Isadora O.
Corrêa – Morfofisiologia dos Sistemas Orgânicos (Prof° Ney)
Pirexia / Febre
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- Pirexia: aumento de temperatura ou ficar
queimando
- A febre é um fenômeno fisiológico, mas com um
componente fisiopatológico envolvido
- Ter febre é um fenômeno natural em condições de
lesões, infecções
- A temperatura corporal interna é mantida a 37°C,
sendo regulada pelo hipotálamo (hipotálamo regula
fome, sede, temperatura, correlaciona emoções e
atividades fisiológicas... E MAIS UMA VEZ O
HIPOTÁLAMO FAZ TUUUUDO!)
- O centro termorregulador é integrado pelas
regiões paraventricular e posterior no hipotálamo.
A região paraventricular emite sinais nervosos que vão
transmitir se a pessoa vai sentir frio ou calor e isso
terá relação com a consciência. Ou seja, a consciência
de calor ou frio depende um sinal vindo do hipotálamo.
Na região posterior, o sangue que irriga o local faz com
que sua temperatura seja percebida. A região posterior
só não é acionada se o sangue estiver com a
temperatura de 37°C (37°C é a nossa temperatura física
real e a temperatura que temos armazenada no nosso
centro de referência da temperatura).
- O centro termorregulador é que determina a
temperatura interna aceita pelo nosso corpo, sendo
assim é onde define a temperatura de referência.
Dessa forma, o que faz a gente entender que está frio
ou calor é a temperatura de referência. A temperatura
da região posterior apenas constata a temperatura real.
Nesse sentindo, o centro termorregulador é um seletor
de temperatura, diz quanto quer de temperatura;
quem detecta a temperatura do sangue é o hipotálamo
posterior, então se o sangue estiver com uma
temperatura acima do que o centro termorregulador
selecionou tem-se CALOR, e se for abaixo tem-se FRIO.
- Em um quadro de infecção viral: essa agressão faz
com que seja produzido PIRÓGENOS, que vão até a
região do centro termorregulador e é acionada a
produção de PROSTAGLANDINA. A prostaglandina
pega a sua temperatura e marca uma nova temperatura
de referência, por exemplo, de 39°C, e considerando
que a temperatura do sangue é de 37°C, a pessoa vai
sentir muito frio.
- O frio faz o hipotálamo liberar TRH, TRH vai até a
hipófise, estimula a hipófise, que libera o TSH. O TSH
na tireoide leva a liberação de T3 e T4 → aumenta a
taxa de metabolismo e produção de calor. Ao mesmo
tempo, o hipotálamo provoca a alteração do sistema
simpático e liberação de noradrenalina,
acarretando na vasoconstrição → palidez, pele fria,
tremor → a temperatura do sangue vai aumentar até
39°C e chegando em 39°C iguala com a temperatura de
referência e não sobe mais.
- Por isso que ao utilizar o índice de temperatura, você
auxilia no diagnóstico de determinadas doenças, pois
sabe-se o comportamento da febre naquele indivíduo.
Por exemplo, tuberculose é comum ter febre
vespertina/pela manhã e sudorese noturna; malária tem
a febre (terçã, quartã...) como uma de suas
características.
- As drogas para febre (aspirina, dipirona, paracetamol)
são inibidores da cicloxigenase (COX 2) e reduzem a
síntese de prostaglandina.
- Banho frio: a temperatura cai de maneira passageira,
logo vai subir novamente. Método praticado
comumente em crianças.
- Para tratar a febre é necessário fazer a temperatura
de referência voltar para 37°C
- Casos de intermação: exposição excessiva ao
calor, causando aumento da temperatura. Deve-se
utilizar métodos físicos para o retorno da temperatura
normal.

