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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS

CURSO: Ciências Biológicas


3º Ano –2º semestre

ECTOTERMIA: UM ACESSO DE BAIXO CUSTO À VIDA


ENDOTERMIA: PROCESSOS VITAIS DE ALTA ENERGIA
(Ministrante: Profa. Dra. Virginia S. Uieda)

Professores Responsáveis:
Virgínia Sanches Uieda (Integral) e Wilson Uieda (Noturno)
Departamento de Zoologia - IB/UNESP/Botucatu
RESPOSTAS À TEMPERATURA
Latitudes polares Desertos
VERTEBRADOS
frias quentes

Adaptabilidade

A temperatura influencia as taxas nas quais as reações


químicas ocorrem

Afeta os processos vitais dos organismos

Crescimento Locomoção
Taxa metabólica padrão
(TMP)
RESPOSTAS À TEMPERATURA
PROCESSOS BIOLÓGICOS SÃO AFETADOS
PELA TEMPERATURA

Vantajoso o controle da temperatura do corpo

Na água: Difícil para peixes e anfíbios


•Alta capacidade calórica aquáticos manter a diferença de
•Alta condutividade temperatura entre o corpo e o
ambiente

No ar: Para maioria dos vertebrados


•Baixa capacidade calórica terrestres a temperatura
•Baixa condutividade corpórea independe do ar
VARIABILIDADE DA
TEMPERATURA CORPÓREA
PECILOTERMOS HOMEOTERMOS
(poikilo= variavel; therm= (homeo= a mesma; therm=
temperatura temperatura

•Termos que descrevem a capacidade reguladora.


•Terminologia que não vem mais sendo utilizada.
•Não podem ser facilmente aplicados aos diferentes grupos animais

Alguns peixes vivem em águas Alguns mamíferos


que alteram suas temperaturas permitem temperaturas
em menos de 2°C no ano menores que 20 °C

Homeotermos podem vivenciar variações até 10 vezes


maiores que os pecilotermos!!!
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA
ECTOTÉRMICO ENDOTÉRMICO
(ecto = de fora) (endo = de dentro)

Termos que descrevem a fonte de energia utilizada na


termorregulação, na manutenção da temperatura corpórea.

Calor de fontes externas Produção metabólica


(sol, rocha aquecida) de calor

Usam diferentes fontes de energia
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA
ECTOTÉRMICO ENDOTÉRMICO
A endotermia e a ectotermia não são mecanismos de regulação de
temperatura mutuamente exclusivos, muitos animais utilizam uma
combinação dos dois!!!

Aves predadoras (“roadrunners”) do deserto se tornam


hipotérmicas em noites frias e se aquecem ao sol durante o dia
(economia metabólica)
Serpentes (diversas espécies de píton) fêmeas se enrolam nos ovos
produzindo calor por contração rítmica dos músculos em
temperaturas baixas.

Generalizações acerca da temperatura e


capacidade de regulação em vertebrados devem
ser feitas com cuidado!!!
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA
A regulação da temperatura corpórea não é um fenômeno
“tudo-ou-nada” para os Vertebrata!!!

Heterotermia regional
Diferentes temperaturas em partes diferentes do corpo

Peixes que mantém partes do


corpo a temperaturas 15ºC mais Mecanismo:
alta do que a água (nas brânquias Sistema de contra-corrente do fluxo
a temperatura entra em equilíbrio sanguíneo na retia mirabilia.
com o meio).

Aquecido pelo calor do sangue


Sangue frio das brânquias
venoso que deixa os tecidos
Heterotermia regional
Produção endotérmica de calor
Alguns Exemplos:
•Tubarões (Lamnidae) – rede mirabilia no tronco, calor produzido pela
atividade dos músculos do tronco
•Teleósteos - calor produzido pela atividade dos músculos do tronco
(atum), pelo músculo ocular (marlim, espadarte).

