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TUTORIA 2 - BACTÉRIAS

1º: Conhecer a estrutura geral e tipos morfológicos de bactérias.

ASPECTOS GERAIS
• Apresentam uma estrutura simples.
• São organismos PROCARIOTOS.
o Organismos simples unicelulares.
o Não apresentam membrana nuclear, mitocôndria, complexo de Golgi ou retículo
endoplasmático.
o Se reproduzem por DIVISÃO ASSEXUADA → Divisão Binária.

• PAREDE BACTERIANA → Complexa → Possui 2 formas básicas:


o Parede celular com uma camada espessa de PEPTIDOGLICANO ⇒ BACTÉRIAS GRAM-
POSITIVAS.
o Parede celular com uma camada fina de PEPTIDOGLICANO + Membrana Externa Sobreposta
⇒ BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS
o Algumas não apresentam essa estrutura de parede celular → Sobrevivem somente no
interior da célula hospedeira ou em ambiente hipertônico.
• MOVIMENTO → Por flagelos simples, se presentes.
• RESPIRAÇÃO → Via Membrana Citoplasmática.
• Corpo humano é habitado por milhares de espécies bacterianas → Algumas vivendo
transitoriamente, outras em relação parasítica permanente.

DIMENSÃO
• Bactérias → Menores Células → São visíveis apenas com o auxílio de um microscópio óptico.
• As menores bactérias (Chlamydia e Rickettsia) têm → De 0,1 a 0,2 µm de diâmetro.
• A maioria das espécies variam entre 0,5- 3µm de diâmetro.

DIFERENÇAS ENTRE EUCARIOTOS E PROCARIOTOS


• Cromossomo de uma bactéria típica (Escherichia coli) → Molécula circular única, dupla-fita de DNA
haploide → Contém cerca de 5 milhões de pares de bases e um comprimento aproximado de 1,3
mm.
• Bactérias utilizam um ribossomo menor → RIBOSSOMO 70S.
• Elas podem sobreviver e, em alguns casos, crescer em ambientes hostis em que a pressão osmótica
no exterior da célula é extremamente baixa que levaria à lise da maioria das células eucariotas, em
temperatura extremas (tanto quentes quanto frias), em ambiente áridos, e com fontes de energia
muito escassas e diversas.
ESTRUTURA BACTERIANA
ESTRUTURAS CITOPLASMÁTICAS
• CITOPLASMA → Contém DNA cromossômico + RNA mensageiro (RNAm) + Ribossomos + Proteínas
e Metabólitos.
• CROMOSSOMO BACTERIANO → Fita única circular de cadeia dupla → Não está contido em um
núcleo → Mas em uma área denominada NUCLEOIDE.
• Histonas não estão presentes p/ manter a conformação do DNA → DNA não forma nucleossomos.
• PLASMÍDEOS → Fragmentos extracromossômicos menores de DNA circular → Também podem
estar presentes.
o Embora não sejam essenciais para a sobrevivência celular, às vezes conferem uma
vantagem seletiva: muitos conferem resistência a 1 ou + antibióticos.
• Falta de uma membrana nuclear → Simplifica as necessidades e os mecanismos de controle para a
síntese de proteínas → A transcrição e a tradução são acopladas → Ribossomos podem ligar-se ao
RNAm, e a proteína pode ser produzida ao mesmo tempo que o RNAm está sendo sintetizado e
ainda ligado ao DNA.
• RIBOSSOMO BACTERIANO → Consiste nas subunidades 30S + 50S → Forma RIBOSSOMO 70S →
Possui proteínas e RNA diferentes e são os principais alvos dos antimicrobianos.

MEMBRANA CITOPLASMÁTICA → Tem uma estrutura de bicamada lipídica mas não contém
esteroides (ex.: colesterol) → Micoplasmas são a exceção.
o Responsável pelo transporte de elétrons e a produção de energia → normalmente realizados na
mitocôndria (células eucariotas).
o Contém Proteínas de Transporte → Permitem a absorção dos metabólitos e a libertação de
outras substâncias
o Contém Bomba de Íons → Para manter o potencial de membrana.
o Contém Enzimas.
o Interior da Membrana → Alinhado com filamentos de proteínas do tipo ACTINA → Ajudam a
determinar a forma das bactérias e o local de formação do septo para a divisão celular.
• Esses filamentos determinam a forma em espiral dos treponemas.

PAREDE CELULAR
• A estrutura, os componentes e as funções da parede celular distinguem as bactérias Gram-
positivas e Gram-negativas.
• Estruturas repetitivas da parede se ligam a receptores Toll-like de células humanas → Induz
respostas da imunidade inata.

ESTRUTURAS EXTERNAS
• Algumas bactérias (Gram-positivas ou Gram-negativas) são envolvidas por polissacarídeos soltos
(não fixados à célula) ou por camadas de proteína → CÁPSULAS.
• Casos em que os polissacarídeos são aderidos fracamente e não apresentam densidade ou
espessura uniformes → Material é referido como → SLIME.
• As CÁPSULAS e o SLIME são chamadas → GLICOCÁLIX.
o Obs.: Bacillus anthracis (exceção a esta regra) → Produz uma cápsula polipeptídica.
• As cápsulas e o slime não são necessários para o crescimento das bactérias → Mas são muito
importantes para a sua sobrevivência no hospedeiro.

