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SARS-CoV-2
Síndrome gripal que pode ser causada por várias causas respiratórias.
Agente etiológico do COVID é o SARS-CoV-2.
A OMS declarou:
● Em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) constitui uma
Emergência de Saúde Pública de importância internacional.
● Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia.
● Primeiros casos X Wuhan / China.
Taxonomia viral:
● Família: Coronaviridae.
● Subfamília: Orthocoronavirinae.
Nem todos tem subfamília, apenas as famílias gigantes.
● Gênero: Betacoronavirus.
Dentro desse gênero têm as 3 principais espécies zoonóticas (espécie que não circulava em humanos, e que tem origem
de animais, formou-se uma cepa que se adaptou a humanos).
● Espécies de interesse médico com potencial zoonóticos:
- SARS-CoV-2 (Betacoronavirus) - o pandêmico atualmente;
- SARS-CoV-1 (Betacoronavirus);
- MERS-CoV (Betacoronavirus)
*Espécie zoonótica: é uma espécie que não circulava em humanos, porém apareceu e a mesma tem origem de um
animal. Houveram mutações que favoreceram o surgimento de uma cepa que se adaptou aos humanos.
● Outras espécies de Coronavírus comuns que infectam humanos de forma branda, não zoonóticos:
- Alphacoronavirus: HCoV-229E e HCoV-NL63 .
Causam resfriados, sintomas respiratórios brancos. Estão na humanidade há muito tempo.
- Betacoronavirus: HCoV-OC43, HCoV-HKU1.
Os vírus zoonóticos vieram através de um salto interespécie, quando se tem um vírus de animal e que através de um
vetor e de outro animal passou a infectar o humano; o vírus sofreu mutações e se adaptou, passando a transmitir
humano-humano.
Quando o vírus conclui o salto interespécie é quando o humano infectado passa a infectar outros humanos.
Estrutura do SARS-CoV-2
É um vírus envelopado, na imagem em azul é a bicamada lipídica; o envelope de um vírus é composto por lipídios e
proteínas, os lipídios são da própria célula do hospedeiro (nesse caso do humano) e as proteínas podem ser específicas
do vírus. A proteína que na imagem está em amarelo é a proteína spike (S), essa é a chave de entrada do vírus na célula,
a mesma encontra a célula-alvo e entra através da proteína spike. A proteína spike é a mais externa, sendo o alvo das
principais vacinas, os anticorpos vão se ligar na proteína spike e o vírus é coberto com esses anticorpos, o mesmo perde
a chave para entrar na célula.
No envelope do vírus também tem a proteína M, E e mais internamente no vírus tem a proteína N (capsídeo), que está
cobrindo o material genético, que é RNA de fita simples.
O envelope viral é rico em lipídios, e se passar detergente ou álcool, a gordura é extraída, danificando então o envelope do
vírus, perdendo a chave para na célula e é inativada.
● Em superfícies inanimadas (desinfecção):
- Álcool 70%.
- Hipoclorito de sódio 0,1% a 0,5%.
- Peróxido de hidrogênio (água oxigenada a 0,5%).
● Em tecidos, corpo humano e de animais (antissepsia):
- Lavagem com água e sabão.
- Álcool 70%.
Replicação do SARS-CoV-2
O vírus pode se ligar através da proteína spike no ACE2, e existem trabalhos que mostram co-receptores, que se ligam no
receptor e depois no co-receptor.
A TMPRSS2 também está presente na célula do trato respiratório, então se liga e a célula endocita o vírus para dentro de
uma vesícula, assim o vírus entra na célula por endocitose. O vírus se “aproveita” do processo de endocitose e entra
nesse mecanismo; chegando dentro da célula o vírus quer liberar o RNA viral, porque é esse RNA que tem toda a
informação genômica para sintetizar as partículas virais, perdendo então o endossoma e tem a fusão membranar.
O RNA viral contém toda a informação genômica para sintetizar as proteínas S, M, E, N do capsídeo, as enzimas que o
vírus precisa.
Toda replicação para o SARS-CoV-2 acontece no citoplasma, liberando o RNA e o RNA viral é de polaridade positiva (5’
→ 3’) e tem uma enzima que faz a transcrição desse material genético, gerando uma fita molde de polaridade oposta (3’
Giulia Magno Rocha
→ 5’), essa fita oposta vai ser o molde para toda vez que haver a transcrição gerar várias fitas positivas, que vão compor
os vírus que estão sendo produzidos dentro da célula.
Os RNAm são sintetizados e eles vão para os ribossomas e fazem a tradução, que é um mecanismo para gerar as
proteínas, o vírus se aproveita desse mecanismo, fazendo a síntese de suas próprias proteínas.
As proteínas virais sintetizadas são organizadas no retículo endoplasmático da célula para gerar as partículas virais, o
material genético é circundado pela proteína N e as proteínas M, E e a proteína spike são direcionadas para a membrana
plasmática do retículo endoplasmático e o vírus brota da membrana plasmática de organelas internas da célula, e é
transportado pelo complexo de Golgi dentro de uma vesícula. A vesícula é direcionada para o ambiente extracelular, e
esse processo é chamado de exocitose. Ou seja, o vírus entra por endocitose e sai por exocitose, que é o processo de
liberação do vírus da célula; esses são processos naturais, mas o vírus se aproveita para se replicar, já que o mesmo só
se replica dentro de células, não tendo capacidade de produzir suas próprias proteínas.
Coronavírus / COVID-19
Como ocorre a transmissão?
Sintomáticos x Assintomáticos + Oligoassintomáticos (sintoma brando, que não associa a COVID, no caso).
● Febre;
● Tosse;
● Odinofagia (deglutição com dor);
● Diarreia;
● Cefaleia;
● Mialgia (dor muscular);
● Fraqueza;
● Anosmia (perda do olfato);
● Ageusia (perda do paladar);
● Dispneia, falta de ar, etc.
Sintomatologia diversificada
● Comprometimento pulmonar:
- Dificuldade de respirar intensa
- Hipóxia
● Pneumonia atípica:
*Pneumonia causada por vírus.
- Opacidade difusa em vidro fosco.
- Consolidação irregular dos pulmões e bordas borradas, na tomografia computadorizada (TC).
- Bilateral ou unilateral.
● Resposta inflamatória intensa.
● Vasculite.
● Trombose.
● Sobrecarga cardíaca.
O paciente pode até mesmo infartar.
Diagnóstico molecular
O PCR é mais fiel, mas se for coletado no tempo certo, no início dos sintomas.
● IgM:
- Marcador de fase aguda.
- Infecção recente.
- Negativo em semanas.
● IgG:
- Marcador de exposição.
- Memória Imunológica.
- Duradouro, pode durar meses; depende do vírus.
O corpo desenvolve imunidade quando tem a infecção por um vírus, desencadeia resposta imune celular com produção de
células de defesa e humoral (produção de anticorpos específicos contra o vírus).
Quando tem contato com o patógeno, o primeiro anticorpo a ser produzido é o IgM, depois é que o corpo começa
a produzir o IgG.
Detecta esses anticorpos no soro do paciente, tirando o sangue do mesmo.
Se a pessoa está sintomática, até 5 dias, o PCR tem um valor prioritário, porque a pessoa ainda não tem anticorpos.
No momento que o paciente está evoluindo para a cura, o RNA irá desaparecer, e nesse momento começa a detectar os
anticorpos, como o IgM como marcador inicial e o IgG fica por tempo prolongado.
Não se tem nenhum antiviral específico para inibir, bloquear a replicação viral. Tem-se drogas off label, que são
drogas que estão ainda em teste.
● Remdesivir:
- É um análogo da adenosina que é incorporado na cadeia do RNA viral e inibe sua replicação.
● Cloroquina/ Hidroxicloroquina:
- Bloqueia a infecção aumentando o pH do endossomo necessário para a fusão do vírus com a célula, o que inibe
sua entrada.
● Ivermectina:
- Annita.
- Lopinavir e Ritonavir (inibidores de protease).
- Oseltamivir (Tamiflu/ inibe neuraminidase).
- Interferon.
- Anti-soros de pessoas recuperadas da COVID-19.
- Anticorpos monoclonais.
Giulia Magno Rocha
Prevenção
Esse teste vai medir quanto tem no corpo de anticorpo, que é a antiproteína spike.
No teste sorológico que é feito no laboratório, usando sangue, para pesquisa de anticorpos neutralizantes, isso mede a
imunidade humoral (relacionada a produção de anticorpos); porém, o indivíduo também tem uma imunidade celular, que é
via TCD8, TCD4, via ativação dessas células de defesa, e isso não é medido no laboratório.
Citomorfologia bacteriana
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Bactérias que infectam o trato respiratório
Célula bacteriana
● A célula bacteriana é uma célula procariótica; a célula procariótica não tem núcleo, tem região nucleoide,
porém sem o envoltório da membrana nuclear, também não tem RER, REL e mitocôndrias.
● Tem material genético a mais, que é o plasmídeo.
● A parede celular é a estrutura mais importante da bactéria, onde tem diversos fatores de virulência.
● As bactérias também têm membrana citoplasmática e muitas também têm cápsula, que é uma estrutura externa
onde pode ter fímbrias, que servem para a adesão da bactéria na célula do hospedeiro.
● Tem bactérias que têm flagelos que são utilizados para a motilidade bacteriana, tornando as bactérias móveis
para nadar nos líquidos e secreções corporais.
● Tem bactérias móveis e imóveis.
● As células bacterianas são visíveis na microscopia ótica e os vírus na microscopia eletrônica.
mobilidade
Tamanho: 0,2 a 2µm de diâmetro a 2 a 8µm de comprimento.
Formas bacterianas
“As bactérias espirais têm uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas. As bactérias que se assemelham a bastões
curvos são chamadas de vibriões. Outras, chamadas de espirilos, possuem forma helicoidal, como um saca-rolha, e corpo {
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bastante rígido. Já outro grupo de espirais tem forma helicoidal e flexível; são chamados de espiroquetas. Ao contrário
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dos espirilos, que utilizam um apêndice externo para se mover, semelhante a uma hélice é chamado de flagelo, as
espiroquetas movem-se através de filamentos axiais, os quais lembram um flagelo, mas estão contidos dentro de uma
bainha externa flexível. Existem também procariotos em forma de estrela e retangulares.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
espiroquetas
ou bastonetes
Arranjos de cocos
A partir do momento que se dividem, a bactéria se multiplica por divisão binária, forma um septo no centro da bactéria e a
mesma gera duas células-filhas. Essa bactéria pode se dividir a partir de um plano, dois planos, três planos ou acima de
três planos.
Por exemplo: quando uma bactéria se divide em um único plano ela pode ficar com duas células agrupadas, formando
diplococos ou se divide em duas células, mas ela vai formando uma cadeia que é chamada de estreptococos, e quando é
- Sarcina.
● Estreptococos: cocos agrupados em cadeia. wayri
- Spreptococcus pyogenes → gram positivo e agente causador de diversas doenças como faringite, otite, etc.
● Estafilococos: cocos em grupos irregulares, semelhante a cachos de uva.
↳ arrombo
↳ escrever
sempre na prova
.
↳ Genera
*Quando se escreve como estafilococos quer dizer acerca da forma bacteriana, não está se referindo ao gênero
bacteriano.
"
foi "
seminário
(
"
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não
espio
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ofertas
causam
Staphylococcus tem formato de cacho de uva; Streptococcus tem formato em cadeia. As duas são bactérias
gram-positivas.
então
Giulia Magno Rocha
● P. mirabilis vive normalmente trato gastrointestinal, quando invade o trato urinário pode causar infecções urinárias.
● K. pneumoniae é um bacilo gram-negativo que vive no trato gastrointestinal, mas quando invade outros sítios pode
atingir a circulação sanguínea e causar pneumonia.
● Y. pestis é uma bactéria gram-negativa que pode causar a peste bubônica.
● Glicocálice:
- Envoltório viscoso não obrigatório.
- Situado externamente à parede celular.
- Rico em polissacarídeos e glicoproteínas.
- Quando está firmemente aderida à parede celular, o glicocálice é chamado de cápsula.
Tem bactérias que são capsuladas e bactérias não capsuladas. Geralmente as capsuladas são mais virulentas, porque
a própria presença da cápsula se configura como um fator de virulência.
● Função da cápsula:
- Proteção contra desidratação.
- Adesão às superfícies.
Pode ter adesinas, glicoproteínas e lipoproteínas. A bactéria pode utilizar as adesinas para se ligar à célula-alvo.
- Impede a fagocitose pelo hospedeiro.
Tem células do sistema imune, principalmente o inato que são especializadas em fagocitar. A cápsula bacteriana muitas
vezes impede que o fagócito faça a fagocitose, impedindo que o mesmo a “coma”.
"Em certas espécies, as cápsulas são importantes para a contribuição da virulência bacteriana (medida do grau em que
um patógeno causa doença). As cápsulas frequentemente protegem as bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas
células do hospedeiro.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
- Importante no biofilme.
Biofilme é um estado de vida bacteriana onde ela vive em comunidade sempre presa a uma denominada substância ou
superfície. A superfície pode ser orgânica (por exemplo a superfície de um dente, o tártaro dentário) ou inorgânica (por
exemplo na superfície de uma rocha, vidro). É uma população bacteriana que vive em determinado local que possui
receptores para as demais bactérias e a mesma está sempre ligada a uma superfície.
Flagelos
“Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longos apêndices filamentosos que realizam a propulsão da
bactéria.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
As bactérias que são imóveis não possuem flagelos; porém não significa que uma bactéria imóvel seja menos patogênica
que uma bactéria que possui flagelo.
Porém a presença de flagelos pode se configurar como fator de virulência, porque facilita a invasão da bactéria já
que a mesma se movimenta.
● Atríquio (imóvel) - sem flagelo.
o "
som
← é
● Anfitríquio - 1 flagelo em cada extremo. o ←
se
•
possuem
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-
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A parede celular
Camada de envoltório celular localizada entre a membrana citoplasmática e a cápsula, quando a bactéria possui cápsula.
A parede celular é a estrutura mais importante da célula bacteriana, é nela que possui muitos fatores de virulência
e a depender do tipo de bactéria irá conter endotoxinas, lipídios, que funcionam como fatores de virulência.
“A parede celular da célula bacteriana é uma estrutura complexa e semirrígida responsável pela forma da célula. Quase
todos os procariotos possuem uma parede celular que circunda a frágil membrana plasmática (citoplasmática) e a protege,
bem como ao interior da célula, de alterações adversas no meio externo.
A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro
da célula é maior que fora dela. Ela também ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de
ancoragem para os flagelos. À medida que o volume de uma célula bacteriana aumenta, sua membrana plasmática e
parede celular se estendem, conforme necessário. Clinicamente, a parede celular é importante, pois contribui para a
capacidade de algumas espécies causarem doenças e também por ser o local de ação de alguns antibióticos.”
(TORTORA; FUNKE, 2016)
Função:
● Prevenção da lise celular (pressão osmótica).
Somente as bactérias possuem essa estrutura. A quantidade dessa estrutura difere entre as bactérias gram-positivas
(tem muitas camadas de peptidoglicano) e gram-negativas (fina camada de peptidoglicano), e isso influencia na
coloração de gram.
espécie de cano e esse está ligado por pequenas pontes de peptídeos, formando uma “rede” entremeada, uma rede forte
na parede celular bacteriana que impede de entrar algumas estruturas e que mantém a forma da parede.
Essa rede de peptidoglicano é fina nas bactérias gram-negativas e mais densa nas bactérias gram-positivas.
● Polímeros de açúcares: NAG e NAM, ligados por peptídeos.
“A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular, denominada peptideoglicano (também conhecida
como mureína), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. O peptideoglicano consiste
em um dissacarídeo repetitivo ligado por polipeptídeos para formar uma rede que circunda e protege toda a célula. A
porção dissacarídica é composta por monossacarídeos, denominados N-acetilglicosamina (NAG), e ácido
N-acetilmurâmico (NAM) (de murus, significando parede), que estão relacionados à glicose.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
o
● Rígida e resistente, mas bem permeável.
● Existe apenas em bactérias.
● Gram-positiva: estrutura espessa, rígida, formada por várias camadas de peptideoglicano (90%).
Inserido no peptideoglicano tem os ácidos teicoicos e lipoteicoicos, que estão envolvidos como fator de
virulência, induzem produção de citocinas, induzem processo inflamatório em um hospedeiro infectado por
bactérias gram-positivas.
As gram-positivas possuem pouco conteúdo de lipídios e glicolipídios.
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bacteriano Giulia Magno Rocha
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● Gram-negativa: formada por uma camada de peptideoglicano (10%) e uma membrana externa.
Tem vários fosfolipídios, glicolipídios, e tem uma membrana externa além da citoplasmática. Possuem LPS
(lipopolissacarídeo), que é uma substância que tem porção polissacarídica (açúcar) e porção lipídica que é chamada de
lipídio A ou endotoxina. O LPS é exclusivo das gram-negativas; o LPS é importante para a bactéria como fator de
virulência, porque induz processo inflamatório.
“A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. A
membrana externa tem várias funções especializadas. Sua forte carga negativa é um fator importante na evasão da
fagocitose e nas ações do complemento (causa lise de células e promove a fagocitose), dois componentes das defesas do
hospedeiro. A membrana externa também fornece uma barreira contra a ação de detergentes, metais pesados, sais
biliares, determinados corantes, antibióticos (p. ex., penicilina) e enzimas digestórias como a lisozima.” (TORTORA;
FUNKE, 2016)
“O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e
carboidratos e que consiste em três componentes: (1) lipídeo A, (2) um cerne polissacarídeo e (3) um polissacarídeo
O. O lipídeo A é a porção lipídica do LPS e está embebido na parede superior da membrana externa. Quando bactérias
gram-negativas morrem, elas liberam lipídeo A, que funciona como endotoxina. O lipídeo A é responsável pelos
sintomas associados a infecções por bactérias gram-negativas, como febre, dilatação de vasos sanguíneos,
choque e formação de coágulos sanguíneos. O cerne polissacarídico é ligado ao lipídeo A e contém açúcares
incomuns. Seu papel é estrutural - fornecer estabilidade. O polissacarídeo O se estende para fora do cerne polissacarídico
e é composto por moléculas de açúcar. O polissacarídeo O funciona como antígeno, sendo útil para diferenciar espécies
de bactérias gram-negativas.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
Gram Negativo
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Toxinas
As bactérias gram-negativas são capazes de produzir endotoxinas; o termo endo quer dizer que faz parte da célula.
Porém as gram-negativas tem tanto endotoxinas quanto exotoxinas.
A bactéria gram-positiva possui apenas exotoxinas.
A coloração de gram foi padronizada por um médico dinamarquês Christian Gram em 1843, para mostrar a diferença na
parede celular, visualizando a nível de microscopia para diferenciar as bactérias gram-positivas e gram-negativas.
● Primeiro utiliza o corante primário, que é o cristal violeta, as paredes celulares das bactérias gram-positivas e
negativas absorvem esse corante, porque é um corante básico.
● O segundo corante é o lugol, é uma substância que tem iodo, ele se liga com o violeta que já está inserido
dentro da bactéria, formando um cristal violeta-iodo. Esse cristal favorece que a macromolécula do corante fique
mais firmemente aderida dentro da parede celular das bactérias, está dentro do citoplasma, ficando ainda violeta
tanto as bactérias gram-positivas quanto negativas.
● Terceira etapa utiliza o álcool, vai dissolver, solubilizar a membrana externa da parede das bactérias
gram-negativas, formando pequenos poros na camada de peptidoglicano. As bactérias gram-negativas ficarão
transparentes, o que não acontece nas gram-positivas, porque o álcool não consegue penetrar.
● O último corante utilizado é a fucsina (coloração rosa), para contra corar quem descorou. Sendo chamada de
contra corante ou corante secundário, corando assim as bactérias gram-negativas. O que acontece é que as
gram-positivas estarão em roxo e as gram-negativas em rosa.
esparrela dos
µ
-
Pneumonias bacterianas
Gênero Streptococcus
● Cocos gram-positivos.
Estão na coloração “roxa”.
● Pares ou cadeias.
● Anaeróbio facultativo.
Consegue crescer ou não na presença do oxigênio.
● Catalase negativo.
Não tem a enzima catalase e isso é importante para o diagnóstico microbiológico, porque tem bactérias que são
catalase positiva e outras negativas. Os Streptococcus são catalase negativos, por exemplo, a bactéria que faz
normalmente o diagnóstico diferencial é o Staphylococcus e esse é catalase positivo.
● Alguns apresentam cápsula.
Quando possuem quer dizer que a cápsula é um fator de virulência para essa bactéria, favorecendo a disseminação nos
hospedeiros.
● Alguns possuem fímbrias.
Para adesão da bactéria na célula do hospedeiro.
Diferenciação em ágar-sangue
● Diferenciação dos Streptococcus de acordo com os antígenos encontrados em suas paredes celulares.
● “Substância específica do grupo”.
● Classificou os Streptococcus de acordo com os carboidratos C que estão presentes na parede celular das
bactérias.
➢ Carboidratos C: polissacarídeos de composição variada.
Tem composição variada a depender do Streptococcus, então se ele muda a composição e se tiver contato com o soro de
um camundongo ou em um outro paciente o mesmo vai induzir a produção de anticorpos diferentes. Esses anticorpos
são utilizados para identificar os grupos de carboidratos C.
➢ 21 grupos (A-W).
Classificação conjunta
● Gram-positiva.
● Anaeróbio facultativo.
● Causa de 60-70% das pneumonias bacterianas.
● α-hemolíticos.
● Mais de 90 sorotipos (1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 23F).
As vacinas são compostas pelos principais sorotipos circulantes.
● Além das pneumonias podem causar: otite, sinusite e meningites.
Transmissão
● As bactérias podem se disseminar de uma pessoa para outra em uma população fechada através de
gotículas.
● A doença ocorre quando os mecanismos de defesa naturais são sobrepujados.
Quando o sistema imune não está fortalecido. O Streptococcus pneumoniae e pneumonias bacterianas em geral
acometem crianças muito jovens ou indivíduos muito velhos.
● Pode estar associada a uma infecção respiratória antecedente de etiologia viral (influenza) ou DPOC,
alcoolismo, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, doença renal crônica.
