Você está na página 1de 38

ANIMAIS, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

BIOCLIMATOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E
ELEMENTOS DO CLIMA NA ADAPTAÇÃO ANIMAL

Professores:
Ceres Faraco
Igor Miranda
Viviane Guyoti

2016/01
1
BIOCLIMATOLOGIA

• Ciência que estuda as relações entre o animal


(fisiologia do animal), o clima e os limites
impostos pelo meio ambiente frente à expressão
do potencial genético dos animais (Tito, 1998)

AMBIENTE RESPOSTA

O que o
O que o animal
animal
TEM SERÁ

HERANÇA
BIOCLIMATOLOGIA NA PRODUÇÃO ANIMAL

Na produção animal é essencial que se conheça a


influência de cada fator ambiental sobre o animal para
saber como criar animais mais adaptados ao
ambiente...
AMBIENTE

ANIMAL

CLIMA SOLO VEGETAÇÃO DOENÇAS


3
BIOCLIMATOLOGIA

• Reconhecer os efeitos ambientais sobre o


bem-estar animal...

Adaptação do organismo animal

AMBIENTE

Degradação ambiental Ocorrências naturais

“...humano como o vilão...” 4


TERMINOLOGIAS DA BIOCLIMATOLOGIA

• Homeostase: equilíbrio

• Alteração genética: transmitida aos descendentes


pela seleção (seja natural ou artificial)
– Obj.: sobrevivência, reprodução e a produção em
condições adversas
– Adaptação genética: consequência da alteração genética –
(fator fenotípico)
5
TERMINOLOGIAS DA BIOCLIMATOLOGIA

• Aclimatação: mudanças adaptativas e alterações


compensatórias – frente a uma única variável
climática. Ajuste adaptativo duradouro frente a
várias exposições (por dias ou semanas)

• Habituação: redução na resposta ao meio

• Estresse/Distresse: soma de respostas fisiológicas


ou patológicas causadas por um estímulo - um
estado de desconforto.

6
Efeito da temperatura na REPRODUÇÃO...

O distresse térmico afeta os processos reprodutivos diretamente e


indiretamente, sendo:

Nos machos (casos estremos):


• esterilidade e redução de libido,
• degeneração do epitélio germinativo,
• dimunuição da produção de sêmen,
• queda da fertilidade

Nas fêmeas (casos estremos):


• retardamento da maturidade sexual,
• interferência na fertilidade e implantação do óvulo
• interrupção da prenhez.
7
ADAPTAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

• mudanças estruturais, metabólicas ou


comportamentais do animal que visam uma
melhor adaptação ao ambiente.
• favorece a sobrevivência e a reprodução da
espécie.

• fatores não-genéticos ou adquiridos : ocorrem


durante a vida (ontogenia)
• fatores genéticos: resultantes da evolução/seleção
(filogenia) 8
ADAPTAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Genótipo x Fenótipo
(expressão genética + meio ambiente)

MUDANÇAS
ambientais CONFORTO ambiental

clima
BEM-ESTAR ANIMAL

IMPACTOS
NEGATIVOS PRODUÇÃO
9
EFEITOS DO CLIMA/AMBIENTE

NO BEM-ESTAR DOS ANIMAIS

10
ADAPTAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

O CLIMA: resultado da ação conjunta de fatores


climáticos (vento, umidade, temperatura) e não podem
ser rigorosamente individualizados por constituir um
complexo climático que funciona como um todo.
Informações climáticas mais
importantes para a caracterização do
ambiente de produção animal:
Seus efeitos sobre os
animais são avaliados pelo
• temperatura de bulbo seco (tbs) - ar, comportamento e respostas
• umidade relativa (UR),
• velocidade (v) do ar,
dos indivíduos frente ao
• radiação solar meio.
• precipitação.

11
Temperatura do ar (tbs)

A tbs é o principal elemento climático para o conforto térmico e


funcionamento geral dos processos fisiológicos, por envolver a
superfície corporal dos animais, afetando diretamente a velocidade
das reações que ocorrem no organismo e influenciando a produção
animal.

Unidade relativa (UR)


A UR + tbs = estudadas para avaliar a dissipação de calor pelos
animais. Altos valores de tbs e UR são danosos para a produção
animal.
12
Velocidade do ar (v)
Permite a renovação do ar e melhora a dissipação do calor

• facilita as trocas de calor corporal por evaporação (redução da


transferência de calor da cobertura),
• diminui o excesso de umidade ambiente

• diminui o excesso gases: NH3, CO2 advindos da “cama” ou


superfície, da respiração animal e dos excrementos, evitando as
doenças pulmonares.

