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DOENÇAS COMUNS EM GALINHAS

Inúmeras são as doenças que podem afetar as aves


com maior ou menor intensidade, podendo ocasionar
consideráveis perdas quando não mantidas sobre
controle. Algumas delas, como a newcastle,
coccidiose, e a cólera aviária, causam grandes
prejuízos, podendo acabar com o plantel.
O avicultor deve evitar ao máximo a presença de
microrganismos no plantel, através de um bom
manejo com higiene, desinfecção dos galinheiros e
equipamentos.
Para tornar mais fácil por parte do criador o
conhecimento das principais doenças que afetam as
aves, descrevem-se a seguir as informações sobre
nomes, espécies acometidas, transmissores das
doenças, sintomas, prevenção e tratamento, bem
como o conhecimento e controle dos principais
parasitas internos e externos.
-CÓLERA AVIÁRIA
É uma enfermidade contagiosa, amplamente
disseminada na região, que acomete aves
domésticas: galinhas, patos, perus, marrecos,
gansos, angolas, enfim todas as aves de quintal e de
criação industrial e silvestre. Ela geralmente ocorre
em surtos que se instala subitamente, produzindo
alta morbidade (várias aves adoecem) e alta
mortalidade, chegando a 90%, mas, também,
ocorrem infecções crônicas e sem sintomas. É
causada pela bactéria Pasteurella multocida.
Nos lugares em que aparecem uma vez, costuma
reaparecer anualmente, a não ser que se tomem as
medidas adequadas de combate.
Transmissão
Muitas vezes se processa por meio de moscas,
parasitas aviários, pássaros ou pombos. A bactéria se
dissemina através da contaminação da água e
alimentos.
Sintomas
A cólera costuma aparecer de maneira explosiva,
matando subitamente algumas aves. O criador
freqüentemente refere que a ave estava boa ao ir
para o poleiro e amanheceu morta no dia seguinte;
ou, então, que ela estava esperta e de repente deu
uns pulos para o ar e morreu logo. As aves doentes
apresentam:
a) abatimento e febre;

b) cristas e barbelas edemaciadas (inchadas) e


cianóticas (azuladas);
c) boca cheia de baba espessa (gosma);
d) diarréia verde amarelada abundante;
e) penas insufladas (eriçadas);
f) aumento da freqüência respiratória;
g) base dos pés e joelhos quentes e edemaciados;
h) fígado descolorido, lembrando fígado cozido;

Prevenção
a) bom manejo;

b) higiene e desinfecção dos aviários com soda


cáustica 0,5% ou creosol a 1%;
c) queimar e enterrar as aves mortas;
d) vacinar todas as aves da criação;

Tratamento
Pode ser feito com medicamento a base de sulfas ou
antibióticos, cujo efeito ainda não foi comprovado, e
o alto custo inviabiliza o tratamento, a não ser em
plantéis de alto valor zootécnico. Consulte o Médico
Veterinário.

A melhor forma de prevenir é através da vacinação


de todo o plantel com a vacina viva, com orientação
do Médico Veterinário.
Deve-se ter cuidado com as aves portadoras da
cólera, aparentemente sãs, quando introduzidas em
lote saudável, passa a doenças às aves, que adoecem
e na maioria morrem, sobrando algumas que ficam
também portadoras.

-BOUBA AVIÁRIA
É uma das enfermidades mais comuns nas aves.
Causada por um vírus de disseminação relativamente
lenta que acomete galinhas e perus, caracterizada
por produzir nódulos na pele. A bouba ocorre com
mais freqüência nas épocas quentes e chuvosas,
principalmente em locais próximos a águas paradas,
devido muitos mosquitos serem transmissores da
doença. É vulgarmente conhecida por pipoca ou
caroço.
Sintomas
As lesões na pele geralmente se localizam somente
na região da cabeça e região superior do pescoço,
podendo ocorrer lesões generalizadas por todo o
corpo da ave.

