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Influenza Aviária

A influenza Aviária (IA) é uma doença contagiosa causada pelo vírus Influenza. Atinge aves silvestres
(aquáticas principalmente) e domésticas, a gripe aviária, como também é conhecida, representa hoje um
dos maiores temores de uma pandemia a exemplo do que ocorreu em 1918, com a pandemia Espanhola,
em 1957, com a pandemia Asiática, e em 1968, com a pandemia de Hong Kong. As perspectivas são
catastróficas e vem despertando um grande interesse por parte de toda a comunidade científica mundial,
devido ao seu alto índice de letalidade, tanto nas aves domésticas, quanto em seres humanos. Nas aves,
geralmente a doença é devastadora, provocando lesões sérias nos sistemas respiratório, digestivo,
nervoso e reprodutivo, sendo a notificação dos focos da doença compulsória.

AGENTE ETIOLÓGICO

• Doença de notificação obrigatória à Organização


Mundial de Saúde Animal (OIE).
• Presente na Classificação 1 (Doenças erradicadas Resumindo:
ou nunca registradas no País, que requerem Vírus envelopado RNA linear de fita
notificação imediata de caso suspeito ou simples Replicação ocorre no núcleo.
diagnóstico laboratorial) da IN 50/2013.
• É considerada uma Zoonose. Envelope: hemaglutinina – ligação a
• A influenza aviária é causada pelo vírus da família receptores celulares e atividade de
Orthomyxoviridae, incluindo quatro gêneros, sendo neuraminidase.
eles o vírus da influenza:
Genoma segmentado – facilita o
o Tipo A: Homens, Suínos, equinos e aves
rearranjo genético.
o Tipo B: Homens e suínos
o Tipo C: Homens
• São vírus RNA, envelopados, possui glicoproteínas
em sua superfície, as Hemaglutininas (HA) e as Neuraminidase (N). Atualmente, existem 16
variações de Hemaglutinina (H1 a H16) e 9 de Neuraminidase (N1 a N9), podendo existir várias
combinações entre elas Hn Ny, onde n varia de 1 a 16 e y de 1 a 9.
• Esses vírus são esféricos medindo, aproximadamente, 200nm de diâmetro ou pleomórficos
quando observados os replicados pelos hospedeiros naturais. Estirpes propagadas em ovos têm
morfologia mais regular (circular), em média entre 80 e 120nm de diâmetro. Os envelopes
contêm projeções rígidas (spikes) de hemaglutinina (H) e neuroaminidase (N), que formam um
halo ao redor das partículas em coloração negativa e observada por microscopia eletrônica.
• Acomete várias espécies: grande variedade de aves como patos, gansos, andorinhas, gaivota,
galinhas, codorna, perus e faisão, assim como em suínos, cavalos, baleias, gibão, babuínos,
chimpanzés e humanos e estudos filogenéticos da gripe aviária revelam que as aves aquáticas
são as fontes da doença para as outras espécies.
• É uma infecção em aves comerciais causada por qualquer vírus da influenza do tipo
A, pertencente ao subtipo H5 ou H7, ou ainda por qualquer vírus de influenza aviária que
apresente índice de patogenicidade intravenosa (IPIV) superior a 1,2 ou que seja causador de
mortalidade superior a 75%.
o H5 e H7 estão associados a doenças severas em galinhas,perus,patos
• Doença exótica no Brasil que tem exigido cooperação internacional, postura e soluções do poder
público e privado para impedir sua penetração no nosso país.
• A vacinação é proibida no Brasil, sendo prevista somente em casos de foco como meio de
contenção.

TRANSMISSÃO

• O Vírus da IA possui transmissão horizontal de ave para ave, diretamente a partir de secreções
do sistema respiratório e digestivo e indiretamente por equipamentos, roupas, calçados, insetos,
aves e animais silvestres, alimentos e água contaminados. As aves migratórias, principalmente as
aquáticas são reservatórios naturais a milhares de anos, sendo considerada o principal
reservatório do vírus na natureza.
• Os principais fatores que contribuem para a transmissão:
o Aves migratórias silvestres
o Globalização e comércio Internacional
o Mercados/feiras de vendas de aves vivas

