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Microbiologia Especial

Vírus
Família Circoviridae:
-Características:
-Genoma DNA circular de fita simples
-Não envelopado
-Capsídeo de formato icosaédrico
-Proteínas: VP1 (estrutural)
VP2 e VP3 (não estruturais)
*VP1: múltiplas cópias desta única proteína formam o capsídeo viral e está associada
com a replicação viral
*VP2: auxilia a VP1 na conformação do capsídeo
*VP3: induz a apoptose em células do timo de galinhas infectadas
-Gêneros:
-Circovirus
-Gyrovirus
-Principais membros:
-Vírus da Anemia Infecciosa das Galinhas (CAV) (Gyrovirus)
-Circovírus Suíno Tipo 1 (PCV1) e Tipo 2 (PCV2) (Circovirus)
-Vírus da Doença das Penas e Bicos dos Psitacídeos (BFDV)
-Circovírus dos Pombos (PiCV)
-Replicação:
-São os menores vírus capazes de replicação autônoma em células de mamíferos.
-Requer participação de várias proteínas das células hospedeiras

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-Ocorre no núcleo das células e envolve a síntese de uma molécula de DNA fita dupla.
-Ocorre na fase S (síntese de DNA – replicação) do ciclo celular
-Há a penetração do vírus na célula, síntese da fita complementar de DNA  DNA
replicativo intermediário  transcrito em RNAm com três ORFs codificando as
proteínas (VP1, VP2 e VP3).
-A partir do DNA replicativo são produzidas moléculas de DNA fita simples circulares
-Moléculas são encapsidadas por múltiplas cópias de VP1 no núcleo da células
Vírus de Interesse Veterinário:
*Os vírus desta família provocam doenças potencialmente fatais
*As mais importantes são as infecções pelo CAV (Chicken Anemia Virus) e pelo PCV2
(Porcine Circovirus 2)
1- Anemia Infecciosa das Galinhas:
-Doença de aves jovens, principalmente frangos de corte
-Comum em pintos: se infectam de forma vertical (congênita) via ovo a partir de
matrizes com infecção subclínica
-As galinhas são a única espécie suscetível à infecção
-Mais freqüente em matrizes acima de 20 semanas de idade
-Vírus altamente resistente (permanece e dissemina-se pelo ambiente)
-A morbidade, mortalidade e severidade variam de acordo com o título viral, via de
infecção, idade das aves, imunidade passiva e presença de co-fatores
-Vias de Transmissão:
-Vertical: a mais importante
-Horizontal: por contato direto ou indireto (instalações contaminadas, fômites,
sendo a via fecal-oral a mais importantes deste tipo
-A disseminação do vírus de dá principalmente pelas fezes
-Lesões: hemorragias, atrofia de timo, palidez da medula óssea
-Diagnóstico: histórico do lote e sinais clínicos
-Isolamento viral: cultivo de células com efeito citopático (arredondamento e
morte das células)
-Métodos sorológicos: ELISA e soroneutralização
-Inoculação de ovo embrionado
-Imunofluorescência (IF), PCR e microscopia eletrônica

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2- Circovirus Suíno Tipo 2:
-Síndrome Multissistêmica do Definhamento Suíno (SMDS) é a forma mais comum,
leitão refugo  não acompanha o desenvolvimento do lote
-Transmissão vertical e horizontal (oronasal)
-Doença multifatorial, imunossupressora
-Transmissão:
Infecção pelo PCV2 em suínos de 5-16 semanas  infecção de macrófagos,
linfócitos  Viremia (distribuição sistêmica)  Infecção Subclínica (sem lesões)
SMDS (afeta tecido linfóide, causa
pneumonia, nefrite e enterite)
-Sinais Clínicos:
-Emagrecimento progressivo
-Anorexia
-Aumento do volume dos linfonodos
-Diarréia
-Dispinéia
-Co-infecções
-Diagnóstico:
-Histórico clínico dos animais
-Lesões macroscópicas encontradas
-Detecção do Ag ou ácido nucléico do agente
-PCR, IF e Imunohistoquímca (IHQ)