Regulação de temperatura no atum de barbatanas azuis


músculo vermelho e retia adjacentes à coluna vertebral
Esta capacidade permite que se aventurem em águas frias
Considerando que....
A ectotermia é uma característica ancestral dos
vertebrados, mas é tão efetiva quanto a endotermia.

Os mecanismos de termorregulação ectotérmica são


tão complexos e especializados como os da endotermia.
Exame do modo de vida em ambientes estressantes

QUAL O ESTILO DE VIDA DOS VERTEBRADOS QUE


SUPORTAM...

Calor ou frio Ausência ou


extremo presença de água
montanhas desertos
>4000 m; <0oC Pouca ou nenhuma chuva
Aspectos estruturais e
adaptativos da regulação térmica
Vida em ambientes estressantes

Informações de como funcionam, como interagem


morfologia fisiologia ecologia comportamento

Adaptações refinadas Mais comum = simples


= especializações modificações do plano
corpóreo ancestral
Raposa do Ártico ≈ Raposa do deserto
Lagarto da cordilheira ≈ Lagarto do deserto
Aspectos estruturais e
adaptativos da regulação térmica

Fenômeno de Depressão Metabólica


(redução da atividade e temperatura corpórea)

DORMÊNCIA

Classificada de acordo com:


Duração
Intensidade
Contexto ecológico
Fenômeno de Depressão Metabólica
Sono: baixa intensidade e curta duração
Torpor: alta intensidade e curta duração (-24h,
inatividade em pequenos endotermos)
Hibernação: longa duração e intensidade variável (alta
em pequenos roedores, baixa em ursos)
Estivação: longa duração e alta intensidade
Hibernação Estivação
•Pouco alimento •Pouca água
•Baixas temperaturas •Altas temperaturas
Características fisiológicas semelhantes
CONTEXTOS ECOLÓGICOS DIFERENTES
Características Gerais do Metabolismo
de Vertebrados Ectotérmicos
baixa taxa de consumo de energia - guardam
energia relaxando seus limites de homeostase -
permitindo que as variáveis fisiológicas flutuem mais
amplamente que o usual

baixas necessidades energéticas lhes permitem


explorar ambientes com energia escassa, sazonalmente
ou durante o ano todo - ambientes estressantes

habilidade de entrar em torpor em ambientes muito


quentes ou secos
Características Gerais do Metabolismo
de Vertebrados Endotérmicos
podem regular com grande precisão sua
temperatura e as concentrações salinas dos fluidos
corpóreos

grandes necessidades energéticas - suportam


ambientes com extremas flutuações, mas gastam
energia para manter esta homeostase

alguns migram ou hibernam em condições nas quais


não podem conseguir energia para manter a homeostase
ECTOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS
COM RESPOSTAS DIFERENTES A
AMBIENTES ESTRESSANTES
Os ectotermos, pelo relaxamento da homeostase, são
capazes de fazer coisas não exeqüíveis a um endotermo

Exemplos:
Ectotérmicos em regiões oceânicas pelágicas
Ectotérmicos em desertos
Ectotérmicos em ambientes muito frios
AMBIENTE ESTRESSANTE:
OCEANOS
Estresse ambiental de regiões
profundas:
•baixas temperaturas
•falta de luz
•pouca disponibilidade de alimento

Peixes mesopelágicos (100 a 1000 m prof.) fazem migrações


ascendentes durante a noite e descem durante o dia .
AMBIENTE ESTRESSANTE:
OCEANOS

Peixes batipelágicos (> 1000 m


prof.)
•vida menos ativa
•olhos pequenos
•redução nos ossos e musculatura
esquelética
•carnívoros com boca e dentes
grandes

Estresse ambiental de regiões


profundas:
•baixas temperaturas
•falta de luz
•pouca disponibilidade de alimento
Peixes
batipelágicos
(> 1000 m prof.)

•órgãos bioluminescentes
•olhos pequenos
•boca e dentes grandes
•estômago distendido
AMBIENTE ESTRESSANTE:
DESERTOS
Estresse ambiental de desertos:
•escassez e imprevisibilidade de chuvas
•grande variação diária de temperatura
•baixa produtividade
Procuram abrigo (sombra e tocas subterrâneas)
para escapar tanto do calor como do frio.