CÁPSULA
o Fracamente antigênica e antifagocítica.
o Importante fator de virulência (ex.: Streptococcus pneumoniae).
o Pode atuar como uma barreira para moléculas hidrofóbicas tóxicas, como: detergentes.
o Pode promover a adesão a outras bactérias ou superfícies do tecido do hospedeiro.
o Ex.: Streptococcus mutans → Cápsulas de dextrana e levana são os meios pelos quais as bactérias se
ligam e se fixam no esmalte dentário. (exemplo de biofilme)

• Algumas bactérias (ex.: Pseudomonas aeruginosa e S. aureus) também podem produzir um biofilme
polissacarídico quando um nº suficiente de bactérias (quorum) está presente e em condições que
suportam o crescimento → Resulta em uma comunidade bacteriana protegida contra a ação de
antibióticos e das defesas do hospedeiro.

FLAGELOS
o Estruturas propulsoras tipo hélices.
o Compostas de subunidades de proteína helicoidal enrolada (FLAGELINA) → Estão ancoradas nas
membranas bacterianas através de um gancho e estruturas do corpo basal.
o São orientadas por potenciais de membrana.
o Espécies Bacterianas podem ter 1 ou vários flagelos nas suas superfícies → Podem estar ancorados
em várias partes da célula.
o São compostos de um motor proteico dependente de ATP conectado a uma hélice tipo chicote
formada de múltiplas subunidades de flagelina.
o Promovem a motilidade para as bactérias → Permitindo que a célula se movimente na direção de
nutrientes e fique distante de substâncias nocivas.
o Flagelos expressam determinantes antigênicos e de cepas → Ligantes do receptor 5 Toll-like → Para
ativar a proteção inata do hospedeiro.

FÍMBRIAS (PILI)
o São estruturas semelhantes a pelos presentes na superfície externa das bactérias.
o Compostas de subunidades proteicas (PILINA).
o Podem ser distinguidas morfologicamente dos flagelos → pois são menores em diâmetro.
o Geralmente não são estruturas enroladas.
o Podem apresentar um tamanho de até 15 a 20µm.
o Promovem a adesão a outras bactérias ou ao hospedeiro → Denominações alternativas: adesinas,
lectinas, evasinas e agressinas.
• Como fator de adesão → ADESINA → São um importante fator de virulência para a
colonização e infecção do trato urinário por E. coli, Neisseria gonorrhoeae e outras
bactérias.
• Pontas das fímbrias podem conter proteínas → LECTINAS → Se ligam a açúcares específicos
(ex.: manose).
• Os PILI F (PILI SEXUAIS) → Se ligam a outras bactérias e são um canal de transferência de
grandes segmentos de cromossomos bacterianos entre bactérias → São codificados por um
plasmídeo (F).

EXCEÇÕES BACTERIANAS
• Micobactérias → Possuem uma camada de peptídeoglicano (estrutura ligeiramente diferente) →
covalentemente fixada e interligada a um polímero arabinogalactano e envolvida por uma camada
lipídica cerosa de ácidos micólicos, fator corda (glicolipídios de trealose e dois ácidos micólicos),
cera D (glicolipídios de 15 a 20 ácidos micólicos e açúcar) e sulfolipídios.
• Essas bactérias são descritas como ÁLCOOL-ACIDORRESISTENTES.
• Revestimento Externo → Responsável pela virulência e é antifagocítico.
• CLAMÍDIA e MICOPLASMAS → Não possuem parede celular de peptidoglicano.
• MICOPLASMAS → Incorporam esteroides, provenientes do hospedeiro, em suas membranas.
TIPOS MORFOLÓGICOS DAS BACTÉRIAS
• A aparência microscópica, incluindo o tamanho, a forma e a morfologia dos organismos → cocos,
bacilos, curvos ou em espiral. Além da sua capacidade de reter a coloração de Gram (Gram-
positivas ou Gram-negativas) são as características primárias para diferenciar as bactérias.
• A maioria das bactérias varia de 0,2 a 2µm de diâmetro e de 2 a 8µm de comprimento.
• Podem ter formato de ESFERA (cocos → significa frutificação), de BASTÃO (bacilos → significa
bastonete ou bengala) e de espiral.

COCOS
o Geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das
extremidades.
o Quando se dividem para se reproduzir → células podem permanecer ligadas umas às outras.
• Permanecem em pares (após a divisão) → DIPLOCOCOS.
• Se dividem e permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia → ESTREPTOCOCOS.
• Se dividem em 2 planos e permanecem em grupos de 4 → TÉTRADES.
• Se dividem em 3 planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de 8 (em forma de
cubo) → SARCINAS.
• Se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cacho de uva ou
lâminas amplas → ESTAFILOCOCOS.

BACILOS
o Se dividem somente ao longo de seu eixo curto → portanto, existe um menor nº de agrupamentos
de bacilos.
o A maioria se apresenta como BASTONETES SIMPLES → BACILO ÚNICO.
• DIPLOBACILOS → Se apresentam em pares após a divisão.
• ESTREPTOBACILOS → Aparecem em cadeias.
• Alguns bacilos possuem a aparência de “canudinhos”.
• Outros possuem extremidades cônicas, como charutos.
• Outros são ovais e tão parecidos com os cocos → COCOBACILOS.

