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Discussão/Conclusão

A reprodução é a capacidade de um ser vivo originar descendência portadora dos seus genes, assegurando,
assim, a renovação contínua da espécie e a transmissão da informação genética. Na natureza, existem dois tipos de
reprodução, a assexuada e a sexuada. A reprodução assexuada não necessita da intervenção de células sexuais nem do
processo de fecundação. Desta forma, os descendentes formam-se a partir de um único progenitor, e, portanto, são
geneticamente iguais à célula-mãe e também entre si. Para além disto, é de referir que os processos de reprodução
assexuada dependem de divisões celulares por mitose.

A mitose é o processo através do qual, a partir de um núcleo, se formam dois novos núcleos, geneticamente iguais
ao original. Esta etapa do ciclo celular subdivide-se em quatro fases, a prófase, a metáfase, a anáfase e a telófase, durante
as quais ocorre a separação do material genético, equitativamente, pelos dois novos núcleos em formação. Antes deste
processo, existe uma fase preparatória na qual se verifica a replicação semiconservativa do DNA, para que, aquando da
divisão celular, as células-filhas possam possuir o mesmo teor de DNA, que, por sua vez, é também igual ao teor de DNA
da célula-mãe.

Apesar de a reprodução assexuada não promover a variabilidade genética, já que os indivíduos formados são
geneticamente iguais, esta assegura o rápido crescimento da população quando as condições do meio são favoráveis.
Outra das vantagens da reprodução assexuada é o facto de os seres vivos não terem de se deslocar para outros locais,
isto é, poderem reproduzir-se sem necessitarem de encontrar um parceiro e sem terem gasto de energia na produção de
gâmetas e na fecundação. No entanto, caso as condições se alterem e deixem de ser propícias ao desenvolvimento da
espécie, como não existe variabilidade genética, também não se verifica capacidade evolutiva, logo, a espécie não se
consegue adaptar ao meio, podendo acabar por desaparecer. Tendo em conta que este mecanismo de reprodução permite
originar maior número de descendentes num curto espaço de tempo, pode trazer benefícios económicos, especialmente na
agricultura.

Nesta atividade experimental, foram observadas, ao microscópio ótico composto (MOC), fungos, nomeadamente
leveduras de fermento de pão, com o intuito de estudar o processo de reprodução assexuada por gemulação. Para além
disto, foi observado outro tipo de fungos, os bolores do pão e de citrinos, uma vez que estão associados ao processo de
reprodução assexuada por esporulação.

A gemulação é o processo através do qual a espécie Sacchromyces cerevisae (leveduras), se reproduz. É uma
estratégia reprodutiva na qual o progenitor emite uma gema (ou gomo) que contém material genético. A gema cresce e
pode individualizar-se do progenitor, formando um novo organismo, ou pode permanecer unida ao progenitor, formando
uma colónia. Neste processo, o progenitor nunca perde a sua individualidade, isto é, não desaparece ao dar origem a
novos organismos, uma vez que apenas forma indivíduos de menor tamanho, quer estes se individualizem quer
permaneçam unidos ao progenitor. Os descendentes provenientes da gemulação são clones do progenitor, já que são
geneticamente iguais a ele, pois a reprodução assexuada tem por base o processo mitótico.

A esporulação é o processo através do qual as espécies Penicillium species (limão/laranja) e Rhizopus nigricans
(pão) se reproduzem. É uma estratégia reprodutiva que é caracterizada pela existência de estruturas especializadas na
reprodução, os esporângios, que, através de processos de mitose, originam células muito resistentes e leves, denominadas
esporos. Assim que o esporângio amadurece e rompe, os esporos são libertados, podendo ser difundidos pela água, pelo
ar ou até por seres vivos. Os esporos podem conservar-se durante vário tempo, pois têm uma parede espessa, germinando
apenas quando as condições de humidade são favoráveis. A esporulação é característica de algumas plantas e fungos.

Existem dois tipos de esporulação: a endogenética, da qual faz parte a esporulação de Rhizopus nigricans (pão), e
a exogenética, na qual se integra a esporulação de Penicillium species (limão/laranja). O primeiro bolor observado foi o dos
citrinos. Na esporulação exogenética de Penicillium species, a célula-mãe liberta os esporos por um processo de
estrangulamento (como na gemulação), em que a membrana que envolve os esporos se forma aproveitando a membrana
do esporângio. Assim, estes esporos, formados no exterior do esporângio, são designados por exósporos. Para além dos
exósporos (conídiosporos), observaram-se outras estruturas celulares, tais como as hifas (e os seus septos), as vesículas,
as fiálides e os conidióforos. Na esporulação endogenética de Rhizopus nigricans, cada esporo desenvolve uma membrana
de células própria, não havendo aproveitamento da membrana da célula-mãe. Desta forma, os esporos formados no interior
dos esporângios são denominados endósporos. Para além dos endósporos (esporangiósporos), observaram-se outras
estruturas celulares, tais como as hifas (cenocíticas), o esporângio e o espoangiósforo.

Um micélio é uma ramificação formada por conjunto de hifas fúngicas. Nos fungos do pão, os endósporos formam-
se no interior do esporângio. Assim que este amadurece e rompe, centenas de esporos são libertados. Posteriormente,
quando se encontram em condições favoráveis, os esporos germinam, através de processos mitóticos, e formam uma nova
hifa, que cresce e se ramifica, dando origem a um novo micélio. Neste caso, o micélio aéreo diferencia-se para sustentar os
propágulos (esporos), sendo, portanto, um micélio reprodutivo.

Os esporos formados durante o processo de reprodução assexuada, por esporulação, são esporos assexuados,
designados por mitósporos atendendo a que o processo de divisão interveniente é a mitose. Desta forma, os descendentes
a que os esporos, células reprodutoras, dão origem são geneticamente iguais entre si e ao fungo que os originou,
possuindo, portanto, o mesmo número de cromossomas da célula-mãe. Neste tipo de reprodução, o progenitor é um único
indivíduo, transmitindo cópias de todos os seus genes à geração seguinte. Desta forma, os descendentes, quanto à sua
caracterização genética, são clones (grupo de células geneticamente idênticas e descendentes de uma só célula inicial),
devido ao facto de serem iguais aos seus irmãos e ao seu progenitor.

Estes dois processos advêm de mitoses. No entanto, existem vários aspetos que diferenciam estas estratégias
reprodutivas. Em primeiro lugar, a esporulação consegue produzir uma maior quantidade de novos organismos do que a
gemulação. Para além disto, na gemulação, os descendentes formam-se diretamente a partir do progenitor, sem que este
desenvolva estruturas reprodutivas, enquanto que, no processo de esporulação, desenvolvem-se nos esporângios
estruturas especializadas na reprodução, os esporos.

Concluindo, foi possível observar os processos de gemulação nas leveduras e de esporulação nos bolores, com o
auxílio do MOC e de uma lupa. Assim, constataram-se as diferenças no que concerne à forma como se processa a
reprodução assexuada, nos casos em estudo.

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