Baixas taxas metabólicas – conseguem


enfrentar a escassez de alimento e de água.

Uso de água de chuvas ocasionais ou de plantas


que ingerem (água livre ou metabólica)

Precisam temporariamente aumentar os limites


da temperatura corporal e as concentrações de
fluido corporal.- relaxar a homeostase
AMBIENTE ESTRESSANTE:
DESERTOS
Problema
sem água para beber;
água obtida a partir das
plantas e insetos

Estratégias: > potássio

tolerância a desequilíbrios fisiológicos


(balanço de energia, hídrico e salino)

estivação e hibernação
(queda no metabolismo)

rotas extra-renais de excreção


(glândulas de sal)
BALANÇO DE ÁGUA E SAL
Rotas extra-renais de excreção

Linhagem Sauropsida: uricotélicos (ácido úrico)

Rim carece das longas alças de Henle (em mamíferos reduz o


volume de urina e eleva a concentração osmótica)

Urina = solução de ácido úrico + íons (concentração ≈ plasma)

Problema = excretar toda a água corpórea na urina

Vantagem = ácido úrico pouco solúvel em água (se precipita


na cloaca ou na bexiga)
BALANÇO DE ÁGUA E SAL
Rotas extra-renais de excreção

Linhagem Sauropsida: processo de excreção

Precipitado = sais de amônia + sódio + potássio

Urina = torna-se menos concentrada depois da precipitação

Vantagem = água é liberada e reabsorvida no sangue

Íons de sódio são também reabsorvidos, retornando


para o sangue
Íons de sódio são também reabsorvidos, retornando
para o sangue
1º) Energia para levar os íons até a urina
2º) Energia para retornar os íons para o sangue

Mecanismo conservador de água:


glândulas secretoras de sal

Vantagem = elimina sais com menos água do que a urina

Precipitado = cátions de sódio ou potássio, ânions de cloreto ou


bicarbonato - concentração seis vezes maior do que a da urina

Processo na cloaca ou bexiga = íons reabsorvidos ativamente +


água reabsorvida passivamente, recuperando água

Processo nas glândulas de sais = íons excretados em concentrações


altas (menor gasto de água para excretar os sais)
BALANÇO DE ÁGUA E SAL
Rotas extra-renais de excreção

Esta especialização
Glândulas secretoras de sal

Glândulas nasais = lagartos (comum) e aves evoluiu


independentemente
Glândula lingual = serpentes e crocodilianos
em vários grupos de
Glândulas lacrimais = tartarugas marinhas Sauropsida

Resposta às oportunidades de conservação


de água oferecidas pela uricotelia
RÉPTEIS NOS DESERTOS

Exemplo: Gopherus agassizii (jabuti-do-deserto)


Jabutis dos desertos da América do Norte
< -0º a > +50º

•Sem glândulas de sal


na superfície

•Bebem água de chuva


•Rins não produzem urina
concentrada
10º a 25º
Estratégias:
hibernam em buracos profundos no inverno e
em tocas

estivam em buracos rasos no verão

forte relaxamento da homeostase = alternam


balanços positivos e negativos de água, energia
e sais em função das mudanças climáticas
Metabolizam tecidos corpóreos Armazenam energia
Osmoticamente estressados Bebem água
Esvaziam bexiga
3 h cada 4 dias 1 h cada 6 dias
Plantas anuais Grama
Sementes
hibernação >água, >potássio <água, >energia
Brotos
< energia
CICLO
ANUAL DOS
JABUTIS
DO
DESERTO
-
+

+ - Relaxamento
da
homeostase
chuva

primavera estivação
outono
inverno verão
> TºC < TºC
RÉPTEIS NOS DESERTOS

Exemplo: Sauromalus obesus (“Chuckwalla”)