Família Paramyxoviridae:
-Subfamília Paramyxovirinae:
-Gêneros:
-Respirovirus – Parainfluenza 3 dos bovinos
-Rubulavirus – vírus da caxumba
-Morbilivirus – vírus da cinomose e do sarampo
-Avulavirus – vírus da doença de Newcastle
-Henipavirus - vírus hendra

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-Subfamília Pneumovirinae:
-Gêneros:
-Pneumovirus – vírus respiratório sincial bovino
-Metapneumovirus – vírus da rinotraqueíte dos perus
-Características Gerais:
-Envelopados
-Capsídeo helicoidal
-Genoma RNA negativo e não segmentado
-Glicoproteínas de envelope (que são responsáveis pela fusão):
-Hemaglutinas
-Neuraminidases

-São sensíveis a pH ácido, aquecimento, solventes lipídicos e agentes oxidantes


-Em climas frios resistem mais no meio ambiente
-Não requerem pH baixo para atividade fusogênica
-Proteína M: mais abundante
-Proteína N: se associa ao genoma viral, formando o nucleocapsídeo
-Proteína L: menos abundante e age associada a proteína P
-Replicação:
-Ocorre no citoplasma
-O RNA negativo é usado como molde para RNAm e cópias do genoma
-Os genes são transcritos individualmente (Ex.: proteínas de capsídeo 1º)
-Após a transcrição de várias cópias de RNAm ocorre a replicação do genoma
-Os vírions ligam-se a receptores e penetram na célula
-As células infectadas podem fusionar-se formando sincícios (células gigantes
multinucleadas  necrose tecidual)
-O nucleocapsídeo é transcrito progressivamente pelo complexo polimerase viral
(P e L)  gerando um RNAm  Tradução em proteínas pelos ribossomos
-O complexo polimerase cessa a produção de RNAm viral e passa a transcrever
o genoma no sentido positivo (antigênico) para formar o molde genômico

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-A medida que são sintetizadas, as moléculas de RNA negativo se associam a
moléculas de proteína N, formando o Núcleocapsídeo que posteriormente se associa a
proteínas P e L  Formulação de novas partículas víricas
-Essas partículas são expulsas por brotamento
-Vírus de Importância Veterinária:
1- Pneumovírus: Vírus Respiratório Sincicial Bovino (BRSV)
-Características:
-Possui relação antigênica com o HRSV (Human Respiratory Syncytial Virus)
-Junto com o BHV-1, Parainfluenza 3 (PI-3) , Diarréia Viral Bovina e Pasteurela
participa do ‘Complexo Respiratório Bovino’.
-Tem distribuição mundial
-Transmissão: por secreções respiratórias, por contato direto entre animais
infectados e aerossóis
-Causa doença respiratória grave em animais jovens
-Não faz viremia
-Pode ser detectado após 2 dias da infecção
-Diagnóstico:
-Amostras: swab nasal, lavado broncoalveolar, soro e pulmão
-Imunofluorescência, Imunoperoxidase usando Ag.
-Difícil isolamento
-ELISA e Soroneutralização utilizando Ac.

2- Vírus da Parainfluenza Tipo 3 em Bovinos:


-Características:
-Possui proteína H que hemaglutina eritrócitos de cobaias, suínos, humanos e
aves
-Distribuído mundialmente com prevalência alta entre os animais
-Transmissão: contato direto com secreções contaminadas
*Pode ser eliminado na urina também
-Estresse é um fator predisponente para infecção
-A imunidade por IgA é importante para a proteção

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-A proteção está associada a altos níveis de anticorpos neutralizantes e presença
de resposta imune celular
-Diagnóstico:
-Isolamento a partir de secreções
-O vírus produz citomegalia, arredondamente celular e sincícios
-Para pesquisa de anticorpos pode ser utilizado RT-PCR
-Para sorologia ELISA e Inibição da Hemoaglutinação

3-Vírus da Cinomose Canina:


-Características:
-Hospedeiros: cães, dingos, raposas, coiotes, lobos, ferrets, leões, tigres, pandas,
golfinhos
-A disseminação rápida está relacionada a potencia da resposta imune
-O vírus pode permanecer por longo períodos em células gliais ou neurônios
-Atinge animais de 3 a 6 meses
-Transmissão por contato direto ou aerossóis
-Patogenia:
Infecção oronasal  Replicação primária no epitélio respiratório (2 a 4 dias) 
Migram para linfonodos regionais  1ª viremia (dentro dos linfócitos, 1º pico febril)
Atinge o sistema retículo endotelial (replicação secundária)  2ª viremia e 2º pico
febril
-Clínico: doença de curso de febre e secreções (sinais neurológicos)
*Diferencial: hepatite canina, parvovírus, raiva, leptospira e toxoplasmose
-Diagnóstico:
-Isolamento celular: primeiro em linfócitos, depois em células renais caninas
(MDCK) ou cultivo nas células de pulmão canino (corpúsculos de Lenz  células
grandes multinucleadas – somente na fase aguda)
-Imunofluorescência e Imunohistoquímica a partir de swab conjuntival ou
esfregaço sanguíneo
-PCR de tecidos como pulmão, estômago, intestino e bexiga.
*Vacinação pode interferir nos testes

Família Orthomyxoviridae:

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-Características:
-4 gêneros
1-Influenza A:
-Hospedeiros: aves, mamíferos e humanos
-Genoma: RNA polaridade negativa com 8 segmentos
*Cada segmento do genoma é coberto por proteínas de capsídeo
-Duas glicoproteínas principais (HA e NA com alta variabilidade)
*HA = hemaglutinas
*NA = neuraminidases
-Envelopados
-Pleomórficos
-Classificados pela HA e NA:
-16 tipos de HA
-9 tipos de NA
*Nem todas as combinações são patogênicas para os hospedeiros que infectam
-Tipos Prevalentes:
-Humanos: H1N1, H2N2, H3N2, H3N8, H2N8
-Equinos: H7N7, H3N8
Transmissão: por contato direto ou indireto, aerossóis
-Suínos: H1N1, H3N2
-Aves: H5N2, H7N1, H5N1...
-Nomenclatura Padrão:
-Tipo de Vírus (A,B,C...)
-Hospedeiro de Origem (Humanos...)
-Origem geográfica
-Número da Amostra
-Ano de Isolamento
-Subtipo (HÁ/NA)
-Influenzavirus A/Hong Kong/1/68  H3N2

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-Influenzavirus A/Swine/Iowa/15/30  H1N1
-Replicação:
-Ocorre no núcleo
-Utiliza moléculas de ácido siálico para entrar na célula
-Produz fita negativa completa para replicação (não segmentada)
-Envelope adquirido por brotamento através da membrana plasmática
-Genética:
-Em aves são mais estáveis
-Em mamífero: mutações ocorrem nas glicoproteínas
-Mutações pontuais (antigenic drift)
-Recombinações (antigenic shift)
-Em suínos: são mais suscetíveis a recombinações
*Por que suínos são mais suscetíveis as recombinações?
-Pode ser infectado por vírus aviário e humano
-Relacionado a molécula de ácido Siálico
-Suínos possuem a conformação α 2,3 e aves/mamíferos a conformação α 2,6
-Fazem rearranjo genético envolvendo subtipos aviários e suínos
-Patogenia:
-Vírus restrito ao trato respiratório
-Ultrapassa barreiras naturais (muco e cílios)
-Pode causar pneumonia
-Diagnóstico:
-Material: swab nasal e ocular, soro
-Testes: Isolamento e Hemoaglutinação utilizando antígenos
Inibição da Hemoaglutinação utilizando anticorpos
2-Influenza B:
-Hospedeiros: Humanos
-Genoma: com 8 segmentos
-Duas glicoproteínas (HA e NA com baixa variabilidade)

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3-Influenza C:
-Hospedeiros: humanos e suínos
-Pouco associado a doença
-Genoma: com 7 segmentos
-Uma glicoproteína funcional (HEF)
4-Thogotovirus:
-Hospedeiros: bovinos, camelos

