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PROTOCOLO

ATENDIMENTO AOS
PACIENTES COM
SÍNDROME GRIPAL (SG) E
SÍNDROME RESPIRATÓRIA
AGUDA GRAVE (SRAG) –
ÊNFASE EM COVID-19
JULHO DE 2020
VERSÃO 1
PROTOCOLO
ATENDIMENTO AOS
PACIENTES COM
SÍNDROME GRIPAL (SG) E
SÍNDROME RESPIRATÓRIA
AGUDA GRAVE (SRAG) –
ÊNFASE EM COVID-19

Elaboração
Gerência de Atenção Primária à Saúde - GEAPS
Gerência de Urgência e Emergência - GEURE
Gerência de Assistência Farmaceutica e Insumos Essenciais - GAFIE
Diretoria de Assistência a Saúde - DIAS
Gerência da Rede Ambulatorial Especializada - GERAE
Diretoria de Regulação de Média e Alta Complexidade em Saúde - DMAC
Subsecretaria de Atenção à Saúde - SUASA

Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde - CIEVS


Gerência de Vigilância Epidemiológica - GVIGE
Diretoria de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica em Saúde e Informação - DPSV
Diretoria de Vigilância Sanitária - DVSA
Subsecretaria de Promoção e Vigilância em Saúde - SUPVISA

Projeto Gráfico
Produção Visual - Assessoria de Comunicação Social
Secretaria Municipal de Saúde

Belo Horizonte
Julho de 2020 - Versão 1
SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................................................................ 3

1 Como identificar um caso suspeito de síndrome gripal ou de síndrome


respiratória aguda grave? ........................................................................................................................... 3

2 Quem deve atender e como conduzir inicialmente um caso de suspeita


de SG ou SRAG? ............................................................................................................................................. 4

3 Quais as orientações de precaução devem ser adotadas enquanto o paciente com


SG ou SRAG aguarda atendimento? ........................................................................................................ 4

4 Quais os tipos de precauções devem ser utilizados pelos profissionais de saúde


durante o atendimento de um caso de SG ou SRAG? ........................................................................ 5

5 Quais são as condições e fatores que podem aumentar o risco de evolução


desfavorável de um paciente com SG? ................................................................................................... 7

6 Quais são os sinais/sintomas de piora do estado clínico ou de gravidade? ................................ 8


7 Qual exame deve ser realizado para diagnóstico de infecção pelo novo
coronavírus em pacientes com SG ou SRAG e quando solicitá-lo? ................................................ 8

8 Como conduzir os casos de pacientes com SG ou SRAG? ................................................................. 9


9 Considerações sobre uso do antiviral (oseltamivir)...........................................................................10
10 Considerações sobre o uso da cloroquina/hidroxicloroquina e outras medicações
em estudo para tratamento de COVID-19 .......................................................................................12

11 Quais são as orientações em relação à prevenção da influenza e da COVID-19? ................14


Referências bibliográficas...............................................................................................................................15

ANEXOS
ANEXO I Manejo clínico dos pacientes adultos portadores ou suspeitos da COVID-19
nas Unidades de Pronto Atendimento ....................................................................................17

ANEXO II Telefones para notificação ..........................................................................................................22


Julho de 2020 - Versão 1

Introdução
O contexto da pandemia de COVID-19 impõe grandes desafios aos profissionais da saúde
que tratam de pacientes com essa condição. Esses profissionais convivem com a ausência de
terapia específica comprovadamente eficaz, a incerteza de evolução clínica satisfatória, a intensa
veiculação de informações e estudos (muitas vezes sem metodologia, análise e mesmo validação
adequadas), além do receio de não oferecer terapia que em momento futuro se prove efetiva.
Existem estudos diversos em andamento, buscando determinar o papel de intervenções
terapêuticas na evolução natural da doença. As orientações deste protocolo estão sujeitas a
alterações decorrentes de novas evidências científicas, para as quais a SMSA se mantem vigi-
lante e comprometida na publicação de mudanças, sempre que necessário.

1 Como identificar um caso suspeito de


síndrome gripal ou de síndrome respiratória
aguda grave?
Deve-se suspeitar de Síndrome Gripal (SG) em indivíduos que apresentem doença res-
piratória aguda caracterizada por febre (mesmo que referida), associada a tosse ou dor de
garganta; anosmia e ageusia são comuns e muito específicos na COVID19. A SMSA optou
desde o início da pandemia em não considerar a presença de febre como manifestação obri-
gatória, tendo em vista publicações que mostraram se tratar de sintoma ausente em pratica-
mente metade dos pacientes, mesmo no início da doença.
Em crianças com menos de dois anos de idade, considera-se também como caso de SG
aquelas que apresentem febre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas respiratórios
(tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico.
Caracteriza-se como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) o quadro de paciente
com SG que apresente dispneia ou os seguintes sinais de gravidade: hipoxemia (Sat02 < 95%
em ar ambiente), sinais de desconforto respiratório ou taquipneia, hipotensão em relação
à pressão arterial habitual do paciente ou descompensação da doença de base. Também é
considerado SRAG qualquer indivíduo com quadro de insuficiência respiratória aguda duran-
te o período sazonal.
Em crianças, além dos itens anteriores também são considerados como sinais de SRAG a
presença de desidratação, inapetência, cianose, tiragem intercostal e batimento de asas do nariz.

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

2 Quem deve atender e como conduzir inicialmente


um caso de suspeita de SG ou SRAG?

A identificação de casos suspeitos de SG ou SRAG pode ser feita por profissional médico,
enfermeiro ou auxiliar/técnico de enfermagem, de acordo com os critérios clínicos apresentados
no item 1. Ao se identificar um caso suspeito, o profissional de saúde deve orientar o paciente
em relação às medidas de precaução (vide item 3) e encaminhá-lo para atendimento médico.
Casos identificados como SRAG devem ter seu atendimento priorizado. Nos Centros de
Saúde, o exame clínico, a avaliação da gravidade e a prescrição de medicamentos/medidas
de conforto (analgésico/antitérmico, oxigenoterapia, broncodilatador) para uso na unidade,
no aguardo do atendimento médico, podem ser realizados por enfermeiro, conforme Nota
Técnica 01/14 “Prescrição e Medidas de conforto pelo enfermeiro nos Centros de Saúde”. O
diagnóstico e prescrição de oseltamivir, antibióticos e outras medicações devem ser realiza-
dos por profissional médico.