BACTÉRIAS ESPIRAIS
o Têm uma ou mais curvaturas → nunca são retas.
o Bactérias que se assemelham a bastões curvos → VIBRIÕES.
o Bactérias que possuem forma helicoidal, como um saca-rolha, e corpo bastante rígido → ESPIRILOS.
• Utilizam um apêndice externo para se mover, semelhante a uma hélice → FLAGELO.
o Bactérias que têm forma helicoidal e flexível → ESPIROQUETAS.
• Movem-se através de filamentos axiais, que lembram um flagelo, mas estão contidos dentro
de uma bainha externa flexível.

Existem também procariotos em forma de ESTRELA e RETANGULARES.


• A forma de uma bactéria é determinada pela hereditariedade.
• Geneticamente, a maioria das bactérias é MONOMÓRFICA → Mantém uma forma única.
• No entanto, várias condições ambientais podem alterar a sua forma → se é alterada, a identificação
torna-se difícil.
• Algumas bactérias, como Rhizobium e Corynebacterium, são geneticamente PLEOMÓRFICAS →
Podem apresentar muitas formas, não apenas uma.

2º: Conhecer a classificação das bactérias (gram positivo e gram negativo) e o processo
bacteriano de patogenicidade.
• GRAM POSITIVA → tem uma camada de peptidoglicano espessa que contém ácidos teicoico e
lipoteicoicos.
o Possuem uma espessa camada de peptidoglicano (preenchendo o espaço púrpural).
o Possuem PAREDE CELULAR espessa em múltiplas camadas constituída principalmente de
peptidoglicano envolvendo a membrana.
• Peptidoglicano é um exoesqueleto emaranhado, poroso e permite a difusão de
metabólitos para a membrana plasmática.
• O glicano se estende para fora da membrana plasmática como cerdas projetadas que
são interligadas por curtas cadeias de peptídeos.
• O peptidoglicano é essencial para a estrutura, para a duplicação e para a
sobrevivência em condições hostis.
• O peptidoglicano pode ser degradado pelo TRATAMENTO COM LISOZIMA.
▪ A lisozima é uma enzima presente na lágrima e no muco de humanos, mas
também é produzida por bactérias.
▪ Ela degrada o glicano central do peptidoglicano.
▪ Desprovida do peptidoglicano a bactéria pode sofrer lise devido à grande
diferença de pressão osmótica ao longo da membrana citoplasmática.
▪ A remoção da parede celular produz o PROTOPLASTO que sofre lise se não
for osmoticamente estabilizado.
▪ A parede celular das Gram positivas pode incluir também: ácidos teicoico e
lipoteicoico, polissacarídeos complexos (tipo C), proteína M nos
estreptococos e R nos estafilococos.
▪ ÁCIDOS TEICOICOS → solúveis em água. Polímeros aniônicos e em fosfatos
de polióis que estão ligados covalentemente ao peptidoglicano.
• São essenciais para a viabilidade celular.
• Ácidos teicoicos são importantes fatores de virulência
▪ ÁCIDOS LIPOTEICOICOS → contêm 1 ácido graxo e é ancorado na membrana.
▪ AMBOS são polímeros de ribose ou glicerol quimicamente modificados e
conectados por fosfatos
▪ ESTAS MOLÉCULAS SÃO ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE COMUNS que
diferenciam sorotipos bacterianos e promovem a ligação a outras bactérias e
a adesão a células de mamíferos.
• Ácidos lipoteicoicos são liberados no meio e no hospedeiro e podem
iniciar respostas inatas protetoras.

• GRAM NEGATIVA → tem uma camada fina de peptidoglicano (linha preta única) + UMA
MEMBRANA EXTERNA contendo lipopolissacarídeo, fosfolipídeos e proteínas.
• Estruturas entre parênteses não são encontradas em todas as bactérias.
• As paredes celulares das Gram negativas são mais complexas do que as das Gram positivas → tanto
estrutural quanto químico.
o Elas contêm 2 camadas externas à membrana citoplasmática.
o Imediatamente externa à membrana celular está 1 camada de peptidoglicano.
o A membrana + externa é peculiar às bactérias Gram negativas.
o Na divisão celular a membrana e o peptidoglicano crescem um na direção do outro para a
formação de um septo de divisão que separa as células-filhas.

• Não há ácidos teicoico ou lipoteicoico na parede celular das Gram negativas.


• Entre a superfície externa da membrana citoplasmática e a superfície interna da membrana externa
está o ESPAÇO PERIPLASMÁTICO.
o É um compartimento com sistemas de transporte de ferro, proteínas, açúcares e enzimas
hidrolíticas importantes na degradação de grandes moléculas para o metabolismo.
• Enzimas encontradas: proteases, fosfatases, lípases, nucleases e enzimas que
degradam carboidratos.
• GRAM NEGATIVAS PATOGÊNICAS têm muitos fatores de virulência (colagenases, hialuronidases,
proteases e β-lactamases) no espaço periplasmático.
• A parede de células Gram negativas é atravessada por diferentes sistemas de transporte como os
SISTEMAS DE SECREÇÃO TIPOS I, II, III, IV e V.
o Eles fornecem mecanismos para a captura e liberação de diferentes metabólitos e de outros
compostos.
o Tipo III → importante fator de virulência delas → tem estrutura complexa que atravessa as
membranas interna e externa e injeta proteínas dentro de células.