Estudo em aves: influência do ambiente térmico.


Produtividade de frangos de corte (4ª e 6ª sem. de idade)
faixas de tbs 21 e 27°C
UR 50 e 70%
v 0,5 e 1,5 m s-1 (YOUSEF, 1985 e MEDEIROS,132001)
Mecanismo regulatório da temperatura -
Homeotérmicos
Competências dos mamíferos:

Manter sua temperatura corporal dentro de uma faixa estreita, mesmo quando
expostos a grandes variações de temperatura.

A temperatura interna é constante, independente da temperatura ambiente.

Os animais são dotados de aparelho fisiológico termorregulador pois precisam


produzir calor (elevar temperatura do corpo) ou perder calor para o meio (no
estresse calórico).

A termorregulação é
ineficiente em animais
imaturos
Há mecanismos espécie
específicos de
termorregulação
14
Zona de conforto térmico (metabolismo mínimo):
não produz nem perde calor 15
Zona de temperatura ambiental em que o animal
consegue manter a homeotermia, mas com ajustes
fisiológicos (termogênese e termólise) 16
Abaixo da TI – animal não consegue aporte de energia suficiente para compensar
as perdas
Acima da TS – organismo é incapaz de impedir a elevação da temperatura interna
17
18
TECNOLOGIA DE ESTUDO DA BIOCLOMATO
QUADRO 1. Valores de referência em animais de produção

19
TECNOLOGIA DE ESTUDO DA BIOCLOMATO
QUADRO 2. Limites da temperatura para gado leiteiro de acordo com a idade e status
fisiológicos.

QUADRO 3. Efeito do stress térmico no consumo de alimentos.

TEMPERATURA UR (%) CONSUMO (%) REFERÊNCIA

Tanto em temperaturas elevadas como baixas ocorre queda na produção de origem animal, seja
por insuficiência de energia alimentar, seja por indisponibilidade de energia para o processo
produtivo.
Mecanismo regulatório da temperatura -
Homeotérmicos

produção de calor eliminação de calor

Ambos os processos irão usar a energia de


manutenção do corpo para gerar ou dissipar calor!!!

DIMINUI A ENERGIA QUE SERIA UTILIZADA PARA A


REPRODUÇÃO OU PRODUÇÃO
Superfície da pele
Termorreceptores
Recptores de frio Recptores de calor

Sist. Nervoso
Sist. Endócrino Exemplo das espécies
Sist. Circulatório Tosa
Sist. Respiratório

Vasoconstrição Vasodilatação
Aumento do apetite Sudação e respiração
Eriçamento dos pêlos Aceleração do ritmo resp.
Calafrios Diminuição do apetite
Aumento do metabolismo Acamamento dos pêlos
Redução do metabolismo

22
produção de calor eliminação de calor
TECNOLOGIA DE ESTUDO DA BIOCLOMATO

O aumento no consumo de água é a maior resposta ao


desconforto térmico, onde, a água consumida é utilizada
primariamente como veículo de dissipação de calor.

Sob condições a campo, a ingestão aumenta rapidamente em


temperatura >27ºC. (valores de 1,2 a 2x + do que os
requerimentos da termoneutralidade). (BEEDE & COLLIER).

QUADRO 4. Efeito da temperatura da água no consumo em


vacas sob stress térmico.

Temperatura ambiente

23
Mecanismo regulatório da temperatura -
Homeotérmicos

Mecanismos Evaporativos Mecanismos não Evaporativos

convecção Irradiação

respiração transpiração
condução
85% das perdas
em bovinos 24
Temperatura do ar
(25ºC)

SOL

Radiação
solar Radiação
refletida solar
incidente
Evaporação
(sudoração)
Irradiação
respiração

convecção

25
condução
Ganho de calor do animal: absorção de calor + calor metabólico
Deve ser perdido, para que se mantenha estado de homeostase (estabilidade fisiológica).
26
27
A transmissão da radiação ocorre através da capa (dependente da espessura, comprimento dos
pêlos, pigmentação dos pêlos, número de pêlos por unidade de área e diâmetro dos pêlos).
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos
Área superficial efetiva

• Conformação e geometria: animais mais angulosos perdem mais calor. Zebú

• Superfície corporal: animais de maior tamanho tem uma superfície pequena em


relação a massa corporal. Mais densos: mais adequados para o frio.