3 Quais as orientações de precaução devem ser


adotadas enquanto o paciente com SG ou
SRAG aguarda atendimento?
Ao identificar um caso suspeito de SG ou SRAG, o profissional de saúde deve:

• Oferecer ao paciente uma máscara cirúrgica e orientar o seu uso correto, sempre que
o paciente tolerar.
• Orientar o paciente a cobrir a boca quando tossir ou espirrar com toalha de papel ou
com a fossa cubital do braço.
• Orientar o paciente a utilizar papel toalha ou lenço descartável para higiene nasal e
descartar imediatamente na lixeira após o uso.
• Orientar higienização frequente das mãos (com água e sabão, ou com álcool gel
70%), especialmente após assoar o nariz, tossir ou espirrar.
• Orientar o paciente a permanecer em local ventilado, a uma distância de pelo menos
um metro de outros pacientes, particularmente daqueles com condições ou fatores
de risco, enquanto aguarda atendimento.
• Disponibilizar cartazes e materiais informativos com orientações sobre a etiqueta res-
piratória em locais estratégicos, como: áreas de recepção, salas de espera, áreas de
convivência, etc.

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Julho de 2020 - Versão 1

4 Quais os tipos de precauções devem ser


utilizados pelos profissionais de saúde durante
o atendimento de um caso de SG ou SRAG?
Devem ser adotadas medidas de precaução por contato e precaução para gotículas du-
rante todo atendimento de pacientes com SG ou SRAG.

Mãos limpas são mãos seguras.


• Precaução por contato
• Higienização das mãos: lavar com água e sabonete ou friccionar as mãos com

Suas mãos estão limpas?


álcool a 70% (se as mãos não estiverem visivelmente sujas) principalmente nos
cinco momentos preconizados pela OMS:

E REALIZAR
SD
NTE EDIMENTO
A C
RO PO/ASSÉPT
IM IC
P

O
L

ANTES DE APÓS
TOCAR TOCAR O
O PACIENTE PACIENTE

AP CO
Ó S RIS O
A

DE
I Ç Ã RA
IS

FL E X P O S
UID O PO
S COR APÓS TOCAR
SUPERFÍCIES
PRÓXIMAS
AO PACIENTE

1
Higienize as mãos antes de entrar em contato com o paciente.
•ANTES
TOCAR
DE
Capote
O descartável:
Quando?
Por quê?
deve ser usado na assistência direta aos pacientes com sin-
Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos presentes nas mãos do profissional e
PACIENTE
tomas respiratórios (precaução de contato) para evitar a contaminação da pele e
que podem causar infecções.

2
ANTES DE
roupa do Quando?
REALIZAR profissional.
Higienize as mãos imediatamente antes da realização de qualquer procedimento limpo/asséptico e ao se mover
de um sítio anatômico contaminado para outro durante o atendimento do mesmo paciente.
PROCEDIMENTO
•LIMPO/ASSÉP-
Luvas
TICO
de procedimento:
Por quê?
devem ser
te, incluindo os microrganismos utilizadas
do próprio paciente. na assistência direta aos pacientes
Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos das mãos do profissional para o pacien-

com RISCOsintomas
Quando?respiratórios (precaução de contato),a fluidose também, conforme orienta-

3
APÓS Higienize as mãos imediatamente após risco de exposição corporais e após a remoção de luvas.
DE EXPOSIÇÃO
ções anteriores
A FLUIDOS Por quê? padronizadas em eprotocolos
Para a proteção do profissional e manuais
do ambiente de assistência imediatamente da SMSA,
próximo quando
ao paciente, evitando a houver
CORPORAIS transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.
risco de exposição ao sangue, secreções corporais, excreções e outros. Devem ser

4
Quando? Higienize as mãos após tocar o paciente, as superfícies e objetos próximos a ele e ao sair do ambiente de assis-
APÓS
descartadas
TOCAR O apóstência
o uso.ao paciente.
Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo superfícies e os objetos próxi-
PACIENTE Por quê?
• Gorro: deve ser usado quando houver risco de exposição dos cabelos e cabeça ao
mos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente.

5
Higienize as mãos após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas proximidades do paciente –
sangue,
APÓS TOCAR secreções
Quando?
mesmocorporais, excreções
sem ter tido contato com o paciente.e outros; também nas atividades onde há
SUPERFÍCIES
risco AOdos Por
PRÓXIMAS cabelos
quê?
contaminarem
Para
mente
a proteção do profissional
o processo
a transmissão deemicrorganismos
nos procedimentos geradores
e do ambiente de assistência à saúde, incluindo superfícies e objetos imediata-
próximos ao paciente, evitando do paciente a outros profissionais ou de
PACIENTE pacientes.
aerossol (precaução respiratória).
• Óculos ou protetor facial: devem ser utilizados quando houver risco de exposição
do profissional a respingos de sangue, secreções corporais, excreções, para prote-
ção dos olhos e da face do profissional.
A Organização Mundial de Saúde tomou todas as precauções cabíveis para veri car a informação contida neste informativo. Entretanto, o material publicado está sendo distribuído sem qualquer garantia
expressa ou implícita. A responsabilidade pela interpretação e uso deste material é do leitor. A Organização Mundial de Saúde não se responsabilizará em hipótese alguma pelos danos provocados pelo seu uso.

A OMS agradece ao Hospital Universitário de Genebra (HUG), em especial aos membros do Programa de Controle de Infecção, pela participação ativa no desenvolvimento deste material.

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

• Precauções para Gotículas


• Máscara cirúrgica: utilizar durante o atendimento e ao contato próximo (a menos
de 1 metro de distância) com paciente. As máscaras cirúrgicas devem ser trocadas
a cada 4 horas e também se estiverem molhadas ou danificadas. Durante o trans-
porte do paciente, o profissional e o paciente devem usar a máscara cirúrgica. As
mãos devem ser higienizadas imediatamente após a sua retirada.
• Precauções para Aerossóis
• Máscara N95 ou PFF2: utilizar em procedimentos com risco de aerossóis: ressusci-
tação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, intubação traque-
al, aspiração de vias aéreas, cuidados em traqueostomia, ventilação não invasi-
va, fisioterapia respiratória, fibronasolaringoscopia, endoscopia, procedimentos
odontológicos, micronebulização, indução de escarro, coleta de amostras naso-
traqueais. Em situações com indicação de micronebulização, sugere-se avaliar o
medicamento spray com espaçador como alternativa, o que também torna des-
necessário o isolamento do paciente.