As aves doentes apresentam:


a) febre;

b) tristeza e penas arrepiadas;


c) nódulos (pipocas ou verrugas) na crista, barbelas,
cabeças, pernas e pés;
d) lesões ao redor das narinas, que podem produzir
descarga nasal (catarro);
e) lesões sobre as pálpebras que podem produzir
algumas vezes lacrimejamento e, eventualmente,
perda da visão;
f) placas e bolhas na boca;

Prevenção
a) vacinação, com vacina vírus vivo;

b) desinfecção dos galinheiros;


c) drenar poças de água estagnada;
d) combater os vetores (mosquitos);

Tratamento
Não existe. Pode-se administrar vitamina A para
recuperação dos epitélios. Na dúvida, procure
orientação do Médico veterinário.
-CORIZA INFECCIOSA
É uma enfermidade aguda e crônica de distribuição
mundial, que se caracteriza por corrimento nasal,
espirros e edema (inchaço) da face baixa dos olhos. A
doença está presente em criação de fundo de quintal,
de aves exóticas e industriais. É causada pela
bactéria Haemophilus gallinarum. É comum aparecer
em lugares úmidos e batidos de ventos frios, assim
como em abrigos mal construídos.
Transmissão
Ocorre pelo contato direto por aerossóis em
suspensão no ar de aves enfermas e pela
contaminação da água e alimentos, principalmente na
época de estações chuvosas.
Sintomas
a) anorexia (perda do apetite);

b) espirros, tosse e dificuldade na respiração:


c) congestão das vias respiratórias;
d) descarga nasal serosa, que logo torna-se
purulenta (com pus);
e) edema (inchaço) na face e barbelas;
f) perda de peso;
g) morbidade alta (várias aves adoecem);
h) a mortalidade pode ser elevada.

Prevenção
a) higiene das instalações;

b) isolamento;
c) lotes da mesma idade;
d) vacinação do plantel;
e) remover as aves com face inchada, pois se
tornarão portadoras da doença.

Tratamento
A base de antibióticos, sulfas e estimuladores do
apetite. Na dúvida, consulte o Médico Veterinário.
-NEWCASTLE
É uma enfermidade viral de disseminação rápida e
fatal, que produz sintomas respiratórios, em geral
acompanhados por manifestações nervosas, diarréias
e edema (inchaço) da cabeça. A mortalidade pode
variar de 0 a 100% da criação.
Transmissão
Ocorre pelo contato direto com aves enfermas,
através de descargas nasais (espirros), nas fezes,
nos ovos postos durante a fase clínica, carcaças
durante uma infecção aguda ou morte, ingestão de
água e alimentos contaminados com o vírus.
Sintomas
a) queda no consumo de ração e água;

b) as aves se amontoam próximo da fonte de calor;


c) espirros, respiração ofegante (cansaço) e
estertores na traquéia (ronco);
d) sinais nervosos: asas caídas e tremores;
e) pernas distendidas;
f) torção da cabeça e pescoço;
g) andar em círculo e de costas (principalmente após
beberem água);
h) paralisia completa;
i) diminuição parcial ou total da produção de ovos;
j) ovos de cor, forma ou superfície anormais.

Prevenção
a) vacinação de toda a criação;

b) desinfecção dos aviários;


c) evitar visitas, caixas e equipamentos de outras
granjas;
d) manter lotes com a mesma idade;
e) aves mortas devem ser queimadas e enterradas.

Tratamento
Não existe tratamento para a enfermidade.
-MAREK
É uma enfermidade viral altamente contagiosa, das
mais disseminadas entre as criações, identificadas
nos planteis de galinhas do mundo inteiro. É mais
freqüente em criações industriais. Causa sérios
prejuízos econômicos pela mortalidade elevada nos
lotes não vacinados.
Transmissão
A doença se transmite facilmente entre as galinhas,
através da descamação e penas das aves infectadas e
pela saliva.
Sintomas
a) muitos frangos morrem sem apresentar sintomas
característicos;

b) paralisia das pernas ou asas;


c) lesões no nervo ciático;
d) tumores no fígado, rins, ovários, baço e pulmões.

Prevenção
a) vacinação ao primeiro dia de idade, que protege as
aves durante toda a vida;

b) adquirir pintos já vacinados contra a doença;


c) manejo adequado e higiene das instalações.

Tratamento
Não existe tratamento para esta enfermidade.
-PULOROSE (DIARRÉIA BRANCA)
É uma enfermidade que ataca os pintos novos,
ocasionalmente galinhas adultas, causando alta
mortalidade. É causada pela bactéria Salmonella
pullorum.
Transmissão
Ocorre principalmente pelas matrizes portadoras,
através dos ovos ou incubadoras contaminadas.
Geralmente produz mortalidade durante os primeiros
dias de vida e prossegue até duas a três semanas de
idade.
Sintomas
a) tristeza, respiração dificultada e arrepiamento das
pernas;

b) pintos doentes se amontoam com frio, asas caídas,


cabeça pesada, sonolência e falta de apetite;
c) fezes esbranquiçadas aderidas ao redor da cloaca;
d) crescimento retardado;
e) artrite nos joelhos pode ser observada;
f) aves adultas não apresentam sintomas externos
visíveis da doença.

