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O COVID-19

Oi! Tomara que você toda sua família estejam bem!

A #EquipeGENES, assumindo seu papel de


disseminação de conteúdos científicos, visou com esse
EBOOK trazer informações importantes no momento de
pandemia do COVID-19 no ano de 2020.
O intuito aqui é esclarecer sobre imunologia e sobre o
papel fundamental que a Nutrição tem no combate aos
patógenos.
O EBOOK GENES: Imunidade vai ajudar a você
estudar e melhor atender seus pacientes nesse momento
de crise.
Conte conosco, SEMPRE, GENES Nutrição .

André Heibel

Caito mohara Gloria Bittencourt

Felipe Fernandes Lucas Alencar

Gabriel Queiroz Vinícius Guimarães

IMUNIDADE
O COVID-19

O COVID-19

A atual pandemia da Síndrome Respiratória Aguda


Severa (SARS-CoV2) é causada pelo “novo” Corona Vírus e
os primeiros casos foram reportados em dezembro de
2019, na cidade de Wuhan, na China. Os primeiros
infectados da doença apresentaram sinais de uma
misteriosa pneumonia e a ligação entre os casos era terem
estado no mercado local de frutos do mar da cidade.
Atualmente sabe-se que o primeiro caso humano de
COVID-19 foi dado pela transmissão do vírus por animais
silvestres. Especula-se que tenha vindo de morcegos,
devido ao novo Corona Vírus apresentar cerca de 96% do
código genético do SARS-bat-like CoV, um tipo de Corona
Vírus encontrado nesses animais. O termo “novo” Corona
Vírus é dado porque não é a primeira vez que enfrentamos
infecções causadas por vírus da Família do Corona Vírus.

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Em 2003, também na China, ocorreu a SARS-CoV, que


causou cerca de 8000 casos confirmados e 800 mortes. E
já em 2012, no Oriente Médio, houve a MERS-CoV, com
857 casos e 344 mortes. Até março de 2020 são mais de
292 mil casos de SARS-CoV-2 confirmados, em 186 países
com mais de 12 mil mortes. E, no Brasil são mais de 1,5 mil
casos e 25 mortes confirmadas.
Os estudos apontam letalidade de 3,4% para o SARS-
CoV-2, e apesar de letalidade inferior às epidemias das
últimas décadas, a alta transmissibilidade do vírus é um
desafio no combate à pandemia.
Uma das razões é explicada pela forma de infecção do
vírus na célula do hospedeiro. Quando em contato com as
células pulmonares, ocorre a ligação da Proteína S viral ao
receptor de enzima conversora de angiotensina II, presente
na membrana celular do hospedeiro.

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A ligação é de altíssima afinidade, com estudos


preliminares apontando cerca de 5-6x maior afinidade
quando comparado à outra variação de Corona Vírus (o
SARS-CoV), sendo rápida a infecção e reprodução do vírus
no organismo.
Outro fator importante é a resistência da sobrevivência
do vírus em superfícies, dados apontam que em
temperatura ambiente (25º C) o novo Corona Vírus pode
permanecer infectuoso por cerca de 9 dias e ambientes
quentes e úmidos (>30º C) diminuiriam sua
transmissibilidade.
Por fim, a demora em identificar e diagnosticar os
primeiros casos em Wuhan pelos serviços médicos
chineses também é apontado como fator que permitiu o
rápido alastramento de casos, tratando-se que a
transmissão é feita de humano para humano, as medidas
atuais de isolamento social são essenciais para contermos
o aumento de casos.

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Inicialmente, os primeiros casos chineses foram


tratados como pneumonias, isso pela semelhança de
sintomas, que incluem tosse, espirros, coriza e dor de
garganta. Porém casos de COVID-19 apresentam sintomas
não-comuns à resfriados e pneumonias simples, como
dificuldade de respirar e febre. O tempo de encubação do
vírus varia entre 1-14 dias, com tempo médio de 6 dias
para o início dos sintomas.
Apesar da sintomatologia ser importante, é válido
ressaltar que a transmissão viral se inicia antes do
aparecimento de sintomas, podendo ocorrer mesmo em
pacientes assintomáticos, o que reforça a importância do
isolamento social.
Os principais grupos de risco são idosos e pessoas
com condições patológicas (diabéticos, hipertensos,
doenças respiratórias, cardiovasculares e autoimunes)
devido à maior susceptibilidade de agravamento de
quadro em caso de infecção.