O uso racional de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) é fundamental neste mo-


mento, independente da esfera de atuação do profissional. É extremamente recomendável a
identificação de equipe dedicada, exclusiva, ao atendimento dos casos suspeitos/confirma-
dos de COVID-19, a fim de se reduzir o número de profissionais expostos. Por outro lado a
equipe dedicada terá condições de ser melhor treinada, na prática e conceitualmente, quan-
to às medidas de biossegurança recomendadas de paramentação e desparamentação. Com
a equipe exclusiva também há outro ponto interessante em relação ao uso racional dos EPIs,
já que nem todos os itens necessitam troca entre um atendimento e outro: portanto o pro-
fissional pode otimizar o uso por exemplo da máscara, óculos, gorro, capote, estendendo sua
viabilidade até o fim do expediente de trabalho.
São estas medidas de uso prolongado ou reutilização de EPI necessárias, de acordo com
diversas diretrizes disponíveis da ANVISA e órgãos internacionais.
Já as luvas, o profissional deverá descartar na lixeira logo após o atendimento de cada paciente.
Devido à dificuldade atual de aquisição/fornecimento de máscaras cirúrgicas e N95/
PFF2, a grande maioria das instituições têm recomendado uso prolongado – de ambos os
tipos de máscaras – e até repetido das máscaras N95/PFF2.

• Quanto à máscara cirúrgica, sugere-se substituir a cada 4 horas de uso contínuo ou


quando úmida ou apresentar sujidade visível. A máscara cirúrgica uma vez retirada
deverá ser descartada: isto é, não será reutilizada.
• A N95/PFF2 pode ser submetida a uso prolongado e também reutilizada, caso sejam obede-
cidas as seguintes orientações. A retirada deverá ocorrer apenas em casos de necessidades
especiais: para se alimentar, tomar água, pausas intrajornada. No contexto da pandemia, a
reutilização deste EPI poderá ocorrer durante o período máximo de 5 dias de trabalho para
os profissionais das UPA e SAMU e 15 dias de trabalho para os demais serviços; em menor
período, se estiver visivelmente suja, molhada, danificada ou rasgada, quando os elásticos
não oferecerem a pressão necessária para a fixação à cabeça. Para uso prolongado e/ou
reutilização, indica-se higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento antes da recolo-

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cação. O acondicionamento da máscara deverá ser feito em saco de papel limpo ou enve-
lope pardo ou saco plástico fenestrado, com os elásticos para fora para facilitar a retirada
e sua reutilização. O envelope contendo a máscara deverá ser identificado com o nome
do profissional e permanecer sob sua responsabilidade durante o período de reutilização.

O paciente suspeito ou confirmado deve usar máscara cirúrgica durante toda a perma-
nência na unidade de saúde. O uso de máscara cirúrgica deve ser adotado também no pa-
ciente durante transporte. Os demais pacientes em atendimento no local deverão usar más-
caras de tecido conforme decreto municipal.
Com relação ao atendimento odontológico, os procedimentos eletivos devem ser adia-
dos neste momento. Os atendimentos de urgência e casos prioritários devem ser realizados
obedecendo às normas de biossegurança supracitadas, inclusive com uso de máscaras N95
ou PFF2, procedendo-se à limpeza e desinfecção do consultório ao final do procedimento.
Os ambientes onde são realizados os procedimentos geradores de aerossóis em pacien-
tes com SG e SRAG devem ser submetidos à limpeza concorrente habitual. Os mobiliários
ocupados pelos pacientes (ex: maca, cadeira, etc) devem ser higienizados após cada procedi-
mento. Para essa limpeza deve-se utilizar água e sabão, seguida de desinfecção com álcool a
70% ou hipoclorito de sódio a 1%.
Para informações detalhadas, acessar a Nota Técnica COVID-19 nº019/2020: https://pre-
feitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2020/nota-tecnica-19.pdf.

5 Quais são as condições e fatores que podem


aumentar o risco de evolução desfavorável de
um paciente com SG?
• Gestantes.
• Puérperas (até 2 semanas após o parto ou abortamento/perda fetal).
• Crianças menores de 5 anos (risco maior para influenza, não para o novo coronavírus).
• Adultos com idade igual ou maior a 60 anos.
• População indígena aldeada.
• Indivíduos menores de 19 anos em uso prolongado de acido acetilsalicílico (risco maior
para influenza, não para coronavírus).
• Portadores das seguintes comorbidades:
• Pneumopatia (incluindo asma).
• Cardiovasculopatias (incluindo hipertensão arterial sistêmica).
• Nefropatias e hepatopatias.
• Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme).
• Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes melitus e obesidade).
• Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a fun-
ção respiratória ou aumentar o risco de aspiração.
• Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/aids ou outros.

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

6 Quais são os sinais/sintomas de piora do


estado clínico ou de gravidade?
• Dispneia ou taquipneia.
• Hipoxemia (saturação 02 < 95%).
• Exacerbação de doença pré-existente (ex: DPOC ou cardiopatia).
• Disfunções orgânicas graves (ex: insuficiência renal aguda).
• Miosite comprovada por dosagem de creatinofosfoquinase.
• Alteração do sensório/confusão mental.
• Exacerbação de sintomas gastrointestinais em crianças.
• Hipotensão arterial.
• Desidratação.
• Persistência ou aumento da febre por mais de três dias.

