mesmo indivíduo poder possuir, simultaneamente, órgãos análogos e órgãos homólogos, dependendo do referencial de
comparação.
Os órgãos vestigiais representam, como o nome indica, vestígios de órgãos que já foram mais desenvolvidos no passado. Estes
órgãos são também um argumento evolucionista, na medida em que a sua redução nos transmite alteração nos seres vivos,
representando uma evolução regressiva. São exemplos de órgãos vestigiais o apêndice, o dente carniceiro e o cóccix humanos,
os dedos laterais do cavalo, as asas do quivi, o osso pélvico na baleia.
Argumentos paleontológicos
Os argumentos paleontológicos baseiam-se na análise e interpretação dos fósseis, que podem ser os fósseis de formas extintas,
os fósseis de transição e os "fósseis vivos". As formas fósseis extintas e a sua sequência demonstram a evolução dos indivíduos,
permitindo a elaboração de árvores filogenéticas.
Os fósseis de transição ou formas sintéticas correspondem a fósseis de indivíduos que apresentavam características de duas ou
mais classes atualmente distintas, permitindo-nos concluir que essas classes tiveram um mesmo ancestral comum e que
sofreram um processo de evolução divergente. O Archaeopteryx, o lchthyostega e as Pteridospérmicas são três exemplos de
fósseis de transição.
O Archaeopteryx corresponde a um indivíduo que possuía características de ave (penas e bico) e de réptil (cauda e dentes),
sendo, por isso, o ancestral destas duas classes animais. O Ichthyostega corresponde a um indivíduo que possuía características
de peixe e de vertebrado terrestre, sendo, por isso, o seu ancestral. As Pteridospérmicas eram plantas que possuíam
características das atuais Pteridófitas e das Gimnospérmicas.
Os fósseis vivos, apesar de não serem um verdadeiro fóssil, são indicadores acerca da ancestralidade e via evolutiva de
determinados grupos de seres vivos, como é o caso da planta Psilotum.
Argumentos embriológicos
A análise de vários embriões de vertebrados permitiu a constatação de várias analogias no seu processo embrionário.
A ontogenia corresponde ao desenvolvimento de um indivíduo, enquanto a filogenia corresponde à evolução de uma espécie.
Os embriões dos vertebrados possuem muitos aspetos comuns, permitindo a sua análise comparativa estabelecer homologias
entre as diferentes estruturas, e deste modo a sua filogenia. Assim, quanto mais longas forem as fases ontogénicas
(características embrionárias) comuns, filogeneticamente mais próximos estão os indivíduos.
Argumentos citológicos
Este argumento baseia-se na teoria celular. Da análise desta teoria, pode concluir-se que, sendo todos os seres vivos
constituídos por células que apresentam a mesma morfologia e fisiologia, então todos os seres vivos evoluíram a partir dessa
mesma célula eucariótica.
Argumentos biogeográficos
Este argumento baseia-se na observação de seres vivos em diferentes áreas geográficas. Em muitos casos, a observação dos
seres vivos aí presentes permitiram o traçado de linhas evolutivas. A análise de seres vivos presentes em diferentes áreas
geográficas permitiu constatar o seguinte:
a ocorrência de semelhanças nítidas entre seres que habitam locais geograficamente distantes;
a ocorrência de grande diversidade intraespecífica em seres vivos que habitam locais geograficamente próximos.
No primeiro caso encontra-se a fauna e a flora das ilhas Tristão da Cunha, da África e da América. Os três locais,
geograficamente distantes, possuem espécies animais e vegetais muito semelhantes, o que é explicado pelo facto de os três
locais já terem estado juntos, tendo posteriormente os seres vivos evoluído sujeitos às mesmas condições ambientais.
No segundo caso encontram-se as tartarugas das ilhas Galápagos e os marsupiais australianos. As diferentes espécies de
tartarugas existentes nas ilhas Galápagos são explicadas pelos diferentes nichos ecológicos que o ancestral destes seres
encontrou e aos quais se adaptou. Também as várias espécies de tentilhões das ilhas Galápagos são explicadas por uma radiação
adaptativa, existindo tantas espécies de tentilhões quantos os nichos ecológicos. Os marsupiais australianos são explicados pela
separação da Austrália do continente asiático, tendo posteriormente os marsupiais sofrido uma evolução diferente da dos
restantes mamíferos placentários, pois os nichos ecológicos encontrados eram diferentes, pelo que ocorreu uma diferente
adaptação ao meio.
1. Sistemas de classificação
A sistemática corresponde à separação os seres vivos em grupos consoante as suas características, tendo em conta o seu
processo evolutivo, isto é, a comparação das características de diferentes seres vivos de forma a definir a sua linha evolutiva. A
taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação dos seres vivos em grupos, segundo critérios definidos, e lhes
atribui um nome — nomenclatura.
