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A Avaliação de Sinais Vitais

Cuidados de Enfermagem e Processo de Decisão Clínica

1.º ano | Licenciatura em Enfermagem | Universidade do Minho


Analisa Candeias acandeias@ese.uminho.pt
Os sinais vitais evidenciam o funcionamento da função corporal, sendo relevantes
para determinar o estado de saúde do indivíduo.

São os melhores indicadores das alterações que afetam a eficácia do funcionamento


de órgãos vitais.

A avaliação dos sinais vitais proporciona dados que permitem determinar o estado
de saúde da pessoa, bem como a resposta ao stress físico e psicológico e à
terapêutica.

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«(...) são vitais porque são indicadores indispensáveis do estado de saúde da pessoa.
Mesmo quando o utente parece gozar de um elevado nível de bem-estar, a avaliação
dos sinais vitais é, muitas vezes, importante para estabelecer uma linha de
referências de dados a partir da qual se poderá julgar o significado de futuros
desvios daquilo que parece ser "caraterístico" ou "normal".»
Bolander, 1998, p. 720

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TEMPERATURA CORPORAL
PULSO
TENSÃO/PRESSÃO ARTERIAL
RESPIRAÇÃO
Saturação periférica de oxigénio (não é um sinal vital, mas deve ser avaliada)

DOR

Uma alteração dos sinais vitais pode ser um indicador de alteração no


funcionamento fisiológico ou do bem estar do indivíduo: situação de vida ou morte.

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Quando Avaliar?

Quando a pessoa é admitida numa instituição de saúde;


Durante a realização do exame físico geral;
Diariamente durante o internamento hospitalar;
Antes e depois de um procedimento cirúrgico;
Antes e depois de procedimentos invasivos;
Antes e depois da administração de medicamentos que afetam as funções
cardiovascular, respiratória, etc;
Sempre que o profissional de saúde considere clinicamente necessário;
Sempre que a pessoa refira alterações no seu estado de saúde.

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Saber como avaliar.
Interpretar os resultados.
Comunicar eficazmente a outros, se necessário e quando adequado.
Planear adequadamente as intervenções de enfermagem.

Os sinais vitais não são números isolados: são dados agrupados que refletem a
relação entre sistemas fisiológicos.
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Diretivas para a Avaliação dos Sinais Vitais

A prática da avaliação dos sinais vitais é da responsabilidade do enfermeiro que


cuida a pessoa durante o turno;
Conhecer os valores considerados normais;
Conhecer os valores habituais de cada utente;
Informar-se sobre os valores dos sinais vitais no turno anterior;
Informar-se do diagnóstico clínico, tratamento e medicação prescrita;
Analisar os dados recolhidos com a situação da pessoa e o estado de saúde;
Os resultados estão na base de muitas decisões clínicas.

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TEMPERATURA CORPORAL

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Consiste na diferença entre a quantidade de calor produzido por processos
orgânicos e a quantidade de calor perdido para o meio externo.

Temperatura corporal = Calor produzido - Calor perdido

Hipotálamo: Região encefálica importante na homeostasia corporal

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Regulação da Temperatura Corporal

Controlo Neurovascular (1);


Produção de Calor;
Perda de Calor;
Controlo Comportamental.

(1) Aumento da temperatura corporal (1) Diminuição da temperatura corporal

Hipotálamo Hipotálamo

Sudação e vasodilatação Vasoconstrição


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Regulação da Temperatura Corporal

Controlo Neurovascular;
Produção de Calor (2);
Perda de Calor (3);
Controlo Comportamental.

(2) (3)
Metabolismo basal Condução
Motilidade voluntária Convecção
Motilidade involuntária Irradiação
Termogénese sem tremores Evaporação

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Ritmo Circadiano: geralmente, a temperatura
sobe abruptamente de manhã cedo até ao meio
da manhã, sobe gradualmente no início da tarde
e atinge um máximo entre as 16h e as 20h,
começando então a declinar até atingir o seu
valor mais baixo entre as 0h e as 6h.

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Alterações da Temperatura Corporal

Febre = Pirexia

Ausência de febre = Apirético

Febre baixa = Febrícula: elevação da temperatura acima de 37,1°C mas abaixo de


38,0°C.