7 Qual exame deve ser realizado para diagnóstico


de infecção pelo novo coronavírus em pacientes
com SG ou SRAG e quando solicitá-lo?
A realização de exame para diagnóstico etiológico está indicada para qualquer paciente
com SRAG ou SG, conforme situações descritas abaixo. O exame adequado na fase aguda, até
o sétimo dia de sintomas (ideal coleta entre 3 a 5 dias) é o RT-PCR em amostra de secreção
nasofaríngea ou traqueal, em pacientes intubados. Alguns estudos referem boas chances de
ainda se isolar material genético viral até a terceira semana de sintomas nos casos graves.
Na Rede SUS BH o exame molecular é ofertado para todos os usuários com SRAG (coletas
realizada pelas equipes EMAD em em UPAS e hospitais, sendo que alguns hospitais fazem suas
próprias coletas e encaminham à FUNED) e com SG em: profissionais de saúde, idosos em ILPI
e seus cuidadores, população em situação de rua, indígenas, população privada de liberdade,
nefropatas em tratamento dialítico, adolescente cumprindo medidas socioeducativas ou em
investigação de surtos, de acordo com a avaliação da Vigilância Epidemiológica.
Após 8 dias de sintomas, os testes sorológicos são os mais recomendados e são uti-
lizados na rede SUS-BH nas situações de surto, em inquéritos epidemiológicos e situações
específicas, de acordo com a avaliação do CIEVS-BH.
Todas as indicações e fluxos do exame molecular e teste rápido estão publicadas e atu-
alizadas em notas técnicas no site da PBH (https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/coronavirus).
Neste momento, não há coletas de swab para RT-PCR em Centros de Saúde.
Para orientações sobre a solicitação de coleta, deve-se fazer contato com as Gerências
Regionais de Assistência, Regulação e Epidemiologia (GAEREs), de segunda a sexta-feira de 8
às 18 horas, ou com o plantão do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde
(CIEVS-BH), após as 18 horas, finais de semana e feriados (vide telefones no anexo II).

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8 Como conduzir os casos de pacientes com SG


ou SRAG?
Casos sem sinais de gravidade, com ou sem fatores de risco:
• Prescrever anti-térmico e analgésico (paracetamol ou dipirona). Não prescrever ácido
acetilsalicílico nem corticoide.
• Prescrever oseltamivir se fatores de risco presentes. O início do tratamento deve ocor-
rer nas primeiras 48 horas de sintomas.
• Orientar isolamento domiciliar até 14º dia. Após este período o término do isolamen-
to se dará caso o paciente esteja afebril há pelo menos 72 horas, com melhora dos
outros sintomas. Não compartilhar alimentos, copos, toalhas – disponibilizar a Nota
Informativa COVID-19 001/2020.
• Orientar isolamento dos contatos domiciliares por 14 dias.
• Monitorar pacientes com fatores de risco por telefone até o 14º dia.
• Fornecer atestado médico para pacientes e contatos domicilares, se necessário.
• Manter ambiente domiciliar ventilado.
• Aumentar hidratação oral.
• Retornar ao Centro de Saúde ou UPA para reavaliação se febre alta não responsiva a
anti-térmico, febre persistente (> 3 dias) ou se apresentar sinais de piora do estado
clínico ou de gravidade (vide item 6).
• Orientar o paciente a retornar para casa utilizando máscara cirúrgica e, se possível,
evitar transporte coletivo.
• Notificar online através do link: https://notifica.saude.gov.br/login.

Casos com sinais de gravidade:


• Se necessário, iniciar uso de oxigenioterapia suplementar e hidratação venosa.
• Fazer contato com SAMU para transporte até UPA de referência.
Nas UPAs:
• Prescrever oseltamivir (vide item 9), antibioticoterapia se suspeita de infecção
bacteriana associada e sintomáticos. Se necessidade de O2 suplementar, iniciar
dexametasona na dose de 6mg/dia (uso por 10 dias).
• Notificar GAERE ou CIEVS imediatamente por telefone (vide números de telefone
no anexo II) e preencher a FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE SÍNDROME
RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE HOSPITALIZADO, disponível no Portal da PBH: ht-
tps://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/ficha_
sivesp_gripe_srag_hospital_31_03_2020.pdf.
• Manter monitoramento clínico e laboratorial para disfunções orgânicas: hemo-
grama, gasometria arterial, coagulograma, transaminases, função renal, PCR, LDH,
D-dímero, CPK, eletrólitos.
• Exame radiológico: Rx ou TC tórax.
• Na UPA ou no hospital, deve ser solicitada coleta de secreção respiratória para
realização de exame específico (vide item 7).

Para maiores detalhes do manejo clínico na urgência vide Anexo I

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

9 Considerações sobre uso do antiviral (oseltamivir)


Pelo diagnóstico diferencial de COVID-19 com influenza, o tratamento com oseltamivir
deve ser realizado em todos os casos de SRAG e nos casos de SG que apresentarem algum
fator de risco. O início do tratamento deve ocorrer nas primeiras 48 horas de sintomas.
É importante lembrar que a indicação do tratamento independe de vacinação prévia e
que, em pacientes com condições e fatores de risco para complicações e com SRAG, o an-
tiviral ainda apresenta benefícios, mesmo se iniciado após 48 horas do início dos sintomas.
A critério clínico, o tratamento pode ser prolongado em pacientes imunossuprimidos, com
doença grave ou prolongada, especialmente quando comprovado por exame virológico de
amostras respiratórias do trato inferior a persistência do vírus.
Para liberação do antiviral, é necessária apenas a receita médica em duas vias. Nos casos de
prolongamento de tratamento, além da receita deve ser encaminhada a justificativa médica.

Tabela 1 - Dosagem em pacientes ≥ 1 ano de idade.

Peso Dose Frequência


≤ 15 kg 30mg 12/12 horas, 5 dias
De 15 a 23 kg 45mg 12/12 horas, 5 dias
De 23 a 40 kg 60mg 12/12 horas, 5 dias
Acima de 40 kg 75mg 12/12 horas, 5 dias
Adultos 75mg 12/12 horas, 5 dias

Tabela 2 - Dosagem em pacientes < 1 ano de idade.

Peso Dose Frequência


RN Pré-Termo 1mg/kg 12/12 horas, 5 dias
RN com IG 38 a 40 semanas 1,5mg/kg 12/12 horas, 5 dias
RN com IG > 40 semanas 3mg/kg 12/12 horas, 5 dias
1 a 8 meses 3mg/kg 12/12 horas, 5 dias
9 a 11 meses 3,5mg/kg 12/12 horas, 5 dias

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Julho de 2020 - Versão 1

Tabela 3 - Recomendações para ajustes de doses na insuficiência renal.