Lagarto Iguanidae herbívoro do deserto americano

Resposta diferente:
•Com glândulas de sal nasais
•Não bebe água de chuva

Estratégias:
o ciclo anual de atividade é moldado
pela disponibilidade de água

depende de água dos alimentos – água


livre e metabólica (1 grama de água para
cada grama de gordura metabolizada)
CICLO
ANUAL DOS
Excreta excesso de potássio LAGARTOS
Inverno pela glândula de sal nasal DO
Hiberna em fendas rochas DESERTO

Água total corpórea:


FEC-fluido extracelular
FIC-fluido intracelular

primavera outono
verão
Fendas das rochas
Ativo Reduz atividade Não comem
Plantas anuais Plantas com Reduz perda água
>água <água, >potássio <fezes, <urina
Armazenam água Perdem água
Ganham massa corpórea Perdem massa corpórea
AMBIENTE ESTRESSANTE:
DESERTOS

Jabuti Interação
e comportamental
Lagarto de deserto e fisiológica

Um relaxamento temporário dos limites de


homeostase nos maus anos é uma barganha
efetiva para sobreviver, permitindo aos animais
explorar os recursos abundantes nos bons anos.
ANFÍBIOS NOS DESERTOS

Pele permeável no deserto?!!!!

Exemplo: Scaphiopus multiplicatus


Sapo do deserto americano

Altas taxas de perda de água


Pele permeável
ANFÍBIOS NOS DESERTOS
Estratégias:
Escolha de microhábitats protegidos do sol e vento = tocas a 60 cm
prof. = câmara selada com lama

Final da estação chuvosa = se enterra, absorve água pela pele


(gradientes solo ≠ corpo) e elimina excretas nitrogenados pela urina.

Estação seca = gradientes solo = corpo; para de excretar, retém


uréia, aumenta pressão osmótica dos líquidos corporais, reduz perda
de água por evaporação e possibilita absorção do solo

Pode permanecer enterrado por 9-10 meses!!

Pele permeável = Fator de sucesso


ANFÍBIOS NOS DESERTOS

Exemplo:
Chiromantis xerampelina (perereca Rhacophoridae africana)
Phyllomedusa sauvagei (perereca Hylidae sul-americana)

Estratégias:
Perde água pela pele a uma taxa de 1/10 das demais = espalha com
as patas secreções lipídicas de glândulas dérmicas sobre o corpo

Excreção de ácido úrico (uricotélicos)

Desenvolvimento rápido em poças de chuva (2-3 semanas)


AMBIENTE ESTRESSANTE:
MUITO FRIOS
Respostas dos ectotermos:
•evitar o congelamento = superesfriando ou
produzindo compostos anti-congelamento

•tolerar o congelamento e o descongelamento,


evitando danos nas células e tecidos

Exemplo – rãs terrestres:


passam o inverno enterrados no solo (em hibernação)
podem permanecer congelados por várias semanas sem
morrer (suportam até -10ºC)
congelamento somente da água extra-celular, evitando a
formação intra-celular de gelo (acúmulo de glicerol ou glicose
nas células - substâncias crioprotetoras)
QUAIS AS VANTAGENS DOS ECTOTÉRMICOS?

1. Podem explorar áreas de grande estresse ambiental


 endotermos = grandes necessidades energéticas – calor gerado
internamente através do metabolismo
 ectotermos = energia solar para aquecimento é livre – taxas
metabólicas nas quais a energia é utilizada correspondem a 10-14 %
das taxas de endotermos de mesmo tamanho

TAXA METABÓLICA EM
REPOUSO COMO FUNÇÃO DO
TAMANHO DO CORPO EM
VERTEBRADOS TERRESTRES
QUAIS AS VANTAGENS DOS ECTOTÉRMICOS?
2. Tamanho corpóreo pequeno
 ectotermos menor necessidade energética permite pequeno
tamanho corpóreo
 endotermos custo energético muito alto para manter a
endotermia em animais de pequeno porte
As necessidades energéticas fixam um
limite inferior para o tamanho de um
endotermo
Custo muito
elevado
QUAIS AS VANTAGENS DOS ECTOTÉRMICOS?