Família Picornaviridae:
-Características:
-Mais de 200 vírus em 9 gêneros
-Enterovirus - Poliomelite
-Cardiovirus
-Rhinovirus – Resfriado (humanos)
-Hepatovirus – Hepatite A (humanos)
-Erbovirus
-Teschvirus
-Aphtovirus – Febre Aftosa
-Parechovirus
-Kobuvirus
-Não envelopados
-Capsídeo formado por 4 proteínas estruturais
-VP1, VP2, VP3 (externas) e VP4 (interna)
-Estas proteínas estruturais são formadas a partir de um poliproteína P1
*Diferenças nas sequências de aminoácidos determinam modificações estruturais
responsáveis pelo tropismo viral
-Genoma RNA polaridade positiva com 8 kpb
-Isolado em: humanos, equinos, suínos, bovinos, roedores e aves
-Replicação:
-Ocorre no citoplasma

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-Na região 5’ possui uma região específica IRES (Internal Ribossomal Entry
Site) que facilita a tradução do RNAm viral
-A maioria replica in vitro e produz efeito citopatogênico
-Resistência:
-Resiste de horas até anos dependendo das condições ambientais
-Resiste a éter, clorifórmio e álcool
-Sensível a radiação, fenol e hipoclorito
-Vírus de Interesse Veterinário:
1-Aphtovirus:
-Características:
-Vírus da Febre Aftosa
-Existem 7 sorotipos
-A, O e C isolados na América do Sul
-SAT1, SAT2 e SAT3 isolados no continente Africano
-ASIA isolado na Ásia
*Não existe imunidade cruzada entre os sorotipos
-Distribuição mundial
-Hospedeiros: animais biungulados, experimentalmente (porco-da-india,
camundongo e coelhos)
*Humanos raramente são infectados
-Possui alta morbidade e baixa mortalidade
-EUA, Canadá, México e Europa erradicaram o vírus com vacinação
-Transmissão:
-Contato direto, fômites, aves migratórias
-O vírus é inalado ou ingerido
-Pode ser disseminado pelo vento ou vetores mecânicos (homem, veículos e
outros animais)
-Patogenia:
-Penetração pelas vias aéreas superiores, tetos ou patas.
-Replicação na orofaringe
-Disseminação local (vias aéreas)

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-Sistêmica (viremia)
-Replicação no epitélio, resultando em vesículas
-Diagnóstico:
-Deve ser rápido e preciso
-Confunde-se com estomatite vesicular
-Notificação Obrigatória
-Material: líquido vesicular, epitélio (crostas), muco faringeal e do esôfago
-Testes:
-ELISA*
-Inoculação em camundongos lactantes
-Imunodifusão
-Testes voltados para a presença da polimerase viral, indicando a
infecção ativa

Família Adenoviridae:
-Gêneros:
-Mastadenovirus – infecta mamíferos
-Aviadenovirus – infecta aves
-Atadenovirus – alguns mamíferos, aves e répteis
-Siadenovirus
-Características:
-Não envelopados
-Simetria icosaédrica
-Genoma: DNA fita dupla, linear com 36-44 kpb
-O genoma codifica aproximadamente 40 proteínas, com genes nas duas
cadeias de DNA
*Numa mesma região do genoma pode originar diferentes RNAm (remoção de íntrons)
-Replicação:
-Ocorre no núcleo
-Produção de proteínas moduladoras da resposta imune