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As principais alterações em parâmetros laboratoriais


incluem imunossupressão com leucopenia, linfopenia,
alterações hepáticas com o aumento de transaminases
hepáticas (ALT e AST), além da proteína C reativa
aumentada, devido à inflamação aguda da síndrome.

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NOSSO SISTEMA IMUNE

NOSSO SISTEMA IMUNE

O nosso sistema imune tem a sua resposta dividida


em duas fases: a resposta imune inata e a adaptativa. A
divisão das duas depende de tempo. A resposta
adaptativa gera memória imunológica e é específica, ao
passo que a imunidade inata é inespecífica e permanece
funcional ao longo de todo o tempo.
Quando o corpo é invadido por um patógeno, as
células imunes residentes dos tecidos (macrófagos, células
dendríticas ou mastócitos) fazem o reconhecimento de
padrões moleculares próprios dos patógenos (PAMPs, tal
qual o famoso LPS presente na membrana celular de
bactérias Gram negativas), por meio de receptores
celulares de reconhecimento padrão, como os da família
Toll like receptor (TLR). Esse reconhecimento gera uma
sinalização intracelular, e via o fator de transcrição NF-κB,
culmina na produção de citocinas pró-inflamatórias. Essas
servem para ativar as células imunológicas bem como para
chamar outras células para ajudar na resolução da
infecção.
.
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NOSSO SISTEMA IMUNE

A citocina TNF-α, produzida pelos macrófagos,


causam uma maior expressão de selectinas e integrinas
nas células endoteliais próximas ao tecido infectado, bem
como o afastamento dessas células. Isso ajuda a fazer com
que neutrófilos presentes na corrente sanguínea se liguem
e reduzam sua velocidade, no processo chamado de
rolamento, e entrem no tecido infectado, pela diapedese.
Essas células imunes agem por meio da fagocitose, da
produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e
de enzimas antimicrobianas para tentar matar o invasor.
As células Natural Killer são ativadas por interferon- γ
(IFN-γ,) um interferon cuja produção é induzida pela
presença de RNA de dupla fita, tipicamente viral. Esse tipo
de célula não possui receptor específico para antígenos,
porque age contra patógenos intracelulares. As Natural
Killer reconhecem um complexo proteico de membrana
chamado MHC de classe 1, constitutivo de todas as células
próprias do corpo.

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NOSSO SISTEMA IMUNE

No caso de uma infecção viral, por exemplo, o


metabolismo celular é desviado para a produção das
proteínas virais, sendo que a síntese de MHC-1 fica
prejudicada. Essa ausência da quantidade normal de
MHC-1 na membrana celular é o que ocasiona o
reconhecimento da infecção pelas células Natural Killer.
Essas, então, causam a morte da célula infectada por meio
da formação de poros na membrana e pela indução de
apoptose.
Na resposta imunológica inata ademais temos a
produção de proteínas de fase aguda, as quais também
funcionam como uma das vias de indução do sistema
complemento. As proteínas do sistema complemento
sofrem opsonização, isto é: ligação de proteínas de
proteção que revestem a superfície do patógeno, tornando
a fagocitose mais fácil. São como o granulado do
brigadeiro, tornando-o mais atraente.

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NOSSO SISTEMA IMUNE

As células dendríticas, por sua vez, quando


reconhecem os patógenos, os internalizam e entram no
vaso linfático, migrando até um órgão linfático secundário,
onde vão agir como célula apresentadora de antígenos.
Esse é o primeiro passo para a transição da imunidade
inata para a adaptativa.
Quando as proteínas do patógeno são produzidas no
citoplasma, como no caso dos vírus, essas são clivadas no
proteassoma nas células dendríticas e são jogados para
dentro do retículo endoplasmático, onde alguns dos
peptídeos resultantes dessa quebra proteica podem se
ligar à fenda do MHC de classe 1. É por meio da interação
com o MHC-1 apresentando antígenos do patógeno com
os receptores dos linfócitos T CD8 que esses serão
ativados. Esses linfócitos induzem a apoptose da célula
infectada por um mecanismo não secretor, mas por meio
da ligação de receptores, ou seja, de forma semelhante às
células NK.
Na figura abaixo, temos a temporalidade de ação
desses tipos celulares contra uma infecção viral:

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Fonte: Immunobiology. Charles Janeway, 2005

No caso de patógenos fagocitados, as proteínas do


mesmo clivadas no fagolisossomo se ligam ao MHC de
classe 2, cuja expressão depende do processo
inflamatório, diferentemente do MHC-1, que é constitutivo.
A interação do MHC-2 com o antígeno apresentado pela
célula dendrítica ocorre com os receptores dos linfócitos T
CD4. A depender do tipo de infecção presente e
consequentemente do padrão de citocinas no meio, esse
pode se diferenciar em Th1, Th2 ou Th17. Esses então
migram para o foco da infecção, onde terão sua ação.