“Os pares de células são circundados por uma cápsula densa, que torna o patógeno resistente à fagocitose. Essas
cápsulas também são a base da diferenciação sorológica dos pneumococos em pelo menos 90 sorotipos. A maioria das
infecções humanas é causada por apenas 23 variantes e estas são a base das vacinas atuais. Antes que a
antibioticoterapia se tornasse disponível, antissoros dirigidos contra esses antígenos capsulares foram usados para o
tratamento da doença.” (TORTORA; FUNKE, 2016)
Dentro das adesinas tem a LyTA que é uma autolisina, sendo uma enzima propriamente dita, tem uma porção de anidrase
e quando está colonizando ligada na superfície da célula epitelial degrada a parede do pneumococo para liberar um outro
fator importante de virulência, que é a pneumolisina.
A pneumolisina é uma proteína que sai de dentro da bactéria, e essa se liga ao colesterol da membrana celular das
células epiteliais e forma poros na membrana da célula, sendo tóxica para qualquer tipo de célula eucariótica e também
diminui o movimento ciliar das células, porque as destrói, isso tudo favorece a disseminação do patógeno, o crescimento
da bactéria no local. A partir do momento que uma bactéria mata uma célula formando poros, isso sinaliza ao organismo
sinal de perigo, essas células epiteliais começam a produzir citocinas, que são moléculas químicas sinalizadoras do
sistema imune, e isso “chama” os neutrófilos que são a primeira linha de defesa do organismo na resposta imune inata.
Os neutrófilos começam a chegar para tentar conter a bactéria, porque a mesma está destruindo as células epiteliais, se
nada chegar para tentar contê-la a mesma começa a se multiplicar.
Também pode produzir algumas enzimas importantes como a hialuronidase, clivando o ácido hialurônico da membrana
celular das células epiteliais, deixando a membrana das células mais “frouxa”; o ácido hialurônico é como se fosse um
“cimento” entre as células, então isso também favorece a disseminação da bactéria.
Tem outra enzima que é a neuraminidase que cliva o ácido siálico, que também está presente na membrana celular das
células epiteliais diminuindo a viscosidade do muco, porque atua na estrutura da mucina; se diminui a viscosidade do
muco o poder de varredura e de limpeza do muco fica comprometido, ficando a bactéria mais “grudada” em um
local.
Ainda tem uma enzima chamada de IgA protease que quer dizer que as pessoas vão produzir anticorpos e dentre eles um
importante anticorpo presente em secreções, que é o IgA que vai neutralizar bactérias, mas se produzir uma enzima que é
a IgA protease para clivar a IgA, a IgA não irá agir, porque foi destruída; a bactéria tem mecanismos de “atrapalhar” o
sistema imunológico, porque se produz anticorpos para destruir a bactéria e a bactéria produz uma enzima para destruir a
do
parede
pneumococos
a
lisina
↳
auto
↳
degrada
Para liberar
pneu n a lisina
Quando a bactéria morre e cliva (a lisina cliva) a parede celular libera a pneumolisina, a bactéria sofre a autólise,
morrendo, mas libera os constituintes da sua parede e isso induz muito o recrutamento de neutrófilos e macrófagos.
A presença de neutrófilos, macrófagos e produção de citocinas leva à formação da inflamação a nível do pulmão.
Através da orofaringe, faringe crescendo a população de bactérias, essa bactéria pode atingir outros sítios e causar
pneumonia ou atingir a circulação sanguínea causando uma bacteremia, meningite ou atingindo por exemplo, a tuba de
eustáquio, causando otite; então graças aos fatores de virulência presentes na parede pode se evadir do sistema imune e
atingir outros sítios, causando determinadas doenças.
Por exemplo, a proteína A do pneumococo inibe o sistema complemento; o sistema complemento é uma cadeia de
proteínas do sistema imune inato, onde essas proteínas depositam na superfície da bactéria ou de outro patógeno e
formam o MAC (complexo de ataque à membrana) formando poros para a bactéria morrer. Então, se a bactéria tem esse
fator de virulência que inibe o complemento não irá conseguir destruir a bactéria, a bactéria sempre terá mecanismos para
continuar agindo para se multiplicar.
Através de aerossóis, fômites o indivíduo pode iniciar o processo de colonização a nível de orofaringe.
A bactéria primeiro se multiplica na orofaringe e induz o processo inflamatório, ela pode atingir outros sítios, causando
pneumonia, meningite e otite.
Sintomas
● Febre persistente entre 38 a 41°C. A maioria dos pacientes apresenta tosse produtiva, e dor torácica
(pleurisia).
● Crianças e idosos podem apresentar uma broncopneumonia generalizada.
● Os pacientes normalmente se recuperam rapidamente após o início da antibioticoterapia.
Diagnóstico
Tratamento
O ideal é isolar a cepa para saber se a mesma é resistente ou não para determinada penicilina, porém a droga inicial de
escolha seria a penicilina G.
Vacina
Pneumonia
Bactérias típicas são classificadas pelo método de coloração de Gram, já a atípica não tem a parede celular classificada
por Gram. A bactéria atípica pode se multiplicar dentro da célula, cultivar essas no laboratório é mais dificultoso.
Logo, serão gran negativas ou gran positivas
Principais espécies:
- Mycoplasma pneumoniae.
Mais comum. É intracelular facultativo, podendo se multiplicar dentro ou fora da célula.
- Chlamydia pneumoniae.
Intracelular obrigatória.
- Legionella pneumophila.
- Chlamydia psittaci e outras.
*Estão em ordem de prioridade.
Principais espécies:
- Influenzavírus A.
- Influenzavírus B.
- Coronavírus → 1º lugar (Pandemia).
- Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
Dificilmente causa pneumonia em adulto, mas é uma das principais causas de pneumonia viral em recém-nascidos.
- Metapneumovírus, Parainfluenzavírus.
- Adenovírus, Citomegalovírus.
● Etiologia: ● Etiologia:
Mycoplasma pneumoniae
● Família: Mycoplasmataceae.
● Gênero: Mycoplasma.
● Características gerais e morfologia:
- Menores organismos capazes de autoduplicação.
Mycoplasma não é vírus, porque dentro da célula ele se autoduplica e fora da célula ele se multiplica.
O Mycoplasma tem adesão/afinidade pelas células do trato respiratório, porque na superfície tem a proteína adesina
P1 que faz a ligação com a membrana plasmática da célula do trato respiratório pelo ácido siálico (receptor de ligação da
adesina P1).
- Intracelular facultativo.
- Bactérias atípicas.
➢ Não possuem parede celular.
➢ Possuem membrana celular com esterol e adesinas P1 (superantígenos).
Obs ➢ Única bactéria que possui colesterol na membrana que envolve o conteúdo genético, o conteúdo
celular.
➢ Pleomórficos: arredondada e filamentosa.
Muda de forma.
Giulia Magno Rocha
“A ausência da parede celular torna os micoplasmas resistentes a penicilinas, cefalosporinas, vancomicina e outros
antibióticos que interferem na síntese da parede celular.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
➢ Aeróbios estritos (M. pneumoniae).
O que favorece a chegada nos pulmões, porque tem um ambiente rico em O2 e o Mycoplasma pneumoniae gosta de O2.
A maioria das pessoas vão ter quadros brandos ou até mesmo assintomáticos, porém algumas podem ter um quadro que
comprometa o trato respiratório inferior, podendo inclusive ter pneumonia atípica.
● Síndromes clínicas:
- IVAS (infecções das vias aéreas superiores).
- Traqueobronquite.
- Pneumonia atípica primária.
- Complicações raras:
➢ Pericardite, miocardite, aterosclerose.
➢ Hepatite, eritema multifocal, encefalite, meningoencefalite, etc.
Localizadas nas vias aéreas superiores, podendo causar faringite, dor de garganta e traqueobronquite. Porém também
pode causar infecções no trato inferior, como a pneumonia atípica primária e até mesmo complicações do quadro como
pericardite e meningoencefalite.
● Vias de transmissão:
- Interpessoal por secreção respiratória.
● Epidemiologia:
Evolução clínica
Patogênese e Virulência
“M. pneumoniae é um patógeno extracelular que adere ao epitélio respiratório por uma estrutura especializada de
adesão que se forma em uma extremidade da célula. A estrutura consiste em um complexo de proteínas de adesão,
sendo adesina P1 a mais importante. As estruturas de adesão interagem especificamente com receptores
glicoproteicos sializados que existem na base dos cílios das células epiteliais (e na superfície de eritrócitos).
Depois ocorre a ciliostase seguida por destruição, primeiramente dos cílios e, em seguida, das células epiteliais
ciliadas. A perda dessas células interfere na limpeza normal das vias aéreas superiores e permite contaminação
microbiana e irritação mecânica do trato respiratório inferior. O processo é responsável pela tosse persistente
presente em pacientes com a doença sintomática. M. pneumoniae atua como um superantígeno, estimulando células
inflamatórias a migrar para o local de infecção e liberar citocinas, inicialmente fator de necrose tumoral-α (TNF-α)
e interleucina-1 (IL-1), e, mais tarde, IL-6. Esse processo contribui tanto para a eliminação das bactérias como para as
características da doença.
Várias espécies de Mycoplasma são capazes de mudar rapidamente a expressão das lipoproteínas de superfície, o que se
acredita ser importante para evadir a resposta imune do hospedeiro e estabelecer infecções crônicas persistentes.”
(MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Diagnóstico: M. pneumoniae
Chlamydophila pneumoniae
● Taxonomia:
- Família: Chlamydiaceae.
- Gênero: Chlamydia.
- Espécie: Clamydia-Chlamydophila pneumoniae.
Nos livros mais antigos está Chlamydia pneumoniae e nos mais novos está Chlamydophila pneumoniae.
● Características morfotintoriais e estruturais:
- Envoltório “semelhante a parede celular de gram-negativo” não possui camada de peptidoglicano.
Semelhante porque tem lipopolissacarídeo (LPS), mas não tem nenhum peptidoglicano na parede, não tem rigidez de
parede, tem parede mais delgada e com LPS.
- Parasitas intracelulares obrigatórios, crescimento lento.
Faz as Chlamydias serem mais próximas dos vírus do que o Mycoplasma. A Chlamydia só se multiplica dentro de célula.
O que a diferencia de um vírus é que ela produz suas proteínas, têm ribossomos, tendo então seu metabolismo próprio e o
vírus não (utiliza o ribossomo da célula para produzir sua própria proteína).
- Ciclo de vida bifásico, com duas formas:
➢ Corpo elementar: forma extracelular, infecciosa, que é fagocitada.
➢ Corpo reticular: forma intracelular, metabolicamente ativa. Produzem e secretam enzimas e toxinas.
O corpo elementar é a Chlamydia na forma extracelular, sendo essa a forma infectante que vai se ligar a uma célula
humana; quando se liga a célula faz endocitose e após ser endocitada a mesma muda de forma, saindo da forma
elementar (que é extracelular) para uma forma reticular (está em vermelho, e essa forma é intracelular).
A forma intracelular é não infectante (forma metabolicamente ativa, se multiplica), essa inibe a apoptose da célula e
continua se proliferando, quando chega no limite a mesma começa a se transformar, tendo conversão da forma reticular
(em vermelho) em forma elementar (azul) para matar a célula; a Chlamydia sai da célula por lise celular, rompe a
célula para ser liberada na forma elementar e infectar novas células.
Patogênese
Tem o corpúsculo elementar (bolinha verde pequena), a célula endocitou a Chlamydia, dentro da vesícula tem o corpo
elementar se transformando no corpo reticular (bolinha verde maior). A reticular começa a se multiplicar dentro do
endossoma e inibe a apoptose e quando a mesma está em grande quantidade começa a mudar de forma, para a forma
elementar (infectante), matando a célula por lise celular e libera Chlamydia para infectar novas células e propagar o ciclo
de replicação e disseminação.
Diagnóstico
● Resistentes:
- Penicilinas.
- Cefalosporinas.
- Bacitracina.
- Vancomicina.
↓
Observação: resistentes a penicilinas e antibióticos que interferem na síntese da parede celular.
● Susceptíveis a macrolídeos:
- Eritromicinas.
- Azitromicinas, etc.
↓
Observação: atuam inibindo a síntese proteica bacteriana.
Influenza vírus
● Família: Orthomyxoviridae.
Tem o apelido de vírus da gripe. É a virose respiratória mais frequente em pneumonia viral, além do Coronavírus
atualmente.
● Influenzavirus A:
Estrutura
São vírus RNA segmentados, são 8 pedaços (segmentos) de RNA para o A e B, para o C são 7.
A resposta está dividida, cada pedaço sintetiza uma proteína do vírus, enzima, precisando dos 8 pedaços de RNA por eles
serem complementares. Este genoma é problemático, porque está associado às mutações pandêmicas por
Influenzavirus A.
É um vírus envelopado, em laranja na imagem tem a bicamada lipídica e nessa que o envelope tem a proteína HA
(hemaglutinina) e tem também a NA (neuraminidase).
Tem a proteína M2 que forma um canal transmembrana que passa pelo envelope, a proteína M1 é a proteína da
matriz, tem também um complexo de enzimas (PB1, PB2, PA) que fazem transcrição do material genético e a
proteína NP que é a nucleoproteína que reveste o RNA viral.
Tem proteínas com função enzimática, transportadora que são as NS1 e NS2.
Propriedades antigênicas
● Tipo A: zoonose.
Um drift é uma mutação pontual, então se tem uma sequência nucleotídica que corresponde a um aminoácido e na hora
que faz a cópia do RNA viral a enzima do mesmo erra.
Essas mutações acontecem porque o vírus tem uma taxa de erro alta, quando está copiando o RNA dele dentro da célula
o mesmo erra, se essa mutação trouxer alguma vantagem evolutiva a mesma pode ser propagada, gerando surtos de
gripe.
O shift é uma mutação mais agressiva e brusca, só acontece na Influenzavirus A, porque a B é só de humano e a célula
humana não permite a infecção por cepas de aves e porcos. As aves e os porcos, principalmente os porcos apresentam
células permissivas, isso quer dizer que uma célula do porco, por exemplo, pode receber um vírus de ave e humano e
então o shift ocorre que é uma mistura de uma das sequências, tendo dois vírus diferentes que entraram em uma célula de
porco e cada vírus desse tem 8 pedaços de RNA diferentes, tendo 2 8 possibilidades de montar um vírus errado, tendo 256
chances de criar novos vírus. Uma das chances pode gerar vírus que infecta humanos e um vírus que faça um salto
interespécie que gere a pandemia.
Para ocorrer um shift tem que ter uma infecção da célula com 2 vírus que são diferentes para fazer a
recombinação.
Adesão e penetração
O vírus na membrana plasmática da célula se liga para poder fazer a adesão. O vírus se liga pela hemaglutinina, que se
liga ao ácido siálico que está presente na membrana plasmática da célula, e a célula faz endocitose.
Liberação
Epidemiologia
Sintomatologia
● Tipos A e B:
- Gripe: tosse, coriza, dor de garganta, febre.
- Evolução: 3 a 10 dias.
● Tipo C:
- Infecção subclínica.
- Raramente: infecção clínica moderada no TRS.
● Ocorrência: sazonal.
● Complicações (Tipos A e B):
- Pneumonia atípica.
- Síndrome da angústia respiratória aguda grave.
- Miosite.
- Síndromes neurológicas.
Transmissão
● Inter-humana:
- Via respiratória.
- Secreções.
- Fômites.
● Inter-espécies:
- Fecal-oral.
- Secreções / objetos contaminados.
Patogenia e imunidade
● Altamente contagioso.
● Período de incubação: 2-3 dias até 7 dias.
● Infecção nas vias aéreas superiores.
O vírus se multiplica no trato superior e normalmente consegue combatê-lo com a resposta imune, e quando não
consegue o vírus vai para o trato inferior causando pneumonia.
● Infecção nas vias aéreas inferiores.
● Infecções secundárias.
Uma infecção viral por Influenza tem muita associação com infecção secundária bacteriana. É observado mais em idosos,
porque tem uma resposta imune não tão boa.
A bactéria se aproveita da virose e se desloca para os pulmões.
● Resposta imune: celular e humoral.
● Excreção viral.
● Recuperação: 3 - 5 dias até 1 mês.
Diagnóstico
● Diagnóstico Clínico.
● Amostras Clínicas:
- Secreção da nasofaringe, orofaringe.
● Diagnóstico Laboratorial:
- Detecção molecular.
Principal método de diagnóstico.
- Cultura Viral.
- Pesquisa de anticorpos.
Tratamento – Influenza A e B
● Sintomático.
● Repouso e hidratação oral.
● Ventilação mecânica.
● Infecções secundárias.
● Antivirais:
- Infecção por Influenza A – inibem M2.
➢ Amantadina.
➢ Rimantadina.
Amantadina e Rimantadina não são recomendadas nas atuais epidemias.
Prevenção e controle
● Imunização.
● Vacinas com vírus inativados (tipos A e B):
- Trivalente e Tetravalente.
● Antissepsia das mãos.
● Desinfecção de objetos e materiais.
● Vigilância epidemiológica.
● Sacrificar os animais infectados.
Mycobacterium tuberculosis
Epidemiologia da tuberculose
● Estima-se que no mundo cerca de dez milhões de pessoas desenvolveram TB e 1,2 milhão morreram devido à
doença.
● Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100
mil habitantes.
● Em 2019, no Brasil foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de
2,2 óbitos por 100 mil habitantes.
*
113
acomete população
da
Boletim epidemiológico, 2021/MS.
de controle nacional contra tuberculose
Existe um programa
*
Existe uma vacina para a tuberculose, mas em indivíduos adultos ela não protege.
Mycobaterium spp.
● Família Mycobacteriaceae:
- Gênero com mais de 50 espécies.
A maior parte das espécies não causam doenças em seres humanos e animais.
- Bacilos curtos (0,5 - 0,7 µm de comprimento/ 0,3 µm de largura).
Micobactérias
● Representantes:
- Micobactérias de crescimento lento:
➢ Mycobacterium tuberculosis.
➢ Mycobacterium leprae.
- De crescimento rápido:
➢ Mycobacterium fortuitum.
➢ Mycobacterium abscessus.
que podem
causar
baleias
● Complexo Mycobacterium tuberculosis - Robert Koch, 1882.
todas
Envolve
as
Dentro desse complexo não existe somente o M. tuberculosis como agente causador da tuberculose, existindo outras
micobactérias que podem causar a tuberculose humana.
● Complexo MAIS (Mycobacterium avium, M. intracellulare, M. scrofulaceum). Tuberculosecausa
→
não causam
doenças
MA
, outros
São patógenos que estão relacionados a infectar pessoas imunodeprimidas, levando até mesmo a formação de abcessos.
- HIV e imunocomprometidos.
ou
Mycobacterium tuberculosis
iiEE-o.io
vs
“É um patógeno intracelular de macrófagos, que estabelece sua infecção preferencialmente no sistema pulmonar; tem
a ação regulada pelo sistema imune do hospedeiro e, na maioria das vezes, é condicionado a um estado de dormência.”
(TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
● Bacilo de Koch.
Agente causador da tuberculose.
Giulia Magno Rocha
● Crescimento lento:
- Tempo de geração de 24h.
O tempo para se multiplicar e formar duas outras células-filhas.
O Mycobacterium tuberculosis apresenta tempo de crescimento lento, é muito exigente nutricionalmente, porque precisa
de um meio muito suplementado com vários aminoácidos e nutrientes para que a bactéria possa crescer.
- Cultura de confirmação em torno de 6-8 semanas.
- Meio com elementos complexos.
● Aeróbio obrigatório.
- Lobo superior do pulmão.
➔ Parasita intracelular de macrófagos.
Para iniciar o processo de patogênese, precisa infectar macrófagos e também ser viável dentro destes e levar a destruição
dos mesmos.
"
mediada
eéud
"
NV
de
pernil
TU
íÜ
● M.africanum (1/3 casos TB oeste da África).
"
● M. canetti.
● M. microti.
(BIER, 1978; CORNER, 1994; BROSCH et al., 2002; ZINK; NERLICH, 2004).
Características importantes
● Mycobacterium tuberculosis - possuem parede celular com muitas camadas de peptidoglicano e não
↳ resistente ação detergente
apresentam membrana externa. a
● Os corantes do método de Gram não são capazes de ultrapassar a barreira lipídica do Mycobacterium.
Alguns autores relatam que as micobactérias seriam fracamente gram-positivas, porque tem maior conteúdo de
peptidoglicano, porém quando vão para a coloração de gram as mesmas não coram, então não são nem gram-negativas e
nem gram-positivas.
Giulia Magno Rocha
Não são nem gram-positivas nem negativas porque possuem alto conteúdo de lipídios nas paredes como
glicolipídios, fosfolipídios e essa camada de gordura impede a entrada de corantes de Gram.
● Bactérias gram-negativas apresentam cerca de 5-20% de lipídios em suas paredes.
● Micobactérias apresentam até 60% de lipídios em suas paredes, principalmente na forma de ácidos
micólicos.
Tem uma coloração específica para as micobactérias, que é a coloração de Ziehl-Neelsen, onde se faz a contagem
desses bacilos (baciloscopia). O resultado desses bacilos na coloração de Ziehl-Neelsen se corarem com o corante
primário que é o carbolfucsina, vai chamar esses de
(bacilos álcool ácidos resistentes).
“As micobactérias têm uma complexa parede celular rica em lipídios. Essa parede celular é responsável por muitas das
propriedades características da bactéria (p. ex., acidorresistência; crescimento lento; resistência a detergentes, a
antibióticos antibacterianos comuns e à resposta imune do hospedeiro; antigenicidade). A estrutura básica da
parede celular é típica das bactérias Gram-positivas: uma membrana plasmática interna recoberta por uma camada
espessa de peptidoglicano e ausência de membrana externa. No entanto, a estrutura da parede celular nas micobactérias
é muito mais complexa do que em outras bactérias Gram-positivas. Ancorados à parede celular estão proteínas,
manosídios de fosfatidilinositol e lipoarabinomanana (LAM). O LAM é funcionalmente relacionado aos
lipopolissacarídeos antigênicos O, presentes em outras bactérias. Também encontram-se presentes lipídios,
glicolipídios e peptidoglicolipidios. Os componentes lipídicos compreendem 60% do peso da parede celular.
Proteínas de transporte e porinas estão intercaladas por todas as camadas da parede celular e constituem 15% do
peso da parede. As proteínas são antígenos biologicamente importantes que estimulam a resposta imune celular
do paciente à infecção. Preparações extraídas e parcialmente purificadas desses derivados proteicos (derivados de
proteína purificada ou PPD) são utilizadas como reagentes de testes de pele para medir a exposição a M. tuberculosis.
Preparações semelhantes de outras micobactérias são usadas como reagentes de testes de pele espécie-específicos.”
(MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
os
ao
uma Proteína G- que
cit - 1- ,
impede
ser pago
envolvido
OMO Seja
que
intracelular
.
lisossomo
pelo
Os lipídios, fosfolipídios funcionam como fatores de virulência da bactéria e favorecem que a bactéria permaneça
viável dentro dos macrófagos e que se multiplique dentro dos macrófagos, têm uma enzima também que a bactéria possui
e favorece que a mesma permaneça, então os fatores de virulência da bactéria são principalmente para favorecer a
permanência da mesma dentro do macrófago e poder causar necrose dentro do mesmo.
O fato de estar dentro do macrófago vai induzir uma resposta do hospedeiro ao início da formação do granuloma.
● Ácidos micólicos.
Protegem a bactéria de enzimas hidrolíticas do fagossomo.
O Mycobacterium tuberculosis vai permanecer dentro dos macrófagos, impedindo a formação do fagolisossomo. O
macrófago é uma célula fagocítica, vai ter a endocitose, que é a entrada do corpo estranho que no caso é a bactéria onde
o macrófago vai fagocitar e ele quer destruir. Na destruição o fagossomo com a vesícula que formou e que possui estágios
de amadurecimento, e vai chegar o momento que ela vai fusionar com o lisossomo, que é uma vesícula que tem enzimas
digestivas e destruir os bacilos, mas a bactéria impede a fusão do fagossomo com o lisossomo e se não ocorrer a fusão a
bactéria continua viável dentro do macrófago e pode continuar se multiplicando, porém uma hora terão muitos bacilos
dentro do macrófago e esse vai estourar, morrer, sofrer necrose e isso é ruim, porque o ideal é que ele sofra uma apoptose
(morte celular programada) para que os resquícios do macrófago sejam digeridos por células apresentadoras de
antígenos, como as células dendríticas. Para que então as células dendríticas com pedacinhos de macrófagos junto do
bacilo para linfócitos TCD8 ou TCD4, isso tudo é o início da ativação da resposta imune celular, que a resposta necessária
que o hospedeiro precisa para impedir a progressão da doença.
Granuloma é uma coisa boa, porque são respostas do hospedeiro e tem o objetivo de conter a bactéria, é como se fosse
um agregado organizado de células de resposta imune celular com o objetivo de contenção da bactéria a nível do pulmão.
Se não tivessem esses granulomas iniciais as bactérias iriam se disseminar pelo organismo. Essa resposta celular, que é a
resposta necessária para a defesa do hospedeiro tem que ser eficaz. O que acontece dentro do granuloma vai levar a
progressão ou não da doença.
Característica
ao
centro .
↳ necrose
A formação do granuloma é resultado da resposta do hospedeiro com o objetivo de contenção da bactéria, no centro do
hospedeiro vão ter os macrófagos e tudo depende deles.
O que quer dizer se o macrófago sofrer necrose ou apoptose? Se for uma cepa atenuada, esse macrófago irá
conseguir destruir a bactéria, formando o fagolisossomo e assim destruindo a mesma, vai sofrer apoptose, então os
pedaços desse macrófago serão fagocitados pela célula dendrítica, que é uma importante célula apresentadora de
antígeno. As células vão pegar os pedacinhos de macrófagos que contém o M. tuberculosis e vão ativar duas importantes
células: o linfócito TCD8 (linfócitos citotóxicos que vão diretamente na célula para matá-las, por exemplo matar um
macrófago infectado) ou pode ativar os linfócitos TCD4 e uma vez ativados vão formar outras subpopulações importantes
que no caso são os linfócitos Th1 (essa subpopulação é importante para impedir a progressão da infecção pelo M.
tuberculosis; o Th1 leva a uma resposta imune celular, produzem IFN-γ - que é uma citocina pró-inflamatória que leva ao
recrutamento de mais macrófagos para o local).
Se ocorrer tudo como o lado esquerdo da imagem, não ocorrerá a doença.
Se for uma cepa extremamente virulenta e essa cepa onde uma vez infectando os macrófagos a carga bacilar consegue
impedir a fusão do fagossomo com o lisossomo não conseguindo destruir a bactéria, vai acontecer que a bactéria continua
se multiplicando e levará a necrose dos macrófagos. Na necrose, os bacilos vão ficar viáveis para poder infectar outros
macrófagos, então o centro do bacilo ou os macrófagos contendo os bacilos podem ser o início do granuloma.
O granuloma é uma resposta do hospedeiro que se chama de hipersensibilidade do tipo IV ou celular, onde existe uma
organização de células do sistema imune celular para a contenção de um determinado patógeno para que o patógeno não
se dissemine. O granuloma tem várias células envolvidas.
Giulia Magno Rocha
No centro do granuloma podem ter mais macrófagos apoptóticos ou macrófagos necróticos.
Se tiver mais macrófagos necrosados tem mais bacilos viáveis, e pode chegar ao momento que as bactérias vão se
multiplicando e podem estourar o granuloma, nesse momento pode infectar outros sítios.
A depender da resposta imune do hospedeiro pode virar uma tuberculose extrapulmonar, que é o que ocorre
principalmente em pacientes imunodeprimidos.
Transmissão
Paciente com tuberculose ativa infecta 10-15 outras pessoas por ano.
Patogênese da tuberculose
O indivíduo com granuloma no momento da tosse pode haver rompimento de granuloma ou ocorrer a congruência de
granulomas, podendo infectar outras pessoas.
Se no centro do granuloma tiver mais necrose, a bactéria vai continuar se multiplicando e vai romper o granuloma e
infectar outros macrófagos em outras regiões que vão formar outros granulomas.
O indivíduo infectado com granulomas infecta outra pessoa, os macrófagos alveolares iniciam a formação do
granuloma, chamando outras células que são os neutrófilos (célula do sistema imune inato), chama também células
Granuloma
Se a bactéria está solta no centro necrótico e continua a multiplicação, a mesma pode romper o granuloma e infectar
outros macrófagos e formar outros granulomas.
Formação do granuloma
Desenvolvimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem localizar-se em qualquer órgão
ou tecido: tuberculose.
Fatores de risco:
● Indivíduos de baixo poder socioeconômico, com moradia precária e má nutrição.
● Uso de drogas imunossupressoras.
● Indivíduos com HIV.
Diagnóstico:
● Testes TB:
- Teste de pele tuberculina (PPD - Teste de Mantoux) (48-72 h).
Utiliza-se antígenos purificados do M. tuberculosis, onde inocula no antebraço.
“O teste de tuberculina (PPD) pode ser utilizado para detectar uma infecção de muitos anos atrás, ou mesmo de origem
recente, sendo a única maneira de diagnosticar uma infecção latente, pela reação de hipersensibilidade do tipo tardia
desenvolvida contra antígenos micobacterianos.” (TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
“A vacinação com BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) também produz reatividade ao PPD, fazendo com que a utilização e
a confiabilidade deste teste diminuam com o aumento do número de crianças vacinadas.” (TRABULSI; ALBERTHUM,
2015)
- Testes sanguíneos (Quantiferon – IFN-γ).
● Raio-X tórax.
● Teste rápido molecular (TRM-TB).
● Microbiológico:
- Esfregaço - Coloração de Ziehl Neelsen.
- Baciloscopia (pesquisa de BAAR).
Se utiliza o escarro do paciente em 3 dias consecutivos. Na baciloscopia se conta quantos bacilos tem por campo,
verificando assim a carga bacilar.
“Desde seu desenvolvimento por Koch em 1882, a técnica de baciloscopia ou esfregaço de escarro para BAAR sofreu
poucas modificações, e continua sendo um dos métodos mais rápidos de detecção de M. tuberculosis. O esfregaço de
escarro é uma maneira simples de diagnosticar tuberculose, além de ter baixo custo e ser de fácil acesso.” (TRABULSI;
ALBERTHUM, 2015)
● Cultura - inviável (até 2 meses de crescimento).
Se der acima de 5 milímetros é considerado positivo. Porém, tem muitos resultados falso-negativo e falso-positivo, por isso
o PPD não pode ser utilizado sozinho, tendo que ser aliado com outros.
Teste de Mantoux
● Reação falso-negativo:
- Imunossupressão (infecção viral, desnutrição, drogas imunodepressoras);
- Teste realizado antes do surgimento da reação de hipersensibilidade (apenas 4 a 10 semanas após infecção);
- Antígenos mal conservados.
● Reação falso-positivo:
- Podem resultar de infecção por micobactérias atípicas (reação cruzada).
- Vacinação.
Tuberculose
● Prevenção:
- Vacinação com BCG (M. bovis atenuada).
É uma linhagem viva, mas que não protege o indivíduo adulto, protegendo na primeira infância a não ter a forma grave.
● Tratamento:
- Múltiplos fármacos (isoniazida, rifampicina, etambutal e pirazinamida).
É um tratamento demorado, leva meses e é necessário um acompanhamento da equipe de saúde.
“Algumas vezes durante o tratamento pode-se observar uma resistência inicial do bacilo a isoniazida, tornando-se
necessária a adição de outras drogas de primeira linha, como estreptomicina. No caso de resistência a, pelo menos,
rifampicina e isoniazida (MDR-TB), torna-se necessária uma extensão do período de tratamento, optando-se, muitas
Giulia Magno Rocha
vezes, pela utilização de drogas de segunda ou até terceira linha, ainda que a maior toxicidade seja um fator limitante.
Entre as drogas de primeira linha, que são geralmente bactericidas, combinando uma alta eficácia com uma relativa
toxicidade ao paciente durante o tratamento, estão: isoniazida, rifampicina, estreptomicina, etambutol, pirazinamida; e,
entre as drogas de segunda linha, que são geralmente bacteriostáticas, apresentando uma eficácia menor e sendo, na
maioria das vezes, mais tóxicas, estão: fluoroquinolonas, ácido para-amino-salicílico, cicloserina e etionamida, entre
outras.
Pacientes com tuberculose latente também podem ser tratados, geralmente a base apenas de isoniazida, uma
monoterapia; este tratamento funciona apenas em pacientes que ainda não desenvolveram a doença ativa. Trata-se de
uma administração profilática de isoniazida por seis a nove meses, inviabilizando o desenvolvimento da doença através da
eliminação dos bacilos dormentes.” (TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
64.690173
012 ,
zz
.
Miocardite Viral
O que é miocardite?
É a inflamação do tecido muscular cardíaco, o miocárdio; às vezes o quadro pode se complicar e evoluir para uma
miopericardite.
O vírus precisa replicar no miocárdio para que a miocardite viral aconteça.
“A miocardite engloba um grupo diversificado de entidades clínicas nas quais os agentes infecciosos e/ou os processos
inflamatórios têm como alvo principalmente o miocárdio.” (ROBBINS)
Etiologias da Miocardite
● Agentes infecciosos:
- Vários vírus de interesse médico.
- Algumas bactérias.
- Alguns fungos.
- Alguns protozoários.
● Reações imunes:
- Rejeição ao transplante cardíaco.
O corpo começa a produzir anticorpos contra o órgão que não é próprio.
Giulia Magno Rocha
● Doenças autoimunes:
- Lupus.
A doença autoimune pode gerar uma resposta contra o tecido miocárdico.
● Toxinas:
- Drogas cardiotóxicas (cocaína).
● Desordens genéticas:
- Desenvolvimento da cardiomiopatia.
A miocardite viral é a mais comum. Os enterovírus têm papel mais frequente nos quadros de miocardite viral,
principalmente na infância.
Miocardite viral
Etiologia viral:
● Enterovírus:
- Coxsackievírus e Echovirus.
➢ Coxsackievírus B.
É um sorotipo do enterovírus humano B e do humano A.
● Adenovírus.
● SARS-CoV-2.
● Influenzavírus.
● Herpes Simplex Vírus (HSV).
● EBV, CMV, Varicela Zoster Vírus (VZV).
● Vírus da Caxumba.
● HIV.
● Vírus da Rubéola.
● Vírus da Hepatite.
● Vírus da Dengue.
Morfologia Básica
● Não envelopados.
● Capsídeo icosaédrico:
- VP1 (mais externo - receptor celular).
Proteína do capsídeo mais externa, é como se fosse a “chave” para o vírus entrar na célula; sendo o receptor de entrada
dos enterovírus na célula.
- VP2, VP3.
- VP4 (associado ao RNA viral).
Protege o material genético do vírus, está mais interna.
● Genoma: RNA fs+.
Giulia Magno Rocha
Quando o vírus tem RNA de polaridade + isso facilita a replicação, quando chega no citoplasma da célula pode se acoplar
ao ribossomo e fazer uma tradução direta, tendo replicação rápida. Toda essa replicação acontece no citoplasma da
célula, não indo para o núcleo e como é positivo já acopla e faz a tradução no ribossomo da célula para produzir as
proteínas virais, utilizando a maquinaria celular.
Só ter capsídeo e material genético confere a esse vírus uma maior resistência ao ambiente, a produtos de limpeza, por
exemplo. Ele só tem proteína.
Propriedades gerais
● São resistentes a vários solventes e desinfetantes como álcool 70Gl, éter e clorofórmio.
● Resistentes ao pH ácido estomacal.
Chegando no estômago sobrevivem e vão para os enterócitos (células intestinais), podendo causar diarreia e outros
sintomas, também pode chegar no enterócito e cair na corrente circulatória fazendo a viremia e vai para o sangue, é
absorvido no intestino delgado e vai para corrente sanguínea podendo encontrar vários órgãos e sistemas.
● Inativados pela luz UV e ressecamento.
● Possuem ampla distribuição geográfica.
● Todos os enterovírus são antigenicamente heterogêneos.
Consegue ficar em um ambiente viável, facilitando a transmissão que é aérea e por ingestão de água, alimentos
contaminados por enterovírus.
Taxonomia
● Família: Picornaviridae.
● Gênero: Enterovirus.
Dentro desse gênero tem-se enterovírus pólio (controlado no Brasil) e não-pólio.
Uma das principais causas é o sorotipo Coxsackievírus B, que causa a miocardite viral.
Toma-se como modelo básico da replicação a família Picornaviridae, basicamente todos se replicam da mesma forma,
tendo apenas uma exceção.
Tem-se os vírus fazendo adesão, fazendo ligação da VP1 com o receptor de entrada da célula, isso depende do sorotipo e
da espécie, porque a célula muda e o receptor também. De uma forma geral tem adesão da VP1, que é a proteína mais
externa do capsídeo se ligando.
Os enterovírus penetram na célula-alvo pela endocitose, o vírus é endocitado e está dentro de uma vesícula; quando está
dentro da vesícula ele não é digerido, sendo um vírus resistente e existe um processo de acidificação endoplasmática, ou
seja dentro da vesícula é acidificada, a célula libera substâncias para acidificar como clatrinas e adaptinas que são
exemplos de substâncias. A acidificação libera o material genético viral do capsídeo e da vesícula, ocorrendo o processo
de desnudamento ou decapsitação, a liberação do material genético no citoplasma da célula; como só tem capsídeo vai
perder o capsídeo e se desnudar, o que sobra dentro da célula é o material genético liberado no citoplasma e as enzimas,
sendo a principal das enzimas a VPG.
A VPG é uma polimerase viral, que é RNA polimerase, sendo RNA-dependente e isso quer dizer que é uma enzima que
copia RNA a partir de RNA, ou seja, pega RNA viral e copia fazendo várias cópias desse RNA, sendo importante para
montar os outros vírus.
O RNA viral é de fita simples e de polaridade positiva, esse se comporta como se fosse um RNA mensageiro, e o RNA
mensageiro leva mensagem do ribossomo para fazer a síntese proteica (tradução), então o RNA viral vai no ribossomo da
célula (que são os ribossomos celulares) e faz a tradução imediata, então isso gera uma replicação muito rápida, isso tudo
ocorre no citoplasma da célula, desnuda e já faz tradução.
Na tradução gera uma poliproteína (proteína grande, com todas as proteínas que o vírus precisa para se multiplicar), a
poliproteína será clivada nas subunidades proteicas (VP1, VP2, VP3, VP4, VPG, outras enzimas que tem função
enzimática para a coordenação da síntese da replicação viral) para montar os capsídeos; em paralelo o material genético
completo que está dentro do vírus é positivo.
Replicação - Enterovírus
No tecido cardíaco o enterovírus utiliza o receptor CAR, que é um receptor de adenovírus e Coxsackievirus B e entram por
esse receptor. O DAF é o co-receptor, sendo um receptor secundário; DAF vem de acelerador de decaimento de
complemento.
O vírus se liga no CAR através da VP1, entra por endocitose (na imagem não demonstra). Tem o receptor e o material
genético do vírus, o RNA, a enzima VPG acoplada ao RNA e sequências codificando para as proteínas estruturais e
Giulia Magno Rocha
proteínas enzimáticas. Quando o vírus entra na célula faz a tradução e essa gera poliproteínas, a poliproteína é clivada em
subunidades proteicas que vão gerar as proteínas estruturais e não-estruturais.
Na transcrição tem o genoma do vírus, vai gerar um molde negativo e toda vez que o negativo é transcrito gera uma fita
positiva, que é a fita do vírus, e vai entrar nas proteínas que estão sendo produzidas nos capsídeos, gerando os novos
vírus que vão se acumulando, matando então a célula por lise celular (rompimento da membrana plasmática da célula,
liberando os vírus que vão infectar uma nova célula).
Tem o vírus provocando uma lesão direta, interferindo no metabolismo da célula, porque utiliza o maquinário da célula para
produzir suas próprias proteínas e isso compromete a função celular, e também mata a célula por lise celular.
Na miocardite, a replicação viral induz uma resposta imune específica, uma resposta imune celular, humoral e inflamatória.
O corpo humano precisa eliminar uma infecção, e essa resposta também gera cura e lesão. Quando a resposta está na
medida certa ocasiona na cura, mas quando for exagerada ou acontece algum erro no processo pode gerar miocardite
crônica, tendo prolongamento do processo inflamatório passando meses e até anos no paciente para ser diagnosticado,
por conta do quadro que se arrastou.
Epidemiologia e Transmissão
Enterovírus Não-Pólio (EVNP)
A entrada do vírus no corpo humano pode se dar pela via respiratória ou ingestão; se for aerossol a replicação inicial vai
acontecer na orofaringe e na ingestão acontece nas células que compõe o tecido intestinal (nos enterócitos) e pode em
algumas situações causar diarreia.
A primeira replicação dos vírus aumenta o número de vírus e gera a primeira viremia, ou seja, o vírus vai cair na corrente
sanguínea. Então, o vírus faz a primeira replicação na orofaringe ou nos enterócitos e vai gerar a primeira viremia.
*Viremia é o vírus no sangue.
O vírus no sangue vai circular por vários órgãos e sistemas, encontrando o órgão-alvo dele, onde terá o receptor principal
de entrada; quando encontrar o tecido muscular cardíaco vai se multiplicar, fazendo o ciclo de replicação no tecido
muscular cardíaco e é onde gera a segunda viremia e lesão no órgão-alvo, causando a miocardite e podendo causar
também dependendo do sorotipo a miocardite e também pleurodinia.
Tem echovirus e coxsackievirus com tropismo pela pele, quando faz a viremia se multiplica causando a síndrome
mão-pé-boca e rash cutâneo.
Echovirus, coxsackievirus e pólio com tropismo pelas meninges, causando meningite viral.
Coxsackievirus tem tropismo pelo sistema nervoso, causando encefalite e até mesmo paralisias.
Hepatite A tem tropismo pelo fígado e causa um quadro de inflamação hepática.
● Período de incubação: 3 a 7 dias.
● Período de excreção viral: aérea: 5 a 7 dias e fezes: 4 a 7 semanas.
Período de excreção viral depende da espécie e do sorotipo.
*A maioria dos casos são assintomáticos – Controle da infecção.
O próprio sistema imune controla essa infecção, tendo sintomas brandos e a maioria das pessoas não vão ter evolução
clínica grave.
Tem fases da miocardite, e tudo começa com a entrada do vírus na célula muscular cardíaca. Nos primeiros minutos e
horas o vírus entra e se adapta, chegando na célula muscular cardíaca através da viremia. Chegando começa a se replicar
e de 1-7 dias tem a resposta imune inata tentando controlar, mas não consegue e vai ter então resposta imune adaptativa
ou adquirida na fase 2, e tem ativação das células de defesa.
Se o vírus for eliminado na fase 2, a fase 3 do paciente vai ser a cura, o clearance viral.
Alguns pacientes podem desencadear uma resposta imune exagerada ou resposta imune contra alguma proteína da
própria célula muscular cardíaca, gerando resposta imune mediada ou em algumas situações não há o clearance total do
vírus e com fragmentos dos vírus nas células, isso são fatores que podem gerar um quadro da miocardite crônica,
podendo levar meses, anos ou até mesmo a morte.
Se a resposta imune acontecer de maneira organizada, adequada e sem exageros tem uma resposta inflamatória, tem
resposta imune celular, ativa células B, produz anticorpos, terá resposta imune humoral que é necessária para controlar a
replicação viral dentro e fora da célula, e assim o paciente ficará curado.
Quando a resposta imune acontece, o vírus vai multiplicar e fazer lise da célula cardíaca, fazendo citólise. Às vezes pode
acontecer que uma célula apresentadora de antígeno pode pegar um antígeno que estava escondido na célula muscular
cardíaca que estava interno, mas como a célula começou a sofrer lise esse epítopo pode ter sido expresso de forma
errada e de forma errada essa célula apresenta para o linfócito TCD4 e desencadeia de uma forma errada uma resposta
imune celular e humoral contra um peptídeo (antígeno) próprio, podendo ser fator para evoluir para quadro de miocardite
viral crônica.
Às vezes existe persistência de alguns vírus no tecido cardíaco, persistindo resto de vírus e isso desencadeia uma lesão
crônica e resposta inflamatória crônica, levando anos e meses e com maior chance de lesão irreversível ou até mesmo a
morte.
Quando tem uma miocardite viral é muito importante a resposta imune, tanto para controlar a infecção tanto para evitar
lesões graves e curso de doença crônica. Por isso é importante diagnosticar e tratar o paciente precocemente para evitar
que possa desencadear um quadro mais crônico.
Toda vez que um vírus chega no corpo, tem-se células apresentadoras de antígenos que estão nos órgãos-alvo e
capturam esse antígeno, fragmentam o vírus gerando os antígenos (peptídeos) e apresenta esse peptídeo ao linfócito T
auxiliar (TCD4). O linfócito TCD4 comanda a resposta imunológica; o mesmo comanda para os linfócitos B maturarem e
transformarem os plasmócitos e produzir os anticorpos específicos contra o peptídeo viral, para o TCD8 encontrar as
células infectadas e matar as mesmas. É o TCD4 que ativa o linfócito B para produzir anticorpos, também ativa através de
citocinas a resposta inflamatória, ativa macrófagos para fazerem fagocitose dos restos celulares de vírus, etc.