Além do tamanho, o formato do corpo


influencia na relação área de
superfície/massa corpórea.
3. Formato do corpo
Formas corpóreas encontradas comumente em ectotérmicos - formas
que aumentam a relação superfície/massa :

corpo alongado
corpo achatado dorso-ventralmente
corpo achatado lateralmente

TAMANHO e FORMATO
Permitem aos ectotérmicos acesso a nichos
ecológicos não disponíveis aos endotérmicos
QUAIS AS VANTAGENS DOS ECTOTERMOS?

4. Maior conversão da energia em biomassa


 endotérmicos + 90% da energia produzindo calor; -10% da energia
está disponível para conversão líquida (aumento em biomassa)
 ectotérmicos energia solar para aquecimento é livre; a maior parte
da energia dos alimentos (30 a 90%) é convertida em biomassa
(crescimento e produção da prole)
ECTOTÉRMICOS ENDOTÉRMICOS

EFICIÊNCIA DE Espécie Eficiência Espécie Eficiência


CONVERSÃO DE Salamandras 48-98 Roedores 0,8-1,3
BIOMASSA
Lagartos 18-28 Canídeo 2,3
Serpentes 33-50 Ave 1,1
Média de 12 espécies 50 Média de 19 espécies 1,4

Pequenos anfíbios e Squamata ocupam lugar de


destaque no fluxo de energia através do ecossistema
relação área de
superfície/massa corpórea

Ectotérmicos Endotérmicos
Baixa taxa metabólica Alta taxa metabólica
Pouco isolamento térmico Com isolamento térmico
Rápida troca de calor com o Equilíbrio entre produção e
ambiente consumo
ECTOTERMIA:
UM ACESSO DE BAIXO
CUSTO À VIDA

Tolerância a desequilíbrios fisiológicos


Uso de água dos alimentos e metabólica
Maior tolerância a resfriamento
Maior tolerância a aquecimento
Procura de abrigo
ENDOTERMIA:
Benefícios:
PROCESSOS VITAIS
Manter altas temperaturas quando a
DE ALTA ENERGIA
radiação solar não está disponível
Atividade noturna
Atividade no inverno
Atividade em ambientes muito frios

Custos:
Energeticamente dispendiosa
Necessita grande quantidade de alimento
Baixa conversão de energia em biomassa
Controle homeostático interno mais preciso
MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
ENDOTÉRMICA

Equilibrar a produção e a perda de calor é uma


importante função reguladora de um endotérmico.

Cada espécie de endotérmico tem uma faixa definida de variação de


temperatura ambiente na qual a temperatura corporal consegue ser
mantida estável por meio de ajustes fisiológicos e posturais de
perda e produção de calor.

Estas respostas fisiológicas à temperatura são controladas


por neurônios localizados no hipotálamo.
TERMOSTATO
HIPOTALÂMICO
Em ectotérmicos Em endotérmicos

Deflagra comportamentos Deflagra processos


termorreguladores fisiológicos
MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
ENDOTÉRMICA

Processo de termorregulação:

Muda a intensidade da produção de calor variando a


taxa metabólica
Altera a perda de calor variando as condições de
isolamento térmico

Equilíbrio entre a produção e perda de calor


MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
ENDOTÉRMICA

Produção de calor metabólico:


Taxa metabólica basal ou de repouso
Calor proveniente do alimento (máx-carne, min-carboidratos)
Atividade músculo esquelético durante a locomoção
(produção 10 a 15 vezes maior que o metabolismo basal)
Contração muscular sem movimento (tremor de frio)

Isolamento térmico:
Material que retém ar (pelos e penas)
Espessura e movimento de pelos e penas
Gordura subcutânea
Mudanças posturais
Mudanças do fluxo sanguíneo
Massa corpórea
MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
ENDOTÉRMICA

Como endotérmicos conseguem


manter sua temperatura corporal
em um nível estável face a
temperaturas ambientais que
podem variar de -70oC a +40ºC ??