Prevenção
a) testes rotineiros das matrizes para se estabelecer
um lote livre da infecção;

b) higiene e desinfecção dos galinheiros;


c) manter lotes da mesma idade, principalmente
durante as primeiras semanas de vida;
d) eliminação das aves portadoras da doença
(matrizes e pintinhos), os quais devem ser
queimados e enterrados.

Tratamento
Antibióticos de largo espectro são efetivos na
redução da mortalidade, porém os custos são
elevados.

A melhor maneira de combater a doença é a


prevenção. Na dúvida, consulte o Médico Veterinário.
-COCCIDIOSE
É uma enfermidade causada por um coccídio ou
eiméria (protozoário), que ataca e destrói as células
que compõem as paredes do aparelho digestivo.
Existem várias espécies que se diferenciam pela
região que se localizam no intestino. Apresenta
caráter mais sério em pintos de duas a seis semanas,
produzindo grande mortalidade. Acomete galinhas,
perus, gansos e outras aves.
Transmissão
Ocorre de ave para ave, através da ingestão de
alimentos e água contaminados, cama de aviário ou
qualquer outro material que contenha os coccídios.
Sintomas
a) tristeza, perda de peso e apetite;

b) diarréia escura ou sanguinolenta;


c) anemia e palidez;
d) asas caídas e posição característica de pingüim;
e) as aves tendem a aglomerar-se;
f) morbidade elevada (várias aves adoecem);
g) mortalidade súbita e alta (algumas espécies de
coccídios).

Prevenção
a) manter a cama do aviário sem umidade;

b) desinfetar paredes e pisos com produtos à base de


amônia quaternária;
c) usar na ração coccidiostáticos;
d) queimar e enterrar as aves mortas;
e) não superlotar os abrigos.

Tratamento
Com medicamentos à base de sulfas, vitaminas A e K,
sob a orientação do Médico Veterinário.
-DOENÇAS DE GUMBORO
É uma enfermidade viral que acomete aves jovens, de
caráter agudo e altamente contagiosa. Ocorre no
mundo inteiro causando mortalidade em aves de três
a sete semanas de idade.
Transmissão
O vírus é eliminado nas fezes e transportado de
galpão para galpão pelos bebedouros, comedouros,
campânulas e pessoal que maneja os galpões.
Sintomas
a) falta de apetite

b) diarréia acentuada;
c) depressão;
d) desidratação;
e) desuniformidade no plantel;
f) alta mortalidade.

Prevenção
a) desinfecção dos aviários;

b) desinfecção dos bebedouros, comedouros e


campânulas;
c) uso de pedilúvio na entrada dos galpões;
d) vacinação do plantel.

Tratamento

Não existe tratamento para esta enfermidade. Na


dúvida, consulte o Médico Veterinário.
-ASPERGILOSE
É uma enfermidade causada por fungo do gênero
Aspergillus, que acomete geralmente o sistema
respiratório, globo ocular e tecido subcutâneo das
galinhas, perus e, com menos freqüência, patos e
gansos. A doença é mais comum em aves jovens
com 7 a 40 dias de idade.
Transmissão

Nos pintinhos e peruzinhos, através da inalação de


esporos dos fungos presente nas incubadoras
contaminadas. Nas aves adultas a infecção é
produzida pela inalação de esporos dos fungos da
ração ou cama contaminada.

Sintomas
a) dificuldade respiratória;

b) perda do apetite;
c) sede;
d) sonolência, palidez e perda de peso;
e) lacrimejamento;
f) conjutivite com secreção purulenta, com aspecto
de queijo;
g) cegueira uni ou bilateral;
h) pode causar grande mortalidade em aves jovens
com 7 a 40 dias de idade, chegando de 5% a 50% do
plantel.

Prevenção
a) desinfecção das incubadoras;

b) não utilizar cama mofada; trocá-la rotineiramente;


c) evitar o excesso de umidade;
d)não fornecer ração mofada às aves;
e) eliminar as aves afetadas.