A classificação filética utiliza, como forma de representação, cladogramas e árvores filogenéticas (Figura 15). O traçado do
cladograma baseia-se em caracteres ancestrais ou primitivos, caracteres derivados e caracteres adquiridos. Um carácter que
seja compartilhado por vários indivíduos devido há existência de um ancestral comum entre eles é um carácter primitivo. Se ao
longo da linha evolutiva de uma espécie há uma característica que diverge das restantes, permitindo, deste modo, traçar novas
linhas evolutivas, essa característica é uma característica derivada. Um carácter adquirido será aquele que é introduzido de novo
numa linha evolutiva e que resulta da adaptação do ser vivo ao meio. As árvores filogenéticas representam relações
filogenéticas entre os seres vivos, pondo em evidência a sua história evolutiva
1.2. Taxonomia e nomenclatura
Atualmente, as categorias taxonómicas são: reino, filo, classe, ordem, família, género e espécie. Nas plantas, o termo filo é
substituído pelo termo divisão. As referidas categorias constituem um sistema hierarquizado, isto é, o reino contém os filos, os
filos contêm as classes, as classes contêm as ordens e sempre deste modo até à espécie (Figura 24).
A hierarquia taxonómica continuou a ampliar-se, sendo também de considerar as categorias acima e abaixo das principais
categorias taxonómicas, o que leva à existência de trinta taxon (categoria taxonómica) diferentes (taxa = plural de taxon). Para
as categorias intermédias inferiores utilizam-se os prefixos infra e sub, utilizando-se o prefixo super para as categorias
superiores, surgindo assim os taxon subespécie, superclasse e infraordem.
O número de seres vivos em cada categoria taxonómica vai diminuindo do reino para a espécie; no entanto, as suas
semelhanças vão sendo cada vez maiores. A espécie é, por isso, o único agrupamento natural, sendo a base da classificação. A
comparação, entre si, de dois seres vivos pertencentes à mesma classe vai apresentar menos semelhanças do que se os mesmos
seres vivos pertencessem ao mesmo género.
Ao classificarmos um ser vivo atribuímos-lhe sempre um nome para, assim, lhe darmos uma identidade própria. A existência de
regras de nomenclatura a nível mundial, tal como a atribuição de um nome científico, permite que em qualquer parte do
mundo se identifique facilmente não só o ser vivo mas também o grupo taxonómico a que este pertence, e, deste modo, um
conjunto de características. No entanto, nem sempre existiram as leis que regulamentam a atribuição de nomes científicos,
tendo estas surgido pela existência de uma enorme dificuldade em atribuir um nome científico e trabalhar com ele. Lineu foi
responsável pela criação do sistema que atualmente se usa e que obedece a um conjunto de regras de nomenclatura,
nomeadamente (Figura 25):
O nome da espécie escreve-se com duas palavras latinas, sendo a primeira um substantivo escrito com inicial maiúscula, e
corresponde ao nome do género a que a espécie pertence; a segunda palavra, escrita com inicial minúscula, designa-se por
epíteto ou restritivo específico (nomenclatura binomial).
O nome dos grupos superiores à espécie consta de uma única palavra, um substantivo escrito com inicial maiúscula
(nomenclatura uninominal).
O nome da subespécie escreve-se colocando à frente do nome da espécie um terceiro termo, designado por epíteto ou
restritivo subespecífico (nomenclatura trinominal).
Os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser escritos em itálico e, quando em manuscritos, devem ser
sublinhados.
O nome do género corresponde à primeira palavra da espécie.
À frente da designação científica deve escrever-se o nome, ou a sua abreviatura, do taxonomista que, pela primeira vez,
atribuiu aquele nome científico à espécie.
Com o desenvolvimento do microscópio, Copeland identifica, dentro do Reino Protista, um conjunto de seres vivos que não
possuem núcleo. Surge, neste momento, a classificação dos seres vivos em quatro reinos, com a criação do Reino Monera, que
engloba a totalidade dos seres vivos procarióticos.
Em 1969, Whittaker propõe uma nova classificação dos seres vivos, desta vez apoiando-se no seu nível trófico, nutrição e
organização da estrutura, surgindo então a classificação em cinco reinos, com a introdução do Reino Fungi, que englobava os
seres vivos decompositores.
Em 1979, o mesmo Whittaker, verificando que não havia uniformidade de critérios no Reino Plantae e no Reino Protista, altera
a composição destes reinos. Whittaker propõe então que as Algas (Plantas na classificação de 1969), porque não possuem
diferenciação de tecidos e nem todas são multicelulares, sejam incluídas no Reino Protista (Tabela 21).