Comprometimento renal/
Tratamento 5 dias Profilaxia 10 dias
clearance de creatina
Leve
75mg 12/12 h 75mg 1 vez ao dia
Clearance > 60-90ml/min
Moderado
30mg 12/12 h 30mg 1 vez ao dia
Clearance > 30-60ml/min
Severo
30mg 1 vez ao dia 30mg em dias alternados
Clearance > 10-30ml/min
Pacientes em hemodiálise 30mg após cada sessão 30mg após cada sessão alternada
Clearance ≤ 10ml/min de hemodiálise* de hemodiálise
Pacientes em Diálise Peritoneal Única dose de 30mg administrada 30mg 1 vez por semana
Contínua Ambulatorial - DPCA imediatamente após troca imediatamente após troca
Clearance ≤ 10ml/min da diálise da diálise**
*Serão apenas três doses (em vez de cinco) após cada sessão de hemodiálise, considerantodo-se que, um período
de cinco dias, serão realizadoas três sessões.
**Serão duas doses de 30mg cada, considerando-se os dez dias, onde ocorrerrão apenas duas sessões de diálise.
Fonte: CDC adaptado.

Apresentações do oseltamivir
• Cápsulas de 75 mg
• Cápsulas de 45 mg
• Cápsulas de 30 mg

Diante da necessidade de administração de oseltamivir em crianças, abrir a cápsula e diluir


seu conteúdo em água. No caso de utilização da cápsula de 75 mg, diluir em 7,5 ml de água
gerando solução na concentração de 10 mg/ml (para crianças menores de um ano podem ser
utilizados outros volumes de diluição para facilitar o cálculo da dose). Administrar volume de
solução equivalente à dose preconizadas nas tabelas 1 e 2. O restante da solução preparada
para cada dose deve ser desprezado, não podendo ser reaproveitado para a próxima dose.
Exemplo: Criança de 20 kg deverá receber 45 mg de oseltamivir, de 12/12 horas. Se hou-
ver disponibilidade da cápsula de 45mg, abrir a cápsula, diluir todo o seu conteúdo em 7,5
ml de água e administrar toda a quantidade da solução. Se houver disponibilidade apenas da
cápsula de 75 mg, diluir todo o conteúdo em 7,5 ml de água, obtendo uma concentração 10
mg/mL, e administrar 4,5 ml desta solução a cada 12 horas.
Os efeitos colaterais mais frequentes são náuseas e vômitos (preferir administração após
alimentação), dor abdominal, diarreia, cefaleia, conjuntivite. Entre os efeitos menos frequen-
tes encontram-se alterações de comportamento que podem levar a delirium (principalmen-
te em crianças e jovens), hepatite, arritmias, distúrbios visuais, síndrome de Stevens-Johnson
e necrólise epidérmica tóxica.

11
Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

10 Considerações sobre o uso da cloroquina/


hidroxicloroquina e outras medicações em
estudo para tratamento de COVID-19
Visando apoiar as equipes de saúde de Belo Horizonte e mantendo o propósito de ofertar
atendimento pautado em evidências científicas e desta forma buscar efetividade, eficiência,
eficácia e segurança nos tratamentos prestados aos nossos usuários, a Secretaria Municipal
de Saúde de Belo Horizonte segue as atuais recomendações da OMS – Organização Mundial
de Saúde relacionadas a não indicação de tratamentos medicamentosos específicos para
COVID-19 em pacientes com formas leves da doença, nem tampouco com a finalidade de
evitar sua instalação, em função da ausência de evidências científicas até este momento.
Em consonância com tal fato seguem recomendações mais recentes e abrangentes que
coadunam com a posição da SMSA:

• Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (29/6/2020)


https://sbpt.org.br/portal/sbpt-profilaxia-tratamento-covid-19/
• Sociedade Brasileira de Infectologia/Associação Médica Brasileira (30/6/2020)
https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2020/06/ddb8adbedf98c5be-
d371a929338e0df2acc49af1becb494f5a15dd38f901c760.pdf
• Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (12/07/2020)
https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Recomendac%CC%A7o%C
C%83es-da-SBMFC-para-a-APS-durante-a-Pandemia_3versa%CC%83o_12_07-1.pdf
• CONASS - Conselho Nacional de Saúde (22/5/2020)
http://conselho.saude.gov.br/recomendacoes-cns/1193-recomendacao-n-042-
-de-22-de-maio-de-2020

12
Julho de 2020 - Versão 1

Tabela 4 - Recomendações de instituições nacionais/internacionais de saúde e de sociedades médicas (5/6/2020).


Terapêuticas
AMIB / SBI /
experimentais OMS CDC / NIHa NHS IDSA SCCM
SBPT
para COVID-19
Contra usoa
Hidroxicloroquina Contra Contra uso Contra Contra uso de
(Lacuna de 0
(ou Cloroquina) usoa (AI) usoa rotina (Fraca)
conhecimento)
Hidroxicloroquina Contra usoa
Contra Contra uso Contra Contra uso de
(ou Cloroquina) + (Lacuna de 0
usoa (AIII) usoa rotina (Fraca)
Azitromicina conhecimento)
Contra usoa Contra uso
Contra Contra o Contra Contra uso de
Lopinavir/ritonavir (Lacuna de (Fraca, baixa
usoa uso (AI) usoa rotina (Fraca)
conhecimento) qualidade)
Contra o Contra o uso
Oseltamivir – – Contra o uso 0
uso (Forte)
Contra usoa Contra o uso
Contra Contra
Tociclizumabe 0 (Lacuna de 0 de rotina
usoa usoa
conhecimento) (Fraca)
Ivermectina – – – – – –
Oseltamivir
(suspeita de
A favor do A favor do uso
influenza em – – A favor do uso –
uso (Fraca)
quadros graves ou
fatores de risco)
A favor
Antibióticos do usob Contra uso
Contra uso Contra uso Contra uso –
(profiláticos) (Fraca, baixa (Fraca)
qualidade)
Antibacterianos A favor do
(suspeita A favor do A favor do A favor do uso (Fraca,
– A favor do uso
de infecção uso uso uso baixa
bacteriana) qualidade)
OMS = Organização Mundial da Saúde; CDC = Centers for Disease Control and Prevention (EUA – Estados Unidos da
América); NIH = National Institute of Health(EUA); NHS = National Health Service(Reino Unido); IDSA = Infectious Disease
Society of America(EUA); SCCM = Society of Critical Care Medicine; AMIB = Associação de Medicina Intensiva Brasileira; SBI
= Sociedade Brasileira de Infectologia; SBPT = Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
a
Não há evidências atuais para recomendar qualquer tratamento anti-COVID-19 específico. Considere a inscrição de pa-
cientes em cenários adequados de ensaios clínicos randomizados.
b
Em casos de insuficiência respiratória e sob ventilação mecânica com COVID-19, recomenda-se o uso de antibacterianos
empíricos (recomendação fraca, evidência de baixa qualidade). Observação: avaliar diariamente e reavaliar a duração da
terapia e o espectro da cobertura com base nos resultados da microbiologia e o estado clínico do paciente.
- Não há descrição da referida terapêutica.
0 Dados insuficientes para recomendação a favor ou contra o tratamento.
Fonte: Adaptado dos autores por TelessaúdeRS-UFRGS - Avaliação das Evidências Científicas sobre o uso de Hidroxicloro-
quina/Cloroquina como terapia específica para COVID-19.

