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Beatriz Ribeiro @enfporbea

Sinais Vitais
O que são sinais vitais?
Os sinais vitais são um método fácil, rápido e barato de triagem que permitem concluir sobre o estado
geral do paciente. A verificação e avaliação desses sinais durante o exame físico é essencial visto que, eles
são os principais indicadores das condições do paciente assistido, além de que oferecem dados para
identificar diagnósticos de enfermagem, implementar intervenções planejadas e avaliar os resultados do
cuidado. Uma alteração nos sinais vitais sinaliza uma mudança na função fisiológica do paciente.

Quando medir os sinais vitais?


 Na internação em unidade de saúde;
 Ao avaliar o paciente durante visitas domiciliares;
 No hospital de acordo com o protocolo de cada setor;
 Antes, durante e após transfusão de sangue e hemoderivados;
 Antes, durante e após administração de medicamentos ou terapias que afetem as funções
cardiovascular, respiratória ou de controle de temperatura;
 Quando o estado físico geral do paciente muda (p. ex: perda de consciência);
 Antes, durante e após as intervenções que influenciem um sinal vital (p. ex: deambulação);
 Quando o paciente relata sintomas inespecíficos de desconforto físico (p. ex: sensação de
“engraçado” ou “diferente”).

Cuidados de enfermagem na aferição de sinais vitais:


 Avaliar equipamentos e garantir o funcionamento deles;
 Escolher equipamentos com base nas condições e características do paciente;
 Conhecer a variação habitual dos sinais vitais do paciente;
 Conhecer a história médica, as terapias e os medicamentos prescritos do paciente;
 Promover ambiente adequado para o paciente e para a estabilização dos sinais vitais;
 Ser organizado e sistemático na aferição;
 Decidir com a equipe multiprofissional a frequência de avaliação dos sinais vitais;
 Conhecer os limites aceitáveis para o paciente antes de administrar medicações;
 Analisar os resultados com base na condição do paciente e história clínica passada;
 Verificar e comunicar alterações significativas;
 Verificar mais de uma vez quando encontrar valores anormais;
 Registrar em prontuário todas as alterações;
 Orientar o paciente, familiar ou cuidador sobre a avaliação dos sinais vitais e o significado dos
resultados.

Os sinais vitais:
1. Temperatura;
2. Pulso;
3. Frequência respiratória;
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4. Pressão arterial;
5. Dor.

Temperatura:
A temperatura é a diferença entre a quantidade de calor produzido pelos processos corporais e a
quantidade perdida para o ambiente externo. Sendo assim:

Produção de calor – Perda de calor = Temperatura


Corporal
Os mecanismos de controle de temperatura dependem de condições ambientais e da atividade física,
podendo variar a temperatura da superfície a depender do fluxo sanguíneo para a pele e da quantidade de
calor perdido para o ambiente externo. Apesar disso, a temperatura central (dos tecidos profundos) se
mantém relativamente constante. Os tecidos e células do corpo funcionam de forma eficiente dentro de
um intervalo estreito, de 36ºC a 38ºC, mas não existe uma temperatura única que seja normal para todas
as pessoas. A temperatura corporal é aferida por meio de um termômetro clínico.

O ser humano é homeotérmico, ou seja, possui a capacidade de manter sua temperatura corporal dentro
de um certo intervalo pré-determinado, apesar das variações térmicas do meio ambiente (homeostasia
térmica).
A regulação da temperatura corporal (termorregulação):

A termorregulação é realizada através de mecanismos fisiológicos e comportamentais que regulam o


equilíbrio entre a perda de calor e o calor produzido.

