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ESTRESSE
TÉRMICO
E-book estresse térmico

O que é estresse térmico


O clima atua diretamente sobre os animais, principalmente através de seus
agentes. A temperatura é, neste aspecto, o componente do clima de maior
importância. Em regiões tropicais, onde a temperatura ambiente excede por
longo período de tempo o limite de tolerância ao calor, os animais precisam de
mecanismos para manter a homeotermia, ou seja, a temperatura dentro de
uma faixa ótima.

Sendo assim, uma das maiores prioridades de uma vaca leiteira é manter a
temperatura normal do corpo. Por isso, quando ocorre aumento da temperatura
corpórea acima do limite, ocorre o que chamamos de estresse térmico.

Existe uma zona onde as vacas estão em temperatura ótima para produção e
saúde. Essa é chamada de zona termo-neutra.

Fonte: Curso Manejo do estresse térmico para aumento da lucratividade da fazenda,


de Israel Flamenbaum.

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Quando ocorre o aumento de tolerância ao calor. Para vacas


temperatura acima da zona ótima, lactantes, a variação de
as vacas podem manter a temperatura crítica é entre -25 e
temperatura no início gastando +25 graus Celsius, o que significa
energia para ativar mecanismos de que as vacas podem tolerar
dissipação de calor corporal e, temperaturas muito baixas, porém
desta forma, manter a temperatura não toleram temperaturas muito
corporal. Quando a temperatura altas.
crítica máxima é atingida, a vaca
não consegue manter sua As altas temperaturas podem até
temperatura corporal que levar à morte do animal. Isso
normalmente é abaixo de 39 graus porque existe um ponto limite,
Celsius e essa temperatura começa acima do qual pode ocorrer o
a aumentar. Isto é o que chamamos óbito. As vacas que têm
de estresse térmico, ou seja, as temperatura de 38,5 graus Celsius,
vacas ficam com hipertermia possuem temperatura letal entre
(temperatura acima do normal). 42 e 43 graus Celsius. Embora
isso possa parecer um exagero,
Porém, nem todas as vacas leiteiras existe um histórico de ondas de
são iguais. Animais de diferentes calor no mundo, a última em 2006
categorias na produção leiteira na Califórnia onde 10 mil vacas
possuem algumas diferenças na morreram de hipertermia.

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Produção de calor
Como se dá a produção de calor no corpo de uma vaca leiteira? Para efeito
didático, podemos usar uma comparação com uma lâmpada que consome
uma quantidade de energia específica medida em Watts para gerar luz. Assim,
podemos dizer que a produção de 100 Watts seria capaz de acender uma
lâmpada com essa potência.

Uma vaca que não está produzindo leite pode gerar até 900 Watts de calor.
Porém, a produção de calor pela vaca aumenta quando começa a produzir leite.
Para cada 4,5 litros de leite, a vaca irá gerar o equivalente a 100 Watts. Dessa
forma, uma vaca produzindo 45 litros, o que é comum hoje em dia, irá gerar
cerca de 2000 Watts de calor.

Essa situação pode ser ainda pior se a vaca estiver exposta ao sol, pois o sol irá
irradiar o equivalente a 1600 Watts. Então, esta vaca de alta produção e exposta
à radiação solar, irá sofrer com a ação de mais de 3500 Watts.

Dessa forma, se por um lado queremos que as vacas produzam mais leite, por
outro é importante entender que esta produção significa
aumento da produção de calor também.
Consequentemente, as altas temperaturas levarão
esse animal a um estado de estresse térmico.

O estresse térmico impede que a vaca seja


capaz de perder todo o calor que está
produzindo. A vaca é considerada
“estressada pelo calor” quando a
temperatura corporal aumenta
acima do normal (> 39,0o C).

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Mecanismos de perda de calor


pelas vacas leiteiras
Existem várias formas da vaca perder calor para o ambiente. A vaca pode
perder calor por mecanismos não evaporativos, que são radiação, convecção e
condução e também pela evaporação.