Destaca-se que a prescrição de qualquer medicamento é prerrogativa do médico, e o


tratamento do paciente portador de COVID-19 deve ser baseado na autonomia do médico,
de acordo com o estabelecido no código de ética médica, capítulo I:

VII – O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado
a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso


de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à
saúde do paciente.

Segundo Parecer 4/2020 do Conselho Federal de Medicina (CFM), a primeira possibilida-


de em que pode ser considerado o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina é no caso de
paciente com sintomas leves, em início de quadro clínico, e que tenham sido descartadas
outras viroses (como Influenza e dengue) e exista diagnóstico confirmado de Covid-19, aces-
sível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/pareceres/BR/2020/4.
O Ministério da Saúde divulgou em 20 de maio de 2020 um protocolo com orientações
do uso de cloroquina e hidroxicloroquina, que também destaca a falta de evidências científicas
robustas e disponibiliza um termo de consentimento livre e esclarecido, caso o médico decida
pela prescrição. Acessível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/May/20/orientaco-
es-manuseio-medicamentoso-covid19.pdf.
Compreende-se ainda que a prescrição realizada sem o respaldo técnico-científico (off
label) deverá ser compartilhada com o paciente em relação a falta da evidência científica de
sua eficácia à luz dos conhecimentos atuais e seu potencial risco de dano, seguida ainda da
assinatura de termo de consentimento.
Apenas a cloroquina será disponibilizada nos Centros de Saúde, conforme posologia re-
comendada pelo Ministério da Saúde, mediante apresentação de receita médica em duas
vias e cópia do termo de consentimento, que serão retidas na farmácia.

11 Quais são as orientações em relação à


prevenção da influenza e da COVID-19?
A principal forma de transmissão da influenza e da COVID-19 é por meio do contato
direto com secreções, especialmente quando o paciente tosse, espirra ou fala em distância
inferior a um metro de outra pessoa. Também pode ocorrer transmissão através de objetos
contaminados. Desta forma, as orientações mais importantes para a população são:

• Higienizar as mãos frequentemente com água e sabonete e/ou álcool a 70%.


• Manter a casa e o seu lugar de trabalho bem ventilados mantendo as janelas abertas.
• Evitar lugares com aglomeração de pessoas, principalmente, os fechados.
• Evitar sair de casa se estiver gripado.
• Evitar tocar olhos, boca, nariz com as mãos.
• Usar lenços descartáveis para limpar o nariz ou os olhos. Depois de usar, descartar
imediatamente no lixo e higienizar as mãos.
• Cobrir a boca ao tossir ou espirrar com toalha de papel/lenço descartável ou com a
fossa cubital do braço.
• Não compartilhar copos, pratos ou talheres.
• Para Influenza: vacina disponibilizada pelo SUS para populações alvo, anualmente.
• Para COVID-19: uso de máscara de tecido ou descartável, sempre que sair de casa.

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Julho de 2020 - Versão 1

Referências bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de Manejo Clínico na
COVID-19 na Atenção Especializada, 2020. Disponível em : https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/manejo_clinico_covid-19_atencao_especializada.pdf.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. Protocolo de tratamento de Influenza: 2017 [recurso eletrônico] /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf.
Prefeitura de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. Informações sobre a COVID-19 -
https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/coronavirus.

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ANEXOS
Julho de 2020 - Versão 1

ANEXO I Manejo clínico dos pacientes adultos portadores


ou suspeitos da COVID-19 nas Unidades de
Pronto Atendimento

Introdução
A COVID-19 é doença causada por vírus da família dos betacoronavírus, denominado de
SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2).
Estudos clínicos descrevem três estágios distintos da doença: estágio 1 infecção precoce,
estágio 2 fase pulmonar e estágio 3 fase de hiperinflamação. A fase de hiperinflamação tem
como principais mediadores as citocinas, sendo que a liberação destas substâncias é de tal mag-
nitude que passou-se a usar o termo tempestade de citocinas para este estágio da doença1,2.
Devido a esta característica fisiopatológica, vários países iniciaram pesquisas com uma
série de drogas antivirais, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, com o intuito de fazer o
reposicionamento farmacológico destes fármacos3,4,5,6,7,8,9,10.
Pela característica de hiperinflamação, o corticoide foi um dos fármacos mais utilizados
nestes estudos. O estudo RECOVERY8 (Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy) foi es-
tabelecido como um ensaio clínico randomizado para testar uma variedade de tratamentos
potenciais para COVID-19, incluindo doses baixas de dexametasona. Mais de 11.500 pacien-
tes foram matriculados em mais de 175 hospitais do NHS no Reino Unido.
Este estudo apontou que a dexametasona reduziu as mortes em um terço nos pacientes
ventilados (razão de taxa 0,65 [intervalo de confiança de 95% 0,48 a 0,88]; p = 0,0003) e em
um quinto em outros pacientes recebendo apenas oxigênio (0,80 [0,67 a 0,96]; p = 0,0021).
Não houve benefício entre os pacientes que não necessitaram de suporte respiratório (1,22
[0,86 a 1,75]; p = 0,14).
No dia 25 de junho o NIH (National Institutes of Health) passou a recomendar a dexame-
tasona no tratamento de pacientes com COVID-19.
Outos trabalhos9 apontam também para o alto risco de doença tromboembólica no pa-
ciente com Covid e cuidados necessários.
Considerando a curva ascendente observada em Minas Gerais e em Belo Horizonte, im-
portante a construção de protocolo para guiar as ações dos profissionais da Rede SUS-BH e
assim, reduzir internações, complicações clínicas e taxa de mortalidade.