Febre: é uma resposta fisiológica na qual a temperatura corporal é aumentada


devido a um reajuste do ponto preestabelecido de regulação do calor no
hipotálamo. Na febre os mecanismos periféricos de perda e/ou conservação de calor
encontram-se intactos. A alteração ocorrida dá se a nível central no reajuste
hipotalâmico.
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Alterações da Temperatura Corporal (cont.)

Febre: «termorregulação comprometida: elevação anormal da temperatura


corporal; alteração do centro termorregulador do termostato interno, associada a
um aumento da frequência respiratória, aumento da atividade metabólica,
taquicardia com pulso fraco ou cheio e cheio e com ressalto, agitação, cefaleia ou
confusão; a subida rápida da febre é acompanhada por calafrios, tremores, arrepios,
pele pálida e seca; a crise ou descida da febre é acompanhada por pele quente e
ruborizada e de suor.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Febre como sinal, que se traduz em sintomas, mas que não é uma doença!

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Padrões de Febre

Continuada/Sustentada: temperatura corporal constante, permanentemente acima


de 38°C, com pequenas variações.
Intermitente: picos de febre que alternam com níveis de temperatura normais a
temperatura baixa para valores aceitáveis, pelo menos, uma vez nas 24 horas.
Remitente: a febre aumenta e baixa sem, contudo, atingir o normal.
Recidivante/Recorrente: períodos de surtos de febre alternados com níveis de
temperatura aceitáveis os surtos de febre e os períodos de normotermia podem
prolongar-se por mais de 24 horas.
Potter & Perry, 2006

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Padrões de Febre (cont.)

Hipertermia: é uma síndrome provocada por exposição excessiva ao calor com


desidratação, perda de eletrólitos e falência dos mecanismos termorreguladores
corporais Tem como principais causas: i) exposição direta e prolongada ao sol; ii)
permanência em ambiente muito quente; iii) deficiência dos mecanismos de
dissipação do calor corporal.

Hipotermia: temperatura central que permanece persistentemente abaixo do


normal.

Ligeira: 34°C a 3°6C


Moderada: 30°C a 33°C
Grave < 30°C
(Potter & Perry, 2007)

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Padrões de Febre (cont.)

Hipertermia: «termorregulação comprometida: diminuição da capacidade para


regular o termostato interno, acompanhada de aumento da temperatura corporal,
pele quente e seca, sonolência e cefaleia associada com a disfunção do sistema
nervoso central ou do sistema endócrino, choque pelo calor, ou introdução artificial
de elevadas temperaturas corporais, por razões terapêuticas.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Hipotermia: «termorregulação comprometida: diminuição da capacidade para


regular o termostato interno, temperatura corporal reduzida, pele fria, pálida e seca,
tremores, preenchimento capilar lento, taquicardia, leitos ungueais cianosados,
hipertensão, pilo-ereção associada a exposição prolongada ao frio, disfunção do
sistema nervoso central ou do sistema endócrino em condições de frio ou
introdução artificial de temperaturas corporais anormalmente baixas, por razões
terapêuticas.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.
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Fatores que Influenciam a Temperatura Corporal

Temperatura ambiente (ex.: ambiente quente ou frio)


Idade (ex.: mais baixa nos idosos, mais alta nos recém-nascidos)
Ritmo circadiano (ex.: ritmo diurno/noturno)
Hormonas (ex.: efeito da progesterona: temperatura sobe a seguir à ovulação)
Stress

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Valores (de Equilíbrio) da Temperatura Corporal

A temperatura de equilíbrio ronda, nos seres humanos, os 37°C , estando os limites


normais situados entre aproximadamente os 36,1°C e os 37,2°C.

A temperatura obtida varia consoante o local onde foi monitorizada.