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Os linfócitos CD4 Th1 produzem IFN-γ, e potencializam


a ação fagocítica dos macrófagos. Já o perfil Th2 leva à
degranulação de mastócitos e eosinófilos, além de ativar o
perfil de reparo dos macrófagos. É a resposta imune típica
das alergias. O perfil Th17 potencializa a ação dos
neutrófilos.
Existe ainda um outro perfil de linfócitos T CD4,
chamados de reguladores (Treg). Esses produzem IL10 e
TGF-β, citocinas com ação anti-inflamatória, de modo a
limitar a resposta imunológica, mantendo-a em
homeostase. Também ajudam na tolerância do sistema
imune com as células próprias do corpo.
E são linfócitos B os responsáveis pela produção de
anticorpos. Existem vários tipos de anticorpos. A produção
de IgM ocorre com o reconhecimento direto de antígenos
pelo linfócito B, de maneira independente da interação com
linfócitos T.

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A produção dos anticorpos IgA, IgG, IgE é dependente


da interação do linfócito B com o linfócito T CD4 e as
citocinas por ele produzidas. Os anticorpos são
específicos, e agem por meio da sua ligação com os
antígenos do patógeno, levando à sua neutralização e
aumentando o reconhecimento das células ligadas por
fagócitos, por meio da opsonização. Também podem ativar
o sistema complemento.
A produção de anticorpos do tipo IgG é induzida pela
interação do linfócito B com linfócitos T CD4 de perfil Th1
na presença de IFN-γ; esses anticorpos também ativam as
células NK. É esse tipo de anticorpo que se encontra
presente na placenta e confere proteção imunológica ao
feto nos meses iniciais após o parto. O IgE é típico de
respostas alérgicas, cuja produção é induzida pela
interação com linfócitos do tipo Th2 na presença de IL4. Já
o IgA está presente nas mucosas, levando a uma
imunossupressão local, para que não haja reatividade visto
que é o local onde há contato com os antígenos do mundo
externo ao corpo.

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NOSSO SISTEMA IMUNE

Após a resolução de uma infecção, pelos mecanismos


disponíveis tanto pela imunidade inata quanto pela
adaptativa, as células efetoras desaparecem; contudo, os
anticorpos permanecem durante determinado tempo, e um
certo número de linfócitos B e T (ambos CD4 e CD8) são
mantidos nos tecidos linfóides secundários por um tempo
ainda mais prolongado, até pelo resto da vida. Isso
constitui a memória imunológica. Sendo assim, em caso de
re-infecção com o mesmo vetor, o sistema imunológico já
tem uma resposta pronta, muito mais rápida e eficiente. A
ideia por trás das vacinas é justamente fazer o estímulo
dessa memória imunológica.

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

As células imunológicas estão em constante processo


de renovação, sua manutenção depende de um
suprimento adequado de energia e nutrientes. Uma
alimentação desbalanceada ou com restrição na ingestão
de microelementos está associada a debilidade da
imunidade e maior risco de infecções (ELMADFA, 2019).
Assim como a alimentação, fatores relacionados com o
estilo de vida também irão influenciar no sistema
imunológico, como a qualidade do sono, prática de
exercícios físicos e fatores estressores (BERMOM, 2017).
Sabendo da importância de uma nutrição adequada
para o bom funcionamento da imunidade, alguns tópicos
são importantes serem ressaltados para que se otimize
nosso sistema de defesa, aumentando a prevenção de
infecções e a recuperação de enfermidades.

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Consumo proteico
A resposta imune depende de rápida replicação
celular e produção de proteínas, como as citocinas e
imunoglobulinas. Logo, um consumo proteico inadequado
está associado a um comprometimento do sistema de
defesa e maior susceptibilidade a infecções oportunistas
(WILLIAMS, 2018). Um aporte adequado de todos os
aminoácidos é essencial para manutenção da
imunocompetência (LI, 2007), sendo que para isso basta
seguir as recomendações de 0,8 a 1,2 g/kg de proteínas
para indivíduos normais. Atenção, esse valor deve diz
respeito a simples manutenção da homeostase básica do
sistema imune, não refletindo alterações em outras
vertentes de saúde.
O estudo de WITARD, 2014 demonstrou que para
atletas, em períodos de treino mais intenso, o incremento
de proteínas para 1,5 a 3,0 g/kg melhorou marcadores
imunológicos e reduziu sintomas de infecções respiratórias,
podendo ser uma estratégia nessa fase de treino ou em
períodos competitivos.