Tratamento
Não existe tratamento curativo.
Desinfetar galpões com sulfato de cobre a 2% (uma
parte de sulfato de cobre e 98 partes de água) ou
medicamento específico.
-CONTROLE DE ENDOPARASITAS (VERMES)
As verminoses constituem sério problema em
criações onde os cuidados com higiene não são
obedecidos, causando perda de peso, transmissão de
doença e mortalidade das aves, além de prejuízos aos
criadores. Dentre os vermes mais importantes têm-
se:
a) Singamose:
 vulgarmente conhecida como gogo, é produzida por
um verme chamado Syngamus trechea, que se
localiza dentro da traquéia das aves. Os pintos com6
a 8 semanas de idade são os que mais sofrem com a
verminose. Os pintos respiram com dificuldade e com
asas caídas; sufocação com roncos característicos;
abrem o bico aflitamente e sacodem a cabeça. A
mortalidade pode ser alta se as aves não forem
tratadas.
b) Ascaridiose: é a mais freqüente verminose das
aves. É também conhecida como verme redondo ou
lombriga devido sua forma. São sintomas a falta de
apetite, tristeza, retardo no crescimento, diarréia
líquida e a ave fica vulnerável a outras doenças.
c) Capilariose e Heteraquiose: são responsáveis por
processos irritativos, trazendo graves distúrbios no
aparelho digestório.
Medidas de controle das verminoses: boa higiene e
desinfecção rigorosa das instalações e equipamentos;
evitar excesso de umidade; não superlotar os
abrigos; evitar a contaminação de água e alimentos;
realizar exames de fezes periodicamente no plantel e
usar vermífugos específicos para cada espécie de
verme, de acordo com a orientação do Médico
veterinário.
CONTROLE DE ECTOPARASITAS (PIOLHOS E ÁCAROS)
Os ectoparasitas são responsáveis por significativas
perdas nas criações de aves, pois a incidência desses
agentes, além da ação espoliante e irritativas,
também atua como transmissores de doenças.

Entre os vários ectoparasitas que afetam as aves


têm-se:
a) Piolhos, de hábito noturno, e que atacam as aves
para sugar o sangue. Provocam grandes irritações e
são responsáveis pela diminuição na postura, perda
de peso, anemia e até mesmo ocasionam a morte por
debilidade geral nas aves.
b) Carrapatos, que são transmissores de doenças,
também de hábito noturno e se alimentam de
sangue. Provocam irritação, anemia e morte das
aves.
c) Ácaros, que são carrapatos menores causadores
das sarnas nas aves. Quando atacadas, desenvolvem
a formação de crostas de cor branco acinzentado e
bastante aderente. Provoca coceira, irritação e
quando ataca a base das penas, estas caem, deixando
nuas grandes áreas do corpo da ave.

As medidas de controle dos ectoparasitas consistem


na adoção de práticas de rotina, como: aplicação de
inseticidas específicos nas aves; instalações
(principalmente entre as frestas de madeira e
poleiros, onde normalmente é o habitat dos
parasitas); manter boa higiene nos aviários;
isolamento das aves suspeitas e bom manejo. Na
dúvida, consulte um Médico Veterinário

Tifo aviário, saiba mais

 
 