Temperatura Central (interna)


Temperatura Periférica (externa)
Temperatura oral: região sub lingual ; tempo
Temperatura axilar: axila; tempo médio: 7-
médio de monitorização: 3’; valor normal: 37°C.
10'; valor médio normal: 36°C-37°C.
Temperatura retal: canal anal; tempo médio: 2’;
Temperatura inguinal: região inguinal;
valor normal: 37,5°C.
tempo médio: 7-10'; valor médio normal:
Temperatura timpânica: canal auditivo; tempo
36°C-37°C.
médio: instantâneo; valor normal: 37°C.
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Exemplos de Termómetros

Termómetro Eletrónico
Termómetro de Vidro

Termómetro Timpânico

Termómetro de Infravermelhos

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Termómetro Eletrónico

Funciona pelo princípio segundo o qual o calor oferece resistência a uma corrente, proporcional à sua
temperatura. Esta resistência é convertida num valor digital que aparece no mostrador O tempo de
avaliação é de 2 a 60 segundos.

Fácil de usar, rigoroso, seguro e rápido a monitorizar a temperatura.

Termómetro de Vidro

Atua pelo princípio de expansão térmica (mercúrio dilata quando aquecido e contrai quando
arrefece). Deve permanecer cerca de 3 a 8 minutos para registar a temperatura, dependendo da via.

Pode ser reutilizado desde que corretamente desinfetados, todavia são desvantagens o tempo que
demora a registar a temperatura e o risco de se partir, podendo causar lacerações das mucosas ou
envenenamento por ingestão de mercúrio.

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Termómetro Timpânico

Capta as emissões infravermelhas da membrana do tímpano obtendo o valor da temperatura central


(é sempre mais elevado do que a temperatura axilar). É um dispositivo atraumático não invasivo,
extremamente rápido e eficaz. A temperatura é lida em 2 a 3 segundos. A sonda é introduzida no
canal auditivo externo enquanto se puxa suavemente o pavilhão auricular para trás e para cima
(posiciona o canal auditivo e facilita o acesso à das radiações à membrana do tímpano).

Não deve ser usado na presença de otorreia ou otorragia.

Termómetro de Infravermelhos

Podem ser de avaliação por contacto ou à distância e pode ser usado tanto para medir a temperatura
corporal quanto para medir a temperatura de superfícies. Rápida leitura da temperatura em 1 a 2
segundos. Não há contacto físico (no de avaliação à distância) e é fácil de usar, higiénico e seguro.

Não há necessidade de acordar a pessoa a avaliar.


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Vias para Monitorização da Temperatura

Via Axilar
É uma opção não invasiva, segura e acessível. É a via indicada nas pessoas que
apresentem alterações na cavidade bucal e reto. Pode ser usada em recém nascidos.
A temperatura oscila geralmente entre 36°C e 37°C (temperatura cutânea). O
termómetro deve ser colocado na axila e o braço deve ser mantido firmemente
apertado contra o tórax, durante quatro minutos ou até soar o aviso sonoro.
(Elkin, Perry & Potter, 2000)

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Vias para a Monitorização da Temperatura (cont.)

Via Retal
É principalmente avaliada em lactentes, crianças até aos 5 anos ou pessoas com
alteração do estado de consciência. O termómetro deve ser colocado ao longo da
parede rectal, ligeiramente em direção ao umbigo. Uma das suas desvantagens é
que requer posicionamento especial e pode ser fonte de constrangimento e
ansiedade por parte do utente. A temperatura oscila geralmente entre os 36,5°C e
os 37,5°C.

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Vias para a Monitorização da Temperatura (cont.)

Via Oral
É bastante acessível, pois não requer mudança de posição por parte do utente,
sendo confortável. Segura, fiável e melhor aceite do que a retal, embora que nas
crianças seja difícil de utilizar. A temperatura oscila geralmente entre os 36,5°C e os
37,5°C.

Deve-se instruir o utente sobre o que será feito, orientando o para manter sua boca
aberta até que o termómetro esteja em posição adequada. A seguir, introduz-se o
termómetro sob a língua e deslizando-o lentamente ao longo da linha da gengiva,
em direção à porção posterior da boca. Deve-se solicitar ao utente o encerramento
da forma acomodada dos seus lábios ao redor do termómetro; faz-se a leitura e
remove-se o termómetro.

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Vias para a Monitorização da Temperatura (cont.)

Via timpânica
O local é de fácil acesso e a avaliação requer uma alteração de posição mínima por
parte do utente. Proporciona uma leitura central precisa, com uma leitura rápida (2
a 5 segundos). A partir de 37,7°C podemos considerar febre em adultos.

