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Introdução
“A humanidade tem três grandes inimigos: a febre, a fome e a guerra. Dentre eles, o maior e o
mais terrível, é, de longe, a febre” - Sir William Osler
o Célebre frase desse grande médico que viveu no final do século XIX e início do século XX, época
em que ainda não existiam antibióticos. Ao longo da aula vamos ver que a principal causa de febre
são doenças infectocontagiosas, que naquela época ainda não conseguiam ser tratadas, o que
levava muitas pessoas a morte. Eis o porquê dessa frase do William Osler.
Defi nição
!!! Para ser definido como febre tem que ter um reajuste da temperatura hipotalâmica.
A febre é pouco sensível, pois tem várias doenças que podem ou não dar febre
. Quanto mais vezes o sintoma aparecer na doença, mais sensibilidade a gente tem. E pouco específica,
pois especificidade é o
sintoma só aparecer em determinada doença. A febre não tem nada disso, ela não é sensível (tem
infecção que dá febre, tem tumor que dá febre, tem tumor que não dá febre), nem específica (posso ter
febre sem ter infecção e tendo infecção). Então ela é pouco sensível e pouco específica.
Nos extremos de idade pode ser intensa (infância) ou não surgir (idosos); e vários eventos, infecciosos
ou não, podem causá-la.
Temos que lembrar que em pacientes mais novos (principalmente em recém-nascidos ou na primeira
infância) e em idosos, esses ajustes são bem variáveis. Muitas vezes, coisas que não fariam febre em um
adulto normal, acabam fazendo febre em uma criança. Tanto é que os pediatras recomendam sempre
quando tem uma febre que você não sabe onde é, aguardar 48h antes de procurar consulta.
Se por um lado na criança tem febre por qualquer coisa, no idoso, muitas vezes coisas que fariam febre
em pessoas mais jovens, neles não fazem. Às vezes o idoso está com uma infecção urinaria grave ou até
mesmo uma sepse e não faz febre.
Além de tudo, a febre requer avaliação objetiva (pegar um termômetro e aferir a temperatura do
paciente), mesmo que tenha sinais e sintomas que sugiram sua presença, para definir é necessário medir
a temperatura do paciente.
Sendo assim, a espécie humana é seguramente a espécie mais eficiente em controle térmico em
relação a perda de calor em ambientes quentes. Por isso, outros animais podem até correr mais rápido do
que nós, mas a espécie humana consegue correr por mais tempo, sem entrar em fadiga pela alta da
temperatura. Em ambientes frios, por outro lado, existem espécies mais eficientes.
Toda vez que nosso corpo é exposto a Pirogênios exógenos (infecção viral, bacteriana, parasitária,
toxina microbiana) ou a mediadores de inflamação (produzidos pelo nosso corpo, são chamados de
Pirogênios endógenos) ou a substâncias que provocam reações imunes e reações alérgicas, essas
substâncias são reconhecidas pelos monócitos, macrófagos, células endoteliais, dentre outras
células de defesa do nosso corpo.
Quando essas células de defesa têm contato com essas substâncias, elas produzem as chamadas
Citocinas pirogênicas, que também são chamados de Pirógenos endógenos (principais: interleucina 1,
interleucina 6, fator de necrose tumoral e o interferon).
Essas citocinas pirogênicas chegam até o endotélio do hipotálamo, onde vão induzir o endotélio a
produzir Prostaglandina E2 (PGE2).
Já as toxinas microbianas pegam um atalho, caem na corrente sanguínea e muitas vezes não passam
pelo sistema de apresentação da célula, elas vão direto no endotélio hipotalâmico e o induz a produzir
PGE2.
Pois os mediadores inflamatórios são grandes e não conseguem atravessar a barreira hematoencefálica,
e, como o endotélio hipotalâmico já produz a PGE2, ele a joga diretamente lá dentro, do outro lado da
barreira hipotalâmica. Assim, a PGE2 vai e atua no termostato hipotalâmico, elevando o ponto de ajuste do
termorregulador, que era 37°C.
Quando a PGE2 atua sobre o hipotálamo, ela faz com que essa temperatura se eleve além dos 37ºC. E aí
quando o termostato hipotalâmico se eleva, ele, por resposta as vias aferentes que mostram que a
temperatura corporal está abaixo, ativa os mecanismos de conservação (pessoa vai começar a sentir
frio, vai entrar debaixo de um cobertor, vai sair do local frio, vai pôr um agasalho, vai fazer vasoconstrição
periférica para reter calor), além dos mecanismos de produção de calor.
