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CENTRO UNIVERSITÁRIO VALE DO IGUAÇU-UNIGUAÇU

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

AMANDA ANTUNES MOREIRA

AMBIÊNCIA E CONFORTO TÉRMICO EM BOVINOS DE LEITE A PASTO

UNIÃO DA VITORIA/PR
2020
AMANDA ANTUNES MOREIRA

AMBIÊNCIA E CONFORTO TÉRMICO EM BOVINOS DE LEITE A PASTO

Trabalho da disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal,


apresentado ao Centro de Medicina Veterinária, Área
das Ciências Agrárias do Centro Universitário Vale do
Iguaçu- Uniguaçu, com requisito a obtenção de conceito
avaliativo.

UNIÃO DA VITÓRIA-PR
2020
INTRODUÇÃO

Após muitos anos de estudo o estresse térmico em bovinos vem sido descrito em meios
científicos e atormenta pecuaristas do mundo todo, e como o Brasil atualmente se encontra
entre os 5 maiores produtores de leite do mundo torna-se indispensável todo o cuidado que se
deve manter preservando sempre o bem-estar do animal para aumentar cada vez mais a
produção de leite, por ser uma enfermidade que acomete especialmente bovinos leiteiros
também traz grandes prejuízos para as indústrias de laticínios, que sem o leite não poderão
produzir seus derivados.
A criação de vacas leiteiras tem se tornado um verdadeiro problema para produtores que
moram em áreas onde se atingem temperaturas muito altas, especialmente no verão, e com os
problemas que o efeito estufa tem gerado esquentando cada vez mais o planeta os bovinos
acabam sendo mais impactados e perdendo sua capacidade de altas produções.
Uma vaca criada a pasto de boa qualidade, ou seja, um pasto bem manejado, que seja
adubado, rotacionado, permanecendo até três dias em cada piquete possui uma taxa de
lactação que pode ser de até 14 litros/dia, porém, se nesse pasto não houver nenhum tipo de
sombreiro, os bovinos podem acabar perdendo significativamente seu desempenho na
produção por conta do calor, os parâmetros meteorológicos que mais contribuem para o
estresse térmico são o vento e o calor, como os bovinos já produzem por si só nas altas
produções o seu próprio calor metabólico o que resulta em estoque de calor corpóreo
excedente, ou seja, o animal recebe uma grande quantidade de calor do ambiente que aliado
ao calor produzido pelo seu metabolismo se torna maior que a quantidade de calor que o gado
consegue eliminar.
Para causar menos impacto nesses animais muitos produtores tem optado por fazer a
plantio de árvores pela propriedade e fornecer sempre água em abundância , algumas
alternativas tendem a ser mais benéficas para manter o bem-estar do gado, como a sala de
espera com ventilação, e o uso de resfriamento evaporativo, que é fornecido através
nebulizadores. A revisão bibliográfica tem por finalidade esclarecer questões sobre o conforto
térmico abordando alternativas que estão sendo cada vez mais utilizadas no dia-a-dia de
pecuaristas pelo Brasil.
A metodologia utilizada para esta revisão foi a pesquisa bibliográfica, com artigos
encontrados no Google Acadêmico.
AMBIÊNCIA E CONFORTO TÉRMICO EM BOVINOS DE LEITE A PASTO

1.1 Bem-estar do animal.

O conceito de bem-estar animal refere-se a oferecer a ele um devido cuidado e uma boa
qualidade de vida, ou seja, mantê-lo alimentado, saudável, e manter suas condições físicas e
psicológicas, sendo assim, esses aspectos proporcionam uma maior longevidade para sua
vida, e para isso é necessário compreender o animal e suas necessidades. O bem-estar animal
é definido como o estado do animal frente ás suas tentativas de se adaptar o ambiente em que
se encontra (BROOM, 1986), ou seja, ninguém é capaz de oferecer ao animal um bem-estar,
mas fim oferecer-lhe condições para que possa de adaptar no ambiente.

1.2 Estresse Térmico em Bovinos de Leite.

O Brasil atualmente está entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, porém a
produtividade por animal ainda é muito baixa e por isso cada vez mais produtores buscam
alternativas para aumentar a produção de leite, um dos maiores desafios enfrentados é a
produção em lugares onde tem uma alta temperatura, especialmente em determinadas épocas
do ano, o estresse térmico ocasiona grande desconforto nos animais e é o causador de grandes
percas e prejuízos tanto para os animais, quanto para o produtor rural. O estresse calórico
acomete especialmente vaca de aptidão leiteira, o fato de produzirem leite faz com que sua
ingestão de alimento seja maior, que implica no aumento da produção de calor metabólico e
consequentemente traz dificuldades de manter o equilíbrio térmico quando são submetidas a
condições de calor ambiental (AZEVEDO, 2006). O desconforto térmico é causado pela
associação de altas temperaturas e umidade do ar, e incidência de radiação solar e baixa
velocidade do vento, que reduz a eficiência da perda de calor (Dikmen e Hansen, 2009).
Segundo Broom e Jhonson (1993) o estresse é um efeito ambiental sobre um indivíduo
que coloca uma sobrecarga sobre seu sistema de controle e envolve aumento na mortalidade e
insucesso no crescimento ou reprodução. As estações do ano interferem diretamente no
metabolismo, produção, crescimento, lactação e reprodução dos bovinos de leite, causando
percas econômicas variáveis aos produtores rurais e a industrias de laticínios devido
unicamente ao estresse térmico que esse calor causa no animal, além disso, vacas com
estresse térmico são mais suscetíveis a doenças, pois ficam com a imunidade muito baixa
devido ao calor imposto sobre elas.
Para entender melhor como funciona o estresse causado pelo calor, basta parar para
observar em uma pastagem em um dia de muito calor, nessa pastagem existem poucas árvores
e muitos bovinos, pode se observar que vai ocorrer uma disputa entre todos para ocupar a área
sombreada, é evidente que os líderes do grupo terão um maior conforto (CAMARGO, 2003).
Se o animal prefere ficar na sombra quer dizer que está se sentindo mais confortável, e
sendo assim, a produção aumentará e a vaca vai produzir cada vez mais leite. O estresse
ocorre quando há a soma de forças externas que agem sobre um animal homeotérmico e há
mudanças em sua temperatura corporal, isso provoca tensão fisiológica e metabólica, as
principais variáveis externas que causam esse estresse térmico são a poluição solar e o vento
(YOUSEF, 1988).

