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Artrite encefalite

caprina (CAE)

Profa Dra. Heloisa Godoy


Introdução
• O Brasil possui um rebanho caprino : 12.160.524 cabeças
• Na região Nordeste concentra-se o maior número desses animais 90%
• segundo o IBGE é a seguinte:
- Região Norte – 327.990 cabeças;
- Região Nordeste – 10.912.334 caprinos
- Região Sudeste – 372.587 animais
- Região Centro-Oeste – 166.159 caprinos
- Região Sul – 381.454 cabeças

Embrapa, 2007
Introdução
Enfermidades de maior importância em caprinos:

verminoses
broncopneumonias
as doenças dos recém-nascidos
linfadenite caseosa
artrite-encefalite dos caprinos (CAE – abreviação do inglês
Caprine Arthritis-Encephalitis) e a micoplasmose.
Introdução
• Artrite Encefalite Caprina (AEC) é uma
enfermidade multisistêmica crônica

• Causada pelo Retrovírus

• Grande impacto econômico resultante da perda


de animais e produtividade

• Sinais clínicos mais frequentes são artrite,


encefalites e mastites (adultos) ataxia e paresia
dos membros (cabritos)

• muitos animais infectados permaneçam


assintomáticos
Artrite encefalite caprina (CAE)
• A CAE é uma enfermidade infecciosa viral específica de caprinos e ovinos

• Difícil controle - indisponibilidade de vacinas e pela ampla distribuição da


doença em plantéis de excelente qualidade zootécnica e grande valor
econômico

• CAE é considerada cosmopolita e causadora de enormes prejuízos em


inúmeros países produtores de laticínios de excelente qualidades

• A enfermidade geralmente tem evolução crônica, caracterizando-se por


apresentar longo período de incubação, com evolução clínica lenta, progressiva

• Todos os tipos raciais de caprinos susceptíveis à infecção


Histórico

1959 - identificada clinicamente, pela primeira vez, em na Suíça,


onde se observou artrite crônica em caprinos adultos

1979 - foi isolado pela primeira vez nos Estados Unidos da América
em membrana sinovial e do líquido cefalorraquidiano de caprinos
infectados.

1980 - O reconhecimento internacional da CAE como uma virose


após a identificação do agente, classificado como um lentivirus da
família Retroviridae
Histórico
• Doença exótica, introduzida no Brasil
pela inadequada importação de
reprodutores de países, que convivem
de forma perigosa com a doença.

• Sua disseminação em nosso país se


deu através da indiscriminada
distribuição de matrizes, com excelente
padrão genético, porém infectadas, em
regiões de tradicional criação de
caprinos
Histórico

1984 - Brasil através da importação de animais puros


de raças leiteiras, no Rio Grande de Sul, na Bahia,
Pernambuco e no Ceará
Agente etiológico

Família Retroviridae
Gênero Lentiviridae

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)


Anemia Infecciosa Equina
Pneumonia Progressiva Ovina (MAED VISNA)
Agente etiológico
• Vírus envelopados

• aproximadamente 100 nm de diâmetro

• RNA fita simples -molécula de transcriptase reversa

• células-alvo, os monócitos e macrófagos


Agente etiológico

• Incubação longa, variando de meses a anos

• Evolução assintomática ou com sintomatologia progressiva e


irreversível, culminando com o agravamento dos sinais e
morte
Agente etiológico
3 características gerais relacionados com a persistência da infecção

i) após a transcrição reversa do RNA viral nas células infectadas, o DNA


resultante (provírus) integra-se ao genoma da célula escapando dos
mecanismos de defesa do organismo do hospedeiro

ii) os lentivírus replicam-se no interior das células do sistema imunológico,


normalmente responsáveis pela eliminação de células infectadas e
consequentemente o hospedeiro torna-se incapaz em eliminar o vírus e além
disso, a restrição da expressão viral sem produção de partículas virais, permite
que células infectadas escapem do sistema imune
Agente etiológico

iii) os vírus apresentam alta taxa de mutação durante o


processo de replicação em decorrência de falhas da
transcriptase reversa em corrigir as novas sequências de
nucleotídeos culminando em variabilidade genética e
consequentemente fenotípica que favorecem o escape do
sistema imune do hospedeiro
Resistência

sensível ao éter

Clorofórmio

formol a 0,04%

luz ultravioleta
Epidemiologia
• Estudos tem demonstrado que a cada ano o crescente número de
animais infectados e a diminuição do número de rebanhos isentos dessa
infecção

• Estados: Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Maranhão e Paraná

• soroprevalência de 17,6% no Estado de Pernambuco, e cerca da metade


dos criatórios examinados apresentou animais positivos
Epidemiologia
• O intervalo de tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas
pode demorar anos

• Somente 35% dos animais infectados apresentam indicadores clínicos


da doença

• A CAE raramente é observada antes dos dois anos de idade

• Principais indicadores clínicos dos animais acometidos pela CAE são:


artrite, mamite, pneumonia e encefalite
Epidemiologia
• Ambos os sexos

• Maior prevalência em animais em raças leiteiras, em razão do


manejo do rebanho

• Nessas propriedades a alimentação dos cabritos com colostro ou


leite misturado de varias cabras > risco!!!!
Cadeia de Transmissão

• FI

animais infectados (assintomáticos)