• A MEMBRANA EXTERNA é como um saco inflexível envolvendo a bactéria.


o Ela mantém a estrutura bacteriana e é uma barreira de permeabilidade às grandes
moléculas (lisozima) e moléculas hidrofóbicas (alguns antibióticos).
o Ela também fornece proteção como: ex. sistema digestivo do hospedeiro.
o A membrana externa tem uma estrutura assimétrica de dupla camada que difere de
qualquer outra membrana biológica.
• FACE INTERNA contém fosfolipídeos.
• FACE EXTERNA é composta por lipopolissacarídeo (LPS) (único local onde se encontra
LPS).
▪ LPS é chamado de ENDOTOXINA (potente desencadeador de respostas
imunológicas inatas).
▪ LPS é liberado a partir da bactéria para o meio e para o hospedeiro.
▪ LPS ativa os linfócitos B e induz os macrófagos, CD e outras células a
liberarem IL-1, IL-6, TNF e outros fatores.
▪ LPS induz à produção de febre e pode causar choque séptico.
▪ A reação de Shwartzman (coagulação intravascular disseminada) se segue à
liberação de grande quantidade de endotoxina na corrente sanguínea.
• A variedade de proteínas na membrana externa de Gram negativos é LIMITADA, mas em um
conteúdo total é maior do que o da membrana citoplasmática.
o Muitas das proteínas atravessam toda a bicamada lipídica → TRANSMEMBRANA.
o Um grupo dessas proteínas são as PORINAS → formam poros que permitem a difusão de
moléculas hidrofílicas como metabólitos e antibióticos hidrofílicos.
• A membrana externa também contém proteínas estruturais, moléculas receptoras de bacteriófagos
e outros ligantes e componentes de sistemas de transporte e de secreção.
• A membrana externa está conectada à membrana citoplasmática em sítios de aderência e é ligada
ao peptidoglicano por lipoproteínas.
o A lipoproteína é ligada covalentemente ao peptidoglicano e é ancorada na membrana
externa.
• SÍTIOS DE ADERÊNCIA criam uma rota membranosa de liberação de componentes de membrana
externa recém-sintetizados para a membrana externa.
• A membrana externa é mantida estruturada por ligações de cátions divalentes (Mg +2 e Ca+2 ) entre
fosfatos no LPS e por interações hidrofóbicas entre LPS e proteínas.
o Isso torna a membrana resistente e inflexível mas que se rompe por antibióticos (ex.
polimixina) ou pela remoção de íons de Mg e Ca (quelação com ácido
etilenodiaminotetracético [EDTA] ou por tetraciclina).
o RUPTURA DA MEMBRANA EXTERNA → enfraquece a bactéria e leva ao aumento da
permeabilidade a moléculas grandes e hidrofílicas.
• A adição de lisozima às células, rompendo a membrana externa, produz os esferoplastos que são,
como os protoplastos, osmoticamente sensíveis.

• COLORAÇÃO DE GRAM → teste rápido que permite a diferenciação entre as 2 classes de bactérias,
permitindo um diagnóstico inicial para começar a terapêutica.
o Bactérias são fixadas (pelo calor ou de outra forma) na superfície de uma lâmina → coradas
pelo cristal violeta.
o Corante em excesso e não ligado é removido pelo descorante (acetona e água).
o Um contracorante (safranina) é adicionado corando todas células descoradas.
o Gram positivas adquirem cor púrpura → corante fica retido pela camada de peptidoglicano,
estrutura espessa de moléculas interligadas, que envolve a célula.
o Gram negativas → a fina camada de peptidoglicano não retém o corante cristal violeta,
dessa forma a célula é contracorada pela safranina e se torna vermelha.
• Gram negativas são visualizadas pelo contracorante vermelho
o Devido à degradação do peptidoglicano, a coloração de Gram NÃO é um teste utilizável
para bactérias em privação → metabolicamente inativas (ex., culturas velhas ou em fase
estacionária) ou tratadas por antibióticos.
o BACTÉRIAS QUE NÃO PODEM SER CLASSIFICADAS PELA COLORAÇÃO DE GRAM →
MICOBACTÉRIAS por terem uma camada externa lipídica e são diferenciadas por coloração
de álcool-acidorresistência e os MICOPLASMAS porque são desprovidos de peptidoglicano.

• A estrutura dos componentes e funções das PAREDES CELULARES diferenciam as bactérias Gram
positivas das Gram negativas.
• Os componentes das paredes celulares também são peculiares para as bactérias e suas estruturas
repetitivas contribuem para as respostas da imunidade inata.
PROCESSO BACTERIANO DE PATOGENICIDADE
• Bactérias possuem características que a permitem penetrar (invadir) o ambiente, permanecer em
um nicho (aderir ou colonizar), ganhar acesso a recursos de nutrientes (enzimas degradativas) e
escapar da eliminação pelas respostas protetoras imunes e não imunes do hospedeiro (ex.,
cápsula).
• Quando um número suficiente de bactérias está presente (quorum) → elas ativam funções para
sustentar a colônia, incluindo a produção de BIOFILME.
• Muitos mecanismos que as bactérias usam para manter o crescimento (ex., ácidos, gases) causam
danos e problemas para o corpo.
o Muitas dessas características são FATORES DE VIRULÊNCIA → aumentam a patogenicidade.
• Algumas bactérias destroem diretamente o tecido, outras já liberam toxinas que são disseminadas
pelo sangue, causando patogênese generalizada.
• As estruturas de superfície bacteriana são poderosos estimuladores da resposta do hospedeiro
[fase aguda: IL-1, IL-6, TNF-α, que podem ser protetoras, mas são frequentemente as maiores
colaboradoras para os os sintomas da doença ( ex., sepse)].
o A doença é = combinação de danos causados pela bactéria + consequências da resposta
inata e imune à infecção.