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-Entrada ocorre por endocitose, e as vesículas endocíticas vão ao núcleo e com
baixo pH há a liberação do genoma
-5 regiões de transcrição precoce:
-E1A: codifica proteínas essenciais para a manutenção do ciclo celular
num ambiente ótimo para a replicação viral. Proteção da célula infectada do ataque do
sistema imune (inibe MHC 1 e produção de algumas citocinas). Controle da replicação
viral.
-E1B: relacionada a transformação celular
-E2
-E3: não é essencial para a replicação viral e pode ser substituída para
utilização do vírus como vetor
-E4
-2 regiões de transcrição intermediárias:
-IX e IVa2
-1 região de transcrição tardia que dá origem à 5 RNAm tardios:
-L1 à L5
-Vírus de Importância Veterinária:
1-Adenovirus canino Tipo 1 – CAV – 1:
-Características:
-É o agente da hepatite infecciosa canina
-Cães jovens são mais suscetíveis
-Infecta também raposas, lebres e ursos
-Transmissão: inalação ou ingestão, contato direto ou indireto
-Patogenia:
-Ingestão ou inalação do vírus  Migra para linfonodos regionais da laringe
 Viremia  Fígado: hepatite
Rins: nefrite ou glomerulite
Endotélio vascular: hemorragias
Olhos: ‘olho azul’
-Diagnóstico:
-Material: fígado, rim, baço, urina e soro (pareado)
-Teste:

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-Isolamento em cultivo de células de origem canina
-Imunofluorescência em cortes de tecido congelado
-Na histopatologia podem-se encontrar corpúsculos de inclusão

2- Adenovirus canino Tipo 2 - CAV 2:


-Características:
-Agente da Laringo Traqueite infecciosa canina
-Faz parte do complexo ‘tosse do canis’
-Transmissão: contato direto ou indireto, aerossóis
-Tem relação antigênica com CAV-1 (vacinas)
-Patogenia:
-Vírus em aerossóis  Epitélio da mucosa nasal, faríngea, traquéia, brônquios e
pulmões  Rinite
 Conjuntivite
Faringite
Amigdalite
-Diagnóstico:
-Sinais Clínicos
-Material: swab nasal e ocular e soro
-Teste:
-ELISA
-Inibição da Hemoaglutinação
-PCR

Família Togaviridae:
-Características:
-Envelopados
-Genoma: RNA fita simples polaridade positiva
-São considerados ‘Arbosvírus’ (vírus que replicam em insetos)
-Gêneros:

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-Alfavirus – encefalites eqüina
-Rubivirus – rubéola
-Replicação:
-Ocorre no citoplasma
-O ácido nucléico viral é infeccioso
-Ocorre brotamento viral para a saída
-Alfavirus replicam em células animais (morte) e de insetos
Vírus de Importância Veterinária:
1-Encefalites Eqüinas:
-Encefalomielite eqüina do leste (EEE)
-Encefalomielite eqüina do oeste (WEE)
-Encefalomielite eqüina Venezuelana (VEE)
-Transmissão: mosquitos (vetor biológico)
-Patogenia:
Após o contato, o vírus se replica em linfonodos  atacam macrófagos e
neutrófilos  ocorre viremia  distribuição para outros órgãos  Sistema Nervoso
Central.
1.1 – Encefalomielite Eqüina do Leste (EEE):

-Possui 2 variantes antigênicas (EUA e Américas)


-A variante dos EUA é a mais patogênica
-Reservatório: aves e roedores silvestres
-10% dos eqüinos infectados desenvolvem a doença e 90% destes morrem.
1.2 – Encefalomielite Eqüina do Oeste (WEE):
-Relacionado geneticamente ao EEE
-Possui vários subtipos
-Locais: Canadá, EUA e América do Sul
-Reservatórios: aves silvestres
-Transmissão: mosquitos Culex e Aedes sp.
-Mortalidade de 20 a 30% em eqüinos
1.3 – Encefalomielite Eqüina Venezuelana:

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-Possui 6 subtipos (o principal é o subtipo 1)
-Local: América Central e do Sul
-Principais Vetores: mosquitos e insetos hematófagos
-Reservatórios: aves e pequenos roedores selvagens
-Pode ser transmitido por contato direto
-Doença é mais viscerotrópica do que neurotrópica
-Lesões nos órgãos e vasos
-Mortalidade de 80%

-Diagnóstico:
-Material: Sangue total durante o período febril, tecido nervoso dos animais
mortos e soro
-Testes: Isolamento viral em cultivo celular, sorologia, ELISA, inibição da
hemoaglutinação e soroneutralização.