O Tifo Aviário
Controle de salmoneloses mostra resultados no combate ao tifo aviário
A primeira descrição do tifo aviário foi na Inglaterra, no final do século XIX. É uma
doença considerada de países "em desenvolvimento". Nos Estados Unidos da América
ela tem sido considerada sob controle. Esse resultado deve-se a um plano nacional de
prevenção de enfermidades avícolas, com destaque para o controle de salmoneloses.
Parte importante desse plano refere-se à eliminação de aves infectadas, à adoção de
provas sorológicas, à pesquisa e identificação do sorotipo de Salmonella spp. por meio
de exames bacteriológicos, completando-se com medidas de limpeza, desinfecção e
higiene. Na Europa, Alemanha e Dinamarca o tifo aviário foi notificado no início dos
anos 90 (século XX) e no começo do século atual. A enfermidade tem sido observada
no México, América do Sul e países asiáticos. No Brasil tem sido diagnosticada em
áreas de exploração de aves de postura comercial, mas também pode ocorrer em aves
reprodutoras (para corte e postura).
Salmonella enterica subs enterica, sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (SG) é o
agente do tifo aviário. Assim como S. Pullorum (SP), não possui flagelo. Ambas são
indistinguíveis na sorologia básica para identificação do sorotipo (O: 1,9,12). Podem
diferir bioquimicamente. SG fermenta dulcitol enquanto SP não. SP descarboxila a
ornitina e SG não. Entretanto, estirpes de SP que não descarboxilam a ornitina já foram
isoladas. Diante das semelhanças existentes, na classificação atual, SG e SP são
considerados biovares do sorotipo Salmonella Gallinarum.
Aves adultas são mais suscetíveis. Mas não os únicos hospedeiros
As galinhas são os hospedeiros naturais do agente do tifo aviário. Mas outros galináceos
também são considerados susceptíveis, bem como outras espécies de aves. Palmípedes e
pombos parecem ser resistentes. As linhagens leves são consideradas mais resistentes.
Por sua vez, as semipesadas e as pesadas são consideradas susceptíveis à doença. Aves
de linhagens leves podem desenvolver a enfermidade clínica. Na ausência da
enfermidade, essas aves podem albergar SG dentro do organismo e, em situações de
canibalismo, disseminar a bactéria.
Embora seja mais comumente descrito em aves adultas, o tifo aviário pode acometer
aves de qualquer idade, podendo ser confundida com a pulorose em aves jovens.
S. Gallinarum, natural ou experimentalmente, já foi isolada de outros animais como
ratos, chimpanzés, raposas, coelhos, cobaias e seres humanos. Em codornas, provoca
enfermidade semelhante à observada em galinhas.
Transmissão do agente: diversos fatores podem influir
Segundo a literatura especializada, a transmissão de SG pode ocorrer por diversas vias,
incluindo a via vertical, a qual parece-nos pouco provável. A bactéria pode se espalhar
por todo o corpo do animal, durante a enfermidade, principalmente, na fase final,
quando a ave está indo a óbito. O contato entre ave doente e ave sadia, canibalismo e
presença de aves mortas na granja são fatores que favorecem a transmissão do tifo
aviário. Falta de higiene, falta de limpeza, a presença de moscas, pássaros, urubus,
roedores etc. podem contribuir para disseminar SG em propriedades avícolas. Atenção
ainda deve ser dada à utilização de compostagem e esterqueiras. Veículos que
transportam aves, esterco e ovos, também despontam como meios eficientes de
disseminação da bactéria, especialmente aqueles que entram em várias granjas sem
lavagem e desinfecção prévia (externa e internamente). Indivíduos que trabalham em
granjas ou que transitam em propriedades avícolas podem atuar como elementos de
disseminação do agente do tifo aviário. Criações múltiplas também devem ser evitadas.
Sinais clínicos: morbidade e a mortalidade podem ser altas
As manifestações clínicas, geralmente, são observadas em aves adultas. As aves ficam
quietas, prostradas, deitam-se, não comem, apresentam diarreia amarelo-esverdeada a
esverdeada, observa-se queda de postura e em poucos dias podem chegar ao óbito. O
curso da doença é de 5-7 dias, mas pode ser mais longo. A morbidade e a mortalidade
podem ser altas. A mortalidade varia de 10 a 80% (ou até mais). Em lotes acometidos
pelo tifo aviário, a mortalidade não ocorre de uma só vez. No início, algumas aves ficam
doentes e entre essas, algumas morrem. A seguir, esse quadro se repete por várias vezes,
de modo que grande parte do lote pode ser acometido e a mortalidade final torna-se
significativa.
Quando a enfermidade acomete aves jovens, se confunde com a pulorose, sendo
diferenciado somente após o isolamento e identificação do agente.
O tifo aviário é uma enfermidade com características de septicemia e toxemia. Observa-
se congestão dos órgãos internos e anemia provocada pela destruição de hemácias pelo
sistema retículo-endotelial. Nos quadros agudos, as alterações não são muito
proeminentes. O fígado e o baço aumentam 3-4 vezes de tamanho. O fígado torna-se
friável, esverdeado, amarelo-esverdeado a bronzeado e cheio de pontos necróticos
(esbranquiçados) e hemorrágicos. A vesícula biliar estará distendida em função do
aumento de volume de bile. Os pontos necróticos aparecem no baço e no coração. No
