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Disciplina de Imunologia e Virologia Veterinária

AULA 7 - Orthomyxoviridae


Professor: M.e Med. Vet. Tarcísio Alves Teixeira
Orthomyxoviridae
Morfologia
- Material genético: RNA fita simples, polaridade (-), 6 a 8 segmentos.

- Ribonucleocapsídeo com proteína NP; polimerase viral L

- Matriz: proteína M; NEP (nuclear export protein)

- Envelope: canal M2; hemaglutinina (HA, 16 tipos – se liga ao receptor


ácido siálico); Neuraminidase (NA, 9 tipos – liberta o vírion recém
brotado do ácido siálico).

- Cerca de 80 a 120 nm de diâmetro.


Orthomyxoviridae
Orthomyxoviridae
Replicação

- Hemaglutinina se liga ao receptor celular

- Vírus é endocitado.

- O envelope viral se funde com a membrana do endossomo após


acidificação (participação do canal M2), liberando o ribonuclepcapsídeo
no citosol

- Ribonucleocapsídeo migra para o núcleo celular


Orthomyxoviridae
Replicação

- Transcrição de fita (+) pela polimerase viral

- Síntese de RNA genômico (-)

- Elevação de M1 no citosol → NEP exporta RNA genômico do núcleo


para o citosol

- Montagem e liberação por brotamento

- Hemaglutinina ainda precisa ser clivada por proteases teciduais para o


vírion ser infectante.
Influenza Equina
Influenza Equina
Etiologia

- Vírus da Família Orthomyxoviridae, gênero Influenza A

- subtipos principais: H7N7; H3N8


Influenza Equina
Epidemiologia

- Amplamente distribuída no mundo.


Influenza Equina
Transmissão

- Aerosol, contato direto, gotículas, fômites → contato do vírus com


mucosa nasal ou ocular.
Influenza Equina
Patogenia

- Vírus se replica no epitélio do trato respiratório superior e inferior →


destruiçõa do epitelio ciliado → inflamação, produção de exsudato e
descarga nasal.

- No trato respiratório inferior:


. Laringite, traqueíte, bronquite
. Pneumonia broncointersticial → congestão pulmonar e edema
alveolar.
. Infecções bacterianas secundárias.

- Conjuntivite, faringite.
Influenza Equina
Patogenia

- Sem complicações por infecção bacteriana secundária → doença


autolimitante, com resolução em 2 a 3 semanas.
. Não se reconhece status carreador.
Influenza Equina
Sinais clínicos

- Período de incubação: 24 a 48h.

- Febre, apatia, inapetência, conjuntivite, descarga nasal.

- Alta morbidade, baixa mortalidade.

- Pode ocorrer abortamento, em decorrência da febre.


Influenza Equina
Diagnóstico

- Swab nasal ou de orofaringe, até 3-5 dias após início dos sinais
clínicos → RT-PCR.

- Isolamento viral, em ovo embrionado ou cultura de células de rim


canino.

- Hemaglutinação e inibição de hemaglutinação com anticorpos


monoclonais (caindo em desuso).
Influenza Equina
Tratamento

- Tratamento de suporte

- Manutenção de hidratação; anitbioticoterapia; antiinflamatórios.


Influenza Equina
Profilaxia e controle
- Quarentena de animais recém chegados.

- Vacinação:
. Vacina inativada
> dose de reforço; revacinação anual.
> não induz boa imunidade celular.
> pouco efetiva em potros de éguas imunizadas até ~6 meses.
. Viva ateuada:
> opção de vacina de vírus adaptado a baixa temperatura.
. Recombinante (canarypox).
- NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA PARA ATUALIZAÇÃO DA CEPA VACINAL.
Influenza Suína
Influenza Suína
Etiologia

- Vírus da Família Orthomyxoviridae, gênero Influenza A

- Subtipos principais: H1N1; H1N2; H3N2 (origem humana).


Influenza Suína
Epidemiologia

- Amplamente distribuída no mundo.


Influenza Suína
Transmissão

- Aerosol, contato direto, gotículas, fômites → contato do vírus com


mucosa nasal ou ocular.
Influenza Suína
Patogenia

- Vírus se replica no epitélio do trato respiratório superior e inferior →


destruiçõa do epitelio ciliado → inflamação, produção de exsudato e
descarga nasal.

- No trato respiratório inferior:


. Laringite, traqueíte, bronquite
. Pneumonia broncointersticial → congestão pulmonar e edema
alveolar.
. Infecções bacterianas secundárias.

- Conjuntivite, faringite.
Influenza Suína
Patogenia

- Sem complicações por infecção bacteriana secundária → doença


autolimitante.
. Não se reconhece status carreador, embora alguns estudos apontem
esta hipótese.
Influenza Suína
Sinais clínicos

- Período de incubação: 24 a 72h.

- Febre, apatia, inapetência, tosse, coriza, dispnéia, descarga nasal. Falha


reprodutiva.

- Duração de 3 a 6 dias; sem complicações, alimnentação normal após 7 dias

- Alta morbidade, baixa mortalidade. Letalidade <1%.

- Complicações em caso de infecção bacteriana secundária (ex., Glaesserella


parasuis) em animais mais suscetíveis (ex., creche).
Influenza Suína
Diagnóstico

- Swab nasal ou de orofaringe, até 3-5 dias após início dos sinais
clínicos → RT-PCR.
Influenza Suína
Tratamento

- Tratamento de suporte

- anitbioticoterapia; antiinflamatórios.