Apresenta algumas desvantagens: as leituras podem ser afetadas por defeito devido
a rolhão de cerúmen; não pode ser usado com próteses auditivas (estas devem ser
retiradas); não deve ser usado em utentes que tenham sido submetidos a cirurgia
do ouvido ou da membrana do tímpano; requer uma cobertura da sonda,
descartável.

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Vias para a Monitorização da Temperatura (cont.)

Via Central
O seu uso é limitado os utentes das unidades de cuidados intensivos/bloco
operatório. É estabelecida através de um cateter de Swan-Ganz (cateter de artéria
pulmonar), num processo invasivo. Temperatura central = temperatura da cavidade
abdominal + torácica + sistema nervoso central.

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Monitorização da Temperatura

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP 29
Monitorização da Temperatura

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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PULSO

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«Durante a sístole o ventrículo esquerdo bombeia uma quantidade de sangue para
dentro da, já cheia , aorta o que aumenta grandemente a pressão aórtica. Este
aumento de pressão expande a parede da aorta e dá origem a uma onda líquida que
é sentida numa artéria periférica como pulso.»
Bolander, 1998, p. 740

«Para determinar qual a capacidade do coração para manter o seu débito, conte o
número de batimentos durante um minuto e avalie o ritmo e a qualidade do pulso.
Além disso, para avaliar a perfusão dos tecidos em todas as partes do corpo
verifique, com frequência, o pulso em mais que um local.»
Bolander, 1998, p. 741

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Locais de Monitorização do Pulso

Temporal Carotídeo Apical Braquial

Radial Femoral Poplíteo Tibial Posterior

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Dorsal Pedioso
Métodos e Materiais para a Monitorização
do Pulso

Palpação (mãos)
Auscultação (estetoscópio)
Utilização de dispositivo eletrónico
(esfigmomanómetro eletrónico/DINAMAP)

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Monitorização do Pulso

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

35
Monitorização do Pulso (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

36
Monitorização do Pulso (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Caraterísticas do Pulso

Frequência cardíaca
Número de batimentos por minuto (bpm) ou pulsações por minuto (ppm) - o adulto em repouso
apresenta 60 a 100 bpm.

Ritmo
Sucessão de pulsações, cadência com que o pulso bate.

Rítmico: intervalos que separam as pulsações iguais;


Arrítmico: cadência com que o pulso bate é desigual, ou melhor, irregular.

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Caraterísticas do Pulso

Volume ou Amplitude
Grau de enchimento da artéria.

Amplo ou cheio: quando se palpa o pulso há uma sensação de distensão forte;


Fraco ou pequeno: quando se palpa o pulso há uma sensação de levantamento ou distensão fraca.

Tensão
Resistência que a artéria oferece à passagem da corrente sanguínea. Avalia se esta característica
comprimindo a artéria acima do local onde se palpa o pulso. O pulso é tanto mais Duro ou Tenso
quanto mais força é necessária para fazer desaparecer a pulsação.

Tenso ou duro;
Pouco tenso.
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Outros Conceitos

Pulso Dícroto: há perceção de 2 pulsações, para uma só sístole os "nossos" dedos apercebem-se de
um batimento seguido de imediato de outro mais fraco.

Pulso Bigeminado: há 2 pulsações em rápida sucessão, havendo como que um desdobramento da


mesma onda. Cada grupo de 2 pulsações é separado do seguinte por um intervalo maior.

Taquicardia: batimento cardíaco rápido; frequência cardíaca anormalmente alta, superior a 100
batimentos por minuto, nos adultos (in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros).

Bradicardia: batimentos cardíacos lentos; frequência de pulso inferior a 60 batimentos por minuto
nos adultos (in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros).

Arritmia: processo cardíaco comprometido: variação do ritmo normal de contração auricular e


ventricular do miocárdio (in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros).
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TENSÃO/PRESSÃO ARTERIAL

41
«A tensão arterial é a força exercida pelo sangue contra uma área do vaso, sendo
medida em milímetros de mercúrio (mmHg). Isto significa que qualquer pressão na
artéria fará subir uma coluna de mercúrio igual à sua resistência. Por exemplo, 120
mmHg significa que a pressão na artéria exerce a força suficiente para elevar a
coluna de mercúrio[/realizar o registo eletrónico] a 120 mm.