• Área superficial x idade: animal para de crescer e começa a engordar.


Ex.: o leitão dobra o peso (aumento 100%) ele aumenta de 55-60% da
superfície corporal. 28
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos
Área superficial efetiva

• irregular: postura do indíviduo


• animais se encolhem no frio: menor perda
de calor por diminuir a superfície exposta

29
Exemplo de diminuição da
superfície exposta

Armadillo Lizard (Cordylus cataphractus)

30
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos

• Suínos deitado com • Suínos deitado de


as 4 patas sob a lado = 0,22 m2 em
barriga = 0,09 m2 contato com o piso
31
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos
Características de Pelagem ou cobertura
cutânea
• espécie, raça, idade, estação do ano e região de
criação.
• densidade de pelagem: número de pêlos/cm2
• mais de 1.000 pêlos : densa pelagem
• profundidade da pele: mais importante no
isolamento térmico eriçamento das penas e pelos
• pêlos: compridos, grossos, curtos, lisos, suaves.
• comprimento pode depender da estação do ano.
32
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos
Espessura e pigmentação da pele

• despigmentada: queimaduras e reações cutâneas

• peles mais finais mais adequadas aos trópicos

• Glândulas sudoríparas:
• zebú; 1600/cm2
• taurino: 800/cm2
• suínos: 25 (não funcionais)
• aves: não apresentam funcionais
• Jersey: glândulas menores do que zebuíno (4x maior)

• Adpatação a escassez de água e alimento:


– ovinos: comprimento do intestino grosso
33
– zebuínos: cupim como reserva
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos

Terneiro 900 pelos/cm2


Vaca 700 pelos/cm2

• suínos tem poucos


pêlos = 10-25/cm2

34
Mecanismos regulatório da temperatura –
Homeotérmicos

Respostas em função da cor e tipo de pelagem

Raça Tipo Comp. (cm) Reflexão do


calor
(kcal/m2/h)
Brahman Branco e liso 8 240

Angus Preta e lisa 10 60

35
TECNOLOGIA DE ESTUDO DA BIOCLOMATO

a b c

Figura 2. Tela do programa para classificação da condição de conforto de suínos


mostrando três diferentes cenários: a) suínos em movimento – classificação inválida, b)
suínos em repouso – ambiente confortável e c) suínos em repouso – ambiente frio.

(XIN & SHAO, 2005).


36
A produção animal = potencial genético + nutrição +
sanidade + manejo + fatores ambientais.

BEM
ESTAR
ANIMAL

37
REFERÊNCIAS

BAÊTA, F.C.; SOUZA, C.F. Ambiência em Edificações Rurais. Viçosa: UFV. 1997.
COSTA, M.P. Primeiro Ciclo de Palestras Sobre Bioclimatologia Animal. Botucatu: FUNESP. 1989.
CURTIS, S.E. Environmental Manmegement in Animal Agriculture. Ames: Iowa State University, 1983. 409p.
HAFEZ, E.S.S. Adaptación de los Animales Domésticos. Barcelona: Labor, 1973. 563.
NÂÃS, I.A. Princípios de Cnforto Térmico na Produção Animal. São Paulo: Ícone. 1989.
SILVA, I.J.O. Ambiência e Qualidade na Produção Industrial de Suínos. Piracicaba: FEALQ. 1999.
SILVA, R.G. Introdução à Bioclimatologia Animal. São Paulo: Nobel. 2000.
SILVA, I.J.O. Ambiência na Produção de Aves em Clima Tropical. Vol. I Piracicaba: FUNEP. 2001.
SILVA, I.J.O. Ambiência na Produção de Aves em Clima Tropical. Vol. II Piracicaba: FUNEP. 2001.
SOUSA, P. Conforto Térmico e Bem estar na Suinocultura. Lavras: UFLA. 2004.
TEIXEIRA, V.H. Instalações e Ambiência para Bovinos de Leite. Lavras: UFLA. 2001.
Revista Brasileira de Zootecnia.
Anais do Encontro Anual de Bioclimatologia.
Journal Animal Science

38

Você também pode gostar