Confira o gráfico abaixo:

Fonte: Curso Manejo do estresse térmico para aumento da lucratividade da fazenda,


de Israel Flamenbaum.

Se a temperatura estiver aumentando e ultrapassar os 20 graus Celsius, os


mecanismos não evaporativos, que são efetivos até as vacas começarem a
sofrer com o calor, são equivalentes à temperatura do ar. Então, estes
mecanismos são muito efetivos, mas quando a temperatura é muito maior, os 3
primeiros mecanismos não são capazes de ajudar as vacas na dissipação do
calor, e o único mecanismo efetivo quando a temperatura é equivalente ou
maior que a superfície da vaca é o mecanismo evaporativo.

Existem alguns fatores climáticos que influenciam a capacidade da vaca em


perder calor, sendo eles: temperatura e umidade, principalmente, mas também
ventos naturais, chuvas e radiação. Além disso, a pelagem de cobertura da vaca
e a espessura de camada de tecido adiposo abaixo da superfície da vaca
também estão relacionados com a capacidade da vaca perder calor.

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Índice temperatura/umidade
O índice de temperatura e umidade (ITU) é o parâmetro que mais representa as
condições climáticas. A umidade limita a capacidade da vaca de perder calor.
Dessa forma, quando há alta umidade, a combinação entre umidade e
temperatura reduz a capacidade da vaca de perder calor.

Existem diferentes fórmulas que permitem calcular o índice de temperatura e


umidade, mas todas elas resultam no mesmo número.

Uma das formas de calcular é através da fórmula, proposta por THOM (1959):

Então, se temos uma temperatura do ar de 25,5oC e uma umidade relativa do ar


de 20%, fazemos o seguinte cálculo:

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O gráfico abaixo mostra a relação entre o ITU e o estresse térmico de vacas:

Fonte: Curso Manejo do estresse térmico para aumento da lucratividade da fazenda,


de Israel Flamenbaum.

Anteriormente, considerava-se que o THI limite, ou seja, o nível máximo antes


de a vaca entrar em estresse térmico era de 72. Porém, os níveis de produção
das vacas eram relativamente baixos. Recentemente, no estado do Arizona, isto
foi reavaliado em câmaras climáticas e foi observado que, em vacas de alta
produção, o limite não é mais 72, e sim, 68. Com THI de 68, as vacas sofrem de
estresse térmico. Por isso, no mundo inteiro, os produtores de leite e técnicos
usam o limite de 68 entre a zona termoneutra e a condição de hipertermia.

Isto pode acontecer em diferentes combinações de temperaturas e umidade,


como por exemplo:

- 25,5oC e 20% UR;


- 22,5oC e 50% UR;
- 20,0oC e 80% UR.

Assim, em condições tropicais, grande parte do rebanho de vacas está com


índice de temperatura e umidade acima do limiar.

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A fisiologia da vaca leiteira com


estresse calórico
Existem alguns fatores que influenciam o estresse calórico:

• Fatores ambientais (temperatura, está relacionado ao nível de


umidade, radiação, vento); produção, mas também aos
• Raça (grande parte dessa caminhos fisiológicos e
diferença diz respeito à produção metabólicos em vacas em
de leite); diferentes fases de lactação):
• Nível de produção (maior • Tipo de alimentação (com uma
produção de leite implica e mais dieta mais concentrada, com mais
calor produzido); energia, mais proteína e menos
• Idade e número de lactações fibra digestível, as vacas vão
(novilhas e vacas mais jovens resistir mais ao calor comparado
sofrem menos que vacas adultas, com dietas menos concentradas);
até por produzirem menos leite,mas • Tipo de instalações (se permitem
também por sua fisiologia ser mais boa proteção para as vacas da
adaptada às condições climáticas, radiação solar, boa ventilação
uma vez que têm uma superfície natural durante dias ensolarados
corporal menor); e eliminação de gases, como
• Fase da lactação (vacas no início amônia e outros gases);
da lactação sofrem menos do que • Tipo de manejo.
as vacas no final da lactação e isso