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Porém, há um consenso (BERMOM, 2017) de que não


há necessidade nem respaldo científico na ingestão maior
que 2,0 g/kg de proteínas para incremento do sistema
imune, sendo esse o valor suficiente para praticantes de
exercícios físicos.

Gorduras e ácidos graxos


Alguns ácidos graxos, além de serem fonte de energia
e constituinte de membranas, também exercem outras
funções como: precursores para síntese de mediadores
lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), influenciando na
sinalização celular, ativando fatores de transcrição e
expressão de genes. Com isso, os ácidos graxos
repercutem nas respostas fisiológicas, assim como no
sistema imune e processo inflamatório (BERMOM, 2017).
ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Outro efeito notório é que ambos, EPA e DHA, são


substratos da biossíntese de mediadores químicos
associados com a resolução de processos inflamatórios e
de aumento na imunidade, como as resolvinas, protectinas
e as maresinas. Também agem reduzindo a ativação do
fator nuclear NF-κB, diminuindo resposta inflamatória de
maneira sistêmica.
Os efeitos anti-inflamatórios e imunológicos parecem
ser dose dependentes e exigem uma ingestão ≥ 2g por dia
da combinação de EPA e DHA. Fique atento com as doses
dos suplementos comercializados no Brasil. Via de regra, a
subdosagem é prática comum para que os preços dos
produtos sejam mais baixos.

Correção de deficiências nutricionais


Nosso organismo necessita de quantidades
adequadas de micronutrientes para uma boa resposta
imunológica, sendo que a deficiência está associada com
predisposição a infecções e maior risco de morbidades e
mortalidade (GOMBART, 2020).

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Muitas vezes de forma sinérgica, os nutrientes


essenciais para a imunidade irão regular desde a
integridade das barreiras físicas (pele, células da mucosa)
até as respostas adaptativas (diferenciação de linfócitos).
Cada etapa da resposta imune será modulada por
diferentes micronutrientes. A integridade estrutural e
funcional das superfícies internas e externas demandam
vitaminas A, D, C, E e zinco. Os processos da imunidade
inata como proliferação celular, diferenciação,
movimentação e redução de espécies reativas de oxigênio
exigem as vitaminas A, D, C, E, B6, B12, folato e os
minerias ferro, zinco, cobre, selênio e magnésio. A ativação
do sistema complemento e liberação de citocinas pro-
inflamatórias requerem vitaminas A, D, C, além dos
micronutrientes zinco, ferro e selênio. Mecanismos
antioxidantes são mediados por vitaminas C e E, além de
zinco, ferro, magnésio, cobre e selênio (GOMBART, 2020).

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Percebe-se claramente que a nutrição adequada é


necessária para que a imunidade exerça seu papel de
forma otimizada, protegendo o organismo contra
patógenos e parasitas assim como de alergias e
inflamação. Como os micronutrientes, por si só, exercem
por vezes efeitos sinergistas e outras antagonistas, um
fornecimento balanceado, e não de maneira isolada, é
essencial. Dessa forma, uma dieta baseada em alimentos
in natura (frutas, hortaliças, nozes, cerais, tubérculos) e
minimamente processados que seja balanceada, variada e
com fontes de proteína de alta qualidade são a melhor
opção para suprir as demandas nutricionais necessárias
para o sistema imunológico (ELMADFA, 2019).

Probióticos e prebióticos
O intestino compreende um importante local de
concentração de tecido linfoide e bactérias comensais,
tendo suas características de imunidade relacionadas a
barreira epitelial, mediadores imunológicos e a microbiota
(WILLIAMS, 2018).