Os anticorpos geram células B de memória e os TCD4 também vão gerar uma memória. Porém, essa memória não dura
para sempre e é sorotipo específica, ou seja, as pessoas se reinfectam ao longo da vida e também podem se infectar por
diferentes tipos de soro vírus.
Não se tem vacina para esses enterovírus não-pólio.
A resposta imune que acontece para tentar combater a infecção pode dar resultado.
Tratamento e Profilaxia
● Não existe tratamento específico para as enteroviroses, devendo restringir-se a medidas visando o controle
dos sintomas e, quando necessário, cuidados especiais, por exemplo: restrição do esforço físico, dieta alimentar,
respiração assistida, digitalização.
● Não existem vacinas disponíveis para as enteroviroses, à exceção da poliomielite. Para o controle de
infecções causadas por agentes, em ambiente hospitalar, estão indicadas medidas gerais de higiene pessoal. No
entanto, diante da ocorrência de um surto de doença grave, como é o caso da miocardite causada por esses
agentes, pode ser indicada administração da imunoglobulina.
Hepatite viral
Hepatite
Esses sintomas não são exclusivos para hepatite viral, estão associados a comprometimento hepático, mas não tem
relação só com o vírus.
● Icterícia.
● Febre.
● Mal-estar geral.
● Fadiga.
● Artralgia e mialgia.
● Desconforto gastrointestinal.
● Hepatomegalia.
● Dor abdominal ao toque.
● Colúria.
Urina escura com cor de coca-cola.
● Acolia fecal.
Fezes esbranquiçadas.
*A maioria dos casos de hepatite A, B, C, D e E são assintomáticos, ou são sintomáticos, mas anictéricos.
A hepatite é uma inflamação dos hepatócitos e quando está associada ao vírus, o vírus que vai induzir uma lesão hepática
não só decorrente da sua replicação, mas também da resposta imune que é desencadeada para tentar debelar a infecção.
Na resposta imune contra o vírus tem resposta imune celular TCD8, célula NK que vai no local da infecção identificar a
célula infectada por vírus e induzir a sua morte celular. Tem lesão celular decorrente da replicação viral, mas
principalmente da resposta imune que é desencadeada contra os vírus.
Principais espécies
Pode agrupar os vírus da HAV e HEV, porque eles apresentam as mesmas vias de transmissão (fecal-oral), são
eliminados nas fezes, e em um local sem saneamento básico que exista contaminação de alimentos e de água esse vírus
pode ser ingerido e desencadear o ciclo de transmissão fecal-oral. Esses vírus não evoluem para a forma crônica, ou seja,
quem tem HAV e HEV ou se cura da infecção e elimina o vírus ou a pessoa morre.
*O vírus da hepatite A fica viável na água do mar poluído e pode ficar retido nas ostras, porque essas fazem a filtração da
água do mar.
*No Brasil tem maior prevalência do vírus da HAV; HEV é raro no Brasil.
A HBV, HCV e HDV, podem ser transmitidos pelas vias parenteral, sexual e vertical; para a HCV a principal via é a
parenteral (sangue), já que é um vírus que está em grande quantidade no sangue, faz uma alta viremia e não é detectado
em secreções como o sêmen, secreção vaginal, então a transmissão sexual para o HCV depende de microlesões durante
o ato sexual, porque o vírus não está na secreção, e sim no sangue. Na hepatite HBV e HDV as 3 vias são eficientes,
porque também são detectados nas secreções. Esses 3 vírus podem evoluir para forma crônica, tem uma infecção que
pode ir da fase aguda evoluir para cura, pode da fase aguda causar um óbito ou pode da fase aguda evoluir para uma
forma crônica, onde a pessoa não consegue eliminar o vírus com a resposta imunológica e acaba tendo uma infecção
lenta que pode durar anos e muitas vezes a pessoa pode não saber que tem o vírus.
Quando tem um paciente crônico o que pode acontecer é que um fígado saudável infectado por vírus onde vai haver
replicação viral nos hepatócitos e uma resposta imune acontece, mas não consegue fazer o clearance viral e eliminar
todos os vírus, então vai lesando e o fígado se regenera. A lesão é lenta e progressiva porque o sistema imune causa
lesão e há reparo, porém chega um momento que esse reparo não acontece mais, tendo substituição do tecido funcional
hepático por um tecido conjuntivo cicatricial decorrente do processo inflamatório, da resposta imune acontecendo e
tentando eliminar o vírus. Nesse processo acontece a formação da fibrose e com o passar dos anos pode acontecer a
cirrose, levando a uma falência hepática, além disso o vírus da hepatite B e C que cronificam também são oncovírus,
podendo causar câncer.
Na segunda imagem há um hepatocarcinoma, tendo vários nódulos hepáticos e o vírus participa do processo de
oncogênese para formação do câncer hepático já em um quadro mais grave da doença.
Principais espécies
Para ocorrer uma transmissão fecal-oral o vírus precisa ficar resistente no ambiente para sobreviver e efetivar a
transmissão através da ingestão de água e alimentos contaminados. Os vírus entéricos que tem esse tipo de transmissão
como rotavírus, vírus da hepatite A e E não tem envelope, tendo apenas o capsídeo e fica mais resistente ao ambiente. O
vírus da hepatite A e E tem que sobreviver ao pH ácido estomacal, então tem que se manter viável no suco gástrico para
chegar a nível de enterócitos e multiplicar para cair na corrente circulatória para chegar no fígado.
*O HCV tem uma taxa de mutação alta, sendo também genotipado.
*O HDV não é um vírus, chama de vírus, mas na verdade é um virusoide, um agente viral, sendo uma partícula infectante
mais simples do que um vírus. Virusoide é uma partícula infectante que não consegue se replicar sozinho na célula,
precisando de um ajudante, de um vírus helper, sendo esse o vírus B. Quando se replica utiliza o envelope do vírus B para
se replicar. Então, se em uma célula tiver apenas o D essa infecção não se propaga. Não se tem vacina para o HDV,
porque já tem vacina para o HBV e se estiver protegido contra o HBV pela vacina a pessoa já está protegido contra a HDV.
*Não se tem vacina para o HCV, sendo isso um problema, porque a HCV tem um interesse mundial; não existe vacina por
ser um vírus com alta taxa de mutação e tem muitas pesquisas em andamento tentando desenvolver vacina para HCV.
● Família: Hepadnaviridae.
● Gênero: Orthohepadnavirus.
● Infecta apenas humanos.
● Não existem outros reservatórios.
● Elevada viremia.
● Detecção viral em diferentes secreções.
● Resistente a processos para inativação.
Fica viável na tinta da tatuagem; é resistente porque têm envelope com muita proteína, sendo um marcador para testar
esterilização.
Estrutura do HBV
● Envelopado.
Tem proteína S de superfície.
● Formato esférico.
● Capsídeo icosaédrico.
● Material genético: DNA fita dupla circular incompleto.
● Tamanho: ~ 42 nm.
● Antígeno do envelope: AgHBs ou HBsAg.
O S do envelope gera o antígeno que se pesquisa nos exames laboratoriais, achando na sorologia a pesquisa do AgHBs.
● Antígeno do Core: AgHBc ou HBcAg, AgHBe ou HBeAg.
Em rosa está a proteína S; em verde está o capsídeo, onde tem a proteína C; em roxo (assemelha a um feijão) tem a
polimerase, sendo um complexo de enzimas que o vírus tem no interior.
Vírus da Hepatite B
Uma pessoa vacinada irá receber apenas a proteína S, então vai produzir um anticorpo que vai reconhecer a proteína,
tendo altos níveis de anticorpos anti-HBS ou anti-AgHBS. O anticorpo faz a neutralização da partícula viral, então impede
que o vírus entre na célula, mas se o vírus acabar entrando na célula a pessoa vacinada terá imunidade celular, que são
células TCD8 que vão reconhecer a célula infectada e a matar antes que o vírus se propague.
Está representada a partícula de Dane e as partículas defectivas ou defeituosas (partículas tubulares e partículas
esféricas) → o vírus delta utiliza essa última para colocar seu genoma e sair da célula para infectar uma nova célula.
Vias de transmissão
● Sexual.
● Parenteral.
● Vertical/ perinatal.
● Grupos de risco:
- Prostitutas, indivíduos promíscuos/ DST, presidiários, UDI (usuários de drogas injetáveis).
- Hemofílicos.
Pela questão das múltiplas transfusões sanguíneas.
- Profissionais da área de saúde.
Às vezes se acidenta com perfurocortantes; pode não ter a vacina ou tem a vacina, porém não ficou protegido (cerca de
5% das pessoas não desenvolve imunidade, não desenvolve o anti-HBs).
Epidemiologia
Quadro Clínico
● Infecção aguda:
Na fase aguda é difícil fazer o diagnóstico, porque a maioria é subclínica ou anictérica.
- Subclínica.
- Sintomática anictérica.
- Sintomática ictérica.
● Infecção crônica:
Cerca de 10% da pessoas vão para a fase crônica; no hepatócito e com a replicação viral e com a resposta imune
acontecendo pode gerar:
- Fibrose e cirrose hepática.
- Hepatocarcinoma.
É o câncer hepático.
● Hepatite fulminante.
Vai haver lesão hepática em semanas, podendo gerar falência hepática, quadro inflamatório intenso e lesão hepática
intensa e grave, que às vezes precisa de transplante.
● Período de incubação: 30-180 dias.
O paciente deve apresentar cura em 6 meses.
Ascite intensa
Tem-se o vírus B encontrando o fígado e após isso inicia a replicação na fase aguda da doença e terá resposta imune
sendo ativada. A resposta imune celular e humoral é fundamental para estabelecer a cura, o clearance viral (eliminação
dos vírus da corrente sanguínea e dos hepatócitos eliminando os vírus e estabelecendo a homeostase e cura do paciente,
isso é mediado pela resposta imune celular - T e humoral - linfócito B produzindo anticorpos). A resposta pode não ser
suficiente para controlar a replicação e nesses casos tem evolução para forma crônica, onde nessa tem a resposta imune
acontecendo, tem o vírus replicando e a lesão hepática lenta e progressiva.
O fígado se regenera, então a lesão hepática acontece e ele se regenera assim sucessivamente, até que em certo ponto
não se regenera mais e o tecido funcional hepático (hepatócitos) são substituídos por tecido conjuntivo sem função,
comprometendo a função hepática, levando a fibrose, cirrose e também pode gerar o hepatocarcinoma (câncer hepático).
O vírus da hepatite B é um DNA de dupla fita, pode integrar o genoma dele com o genoma da célula-alvo que é o
hepatócito, e contribui para o processo de oncogênese.
Na imagem tem o vírus se replicando nos hepatócitos. As pessoas têm no corpo as células apresentadoras de antígenos,
macrófagos, células dendríticas, tendo essas inclusive no fígado.
O que essas células vão fazer? O primeiro contato será esse, onde a célula vai encontrar o patógeno como estranho e
apresentar os peptídeos, os antígenos para o linfócito T helper (LTh) também chamado de linfócito T auxiliar ou TCD4. O
linfócito TCD4 que é o “general” da resposta imune vai mediar através da liberação de citocinas como IL-4, IL-5, IL-10
levando o TCD4 para um Th2, fazendo com que o linfócito B se diferencie em plasmócito e produza anticorpos específicos
e pode ter citocinas que vão estimular a proliferação do linfócito T via Th1, que vai ativar os linfócitos TCD8 (linfócitos T
citotóxicos - se chama assim também por causa uma citotoxicidade celular para a célula infectada por vírus) e esse vai
Diagnóstico
Marcadores Virais
No gráfico tem um paciente que foi infectado e da fase aguda ele fez o clearance viral, eliminando todos os vírus e ficou
apenas com os anticorpos, ou seja, o mesmo está curado.
No início, essa pessoa pegou o vírus e não estava vacinado, então o vírus vai se replicar intensamente, a carga viral no
início é bem alta e quanto mais vírus mais replicação tem, tendo então o antígeno E (HBeAg) como um dos principais
marcadores no início da infecção junto com o HBsAg → são os dois marcadores da fase aguda principais.
A resposta imune vai começar a se estabelecer ao longo das semanas após a infecção. Ao longo das semanas começa a
detectar o primeiro anticorpo, que é o Anti-HBc e esse é um anticorpo contra a proteína do capsídeo, não sendo
neutralizante e se liga ao core (centro do vírus), tendo então o Anti-HBc-IgM e tem também o Anti-HBc total. O Anti-HBc
total é muito utilizado para triagem, porque o mesmo pega o IgM e depois o IgG, que é marcador de exposição e fica por
toda a vida do indivíduo.
*O anti-HBc sendo o mesmo IgM está na fase aguda, tendo replicação. O anti-HBc total geralmente é utilizado na triagem.
O vírus está na corrente sanguínea replicando e assim tem muito antígeno S (HBsAg), depois esse HBsAg começa a cair,
porque a resposta imune acontece e o anti-HBs já está neutralizando o vírus. Uma hora no gráfico aparece uma espécie
de janela, não detectando nem HBsAg e nem o anti-HBs (anticorpo neutralizante), porque o anti-HBs se liga no vírus e isso
é chamado de neutralização da partícula viral mediada por anticorpos, acontecendo então a neutralização. Então, no
exame laboratorial tem que ter o anticorpo ou antígeno livre para poder detectar; quando o paciente está evoluindo para a
cura no momento que a neutralização entra em equilíbrio, que seria a quantidade de vírus e a quantidade de anticorpos
ligados é a mesma, então está tudo ligado e não conseguirá detectar no laboratório, sendo natural da doença.
Depois o vírus para de replicar e o anti-HBe (antígeno E) não é mais detectado e o anticorpo começa a sobrar e começa a
detectar o anti-HBs que é o marcador de imunidade, sendo um anticorpo neutralizante e desejável e o paciente curado tem
o anti-HBs em altos títulos, e é o mais importante marcador de cura.
Hepatite B Crônica
*O exame para saber se a vacina funcionou é o anti-HBs, que deve dar reagente.
● HAV:
- IgM Anti-HAV (fase aguda).
- IgG Anti-HAV (infecção passada e sem cronificação).
● HBV:
- (Explicação anterior)
● HCV:
- Anti-HCV.
O anticorpo contra o vírus da hepatite C; anti-HCV significa total, ou seja, IgM e IGg. O anti-HCV detecta anticorpos IgM e
IgG contra o vírus da hepatite C. Pede normalmente esse, porque na triagem a maioria dos pacientes não sabem na fase
aguda que tem hepatite C, porque é silenciosa. 80-90% fica crônico. Esse anticorpo não é neutralizante, então se o
anti-HCV der positivo não se pode dizer que a pessoa está com o vírus, porque a pessoa pode estar curada e com o
anticorpo ou crônico e com o anticorpo.
- HCV-RNA
Esse irá definir se a pessoa está infectada ou não; o RT-PCR para HCV também diz se a pessoa está infectada.
HCV-RNA positivo a pessoa está crônico ou na fase aguda (raro).
● HDV:
- Anti-HDV.
É a pesquisa de anticorpos IgM e IGg para delta vírus; se der positivo pode cronificar.
- AgHDV.
Se tem antígeno, tem partícula viral.
- HDV RNA.
Se tem RNA, tem partícula viral.
● HEV:
- IgM Anti-HEV (fase aguda).
- IgG Anti-HEV (infecção passada e sem cronificação).
Giulia Magno Rocha
A hepatite A e E são parecidas.
Vacinação - HBV
Tratamento
O IFN também é medicamento. Também tem-se antivirais que vão inibir o ciclo de replicação.
Tem drogas como o Adefovir que são utilizadas para tratar HIV e que foi utilizada para tratar hepatite B, tendo
demonstrado bons resultados.
Staphylococcus
Microbiota são microrganismos, bactérias, fungos e vírus que vivem geralmente em harmonia em determinada área do
corpo. A microbiota fortalece as defesas naturais do corpo, é composta principalmente por bactérias benéficas que
produzem peptídeos antimicrobianos controlando uma população patogênica.
Tem-se vários tipos de Staphylococcus; quando o microrganismo está fora do seu sítio normal, da microbiota residente o
mesmo pode causar infecções. Às vezes uma bactéria que é comum em determinada área se estiver em outra região pode
causar uma patologia.
Os Staphylococcus são muito prevalentes, principalmente na pele e mucosas e eventualmente podem causar
infecções, porque são patógenos oportunistas. Causam infecções que quando a bactéria está se multiplicando por
induzir um grande processo inflamatório causam infecções piogênicas, que resultam na morte de polimorfonucleares e que
vai resultar na formação de secreção purulenta; são bactérias importantes a nível de infecções hospitalares.
Staphylococcus
Importância:
● Microbiota normal do homem e animais.
“Essas bactérias estão presentes na pele e nas membranas mucosas dos seres humanos.” (MURRAY)
● Alta frequência em infecções hospitalares.
● Multirresistência a antimicrobianos.
● Crescem a 10% de NaCl - halotolerantes (toleram a concentração salina).
● Possui cápsula.
“A camada mais externa da parede celular de muitos estafilococos é recoberta por uma cápsula polissacarídica.”
(MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Quando a bactéria tem cápsula é uma bactéria mais virulenta, é utilizada como fator de virulência. A cápsula inibe a
fagocitose, então atrasa a ação dos fagócitos, sendo isso tudo importante para a bactéria continuar o processo de
colonização.
“Os estafilococos são patógenos importantes para os seres humanos, sendo responsáveis por um amplo espectro de
doenças sistêmicas, de gravidade considerável, incluindo infecções da pele, tecidos moles, ossos e trato urinário; e
infecções oportunistas.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Giulia Magno Rocha
● Cocos Gram-positivos:
Tem formato de “cacho de uva”, porque os planos de divisão são acima de 3 planos e irregulares.
● Catalase positivos.
● São imóveis.
● Anaeróbios facultativos.
● Crescem em uma temperatura que varia entre 18 - 40ºC.
São chamadas de bactérias mesofílicas, é uma bactéria que cresce geralmente em temperatura nem tão alta e nem tão
baixa. A bactéria resiste a uma temperatura ambiente, de início, de processo de cozimento, temperatura de resfriamento
natural dos alimentos, isso favorece bastante a permanência e a viabilidade da bactéria.
Staphylococcus aureus
● O nome “aureus” significa “dourado” em latim, qualidade atribuída ao pigmento amarelo característico produzido
pela bactéria.
● Colônias redondas, lisas, elevadas e cremosas.
É uma bactéria diversificada no sentido de fatores de virulência, não quer dizer que todos esses fatores estarão expressos
simultaneamente, isso vai depender da cepa que está envolvida no processo infeccioso.
● Cápsula.
Tem ação antifagocítica.
● Proteína A.
● Exotoxinas:
- Toxinas esfoliativas (ETA e ETB) - SSSS.
Destroem as pontes intracelulares do estrato granuloso da epiderme, levando a descamação da pele e vai resultar na
síndrome da pele escaldada.
- Enterotoxinas (A-R) -Toxina 1 de síndrome de choque tóxico (TSST-1).
A bactéria produz enterotoxinas no alimento, causando intoxicação alimentar. A toxina do choque tóxico é considerada um
superantígeno (são antígenos que são produzidos por bactérias que estimulam de maneira exacerbada a produção de
citocinas, principalmente as citocinas pró-inflamatórias; o fato de estimular de forma exacerbada a produção dessas
citocinas leva a liberação desses mediadores químicos na circulação sanguínea e que afetam vários alvos, então tem um
nível de processo inflamatório sistêmico devido a alta carga de citocinas e por isso é um choque - síndrome do choque
tóxico).
- Hemolisinas.
São proteases que vão degradar eritrócitos, neutrófilos e algumas outras células do sistema imune.
*Bactérias Gram-positivas não possuem endotoxina, possuem exotoxinas.
● Enzimas:
- Catalase.
- Hialuronidase.
- Fibronolisina.
- Coagulase.
- Nuclease.
Infecções estafilocócicas:
● Piodermites:
- Impetigo.
- Foliculite.
- Hordéolo (terçol).
- Furúnculos.
- Infecções estafilocócicas de feridas.
● Otites.
● Osteomielites e artrite séptica.
● Bacteremia e endocardite.
● Pneumonia e empiema.
● Síndrome da pele escaldada (doença de Ritter).
● Síndrome do choque tóxico.
● Intoxicação alimentar.
● Doenças mediadas pela proliferação dos microrganismos.
A presença do microrganismo se multiplicando devido principalmente a presença da cápsula junto com o peptidoglicano,
que também leva a ativação do processo inflamatório, recrutamento de células do sistema imune inato, leva a formação do
processo inflamatório com formação de pus.
● Infecções cutâneas.
Necessita de uma porta de entrada para o microrganismo, por exemplo uma agulha em que não houve uma antissepsia
correta da pele, então a introdução e inoculação da agulha foi uma porta de entrada para a presença de microrganismos
da pele. Entra o S. aureus na região e inicialmente as células residentes, como na figura seriam as células epiteliais e
também células de Langerhans (células apresentadoras de antígenos própria da pele) vão identificar que algo está errado,
e assim vão produzir mediadores como citocinas para recrutar os “soldados”, podendo produzir IL-8 para recrutar os
neutrófilos e esses começarem a fagocitar. A bactéria vai tentar se evadir, porém muitos vão morrer e vão formar o
abcesso. O recrutamento dos neutrófilos, células epiteliais e de células de Langerhans vão formar um abscesso.
*A constituição celular de um abscesso é uma resposta basicamente do sistema imune inato e é totalmente diferente da
composição do granuloma.
O abscesso maduro terá várias células mortas, por isso tem secreção purulenta e tem bactérias viáveis. A formação do
abscesso maduro dura de 6 - 14 dias.
Patogênese
● Invasão tecidual.
● Reação inflamatória aguda - liberação de fatores de virulência.
● Cápsula.
● Combate entre neutrófilos e bactérias.
Basicamente é a resposta imune inata.
● Cura ou evolução das lesões.
Pode regredir naturalmente a depender da quantidade de bactérias, e a depender do sistema imune do hospedeiro, porém
pode evoluir e terá que haver intervenção com drenagem, tratamento, uso de antibióticos.
Manifestações clínicas
- Pneumonia: por aspiração de secreções orais (secundária à intubação e ventilação mecânica de origem
hospitalar.