 Controle neural e vascular: o controle da temperatura corporal é realizado pelo hipotálamo, que é
uma estrutura localizada entre os hemisférios cerebrais. O sistema de aquecimento funciona a
partir de uma “temperatura confortável” que é o ponto de ajuste desse controle. O hipotálamo é
capaz de detectar pequenas mudanças na temperatura corporal, sendo que:
 Hipotálamo anterior: controla a perda de calor através da vasodilatação, da sudorese, da
inibição de produção de calor e de comportamentos como procura de lugares frios. O corpo
redistribui sangue para os vasos da superfície para promover a perda de calor.
 Hipotálamo posterior: controla a conservação de calor por meio da vasoconstrição,
piloereção, diminuição da sudorese e produção de calor compensatória através de
contração muscular voluntária e tremores musculares (calafrios). Também controla a
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produção de calor por meio do aumento do metabolismo pela secreção de hormônios da


tireoide e da adrenal.
Doenças ou traumas que acometem o hipotálamo ou a medula espinhal (que transporta as
mensagens hipotalâmicas) provocam graves alterações no controle da temperatura.

 Produção de calor e metabolismo: o calor produzido pelo organismo é um subproduto do nosso


metabolismo, que é a reação química que ocorre em todas as células do corpo. O alimento é a
principal fonte de combustível para o metabolismo. As atividades que requerem reações químicas
adicionais aumentam a taxa metabólica, ou seja, conforme o metabolismo aumenta, calor adicional
é produzido. Quando o metabolismo diminui, menos calor é produzido. A produção de calor irá
ocorrer em momentos de repouso, por movimentos voluntários, tremores involuntários e
termogênese sem tremores de frio.
 Metabolismo basal: é responsável pelo calor que é produzido pelo corpo em repouso
absoluto. A taxa metabólica basal (TMB) é a quantidade de energia necessária para que haja
a manutenção das funções vitais do organismo ao longo de 24 horas, e é medida em
calorias, sendo assim, a TMB média irá depender da área de superfície corporal. A TMB
pode também ser afetada pelos hormônios da tireoide, já que ao promover a degradação de
glicose e de gordura corporal, esses hormônios aumentam a taxa de reações químicas em
quase todas as células do corpo. Quando grandes quantidades de hormônios da tireoide são
secretadas, a TMB pode aumentar até 100% acima do normal. A ausência de hormônios da
tireoide, por sua vez, irá reduzir a TMB pela metade e causar diminuição na produção de
calor. Além disso, a testosterona aumenta a TMB e por isso, os homens têm uma TMB maior
que as mulheres. Os movimentos voluntários (p. ex: atividade muscular durante exercícios),
necessitam de energia adicional e por isso aumentam a taxa metabólica durante a atividade,
podendo aumentar a produção de calor em até 50 vezes do que o normal.
Os tremores por frio causam movimento do músculo esquelético, que requer energia
significativa, podendo aumentar a produção de calor de 4 a 5 vezes mais que o normal. O calor
que é produzido ajuda a compensar a temperatura corporal e o tremor por frio cessa. Pacientes
vulneráveis a tremer por frio drenam fontes de energia de forma severa, resultando em uma
maior deterioração fisiológica.
Já a termogênese sem tremores por frio ocorre principalmente em recém-nascidos, pois eles
não podem tremer por frio. Sendo assim, uma quantidade limitada de tecido marrom é
metabolizada para que ocorra a produção de calor.

 Perda de calor: a perda e a produção de calor ocorrem de forma simultânea. A estrutura da pele e
a exposição ao ambiente resultam na perda de calor normal e constante, através de radiação,
condução, convecção, evaporação e diaforese.

FORMA DE PERDA DE CALOR O QUE OCORRE


Radiação Transferência de calor a partir de uma superfície de um objeto
para outro sem que haja contato direto entre os dois. Até 85%
da área da superfície do corpo humano irradia calor para o
ambiente. Aumenta conforme a diferença de temperatura entre
os objetos aumenta. Exemplo: ambientes frios.
Condução Transferência de calor de um objeto para outro com contato
direto. Normalmente é responsável por uma pequena
quantidade de perca de calor. Exemplo: contato com objetos
frios ou quentes.
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Convecção Transferência de calor para longe devido a circulação de ar. A


