Você está na página 1de 4

Bioterrorismo

Varíola Verdade ou Mito??

UNISEPE - União das Instituições de Serviços, Ensino e Pesquisa Ltda


Rua Madame Schimidt, 90 Federal
São Lourenço/MG (35) 3332-3355 -
www.faculdadesaolourenco.com.br

Gustavo dos Santos Carraro

Resumo- Bioterrorismo ou terrorismo químico-biológico é a liberação intencional de produtos químicos


ou agentes infecciosos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. A varíola e sua prevenção vacinal
estavam incluídas somente em textos da historia da medicina. Verificou-se uma nova ameaça do vírus
como fator de bioterrorismo.
Palavras-chave: bioterrorismo , armas químicas, Varíola
Área do Conhecimento:

Introdução diagnosticar uma epidemia, e as condições de


controlar a disseminação dos diversos agentes
Especialistas dividem opiniões sobre a possível infecciosos torna-se bastante complexo visto que
decisão da OMS de destruir as últimas amostras as aglomerações urbanas, pobreza e outros
vivas do ‘O. variolae’ cultivadas em laboratório. Os fatores sociais e econômicos são empecilhos
estoques poderiam ser usados tanto para novas graves para contenção de epidemias.
pesquisas quanto como arma biológica. “A varíola tem um tempo de disseminação muito
adequado para ataques terroristas”, explica o
Esses agentes causadores de infecções são historiador especializado em saúde Gilberto
liberados no ar ou, principalmente, através da Hochman, da Fundação Oswaldo Cruz. “Assim
contaminação de centrais de abastecimento de como pode haver um homem-bomba, pode existir
água. Isso tudo ocorre com a clara intenção de um homem-varíola. Basta uma pessoa se inocular
prejudicar ou até mesmo aniquilar populações com o vírus e entrar em um aeroporto que o vírus
inteiras de um país alvo com a possibilidade de já começa a ser transmitido.”
difundir doenças por todo o mundo através da Segundo Hochman, além do uso por terroristas, a
disseminação do agente infeccioso. Isto é varíola corre o risco de ser utilizada como arma
explicado da seguinte maneira: uma pessoa pode militar. Um dado que colabora para essa
ter contraído uma doença e não tendo possibilidade é o fato de os soldados
conhecimento do contágio, fazer uma viagem para estadunidenses ainda serem vacinados contra a
outro país e levar consigo o agente infeccioso. doença. Além disso, a OMS e outras instituições
Podemos citar também o envio de cartas de pesquisa têm simulações de ataques biológicos
contaminadas, como aconteceu após o 11 de com varíola, o que mostra que esse não é um
setembro nos Estados Unidos. cenário improvável.
Existem vários agentes infecciosos como bactérias A ameaça de um ataque biológico foi um dos
e vírus que podem ser disseminados com argumentos usados para o adiamento da
facilidade, como por exemplo o vírus da varíola, destruição dos estoques do vírus em 2002.
este apesar ser uma doença erradicada no mundo Pesquisadores que compunham o quadro da OMS
e sua manipulação ser restrita a centros de alegavam que as amostras seriam úteis para o
pesquisa como o CDC em Atlanta/USA, ainda é desenvolvimento de novos remédios caso fosse
manipulado em laboratórios não oficiais de países preciso combater uma epidemia surpresa de
que dedicam a guerra Biológica . Existem varíola.
microrganismos causadores de doenças que ainda
estão em estudo e que podem ser utilizados Metodologia
confins não pacíficos. Hoje, as condições para

Jornada Científica da Faculdade São Lourenço 2015. 1


A quantidade de vacinas para todos os outros animais, como a dengue, por exemplo), de
trabalhadores da área de saúde e para a surgimento e desenvolvimento repentinos e
população, dependendo do microrganismo não é causada pelo Orthopoxvírus variolae, um dos
suficiente. A vacina é produzida com vírus em maiores vírus conhecidos e que é muito resistente
cultivo adquirido através da pele de bezerro, está aos agentes físicos externos, como, por exemplo,
vacina é eficaz para o tratamento da doença e seu variações de umidade e temperatura.
custo é baixo, injetada em pequena quantidade no A transmissão ocorre de pessoa para pessoa por
paciente, o corpo reage ao vírus criando meio do convívio e geralmente pelas vias
anticorpos para combater a doença, sua respiratórias. Uma vez dentro do organismo, o
imunização é de aproximadamente 10 anos . vírus da varíola permanece incubado de sete a 17
dias. A seguir, ele se estabelece na garganta e
nas fossas nasais e causa febre alta, mal-estar,
dor de cabeça, dor nas costas e abatimento, esse
estado permanece de dois a cinco dias, para
finalmente atingir sua forma mais violenta: a febre
baixa e começa a aparecer erupções
avermelhadas, que se manifestam na garganta,
boca, rosto e que depois espalham-se pelo corpo
inteiro.