Giulia Magno Rocha
Normalmente essa pneumonia é multibacteriana ou multimicrobiológica, não tendo ação somente uma bactéria.
“O exame radiográfico revela a presença de infiltrados irregulares com área de consolidação ou abscesso, sendo o último
condizente com a capacidade do microrganismo de secretar enzimas e toxinas citotóxicas e formar abscessos
localizados.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Diagnóstico laboratorial
Microscopia:
● Os estafilococos apresentam-se em espécimes clínicos como células isoladas ou em grupos - Cocos
Gram-positivos.
S. aureus
No ágar-sangue como possui hemolisinas pode apresentar determinado grau de hemólise, então vão ter colônias com
áreas de hemólise ao redor, assim como no Streptococcus.
A enzima extracelular mais importante é a coagulase. A produção de coagulase é exclusiva ao Staphylococcus aureus,
sendo inclusive, um critério para a identificação de uma amostra como pertencente à espécie.
A coagulase vai transformar o fibrinogênio em fibrina.
● Prova da coagulase: a bactéria é inoculada num tubo com plasma de coelho. Se o plasma coagular, a espécie é
S. aureus.
Inocula em tubos, coloca os tubos na estufa a 37ºC e se ficar com aspecto de gelatina é um resultado positivo (coagulase
positiva), mas se continuar líquido é um resultado negativo.
Isolamento e identificação
A prova da catalase é importante para diferenciar o Staphylococcus do Streptococcus, porque os Streptococcus são
catalase negativo.
(liberação de oxigênio)
● Teste de aglutinação do látex azul para detecção de proteína A associado à Staphylococcus aureus.
● Resultado em 60 segundos.
● Sensibilidade / especificidade: 99/92%.
● Inclui partícula de látex, cartão para teste, haste e controles positivo e negativo.
Aqui as hemácias são sensibilizadas com fibrinogênio e hemolisina e se ligam à proteína A, levando a um aglutinado
visível a olho nu. Se ficar aglutinado é o Staphylococcus.
● A penicilina era a principal opção terapêutica para infecções estafilocócicas até os anos 60.
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Porém a bactéria foi adquirindo resistência, produzindo enzimas que são chamadas de β–lactamases, que são enzimas ou
penicilinases que degradam o anel β-lactâmico das penicilinas. dos
As penicilinas possuem um anel que é chamado de anel β-lactâmico, então as β-lactamases degradam o anel e então a
penicilina perde sua função.
A penicilina age nas ligações peptídicas no peptidoglicano, então as penicilinas degradam as ligações peptídicas deixando
o emaranhado do peptidoglicano frouxo e assim desestabiliza a parede celular. A parede celular se rompe, permitindo a
entrada de fluidos. As β-lactamases clivam e quebram a penicilina inicial.
● Atualmente apenas 10% das cepas são sensíveis à penicilina.
● Para contornar o problema de resistência às penicilinas foram criadas penicilinas semi-sintéticas
resistentes à hidrólise pelas β–lactamases (meticilina, oxacilina, etc).
A bactéria também evoluiu e ficou resistente à meticilina e a oxacilina que são penicilinas sintéticas.
● Atualmente, muitas cepas de S. aureus são resistentes a estas penicilinas semi-sintéticas, sendo
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conhecidas como “MRSA”.
● A resistência é devida à aquisição do gene mecA que codifica uma proteína ligadora de penicilina alterada
• (PBP-2), com baixa afinidade pelos beta-lactâmicos. Esta resistência é mediada pela produção de
penicilinases.
Para a penicilina chegar e entrar na parede celular da bactéria, ela precisa se ligar a uma fechadura dentro da parede
celular. É como se a penicilina fosse a chave e a proteína ligadora de penicilina fosse a fechadura, então precisa
primeiramente encaixar na fechadura para ter a ação no peptidoglicano. A bactéria diante disso mudou a “fechadura”,
então a penicilina mesmo sendo sintética não reconhece a fechadura e não consegue ligar e entrar e ter a sua ação no
peptidoglicano.
Levi ● Até pouco tempo atrás, cepas de MRSA estavam restritas no ambiente hospitalar, mas surtos na
comunidade (CA-MRSA) têm sido relatados e estão associados ao desenvolvimento de doenças graves.
● Como opção de tratamento para cepas MRSA: glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina).
Para tratar as cepas mais resistentes precisa utilizar outros tipos de antibióticos, que não possuem o anel β-lactâmico,
como por exemplo os glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina) que são antibióticos que agem em outras funções, como
em enzimas da bactéria, em síntese de proteína e não no peptidoglicano propriamente dito, mas em outras funções da
bactéria para causar lesão e morte bacteriana.
Streptococcus pyogenes
“S. pyogenes causa uma variedade de doenças supurativas e não supurativas. Embora este microrganismo seja a causa
mais comum de faringite bacteriana, a notoriedade de S. pyogenes, popularmente chamado de “bactéria carnívora”, é
resultado de sua associação como a causa de mionecroses fatais.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Epidemiologia
Fã
● Proteína M (mais de 80 tipos): sorotipos
- Contribui para a resistência à fagocitose (adere a porção Fc; ou se liga a proteína C3b).
.
A proteína M é o principal fator de virulência, tem função inicial de colonização, reconhecimento da célula. É uma
adesina e está na parede celular, se projeta da parede celular da cápsula e possui a função de reconhecimento celular
para poder iniciar a colonização, também contribui com resistência para a fagocite, porque a mesma se liga na porção Fc
do anticorpo para parar a opsonização e reconhecimento do anticorpo ao fagócito e isso atrasa o sistema imune inato de
agir.
Essa também cliva e inibe a ação do C3b, que é uma proteína importante no sistema complemento; o sistema
complemento são proteínas ligadas que se depositam na parede ou na membrana de um determinado patógeno para
causar dano nessa parede e destruição do patógeno, então a cascata das proteínas do sistema complemento tem a via
alternativa que se inicia pela C3 e quando tem algum patógeno que tem algum fator de virulência que atrapalha essas
proteínas de agirem vai atrapalhar também a ativação desse sistema complemento, então atrapalha a ativação do sistema
imune inato.
● Fímbrias – aderência.
● Proteína F.
É uma adesina importante, essa é necessária para o início do processo de colonização.
● Cápsula de ácido hialurônico – não provoca resposta imune.
Tem cepas do S. pyogenes capsulado e cepas não capsuladas. As cepas capsuladas possuem uma cápsula de ácido
hialurônico, que é um ácido hialurônico idêntico ao que é encontrado na membrana das células do hospedeiro. Por
exemplo, o neutrófilo tem dificuldade de reconhecer a bactéria como estranha por causa da constituição da cápsula, então
isso é um mecanismo de evasão do sistema imune, porque atrapalha o reconhecimento.
“Algumas cepas de S. pyogenes apresentam uma cápsula externa de ácido hialurônico que é antigenicamente
indistinguível do ácido hialurônico do tecido conjuntivo dos mamíferos. As cepas encapsuladas têm maior probabilidade de
causar infecções sistêmicas graves, pois a cápsula protege a bactéria da eliminação por fagocitose.” (MURRAY;
ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
● Protease C5a – contenção do recrutamento dos leucócitos.
A C5 convertase é uma enzima que participa do sistema complemento e parte dessa enzima se tem a C5a, que é
quimiotática principalmente para os neutrófilos. Se tem uma enzima que degrada a C5a, atrapalha o recrutamento dos
neutrófilos no local que ocorre a colonização, então favorece a permanência da bactéria.
● Enzimas extracelulares:
São importantes principalmente para o poder invasor da bactéria.
A proteína M sai da parede celular e se projeta externamente, tendo a função de atrapalhar a ação do anticorpo a se ligar,
se liga ao C3b e também funciona como adesina, como está externamente se liga também a algum receptor na célula
epitelial.
Carboidrato-C é utilizado para verificação de Lancefield.
Exotoxinas:
A bactéria vai segmentar várias exotoxinas. Oi
* As bactérias Gram-positivas não possuem endotoxinas, somente exotoxinas. N
● Toxina eritrogênica (pirogênica): SpeA, SpeB, SpeC, SpeD.
“As exotoxinas pirogênicas estreptocócicas (Spe), originalmente chamadas de toxinas eritrogênicas, são produzidas por
cepas lisogênicas de estreptococos. Quatro toxinas termolábeis imunologicamente distintas (SpeA, SpeB, SpeC, e SpeD)
têm sido descritas em S. pyogenes e em raras cepas de estreptococos dos grupos C e G. As toxinas agem como
superantígenos, interagindo tanto com macrófagos como com células T auxiliares, aumentando a liberação de citocinas
pró-inflamatórias. Acredita-se que esta família de exotoxinas seja responsável por muitas das manifestações clínicas das
doenças estreptocócicas graves, incluindo a fascite necrosante e a síndrome do choque tóxico estreptocócico, bem como
a erupção cutânea observada em pacientes com escarlatina. Ainda não está claro se a erupção cutânea resulta de um
efeito direto da toxina no leito capilar ou, mais provável, se é secundária a uma reação de hipersensibilidade.” (MURRAY;
ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
- Produzidas por cepas lisogênicas.
Giulia Magno Rocha
São as cepas que possuem um profago. O profago é quando um vírus infecta uma bactéria e o genoma desse vírus
inserido no genoma da bactéria, o genoma do vírus passa a ser parte da bactéria e essa pode adquirir uma característica a
mais ou secretar uma proteína graças a presença desse profago. Por exemplo, Clostridium botulinum que é o agente
causador do botulismo, a toxina que causa flacidez muscular é uma toxina que só está presente graças que o Clostridium
botulinum possui um fago inserido no seu genoma e que leva a produção da toxina botulínica.
As bactérias que possuem esse quadro de inserção de genoma viral é porque participaram do ciclo lisogênico. As
toxinas pirogênicas (SpeA, SpeB, SpeC e SpeD) só estão presentes em cepas lisogênicas e que vão levar a
quadros de vermelhidão na pele, febre e além disso elas também são chamadas de superantígenos.
- Placas vermelhas na pele e febre.
O processo inflamatório leva a placas vermelhas e também induzem a produção de citocinas, células do sistema imune e
levam a ativação do sistema termorregulador e leva a quadro de febre.
- São superantígenos: forte estimulação de monócitos e linfócitos; aumento na secreção de TNF-α.
Superantígeno é quando a bactéria estimula de maneira exacerbada os linfócitos, tendo produção de citocinas em
quantidade exacerbada, como TNF-α, IL-1.
Superantígenos
A célula apresentadora de antígeno (APC) fagocita o patógeno estranho, o destrói, empacota e o entrega para os linfócitos
T, no caso o linfócito TCD4 porque vai apresentar via MHC classe II, tendo um receptor para isso que é o MHC e entrega o
“pacote” para o linfócito T e se conecta com o receptor do linfócito T, que é o TCR, tendo então o processamento e
apresentação do antígeno. Isso vai induzir que a célula T se torne uma célula produtora de citocinas em um nível normal,
mas quando acontece essa conexão através de apresentação de um superantígeno esse superantígeno não se conecta
de forma correta aos receptores, o mesmo possui baixa afinidade de conexão com esses receptores e isso causa uma
“confusão” na ativação do linfócito T, e ao invés do linfócito T produzir uma quantidade normal de citocinas ele apresenta
produção exacerbada dessas citocinas pró-inflamatórias, que a nível sistêmico de circulação pode levar a processo
inflamatório em vários alvos, aumento da permeabilidade vascular ou acontecer uma hipotensão, febre devido a alta
produção de citocinas pró-inflamatórias que se vê em um quadro de síndrome de choque tóxico.
Na imagem demonstra o resumo de todos os fatores de virulência desde o início do processo de colonização.
No caso demonstra a pele e o S. pyogenes pode colonizar naturalmente a pele, podendo penetrá-la assim como nos
Staphylococcus, devido a uma superpopulação da bactéria na pele, como no caso de crianças que ficam em creches ou
escola e até mesmo devido a falta de higiene, picada de inseto, etc.
O S. pyogenes vai penetrar e para iniciar o processo de colonização precisa de fatores de invasão e aderência, como a
proteína M, fímbrias, proteína F, a cápsula de ácido hialurônico não sendo reconhecida pelos neutrófilos, a proteína M se
ligando a porção e atrasando a ação do sistema complemento e funcionando como adesina nesse momento é importante
para o início do processo de colonização, então a bactéria vai penetrar através desses fatores de virulência iniciais.
Em seguida para atrapalhar a ação inicial de neutrófilos, que é o protagonista a nível de resposta imune inata, ela vai
atrapalhar a opsonização por se ligar na porção Fc, se ligando na região da dobradiça do anticorpo e impedindo a
opsonização, a cápsula do ácido hialurônico não sendo reconhecida pelos neutrófilos e então isso tudo favorece a
permanência da bactéria.
A protease ou peptidase vai impedir a ação da C5a para recrutar os neutrófilos; o fator de virulência que é o SIC é o
inibidor do sistema complemento, que além de inibir o sistema complemento vai inibir a produção de peptídeos
antimicrobianos pelas células epiteliais que agem diretamente nas células bacterianas. A bactéria terá a DNase que age
diretamente nos neutrófilos, degradando o DNA dos neutrófilos; as toxinas pirogênicas ou eritrogênicas, que além de levar
a indução de processo inflamatório podem ter ação direta em algumas interleucinas importantes que são necessárias para
o recrutamento de neutrófilos, como a IL-8 e impede a ação dessa IL-8, se a IL-8 não está ativa impede o recrutamento
dos neutrófilos no local.
São vários mecanismos para atrasar a ação dos neutrófilos, além disso tem a estreptolisina S e O para levar a destruição
de neutrófilos e macrófagos, então essa bactéria tem diversos mecanismos que atrapalham a ação do sistema imune. Isso
● Modelo proposto.
● Regulação de genes de virulência.
A bactéria iniciando o processo de colonização na pele pode até ser reconhecida por um neutrófilo, mas como a mesma
tem o poder de regulação gênica, dos fatores de virulência principalmente pela ação da estreptolisina S, que faz a
comunicação entre esses bactérias, ela pode levar a cepas mais resistentes. A bactéria por modulação gênica dos fatores
de virulência pode passar a expressar uma cepa que tem uma cápsula mais robusta, uma cápsula que não vai ser
reconhecida pelo neutrófilo, por exemplo, e isso favorece a disseminação pelo sistema e pode atingir outros órgãos.
No início a bactéria está com o poder de invasão do sistema imune inato, mas o objetivo da bactéria é atingir a circulação
sanguínea, para causar um efeito mais sistêmico se tiver as toxinas pirogênicas causando a produção de citocinas por
linfócitos T, levando assim a síndrome do choque tóxico ou a nível de pele atingindo as camadas mais profundas,
principalmente por ter um alto poder invasor e pode causar, por exemplo uma osteomielite, fasciíte necrosante ou necrose
no tecido muscular, celulite no tecido subcutâneo, erisipela no tecido a partir da derme.
O S. pyogenes tem uma característica muito invasora e por isso leva a vários quadros com enfermidades diferentes no
hospedeiro, também causa sequelas imunológicas que seria a glomerulonefrite ou febre reumática.
● Infecções de pele:
- Impetigo (piodermite) – lesões superficiais com formação de crostas.
“Erisipela é uma infecção aguda da pele. Os pacientes apresentam dor localizada, inflamação (eritema, calor), aumento
dos linfonodos e sinais sistêmicos (calafrios, febre, leucocitose). A área da pele envolvida fica tipicamente elevada,
diferenciando-se das regiões não afetadas. A erisipela ocorre mais comumente em crianças pequenas e idosos,
historicamente na face, mas atualmente é mais frequente nas pernas, e usualmente é precedida por infecções do trato
respiratório ou da pele com S. pyogenes.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
- Fasciíte necrosante:
É uma doença mais séria e atinge tecidos mais profundos, principalmente quando é a nível de músculo.
● Infecções de garganta:
- Faringite estreptocócica
Tem-se amigdalite com focos de pus, na coleta de orofaringe irá encontrar o S. pyogenes e é um quadro semelhante
encontrado no S. aureus, sendo importante fazer o diagnóstico diferencial para o Staphylococcus aureus.
A fasciíte necrosante é quando a bactéria já tem o sinergismo de enzimas como estreptolisina S, estreptolisina O,
estreptoquinase principalmente, porque tem ação de derramamento vascular já que impede a ação da fibrina (o poder de
reparo) e leva a um processo de necrose do tecido da epiderme, leva a necrose a nível de músculo devido a invasão e
proliferação da bactéria.
É uma doença que precisa intervir rapidamente, porque ela se multiplica e evolui rápido. Sempre tem que ter uma
intervenção cirúrgica, onde se deve fazer o desbridamento, a retirada do tecido que já foi necrosado e uma
antibioticoterapia para que ocorra a parada do crescimento da bactéria.
Geralmente ocorre em indivíduos mais velhos, não sendo comum em pacientes pediátricos. Sendo mais comum em
pacientes HIV positivo, imunossuprimidos.
“Fascite necrosante é uma infecção que ocorre no tecido subcutâneo profundo, dissemina-se ao longo dos planos fasciais
e é caracterizada por uma destruição extensiva do músculo e do tecido adiposo. O microrganismo (referido pelos meios de
comunicação como “bactéria carnívora”) é introduzido no tecido através de uma descontinuidade na pele (p. ex., cortes
pequenos ou trauma, infecção viral vesicular, queimadura, cirurgia). Inicialmente há uma evidência de celulite, que em
seguida forma uma bolha, gangrena (necrose tecidual associada à obstrução do fluxo sanguíneo) e desenvolvimento dos
sintomas sistêmicos. As características dessa doença são toxicidade, falência de múltiplos órgãos e morte; assim, é
necessária a pronta intervenção médica para salvar o paciente. Diferentemente da celulite, que pode ser tratada com
terapia antimicrobiana, na fascite é necessário conjugar um tratamento agressivo, que inclui desbridamento cirúrgico do
tecido infectado.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Infecções sistêmicas:
● Febre escarlatina – profago codificante de toxinas eritrogênicas (SpeA e SpeC).
Causada pelas toxinas pirogênicas que tem o profago, geralmente após uma faringite porque a bactéria é invasora e pode
atingir a circulação sanguínea e ficar a nível de pele, ter pequenos processos inflamatórios, resultando no exantema
principalmente a nível de pescoço e dorso.
São cepas lisogênicas.
“Febre reumática é uma complicação não supurativa da faringite por S. pyogenes. É caracterizada por alterações
inflamatórias envolvendo coração, articulações, vasos sanguíneos e tecidos subcutâneos. O envolvimento do
coração se manifesta como uma pancardite (endocardite, pericardite, miocardite) e está frequentemente associado a
nódulos subcutâneos. Pode ocorrer um dano crônico e progressivo das válvulas cardíacas. As manifestações em
articulações podem variar de artralgias a artrite clara, com envolvimento de múltiplas articulações em um padrão migratório
(i.e., o comprometimento muda de uma articulação para outra).” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
Por exemplo: a pessoa teve uma faringite, após 1 ou 2 semanas pode apresentar um quadro de febre reumática, porque
esses anticorpos que foram produzidos contra o S. pyogenes, só que passa também a reconhecer antígenos a nível do
coração e causar uma endocardite, pode reconhecer também antígenos nas articulações, geralmente substâncias que são
muito semelhantes a proteína M e ao colágeno, assim a pessoa vai ter artrite na febre reumática.
*Na glomerulonefrite pode ter a glomerulonefrite tanto após a faringite, como após o impetigo.
Não é a presença da bactéria a nível de glomérulo que vai causar a inflamação no glomérulo, mas sim a deposição de
imunocomplexos. O imunocomplexo é o antígeno e anticorpo.
Existem dois antígenos documentados da bactéria que podem estar envolvidos na glomerulonefrite, que é o receptor de
E- plasmina associado à nefrite e a toxina pirogênica B, que possui uma certa afinidade pelo tecido glomerular, ainda não
se sabe muito bem o porquê, acredita-se que é muito atraída pela carga eletronegativa da membrana basal dos
glomérulos e existe uma tendência que as cepas nefrogênicas sejam atraídas por se depositar a nível da luz dos
glomérulos e elas tem afinidade por se ligar a plasmina, essa ligação com a plasmina leva a uma cascata de sinalização
de células do sistema imune, ativação do sistema complemento, presença de neutrófilos, macrófagos, presença de
Epidemiologia da GNPE
Glomerulonefrite pós-estreptocócica-NAPlr
Tem no rim a menor unidade funcional dele que é o néfron, esse tem diversas regiões e uma delas são os glomérulos, que
é a parte de filtração do rim.
Os glomérulos são um emaranhado de capilares, onde tem a passagem do sangue e filtração das substâncias que depois
irão virar urina.
Na luz do glomérulo é onde terá a afinidade e deposição de antígenos, que é o receptor de plasmina associado à nefrite,
mas também a toxina pirogênica, eles vão se localizar na luz (parte azul na imagem da direita) e vão se ligar a plasmina, o
fato de se ligar leva ao recrutamento de linfócitos T, macrófagos, neutrófilos, ativação do sistema complemento, se houver
dano do tecido terá presença de fibrinogênio, então todo esse emaranhado de células vai se formar; na parede da
Giulia Magno Rocha
membrana se formam protuberâncias de células e essa membrana era pra ser o filtro, a filtragem fica comprometida
devido ao aumento de células.
Glomerulonefrite pós-estreptocócica
Se reduzir a taxa de filtração glomerular vai ter maior concentração de sódio, precisando então de maior quantidade de
água, então a pessoa terá edema, diminuindo também a quantidade de urina (oligúria) e devido a reter a água poderá ter
hipertensão; como a filtração está atrapalhada poderá ter presença de sangue (hematúria - urina com cor de coca-cola) e
proteína (proteinúria).
A glomerulonefrite pós-estreptocócica ocorre de 1-2 semanas após uma infecção de garganta, que seria a faringite; de 3-6
semanas após infecção de pele, que seria o impetigo ou piodermite.
É uma doença autolimitada e se resolve rapidamente, a intervenção médica é mais a tratamento de suporte, como o uso
de diuréticos, diminuição da ingestão hídrica, pode ser feita a antibioticoterapia, porém como é uma doença mais
imunológica só se faz a antibioticoterapia se em algum teste ainda for isolado a bactéria; o tratamento pode ter uso de
anti-hipertensivos, etc.