PRODUÇÃO DE CALOR
Aumento do metabolismo basal = hormônios da
tireoide e catecolaminas
- Contração muscular = por isso fazemos tremor para
produzir calor → a contração muscular gera calor de
repouso e calor de contração
- Efeitos da tiroxina = relacionada a metabolismo basal
(noradrenalina e adrenalina)
- Atividade química celular aumentada
- Corrente de convecção:quando ar quente vem mais
rápido dar uma sensação de refrescar, evapora mais
rápido, perde calor mais rápido → base do uso do
ventilador
- O centro termorregulador determina a ordem de
qual é a referência e com isso, mantem o equilíbrio,
através do aumento da produção ou aumentando a
perda. Então o centro posterior informa ao
termorregulador qual é a temperatura, estando abaixo
de 37°C, ele aciona mecanismo para estimular o
aumento da mesma. Se essa temperatura que chegou
na hipófise posterior for acima de 37°C, ele aciona
mecanismo para diminuir a mesma. Ou seja, o centro
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termorregulador diz qual a temperatura deseja e toma
providências para que ela fique naquela condição, a
partir daquele momento que o seu detector térmico
informa qual é a temperatura real. O centro
termorregulador vai fazer de tudo para buscar a
temperatura referência que ele estabeleceu.
- Uma das formas de perder calor é através da
vasodilatação cutânea. Os capilares sofrem grande
influência térmica: quando a temperatura aumenta,
aumenta a circulação nos capilares, a pele fica
vermelha, perdendo mais calor. Quando fica mais frio,
você fica mais pálido, perde menos calor. (observar as
veias nessas situações → no verão ficam maiores; no
inverno, as veias ficam menores)
- No inverno tentamos perder menos calor por
condução e radiação, então usamos roupas onde o ar
está em repouso → as roupas de frio mantêm o
isolamento térmico, sendo o ar, o isolante que está em
repouso, preso no material. Já no verão usa-se roupas
leves para permitir que você perca esse calor.
- O centro termorregulador equilibra: a produção
excessiva com a dissipação do calor; a atividade
metabólica dos músculos e do fígado com a perda pela
pele, pulmões e sudorese. Então existe uma balança
para nos manter em equilíbrio fisiológico
constante.
- 37,5°C NÃO É FEBRE!
- Existem alguns adultos e crianças que tem
temperatura normal variando em 38°C (é raro, mas
tem). É comum em pessoas muito ativas ou pacientes
com hipotireoidismo.
- A temperatura pode subir em prática de exercícios
muito intensos ou até através das emoções. Além disso,
a ansiedade pode desenvolver quadro febril (defesa do
próprio organismo)

- “Set point” = região paraventricular → onde tem a
temperatura de referência
- Região posterior = onde a temperatura pode variar,
onde é detectado a temperatura do sangue. Então se o
set point foi regulado para 39°C, a temperatura real vai
em direção a 39°C; se o set point é 37°C, a temperatura
real tende a ficar em 37°C (acima disso sente calor,
abaixo disso sente frio).
- O primeiro remédio para febre que surgiu era a quinina
(planta). Todos os remédios para febre atuam como a
aspirina, ou seja, atuam na prostaglandina, reduzindo-
a, através da inibição da cox-2, com isso, a temperatura
começa a cair. Nenhum desses medicamentos que
atuam na redução da prostaglandina mexem ou
diminuem a temperatura de referência. Dessa forma,
esses medicamentos são utilizados como
ANTIPIRÉTICOS, pois combatem o pirogênio, não
causam hipotermia.
Febre: estado de temperatura central elevada, muitas
vezes associada a resposta de defesa do hospedeiro à
microrganismo ou a outra matéria reconhecida como
patogênica ou estranha. É o aumento da temperatura
corpórea entre um padrão considerado normal entre 36
e 37,4°C.
- A temperatura retal é a mais próxima da temperatura
sistêmica (variação de + ou - 5°C). No entanto, os
melhores métodos do momento consideram a mais
fidedigna sendo a temperatura auricular.
- Temperaturas retais são 0,4°C mais altas que as
aferições orais e 0,8°C que as temperaturas axilares.
- A febre representa o motivo de 20% das consultas de
urgência e 10% dos hospitalizados.
- Febrefobia: pais desesperados que interferem no
manejo da febre, querem dizer ao médico o que deve
ser feito.
Isadora O. Corrêa – Morfofisiologia dos Sistemas Orgânicos (Prof° Ney)
Conduta: avaliar o estado geral, foco inflamatório,
avaliar ouvido, narina, auscultar pulmão etc. →
encontrar o foco que justifique a febre.
Quando não encontrar o foco, perguntar: “Quando a
febre começou?” → Febre com menos de 48h sem
nenhum foco explicável tem como conduta: ESPERAR
→ conter a febre com métodos físicos e antipirético,
caso piore em 48h retornar à emergência.
Classificação da febre
Leve: 37,5 a 38,5°C
Moderada: 38,6 a 39,5°C
Alta: 39,6 a 40,5°C
- O aumento de 1°C na temperatura faz a F.C aumentar
em até 15 bpm. E a F.R aumenta entre 4 a 5 respirações
por minuto
- Intubação é indicada para manter a saturação de O2
- Aumento de 0,6°C na temperatura, o metabolismo
basal aumenta em 10%
- Termogênico: substância que ao aumentar uma
temperatura leva ao aumento da taxa metabólica e o
consumo de lipídios e emagrecimento. As substâncias
usadas em academias que dizem ser termogênicas, são
na verdade substâncias excitantes, pois é necessário
que você faça exercício para que a temperatura
aumente.
- Substância termogênica utilizada para emagrecer:
hormônio da tireoide (consequência: muitos
adquiriram problemas na tireoide por fazerem uso),
aspirina (medicamento usado para febre, mas
overdose de aspirina inibe cadeia transportadora de
elétrons, logo pode causar termogenia e esse aumento
térmico pode ser utilizado no emagrecimento)
- Temperatura maior que 41°C pode causar dano
cerebral, o indivíduo pode fazer convulsão, tendo assim
que fazer uso de medicamento antiepilético por 5 anos
- Temperatura maior que 43°C = coma e morte
- HIPERTEMIA MALIGNA : quando o indivíduo
recebe um determinado anestésico, que por uma
determinada característica, faz com que ele tenha uma
produção exagerada de calor, devido contração
muscular, liberando o Ca++ do retículo
sarcoplasmático, aumentando assim, a produção
térmica → se não tiver o antídoto para reverter o
quadro, o paciente morre em 40 – 50 minutos na mesa
de cirurgia (Quadro raro).
- A temperatura corporal aumenta no estado pós-
prandial (depois que comemos)
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- Gravidez e disfunção endócrina também alteram a - Dipirona: substância para febre mais eficiente
temperatura
presente no Brasil. Porém, já foi relacionado ao quadro
- Idosos podem demonstrar menor capacidade de clínico de granulocitose.
manifestar febre → o hipotálamo no idoso demora mais
OBS.: HIPERPIREXIA
para responder aos centros de feedback