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Sabe-se que que a microbiota pode ter sua


composição alterada pelo padrão alimentar, seja pelo
consumo de bactérias probióticas (presentes em alimentos
fermentados, especialmente leite e seus derivados) ou de
prebióticos (fibras dietéticas, encontradas em grãos
integrais frutas e vegetais), conferindo benefícios para a
imunidade.
Os principais mecanismos de atuação dos probióticos
é modulando a imunidade intestinal, interagindo com o
tecido linfoide associado ao intestino e ajudando na
manutenção da barreira intestinal, e a imunidade sistêmica,
melhorando aspectos da imunidade inata, como as Tight
Junctions intestinais (BERMOM, 2017). Já os prebióticos
são fermentados pelas bactérias do intestino formando
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC, como o acetato,
propionato e o butirato). Os AGCC inibem a produção de
citocinas pró-inflamatórias assim como estimulam a
diferenciação de linfócitos T e auxiliam na manutenção da
homeostase de linfócitos B (CHRIST, 2019).

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Alimentação e o COVID-19
A importância de uma alimentação que contemple as
necessidades do organismo é a melhor estratégia para
fortalecer a imunidade. Por fim, a revisão de CHRIST, 2019
que discutiu como a dieta ocidental (onde há consumo de
fast foods, produtos industrializados, lanches, bebidas
açucaradas) repercute no sistema imunológico, aponta
para como esse padrão dietético pode influenciar no ganho
de peso, metabolismo energético e perfil lipídico,
propiciando um estado de inflamação crônica. O sistema
imune por estar ligado intimamente com a regulação
metabólica acaba sendo afetado pelo perfil da dieta
ocidental, onde há pouco consumo de fibras, vitaminas e
minerais. Essas deficiências poderiam acarretar em
alterações como o aumento da peroxidação lipídica,
hiperglicemia e insulinemia, glicação avançada, disbiose
intestinal e reprogramação imunológica.

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Entretanto, ainda não existem trabalhos estudando


diretamente estratégias nutricionais no tratamento de
COVID-19, sendo feito em março de 2020 um “Position
Statement” pela International Society for Immunonutrition.
Nesse documento, os autores recomendam para
adultos saudáveis o consumo rico e variado de frutas e
vegetais, visando o aumento do consumo de antioxidantes
e nutrientes, que darão suporte nutricional ao sistema
imunológico. São feitas recomendações nutricionais
específicas voltadas para idosos, como o aumento da
ingestão de Vitamina E (134mg - 800mg/dia), Vitamina C
(200mg - 2g/dia), Zinco (30mg/dia) e a atenção especial à
insuficiência dos níveis de Vitamina D, principalmente em
isolamento social pode-se diminuir a exposição solar, o que
afeta a síntese endógena de Vitamina D.
Esses são nutrientes importantes para a produção de
células imunológicas, como células T e B (anticorpos) e
idosos apresentam imunossenescência, que é a redução
de células imunológicas devido ao envelhecimento.

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ALIMENTAÇÃO E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Ainda são necessários mais estudos tratando-se de


tratamento nutricional específico para COVID-19, sendo
importante agora focar em estratégias nutricionais voltadas
para suporte ao sistema imunológico inato, como: manejo
do estresse, praticar exercício físico, manter sono
adequado, consumir fibras e compostos bioativos, evitar
restrições severas de calorias e carboidratos, assim como
evitar o consumo elevado de açúcar e alimentos
gordurosos.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

Atualmente, é alta a disponibilidade de informação na


internet, fazendo que aumente de forma significativa as
falsas notícias com baixo nível de evidência cientifica
confundindo a cabeça de muitos. No intuito de diminuir as
informações errôneas separamos um capítulo do nosso
EBOOK para falar dos principais mitos da internet
atualmente envolvendo a imunidade.
Um dos mitos mais disseminados por muitos, até
mesmo pessoas da nutrição é o consumo de glutamina
visando melhorar a resposta imune do corpo humano.
Sendo assim, AHMADI, 2019 trouxeram uma meta-análise e
foi constatado que ao consumir glutamina não houve
diferença alguma na resposta imune.
Além disso, TRITTO, 2018 mostraram que mesmo com
uma perda de peso abrupta não houve diferença na
glutamina plasmática.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

E, por último, DE MENÊSES, 2020 evidenciaram em


uma meta-análise que os participantes que suplementaram
glutamina não melhoraram o quadro de mucosite. Ou seja,
novamente não houve melhora da resposta imune. Assim
sendo, devemos aceitar que a suplementação de
glutamina não faz diferença na avaliação de parâmetros de
imuno regulação.
Outro mito que pode ser citado é o consumo de
própolis visando a melhora da imunidade. De fato, há
compostos fenólicos na composição do extrato de própolis,
porém usar ele como recurso central na melhora da
imunidade é um tanto quanto equivocado. Os estudos com
esse produto são escassos e pouco conclusivos.
ZHAO, 2016 utilizaram 900 mg por dia em pacientes
diabéticos tipo 2 e o único resultado positivo foi o aumento
na expressão de glutationa, enzima antioxidante que
poderia estar ligado com melhora da imunidade.
Entretanto, o aumento na expressão (e não na atividade) é
pouco relevante do ponto de vista clínico.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