- ambiente aquecido, sem agentes estressores, sem umidade excessiva.


Influenza Suína
Profilaxia e controle
- All-in e all-out: evita a manutenção da circulação viral que ocorre quando
são continuamente introduzidos hospedeiros suscetíveis.

- Problemas na vacinação: cepas sofrem antigenic drift continuamente →


necessidade de atualização constante da cepa vacinal. (opção de vacinação
autógena).

- Vacinação impede doença mais grave e reduz transmissibilidade, mas não


impede infecção.
Influenza Suína
Profilaxia e controle
- Potencial zoonótico!
. Do suíno pro homem e do homem pro suíno.
. adoção de medidas de biosseguiridade de funcionários da granja.

- Suíno possui ácido siálico alfa 2,3 galactose e alfa 2,6 galactose.
. aves só possuem alfa 2,3 galactose; humanos só possuem alfa 2,6
galactose
. Pode ocorrer antigenic shift e criação de novos subtipos a partir de infecão
mista de influenza de aves e do homem no suíno.
Influenza Aviária
Influenza Aviária
Etiologia

- Vírus da Família Orthomyxoviridae, gênero Influenza A

- Praticamente todas as combinações possíveis existem em aves


silvestres (especialmente anseriformes e charadriiformes).
Influenza Aviária
Etiologia

- Na avicultura comercial, utiliza-se classificação em virtude da


patogenicidade.

- Influenza aviária de alta patogenicidade (HPAI):


. subtipo H5 ou H7 que é capaz de causar >75% de mortalidade em
aves no segundo mês de vida após infecção intravenosa ou que tenha
composição de aminoácido similar a isolados anteriores de HPAI.

- Influenza aviária de baixa patogenicidade (LPAI):


. subtipo H5 ou H7 que não se enquadra no critério de HPAI.
Influenza Aviária
Etiologia

- HPAI emerge de mutação em vírus LPAI H5 ou H7 que circula numa


dada população.

- H5 ou H7 de alta patogenicidade é clivada por endopeptidases


genéricas intracelulares presentes em quase qualquer tecido → causa
doença sistêmica.

- H5 ou H7 de baixa patogenicidade precisa da peptidase extracelular


presente exclusivamente em trato respiratório e gastrointestinal.
Influenza Aviária
Epidemiologia

- Geralmente, surto se origina a partir de transmissão de aves silvestres/


migratórias para comerciais.

- Normalmente, surto de HPAI se extinguia após um tempo.


. No entanto, H5N1 conseguiu expansão global, com várias
neuraminidases → H5Nx.

- Brasil: nunca foi detectado H5 ou H7 em aves domésticas, comerciais,


silvestres e migratórias.
Influenza Aviária
Epidemiologia

- Potencial zoonótico (embora exista dificuldade de fazer o “jump” para


humanos, pela diferença em ácido siálico).
. requer contato intenso e próximo com aves infectadas.
Influenza Aviária
Transmissão

- Aerosol, contato direto, fecal-oral→ contato do vírus com mucosa oral,


nasal ou ocular.

- Vírus é eliminado em grandes quantidades nas fezes de aves silvestres


infectadas, mesmo assintomáticas.
Influenza Aviária
Patogenia e Sinais clínicos

- HPAI → morte súbita sem sinais clínicos prévios.

- Em aves mais velhas que sobrevivem às primeiras 48h:


. cessação de postura, dispnéia, lacrimejamento, sinusite, diarréia,
edema de cabeça e pescoço, cianose.
. Sinais nervosos: torcicolo, tremores, inabilidade de manter-se em pé.

- HPAI: replicação em trato respiratório e gastrointestinal, viremia,


depleção linfóide, vasculite e trombose.
Influenza Aviária
Patogenia e Sinais clínicos

- LPAI → replicação em trato respiratório e gastrointestinal

- Anorexia, letargia, queda de postura, sinusite.

- Sinais clínicos se exacerbam se houver outra infecção concomitante


(ex., Micoplasmas).
Influenza Aviária
Diagnóstico

- Swab de traquéia ou cloaca → RT-PCR

- Isolamento viral para determinaçao de patogenicidade.


Influenza Aviária
Tratamento

- Não há.
Influenza Aviária
Profilaxia e controle
- Políticas de biosseguridade:
. isolamento de plantéis comerciais de aves silvestres e migratórias, além
de anseriformes.
. controle de entrada de pessoas na granja.
. conscientização de criadores de fundo de quintal e subsistência.

- Monitoramento de aves silvestres e migratórias.

- Depopulação em caso de HPAI; cada vez mais usada para casos de LPAI
também.
- Vacinação: evitada para não gerar embargo. Proibida no Brasil.
Influenza Canina
Informações gerais
- Doença emergente, especialmente EUA e Europa.

- Sinais clínicos indistinguíveis do complexo respiratório canino (“tosse dos


canis”).

- Como o suíno, possui ácido siálico alfa 2,3 galactose e alfa 2,6 galactose.
. Potencial para antigenic shift.
Bibliografia
MacLachan, N.J.; Dubovi, E.J. Fenner’s Veterinary Virology, 5th
edition. Academic Press-Elsevier. 2017.

Flores, Eduardo Furtado (organizador). Virologia Veterinária.


Santa Maria: Ed. da UFSM, 2007.

VIRALZONE.
https://viralzone.expasy.org/ Acesso em 10/09/2022

https://www.msdvetmanual.com/ Acesso em 11/09/2022

Fowler's Zoo and Wild Animal Medicine Current Therapy, Volume


10.

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