O objetivo da medição é obter a tensão sistólica (pressão máxima exercida nas


artérias durante a contração do ventrículo esquerdo), a tensão diastólica (pressão
exercida nas paredes das artérias com os ventrículos em repouso) e tensão do pulso
(diferença entre a sistólica e a diastólica).»
Bolander, 1998, p. 752-753

42
https://watchlearnlive.heart.org/index.php?moduleSelect=bpanat
43
https://watchlearnlive.heart.org/index.php?moduleSelect=bpanat
44
https://watchlearnlive.heart.org/index.php?moduleSelect=bpanat
45
Valores de Referência da Tensão Arterial

Potter & Perry, 2006

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Fatores que Afetam a Pressão Arterial

Resistência Vascular Periférica: quanto menor for o calibre do vaso, maior será a pressão necessária
para fluir o sangue. Quando a resistência aumenta existe vasoconstrição e é bombeado o mesmo
volume de sangue para dentro de um compartimento mais pequeno, logo a pressão arterial
aumenta; a pressão arterial diminui com a vasodilatação.

Elasticidade: a arteriosclerose e o envelhecimento endurecem os vasos e a capacidade para se


distenderem O coração tem que bombear contra uma maior resistência e assim a pressão arterial
aumenta.

Volémia: a pressão arterial diminui quando o volume de sangue é menor (ex.: hemorragia, ou o
aumento da administração rápida de líquidos por via EV.

Viscosidade Sanguínea: a pressão arterial é mais elevada quando o sangue é mais concentrado (ex.:
policitemia: aumento de eritrócitos).
Bolander, 1998

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Fatores que Afetam os Valores da Pressão Arterial

Atividade física
Clima
Dieta
Idade
Género
Medicação
Patologia
Peso
Posição
Raça
Ritmo circadiano
Stress
………
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Variações da Tensão Arterial

Hipotensão: «processo do sistema circulatório comprometido: bombagem do


sangue através dos vasos sanguíneos com pressão inferior à normal.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Hipertensão: «processo do sistema circulatório comprometido: bombagem do


sangue através dos vasos sanguíneos com pressão superior à normal.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

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In Norma da Direção Geral da Saúde n.º 20 de 2103, 2013, p. 6 50
Materiais para Monitorização da Tensão Arterial

Esfigmomanómetro
Aneróide (manual)
Esfigmomanómetro
de Mercúrio (manual)

Esfigmomanómetro
Eletrónico (digital)

DINAMAP 51
Materiais para Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

!!! Utilizar a braçadeira adequada à pessoa/diâmetro do braço, caso contrário os


resultados serão incorretos.

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Regiões Anatómicas para Monitorização da Tensão Arterial

Braquial Poplítea
Mais usada em adultos Mais usada em crianças

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Monitorização da Tensão Arterial

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Tensão Arterial (cont.)

Sons de Korotkoff
Sons produzidos pela pressão de sangue na artéria.

Som do primeiro fluxo através da artéria comprimida (Pressão Sistólica);


O som torna se mais constante (tipo murmúrio);
O som torna-se gradualmente mais alto;
Os sons ficam abafados;
Os sons desaparecem (Pressão Diastólica).

Exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=5gn8cbY9rkc
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A pressão arterial não deve ser avaliada no braço:
Do lado mastectomizado;
Com perfusão SC/EV em curso;
Com fístula arteriovenosa.

A pressão arterial deve ser monitorizada com a pessoa sentada (sempre que
possível!) com o membro na horizontal, apoiado, ao nível do terço médio do
esterno.
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Exemplos de Más Práticas que Podem Falsear os Valores da Pressão Arterial

Braçadeira demasiado estreita, solta ou não totalmente insuflada/desinsuflada;


Manga da roupa apertada, a fazer efeito “garrote”;
Membro superior abaixo ou acima do nível cardíaco;
Verificações sucessivas no mesmo local;
Insuflação/desinfluflação da braçadeira efetuada muito rapidamente;
Diafragma do estetoscópio não colocado sobre a artéria;
Etc…

61
RESPIRAÇÃO

62
É o ato de respirar, com a troca de oxigénio e dióxido de carbono nos pulmões e
tecidos. Engloba dois processos: a respiração externa e interna.