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As vacas com estresse térmico apresentam alterações fisiológicas, como:

• Aumento da temperatura corporal ( > 39,0oC);


• Aumento da taxa de respiração (>80/min);
• Diminuição da produção de hormônios (ex: metabólicos e reprodutivos);
• Aumento da transpiração;
• Aumento do fluxo sanguíneo para superfície corporal;
• “Vasodilatação” (o que reduz o fluxo de sangue para o trato reprodutivo,
digestivo e produtivo – glândula mamária).

Além disso, há alterações em seu comportamento, que são:

• Diminuição da atividade geral;


• Vacas ficam de pé e se aglomeram;
• Reduz e para de ruminar;
• Aumento da ingestão de água;
• Reduz a ingestão e come somente nas horas mais frescas;
• Procura por sombra e áreas úmidas;
• Procura por áreas mais ventiladas;
• Reduz o comportamento de estro.

Diante disso, fica claro que há a necessidade de resfriar as vacas para que não
sofram os efeitos do estresse térmico, especialmente nos meses de verão.

Como fazer o resfriamento das vacas

Quando falamos de resfriar as vacas, temos que saber que existem duas
formas de resfriamento. A primeira forma chamamos de resfriamento direto e
realiza o resfriamento sem a interferência do ambiente.

O segundo é o sistema de resfriamento indireto. Neste sistema, nós reduzimos


a temperatura da vaca e do ambiente, mas temos que manter a vaca em
ambiente fechado para manter a temperatura interna mais baixa que a externa.
Desta forma, estando em temperatura mais baixa, indiretamente a vaca
consegue se refrescar ou se manter em condição normal de temperatura.

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Resfriamento direto

O resfriamento direto é a combinação de ventilação forçada e aspersão de água


nas vacas. Para entendermos como a ventilação funciona, temos que entender
que a vaca está cercada por uma camada de ar quente que é irradiada da
superfície do seu corpo. Essa camada é chamada de camada limite e, quanto
mais próxima da vaca, mais quente é e à medida que se afasta, a temperatura
diminui. O que a ventilação faz é mover esta camada de ar quente, permitindo
que a vaca converta mais calor.

Se a superfície da vaca, que é em torno de 35 graus Celsius, for equivalente à


temperatura do ambiente, a efetividade desta forma de resfriamento por venti-
lação é reduzida significativamente. Por isso, em altas temperaturas, a venti-
lação não é efetiva, ou é menos eficiente do que quando a temperatura está
abaixo de 35 graus Celsius, que é a temperatura aproximada da superfície da
vaca.

A velocidade do vento também pode interferir na eficácia do sistema de venti-


lação. Porém, não há necessidade de velocidades acima de 2 metros por
segundo para dissipar o calor na superfície da vaca ou essa camada de ar
quente.

No entanto, os cálculos mostram que a ventilação sozinha pode remover aprox-


imadamente 0,3 ou 0,4 graus Celsius da temperatura corporal. Se as vacas
forem submetidas a condições climáticas que causem um aumento na tem-
peratura corporal de apenas 0,3 a 0,4°C, talvez os ventiladores sozinhos
possam ser suficientes.

Na prática, em vacas de alto desempenho em condições de clima quente, o


aumento na temperatura corporal é muito maior que 0,3 a 0,4°C; algumas vezes
pode ser de 1 ou até 2°C acima da temperatura normal. Neste caso, apenas
ventiladores não são suficientes para dissipar o excesso de calor das vacas.