PATOGENIA

• O vírus se reproduz no epitélio nasal e/ou da faringe e se espalha nas membranas mucosas do
sistema respiratório, podendo se disseminar por todo o organismo do animal e causar a forma
sistêmica da doença. Os sinais clínicos da influenza aviária podem variar de acordo com a
espécie afetada, a idade, o sexo, virulência do vírus, ambiente, presença de infecções associadas
e manejo. Todavia o fator mais importante que determina o quadro sintomático é
patogenicidade do vírus (2,5). O vírus possui três formas distintas: Baixa patogenicidade (VIABP),
média patogenicidade (VIAMP) e alta patogenicidade (VIAAP).
o Influenza aviária de baixa patogenicidade – IABP (Highly Pathogenic Avian Influenza –
HPAI), que geralmente causam poucos ou nenhum sinal clínico nas aves.
o Influenza aviária de alta patogenicidade – IAAP (Low Pathogenic Avian Influenza – LPAI),
que podem causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade.
• Seres Humanos: H5NI, H9N2 e H7N7
o É uma doença sistêmica relacionada, basicamente, ao trato respiratório e, com relação
a isso, não existe grande diferença das manifestações do vírus da influenza que
tradicionalmente causa gripe nos humanos, porém a diferença está na intensidade e na
violência do comprometimento. principalmente para as pessoas imunodeficientes e
idosos com mais de 60 anos.
o febre alta, com temperaturas (>38oC); diarreia, vômito, dor abdominal, dor no peito;
sangramento nasal e gengival; morte por pneumonia aguda.
• Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade – Sinais respiratórios discretos, aerosaculites, diarréia,
mortalidade baixa, ovos com má formação, involução ovariana e presença de hemorragia, queda
de postura.
• Influenza Aviária de Média Patogenicidade - Sinais respiratórios discretos, aerosaculites, diarréia,
mortalidade baixa, ovos com má formação, peritonite por ruptura de ovário, inflamação renal
com presença de uratos, queda de postura.
• Influenza Aviária de Alta Patogenicidade – Depressão severa, inapetência, penas arrepiadas,
edema facial com crista e barbela inchada e cianótica, canelas com lesões hemorrágicas,
dificuldade respiratória com descarga nasal, severa queda de postura, prostração, diarréia,
paralisia e morte, morte súbita sem presença dos sinais clínicos mortalidade de até 100% do
aviário.
LESÕES MACROSCÓPICAS

Desidratação, descarga nasal e oral, congestão severa da musculatura, edema subcutâneo e/ou cianose
da cabeça e pescoço, severa congestão das conjuntivas e até petéquias, exudato mucoso no lúmem da
traquéia, traqueíte hemorrágica, exudato de fibrina nos sacos aéreos, saco pericárdio ou no peritônio,
petéquias no lado interno da cartilagem do externo, na serosa dos órgãos, na gordura abdominal e
superfície peritonial, focos hemorrágicos no tecido linfóide da mucosa intestinal, hemorragias na
superfície mucosa do pró-ventrículo, particularmente na junção com a moela, hemorragias e erosão na
moela, hemorragia e degeneração ovariana, congestão renal com depósito de uratos, hemorragia,
congestão, transudatos e necrose em vários órgãos. Em caso de morte súbita, sem lesões à necropsia.

DIAGNÓSTICO

Material para diagnóstico - Aves mortas: pulmão, traquéia, intestino, cérebro, fígado, sangue; Aves vivas:
soro sanguíneo, swabs de traquéia e cloaca
Nos casos de surtos de influenza aviária de alta patogenicidade, o diagnóstico presuntivo inicia com um
histórico de sinais clínicos e lesões de doença
respiratória e devem ser considerados um alerta Resumindo
para tomada imediata de medidas para o
Seres humanos: Isolamento viral,
diagnóstico. Nos surtos de doença com vírus de
PCR-RT, HA-HI, AGP
baixa patogenicidade, muitos destes sinais estão
ausentes ou presentes de forma mais branda. A Animais: Isolamento viral, PCR-RT,
mortalidade das aves pode ser muito baixa e HA-HI, AGP
nestes casos a influenza por cepas virais de baixa
patogenicidade pode se confundir com muitas outras doenças de aves. Para a confirmação do diagnóstico
de influenza é necessário o isolamento viral, detecção de RNA e/ou de proteínas virais, obtidos desde
tecidos, ovos embrionados ou suabes de traqueia ou cloaca. O diagnóstico presuntivo pode ser realizado
através de detecção de anticorpos específicos.
LEIA TAMBÉM:

Instrução Normativa SDA 17, de 07.04.2006: Aprova, no âmbito do Programa Nacional de Sanidade
Avícola, o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de
Newcastle em todo o território nacional.

Instrução Normativa SDA 32, de 13.05.2002: Aprova as Normas Técnicas de Vigilância para doença de
Newcastle e Influenza Aviária, e de controle e erradicação para a doença de Newcastle.

Instrução Normativa SDA 21, de 21.10.2014: Estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da
Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de
galinhas ou perus, para a infecção por influenza aviária e doença de Newcastle.

Instrução Normativa SDA 18, de 09.06.2017: Altera a Instrução Normativa 21/2014, que trata da
Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola.

Plano de Contingência para influenza aviária e doença de Newcastle – Versão 1.4 – abril/2013.

Ofício Circular DSA nº 7, de 24 de janeiro de 2007: Estabelece os procedimentos permanentes de


vigilância para influenza aviária e doença de Newcastle.

Nota Técnica CSA nº 16, de 8 de outubro de 2012: Estabelece os procedimentos de vigilância


epidemiológica para influenza aviária (IA) e doença de Newcastle (DNC) em sítios de aves migratórias.

Informativo PNSA nº 4: Reconhecimentos de sítios de aves migratórias pelo DSA.

Norma Interna DSA nº 03, de 3 de outubro de 2011: Declara os plantéis avícolas industriais brasileiros
livres de doença de Newcastle e da influenza aviária notificável.

PREVENÇÃO

Aplicar medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas visando limitar a exposição de aves
domésticas a aves silvestres, principalmente migratórias e/ou aquáticas, é a principal medida de
mitigação de risco para introdução do vírus da influenza aviária no plantel avícola nacional, e
consequentemente, para diminuir o risco de evolução para formas altamente patogênicas e
recombinação com componentes de outros vírus de influenza para formar vírus que podem não apenas
infectar seres humanos, como ser transmitidos entre seres humanos.

BONS ESTUDOS �

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