• Via de eliminação

Secreções e excreções (fezes, saliva,


secreções respiratória e urogenital e LEITE )
Cadeia de Transmissão
Transmissão direta

• Ocorre principalmente pela ingestão do colostro e leite da própria mãe


infectada

• Contato vaginal durante o nascimento ou lambedura da cria

• Contato direto e prolongado entre os animais, através dos líquidos


corporais (sangue, saliva e secreções respiratórias)

• Cobertura ou monta natural: reprodutor x cabras (muito baixa)


Cadeia de Transmissão
Transmissão indireta

Através de objetos contaminados, como agulhas, instrumentos cirúrgicos, de


tatuagem ou de descorna

Ordenhadeira mecânica - quando a higiene dos equipamentos é feita de


forma incorreta

Mãos do manejador em contato com os líquidos corporais de animais


doentes

Manutenção dos animais em locais com pouca ventilação, onde a infecção


ocorre pela vias respiratórias
Cadeia de Transmissão

• Porta de entrada
Mucosa – oral
- respiratória
Cadeia de Transmissão

• Tempo de exposição para a soroconversão, pois


tem-se observado que a frequência de
soropositivos é maior em animais mais velhos

• Em rebanhos com alta taxa de infecção a


soroprevalência pode ser bastante elevada,
mesmo entre animais jovens.
Patogenia

Oral Tropismo por Corrente


Respiratória cél. fagociticas sanguínea

Infecção Macrófagos alveolares, Diversos


sinóvia, SNC e glândulas tecidos
persistente mamárias
Intensa resposta inflamatória, em
cada ciclo na replicação produz
variantes virais que dificultam a
resposta imune.
Patogenia
i) os monócitos contendo provírus integrado em seu genoma não
são detectados pelo sistema imune pois a expressão do gene
viral só é ativada quando os monócitos maturam para
macrófagos

ii) infectam persistentemente macrófagos, sem causar lise celular,


podendo disseminar o vírus no próprio hospedeiro, sem a
produção de partículas virais, através do contato com outras
células
Sinais clínicos
Artrite
- Mais evidente nos animais adultos

- A articulação do joelho (carpo-metacarpiana) aumenta


devido ao excesso de líquido sinovial produzido pelo
processo inflamatório

- Com a evolução, ocorre manqueira, perda da flexibilidade


articular, dor e prostração do animal
Sinais clínicos
Mastite
-Há endurecimento parcial ou total do
tecido mamário, assimetria do úbere
e, consequentemente, queda da
produção de leite
Sinais clínicos
Pneumonia
- Caracterizada pela tosse, congestão média dos pulmões

- Nos casos mais graves, a pneumonia confere ao órgão um aspecto


reticular, acompanhado por aumento dos gânglios linfáticos

- No exame clínico, verifica-se aumento dos movimentos respiratórios,


com a aparência de cansaço e pode haver secreção nasal
Sinais clínicos
Encefalite

- A encefalite é mais evidente nos animais jovens, entre 2 e 6


meses de idade

- Os cabritos apresentam dificuldade de locomoção nos


membros traseiros, progredindo para paralisia total
Diagnóstico laboratorial da CAE
• O diagnóstico laboratorial da CAE pode ser realizado por diversos
exames

- teste sorológico
- isolamento do vírus
- Técnicas moleculares
Diagnóstico laboratorial da CAE
• O teste sorológico de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA) é o
indicado pela Organização Internacional de Epizootias (OIE)

• É o teste mais difundido por ser mais rápido e econômico

• No entanto, o teste de IDGA é limitado por não identificar os animais


em fase inicial da infecção, como também, animais com pouca
resposta imunológica ou baixa produção de anticorpos
Diagnóstico laboratorial da CAE
• Ensaio Imunoenzimático (ELISA) é o que apresenta
maior sensibilidade e especificidade

• PCR - que detecta a presença do material genético


do vírus, não necessitando da resposta do
organismo com a produção de anticorpos alta
sensibilidade e especificidade
Recomendações
• Não introduzir animais no rebanho sem antes realizar três
testes sorológicos para diagnóstico da CAE
• Não permitir a venda de animais soropositivos. A saída de
animais positivos da propriedade só poderá ser permitida
para fins de abate.
• Logo após o parto, separar as crias da mãe para que não
mame o colostro.
• Isolar e separar as crias dos animais infectados em baias
distantes
Recomendações
• Alimentar as crias com colostro de animais negativos,
aquecido a 56° C ou colostro artificial.

• Utilizar somente uma agulha para cada animal.


Recomendações
Não existem medicamentos para o tratamento da
CAE

Não existe vacina comercial eficaz contra o vírus


Impactos econômicos
• perdas econômicas pela redução da produção do leite

• impossibilidade de vender os animais positivos

• descartar os animais doentes

• morte de animais jovens

• diminuição da produção láctea

• perda de peso dos adultos devido a dificuldades de locomoção


desvalorização dos rebanhos,

• despesas com medidas de controle e barreiras comerciais para


produtos (matrizes, reprodutores e sêmen)
FIM!!!

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