Isto é muito importante, pois muitos produtores mundo afora acreditam que se
instalarem ventiladores, o problema estará resolvido e não é verdade. Eles
resolvem apenas parte do problema, apenas para vacas com baixa produção.
Mas se forem vacas de alta produção em climas quentes, ventiladores não são
suficientes

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Ao falarmos de ventiladores, podemos caracterizar os ventiladores pelo volume


de vento que produzem através da medida de metros cúbicos de vento por
hora. A velocidade do vento é medida em metros por segundo. Se estivermos
falando de ventilar instalações muito grandes, iremos trabalhar com a primeira
medida. Quando falamos em resfriamento das vacas, com a combinação de
aspersão e ventilação forçada, é necessário enfatizar a velocidade do vento e
não o volume do vento.

Para mover o vento sobre as vacas, por exemplo, na área de descanso,


velocidade de 2m/s é suficiente. Mas se o objetivo for resfriar vacas pela
combinação entre aspersão e ventilação forçada, 3m/s é mais recomendado.

A combinação de aspersão e ventilação forçada é 5x mais eficiente e pode


eliminar 5x mais calor do corpo das vacas do que se usarmos apenas
ventiladores ou apenas aspersores, sem a combinação dos dois.

O equipamento a ser usado ao instalar o resfriamento direto em diferentes


áreas de fazendas também faz a diferença no resultado. Confira quais são as
recomendações:

• Ventiladores:

– Pequeno diâmetro - <26 ”(linha de alimentação);


– Diâmetro médio - 26 ”- 60” (canzil, pátio de resfriamento, área de
descanso);
– Grande diâmetro> 60 ” (baias, pátio de arrefecimento, área de descanso).

• Posicionamento do ventilador:

– fixo - (canzil, pátio de resfriamento, área de descanso);


– Oscilação vertical - (pequeno diâmetro - linha de alimentação);
– Oscilação horizontal - (grande diâmetro - área de descanso).

Para "molhar" as vacas no sistema de resfriamento direto, podemos utilizar


alguns sistemas, sendo um deles os nebulizadores. Eles precisam ser
instalados na frente dos ventiladores com vazão de 7 a 28 litros por hora, sendo
necessário ter 3 a 4 deles. Podemos usar nebulizadores de alta pressão, com

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50 a 150 litros/h, e aspersores.

Para deixar as vacas muito molhadas, com mais de 300 litros/h, pode-se usar
cada um deles de acordo com as condições específicas de cada criação, o que
pode ser determinado com a ajuda de consultoria, que irá adaptar o tipo de
ventilador e o tipo de nebulizadores, adaptando às condições especiais de cada
fazenda.

Podemos usar nebulizadores de baixa e alta pressão ou aspersores na linha de


cocho, na sala de espera, quando as vacas podem ser resfriadas antes da
ordenha ou entre as ordenhas. Não devemos usar água na sala de descanso,
mesmo que seja em free stall ou compost barn. Lá iremos usar apenas
ventiladores, mesmo sendo menos efetivo, mas vacas passam parte do tempo
e podem se beneficiar da ventilação forçada como parte do tratamento de
resfriamento.

Onde podemos resfriar as vacas?


Primeiramente, na sala de espera. Toda sala de espera deve ter um
resfriamento, pois é um local de aglomeração de animais, e cada vaca, produz
cerca de 2000 Watts de calor. Então, as vacas necessitam ser resfriadas em
grande parte do ano na sala de espera.

A sala de espera pode ser usada em fazendas menores para resfriar as vacas
entre as ordenhas, pois necessitamos resfriar as vacas a cada 4h para
eliminarmos todo o calor que elas geram.

A linha de cocho também é um ótimo local para o resfriamento das vacas. As


vacas estão em pé se alimentando e é possível prender as vacas. Por fim,
temos as áreas de descanso, que é uma área interessante, onde apenas
ventos de 2m/s é suficiente, enquanto ventos de 3m/s são necessários em
sala de espera, sala de resfriamento especial e na linha de cocho.