A respiração externa tem quatro componentes:


1) ventilação ou os movimentos mecânicos do ar a entrar e sair dos pulmões;
2) distribuição do ar por toda a árvore brônquica;
3) difusão das moléculas de gás (O2/CO2 ) de uma zona de concentração mais
elevada para uma zona de menor concentração através da membrana respiratória;
4) perfusão ou o movimento do sangue através dos tecidos e órgãos, como os
pulmões.

A respiração interna ocorre a nível celular.


(Bolander, 1998)

63
Fatores que Afetam a Frequência Respiratória

Situações súbitas de stress;


Exercício físico;
Alteração dos restantes sinais vitais ( ex.: ↨temperatura, dor);
Alterações climatéricas (ex.: ↨altitude);
Mudanças no ritmo do corpo (ex.: rir, chorar).
(Bolander, 1998)

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Monitorização da Respiração

A monitorização da respiração deve ser realizada aquando a avaliação dos restantes


sinais vitais – por exemplo, após a avaliação do pulso, manter a posição de avaliação,
mas desta vez atentando aos movimentos respiratórios de inspiração e expiração.

Informar a pessoa que vamos proceder a uma avaliação da respiração e dos ciclos
respiratórios (1x inspiração + 1x expiração) pode influenciar os resultados.

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Monitorização da Respiração (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Monitorização da Respiração (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

67
Monitorização da Respiração (cont.)

In Veiga et al (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde, IP

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Caraterísticas da Respiração

Tipo
Respiração torácica;
Respiração abdominal;
Respiração mista.

Amplitude
Expansão da caixa torácica.

Respiração profunda/ampla;
Respiração superficial.

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Caraterísticas da Respiração (cont.)

Ritmo
Respiração rítmica: duração dos intervalos que separam os ciclos respiratórios são
iguais;
Respiração arrítmica: duração dos intervalos que separam os ciclos respiratórios são
diferentes.

Frequência
Número de ciclos respiratórios por minuto: 12 – 20 ciclos/min no adulto.

Exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=ZImVuVfDrbs

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Outros Conceitos

Dispneia: «processo do sistema respiratório comprometido: movimento laborioso da entrada e saída


de ar dos pulmões, com desconforto e esforço crescente, falta de ar, associado a insuficiência de
oxigénio no sangue circulante, sensações de desconforto e ansiedade» (in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros).

Dispneia em Repouso: «falta de ar quando em repouso e em posição confortável» in ICNP Browser - Ordem dos
Enfermeiros.

Dispneia funcional: «falta de ar associada com a atividade física, tal como exercício e marcha» in ICNP
Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Ortopneia: «falta de ar quando deitado em posição dorsal recumbente ou supina.» in ICNP Browser - Ordem dos
Enfermeiros.

Eupneia: frequência respiratória normal (Bolander, 1998).

Bradipneia: frequência respiratória diminuída (menor que 10 ciclos/min) (Bolander, 1998).

71
Outros Conceitos (cont.)

Taquipneia: frequência respiratória aumentada (maior que 24 ciclos/min) (Bolander, 1998).

Apneia: interrupção da respiração; a apneia prolongada é incompatível com a vida e é denominada de


paragem respiratória (Bolander, 1998).

Asfixia: «processo do sistema respiratório comprometido: interferência com a entrada do ar nos


pulmões, cessação da respiração e sufocação» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Aspiração: «processo do sistema respiratório comprometido: inalação de substâncias gástricas ou


externas para a traqueia ou pulmões» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Hiperventilação: «aumento da frequência respiratória, aumento da profundidade da inspiração e da


força da expiração, aumento do volume corrente com hipocapnia e alcalose respiratória,
acompanhada de tonturas, desfalecimento, entorpecimento dos dedos das mãos e dos pés» in ICNP
Browser - Ordem dos Enfermeiros.