Resumindo a GNPE
Teve a infecção pelo GAS (Streptococcus do grupo A, que é β-hemolítico); 1-2 semanas ocorre após a faringite e até 6
semanas após o impetigo, tem deposição de imunocomplexos, de C3, de fibrinogênio, pode ter ativação da cascata de
coagulação e isso tudo a nível de glomérulo, atrapalhando a filtração glomerular, podendo resultar em oligúria, proteinúria,
hematúria e edema.
Tem resolução em 2 a 3 semanas e faz tratamento de suporte do paciente.
Pode ser feita a coleta da secreção do impetigo (as crostas) e isolar o S. pyogenes; na faringite faz a coleta da orofaringe e
coloca no meio ágar-sangue para crescer e visualizar os β-hemolíticos, porque vai causar a hemólise completa ao redor da
colônia. Será feito o Gram para observar a bactéria Gram-positiva em cadeias.
● Teste da catalase:
O teste que tem que ser feito para diagnóstico diferencial é do Staphylococcus, porque várias das doenças do
Staphylococcus também pode causar a glomerulonefrite (pode ser causada pelo S. aureus), porém em menor grau; na
Diagnóstico
● ASLO : antiestreptolisina O.
É a detecção da estreptolisina O e essa é imunogênica, ou seja, induz a produção de anticorpos.
Tem-se kits de imunoaglutinação e aqui se utiliza o soro do paciente porque quer saber se o paciente tem anticorpo contra
a estreptolisina O. No kit tem a estreptolisina O, então pinga em cima do soro do paciente e se essa se ligar ao anticorpo,
vai aglutinar, tendo resultado positivo.
*A estreptolisina S é muito invasora, mas não é imunogênica.
Tratamento
Infecções urinárias
A bactéria tem fatores de virulência para causar a infecção, são bactérias extremamente móveis e tem flagelos
peritríquios.
No início do processo de colonização a nível de uretra, os flagelos são chamados de perítricos, são bactérias que são
muito móveis e elas podem vencer o fluxo da urina, precisam nadar nesse fluxo urinário.
O fato de terem flagelos peritríquios aliado com as fímbrias para aderir na bexiga é extremamente importante no início do
processo de colonização.
A mulher gestante é naturalmente mais predisposta, por mudanças anatômicas, níveis hormonais, alguns metabólitos,
os hormônios na gravidez deixam a urina mais alcalina e isso favorece o crescimento dos bacilos gram-negativos.
A presença de cálculos urinários, uretral, câncer de próstata que impede a passagem da urina e leva a uma retenção
urinária, tudo isso leva a predisposição das infecções urinárias.
Em relação a sonda, a própria introdução da sonda pode levar a uma lesão do canal uretral, pode favorecer lesão na
mucosa da bexiga e a microlesão, o processo inflamatório pode levar a uma predisposição para colonização bacteriana.
O circuito das sondas, da bolsa coletora de urina se não estiverem bem esterilizados em um ambiente hospitalar será fonte
de entrada de microrganismos.
Tudo deverá ser avaliado de maneira contínua com a coleta de urina para analisar e verificar se não está com infecção
urinária, fazer a troca regular para um material estéril para impedir casos de infecção urinária dentro do ambiente
hospitalar ou fora também.
A E. coli uropatogênica neste gráfico está envolvida em torno de 75% dos casos de infecções urinárias, tanto nas
infecções urinárias não complicadas, como nas infecções urinárias complicadas e 65% dos casos complicados.
- A infecção urinária não complicada é aquela que o paciente não tem nenhum comprometimento anatômico, não
tem nenhuma patologia prévia e também não está utilizando sonda, são simplesmente características que
predispõem por ser um indivíduo muito idoso ou muito jovem e até mesmo características de gênero.
- Paciente com cálculo, câncer, uso de sonda ou que está gestante, usuário de imunossupressores, se diz que o
paciente tem, desenvolveu uma infecção urinária complicada.
Tem-se microrganismos mais relevantes, como a E. coli uropatogênica (UPEC), K. pneumoniae, Staphylococcus
saprophyticus, GBS, etc.
As bactérias mais importantes são a E. coli uropatogênica UPEC e P. mirabilis. Existem muitos estudos relacionados
à infecção urinária, principalmente em pacientes com ITU complicadas, levando a formação de cálculos urinários. Essas
Família Enterobacteriaceae
Grupo maior e mais heterogêneo de bacilos Gram-negativos com importância humana e veterinária.
● Gênero Escherichia
● Gênero Salmonella
● Gênero Shigella
● Gênero Klebsiella
● Gênero Citrobacter
● Gênero Enterobacter
● Gênero Morganella
● Gênero Proteus
● Gênero Serratia
● Gênero Yersinia
Muitas das bactérias desse gênero possuem espécies que não causam doenças e outras poucas espécies causam muitas
infecções, como por exemplo a própria E. coli, que está dentro do gênero Escherichia, e está naturalmente no trato
gastrointestinal de humanos e animais.
● Gêneros são classificados segundo:
- Propriedades bioquímicas.
Através da análise do metabolismo dessas bactérias, se fermentam ou não determinado açúcar, se utiliza determinada
substância como fonte de carbono, avaliar alguma atividade dela, se produz determinada enzima, como a enzima urease.
São as características metabólicas das bactérias.
- Estrutura antigênica (sorotipagem).
As bactérias possuem antígenos na parede, que é o antígeno K, H e O, que são muito bem documentados, reconhecidos
por anticorpos através da sorotipagem. Possuem vários tipos de antígenos O, vários antígenos H e vários K, e a depender
do gênero e da espécie existem vários tipos de anticorpos que reconhecem os antígenos e dizem qual é a cepa que está
envolvida no surto, a partir de uma amostra de urina, fezes, alimentos em um surto de diarreia pode caracterizar a cepa
que está envolvida no surto.
- Sequenciamento de seu material genético.
Pode-se dizer qual o microrganismo através do sequenciamento genético, através de amostra de urina, fezes, alimentos e
assim, amplifica o genoma da bactéria e analisa qual bactéria que está na infecção.
● Apesar da complexidade da família, menos de 20 espécies são responsáveis por mais de 95% das
infecções.
Características gerais:
gbqÃgom
stãfto +
● Bacilos Gram-negativos. →
● Anaeróbios facultativos.
* ● Fermentadores de glicose.
● Alguns fermentam lactose.
A prova da lactose é muito utilizada para diferenciar os gêneros que são ou não fermentadores de lactose.
-2
A Salmonella não fermenta lactose e nem Proteus, porém a E. coli fermenta a lactose.
● Maioria são móveis.
-
A maioria das bactérias dessa família são extremamente móveis, tendo flagelos peritríquios.
- São encontradas em vários lugares, principalmente no intestino dos bovinos, suínos, caprinos e ovinos.
- A contaminação do solo, lençóis freáticos, água de abastecimento é muito fácil de acontecer.
- As formas de transmissão para os seres humanos são muito recorrentes. Podem causar surtos através da água
de irrigação, solo que estava contaminado com fezes de bovinos com alguma cepa de E. coli enterohemorrágica.
- Pode ter contaminação da água utilizada para irrigar as frutas e verduras, então o ser humano pode ingerir e
desenvolver a infecção do trato gastrointestinal.
- A esfola e abertura da cavidade abdominal do animal se não for feita corretamente, a carcaça do animal pode ser
contaminada com o conteúdo gastrointestinal desse animal e durante o processamento dessa carne contaminada
com conteúdo intestinal pode ingerir essa carne com E. coli enterohemorrágica e ter colite hemorrágica
proveniente de uma esfola errada, por exemplo.
- Ao ingerir leite cru contaminado por fezes.
- Água de abastecimento de piscinas, água de suprimento de casas de repouso, de hospitais. Tudo isso pode
vincular com bactérias que pertencem a esta família para o ser humano.
Flagelos peritríquios
Tem flagelos que são inseridos em toda a parede celular da bactéria, deixa a bactéria muito móvel e isso para infecção
urinária é muito importante, principalmente para o início de colonização.
A bactéria tem que ser móvel, a mesma precisa vencer o fluxo urinário, que é unidirecional, ela precisa nadar na urina. Os
flagelos aliados às fímbrias são muito importantes, ela irá conseguir ascender até a região da bexiga, começando sua
população na mesma.
Estrutura antigênica
● Antígeno K - cápsula.
● Antígeno H - flagelo.
● Antígeno O (somático) - LPS.
São os antígenos que são reconhecidos pelos anticorpos, estão na superfície da parede celular das bactérias
gram-negativas.
dê
causa a colite hemorrágica. Essa combinação é feita por caracterização antigênica, pelo reconhecimento de anticorpos
monoclonais. Os antígenos ficam na parede celular da cápsula.
LPS
● Lipopolissacarídeo (LPS): responsável pela produção de febre (resposta pirogênica), por alterações vasculares e
ação direta sobre os mecanismos das reações de hipersensibilidade não específica.
O LPS geralmente tem ação de toxina, porque geralmente o macrófago quando fagocita o LPS é degradado, começa a
ter função tóxica no organismo, porque induz a produção de citocinas e o processo inflamatório, tendo a indução de febre,
tem produção de citocinas, principalmente a TNF-alfa e IL -1 (que são citocinas pró-inflamatórias) e atingem a circulação
sanguínea, estimulam as prostaglandinas a nível de hipotálamo no termostato.
● Extra-intestinais.
● Intestinais.
Tem várias linhagens de E. coli, linhagens que causam diarreia, meningite, infecções extra-intestinais como a infecção
urinária.
Aqui irá dar foco a uropatogênica, essa possui receptores tanto para células da bexiga, causando uma cistite.
A cistite muitas vezes é ignorada ou não curada, ou mal tratada e pode se tornar uma pielonefrite, porque essa também
possui receptores para se ligar a células renais e produz toxinas, levando danos às células renais, irá causar uma infecção
mais séria, que é a pielonefrite. Pode causar tanto infecções nos rins quanto na bexiga.
Outras bactérias causam infecções intestinais que são E. coli também, tem-se a E. coli que causa meningite neonatal
principalmente, em recém-nascidos, causa septicemia se encontrada na circulação sanguínea, assim como a UPEC.
- Tem-se linhagens que causam infecções no intestino grosso, que é a EHEC e é a E. coli
enterohemorrágica, EIEC que é a E. coli enteroinvasora e a EAEC que é a E. coli enteroagregativa.
- Tem-se as cepas que causam as infecções no intestino delgado: ETEC que é a E. coli enterotoxigênica, a
DAEC é a E. coli difusamente aderida e a EAEC que também causa infecções no intestino delgado.
● Bacilo Gram-negativo.
● Anaeróbio facultativo.
● Móvel.
● Fermenta lactose.
● Reduz nitrato a nitrito.
● Capaz de invadir e se replicar dentro das células uroteliais da bexiga, formando as comunidades
± bacterianas intracelulares.
Isso é muito ruim, porque a bactéria fica “escondida” do sistema imune, invade as células e forma um biofilme
-
intracelular, o neutrófilo para reconhecer a bactéria que está inserida é muito difícil. São mecanismos que a bactéria
possui de evasão do sistema imune e favorece, por exemplo, as recorrências das infecções urinárias por conta dessas
comunidades bacterianas intracelulares.
- A bactéria tem flagelos peritríquios ao longo de toda a parede celular bacteriana, os flagelos são importantes
principalmente no início do processo de colonização, aliados também com as fímbrias que tem as adesinas.
- Tem duas fímbrias importantes, que é a fímbria tipo 1 e a tipo P.
*- Tem hemolisinas que são toxinas, são tóxicas principalmente para as células renais, matam as células renais e
macrófagos. As toxinas são importantes principalmente quando a bactéria está a nível de rins, causando a
pielonefrite, tem a HlyA e CNF1 (fator necrosante citotóxico).
- Tem os siderófilos, as hemolisinas e elas se configuram como fatores de mecanismo de evasão, esse fator de
virulência é mais típico de bacilo. Siderófilo é uma proteína que a bactéria vai secretar para pegar o ferro do
hospedeiro para sua nutrição, então produz substâncias que são quelantes de ferro, se ligam ao ferro do
hospedeiro, quando causa dano a uma célula do hospedeiro e libera o ferro da célula do hospedeiro, pega esse
ferro para sua nutrição.
- Outros antígenos são os antígenos flagelares que a bactéria possui; a presença do flagelo é muito importante
para a bactéria.
Fímbrias da UPEC
● Fímbrias tipo 1: se ligam aos receptores de uroplaquina dispostos na superfície das células uroteliais,
promovendo a aderência da bactéria.
A fímbria tipo 1 é importante para se ligar às células da bexiga do hospedeiro, se liga ao receptor que é chamado de
uroplaquina nas células da bexiga para iniciar o processo de adesão e processo inflamatório na bexiga, resultando na
cistite. Na pontinha da fímbria tipo 1 tem uma adesina, que é chamada de FimH, a uroplaquina se liga a FimH para
iniciar o processo de reconhecimento e colonização, e quando consegue fazer as comunidades bacterianas
intracelulares, que é quando forma o biofilme dentro da célula da bexiga, ficando escondida das células do sistema imune.
● Fímbrias P: se ligam a um glicolipídeo em células renais, o que contribui para a pielonefrite.
A fímbria do tipo P se liga a glicolipídios das células renais. A fímbria do tipo P contribui para a formação da pielonefrite
(infecção no rim). Existem cepas de UPEC que não expressam essas fímbrias do tipo P, então se não expressa essa
fímbria não favorece a pielonefrite, ficando mais a nível de cistite.
Existem receptores que são importantes para se ligar à bexiga e existem aqueles que são importantes para se ligar às
células renais, tem aquelas que se ligam tanto à bexiga como também as células renais, que são a FimF e a Fim17.
A célula da bexiga começa a invadir e reconhecer e irá formar a comunidade bacteriana intracelular.
Chega um momento que rompe a célula e ocorre a esfoliação da célula, a mesma pode invadir outra célula e isso favorece
as recorrências das infecções urinárias, porque a partir do momento que está dentro da célula da bexiga não é
reconhecida pelo neutrófilo e isso faz perdurar mais ainda a infecção urinária, porque a bactéria está escondida.
Quando a bactéria estiver dentro da célula ela não é reconhecida e vai se multiplicando, aumentando a população.
Tem células maiores, compridas e essas são chamadas de bactérias filamentosas, ao invés do bacilo formar por fissão
binária duas células-filhas, ela não se separa e expande seu corpo celular, tornando-se uma célula maior, com uma área
de parede celular, de corpo celular bem maior e isso favorece a patogênese da bactéria, porque tem uma área de
aderência bem maior do que quando está menor, isso favorece como fator de virulência formar as células filamentosas.
Quando rompe a célula pode ser fagocitada pelo neutrófilo, mas também favorece que vá infectar outras células, formando
um ciclo. Quando está escondida a mesma fica protegida do sistema imune, então favorece a perdurar a infecção urinária
ou existir recorrência das infecções urinárias.
Patogênese da UPEC
A infecção, a transmissão ocorre por falta de processo de higienização correta após a ida ao banheiro, vai levar a
presença do microrganismo, que está naturalmente no trato gastrointestinal, para a região da uretra.
Essas bactérias querem ascender inicialmente através dos flagelos e fímbrias, a adesina FimH está na ponta da fímbria
do tipo 1, que é importante para o reconhecimento das células da bexiga que vão reconhecer o receptor que é a
uroplaquina,
iniciando o processo de comunidade bacteriana intracelular, e quando a bactéria está nesse local a mesma não é
reconhecida pelos neutrófilos.
Quando rompe, formam células esfoliativas e pode ser reconhecida, as próprias células epiteliais vão dar um sinal de
alerta para o sistema imune informado que está ocorrendo algo de errado, começa a produzir mediadores químicos, como
IL-8 para recrutar mais neutrófilos para o local e então inicia-se o processo de fagocitose dos neutrófilos.
M A resposta imune inata nas infecções urinárias é muito importante ser rápida para contenção da doença e induzir um
processo inflamatório, o próprio recrutamento de neutrófilos é um processo inflamatório, mas sem causar danos à bexiga,
sem causar dano ao tecido do hospedeiro e resolver a situação, porque se for muito rápida e deixar escapar a comunidade
bacteriana irá favorecer as infecções urinárias recorrentes.
Tem-se as células da bexiga, a parte em azul mais claro é como se fosse a urina e a estrutura em azul mais escuro
representa a sonda.
O P. mirabilis produz uma enzima chamada urease, pega a ureia presente na urina e vai transformar em amônia e
CO2, degradando a ureia em amônia e CO2.
A amônia é básica e vai elevar o pH da urina. Os íons que estavam solúveis na urina ácida vão se precipitar na urina agora
básica, os íons de cálcio, fosfato, bicarbonato irão precipitar e formar cálculos urinários. A bactéria utiliza o cálculo
urinário para se proteger, como se fosse uma camuflagem e também irá proteger da ação do sistema imune inato
representado aqui pelos neutrófilos.
O cálculo urinário pode ser na superfície da bexiga, na superfície de uma sonda e dentro da sonda, causando refluxo
urinário.
Além da bactéria ter cápsula, de ter os siderófilos para utilizar o ferro das células e levar a esfoliação, tem também o fator
de virulência a mais que é a urease, levando a formação dos cálculos urinários, sendo o P. mirabilis que realiza isso.
O P. mirabilis não tem capacidade de formar comunidades bacterianas intracelulares.
Urease
● Uma das principais características das UTIs causada por P. mirabilis é a litíase urinária (produção de
pedras no trato urinário). A formação destas pedras é o resultado da atividade da enzima urease que
hidrolisa a ureia em amônia e CO2.
● A produção de amônia aumenta significativamente o pH, resultando na precipitação de íons que são
normalmente solúveis na urina resultando na formação de cálculos urinários.
● Hidrólise.
● Elevação do pH.
● Precipitação de íons solúveis em urina normal.
A ureia sofre a ação pela urease, que degrada a ureia em amônia e CO2. A amônia eleva o pH da urina, levando a
precipitação de íons que estavam solúveis - de cálcio, fosfato e leva a formação da pedra.
A formação dos cálculos urinários é bom para a bactéria, porque a mesma se esconde e fica protegida do sistema
imune, dificultando a ação do sistema imune e a ação dos antibióticos, favorecendo infecções recorrentes pelo P.
mirabilis.
O mecanismo de proteção do hospedeiro, a resposta imune inata é muito importante para a contenção e não
evolução da doença causada pelas bactérias que infectam o trato urinário.
Um mecanismo rápido que pode fazer frente a presença dessas bactérias é a produção de peptídeos antimicrobianos,
que são substâncias que se ligam às bactérias e impedem que a bactéria fique aderida à célula urotelial. Sendo importante
a produção dos peptídeos antimicrobianos e esses são produzidos por diversas células que não são necessariamente
células do sistema imune.
Tem-se o trato urinário como um todo (na imagem da direita) e tem-se peptídeos antimicrobianos sendo produzidos pelos
rins, ureteres e bexiga, então podem impedir a ligação das bactérias nas células epiteliais e aliado com a presença dos
neutrófilos chegando até o local para levar a fagocitose das bactérias. A rápida resposta é importante para a contenção
sem causar danos e tem que ser resolutiva, no sentido de que ocorra a resposta rápida, mas que a mesma resolva de fato
sem causar resquícios da bactéria. Os resquícios da bactéria podem levar a infecções urinárias recorrentes.
fds
● Urocultura:
Contagem das unidades formadoras de colônia.
< 10.000 Negativo
Tratamento
Retrovírus
Família Retroviridae
● Subfamília: Orthoretrovirinae.
● Gênero: Lentivirus.
● Espécies:
- HIV-1 e HIV-2.
São as duas espécies que infectam humanos.
“O HIV-1 é o tipo mais virulento e mais disseminado pelo mundo, enquanto o HIV-2 parece ser menos patogênico.”
(SANTOS; ROMANO; WIGG, 2015)
- BIV.
- FIV.
● Gênero: Deltaretrovirus.
Nesse gênero, a espécie principal de interesse médico é o HTLV-1.
● Espécies:
- HTLV-1, HTLV-2, HTLV-3.
O HTLV-1 faz mais expansão clonal, vírus que a grande maioria dos infectados não manifesta a doença, apenas 5%
desenvolve alguma doença. As duas doenças principais do HTLV-1 são a paraparesia espástica (causa paralisia) e a
leucemia/linfoma de células T do adulto (doença neoplásica).
- HTLV-4/5.
- Vírus da Leucose Bovina (BLV).
Retrovírus em veterinária
Histórico
Estrutura do HIV
Genoma do HIV-1
● 4 acessórios:
São genes que ainda estão em pesquisa e têm tido associações importantes.
- Nef: alteração dos sinais de ativação celular, aumenta progressão para AIDS.
- Vif: infectividade viral.
Algumas mutações na estrutura do gene que o HIV codifica estão relacionadas com maior poder de infectividade viral,
tendo então progressão para a AIDS. Tem pacientes que progridem mais rápido para a AIDS, por exemplo tem o HIV e um
ano depois está com o CD4 diminuído e carga viral aumentada e com AIDS.
- Vpu: aumenta a liberação viral, diminui CD4 na superfície celular.
- Vpr: transporte do DNAc para o núcleo, interrompendo o crescimento celular, interfere na apoptose.
O HIV é um retrovírus, porque o mesmo tem RNA e apresenta alta taxa de mutações, essas mutações geram a
diversidade.
● Espécies:
- HIV-1.
É a espécie prioritária, é o pandêmico. Mais letal, tem maior gravidade e maior mutação.
- HIV-2.
Raro no Brasil, mais frequente na África e em algumas regiões da Ásia.
● Grupos do HIV-1:
- M (major).
Grupo principal, o pandêmico.
- O (outlier).
Mais raro.
- N (new/ não-M e não O).
- P (mais novo grupo/ Plantier et al, 2009).
Mais restrito na região de Camarões (mulher).
● Grupo M – responsável pela pandemia.
- Dividido em subtipos (A, B, C, D, E F, G, H, I, J e K).
- Formas recombinantes (A/G, A/E, B/F, B/G, C/D, D/F, A/B, B/C etc).
Um paciente com HIV em tratamento antirretroviral vai evoluir para resistência, tendo que posteriormente modificar o
tratamento do mesmo, já que é natural do HIV acumular mutações. Isso acontece principalmente pela transcriptase
reversa, que é uma enzima que o vírus carreia, quando fizer a transcrição do RNA para transformar em DNA existe um
erro e esse vai se acumulando.
Além das mutações naturais da espécie, tem as mutações individuais que acontecem no indivíduo ao longo do tratamento
e da infecção, sendo um dos principais problemas que interfere no desenvolvimento da vacina, porque seria necessário
que a mesma englobasse a diversidade do HIV.