Objetivo Geral
Reduzir internações, complicações clínicas e mortalidade pela COVID-19.

Objetivos Específicos
• Estabelecer diagnóstico de COVID-19 e diagnósticos diferencias (especialmente ou-
tras viroses e outras doenças do aparelho respiratório).
• Estratificar risco dos pacientes e encaminhar para ambiente de tratamento com re-

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

cursos adequados à gravidade.


• Iniciar medicações em pacientes com critério de gravidade (oseltamivir, antibióticos,
heparina, dexametasona) ainda na urgência, com objetivo de diminuir inflamação e
eventos trombóticos.
• Estabelecer oxigenioterapia.

Perguntas frequentes na prática do profissional de saúde


1- Quanto à heparina profilática
A Covid-19 com sinais de gravidade é, por si só, um fator de risco para trombose? É critério
suficiente para iniciar heparina profilática (mesmo que escores clínicos - exemplo, escore de Pa-
dua - não indiquem esta necessidade? Pode ser iniciada em Unidades de Pronto-Atendimento?
Alguns trabalhos9 demostram um alto risco de doença tromboembólica no paciente com
Covid. Isto pode sugerir o uso de heparina profilática: heparina de baixo peso molecular (eno-
xaparina) ou heparina não fracionada (HNF) para todos pacientes com Covid 19 com sinais
de gravidade – incluindo os pacientes em observação na Unidades de Pronto-Atendimentos
(UPAs), independentemente de escores de risco para Tromboembolismo Venoso (TEV).

2- Quanto ao uso de dexametasona nas Unidades de Pronto-Atendimento


Em pacientes não hospitalizados, mas, em observação nas unidades de urgência, em uso
de oxigenioterapia, pode-se aplicar a indicação da dexametasona (estudo Recovery2) que
indicou este uso em pacientes internados?
O uso de dexametasona para pacientes na emergência (ainda que não internados) seria uma
evidência indireta. Pela organização do Sistema de Saúde em Belo Horizonte, recomenda-se o
início deste tratamento para que não se perca o tempo oportuno (início da fase inflamatória).

3- Quanto ao uso de corticóide e heparina após alta das Unidades de Pronto-Atendimentos (UPAs)
Se o paciente com Covid 19 confirmado em observação na UPA, tiver iniciado o uso de corticói-
de e/ou anticoagulação melhorar e receber alta é indicado a continuidade destes medicamentos?
Cada caso deve ser avaliado individualmente, porém, avaliar os benefícios da manuten-
ção do corticóide por 10 dias. A heparina, pela necessidade de acompanhamento mais ade-
quado, não é recomendada a manutenção. Orientar a estes pacientes que receberam alta
para adequado controle ambulatorial.

4- Benefícios do uso de corticóide e/ou heparina quando iniciados em tempo oportuno


Estes medicamentos podem diminuir a gravidade dos pacientes, diminuindo utilização
de CTIs ou eventos trombóticos, se iniciados em Unidades de Pronto-Atendimentos?
As evidências do estudo Recovery2 são de diminuição de óbito em 1⁄3 em pacientes com
ventilação mecânica (VM) e 1⁄5 em pacientes com oxigenioterapia, mas não em pacientes
menos graves. Estudos observacionais(11) mostram que o uso de corticóide em pacientes
moderados a graves reduz desfecho composto de indicação de terapia intensiva, ventilação
mecânica e mortalidade de 54,3 para 34,9% , p= 0,005. Por isto, devem ser iniciados nas UPAs
em pacientes com sinais de agravamento e/ou em uso de oxigenioterapia.

18
Julho de 2020 - Versão 1

FLUXOGRAMA: MANEJO DO PACIENTE GRAVE


COM QUADRO CLÍNICO SUSPEITO DE COVID-19

Febre, tosse, falta de ar, dor de garganta, coriza, congestão nasal,


anosmia, ageusia, diarreia, mal estar, cefaleia, astenia, mialgia.

Triagem de acordo com o


Protocolo Manchester/Avaliação de Risco

SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE


(Sintomas compatíveis com quadro clínico suspeito)

• Exames propedêuticos: colher pacote de exames laboratoriais COVID-19 ( ver sugestão item A, avaliar
clínica e disponibilidade) e realizar TC de Tórax (conforme fluxo do Serviço).
• Colher PCR para Coronavírus (swab nasofaríngeo) e Pesquisa rápida para Influenza A, B e H1N1 (swab),
para os pacientes SEM confirmação diagnóstica.
• Notificar GAERE ou CIEVS imediatamente por telefone (vide números de telefone no anexoII) e
preencher a FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE
HOSPITALIZADO.
• Iniciar Ceftriaxona (1 grama de 12 em 12 horas EV) OU Amoxicilina com Clavulanato de Potássio (1,2 g
de 8/8h, EV). Se possível, utilizar a via oral: Amoxacilina com Clavulanato (500mg de 8 em 8 horas).
• Iniciar Azitromicina (500mg/dia) EV, após reconstituição e diluição (uma dose intravenosa de 500 mg
de azitromicina deve ser infundida em no mínimo 1 hora). Utilizar a via oral, se possível.
• Iniciar Oseltamivir (75mg 2x/dia por 5 dias), para os pacientes SEM diagnóstico confirmado de
COVID-19 ou se Pesquisa Rápida para Influenza seja positiva.
• Iniciar Dexametasona 6mg, EV, ou VO, de 24/24 horas (durante 10 dias), para os pacientes
que necessitam de suplementação de oxigênio ou ventilação mecânica invasiva. No caso de
indisponibilidade da dexametasona, poderia ser utilizado doses equivalentes de outros corticoides
como: Prednisona 40mg/dia ou Hidrocortisona 150 mg/dia, por período de 10 dias.
• Recomenda-se o uso de Anticoagulação Profilática (Enoxaparina 40mg, SC, MID ou Heparina sódica
5.000 UI de 12/12 horas) para Covid 19 com sinais de gravidade descritos item B. OBS: Evitar o uso de
Heparina se Plaquetopenia < 70.000/mm3 ou se presença de outros fatores que contraindiquem a sua
utilização.
• Avaliar necessidade de aporte de O2 caso Sat O2 < 93%. Evitar a realização de nebulização e VNI.