Além disso, não houve melhora dos níveis de glicemia


e insulina plasmática, e ainda, o marcador inflamatório
interleucina-1β aumentou de maneira significativa no grupo
que usou o própolis.
FUKUDA, 2015 testaram a utilização de própolis em
indivíduos diabéticos tipo 2 e não foi constatado melhora
de da glicemia ou insulinemia. Vale ressaltar, que nenhum
estudo isolado conseguiu mostrar uma real melhora da
imunidade com o consumo de própolis, apesar da
presença de compostos fenólicos neste produto apícola.
Entende-se então, que dentro de um contexto de
alimentação equilibrada e balanceada ele pode vir a
somar, mas sozinho não mostrou poder suficiente para
melhorar a imunidade.
Os “shots para imunidade” são estratégias recorrentes
em mídias sociais. Essa mistura de temperos promete
blindar a imunidade. Todavia não há respaldo para tal
finalidade.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

Essa hipótese é baseada que compostos bioativos


encontrados nos temperos utilizados na preparação dos
shots têm efeito antioxidante e anti-inflamatório. É verdade
que podemos encontrar estudos associado a ingestão
desses compostos com melhora em diferentes parâmetros,
mas, via de regra os estudos não podem ser extrapolados
para a prática clínica por utilizarem modelos animais e/ou
in vitro, além de suplementarem doses muito além das que
podem ser consumidas no dia-a-dia. Vale lembrar que
você pode utilizar os temperos do shots na própria comida.
Além disso, é importante frisar que se a base da
alimentação (bom consumo de frutas, legumes, sono em
dia e atividade física) não estiver sendo feita corretamente,
não existe shot que ajude na imunidade.
Por último, podemos falar da aromaterapia, muito
utilizada com a finalidade de controle da ansiedade,
estresse, melhora do sono, concentração, imunidade e dor.
Existem poucos artigos conclusivos em revistas com bom
fator de impacto.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

SHIN, 2016 mostraram em uma revisão sistemática a


falta de evidências robustas para o uso da aromaterapia
com a finalidade de melhora do sistema imune. Vale
lembrar que esse artigo foi publicado na base de dados da
Cochrane (a maior entidade responsável por produzir
revisões). Além disso, HWANG, 2015 apresentaram em
uma meta-análise que a aromaterapia não foi capaz de
melhorar a qualidade do sono. É importante ressaltar isso,
pois a qualidade e quantidade do sono está diretamente
relacionada com a maturação e ativação do nosso sistema
imune.
Em suma, o que realmente traz benefícios e uma boa
manutenção do sistema imune são o consumo de frutas,
verduras, sono em dia e a atividade física. Desta forma,
GOMBART, 2020 elencaram o que pode ser feito para
melhorar a resposta imune e, foi visto que um bom aporte
de vitaminas e minerais é o suficiente para o bom
funcionamento do sistema imune.

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MITOS DA NUTRIÇÃO E IMUNIDADE

Aposte em estratégias nutricionais que visem suprir


todo o requerimento de nutrientes do seu paciente, sem
restrições exacerbadas e sempre buscando o máximo do
emprego de comida de verdade e alimentos in natura.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHMADI, Amirhossein Ramezani et al. The effect of glutamine


supplementation on athletic performance, body composition, and immune
function: A systematic review and a meta-analysis of clinical trials. Clinical
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ANETTE, Christ et al. Western Diet and the Immune System: An Inflammatory
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Exercise. Exercise immunology review. February, 201.

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ELMADFA, Ibrahim e MEYER, Alexa L. The Role of the Status of Selected


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GOMBART, Adrian F.; PIERRE, Adeline; MAGGINI, Silvia. A Review of


Micronutrients and the Immune System–Working in Harmony to Reduce the
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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relief in people with cancer. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 6,
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patients with type 2 diabetes mellitus. International journal of environmental
research and public health, v. 13, n. 5, p. 498, 2016.

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obrigado!
Ficamos felizes com seu interesse pelo
EBOOK GENES: Imunidade.
Tomara que você tenha aprendido
bastante!

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