• O corpo é colonizado por inúmeras bactérias (microbiota normal) → muitas desempenham funções
importantes nos seus hospedeiros.
o Bactérias da microbiota normal auxiliam na digestão de alimentos, produzem vitaminas (K),
protegem o hospedeiro de colonização por micróbios patogênicos, e ativam a resposta inata
do hospedeiro.
o Residem no trato GI, boca, pele e trato respiratório superior.
o A microbiota normal pode ser alterada por antibióticos, dieta, estresse e mudança da
resposta do hospedeiro à microbiota.
o A perda da microbiota normal por antibióticos de amplo espectro permite o crescimento de
Clostridium difficile (colite pseudomembranosa), além de ocorrer resposta imune
inapropriada, causando doenças intestinais inflamatórias.
• Bactérias da microbiota normal causam doenças se adentrarem sítios corporais estéreis.
• BACTÉRIAS VIRULENTAS → promovem seu crescimento à custa do tecido do hospedeiro ou das
funções dos órgãos.
• BACTÉRIAS OPORTUNISTAS → tiram vantagens de condições preexistentes, como
imunossupressão, para crescer e causar doenças importantes.
o Ex: vítimas de queimaduras e pulmões com fibrose cística → Pseudomonas aeruginosa;
o AIDS → bactérias de crescimento intracelular, tais como as micobatérias.
• A severidade da doença depende do órgão afetado e da extensão do dano.
• A cepa bacteriana e quantidade de bactérias inoculadas são fatores importantes para determinar
se a doença ocorrerá; no entanto, o limiar para a produção da doença é diferente para diferentes
bactérias.
• Defeitos congênitos, estado de imunodeficiência e outras condições relacionadas a doenças e ao
hospedeiro devem também aumentar a suscetibilidade à infecção.
• Quanto mais tempo a bactéria permanece no corpo, maior será seu número → ocasionará uma
maior resposta do hospedeiro.
• Muitos dos fatores de virulência consistem em complexas estruturas ou atividades que são
expressas apenas sob condições especiais.
o Os componentes dessas estruturas estão codificados juntos numa ilha de patogenicidade.
• ILHAS DE PATOGENICIDADE são grandes regiões no cromossomo ou em plasmídeos que contêm
sequências de genes que codificam numerosos fatores de virulência que podem requerer expressão
coordenada.
o Esses genes são acionados por simples estímulo (ex. temperatura do intestino, o pH de um
lisossomo).
o A ilha de patogenicidade está em um transpóson e se transfere como uma unidade para
diferentes sítios dentro de um cromossomo ou para outra bactéria.
• Ex. ilha de patogenicidade SPI-2 da Salmonella é ativada pelo pH ácido de uma
vesícula fagocítica dentro de um macrófago.
• Isso promove a expressão de ±25 proteínas que se reúnem em um dispositivo
molecular em forma de seringa (sistema de secreção tipo III) que injeta proteínas
dentro da célula hospedeira pra facilitar a sobrevivência intracelular da bactéria e
seu crescimento.
• O biofilme formado por Pseudomonas é disparado quando há bactérias suficientes
(um quorum) produzindo quantidade suficiente de N-acetil-homoserina lactona
(AHL) para ativar a expressão de genes para produção de polissacarídeos.

ENTRADA NO CORPO HUMANO


• Os mecanismos de defesa e barreiras naturais → pele, mucosa, epitélio ciliar e secreções → contêm
substâncias antibacterianas (ex., lisozima, defensinas) → dificultam a penetração.
• A pele possui uma camada espessa (camada córnea) de células mortas que protegem o corpo.
• Aberturas naturais são protegidas por defesas naturais como muco e o epitélio ciliar que limitam o
trato respiratório superior, a lisozima e outras secreções antibacterianas na lágrima e no muco, e o
ácido e a bile no trato GI.
• Porém, muitas bactérias não são afetadas ou têm meios de evasão dessas defesas.
o Ex: membrana externa das Gram-negativas torna-as mais resistentes a lisozima, ácido e bile.
o ENTEROBACTÉRIAS infectam o trato GI.