● “Transcriptase reversa:
A TR é uma DNA polimerase que apresenta 3 atividades bioquímicas distintas e sequenciais: síntese da fita de DNA
complementar (DNAc) a partir do RNA viral; degradação do molde de RNA quando associado ao DNA (atividade de
RNAse H); e síntese da fita positiva de DNA utilizando o DNAc como molde.
● Integrase:
Ela promove a integração do DNA viral em um processo de 2 etapas. A IN contém 3 domínios: o domínio aminoterminal
(aa 1-50), onde se encontram 2 resíduos de histidina e 2 de cisteína que promovem a ligação com zinco.
● Protease:
A PR viral é uma proteína composta por 99 aa que é traduzida como parte da poliproteína precursora Gag-Pol. O
mecanismo que ativa a PR viral não é ainda inteiramente compreendido, mas sabe-se que a PR é responsável pelo seu
autoprocessamento, ou seja, pela sua própria liberação da poliproteína precursora.” (SANTOS; ROMANO; WIGG, 2015)
Receptores específicos
Os pesquisadores estavam mapeando as mutações em bancos de medula óssea, pegaram doadores de medula óssea
que tinham a mutação de resistência ao HIV, ou seja, pessoas que já tinham naturalmente essa mutação. Fizeram o
transplante em Timothy com paciente doador de medula mutada, que já tinha naturalmente os correceptores mutantes que
favorecem maior resistência ao HIV. No transplante de medula óssea, a medula do paciente é “morta” e coloca uma nova
medula com a mutação, então o vírus terá dificuldade de entrar em novas células que foram geradas, e com a terapia de
ataque antirretroviral esse paciente curou para o HIV. O mesmo foi monitorado por mais de 5 anos com carga viral 0 e sem
AIDS.
or
A classe de drogas mais novas que se tem para tratar o HIV são bloqueadoras da entrada do vírus na célula.
Na imagem tem o receptor CD4 e o correceptor do exemplo é o CCR-5. Aqui a gp120 se liga ao CD4, sofre mudança
conformacional, se liga no correceptor CCR-5 e faz a ligação, a qual é chamada de adesão do vírus ao receptor celular
e depois que adesão acontece, a expressão de domínios da gp41 inicia o processo de fusão.
A gp41 faz a fusão do envelope viral com a membrana da célula, o que vai penetrar no citoplasma é o núcleo capsídeo
viral e vai passar para o citoplasma da célula.
Penetração viral
Tem a gp120 e gp41, ligação do CD4, expressão de domínio e a fusão da membrana para que o vírus possa entrar para o
interior da célula-alvo.
Ciclo de replicação
Brotamento
Um fato importante dentro da patogênese é o papel do linfócito TCD4. Na resposta imune, seja contra vírus, bactérias,
fungos, parasitas, precisa do linfócito TCD4, é como se o mesmo fosse o “general”, porque dá o comando. Como o TCD4
é o principal alvo do HIV, sem essa célula o sistema imune fica sem comando e aí vem a AIDS.
Sem o TCD4 não há o comando através da produção de citocinas, IFN-y, não haverá a sinalização, por exemplo para o
linfócito B se transformar em plasmócito e produzir os anticorpos, não haverá sinalização para o macrófago ser ativado e
gerar subpopulações para fazer a fagocitose (quando ocorrer infecção bacteriana). Então, o paciente com HIV morre
devido a doenças oportunistas, porque a célula TCD4 infectada não exerce mais sua função e ao longo do tempo a
mesma declina; o paciente com HIV ao longo do tempo terá perda do TCD4, não só em relação a função, mas
também de número e a baixa desses linfócitos TCD4 vão gerar as doenças oportunistas.
Tem sido evidenciado que o maior número de casos tem tido incidência ampliada em indivíduos mais pobres, havendo
pauperização do HIV no Brasil, atingindo classes sociais mais baixas.
Era normalmente uma doença da capital, porém agora é uma doença do interior, tendo aumento do número de casos no
interior do Brasil.
Era uma doença basicamente de homossexuais, também era menos frequente em mulheres. Hoje há um número de casos
altos entre heterossexuais, quase na mesma proporção de homossexuais.
Tem-se atualmente uma feminização do HIV no Brasil e no mundo.
Formas de transmissão
● Sexual:
Transmite-se HIV nos fluidos sexuais (sêmen, secreção vaginal).
- Intercurso retal (0,1- 3,0%).
- Intercurso vaginal (0,1 - 0,2%).
- Intercurso oral (0,06-0,1%).
- Oral-vaginal e oral-anal.
● Parenteral (sangue):
- Materiais perfurocortantes.
- Transfusão sanguínea.
“Apesar de esta ser a forma de transmissão menos frequente, é a que possui maior probabilidade de estabelecimento da
infecção após o contato.” (SANTOS, ROMANOS, WIGG)
● Vertical (20-30%):
Se a mãe não fizer nada, tem chance de 20-30% de transmitir para o bebê, mas se fizer o protocolo e seguir todas as
orientações, a chance de transmitir para o bebê é menos que 1%.
- Intra-útero.
Pode afetar o feto em desenvolvimento por transpor a barreira transplacentária.
- Durante o trabalho de parto.
Principalmente durante parto natural.
- Amamentação.
O vírus é eliminado no leite materno.
Disseminação do HIV
Tem a entrada do HIV na célula e isso acontece no momento das vias de transmissão, por exemplo em uma relação
sexual, o HIV nas membranas tem uma resposta imune inata, como as células dendríticas. O problema é que o HIV
também afeta as células dendríticas e essa na porta de entrada apresenta o patógeno no linfonodo para o linfócito
TCD4, chegando lá o vírus vai se disseminar, infectando inclusive as células de memória e se espalha por todo o corpo,
tendo HIV no cérebro e em todo organismo, uma pessoa com HIV não pode nem mesmo fazer a doação de córnea, de
nenhum órgão e tecido por ter risco de transmissão.
O vírus se dissemina via linfática e corrente circulatória para todo o organismo.
Na história natural da doença quando tem um paciente que foi infectado no tempo zero, no começo a carga viral fica muito
alta (em vermelho), porque o sistema imune ainda não tem resposta para esse vírus, já que o mesmo é novo, então
explode a replicação e começa a ativar a resposta imune adquirida, produzindo anticorpos, ativando linfócitos TCD8, TCD4
e começa a se ver os anticorpos. A carga viral reduz quando se tem uma resposta específica.
Quando tem o início da infecção, tem um vírus que é apresentado e esse é o período de janela imunológica (janela de
soroconversão), por exemplo se uma pessoa suspeitar que pode ter se infectado e for recente (por exemplo 7 dias) a
possível infecção, serão feitos exames, porém o mesmo terá que repetir, porque pode estar na janela imunológica que fica
entre 4-8 semanas, ou seja, tem até 8 semanas para positivar no exame. O exame pesquisa principalmente anticorpos
e antígenos. Nesse período de janela imunológica pode dar falso negativo, então precisa orientar e monitorar o
paciente mesmo que dê negativo nesse período, dependendo da situação pode até ser orientado um PEP, uma
profilaxia pós-exposição.
No momento de soroconversão terão anticorpos e uma fase de latência clínica, clinicamente a pessoa que tem HIV pode
não saber, sendo a fase aguda oligossintomática, pode por exemplo estar com a garganta doendo e dor de cabeça e ser o
HIV. A fase aguda não tem como identificar.
Passada a fase aguda entra em latência clínica, que é em média de 2-12 anos; na latência clínica o paciente estará bem,
mas o corpo do mesmo está “lutando” contra o vírus e nesse período a carga viral aumenta e diminui, enquanto o sistema
imune estiver bem atuante a viremia ficará baixa. Na fase de latência clínica o paciente transmite o vírus? Transmite.
Se a pessoa não for diagnosticada na fase de latência, chegará o momento que terá AIDS, que será a falência da resposta
imune do mesmo, tendo depleção dos linfócitos TCD4, dos níveis de anticorpos e um aumento da carga viral do mesmo,
vindo então as doenças oportunistas. Se a pessoa for diagnosticada vai tratar e entrar na fase de latência clínica
novamente; o paciente em latência clínica tratando ou não pode transmitir o vírus, não existe latência viral em HIV, a
Quando dosa linfócito TCD4 na falência do sistema imune o mesmo vai para menos de 500, com essa baixa começa a se
observar no paciente as doenças oportunistas. Como herpes recorrente, candidíase esofágica, tuberculose, câncer, etc
que podem aparecer na fase que caracteriza a AIDS.
Caquexia
Hoje em dia não se vê tanto a caquexia, consegue-se com a terapia antirretroviral ter uma vida normal com HIV. Sendo o
HIV conhecido hoje como uma doença crônica, porque tem tratamento.
Diagnóstico laboratorial
● Cultura viral.
Nesse caso não é para acompanhamento médico, mas sim para pesquisa.
● Detecção de antígenos virais.
Tem associação de anticorpos mais antígenos que aumentam a sensibilidade do método.
● Detecção de anticorpos.
Para acompanhamento médico se faz principalmente anticorpos.
● Detecção do genoma viral.
Para monitorar a carga viral, detecção do genoma e determina as cópias virais no sangue do paciente.
Cultura Viral
A cultura viral é muito cara e tem pouco uso, sendo mais voltada para pesquisa e desenvolvimento de vacinas.
● Cultura de células mononucleares do sangue periférico:
- Atividade da transcriptase reversa.
- Produção de antígeno p24 nos sobrenadantes.
● Custo elevado:
- Laboratório com elevado nível de segurança.
Diagnóstico sorológico
Testes de triagem
Testes confirmatórios
Testes moleculares
● PCR/Nested-PCR.
● PCR em tempo real.
● Genotipagem.
● Controle do tratamento:
- Carga viral.
Tem grande importância quando se detecta a carga viral do paciente, para monitorar o tratamento, por exemplo.
- Resistência a drogas.
Controle
● Bancos de sangue.
É importante a triagem no banco de sangue, questionário epidemiológico.
● Doação de órgãos e tecidos.
● Pré-natal.
● Antirretrovirais.
● Campanhas publicitárias.
● Crescente utilização de preservativos.
Para prevenção também tem no Brasil a disposição pelo SUS do PEP e PREP.
● O PEP é uma profilaxia pós-exposição; por exemplo um médico faz uma cirurgia e se fura com agulha e o
paciente é HIV positivo, essa pessoa que se furou irá receber um coquetel chamado de PEP, que tem como
objetivo fazer a prevenção para que o vírus não entre no sistema imune e se elimine qualquer vírus que esteja
Ê*÷
Sendo esses os três alvos principais.
● Recentemente, tem-se as drogas inibidoras da entrada do vírus na célula; antagonista de CCR-5 e de gp41.
Sendo esse o quarto alvo e tem as drogas mais caras, é de uso restrito, sendo utilizado quando não tem mais
condição de tratar o paciente com as anteriores.
Enterobactérias
As DTAs são vinculadas ou pela ingestão de algum alimento (carne, frango, peixe, alimentos processados, alimentos à
base de ovo) ou água, por água contaminada.
Tem vômitos e diarreias, onde tem perda de líquidos, desidratação do corpo, perda do funcionamento normal de toda a
resposta e desenvolvimento normal das funções celulares que ficam comprometidas com o quadro repentino de diarreias,
que principalmente o público mais jovem sofre, daí tem mortalidade infantil, principalmente em países subdesenvolvidos
como o Brasil (alta taxa de mortalidade infantil), porque ainda existem muitas áreas sem saneamento básico e nesses
locais as pessoas têm acesso a esgoto aberto, a vários patógenos, falta de encanamento de água potável, tendo
contaminações de alimentos e água, e isso tudo leva ao surgimento da transmissão desses agentes.
Os principais agentes causadores, são bactérias, vírus, por exemplo tem o rotavírus (comum em crianças, causa
gastroenterite), hepatite A (fecal-oral), protozoários, etc. Quando se refere a DTA, se pensa logo em bactérias, não só
da família Enterobacteriaceae, mas de outras bactérias também.
Sintomatologia: depende muito da susceptibilidade e do organismo do hospedeiro de manifestar ou não. Por
exemplo, os indivíduos imunocompetentes apresentam quadros leves de alguns dias e outros não, se deve fazer sempre
reidratação. Em indivíduos muito idosos e muito jovens são os mais preocupantes, porque a desidratação, recorrência de
vômitos e diarreias causa preocupação e pode levar a óbitos. A depender do microrganismo envolvido, pode levar a casos
de diarreias com sangue, colite hemorrágica (inflamação do cólon) e até algumas insuficiências renais, como no caso da
infecção pela E. coli enterohemorrágica pode causar a síndrome hemolítica urêmica.
Por que surgem as DTAs? Não é só a falta de saneamento, vinculando a parte hídrica que possibilita fácil contato com os
patógenos; mas também tem a ver com a conservação do alimento, temperatura de cozimento, armazenamento correto,
prazo de validade, seleção de bons alimentos, o não reaproveitamento de um alimento que possa estar estragado,
contaminação cruzada (utilizar um tipo de alimento e ao mesmo tempo e no mesmo local utilizar outro alimento),
manipulação errada sem as práticas antissépticas, o manipulador também é um grande veiculador de patógenos.
Para o surgimento da DTA vai ser preciso o microrganismo patogênico (responsável por causar a gastroenterite), é preciso
que o microrganismo tenha a capacidade de se multiplicar, colonizar e se tornar viável no alimento e essas condições de
sobrevivência a uma temperatura que não foi empregada corretamente, a quantidade de água presente no alimento, o pH
do alimento, encontrando no alimento condições favoráveis para a multiplicação e ainda precisa de um hospedeiro
suscetível relacionada com a resposta imune.
*Tudo está relacionado à resposta imune do hospedeiro, às vezes um indivíduo está mais convalescido
imunologicamente e consegue resolver a situação do processo inflamatório a nível de enterócitos. Não necessariamente
porque, por exemplo, uma pessoa ingere um ovo cru com Salmonella que vai desenvolver, necessitando então que o
indivíduo também esteja suscetível para que tenha como resultado as DTAs.
Perfil epidemiológico
A principal é a E. coli e em segundo lugar a Salmonella, seguida por Staphylococcus aureus (muito relacionado a
alimentos manipulados).
Família Enterobacteriaceae
Fatores de virulência
Patogênese
Enteropatogênica - EPEC:
● A bactéria se adere ao epitélio do intestino, forma microcolônias e destrói as microvilosidades.
Os enterócitos tem microvilosidades que captam os nutrientes, absorvem água para as células intestinais.
A bactéria começa o processo de colonização na superfície do enterócito, através de fímbrias e no caso da EPEC vai
projetar o seu sistema secretório tipo III para injetar suas proteínas.
“Depois de ultrapassar a barreira gástrica, as EPEC aderem às mucosas dos intestinos delgado e grosso, inicialmente de
um modo mais superficial e, posteriormente, de modo mais íntimo, sendo o fenômeno de aderência multifatorial.”
(TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
“Há relatos de que infecções severas por EPEC levam a uma total destruição do epitélio absortivo intestinal, com marcante
atrofia vilositária e afinamento da camada mucosa. Sabe-se, no entanto, que além da lesão AE, muitos outros fatores
agem em conjunto para levar aos sintomas da diarreia, como alterações no transporte de íons e água, a abertura das
Quando causa a destruição das microvilosidades, a estrutura é chamada de formação de pedestal, não é algo realizado
apenas pela EPEC.
Enteroagregativa - EAEC:
● Formação de uma biopelícula (biofilme) sobre os enterócitos.
Forma inicialmente o biofilme; não tem característica de fazer o rearranjo do citoesqueleto, a mesma se conecta e injeta
várias toxinas.
● Produz várias enterotoxinas.
As citotoxinas causam dano à célula, a qual começa a produzir citocinas para causar recrutamento de neutrófilos,
ocorrendo processo inflamatório a nível de superfície do enterócito mais significativo do que na EPEC. Tem hipersecreção
de muco, por exemplo, para tentar liberar a bactéria.
● A diarreia com presença de muco ocorre geralmente em crianças e são persistentes.
Diarreia com presença de muco, porque vai apresentar processo inflamatório mais considerável.
“Adultos e crianças são suscetíveis a infecções intestinais causadas por EAEC, e a doença típica é manifestada
por diarreia secretora, mucoide e aquosa, com período de incubação curto, pouca febre e, eventualmente, vômito.”
(TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
Enteroinvasiva - EIEC:
● A bactéria se adere, invade e destrói as células epiteliais.
Causa um dano mais sério, porque destrói as células epiteliais dos enterócitos.
● Causa diarreias com muco e sangue (disenteria) e aquosas.
● Enterotoxina codificada em um plasmídio.
A enterotoxina produz uma enterotoxina que é codificada no DNA plasmidial.
● Doença invasiva:
- Aderência às células do cólon.
- Captação para o interior da célula.
Giulia Magno Rocha
Tem predileção pelas células do intestino grosso.
Causa rearranjo do citoesqueleto, tendo a formação do pedestal, a mesma também forma um vacúolo e pega os
filamentos de actina e tem receptores para esses filamentos e os utiliza para acelerar o processo de invasão, processo de
invasão lateral, causando a morte para os enterócitos e causam danos às células endoteliais, terá processo inflamatório
considerável, por isso a presença de muco e como causa lesão nos capilares, também vai ter sangue, causando
disenteria.
Enterohemorrágica - EHEC:
● Baixa dose infectante (<100 bactérias).
É a mais infectante, mais virulenta, apresenta baixa dose de infecção, e é muito agressiva.
Não tem predileção somente por enterócitos, possui receptores para o endotélio, para as células dos capilares, como
também para as células a nível renal.
Causa a síndrome hemolítica urêmica por insuficiência renal.
● Produção de verotoxinas – Toxina Shiga.
No processo inicial de colonização, pode levar a formação dos pedestais devido ao rearranjo do citoesqueleto, porém ela
produz uma importante toxina que é chamada de verotoxina ou toxina Shiga (semelhante à toxina da Shigella), essa
toxina é bastante danosa não só para os enterócitos, mas também causam mortes nas células dos capilares, endoteliais e
renais. É bem tóxica tanto para os enterócitos quanto para células endoteliais e renais.
● Causa desde diarreias leves até colite hemorrágica.
Na infecção pela EHEC, no início desenvolve diarreia leve, mas pode levar a casos de colite hemorrágica (inflamação do
cólon).
Enterotoxigênica – ETEC:
● Diarreia infantil em países subdesenvolvidos.
● Diarreia do viajante.
É uma gastroenterite que causa uma diarreia conhecida como diarreia dos viajantes, é muito ligada a países
subdesenvolvidos, causando uma diarreia aquosa.
● Transmissão oral-fecal
● Patogênese:
- Colonização do intestino delgado (CFAs).
- Enterotoxina LT e enterotoxina ST (codificadas por plasmídeos).
Patogênese da ETEC
“O mecanismo de patogenicidade das ETEC compreende basicamente a colonização da mucosa intestinal e a produção
de enterotoxinas. A colonização está relacionada à capacidade desta bactéria em aderir a receptores específicos
presentes na superfície do epitélio intestinal através de estruturas que foram denominadas genericamente de fatores de
colonização (CFs).” (TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
Causa desequilíbrio no metabolismo, tem aceleração na quebra dos agentes e hiperprodução de AMPcíclico e de
monofosfato de guanosina, tem hipersecreção de alguns sais, levando a diarreia aquosa pela ETEC.
● LT (termolábil):
- Ativa a adenilciclase.
- Resulta em aumento de AMPcíclico (AC).
● ST (termoestável):
- Ativa guanilato ciclase (GC).
- Resulta em acúmulo de monofosfato de guanosina cíclico (GMP cíclico).
“As enterotoxinas LT e ST produzidas por ETEC compreendem duas grandes famílias de toxinas de natureza proteica que
diferem quanto a sua tolerância à temperatura, estrutura, imunogenicidade e mecanismos de ação. A termolabilidade está
relacionada à perda da atividade tóxica após aquecimento a 100º C durante 30 minutos, enquanto a termoestabilidade
significa a manutenção da atividade da toxina nestas condições. Algumas amostras de ETEC são capazes de produzir as
duas toxinas, enquanto outras produzem apenas uma delas.” (TRABULSI; ALBERTHUM, 2015)
● Enterotoxigênicas – ETEC:
- Produzem enterotoxinas que causam a perda de cloro e água do intestino delgado resultando em diarreia
aquosa.
● Enteropatogênicas – EPEC:
- Destroem as microvilosidades normais das células epiteliais do intestino delgado resultando em má absorção e
diarreia também aquosa.
● Enteroagregativa – EAEC:
- Forma uma biopelícula (biofilme) sobre as células do epitélio intestinal e secreta diversas enterotoxinas. Diarreia
com muco.
● Enteroinvasoras – EIEC:
- Invadem e destroem células epiteliais do intestino grosso causando uma síndrome do tipo disenteria com muco e
sangue.
● Enterohemorrágicas – EHEC:
- Tais como E.coli 0157:H7, produzem toxinas que destroem células epiteliais do intestino grosso causando colite
hemorrágica, uma diarreia sanguinolenta.
Família Enterobacteriaceae
Ilhas de patogenicidade
Proteínas secretadas
Na imagem o “T” representa o sistema secretório que foi expresso pela ilha de patogenicidade tipo 1.
A bactéria expressa várias proteínas, Sip ou Sop.
Essas proteínas têm ação de maneira generalizada no rearranjo do citoesqueleto, no recrutamento de neutrófilos, no
processo inflamatório dentro de um macrófago, mas principalmente a ação delas é no rearranjo do citoesqueleto.
A Salmonella não produz toxinas, ela libera proteínas que levam a alterações dentro do enterócito, como um
rearranjo do citoesqueleto, ativação de fatores de transcrição que induz a produção de citocinas, mas isso não é
tóxico para a célula.
A Salmonella expressa o sistema secretório tipo 3 para liberar as proteínas, causando rearranjo do citoesqueleto, leva
ao enrugamento da membrana citoplasmática do enterócito, que é chamado de Rufus, levando a um englobamento da
bactéria, ela é endocitada e fica dentro de um vacúolo, chamado de vacúolo que contém a Salmonella.
Começa a ter suas ações, sendo fagocitada por macrófagos, apresentada através da célula M, que é uma célula
importante a nível de intestino, como célula apresentadora de antígeno; fagocitada pelo macrófago e esse sinaliza que tem
algo errado e produz citocinas, então começa um recrutamento de células do sistema imune e o surgimento de um
processo inflamatório. Isso no caso de Salmonellas não-tifoides (exemplo: Salmonella typhimurium).