- Na febre o ponto de ajuste do hipotálamo está

elevado, acarretando na ativação de neurônios no
centro vasomotor, que leva a vasoconstrição (mãos e
pés), desvia o sangue da periferia para os órgãos
internos e com isso reduz a perda de calor através da
pele, e o indivíduo vai sentir frio, tremores. Isso serve
para aumentar a temperatura entre 1 e 2 °C.

- Essa temperatura costuma ser refratária ao efeito do

antipirético (demora para ter efeito)

- Lesão do hipotálamo → temperatura cai = hipotermia

- ANESTESIA GERAL : diminui a atividade elétrica tanto

Vasoconstrição = processo de conservação de calor
Tremor = processo de geração de calor
do córtex quanto das estruturas do tronco cerebral.
Como todas essas estruturas diminuem o disparo
elétrico, o hipotálamo também é afetado, dessa forma,
o indivíduo faz hipotermia. Com isso, é muito comum
no pós operatório o paciente sentir muito frio em RPA
(recuperação pós anestésica).

Atividade metabólica = processo de geração de calor

- O limite da febre é a temperatura de referência

- O padrão de febre é importante para o diagnóstico

- Quando diminui o pirogênio, diminui a

prostaglandina, a temperatura retorna para o
valor do centro de referência. Então o indivíduo
realiza processos de perda de calor: vasodilatação e
transpiração → diminui a taxa de metabolismo, começa
a perder temperatura

- A perda de calor continua até que a temperatura

sanguínea no hipotálamo atinja o ponto de ajuste
menor

- Antitérmico e antipirético: faz com que ocorra grande

perda de temperatura através do suor → em casos de
pediatria: HIDRATAR!!!