Colonização, adesão e invasão


• Bactérias diferentes colonizam partes diferentes do corpo com ou sem disseminação.
• Em alguns casos a colonização requer estruturas e funções especiais para permanecer no sítio,
sobreviver e obter alimento.
• Bactérias que aderem às camadas de células epiteliais da bexiga, intestino e vasos sanguíneos
podem não ser removidas → colonização do tecido.
o Ex: a função natural da bexiga elimina qualquer bactéria não fixada na parede da bexiga.
• Escherichia coli e outras possuem ADESINAS que se ligam no endotélio da bexiga e
impedem de serem removidos.
o Muitas dessas proteínas adesinas estão presentes nas FÍMBRIAS (PILI - são microfibrilas
proteicas que se estendem da parede celular em muitas espécies) e ligam-se a açúcares no
tecido-alvo → as LECTINAS.
• Ex: cepas de E. coli que causam pielonefrite produzem uma ADESINA FIMBRIAL
denominada fímbria P.
▪ Ela se liga a α-D-galactosil-β-D-galactosídeo (Gal-Gal) no antígenos do grupo P
do sangue em eritrócitos e células uroepiteliais.
▪ Pili de Neisseria gonorrhoeae são importantes fatores de virulência; eles se
ligam a receptores oligossacarídeos em células epiteliais.
▪ Espécies de Yersinia, Bordetella pertussis e Mycoplasma pneumoniae
expressam proteínas adesinas que não são fímbrias.
▪ Streptococcus pyogenes usa ácido lipoteicoico e proteína F (liga-se à
fibronectina) para ligar-se às células epiteliais.

• BIOFILME → é uma adaptação bacteriana que facilita a colonização, especialmente em


equipamentos cirúrgicos tipo válvulas e cateter intravenosos.
o Bactérias em biofilme são unidas por uma rede viscosa de polissacarídeos que conectam as
células umas às outras e à superfície.
o PRODUÇÃO de biofilme REQUER UM NÚMERO SUFICIENTE de bactérias (quorum sensing).
o A PLACA DENTAL é outro exemplo de biofilme.
o A matriz do biofilme protege a bactéria de defesas do hospedeiro e antibióticos.
• Bactérias não podem atravessar a pele intacta, mas podem atravessar a membrana mucosa e
destruir a barreira ou penetrar nas células da barreira.
• SHIGELLA, SALMONELLA E YERSINIA são bactérias entéricas que usam a fímbria para ligar-se às
células M (micropregas) do cólon e injetar proteínas que estimulam a célula a interiorizá-la.
o Elas produzem sistema de secreção tipo III que INJETA FATORES FORMADORES DE POROS e
moléculas efetoras na célula hospedeira.
o Proteínas efetoras podem facilitar a captura, invasão, sobrevivência intracelular e replicação
da bactéria ou morte por apoptose da célula hospedeira.
• E. coli enteropatogência secreta proteínas dentro da célula hospedeira criando SISTEMA DE
ANCORAMENTO PORTÁTIL para si;
• Salmonella promove sua INTERNALIZAÇÃO NA VESÍCULA → a permite viver intracelularmente
dentro do macrófago.
• Shigella usa um sistema de secreção tipo III para entrar nas células e depois USA ACTINA CELULAR
para polimerizar e ir para a célula adjacente.

AÇÕES PATOGÊNICAS DAS BACTÉRIAS


DESTRUIÇÃO DO TECIDO
• SUBPRODUTOS do crescimento bacteriano são Tóxicos ao tecido (ácidos, gás e outras substâncias).
• Em adição, muitas bactérias liberam ENZIMAS DEGRADATIVAS para romper o tecido →
promovendo disseminação de nutrientes.

TOXINAS
• São produtos bacterianos que prejudicam diretamente o tecido ou desencadeiam atividades
biológicas destrutivas.
• Toxinas e substâncias com atividade tipo toxinas são ENZIMAS DEGRADATIVAS que causam a lise
celular ou de proteínas específicas em tecido-alvo específico.
• Em adição, ENDOTOXINAS (porção lipídica A do polissacarídeo) e proteínas superantígenos
promovem estimulação excessiva das respostas imunes.
• A toxina pode ser responsável por causar os sintomas característicos da doença.
o Ex: toxina pré-formada presente em alimentos é responsável pela intoxicação alimentar por
S. aureus e Bacillus cereus e o botulismo causado por Clostridium botulinum → o efeito é
como ingerir veneno, e a bactéria não necessita crescer para os sintomas ocorrerem.
o Os sintomas podem aparecer em sítios distantes do sítio de infecção pela disseminação no
sangue.
EXOTOXINAS
• São proteínas que podem ser produzidas por Gram-positivas e Gram-negativas e incluem ENZIMAS
CITOLÍTICAS e receptores de proteínas que alteram a função ou destroem a célula.
• Em muitos casos, o gene da toxina é codificado no plasmídeo ou fago lisogênico.
o ROMPEM AS MEMBRANAS, tais como α-toxina (fosfolipase C) produzida por C. perfringens,
as quais rompem as membranas fosfolipídicas.
o HEMOLISINAS se inserem e rompem eritrócitos e outras membranas celulares.
o TOXINAS FORMADORAS DE POROS (estreptolisina O) → vazamento de íons e água da célula
e alterar as funções celulares ou causar lise da célula.
o Muitas toxinas são diméricas (toxinas A-B) com subunidades B que ligam-se a receptores
específicos da superfície celular, e A que promovem danos à célula.
• Os tecidos-alvo dessas toxinas são bem definidos e limitados.
• Seus alvos incluem ribossomos, mecanismos de transporte e sinalizadores
intracelulares (produção de AMPc, função de proteína G) → gerando diarreia até
disfunção neural e morte.