taxa de perda de calor aumenta quando a pele umedecida entra
em contato com o ar ligeiramente em movimento. Exemplo:
uso de ar-condicionado ou ventilador.
Evaporação Transferência da energia de calor quando um líquido é alterado
para um gás. O corpo perde calor dessa forma continuamente,
sendo que, aproximadamente 600 a 900 ml por dia evaporam
da pele e dos pulmões, resultando em perca de calor e de água.
Durante o exercício físico, mais de 80% do calor produzido é
perdido dessa forma. Exemplo: evaporação do suor.
Diaforese É a transpiração visível que ocorre principalmente na testa e na
parte superior do tórax, mas que também pode ser observada
em outros lugares do corpo. A diaforese excessiva provoca
descamação da pele, prurido e secura de narinas e faringe. Para
cada hora de exercício em condições de calor, pode-se perder
de 0,5 a 2L no suor. Pessoas com ausência congênita de
glândulas sudoríparas ou doenças de pele graves que
prejudicam a transpiração, são incapazes de tolerar
temperaturas quentes.

 A pele na regulação da temperatura: a pele faz a termorregulação por meio do isolamento do


corpo, pela sensação de temperatura e pela vasoconstrição (que afeta a quantidade de fluxo
sanguíneo e a perda de calor para a pele). O calor no interior do corpo é mantido pela pele, pelo
tecido subcutâneo e pela gordura. Os órgãos internos produzem calor, sendo que, durante o
exercício ou no aumento da estimulação simpática (p. ex: resposta ao estresse), a quantidade de
calor produzida é maior que a temperatura central normal. O sangue irá fluir a partir dos órgãos
internos e dissipar o calor para a superfície do corpo. A pele tem muita vascularização,
especialmente nas mãos, nos pés e nas orelhas. O fluxo de sangue através das áreas vascularizadas
da pele varia minimamente de 30% do sangue ejetado do coração. Através do sangue e das paredes
dos vasos, o calor irá para a superfície da pele e vai ser perdido para o ambiente. O grau de
vasoconstrição determina o fluxo sanguíneo e a perda de calor para a pele.
 Controle comportamental: indivíduos saudáveis são capazes de manter a temperatura corporal
confortável quando estão expostos a temperaturas extremas. A capacidade de controle da
temperatura corporal depende do grau de temperatura extrema, da capacidade da pessoa para
sentir-se confortável ou desconfortável, dos processos de pensamento ou emoções e da
mobilidade ou da capacidade de tirar e colocar roupas. Sendo assim, indivíduos são incapazes de
controlar a temperatura corporal se qualquer uma dessas habilidades forem perdidas. Por exemplo:
lactentes são capazes de sentir condições desconfortáveis, mas precisam de ajuda para mudar o
seu ambiente.

Fatores que afetam a temperatura corporal:

Mudanças na temperatura corporal irão ocorrer em uma faixa aceitável quando os mecanismos fisiológicos
ou comportamentais alterarem a relação entre a produção e a perda de calor. São eles:

 Idade: a depender da idade, a termorregulação se torna instável. Sendo assim:


 Recém-nascidos e lactentes: os mecanismos de controle de temperatura dos neonatos e
lactentes são imaturos, respondendo drasticamente as alterações ambientais. Um recém-
nascido pode perder até 30% do calor corporal através da cabeça. Essa temperatura
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continua instável até que essas crianças atinjam a puberdade. É importante proteger
principalmente os recém-nascidos de temperaturas ambientais, fornecer roupas adequadas
e evitar exposição a temperaturas extremas.
 Idosos: a variação da temperatura ocorrem com maior facilidade devido à sensibilidade para
rtemperaturas extremas, por causa da deterioração dos mecanismos de controle, do
controle vasomotor que se torna particularmente precário (controle de vasoconstrição e
vasodilatação), além das quantidades reduzidas de tecido subcutâneo, do metabolismo
reduzido

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