Com os mecanismos de conservação e de produção de calor ativos, a gente tem a febre, (elevação da
temperatura corporal em decorrência da elevação do termostato hipotalâmico).
Lembrando que a temperatura corporal não é a mesma durante todo o dia, ela é variável, pois obedece ao
ciclo circadiano (ciclo de sono e vigília), sendo a menor entre 3h e 6h da manhã e a maior entre 16h e
18h.
A temperatura axilar média: 36,4ºC + ou - 0,4ºC (36,0°C - 36,8ºC). Lembrando que essa é a temperatura
axilar média, o que não quer dizer que a pessoa que estiver com 35,8º não está bem, pois cada um vai ter
uma temperatura que vai manter dentro da normalidade.
Dentre os locais de aferição, o mais fidedigno é a retal, seguido pela oral e axilar, mas por questões
culturais a gente acaba aferindo por termômetro axilar e hoje, com o Covid, tem se usado muito o
termômetro infravermelho.
A temperatura axilar é 0,4ºC menor do que a temperatura oral, enquanto a temperatura oral é 0,4ºC menor
que a temperatura retal. Logo, a temperatura retal é 0,8ºC maior que a axilar, tendo uma diferença de
quase 1°C quando se muda o sítio de aferição, por isso que é importante determinarmos o local onde
aferimos na hora de anotar.
Mensuração com termômetro clínico, mantendo-o por 2-3 minutos, no máximo 5 minutos, sob a axila,
língua ou reto do paciente.
Dissociação axilo-retal (Sinal de Laennander): é quando tem uma dissociação grande entre a
temperatura axilar e a retal. Quando essa diferença entre as temperaturas é maior do que 1°C (o normal é
que essa diferença seja de 0,8°C), significa que existe uma produção de calor fora do padrão naquela
região próxima ao reto. Logo, esse sinal de Laennander significa que há algum processo inflamatório na
região pélvica ou intra-abdominal (exemplos: tumor de reto, prostatite, tumor de próstata, peritonite,
inflamação do reto ou intestino).
Termômetros clínicos
Definição técnica de febre: temperatura axilar maior que 36,8ºC pela manhã ou 37,3ºC à tarde. Ou seja,
se a pessoa tiver 37ºC de manhã, ela tem febre, se for a tarde, não tem, pois variamos nossa temperatura
ao logo do dia de acordo com o ciclo circadiano. Para fins de prática clínica, convencionaremos acima de
37,5ºC.
Lembrando que idosos têm menor capacidade de desenvolver febre, mesmo com infecções graves, visto
que o sistema imune do idoso já está muito atrofiado, enquanto o das crianças é hiperdesenvolvido e
hiperativo (timo, amigdalas, linfonodos), por isso elas fazem tanta febre.
A temperatura varia ao longo do dia, como mostra no gráfico. Às 18h aproximadamente, ele estava com
quase 37,5ºC de temperatura, quando chegou em torno de 3h da manhã, essa temperatura já tinha caído
para menos de 36,5ºC.
Curvas térmicas
Curva térmica é a medição da temperatura em vários momentos do dia para fazer um gráfico (sem o uso
de antitérmicos, pois modifica a curva e padrão normal da febre deixa de existir). Dentro das curvas
térmicas, temos algumas que ainda consideramos importantes. A primeira que vamos ver é de uma febre
remitente:
Febre remitente
Febre remitente é aquela que tem uma curva térmica com temperaturas permanentemente elevadas,
quedas diárias na temperatura, mas que não chegam à normalidade. Tem-se uma hipertermia diária,
com variações de temperatura maiores do que 1°C, mas sem períodos de apirexia (período sem
febre). O paciente fica todos os dias com temperatura acima da linha que define febre (linha escura no
gráfico). Isso é a definição de febre remitente, uma febre que não passa, com a temperatura variando
mais de 1°C por dia, sem chegar à normalidade. Ex.: amigdalite bacteriana
Febre intermitente
A segunda curva térmica é a da febre intermitente, que como o próprio nome já diz, é aquela em que a
temperatura sobe e desce. Ou seja, durante o dia a temperatura sobe, se mantém elevada e retorna ao
normal (Elevações maiores do que 1ºC, retornando ao normal dentro de um período de 24h).