• SUPERANTÍGENOS = grupo especial de toxinas.


o Ativam as células T ligando-se simultaneamente ao receptor de célula T e ao MHC II numa
célula apresentadora de antígeno sem requerer o antígeno.
o Superantígenos ativam inúmeras células T → gera muitas IL-1, TNF, a IL-2 → (TEMPESTADE
DE CITOCINAS).
o Podem ocasionar a morte células T ativadas.
o Superantígenos incluem a toxina da SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO de S. aureus, as
enterotoxinas estafilocócicas e as toxinas enterogênicas A ou C de S. pyogenes.

• Endotoxina e Outros Componentes da Parede Celular


• A presença de componentes da parede celular bacteriana age como um sinal de infecção que
promove um multialarme poderoso avisando o corpo para ativar os sistemas de proteção do
hospedeiro.
• Os padrões moleculares associados a patógenos - PAMP ligam-se a receptores TOLL-LIKE (TLR) e a
outras moléculas e estimulam a produção de citocinas.
• ENDOTOXINA → é uma fração do lipídio A do lipopolissacarídeo (LPS).
o É um ativador poderoso de fase aguda e reações inflamatórias.
o SOMENTE GRAM-NEGATIVAS PRODUZEM ENDOTOXINA e a liberam durante a infecção.
o Respostas semelhantes às da endotoxina mas mais fracas podem ocorrer devido a
estruturas bacterianas das Gram-positivas → como ácido teicoico e lipoteicoico.
o A endotoxina liga-se a receptores específicos (CD14 e TLR4) em macrófagos, células B e
outras → estimula a produção e liberação de citocinas de fase aguda (IL-1, TNF-α, IL-6 e
prostaglandinas) além de estimular o crescimento de células B.
• ENDOTOXINA EM BAIXAS [ ] → estimula o desenvolvimento de respostas protetoras: febre,
vasodilatação e a ativação de resposta imune e inflamatória.
• ENDOTOXINA EM ALTAS [ ] → como sepse por Gram-negativas (bactérias no sangue) → choque e
possível morte.
o Altas [ ] → também ativam um caminho alternativo de complemento e produção de
anafilatoxinas (C3a, C5a) → vasodilatação e extravasamento capilar.
• Em combinação com TNFα e IL-1, isso pode levar a hipotensão e choque.

MECANISMOS DE ESCAPE ÀS DEFESAS DO HOSPEDEIRO


• Bactérias evitam o reconhecimento e morte pelas células fagocíticas, inativam ou evitam o sistema
do complemento e anticorpos, e até crescem dentro das células para se protegerem das respostas
do hospedeiro.

• A CÁPSULA é um dos fatores de virulência mais importantes.


o Protegem de respostas imunes e fagocitárias.
o São constituídas de polissacarídeos e têm baixa imunogenicidade.
o A cápsula de algumas bactérias não permite o reconhecimento pelo sistema imune.
o É uma cobertura escorregadia → difícil de ser agarrada e que se rompe quando é capturada
por um fagócito.
o Ela também protege a bactéria da destruição dentro do FAGOLISOSSOMO de um macrófago
ou leucócito.
o Tudo isso estende o tempo da bactéria no sangue (bacteremia) antes de ela ser eliminada
pelas respostas do hospedeiro.
o O biofilme, que é feito de material capsular, pode evitar que o anticorpo e o complemento
capturem a bactéria.
• Bactérias podem EVITAR A RESPOSTA DOS ANTIBIÓTICOS por: variação antigênica, pela inativação
de anticorpos ou pelo crescimento intracelular.
• Para destruir bactérias intracelulares (como micobactéria, francisellae, brucela, clamídia e riquétsia)
→ requer respostas de células T para ativar macrófagos para destruir ou criar uma parede
(GRANULOMA) ao redor das células infectadas (como a M. tuberculosis).
• Bactérias evitam a ação do complemento prevenindo acesso de componentes à membrana por um
espesso peptidoglicano nas Gram-positivas e o longo antígeno O do LPS da maioria das Gram-
negativas.
• Bactérias podem ESCAPAR DOS PRINCIPAIS FAGÓCITOS BACTERIANOS (neutrófilo e macrófago)
por produção de enzimas capazes de promover a lise das células fagocitárias (ex., estreptolisina
produzida por S. pyogenes ou a α-toxina produzida pela C. perfringens).
o Podem inibir fagocitose, impedir a destruição após serem fagocitadas por bloqueio de fusão
de fagolisossoma (espécies de Mycobacterium), resistência enzimática ou mediada pela
cápsula às enzimas lisossômicas ou substâncias bacterianas, e até sair do fagossomo antes
de ser exposto às enzimas lisossômicas.
• S. aureus escapa por bloqueio de acesso ao sítio de infecção → produz COAGULASE → converte
fibrina a fribrinogênio → gerando uma barreira tipo coágulo.
• Outras bactérias são PIOGÊNICAS (formadores de pus) por morte de neutrófilos → limita o acesso
de anticorpos e antibióticos à bactéria.
• M. tuberculosis sobrevive por granuloma, onde elas permanecem durante toda a vida da pessoa
infectada.
o A bactéria pode reassumir crescimento se houver um declínio no status imune do indivíduo.

3º: Conhecer as características morfológicas e biológicas da Mycobacterium tuberculosis e


Mycobacterium leprae.