"Imagem do farmacêutico Rodolfo Teóphilo


vacinando populares no Ceará . ao fundo um
vitelo para extração e inoculação da vacina
animal" (s.d.) Acervo da casa de Oswaldo Cruz/
Fiocruz.

A população também não está preparada nem


tem conhecimento de profilaxia para um caso de
emergência, não teríamos pessoal suficientemente
treinado para manuseio e cuidado de indivíduos
contaminados. Para evitar uma contaminação em
massa, basta ter a velocidade de reação, ou seja,
identificar, isolar e tratar os doentes com o máximo
de urgência.

Paciente de varíola, fotografado em 1886. A


doença muitas vezes fatal, foi erradicada em 197. (
foto: wikimedia commons)

Isso ocorre, porque o O. variolae parasita as


células do tecido epitelial para se reproduzir. Com
o tempo, as erupções evoluem e transformam-se
em pústulas (pequenas bolhas cheias de pus), que
provocam coceira intensa e dor – nesse estágio o
risco de cegueira é maior, pois, ao tocar o olho, o
Equipe da antiga campanha nacional contra a enfermo pode causar uma inflamação grave. Por
varíola em Pernambuco 1971 muitos anos a varíola foi a principal causa de
mortalidade nas cidades brasileiras por causa do
A varíola é uma doença infecto-contagiosa, pouco conhecimento sobre como tratar a doença,
exclusiva do homem (não sendo transmitida por os doentes eram afastados do seu meio familiar e

Jornada Científica da Faculdade São Lourenço 2015. 2


levado par alugares isolados, morrendo sem ferramenta que estará disponível para alertar e
assintética. estabelecer vínculo de apoio aos indivíduos,
comunidades e instituições públicas e privadas.
Tabela1- histórico das internações no Instituto
de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 e 1970 Conclusão

Ecologia e ética
A extinção proposital de uma espécie, mesmo
que de um vírus, suscita ainda questões éticas
e ecológicas. A eliminação da varíola não
teria, a princípio, impactos negativos para o
equilíbrio ecológico.
Acreditamos não haver problemas éticos ou
ecológicos na destruição do vírus.Se a falta do
vírus na natureza causasse algum impacto
negativo, ele já teria se manifestado há tempos
Em nossa opinião, a raça humana tem todo o
direito de eliminar qualquer ameaça a sua
sobrevivência – é uma lei natural e é nosso
dever em relação às gerações futuras.”
No período entre 1898 e 1970, foram registradas
Portanto bioterrorismo é uma realidade e não
11.393 internações de pacientes com varíola. As um mito, pois, nenhum país esta livre de sofrer
maiores freqüências da doença ocorreram nos um atentado com arma biológica.
meses de setembro, outubro e novembro. O
Gráfico 1 mostra a série histórica das internações, Referências
na qual se podem identificar picos nos anos de
1901, 1902, 1909 e 1937, e a partir de 1941 nota-
se tendência do aumento no número de casos,  SCHATZMAYR , H; Febre amarela: a
com o ponto máximo nesse período em 1968. O doença e a vacina, uma história
ano de 1970 indica o término da série histórica, inacabada. Livro coordenado por Jaime
sendo que a data da última internação ocorreu em Benchimol, Editora Fiocruz.
25 de agosto de 1970.
 Fundação Oswaldo Cruz
Conforme a tabela, os pacientes de sexo
masculino e feminino somaram respectivamente, fiocruz.com.br, biossegurança, bioterror-
6.716 (58,9%) e 4.668 (41%) do total; em nove ismo
internações (0,1%), o sexo não foi identificado. No
 REY, L; Dicionário de medicina e saúde.
período considerado, nos anos de 1900, o
Editora Guanabara Koogan
percentual de pacientes de sexo feminino
aproximou-se dos 50%, e na década de 1920
 VERONESI, R; Doenças infecciosas e
essas internações superaram em 31 casos as dos
parasitárias. Editora Guanabara
homens, correspondendo a 134 internações de
mulheres para 103 de homens.  Vacina antivariólica:

Resultados http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-
É importante ressaltar que as instituições de saúde 59702004000400008
tenham um planejamento estratégico visando
acontecimentos nos quais existam ataques  Ciências Hoje
bioterroristas e emergências por acidentes ou
cataclismos que afetem a saúde da população. uol noticias 2011 - Vírus da varíola na mira
Esta deverá ser preparada e informada para se
organizar imediatamente em relação a estes  Estudo das campanhas de imunização no
acontecimentos. A mídia deverá ser uma Brasil

Jornada Científica da Faculdade São Lourenço 2015. 3


www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-
59702003000500021

 ARTIGO A varíola em São Paulo (SP,


Brasil): histórico das internações

http://www.scielosp.org/scielo.php?
pid=S1413-
232011000200006&script=sci_arttext

Jornada Científica da Faculdade São Lourenço 2015. 4

Você também pode gostar