É uma das febres mais comuns, pois vários processos infecciosos podem gerá-la.
Na febre héctica ou séptica (sepse é uma infecção generalizada, de onde vem seu nome), tem um padrão
totalmente aleatório, tendo picos muito altos de temperatura (passando de 39º/40°), intercalados com
temperaturas mais baixas ou até mesmo apirexia. Sem caráter cíclico, totalmente imprevisíveis, com
variações maiores que 1,4ºC durante o dia, tendo períodos sem febre e períodos de temperatura muito
alta. Ex.: septicemia.
Febre mais comum na malária, possui períodos de temperatura normal, que vão durar dias ou
semanas, seguidos por períodos com febre, que também duram dias ou semanas. Como a
Ex.: linfomas; tumores; febre terçã da malária (3 dias com febre, depois um período de 3 dias sem febre,
depois volta a ter período de febre e assim por diante); linfoma de Hodgkin, que dá uma febre clássica,
que é a febre de Pel-Ebstein (vários dias de febre e depois vários dias sem febre).
Outras definições de variações de temperatura
- Febre: reajuste termostato hipotalâmico para níveis acima de 37ºC, com consequente elevação da
temperatura corporal.
- Hipertermia: elevação da temperatura corporal não associada a alteração do ponto fixo hipotalâmico.
Desbalanço entre a produção e a perda de calor. Ou seja, o termostato hipotalâmico está em 37ºC, no
entanto a temperatura corporal está maior que 37ºC. Alguma coisa aconteceu, ou está produzindo mais
calor do que deveria ou perdendo menos do que deveria.
À princípio, quando não se sabe a causa, considera como febre e aí durante a investigação vai
identificando se é mesmo febre ou hipertermia
-Hipotermia: redução involuntária da temperatura corporal central para menos de 35ºC. (pode ou não ter
redução do termostato hipotalâmico- lesão do SNC pode causar redução dele).
- Intermação: pode ocorrer, por exemplo, por insolação, quando a pessoa recebe uma quantidade de
energia térmica tão grande no corpo, que se torna incapaz de perder essa quantidade de calor da mesma
maneira, elevando, portanto, a temperatura corporal. (Não há redução do termostato hipotalâmico)
- Hipertermia induzida por fármacos: alguns medicamentos podem fazer com que a temperatura
corporal se eleve muito.
-Síndrome neuroléptica maligna: dentro desses fármacos tem alguns grupos que funcionam fazendo
coisas bem especificas. Um desses grupos é o dos neurolépticos, que são medicamentos utilizados para
tratar doenças que causam agitação intensa (esquizofrenia, transtorno bipolar). Como exemplos clássicos
de neuroléptico temos o Haloperidol, a Quetiapina e a Risperidona. Em pessoas que já tenham
predisposição em fazer essa síndrome, quando se faz uso de neurolépticos, eles podem provocar uma
rigidez muscular no paciente, consequentemente uma elevação de temperatura corporal, sem
elevação do termostato hipotalâmico. Paciente fica com a temperatura constantemente elevada, mas se
você parar de dar o neuroléptico para ele, a temperatura se normaliza. Isso é chamado, portanto, de
síndrome neuroléptica maligna.
- Síndrome da serotonina: a serotonina é capaz de elevar a temperatura corporal por meio do aumento
do metabolismo. Em pacientes que tenham um tumor secretor de serotonina, a hipersecreção desse
neurotransmissor acaba elevando a temperatura corporal.
- Lesões do sistema nervoso central: algumas lesões no SNC também provocam aumento da
temperatura corporal sem elevação do termostato hipotalâmico.
É uma situação muito grave, mas felizmente pouco comum. É uma reação idiossincrática a um
anestésico, principalmente aos inalatórios, sendo que os 3 anestésicos que normalmente provocam
hipertermia maligna são o halotano, isoflurano e enflurano (anestésicos inalatórios utilizados em
sedação anestésica ou anestesia geral).
Causa: Ocorre por conta de uma desordem genética da regulação do cálcio intracelular, que acontece
quando pacientes que já têm predisposição de fazer hipertermia maligna são submetidos a esses
anestésicos. Logo, todo o cálcio que está presente no retículo sarcoplasmático do músculo esquelético
dos pacientes e no estriado cardíaco, é liberado ao mesmo tempo. Sendo assim, sabendo que o cálcio
intermedia a contração muscular, o que acontece é uma contração muscular involuntária e intensa de
todos os músculos do corpo, provocando um grande aumento da produção de calor e,
consequentemente, uma rápida elevação da temperatura corporal.