- Paracetamol: demora no efeito de cair a temperatura

e nem sempre consegue atingir a temperatura do centro
de referência

- Quando o indivíduo recebe pirogênio passa a sentir
calafrios, tremor, frio intenso e a temperatura começa
a subir violentamente. Isso é denominado choque
pirogênico. Acontece em minutos.
- Anfoterecina B: no passado causava choque
pirogênico
- Equipamentos para punção venosa ou arterial
tem tempo para ser utilizado e quando esse tempo é
ultrapassado pode causar choque pirogênico.
PIROGÊNIOS:
- Bactérias gram negativas → liberam LPS
(lipopolissacarídeo de membrana) assim que são
destruídas
Em um quadro infeccioso: após o uso do antibiótico não
necessariamente a infecção foi vencida, pois o LPS cai
na corrente sanguínea em larga escala, faz você
produzir fator de necrose tumoral e induz a febre +
outros fenômenos, o fator de necrose tumoral lesa o
coração e isso acarreta em um choque cardiogênico. Ou
seja, sai de um quadro de sepse para um choque
séptico.
Desafio clínico: usar drogas que impedem a bactéria de
liberar o LPS
- Bactérias gram positivas → liberam enterotoxinas →
Estreptococos do grupo A e B liberam toxinas, que são
conhecidas como superantígenos.
- A toxina microbiana é capaz de ativar o endotélio
hipotalâmico, fazendo com que ocorra a produção de
PGE2 (prostaglandina E2), que atua em receptores de
prostaglandina, que são acoplados a proteína Gs e ao
estimular esses receptores acoplados a proteína Gs,
levam a ativação da adenilciclase, que converte ATP
em AMPc e isso eleva o ponto de ajuste
termorregulador. Dessa forma, essa região
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hipotalâmica produz o sistema de condução e
geração de calor, levando a febre.
- Além disso, infecções, toxinas microbianas,
mediadores de inflamação e reações imunes
podem, sensibilizando monócitos, macrófagos,
células endoteliais e outras, levar a produção do
pirogênio. Esse pirogênio cai na circulação e a partir
disso chega até o hipotálamo (endotélio
hipotalâmico), que estimula a síntese da PGE2 e o ciclo
se repete até chegar à febre.
- Conclui-se que os microrganismos e as reações imunes
podem levar a febre via pirogênio. Ou a própria
toxina microbiana que acarreta no quadro de
aumento da temperatura.
- Bactérias gram negativas liberam LPS, as gram
positivas liberam toxinas; micoplasmas; vírus (de RNA e
DNA); células dendríticas; flagelos. Tudo isso interage
com as nossas células de defesa. Os fatores de adesão
da membrana (TRL) fazem com que essas substâncias
sejam aderidas aos macrófagos e as células
apresentadoras de antígeno, e consequentemente a
partir disso, é produzido as interleucinas.
Todos esses microrganismos, além de produzirem
toxinas próprias, ao interagirem com nosso sistema
imunológico podem levar a produção da atividade de
pirogênio e a produção térmica.
TECIDOS PERIFÉRICOS - Citocinas pirogênicas: IL-1,
IL-6, FNT, IFN → são responsáveis pela ativação da
PGE2, que leva a ativação de receptores acoplados a
proteína Gs, aumenta AMPc e consequentemente
aumenta temperatura de referência. As respostas
para essa fase aguda são: mialgias, artralgias,
sonolência e anorexia. Isso é estimulado pelas
mesmas citocinas que acarretaram na febre. Reflexo
direto e indireto → comum em casos de viroses,
dengue, Chikungunya, covid19
- Diminui a PGE2 (antipirogênicos): IL-10 aumenta
com o uso do corticoide – reduzindo a febre
indiretamente; arginina; vasopressina; hormônio
estimulante dos melanócitos e todos os antipiréticos
*Em caso de infecção, junto com o corticoide deve ser
utilizado um antibiótico.
- Infecção, toxina, ferida, inflamação e resposta imune
ativam monócitos, neutrófilos, linfócitos, endotélio,
células gliais, mesângio, células mesenquimatosas e
com isso levam a produção das citocinas pirogênicas.
Essas citocinas caem na circulação, chegam as células
endoteliais do hipotálamo, e consequentemente, faz
com que estimule a síntese de PGE2. A PGE2 tem
receptores no centro termorregulador hipotalâmico,
ativando a proteína Gs, que ativa adenilciclase, que
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converte ATP em AMPc, que aumenta o nosso ponto de

regulação paraventricular, consequentemente, estimula
a resposta periférica para conservação e produção de
calor, gerando febre. Os antipiréticos sistêmicos inibem
a síntese de prostaglandina e os antipiréticos centrais
interferem no centro termorregulador, fazendo com que
se tenha a inibição da atividade hipotalâmica (ex: uso
de anestésico)

- No dia da ovulação (14°C) a temperatura sobe 1°C

As citocinas produzidas no SNC podem explicar a

hiperpirexia associada a hemorragia, ao traumatismo ou
infecção do SNC: Algumas doenças virais produzem
infecção direta do cérebro → Estudos comprovaram que
uma infecção viral no cérebro ou a própria lesão
na célula glial ou neurônio, faz com eles sintetizem
essas citocinas (IL-1, FNT, IL-6, FNTC), e
consequentemente, esses elementos vão parar na
circulação e chegam a região do centro
termorregulador, aumentando a temperatura.

TIPOS DE FEBRE:
- Febre contínua
- Febre intermitente: variação cíclica
- Febre remitente: não chega à temperatura normal,
a variação é grande
- Febre recorrente: vai, fica 2 dias sem febre, depois
volta