Critérios de internação em CTI


• Necessidade de O2 suplementar (CN O2 > 3l/min) para manter SatO2 > 94% ou FR <
24 ipm e/ou
• Sepse/Choque séptico e/ou
• Disfunções orgânicas agudas (insuficiência renal aguda, insuficiência hepática aguda,
alteração do nível de consciência) e/ou
• Insuficiência respiratória aguda com necessidade de ventilação mecânica invasiva.

A- Pacote de Exames Laboratoriais – COVID-19


Hemograma, Proteína C Reativa, potássio, sódio, magnésio, cálcio, glicose, uréia, cre-
atinina, TGO, TGP, GGT, fosfatase alcalina, bilirrubinas, LDH, coagulograma, gasometria
arterial, troponina, Dímero D.

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Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

B- Grupos de Risco (relacionados a pior prognóstico da COVID-19)


• Idade > 60 anos.
• Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, pneumopatias estruturais.
• Neoplasias.
• Cardiopatias (Insuficiência cardíaca, Coronariopatia, Hipertensão arterial severa).
• Doença cerebrovascular.
• Diabetes Mellitus.
• Doença Renal crônica.
• Doença Hepática crônica.
• Pacientes Imunossuprimidos.

C- Resultados Esperados
• Exames laboratoriais
• Hemograma: leucopenia e linfopenia.
• Bioquímica: Elevação de uréia, creatinina e distúrbios hidroeletrolíticos.
• Função hepática: Elevação de TGO, TGP, gama GT e bilirrubina total.
• Elevação de Dímero D, PCR, LDH, ferritina.

• Exames de Imagem
• RX tórax: opacificação mal definida, bilateral e periférica.
• TC tórax: padrão em vidro fosco (risco aumentado se comprometimento pulmonar
maior que 25%), pavimentação em mosaico, consolidação sendo raramente unilateral.

20
Julho de 2020 - Versão 1

Referências bibliográficas
1- Kolilekas L, Loverdos K, Giannakaki S, et al. Can steroids reverse the severe COVID-19 induced ‘cytokine
storm’? J Med Virol. 2020. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32530507.

2. Wu C, Chen X, Cai Y, et al. Risk factors associated with acute respiratory distress syndrome and death in pa-
tients with coronavirus disease 2019 pneumonia in Wuhan, China. JAMA Intern Med. 2020. Available at: https://
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32167524.

3. Yuan M, Xu X, Xia D, et al. Effects of corticosteroid treatment for non-severe COVID-19 pneumonia: a propen-
sity score-based analysis. Shock. 2020. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32496422.

4. Yang Z, Liu J, Zhou Y, Zhao X, Zhao Q, Liu J. The effect of corticosteroid treatment on patients with coronavi-
rus infection: a systematic review and meta-analysis. J Infect. 2020;81(1):e13-e20. Available at: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pubmed/32283144.

5. Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy (RECOVERY). Low-cost dexamethasone reduces death by up to


one third in hospitalised patients with severe respiratory complications of COVID-19. 2020. Available at: https://
www.recoverytrial.net/news/low-cost-dexamethasone-reduces-death-by-up-to-one-third-inhospitalised-
-patients-with-severe-respiratory-complications-of-covid-19. Accessed June 23, 2020.

6. Horby P, Shen Lim W, Emberson J, et al. Effect of dexamethasone in hospitalized patients with COVID-19:
preliminary report. medRxiv. 2020;[Preprint]. Available at: https://www.medrxiv.org/ content/10.1101/2020.06.22
.20137273v1.

7. Arabi YM, Mandourah Y, Al-Hameed F, et al. Corticosteroid therapy for critically ill patients with Middle East
Respiratory Syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2018;197(6):757-767. Available at: https://www.ncbi.nlm. nih.
gov/pubmed/29161116. 10. Stockman LJ, Bellamy R, Garner P. SARS: systematic review of treatment effects. PLoS
Med. 2006;3(9):e343. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16968120.

8. Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy (RECOVERY). Low-cost dexamethasone reduces death by up to


one third in hospitalised patients with severe respiratory complications of COVID-19. 2020. Available at: https://
www.recoverytrial.net/news/low-cost-dexamethasone-reduces-death-by-up-to-one-third-inhospitalised-
-patients-with-severe-respiratory-complications-of-covid-19. Accessed June 23, 2020.

9. Horby P, Shen Lim W, Emberson J, et al. Effect of dexamethasone in hospitalized patients with COVID-19:
preliminary report. medRxiv. 2020;[Preprint]. Available at: https://www.medrxiv.org/ content/10.1101/2020.06.22
.20137273v1.

10. Helms, J., Tacquard, C., Severac, F. et al. High risk of thrombosis in patients with severe SARS-CoV-2 infec-
tion: a multicenter prospective cohort study. Intensive Care Med 46, 1089–1098 (2020). https://doi.org/10.1007/
s00134-020-06062-x.

11. Fadel R, Morrison AR, Vahia A, et al. Early short course corticosteroids in hospitalized patients with COVID-19.
Clin Infect Dis. 2020. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32427279.

21
Atendimento aos pacientes com Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – ênfase em COVID-19

ANEXO II Telefones para notificação


Dias úteis, de 8 às 18 horas: Gerências Regionais de Assistência, Regulação e Epidemiolo-
gia (GAEREs). Após as 18 horas, fim de semana e feriado: Plantão do CIEVS-BH.

Telefone do plantão e das gerências


distritais de epidemiologia
Barreiro 3277-5921
Centro-Sul 3277-4331
Leste 3277-4477
Nordeste 3277-6241/6242
Noroeste 3277-7645
Norte 3277-7853
Oeste 3277-7082
Pampulha 3277-7938
Venda Nova 3277-5413
Plantão do CIEVS-BH 98835-3120

22

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