Os limites variam entre as


diferentes espécies de
endotérmicos Zona de tolerância
PADRÃO DE TERMORREGULAÇÃO EM UM
HOMEOTERMO ENDOTÉRMICO

Endotérmicos são bons


em manter estáveis as
temperaturas corpóreas
em ambientes frios,
mas tem dificuldades
em ambientes com
temperaturas elevadas.
PADRÃO DE TERMORREGULAÇÃO EM UM
HOMEOTERMO ENDOTÉRMICO

Zona de
termorregulação
física

•Afofar/alisar pelos ou penas


Taxa metabólica •Mudar postura
no nível basal •Mudar fluxo sanguíneo

Zona de tolerância
Posturas Ponto máximo da
Circulação periférica perda não
evaporativa Sudorese
Respiração arquejante
Movimentos gulares

Problema:
Atividade
muscular
com
produção de
calor

Nível basal

Hipertermia
Muitas proteínas
desnaturam a 50oC

Maioria dos endotérmicos com temperaturas corpóreas de 35-40oC


(ambiente no geral abaixo 35oC)
Aumento da
produção Depende da qualidade
metabólica do isolamento térmico
Taxa
máxima de
produção
metabólica

Hipotermia Termogênese
química

Nível basal
ENDOTÉRMICOS DE DESERTOS Ar: 40-50º C

Problema: reversão da relação de temperatura


•Termorregulação endotérmica é mais eficaz
quando a temperatura do animal é maior do que
a temperatura do ambiente
Absorve calor Solo: 60-70º C

Solução:
•Dissipação do excesso de calor
absorvido do ambiente através de
resfriamento evaporativo

Problema:
Tem de usar mecanismos •Escassez de água
Comportamentais •Pode morrer se perder 10-20%
Fisiológicos da água corpórea
Anatômicos
ENDOTÉRMICOS DE DESERTOS:
escassez de água

Aves – vantagens:
Linhagem Sauropsida
•Excretam ácido úrico
•Via extra-renal de excreção de sal

Mamíferos - vantagens:
Túbulos renais (néfrons)
•Rins altamente eficientes na concentração de urina
•Urina mais concentrada que o sangue
ENDOTÉRMICOS DE DESERTOS:
Classes de respostas às condições desérticas

Relaxamento da homeostase:
•suportar maior variação na temperatura corpórea e
no conteúdo de água do corpo

Evitação:
•Raramente se expõe aos rigores do deserto
(mecanismos comportamentais)

Especializações:
•Mecanismos fisiológicos como resposta à escassez
de alimento e água (ex.: torpor)

Respostas combinadas, não mutuamente exclusivas


ENDOTÉRMICOS DE DESERTOS
Animais grandes:
•Difícil se esconder, porém são mais móveis
•Podem procurar alimento e água antílope
•Menor relação superfície/massa – diminui a
absorção de calor (> isolamento, >inércia térmica)
•Tolerância a um relaxamento da homeostase

esquilo
camelo
Animais pequenos:
•Maior relação superfície/massa – absorvem calor
•Hábitos noturnos (alguns diurnos!!)
•Se escondem em tocas
•Produzem urina concentrada
•Utilizam água metabólica (economia de água)
•Entram em torpor de dia (economia de energia)
rato-canguru
ESQUILO ANTÍLOPE
•< mobilidade, > tolerância (estocam calor durante a atividade diurna)
•Uso de abrigo (resfriam em sombras e tocas mais frias)
•Comportamento (permanecem de 9-13 minutos ao ar livre)
•Cauda larga e achatada usada como guarda-sol (superfície ventral branca)

DROMEDÁRIO
•> mobilidade, > tolerância a variação de temperatura diária
•Distribuição do pelo (no verão + longos nas costas e corcova
•Comportamento (reunião em grupos)
•Fisiologia (bebe rápido, absorve rápido, excreta rápido)
ENDOTÉRMICOS NO FRIO: O ÁRTICO

Taxa de perda de calor na água


50 a 100 vezes maior do que no ar
Necessidade:
•Aumento na produção e
redução na perda