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4 pilares básicos para um sistema de


resfriamento direto eficiente
Os quatro pilares básicos para se produção necessitam de maior
ter um eficiente sistema de tempo e frequência de
resfriamento direto são: água, resfriamento para conseguir
vento, tempo e animal. dissipar a grande quantidade de
calor que produzem. Estudos
Água: vacas necessitam ser mostram que vacas de alto
completamente molhadas para que desempenho necessitam de
possam ser resfriadas. As gotas de aproximadamente 6h cumulativas
água necessitam chegar até a pele, de resfriamento no dia, com
e, tocando a pele, serão aquecidas e sequências de aspersão e
evaporadas. Se não molharmos a ventilação forçada para que
vaca adequadamente, não teremos possam alcançar um bom
a máxima efetividade do resfriamento. Se considerarmos
resfriamento. vacas secas ou de baixa
produção, podemos reduzir para
Vento: a velocidade de 3m/s foi 4h cumulativas por dia.
indicada como ótima para a boa
evaporação da água, então, Vaca: após atendermos os outros
precisamos concentrar esforços aspectos, como água, vento e
para alcançar esta velocidade tempo, precisamos que a vaca
quando formos usar a combinação seja apresentada às novas
de ventiladores e nebulizadores instalações. Não é incomum
para realizar o resfriamento. fazendas instalarem sistemas de
resfriamento, mas as vacas não
Tempo: o tempo também é um estarem nos locais onde o
importante fator. Vacas de alta sistema foi instalado.

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Prioridades para o resfriamento


de vacas
A necessidade de resfriamento das vacas é proporcional ao nível de produção.
Então, a primeira prioridade é em relação à vaca próxima ao parto, o que
chamamos de vacas em transição, de 3 semanas antes do parto até 3 a 4
semanas após parto.

Em seguida vêm as vacas de alta produção nos primeiros 120 dias de lactação.
Este é o segundo grupo de prioridade. Vacas no meio da lactação são o terceiro
grupo. Depois vacas secas, e o último grupo são as vacas no final da lactação.

No entanto, é necessário ficar claro que toda as vacas devem ser resfriadas,
mas se por alguma razão for necessário escolher apenas parte do rebanho,
estes são os grupos prioritários para o resfriamento.

Outra coisa importante a se fazer é iniciar o resfriamento das vacas


gradualmente, quando o verão se inicia. Não se deve começar do dia para noite.
Deve-se iniciar gradualmente, iniciando o resfriamento quando os dias
estiverem quentes no meio do dia. Já em pleno verão, quando os dias e noites
estiverem quentes, é necessário resfriar as vacas também durante a noite e 24h
por dia.

Assim, a intensidade de resfriamento precisa ser proporcional à intensidade do


estresse calórico.

Resfriamento indireto
Existe outro sistema de resfriamento que é usado em outras partes do mundo,
inclusive no Brasil, que é o sistema indireto de resfriamento. O sistema indireto,
diferente do sistema direto de resfriamento, é baseado na evaporação da água
do ar, enquanto no sistema direto, a evaporação ocorre da água em contato
com a pele da vaca.

No sistema indireto, ocorre a evaporação da água do ar, mas fisicamente o


resultado é o mesmo. Quando a água é evaporada do ar, gasta energia para
retirar o calor do ambiente e transformar líquido em gás e resfriar o ar.

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Existem principalmente 2 sistemas de resfriamento indireto. Um é o túnel de


vento, onde o vento atravessa o galpão, e o outro é a ventilação cruzada (cross
ventilation), onde o vento atravessa o galpão. Ambos utilizam, de um lado, um
suprimento de água, que pode ser painéis ou cortinas de água, e do outro lado,
exaustores que extraem o ar criando o movimento do ar umedecido e saturado
ao longo ou através do galpão.

Fonte: Curso Manejo do estresse térmico para aumento da lucratividade da fazenda,


de Israel Flamenbaum.

O sistema de resfriamento indireto precisa ser feito em galpões fechados, o que


significa que, na maioria dos casos, fica mais caro e mais limitado de ser usado
em momentos em que não há necessidade de resfriamento para as vacas.