baço nota-se ainda pontos de hemorragia. Nos casos em que o curso da enfermidade é
mais longo pode se observar hidropericardio e também a presença de processos
inflamatórios formando nódulos esbranquiçados, semelhantes aos descritos na pulorose,
em coração, baço, pulmões, moela, pâncreas, duodeno e cecos. O processo inflamatório
no coração poderá atingir o pericárdio que se tornará opaco, assim como o líquido do
saco pericárdico. Os rins poderão estar amarelados e o ovário atrofiado ou com os
folículos ovarianos hemorrágicos, murchos, congestos, císticos, disformes, contendo
material caseoso ou hemorrágico no seu interior, assim como ocorre na pulorose.
Quando aves leves são acometidas pela doença, poucos adoeceriam e chegariam ao
óbito. Contudo, aves infectadas experimentalmente desenvolveram lesões com queda de
postura sem, no entanto, apresentar mortalidade.
No tifo aviário, a presença de aglutininas não significa proteção. Embora os anticorpos
participem do combate à SG, o sucesso dependerá, principalmente, da imunidade
celular. Este controle tem sido atribuído à ação conjunta do sistema retículo-endotelial
(SRE) e células T. SG, por não possuir flagelos induz a uma pobre resposta imune
intestinal inicial (imunidade inata), com pouca produção de interleucinas pró-
inflamatórias; o que facilitaria a infecção sistêmica. A expressão de genes presentes na
SPI-2 e dos genes spv, presentes em SG, também ajudaria a inibir a ação do sistema
imune, potencializando a infecção.
Durante a fase aguda do tifo aviário ocorre acelerada multiplicação de SG no interior
dos fagócitos. O que resulta em lise celular com liberação da bactéria para o meio
extracelular produzindo um tipo de reação antígeno-anticorpo (reação anafilática de
hipersensibilidade). Provoca ainda sintomatologia e morte. Esse raciocínio foi usado
para explicar o quadro de anemia das aves no tifo aviário. A destruição da bactéria pela
lise do LPS culminaria no sequestro dos fragmentos pelas hemácias e, estas, seriam
destruídas pelo SRE (macrófagos). Em um estudo com aves jovens, experimentalmente
inoculadas com SG, foi descrita uma significativa redução dos leucócitos circulantes no
quinto dia após a infecção. Esse achado estava correlacionado ao pico de mortalidade
das aves. Assim, pressupõe-se que o efeito citotóxico do LPS bacteriano também seria
responsável pela lise dos leucócitos.
Diagnóstico definitivo compreende isolamento e identificação do agente
O diagnóstico do tifo aviário é feito com base nos achados clínico, anátomo-patológicos
e exames laboratoriais. Aves infectadas por períodos superiores a duas semanas são
positivas no teste de pulorose. Os resultados são passíveis de confusão com aves
infectadas por SP ou por outra salmonela que possua antígenos em comum, como
aquelas do grupo D. Um teste imunoenzimático (ELISA) pode apresentar resultados
mais específicos, mas sem diferenciar a resposta entre aves infectadas por SG ou SP.
O diagnóstico definitivo compreende o isolamento e a identificação do agente. O
procedimento bacteriológico é o mesmo adotado para SP. O comportamento destas duas
salmonelas é muito similar. Ambas produzem colônias pequenas em meios seletivos em
ágar (SP produz colônias menores ainda que SG) e produzem pouco ou quase nada de
H2S em ágar TSI. Os órgãos de eleição para pesquisa do agente também são os mesmos
inspecionados para o agente da pulorose, destacando-se baço, fígado e coração. Além de
pulorose, o diagnóstico diferencial deve ser feito com relação às outras salmoneloses,
colibacilose, pasteurelose e doença de Marek. Testes moleculares tem sido adotados
para diferenciar SG de SP.
Maior aliado do tratamento é adoção de medidas de limpeza e higiene eficazes
Uma vez que a enfermidade é mais comum em aves adultas, e que a mortalidade pode
persistir por períodos prolongados, é preciso tomar cuidado para não intoxicar as aves
com a administração prolongada de antimicrobianos. Mesmo na presença de um surto
de tifo aviário, o maior aliado do tratamento é a adoção de medidas de limpeza e higiene
eficazes e a eliminação rápida e correta de aves mortas. Levar em consideração que SG
persiste em aves tratadas que não apresentam sintomatologia.
O melhor programa de prevenção baseia-se na limpeza, higiene e desinfecção da granja.
Cuidados com dejetos, evitar água parada, destino correto e rápido de animais mortos,
cuidado com veículos que transportam aves, ração e suas matérias-primas, fezes (cama)
e ovos, entre outros. Evitar pássaros, roedores, mosquitos, outras espécies de aves e de
outros animais. Evitar aves de diferentes idades. O monitoramento de rotina da granja
deveria compreender o exame microbiológico das aves que morrerem. Recomenda-se a
utilização de programas vacinais, desde que não sejam esquecidos os procedimentos
gerais de biossegurança. Estão disponíveis vacinas vivas e inativadas (bacterinas) contra
esta enfermidade. Dentre as vacinas vivas, a mais conhecida é a 9R.

Por Angelo Berchieri Júnior e Oliveiro Caetano de Freitas Neto, da Faculdade de


Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp - Jaboticabal (SP).

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