Família Arteriviridae:
-Características:
-Envelopados
-Genoma: RNA fita simples, polaridade positiva, 13 kpb
*O genoma por si só é infeccioso
-Gênero:
-Arterivirus
-Inativados em temperaturas maior que 4ºC
-Sensível a detergentes
-Sensível a pH menor que 6 e maior que 7,5
-Replicação:
-Ocorre no citoplasma dentro de macrófagos e células endoteliais
-Entrada nas células por endocitose
-Envelope adquirido no complexo de Golgi ou retículo endoplasmático
-Liberação por exocitose

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-Vírus de Importância Veterinária:
1- Arterite Viral de Eqüinos (EAV)
-Hospedeiros: Eqüinos, burros e mulas
-Distribuição: mundial
-Transmissão: contato direto ou indireto, excreções e secreções, vírus também está
presente no sêmen de machos portadores
-Conseqüências da Infecção: infecções persistentes em garanhões, arterite, abortos,
pneumonia em potros
-Patogenia:
-Infecção oronasal  Replicação primária no epitélio respiratório e macrófagos
alveolares  Atinge linfonodos regionais  em 3 dias viremia  Atinge vários órgãos
 provocando lesões vasculares
-Diagnóstico:
-Material: swab nasal e ocular, sangue total, soro, tecidos fetais e sêmen
-Teste: Isolamento em cultivo celular e confirmação por imunohistoquímica*
Sorologia por soroneutralização
2- Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRSV):
-Hospedeiros: Suínos
-Conseqüências da Infecção: infecções subclínicas, enfermidade respiratória e distúrbios
reprodutivos
-Transmissão: aerossol, contato direto, Fômite, presente no sêmen
-Patogenia:
-Infecção oronasal  replicação primária em macrófagos locais  dentro dos
macrófagos atinge outros locais como órgãos linfóides, pulmões, feto.
*Comum a ocorrência de infecções mistas com o Circovírus suíno II
-Diagnóstico:
-Material: swab nasal, sangue, tecido pulmonar e tecido de fetos abortos
-Teste: Isolamento em cultivo celular
Imunofluorescência em corte de tecido congelado
Sorologia por ELISA

Família Asfarviridae:

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-Características:
-Envelopados
-Genoma: DNA fita dupla, grandes e complexos
-Compartilha vários aspectos de estrutura e replicação com os Poxvirus
-O genoma codifica aproximadamente 150 proteínas
-Restrito à África do Sul
-Gênero
-Vírus da Peste Suína Africana (ASF)
-Resistente no ambiente – ao calor e alterações de pH
-140 dias na carne
-70 dias no sangue
-Hospedeiros: suínos domésticos e selvagens
-Modo de Infecção: oronasal, insetos (carrapatos), podem estar presentes em
produtos de origem suína
-Replicação:
-Ocorre no citoplasma em sítios definidos na região perinuclear ‘fábrica de
vírus’
-Em vários tipos de células, principalmente macrófagos
-Leva a um rearranjo de organelas que interferem na célula hospedeira
-Inibidores da apoptose
-Patogenia:
-Infecção oronasal  Replicação primária na faringe, tonsilas e linfonodos 
Viremia  Distribuem-se pelo organismo  Medula óssea, linfonodos, pulmões, rins e
fígado
-Diagnóstico:
-Material: sangue, baço, tonsilas, linfonodos e soro
-Testes: Sorologia (ELISA)
Imunofluorescência e isolamento viral para detecção de Ag.

Família Parvoviridae:

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-Características:
-Vírus pequenos
-Esféricos com capsídeo icosaédrico
-Não envelopados
-Dependem de células na fase S do ciclo celular
-Possuem 4 genes
-Possuem capacidade de aglutinar eritrócitos
-Proteínas
Estruturais: VP1, VP2 (mais abundante) e VP3
Não-estruturais: NS1 e NS2
*O genoma possui duas regiões que codificam estas proteínas
-Grande estabilidade ambiental, resistem a 55ºC por 1 hora e pH entre 3 e 9.
Inativados: por formalina e hipoclorito de sódio
-Restrito a espécie hospedeira
-2 subfamílias:
-Parvovirinae: vertebrados
-Densovirinae: insetos
-Replicação:
-Ocorre no núcleo (na fase S e algumas dependem da mitose por estas fases
conterem alta concentração de DNA polimerase e nucleotídeos)
-Gatos: ocorre no cerebelo
-Cães até 6 semanas: no miocárdio, células linfóides e criptas do intestino
-Cães adultos: nas células linfóides e criptas do intestino
-Penetração se dá por endocitose  aproximando-se do núcleo  pH baixo
dentro do endossomos  causando alterações na conformação das proteínas do
capsídeo  liberando o genoma
-No núcleo ocorre a síntese do DNA complementar ao genoma viral, esta síntese
ocorre pelas DNA polimerases e fatores auxiliares tanto virais como celulares.
-Expressão gênica:
Produção de NS1 somente na fase S do ciclo, que é fundamental para o
sucesso da infecção e a produção contínua de NS1 é tóxica para a célula. O acúmulo de
NS1 é necessário para ativação de genes que codificam proteínas estruturais.

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-Este processo de replicação produz corpúsculos de inclusão intranucleares
grandes.
-Vírus de Interesse Veterinário:
1- Vírus da Panleucopenia Felina (FPLV):
-Características:
-Diarréia e leucopenia
-Distribuição: mundial
-Semelhante ao Parvovírus Canino (CPV) Medula óssea: leucopenia
-Patogenia:
Exposição aos vírus  replicação nos linfonodos oronasais  viremia
 necrose do tecido linfóide ou migra para o jejuno e íleo  levando a atrofia linfóide
e necrose das criptas respectivamente. Septicemia  Óbito
-Diagnóstico:
-Histórico e Sinais clínicos
-Leucopenia
-Histopatologia
-Intestino com lesões patognomônicas
-Cerebelo
-Inclusões intranucleares
-Sorologia: pareada ou detecção de IgM
-Hemaglutinação: detecção do Ag
-PCR: o alvo é o DNA viral, e utiliza-se tecidos, fezes e células infectadas
-ELISA: detecção de Ag ou Ac através das fezes
-Isolamento viral em cultivo celular: detecta o vírus em fezes
-Imunofluorescência: detecta Ag virais ou Ac em tecidos, soro e sangue

2- Parvovirus Canino (CPV):


-Características:
-Diarréia hemorrágica e vômito
-Surgiu a partir do vírus da Leucopenia Felina
-Patogenia:

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Exposição ao vírus  Viremia  atingindo medula óssea, tecido
linfóide, criptas intestinais e outros tecidos.
Na medula óssea causa Neutropenia
Imunossupressão e bacteremia
No tecido linfóide Linfopenia
Nas criptas intestinas causa necrose  quebra da barreira intestinal,
causando endotoxemia (endotoxinas no sangue)
-Diagnóstico:
-Histórico e Sinais Clínicos
-Leucopenia, neutropenia e linfopenia
-ELISA: Ag virais e IgM através de fezes e soro
-Hemaglutinação: identificação viral pelas fezes
-Inibição da Hemaglutinação: Ac por sorologia pareada
-Microscopia eletrônica
-Isolamento viral de tecidos ou fezes

3-Parvovirus Suíno (PPV):


-Características:
-Problemas reprodutivos
-Não cursa com diarréia
-Patogenia:
-Vírus  células em multiplicação (embrião ou feto e seus envoltório) 
transmissão transplacentária ou transmissão de feto para feto  difusão lenta
-Diagnóstico:
-Sinais reprodutivos
-Hemaglutinação
-Inibição da Hemaglutinação
-ELISA
-PCR
-Imunofluorescência

4- Parvovirus Bovino (BPV):

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-Características:
-Isolado em fezes de bovinos sadios
-Doença entérica em neo-natos e em bovinos jovens
-Diagnóstico:
-Sorologia e Inibição da Hemaglutinação
-Hemaglutinação e PCR: fezes

Referências Bibliográficas

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TRABULSI, L. R., ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4. ed. São Paulo: Editora
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