A bactéria fica viável no enterócito, no GALT estimulando o recrutamento de neutrófilos, macrófagos e isso gera
inflamação - diarreia.
Patogênese da S. Typhi
● A entrada sistemática de animais portadores e excretores de Salmonella nos frigoríficos é a maior causa
de contaminação dos produtos cárneos.
Na hora da abertura da carcaça, da cavidade abdominal pode ocorrer a contaminação da carcaça com conteúdo
gastrointestinal.
● As mais frequentes fontes animais são frangos e ovos.
- Ovos podem ser infectados no ovário da galinha.
A bactéria tem predileção principalmente pela gema do ovo.
O aparelho genitourinário e gastrointestinal das aves tem uma única abertura, que é a cloaca, sai tanto o ovo quanto as
fezes. Se a ave estiver infectada, como o aparelho ovopositor e intestinal está junto, é muito fácil ocorrer a transmissão, a
qual pode ser tanto a nível de casca quanto na hora da maturação e formação desse ovo, podendo ocorrer a transmissão
direta para a gema.
A Salmonella é muito sensível, ela morre facilmente, basta fritar o ovo ou cozinhá-lo. Não é resistente a altas
temperaturas.
Diagnóstico
1. Suspeita - Fezes.
● Cultivo e isolamento (Fermenta Lactose).
Tratamento
Prevenção
● Família: Papillomaviridae.
Abrigam várias espécies que circulam em diversos animais.
● Gênero: Papillomavirus.
● Espécie: Human Papilloma Virus (HPV).
● Tipos: > 100.
Mais de 100 genótipos que circundam os humanos.
- 60% dos genótipos do HPV têm tropismo por pele.
Tem tropismo por pele queratinizada e está associada a verrugas comuns que não causam câncer.
Qualquer verruga comum é causada por HPV, são neoplasias, porém são benignas.
- 40% dos genótipos de HPV tem tropismo por mucosa.
Como a mucosa genital, anal, bucal, ocular, ou seja, qualquer mucosa do corpo o HPV pode infectar e causar lesões.
Os HPVs de transmissão sexual, que é o alvo mais discutido no meio médico, podem infectar qualquer mucosa.
● Espécies-específicos.
Os papilomas vírus humanos só causam lesões em humanos, não infectam outros hospedeiros.
● Ubíquos.
Estão distribuídos na natureza, ao longo da vida a pessoa tem contato com HPV, não só o de transmissão sexual, mas os
de verrugas comuns também.
● Epiteliotrópicos.
Tropismo pelo tecido epitelial.
● Verrugas benignas e câncer.
As verrugas são benignas, tanto as genitais quanto as localizadas em dedos, os joelhos e são neoplasias, porque existem
alterações celulares, crescimento anormal do epitélio, gerando a verruga, mas são benignas.
A neoplásica maligna é o câncer.
- 10% dos cânceres humanos são causados pelo HPV.
Está associado a vários tipos de cânceres humanos, não só de colo uterino, tendo associação com câncer de pênis, de
vulva, vagina, orofaringe, bucal (é um vírus de transmissão também do sexo oral).
Propriedades gerais
● Tamanho: 55 nm.
● DNA df (dupla fita) circular.
Por ter DNA de dupla fita o mesmo pode replicar no ciclo de replicação dentro do núcleo da célula hospedeira e integrar o
DNA viral no DNA da célula-alvo, quando isso ocorre tem o processo de oncogênese, de transformação celular e
participação do vírus no processo de evolução para o câncer. Alguns genótipos fazem isso com mais eficiência, por
exemplo o genótipo do HPV 18, que é um dos que mais integram o DNA da célula-alvo, a transformando e é um dos
genótipos que mais se encontra no câncer de colo uterino.
● Não envelopado.
Tem apenas uma capa proteica, é um capsídeo que protege o material genético, o qual é DNA de dupla fita circular.
● Capsídeo (72 capsômeros).
Tem formato icosaédrico.
● Simetria icosaédrica.
● Proteínas de superfície:
Tem duas proteínas principais no capsídeo viral.
Giulia Magno Rocha
- L1 (maior).
É a mais externa e é o alvo das vacinas que tem para HPV. A L1 gera anticorpos neutralizantes, por isso é o alvo da
vacina. Os anticorpos neutralizam a partícula viral.
- L2 (menor).
● Genoma: 8 kpb.
Genoma
● 3 regiões:
- Região inicial (E-eraly).
São regiões genômicas que codificam para enzimas que atuam no ciclo de replicação e também regulam o ciclo celular da
célula hospedeira.
A E6 e E7 codificam para a oncoproteínas, proteínas que interferem no ciclo celular e desencadeiam o câncer associado
ao HPV.
- Região tardia (L-late).
O gene L1 e L2 codificam para a síntese das proteínas estruturais, que são as proteínas do capsídeo. Estão na capa
proteica protegendo o material genético viral.
- Região regulatória (URR/LCR-long control region).
A região URR é a região regulatória, sendo também de inserção do genoma viral no genoma da célula-alvo.
E3 e E8 – função desconhecida.
- A região E2 codifica para enzimas e tem papel importante no processo de liberação viral e também de regular
a expressão de E6 e E7, nessas duas regiões gênicas quanto mais o vírus expressar a região, mais irá produzir
as oncoproteínas E6 e E7. Os HPVs de alto risco expressam mais região E6 e E7, por isso têm maior risco
de evolução para o câncer.
- L1 e L2 codificam para as proteínas estruturais.
- Alguns estudos mostram que algumas mutações no gene E5 tem correlação com pior prognóstico, com maior
risco de evolução para o câncer.
- A região E2 regula a E6 e E7.
- Na região E1 e E2 tem papel no processo de duplicação do material genético viral.
Nas células tem-se genes supressores tumorais, genes nas células humanas que são responsáveis por proteger de
qualquer tipo de alteração celular que possa induzir a câncer.
● Gene P53 →
É ativado quando a célula tem algum processo anormal, pode ser célula infectada por vírus e essa para de exercer sua
atividade. Existe ativação intrínseca da célula para o gene P53 produzir a proteína P53 que tem papel de interromper o
ciclo celular, porque a célula está anormal e precisa se programar para morrer.
Tem-se a célula e o mecanismo que a mesma possui, que é natural de defesa contra qualquer alteração, que é se
programar para morrer e ativar o P53 e gerar a proteína P53 que interrompe o ciclo celular, a divisão da célula que está
anormal, essa célula não pode mais se multiplicar e se programa para morrer.
Outro anti-oncogene que se tem naturalmente é o pRb (proteína Rb), que é gerado a partir do gene Rb e esse está nas
células humanas. Toda vez que a célula está normal esse gene ativado gera a proteína pRb, sendo também conhecida
como P105kD e essa tem como papel interromper o ciclo celular.
Se a célula está normal, a mesma deve bloquear a divisão da célula, não tendo assim o câncer, é um mecanismo de
proteção.
A célula infectada por vírus gera uma proteína, que é a E7 que se liga ao Rb e bloqueia o sítio de ação dessa proteína,
não conseguindo mais interromper a divisão celular, então a célula continua se dividindo, gerando neoplasia.
● Imagem da esquerda:
Quando tem uma célula normal e sem vírus, a mesma sofre mecanismo de dano, o P53 e o pRb vão interromper a divisão
celular e a mesma irá parar de se dividir em um mecanismo natural de defesa contra o câncer.
● Imagem da direita:
Uma célula com vírus, a proteína E6 e E7 bloqueiam a ação das proteínas antitumorais (P53 e pRb) e a célula continua se
dividindo sem conseguir se programar para morrer.
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Transformação e Imortalização Celular
Outro papel importante do E6 é a síntese e estímulo a enzima telomerase, isso faz com que a célula imortal
transformada possa continuar se dividindo, porque não há o encurtamento do telômero; em uma célula natural quando se
divide, o telômero vai encurtando e tem limite de vida, as células do corpo não são eternas e por isso as pessoas
envelhecem.
Uma célula cancerígena fica imortal, porque estimula a síntese do telômero, as pesquisas demonstraram que o E6
além de degradar o P53 (proteína antitumoral) também estimula a síntese da telomerase, juntamente com a E7 que
bloqueia a ação do pRb, tem-se os principais mecanismos documentados do HPV na formação do câncer humano.
Nem todos os HPVs são capazes de induzir câncer, para que isso aconteça é necessário que o vírus faça a
integração do genoma dele com o genoma da célula hospedeira.
O HPV é um vírus de DNA de dupla fita circular e o mesmo se multiplica dessa forma, independente do genoma da
célula-alvo. Porém, alguns genótipos são classificados como genótipos de alto risco para o câncer e fazem integração
celular, então a célula cancerígena não gera o vírus, mas sim células normais e participa da transformação celular e nesse
caso existe a integração do genoma viral no genoma da célula-alvo, quando integra perde regiões, como por exemplo, a
região E2 que é importante no processo de regulação da transcrição dos genes E6 e E7. Sem o E2, como está na célula
integrada, mas tem E6 e E7 e esses são super expressos, ou seja, a célula com genoma integrado gera muita expressão
do gene E6 e E7, então muita proteína será produzida (proteína E6 e E7 e essas exercem papel chave na oncogênese
viral).
Quando o genótipo é de alto risco, é capaz de fazer a integração do genoma do vírus no genoma da célula-alvo para
aumentar a expressão que resulta no aumento de expressão de E6 e E7.
Qual o genótipo que tem o maior risco para o câncer e que mais consegue fazer integração do genoma no genoma
da célula hospedeira? O 18; esse junto com o 16 são os principais genótipos com risco para o câncer.
O HPV precisa do epitélio se diferenciando para poder se multiplicar; o epitélio sempre se renova, então o vírus precisa do
epitélio renovando e não consegue fazer isso in vitro. O que possibilitou o cultivo do HPV foi a cultura de tecidos, que hoje
se consegue cultivar pele in vitro, e essa tecnologia permitiu que se conheça um pouco acerca da replicação da replicação
do HPV.
Na etapa 1 o vírus entra na célula por endocitose, formando uma vesícula. Entra por endocitose através da ligação da
proteína L1 com receptores celulares que são vários, porque depende do tecido. Depois que é endocitado, sofre a
decapsitação e é direcionado para o núcleo da célula, o DNA de dupla fita circular entra no núcleo da célula-alvo, no
núcleo da célula há transcrição, que é chamada de círculo rolante e copia o genoma circular do HPV, quando não integra
não gera vírus, então a forma ativa e replicativa não integra, fica circular independente do genoma da célula sendo
transcrito. Os genes são transcritos, as enzimas são sintetizadas e vão auxiliar no processo de replicação, fazendo
a tradução das proteínas acontecerem no citoplasma, utilizando o ribossoma da célula.
A transcrição ocorre no núcleo e a tradução no citoplasma quando utiliza os ribossomos para fazer a síntese de
proteínas e enzimas.
Quando as proteínas estruturais são geradas, as mesmas são direcionadas para voltarem para o núcleo, a proteína L1 e
L2 voltam para o núcleo, o vírus é montado no núcleo e depois é transportado e exocitado para o meio extracelular onde
irá infectar uma nova célula.
A infecção pelo HPV é totalmente localizada, não cai na corrente sanguínea, não faz viremia, etc. O HPV fica no
local em que o mesmo foi inoculado, a lesão ocorre no sítio da inoculação e a inoculação do vírus para que o ciclo
replicativo aconteça deve ser na camada basal da célula, por isso para uma pessoa ter lesão por HPV é necessário
contato. A própria relação sexual gera atrito, contato e isso favorece a inoculação do vírus nas camadas mais basais e
utiliza o epitélio se diferenciando para gerar as partículas.
A verruga é o crescimento anormal das células, é uma neoplasia, porém não é um câncer, sendo uma neoplasia benigna e
localizada. O vírus participa do processo do crescimento anormal, na superfície da verruga contém partículas virais e a
Giulia Magno Rocha
mesma deve ser removida, porque essa é a fonte de transmissão das partículas virais. Se não remover, a verruga por si só
irá sumir, mas no processo que a mesma tende a sumir a pessoa pode fazer autoinoculação.
Por exemplo, uma verruga que está no dedo não vai transmitir para a boca, porque a boca é mucosa e são genótipos
diferentes.
Câncer X HPV
Cérvico-uterino ≥ 95%
Vaginal 50%
Peniano 50%
Orofaríngeo 20%
No processo de história natural e de patogênese do HPV o que tem são genótipos que causam infecções localizadas,
verrugas comuns não oncogênicas (exemplo genótipo 1 e 3); tem genótipos que causam câncer, como o tipo 16, 18, 33 e
são de alto risco.
Todos passam por processo de transmissão e essa se dá pela inoculação e tem a ver com o tropismo, tem genótipos com
tropismo por pele queratinizada e outros com tropismo pela mucosa. O vírus tem que ser inoculado na camada basal e se
multiplica, causando lesão localizada que pode ser a verruga (mais fácil de tratar, dificilmente tem latência, consegue-se
remover completamente o vírus e curar o paciente), mas também pode ser o câncer (o qual não se vê a lesão, porque a
Pode ter de 1 mês até 2 anos para ocorrer a manifestação clínica e diagnóstico da doença.
*Se for lesão genital é importante também tratar o parceiro.
Nas imagens observa-se progressão para o câncer uterino, isso leva anos. O vírus não causa lesão imediata, mas
existem alterações que são chamadas de neoplasias intraepitelial cervical grau 1, 2, 3 até chegar no câncer, existindo
evolução que pode ser diagnosticada precocemente se a mulher fizer o exame preventivo.
Toda mulher sexualmente ativa deve fazer o exame preventivo, que inclui o Papanicolau e esse é uma coloração de lâmina
de amostra biológica da cérvice.
A cérvice pode estar normal sem alterações celulares importantes, pode estar com alterações celulares importantes (NIC
1, 2, 3), pode ter alterações celulares mostrando invasão, binucleação, ter alterações compatíveis com o câncer. Essas
alterações não são visíveis a olho nu, só são visíveis se o médico solicitar e o paciente for ao ginecologista e fizer o exame
preventivo ou a biópsia.
Não se pode determinar a olho nu quem tem HPV, porque a lesão pode ser celular, só será possível ver se possuir a lesão
visível, mas há lesões que não se vê que o vírus provoca e essa é a pior, porque é lesão cancerígena e que só é
diagnosticada através das técnicas de biópsia, análise de lâmina, histopatologia e exame preventivo quando é no colo
uterino (Papanicolau).
● Infecção clínica:
- Lesões características.
Dependendo do genótipo pode causar verrugas e essas quando acontecem são facilmente diagnosticadas pelo próprio
médico no exame clínico, sendo bem características.
● Infecção subclínica:
- Lesões inaparentes.
A olho nu não se vê, mas quando se avalia um exame de lâmina a histopatologia revela alterações celulares que são
compatíveis com infecção por HPV. O principal achado celular é a coilocitose.
Avalia as subclínicas através das biópsias e histopatologia.
● Infecção latente:
- Não há lesões.
Latente é quando o vírus está presente no núcleo da célula, causando o menor dano celular possível, sem interferir na
alteração celular, mas o genoma está presente. Ao longo de 5-10 anos depois a doença pode começar a aparecer;
algumas pessoas podem ficar com esse genótipo de alto risco latente e silencioso, sendo esse o mais difícil de ser
diagnosticado, a única forma de diagnosticar seria por biologia molecular, com o PCR da amostra cérvico-uterina, por
exemplo, e se pesquisa o DNA do HPV nessa amostra. Pode achar ou não, porque o vírus pode estar em vários locais,
não demonstra nem alteração celular e nem clínica, isso facilita a propagação do vírus.
Além de transmitir para o parceiro, irá ter autoinoculação do vírus em outras partes do epitélio mucoso vaginal ou anal.
O vírus fica no ponto no qual foi inoculado, o HPV não sai de um tecido para o outro sem que seja inoculado.
*O nome científico da verruga genital é condiloma acuminado.
Giulia Magno Rocha
Os principais genótipos são o 6 e 11, por causa disso a vacina tetravalente inclui o 6 e 11 por serem os dois principais
genótipos associados às verrugas genitais, 90% são causadas por ele.
Quanto mais precoce o diagnóstico e a remoção da verruga, maior a chance de cura total do paciente.
*Uma pessoa dificilmente só tem um genótipo do HPV, as pesquisas mostram que a transmissão pode ser dada por vários
genótipos de vez e pode ter o que causa apenas as verrugas, mas junto pode ter também os que causam o câncer, porque
é a mesma via de transmissão, que é a sexual.
Além do pênis, se a pessoa praticar sexo anal podem ter lesões na região do ânus, tendo tropismo por mucosa.
*Quem pratica sexo oral pode ter lesão oral.
“As verrugas genitais (condilomas acuminados) ocorrem quase exclusivamente sobre o epitélio escamoso dos órgãos
genitais externos e regiões perianais. Cerca de 90% são causados por HPV-6 e HPV-11. As lesões anogenitais infectadas
com esses tipos de HPV podem ser problemáticas, mas raramente se tornam malignas em pessoas saudáveis.”
(MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
“Verruga é uma proliferação benigna e autolimitada da pele que regride com o tempo. A maioria das pessoas
com infecção pelo HPV tem os tipos mais comuns do vírus (de HPV-1 a HPV-4), que infectam as superfícies
queratinizadas, geralmente as mãos e os pés. A infecção inicial ocorre na infância ou no início da
adolescência. O período de incubação antes de uma verruga se desenvolver pode ser tão longo como 3 a 4
meses. A aparência da verruga (abaulada, plana ou plantar) depende do tipo de HPV e do sítio infectado.” (MURRAY;
ROSENTHAL; PFALLER, 2017)
● Tipos 6, 11 e 16.
● 1/3 das crianças nascidas de mães com condiloma possuem swab de nasofaringe positivo para HPV.
O papiloma respiratório é raro, sendo mais comum em crianças nascidas de mães que tem condiloma acuminado em
atividade na região genital; no parto natural o bebê broncoaspira e pode adquirir HPV que gera lesão que interfira na
respiração e a criança pode morrer por asfixia.
Papiloma conjuntival
● Distribuição mundial.
● 50% dos indivíduos com vida sexual ativa (HPV).
Muitas pessoas são infectadas pelo HPV e não tem lesão aparente, nem lesão celular - o próprio sistema imune combate o
vírus.
● Ambos os sexos e todas as faixas etárias (18-35 anos).
● HPV é detectado > 91% das mulheres com câncer de colo de útero e 50-70% dos casos de câncer de pênis.
● Tipos mais frequentemente encontrados em casos de neoplasia cervical, vulvar e de pênis: 16 e 18.
● Tipos mais frequentes: 6 e 11.
● Câncer de colo do útero- 2ª causa de câncer em mulheres.
*Muitas vezes a vacina acaba suprimindo o 16 e 18, e favorece a disseminação de outros genótipos. Tem pesquisas para
incluir na vacina outros genótipos também.
Diagnóstico
● Contato sexual:
- Vaginal, oral, anal, pênis e mãos (DST).
- Maior prevalência em indivíduos promíscuos, baixo poder econômico, baixa escolaridade.
- A infecção genital pelo HPV em virgens é rara (contato sexual sem penetração).
- O uso de preservativo não protege totalmente.
● Rotas não-sexuais:
- Transmissão vertical (canal do parto).
- Fômites.
Compartilhar objetos sexuais, por exemplo.
● Lesões subclínicas.
Quando não se tem uma lesão dita aparente, porém tem lesão celular.
● Portadores assintomáticos.
A pessoa não tem “nada”, porém transmite e na grande maioria das vezes o portador assintomático é o homem.
Tratamento X Curiosidades
● Verrugas cutâneas:
- Fitoterápico “Thuya occidentalis”.
- Ácido tricloroacético.
- Remoção cirúrgica, cauterização, laser , crioterapia (nitrogênio líquido).
● Verrugas genitais:
- Ácido tricloroacético, podofilina.
- Remoção cirúrgica, cauterização, laser, crioterapia (nitrogênio líquido).
● Carcinoma cervical:
- Remoção cirúrgica / Quimioterapia ou Radioterapia.
● Abstinência sexual.
● Monogamia mútua/parceiro fixo.
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● Usar preservativo (não é 100% eficaz).
● Em caso de infecção (HPV) avaliar o parceiro.
● Evitar fatores de risco: uso prolongado de pílulas anticoncepcionais, múltiplos parceiros sexuais,
tabagismo, etc.
● Visitar regularmente o ginecologista (exames preventivos).
● Hábitos de higiene diários.
● Tratar infecções genitais.
É feita com a tecnologia do DNA recombinante; recorta o gene L1 que codifica para a proteína maior, imunogênica do HPV
e esse gene é inserido em uma levedura e essa passa a produzir a proteína viral. A proteína é purificada e é colocada no
ensaio da vacina; recebe a proteína e o adjuvante que ajuda o sistema imune a reconhecer a proteína como um alvo e
assim produz os anticorpos específicos.
Tem dois tipos de vacinas: a bivalente (Cervarix) e tetravalente (Gardasil).
- A bivalente protege contra 2 genótipos principais que causam câncer, protege contra o genótipo 16 e o 18.
- A tetravalente além de produzir imunidade contra o genótipo 16 e 18 (causam câncer), também protege contra o
6 e 11 (causam condiloma acuminado).
São utilizadas 3 doses com intervalo de 0-6-12 ou 0-2-6 meses; alguns trabalhos demonstram que 2 doses são eficazes
para imunizar crianças e adolescentes que não iniciaram atividade sexual.
É uma vacina muito segura.
Estimula a produção de anticorpos específicos (na imagem em vermelho); o anticorpo se liga em L1 (proteína de entrada
do vírus na célula), encontra o vírus e tem resposta imune celular e humoral; na resposta humoral os anticorpos se ligam
na L1 e faz a neutralização da partícula viral. Quando o anticorpo anti-L1 se liga na proteína L1, o vírus não consegue mais
entrar na célula-alvo e é neutralizado fora da célula, que é o papel dos anticorpos específicos.
Referências:
● Anotações de Giulia Magno Rocha durante a aula ministrada.
● TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 12. ed., Porto Alegre: Artmed, 2016.
● TRABULSI, L. R.; ALBERTHUM, F. Microbiologia. 6a ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
● MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A.. Microbiologia Médica. 8 ed. Rio De Janeiro:
Editora Elsevier Ltda, 2017.
● SANTOS, NORMA SUELY DE OLIVEIRA; ROMANOS, MARIA TERESA VILLELA; WIGG, MARCIA DUTRA.
Virologia Humana - 3ª Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.