72
Outros Conceitos (cont.)

Hipoventilação: «diminuição da frequência respiratória, diminuição da profundidade da inspiração e


da força da expiração, acompanhada de cianose e aumento da pressão parcial de dióxido de carbono
(PCO2)» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Hipóxia: «processo do sistema respiratório comprometido: redução da tensão de oxigénio celular


associada a cianose, taquicardia, vasoconstrição periférica, sons respiratórios diminuídos,
acompanhados de tonturas e confusão mental» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Limpeza da Via Aérea: «processo do sistema respiratório: manter aberta a passagem de ar desde a
boca até aos alvéolos pulmonares através da capacidade para limpar as secreções ou obstruções do
trato respiratório» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

73
Outros Conceitos (cont.)

Estertor: respiração ruidosa (i. e., roncos) provocada por secreções na traqueia e brônquios principais
(Bolander, 1998).

Estritor: sons respiratórios ásperos, espécie de rangido, que ocorrem quando há obstrução das vias
áreas superiores especialmente da laringe (Bolander, 1998).

Sibilo: som agudo, musical, de timbre elevado, devido a obstrução parcial dos bronquíolos (Bolander, 1998).

Exemplo: https://www.youtube.com/playlist?list=PLLKSXV1ibO86qgE2y9cMqNFmh6LfOa8RM

74
Padrões Respiratórios

75
Monitorização da Saturação de Oxigénio

Consiste na avaliação periférica, não invasiva, da saturação arterial de oxigénio, de


forma intermitente ou contínua (em percentagem %).

Tem como objetivos determinar alterações e situações de risco, gerir a administração


de oxigénio e melhorar o bem estar da pessoa, não sendo considerado um sinal vital.

Se a saturação de oxigénio for de 97% a 99% significa integridade dos sistemas


respiratório e cardiovascular.

Valores abaixo de 94% sugerem compromisso respiratório. Valores abaixo de 91%


indicam necessidade de oxigenoterapia intensiva e, em casos graves, possível
entubação com respiração assistida.

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É avaliada através de um oxímetro,
que apresenta um instrumento
fotoelétrico, e efetua a avaliação da
saturação de oxigénio em áreas
periféricas.

77
Outros Conceitos

Tosse: «processo do sistema respiratório comprometido: expulsão súbita de ar dos pulmões para
limpar a via aérea» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Tosse: «(…) pouco eficaz pode sugerir retenção de muco. Uma tosse cacarejante indica irritação das
vias aéreas e doença obstrutiva. Uma tosse áspera e latida, semelhante ao latir de uma foca sugere
obstrução das vias aéreas superiores secundária a edema subglótico. Para descrever melhor a tosse,
pergunte se ela é fraca e produtiva ou não produtiva de secreções» (Bolander, 1998, p. 1460).

78
Outros Conceitos (cont.)

Expetorar: «expulsão do muco, material mucopurulento ou líquidos da traqueia, brônquios e


pulmões, tossindo ou cuspindo» in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros.

Caraterísticas da Expetoração

Quantidade
A quantidade deve ser avaliada numa base de comparação diária ou semanal (aumento ou
diminuição).

Cor
Cor normal: clara ou ligeiramente esbranquiçada. Cor normal para a pessoa com DPOC.
Cor amarela ou verde: indica infeção, ex.: abcesso pulmonar, pneumonia; expetoração
mucopurulenta contém muco devido a uma doença das vias aéreas (ex.: bronquite, bronquiectasias)
e pus (purulenta) por causa de uma infeção.

79
Outros Conceitos (cont.)

Caraterísticas da Expetoração (cont.)

Cor (cont.)
Expetoração raiada de sangue: indica irritação das vias aéreas por tosse excessiva e rutura dos
capilares pulmonares por grandes pressões intravasculares.
Expetoração rosada, aquosa, espumosa: é típica de um episódio agudo de edema pulmonar (sintoma
de insuficiência do ventrículo esquerdo).

Consistência
Pouco espessa/moderadamente espessa/espessa.
A expetoração espessa adere às superfícies dos alvéolos das vias aéreas, dificultando a expetoração e
predispondo à retenção de muco. Sugere a necessidade de ingestão de líquidos (desde que não haja
restrição dos mesmos). Os líquidos ajudam a liquefazer o muco e facilitam o ato de expetorar.

