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super.abril.com.br/coluna/bruno-garattoni/a-variola-dos-macacos-vai-comecar-uma-nova-pandemia-3-coisas-
estranhas-sobre-a-onda-global-da-doenca-e-uma-possivel-resposta/
Bruno Garattoni
PHIL/CDC/Reprodução
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Saúde
Por Bruno Garattoni Atualizado em 8 jun 2022, 17h36 - Publicado em 23 Maio 2022,
15h22 Linguagem coloquial. Cenografia 1: bate-papo informal, conversa entre pares.
Ela surgiu como um relâmpago: em pouquíssimos dias, já chegou a 16 países. Mas é
causada por um vírus antigo, o MPXV, que circula há décadas e nunca provocou surtos
internacionais. Por que ele está atacando agora? Há uma hipótese – e ela é
perturbadora. Suscita curiosidade do leitor.
Marca posição do autor.
Na semana passada, nada menos do que 16 países relataram casos de varíola dos
macacos: Espanha, Portugal, Reino Unido, Canadá, Bélgica, Itália, Alemanha, Austrália,
Holanda, EUA, Dinamarca, Suíça, França, Suécia, Israel e Áustria confirmaram ao todo
112 infectados, e há mais 92 casos suspeitos – incluindo também a Argentina e a Grécia.
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Tudo isso em pouquíssimos dias, com o surto se espalhando pelo mundo como se fosse
um relâmpago. A OMS convocou uma reunião de emergência, e disse que a transmissão
da doença na Europa pode aumentar nas próximas semanas. Cita OMS para dar veracidade ao texto
Posição do autor
A varíola símia é uma doença terrível. Ela é causada pelo MPXV, um vírus que foi Eúnoia / Phrónesis
descoberto em macacos na década de 1950 – e infectou humanos pela primeira vez em
1970, na África. O MPXV é transmitido pelo contato físico com a pele do doente, seus
fluidos corporais ou objetos que ele tocou (incluindo lençóis e toalhas).
Veracidade
Até agora, a OMS trabalha com a tese de transmissão via relações sexuais. Mas só esse
meio seria suficiente para explicar o surgimento da doença, de forma quase simultânea,Veracidade
Question. em 18 países de quatro continentes? Um estudo feito nos EUA em 2013 constatou que o
vírus se mantém no ar por até 90 horas. Isso tem levado alguns cientistas a especular Não é certeza
que a varíola símia poderia ser transmissível pelo ar – assim como a varíola comum, que
foi erradicada em 1980, era.
A doença também pode matar. Existem duas variantes do MPXV: a do Congo, que mata
10% dos infectados, e a da África Ocidental, com letalidade de 1%. O atual surto de
varíola símia é provocado pela segunda cepa, a menos letal.
A doença pode ser prevenida com a vacina da varíola comum. Mas essa vacina pode
causar efeitos colaterais sérios, e não está imediatamente disponível: deixou de fazer
parte dos programas de imunização nos anos 1980. Também existe uma vacina
específica para a varíola símia. Ela se chama Jynneos, e foi aprovada nos EUA e na
Europa em 2019.
Agora, em 2022, parece ser diferente. A varíola símia dificilmente teria conseguido Posição do
chegar a tantos países, tão rápido, sem transmissão direta entre pessoas. É bem autor
provável que isso esteja ocorrendo, o que é uma péssima notícia. Mas a propagação da
doença, mesmo considerando a transmissão entre humanos, foi atípica. Alguns dos
casos, em alguns dos países, têm relações entre si: o primeiro infectado no Reino Unido,
por exemplo, havia estado na Nigéria.
Mas também há vários casos, em vários dos países afetados, sem nenhum nexo Posição do autor
geográfico ou causal com os demais locais de infecção. Outra coisa incomum: todos os
16 países relataram os casos quase ao mesmo tempo, com apenas um ou dois dias de
diferença.
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Posição do autor
Isso não é normal. Na pandemia de Covid-19, houve uma progressão clara, com o vírus
levando semanas para alcançar todos os continentes. O Sars-CoV-2 não se manifestou
nos quatro cantos do mundo em poucos dias. Mas o vírus da varíola símia fez isso.
(Uma terceira amostra, sequenciada nos EUA, tem algumas diferenças genéticas – mas
isso parece estar relacionado a erros de leitura.)
Conforme os vírus se espalham na natureza, entre animais e humanos, eles vão Posição do autor
sofrendo e acumulando mutações. Por isso, é estranho que o vírus da varíola símia não
tenha nenhuma. Quando algum vírus reaparece em humanos e traz consigo um código
genético “antigo”, sem mutações, isso pode ser um sinal de que ele estava sendo
mantido em laboratório e escapou. Já aconteceu algumas vezes.
Pode ser que, de 2018 a 2022, o MPXV tenha se propagado de forma endêmica pela Suscita
questionamen
África – e, mesmo assim, não tenha incorporado nenhuma mutação? Pode. Mas essa to e
tese levanta outra questão: por que o vírus não se espalhou pelo mundo em 2018, ou responde /
desde então, e só começou agora? esclarece
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Lesões causadas pela doença, que mata em 1% a 10% dos casos. PHIL/CDC/Reprodução
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Essas duas possibilidades podem explicar porque o vírus da varíola símia, mesmo sem
mutações, teria passado a se transmitir mais facilmente. Os supostos efeitos Posição do autor
imunossupressores da Covid poderiam tornar o contágio mais fácil. Ou, então, talvez as
pessoas que estão apresentando a doença já tivessem o MPXV no organismo, e ele não
fizesse nada – mas uma redução imunológica pós-Covid tenha dado espaço para o vírus
se multiplicar no organismo e causar sintomas.
Isso explicaria por que a varíola símia apareceu quase ao mesmo tempo em tantos
pontos diferentes do planeta, sem uma progressão epidêmica visível. É uma hipótese.
Os possíveis efeitos imunológicos da Covid, inclusive a longo prazo, ainda não são
comprovados. Mas, se eles realmente existirem, poderão ter impactos importantes no
futuro. Num cenário em que as vacinas continuam protegendo contra Covid severa, mas
já não conseguem impedir a transmissão do Sars-CoV-2, quase toda a população
mundial acabará, cedo ou tarde, sendo exposta ao vírus.
Posição do autor
Se isso render algum grau de disfunção imunológica, o mundo do futuro poderá ser bem
diferente, com a eclosão ou o reaparecimento de várias doenças infecciosas – incluindo
as causadas por vírus, como o MPXV, que já existiam mas não eram problemas globais.
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