1.3 Grupos genéticos.


Algumas raças de origem indiana são mais resistentes ao calor comparadas com outras que
evoluíram em clima temperado, o genótipo do animal é uma importante determinante ao
estresse térmico. A adaptação ao clima quente é razão da maior habilidade que o animal tem
de regular a temperatura corporal até o nível celular (BERMAN, 2011).
As características anatômicas e fisiológicas que tornam um grupo genético mais adaptado
ao calor que outros inclui a espessura da pele e o tipo de pelos, além do tipo de glândula
sudorípara e a distribuição pela pele. Peles com maiores teores de melanina retém a radiação
ultravioleta e quando pigmentadas pela cor preta, podem reter totalmente esse tipo de raios
solares. Já em peles com um menor teor de melanina podem ter efeitos da fotossensibilidade
(TURNER, 1980; HANSEN, 2004; SILVA E MAIA, 2013).

1.4 Conforto Térmico.


Os parâmetros corporais normais dos bovinos leiteiros é de 38,6ºC até 39,3ºC, a cima
disso pode ser considerado como um estresse térmico por calor, a frequência respiratória
também deve ser levada em consideração pois o animal tende a apresentar uma respiração
ofegante para que ocorra a troca de calor. O conforto térmico para o animal pode ser
fornecido através de sombras pela propriedade, pois as árvores promovem o bloqueio da
poluição solar, com árvores a sensação térmica é menor e fica entre 26ºC a 32ºC, em
comparação com céu aberto que a sensação térmica é de 36ºC a 40ºC (PIRES 2006). Um
outro método que pode ser utilizado é a sombra artificial que pode ser construída com
polipropileno, que ajuda entre 50% a 80% na redução do calor.
Muitos produtores tem adotado a alternativa da sala de espera para a ordenha, essa sala é
coberta, e se torna um ambiente confortável para o animal pois é fornecido água e possui
ventiladores para refresca-las. Segundo Cerutti et al. (2013), vacas com disponibilidade de
sombra e aspersão na sala de ordenha produziram mais leite (13,97kg/dia), quando foi
realizado a ordenha sem sombra o resultado foi 11 ,24kg/dia.
O conforto térmico influencia diretamente na produção, pois se o animal está se sentindo
confortável vai produzir cada vez mais, um dos métodos mais utilizados também para
fornecer esse conforto é o resfriamento evaporativo, é obtido por meio de nebulização, os
nebulizadores consistem em fornecer pequenas gotas de água que geram uma neblina que
deve evaporar antes de chegar a superfície do animal, este método proporciona o resfriamento
do ar, é muito utilizado e vem se mostrando de uma enorme eficácia.
CONCLUSÃO
Compreender a fisiologia e parâmetros e mecanismos envolvidos nas repostas de bovinos
aos desafios impostos pelo calor ambiental é de extrema importância para permitir o
desenvolvimento e a produção, sendo assim, observando esses parâmetros se torna cada vez
mais fácil entender que o bem-estar animal é obviamente um aliado para uma maior
longevidade do animal.
O uso de métodos naturais e artificiais tem se mostrado de uma enorme eficácia para os
produtores, pois assim, com a utilização dos mesmos a produção tem sido cada vez maior,
vacas com estresse térmico possuem extrema dificuldade de produção e reprodução, além
disso animais com estresse térmico possuem a imunidade mais baixa e ficarão mais
suscetíveis a doenças sendo assim, o prejuízo para os produtores pode ser enorme.
Entretanto, a utilização de sombras artificiais e naturais tem se mostrado muito eficiente
para esses animais, o simples plantio de arvores pela propriedade já é uma grande
importância, pois além de ser um método mais barato ajuda os animais a se manterem mais
refrescados, também é importante sempre oferecer água limpa em abundância para os
animais.
A sala de espera para ordenha, método de nebulização e o uso de ventiladores no local
onde acontecerá a ordenha também auxilia nesse cuidado, pois as vacas vão se sentir mais
confortáveis e refrescadas durante o momento em que estiverem sendo ordenhadas.
Com esses métodos sendo colocados em prática muitos animais vão possuir uma maior
longevidade, vão se sentir mais confortáveis e “felizes”, e produzirão mais leite por dia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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produtividade do gado leiteiro em climas. Journal os Dairy Science, 2011. Disponível em:
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<https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/46586/1/Binder1.pdf> . Acesso em:
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<http://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/ambiencia-em-rebanhos-leiteiros-como-
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GARCIA, Alexandre. Conforto térmico na reprodução de bubalinos criados em


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_leiteiras/links/0deec53023791b3bc8000000/Influencia-do-macroclima-e-do-microclima-
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