80
Outros Conceitos (cont.)

Caraterísticas da Expetoração (cont.)

Cheiro
Normal: inodora;
Expetoração purulenta (com pus): pode ter um cheiro adocicado, pútrido ou de substância em
decomposição.

Hemoptise: expulsão de sangue que acompanha a tosse. Pode revelar doença cardiopulmonar ou
uma hemorragia potencialmente letal. Em pequena quantidade (uma colher de sopa ou de chá) pode
ser sinal de, por ex., tuberculose, carcinoma broncogénico e enfarte pulmonar. Em grande quantidade
(como um 1/4 chávena) pode ser sinal de, por ex., traumatismo torácico agudo ou doença crónica das
vias aéreas (ex.: fibrose quística).

81
DOR

82
«Perceção comprometida: aumento de
sensação corporal desconfortável, referência
subjetiva de sofrimento, expressão facial
característica, alteração do tónus muscular,
comportamento de autoproteção, limitação do
foco de atenção, alteração da perceção do
tempo, fuga do contacto social, processo de
pensamento comprometido, comportamento
de distração, inquietação e perda de apetite.»
In ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros

83
«A dor é um sintoma que acompanha, de forma transversal, a generalidade das situações patológicas
que requerem cuidados de saúde;
O controlo eficaz da dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes que dela
padecem e um passo fundamental para a efetiva humanização das Unidades de Saúde;
Existem, atualmente, diversas técnicas que permitem, na grande maioria dos casos, um controlo
eficaz da dor; (…)
O sucesso da estratégia terapêutica analgésica planeada depende da monitorização da dor em todas
as suas vertentes;
A avaliação e registo da intensidade da dor, pelos profissionais de saúde, tem que ser feita de forma
contínua e regular, à semelhança dos sinais vitais, de modo a otimizar a terapêutica, dar segurança à
equipa prestadora de cuidados de saúde e melhorar a qualidade de vida do doente.»
In Circular Normativa n.º 9 da Direção Geral da Saúde de 2003, p. 1

Dor como 5.º Sinal Vital!!!


84
«A dor, em particular a dor crónica, tem impacto na pessoa muito para além do
sofrimento que lhe causa, nomeadamente, sequelas psicológicas, isolamento,
incapacidade e perda de qualidade de vida. Esse impacto pode ultrapassar a própria
pessoa e envolver a família, cuidadores e amigos.

As repercussões socioeconómicas da dor são significativas pelos custos envolvidos


no recurso frequente aos serviços de saúde e despesas com a terapêutica. Os custos
indiretos são também muito elevados, designadamente devido à perda de
produtividade pelo absentismo e presenteísmo, atribuição de compensações e
subsídios.

A abordagem das pessoas com dor é possível e deve ser baseada na melhor
evidência científica, no sentido de prevenir e controlar a dor, melhorar a sua
qualidade de vida e capacidade funcional.»
Direção Geral da Saúde, 2017, p. 4

85
Fatores que Influenciam a Experiência Dolorosa

Cansaço
Cultura
Experiências anteriores
Expetativas
Género
Idade
Patologias (físicas e mentais)
Personalidade
Significado da situação
Stress
... ... ...
86
Tipos de Dor

Dor Aguda: «dor de início recente e de provável duração limitada, havendo


normalmente uma definição temporal e/ou causal.»
Ordem dos Enfermeiros, 2008, p. 25

Dor Crónica: «dor prolongada no tempo [habitualmente superior a 3 meses],


normalmente com difícil identificação temporal e/ou causal, que causa sofrimento,
podendo manifestar-se com várias características e gerar diversas situações
patológicas.»
Ordem dos Enfermeiros, 2008, p. 25

87
Tipos de Dor (cont.)

Exemplos in ICNP Browser - Ordem dos Enfermeiros

Dor abdominal
Dor artrítica
Dor cutânea
Dor de trabalho de parto
Dor fantasma
Dor isquémica
Dor musculoesquelética
Dor neurogénica
Dor oncológica
Dor por fratura
Dor por ferida
... … …
88
Monitorização da Dor

In Circular Normativa n.º 9 da Direção Geral da Saúde de 2003 89


???

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