Aumento no consumo
de alimento

Problema:
•Região de baixa
Molhado
produtividade
perde o
isolamento
Redução na perda
de calor

Solução:
•Aumento na espessura
do isolamento Terrestres - pelos longos
Na água - gordura subcutânea
ENDOTERMOS NO FRIO: O ÁRTICO

Efetividade do isolamento térmico em


aves e mamíferos do ártico

25oC ambiente
+50% taxa metabólica

Temperatura crítica Temperatura crítica


inferior -40oC inferior 20-30oC

-70oC ambiente
+50% taxa metabólica
Ártico
Temperaturas críticas inferiores
Trópicos
ENDOTÉRMICOS NO FRIO: O ÁRTICO
Mudanças sazonais nos fatores climáticos

Migrar para proporcionar área favorável


para crescimento acelerado dos filhotes
(sem cobertura isolante suficiente)

Área de alimentação no verão

Área de reprodução no inverno

Energia do estoque de gordura


durante os 3-4 meses no Ártico
(245 dias sem comer!!)

Rota migratória da baleia-cinzenta entre o


Círculo Ártico e a Baixa Califórnia
(9000 Km ida e volta anual!!)
Migração mais conveniente para aves e mamíferos marinhos do que
para espécies terrestres

ENDOTÉRMICOS NO FRIO: E quem não migra?

ESTRATÉGIA
Entrar em estado de torpor = hipotermia adaptativa

Vantajoso para endotérmicos de


pequeno porte que tem:
Economia de energia e água
em resposta a diversas •> custo para manter temperaturas
alterações fisiológicas acima do ambiente

•< custo para sair do torpor


•Redução do metabolismo oxidativo
•Respiração lenta
(produção endógena de calor a partir
•Redução das taxas cardíacas de gordura marrom)
•Interrupção do fluxo sanguíneo periférico
•Maior parte do sangue mantido no centro do corpo
COMO EVOLUIU A ENDOTERMIA?

A diferença nas fontes de calor utilizadas pelos ectotérmicos e


endotérmicos cria um paradoxo, quando se tenta entender como
uma linhagem evolutiva mudou de ectotermia para endotermia

Alta taxa metabólica seria vantajosa somente se o animal


tiver como reter este calor.

Isolamento necessário somente se existir alto


metabolismo.

Metabolismo e isolamento vantajosos somente quando


em conjunto = nenhum dos dois aspectos, essenciais para a
endotermia, seriam vantajosos para um ectotérmico, sem
que houvesse o desenvolvimento prévio do outro.

Então, como evoluiu a endotermia?


COMO EVOLUIU A ENDOTERMIA?

Solução: o aumento do metabolismo, ou o isolante


térmico, poderiam ser vantajosos por alguma outra
razão, além de regular a temperatura corpórea.

O aumento da atividade locomotora deve ter sido


um fator seletivo crítico para o 1º salto em direção
à endotermia.
Predadores ativos realizam metabolismo aeróbico -
combustível = glicose (fígado) + oxigênio (pulmões)

Metabolismo anaeróbico utiliza glicogênio estocado nos


músculos – combustível para uma corrida curta e rápida, mas
não eficiente para manter uma atividade longa, pois o suprimento
de glicogênio é pequeno.
COMO EVOLUIU A ENDOTERMIA?

Altas taxas metabólicas seriam vantajosas para


corredores velozes que perseguiam suas presas.

Um predador ativo precisaria de uma maior


capacidade dos sistemas respiratório e circulatório.

Evolução dos Archosauria parece estar associada ao aumento


da eficiência locomotora, envolvendo: (a) membros abaixo do
corpo; (b) bipedalismo.

 Taxas metabólicas elevadas teriam sido vantajosas para as


linhagens de aves e mamíferos por razões que nada tem a ver com
a regulação da temperatura, mas sim com o aumento na
velocidade dos predadores ativos. O isolamento posterior
permitiria “estocar” o calor produzido.

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