Atualmente já se tem antídotos, mas até que ele faça seu efeito, é preciso fazer de tudo para tentar
abaixar a temperatura corporal do paciente (usar soro gelado, compressas de gelo), pois se a temperatura
corporal passar de 42ºC, as proteínas do corpo começam a desnaturar e isso é incompatível com a vida.
Causas da febre:
Infecção
Necrose tecidual (Ex.: IAM)
Inflamação (nos casos de doença autoimune)
Doenças endocrinológicas
Drogas
Neoplasias malignas
Lesões cerebrais - traumatismo craniano, acidentes vasculares cerebrais
Febre
Astenia
Inapetência
Taquicardia
Taquipneia
Mialgia (Dor no corpo)
Calafrios
Sudorese
Além disso, alguns outros sintomas também podem estar presentes na síndrome febril, porém não são tão
comuns: cefaleia, taquisfigmia (aumento frequência de pulso), oligúria, náuseas e vômitos.
Muitas vezes, pacientes idosos não têm febre nas condições que esperávamos que tivessem, mas quando
têm, geralmente apresentam mais ou menos esses sintomas também.
Se a pessoa tem esses sintomas e não tem temperatura elevada no termômetro, não é febre, não existe
febre interna (febre é objetiva, tem que medir pra afirmar).
A principal causa de febre, independente da faixa etária, são doenças infecciosas e parasitárias.
Tendo outras causas, como, doenças do sistema nervoso, febre induzida por medicamentos, febre de
origem obscuro ou indeterminada e neoplasias.
Causa mais frequente de febre em todas as faixas etárias. E, nesse caso, a febre é acompanhada de
sinais e sintomas indicativos do órgão afetado. Por exemplo, paciente está com febre, odinofagia e
linfadenomegalia cervical, ou seja, está falando qual é o órgão afetado- provavelmente é uma amigdalite.
Paciente está com febre, disuria, polaciúria, dor pélvica e lombar - provavelmente é uma infecção
renal/pielonefrite.
Lembrar que sempre que se tem febre prolongada com pouca sintomatologia, é necessário pensar nas
causas de febre prolongada sem muito sintoma de órgão alvo: tuberculose extrapulmonar, endocardite
infecciosa, brucelose, Salmonelose (infecção por salmonella), infecções piogênicas (abcesso),
amebiase, esquistossomose, malária e doença de chagas aguda.
Quase sempre há febre após uma lesão cerebral. Em casos mais graves, se tem temperatura corporal
muito elevada (falamos febre porque muitas vezes não dá pra se ter certeza se é febre ou hipertermia),
podendo ter rápida ascensão antes do óbito.
Hipertermia neurogênica: a temperatura pode se elevar após intervenções cirúrgicas na região da fossa
hipofisária e do 3º ventrículo, o que pode interferir na elevação da temperatura corporal.
Pacientes que sofrem AVC, podem ter elevação moderada da temperatura corporal, de 37,5ºC a 39ªC.
E quando tem lesão da medula espinhal, pode ter um grave distúrbio nessa regulação da temperatura,
pois se perde a comunicação entre o SNC e a periferia, logo, o SNC não consegue saber qual a
temperatura da periferia, não podendo, assim, regulá-la de maneira adequada, podendo levar a
hipertermia ou a hipotermia.
Vários mecanismos: hipersensibilidade mediada por anticorpos, contaminação de frascos e soluções com
microrganismos, e com a liberação de Pirogênios exógenos.
Essa febre induzida por drogas não tem padrão característico e ela regride quando se para de usar o
medicamento.
Complicações da febre
Pode-se ter lesões herpéticas periorais (o lábio meio ferido/ com bolhas), em casos de pneumonia
pneumocócica, pneumonia por mycoplasma, meningite meningocócica e febre tifoide, são exemplos de
febres em situações que provocam lesão herpéticas periorais.
Em crianças pequenas, normalmente menores de 6 anos, que tenham predisposição, podem acontecer
convulsões febris. Isso não depende do nível de febre, pode-se ter uma febre de 38º fazendo convulsão
febril em uma criança predisposta.