Então, em grande parte do mundo, o sistema indireto é, na prática, mais usado


em climas onde as vacas permanecem dentro de instalações fechadas durante
todo o inverno devido às baixas temperaturas. Nestes casos, o investimento
dos galpões fechados no inverno pode ser usado durante o verão para resfriar
as vacas.

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Mas em condições climáticas onde apenas parte do verão é estressante, os


galpões fechados não são a solução. O que pode ser feito, e tem sido feito com
sucesso no Brasil nos últimos anos, é fechar os galpões com cortinas especiais
pelo período que queremos usa o resfriamento indireto. Estas cortinas podem
ser removidas no restante do ano, permitindo o resfriamento ou a ventilação
natural quando não é necessário usar a cross ventilation.

Então, quando formos selecionar o sistema de resfriamento, precisamos levar


em consideração as condições climáticas locais e as diferenças entre inverno e
verão, usando o sistema indireto de resfriamento com evaporação da água do
ar em regiões onde a umidade relativa é baixa e permite a redução da
temperatura corporal em 10 graus Celsius ou mais.

É muito mais difícil e, em vários casos, menos efetivo de se implantar este


sistema em locais de alta umidade, onde a capacidade de reduzir a temperatura
do galpão é muito limitada. Pode-se até ser efetivo em parte do dia, mas é
ineficiente na maior parte do dia. Assim, a efetividade é muito mais baixa do que
se usarmos este sistema em regiões secas.

Por que resfriar as vacas?


Diversos estudos mostram que vacas resfriadas produzem mais leite. O fato é
que as vacas refrigeradas são beneficiadas pelo processo de resfriamento não
apenas durante o verão, mas durante toda a lactação e , economicamente, isto
tem um valor muito alto.

Além disso, os dados também mostram uma melhora significativa na fertilidade


das vacas leiteiras quando é feito o resfriamento correto. Estudos mostram que
taxa de concepção alcançada com resfriamento adequado no verão é muito
perto dos níveis observados no inverno.

Por fim, o resfriamento melhora a eficiência alimentar das vacas. A eficiência


alimentar é um fator muito importante na produção de leite, já que a
alimentação representa 50% dos custos de produção. Os requerimentos de
energia para as vacas são maiores quando a temperatura está acima da
temperatura ótima, próximo de 20 graus Celsius. Se as vacas estiverem em 35
a 40 graus Celsius, precisarão de mais energia que vacas em condições
normais, e isso leva em consideração o fato de vacas em altas temperaturas
necessitarem de energia extra para manter os requerimentos de parte da
energia que é perdida e ineficiente.

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Estudos mostram que, sem resfriamento, a eficiência da produção de leite é


menor no verão. No geral, podemos dizer que há uma redução de 15% na
eficiência da conversão de alimento em leite quando as vacas estão sofrendo
com altas temperaturas, em estresse térmico. Isso representa uma grande
quantidade de alimento e dinheiro.

Tente imaginar: quanto de dinheiro você gasta com alimento para suas vacas
por ano? Ou por verão? Multiplique isto por 15%. Este é o dinheiro que você vai
perder no caso de não estar resfriando suas vacas e não estar liberando-as do
estresse calórico. Esse dinheiro poderia ser poupado se as vacas estivessem
sendo refrigeradas adequadamente.

É por isso que a instalação de sistemas de resfriamento de vacas, apesar de


exigirem um investimento por parte da fazenda, tem resultados excelentes, de
forma que o investimento se paga em pouco tempo, pois os prejuízos causados
pelo estresse térmico geram perdas enormes em receita para a propriedade.

Consulte o técnico de sua confiança para instalar em sua fazenda o sistema de


resfriamento mais adequado para a sua realidade, levando em consideração
todos os aspectos discutidos anteriormente.

Fonte: Curso Manejo do estresse térmico para aumento da lucratividade da fazenda,


de Israel Flamenbaum.

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