FOO clássica: TA (temperatura axilar) > 38,3ºC em várias ocasiões; febre com duração de mais de 3
semanas; impossibilidade de estabelecer um diagnóstico a despeito de 3 consultas ambulatoriais ou 3 dias
em intervenção hospitalar ou uma semana de investigação ambulatorial criteriosa e invasiva.
Então, se um paciente tem febre com duração de mais de 3 semanas, foi em 3 consultas ou ficou 3 dias
internado e não conseguiu estabelecer essa causa, é febre de origem obscura ou indeterminada.
FOO neutropênica: TA > 38,3ºC em várias ocasiões em paciente cuja contagem de neutrófilos esteja <
500/mm3 ou que haja expectativa de que esteja nesses valores em 1 a 2 dias. Sendo essa investigação
de 3 dias, com pelo menos 2 dias de incubação de culturas. (Ou seja, aqui o que muda é o tempo de
investigação)
FOO hospitalar: TA > 38,3ºC em várias ocasiões em paciente hospitalizado que esteja submetido a
tratamento agudo sem evidência de infecção. (paciente internou por outro motivo, não para tratar infecção
e começa a dar febre). Investigação de 3 dias, com pelo menos 2 dias de incubação de culturas sem
conseguir determinar de onde ela veio.
FOO associada ao HIV: TA > 38,3ºC em várias ocasiões em paciente com HIV ao longo de 4 semanas em
ambulatório ou 3 dias internados. Investigação também tem que ser de 3 dias internados, com pelo menos
2 dias de incubação de culturas.
Investigação da febre
O início da febre, a intensidade (aferida com termômetro), duração, modo de evolução dessa febre (se
no início estava como febre intermitente, depois virou remitente, ou se já é um febre recorrente,
ondulante), como essa febre termina (Termina em Crise: aquela em que se está lá sentindo frio embaixo
do cobertor e do nada começa a suar. Termina em Lise: febre que nem percebe que foi embora, mas
quando põe o termômetro vê que ela não está mais lá).
É importante verificar os níveis de temperatura medidos. A periodicidade dessa febre (de quanto em
quanto tempo está tendo); os fatores que acompanham (calafrios, mal-estar, vômitos, mialgias). Se o
paciente usou medicamentos, (quais e em que quantidade), pois se usou antitérmico pode ter
influenciado a curva térmica (ela pode não ser real); e se usou outras drogas, algumas podem induzir
febre.
E lembrar de perguntar se o paciente teve contato com pessoas portadoras de doenças que possam
produzir febre ou de doenças infectocontagiosas.
Ainda na investigação da febre, é importante perguntar se o paciente entrou em florestas e cavernas; seus
hábitos e atividades sexuais (se pensarmos, por exemplo, que a febre foi induzida por uma DST, como o
HIV, hepatite, sífilis); viagens a regiões endêmicas (por exemplo, paciente foi pro Pará e está com febre,
pode ser malária); transfusão sanguínea (principalmente antes dos anos 80, quando não testavam o
sangue de maneira adequada, podendo ser uma hepatite ou HIV por exemplo); contato com animais que
possam transmitir doenças (como brucelose em animais contaminados, doenças fúngicas em pássaros, ou
toxoplasmose encontrado em fezes de gatos); hábitos higiênicos; hábitos alimentares; hábitos de vida (uso
de seringa ou agulha não esterilizada para aplicar algum medicamento ou droga ilícita); emagrecimento
(quanto perdeu e em que velocidade); doenças pregressas e familiares; e caso você tenha alguma dúvida
quanto as informações do paciente durante a investigação da febre, é importante confirmar essas
informações com familiares e amigos.
No exame físico, pesquisar se esse paciente tem lesões cutâneas, lesões na orofaringe, seios
paranasais, dentes, se tem aumento das vísceras, linfadenomegalias, alteração de fundo de olho, da boca,
avaliar região anal e reto, massas abdominais ou pélvicas e sopros cardíacos. Obviamente de acordo com
a necessidade, queixas e anamnese que se fez.
Lembrar também que é extremamente necessário na investigação da febre, quando ainda não se tem o
diagnóstico, fazer uma curva térmica todo dia e comparar com a do dia anterior, o que deve ser repetido
diariamente até obter o diagnóstico da causa dessa febre.