BACTÉRIAS DO GÊNERO MYCOBACTERIUM


• São caracterizadas principalmente por apresentarem um tempo de geração longo → 3 horas para
as espécies de crescimento rápido e 18 horas, em média, para as espécies de crescimento lento.
• Resistentes à descoloração por solução contendo álcool e ácido.
• Essa característica, evidenciada pelo método de Ziehl-Neelsen → deve-se ao alto teor de lipídeos
presente na sua cápsula → ±60% do peso seco de grande importância para o reconhecimento do
gênero.

✓ Mycobacterium tuberculosis
• Metabolismo voltado especialmente para → Construção da cápsula que o protege dos agentes
químicos → Crescimento lento do M. tuberculosis.
• AERÓBIO → Duplica sua população em 18 a 48 horas → Dependendo da ↑ ou ↓ oferta de O2, do
pH do meio e do acesso a nutrientes.
• Facilmente destruído por agentes físicos → Calor, raios ultravioletas da luz solar e radiações
ionizantes.
• Transmite-se principalmente por VIA AÉREA → Facilitada pela aglomeração humana.
• Tem uma ↓ morbidade que, associada ao crescimento lento → Provoca principalmente doença de
curso lento e crônico em indivíduos com baixa imunidade, com destaque para a subnutrição.
• Por ser um aeróbio estrito para a maior parte das suas populações → Infecta os pulmões e aí se
localiza preferencialmente – a presença de O2 favorece sua multiplicação e a ligação do órgão com
o meio externo facilita sua transmissão.
• Não se apresenta livre na natureza → Depende do parasitismo;

• Fino, ligeiramente curvo e mede de 0,5 a 3 μm.


• Bacilos aeróbios fracamente Gram-positivos e fortemente álcool-ácido resistente (BAAR);
• PAREDE CELULAR → Rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano) → Lhe confere baixa
permeabilidade, reduz a efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos
macrófagos → MICRORGANISMO RESISTENTE → Desinfetantes, detergentes, antibióticos
antibacterianos comuns, resposta imune do hospedeiro e colorações tradicionais.
• Capacidade de crescimento intracelular em MACRÓFAGOS ALVEOLARES.
• A doença se dá principalmente pela resposta do hospedeiro à infecção.
• A infecção primária é PULMONAR.
• A disseminação para qualquer sítio do corpo ocorre mais comumente em pacientes
imunocomprometidos.

✓ Mycobacterium leprae
Classificada em:
o Classe – Schizomycetes.
o Ordem – Actinomycetales.
o Família – Mycobacteriaceae.
o Gênero – Mycobacterium.
o Espécie – leprae.

• Morfologia de BASTONETE.
• Nas preparações para exame bacterioscópico ao microscópio comum → BH (Bacilo de Hansen)
podem ser vistos isolados, agrupados ou em agrupamentos compactos → GLOBIAS.
o BACILOS estão fortemente unidos por material gelatinoso (geleia) e dispostos
semelhantemente a cigarros colocados paralelamente em um maço.
o Única bactéria que apresenta esse tipo de disposição.
• Bacilos fracamente GRAM-POSITIVOS → Fortemente acidorresistentes.
• Parede celular rica em lipídios.
• Obrigatoriamente intracelular -> Longevidade de vida.
• Não é capaz de ser cultivado em meios artificiais.
• A doença se dá principalmente pela resposta do hospedeiro à infecção.
• Formas de lepra tuberculoide (paucibacilar) e lepromatosa (multibacilar).
• Tropismo por células cutâneas e nervosas periféricas.

4º: Compreender a patogênese, vias de infecção, epidemiologia (Brasil, Piauí e Picos), métodos
diagnósticos (anamnese, exame físico, exames laboratoriais) e tratamento (citar o tratamento e
mencionar as dificuldades para a sua finalização) da tuberculose e da hanseníase.
TUBERCULOSE
• Doença mais comum da humanidade.
• A TB era antigamente descrita como TÍSICA → Conhecida, no século XIX, como → PESTE BRANCA →
devido ter dizimado centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
• A partir da metade do século XX, houve acentuada redução da incidência e da mortalidade
relacionadas à TB → observada em países desenvolvidos, sobretudo pela melhoria das condições de
vida das populações.
• É uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e
contribui para perpetuação da desigualdade social.
• OMS estima que 1/3 da humanidade seja infectada pelo Mycobacterium tuberculosis → + de 9
milhões de casos novos e 1 milhão e 500 mil mortes por/ ano decorrentes da doença.
EPIDEMIOLOGIA
✓ BRASIL
• No Brasil, desde 1981, a notificação de casos de tuberculose é obrigatória, realizada por meio de
fichas padronizadas a partir das UBS para as Secretarias Estaduais, que as consolidam.
• O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS
para o controle da doença no mundo.
• Em 2015, o percentual de detecção da tuberculose no país, segundo a OMS, foi de 87% .
• Nos últimos 10 anos, foram diagnosticados, em média, 71 mil casos novos da doença.
• Em 2017, o número de casos notificados foi de 72.770 e os coeficientes de incidência variaram de
10 a 74,7 casos por 100 mil habitantes.
• No ano de 2016, foram notificados 4.483 óbitos por TB, o que corresponde ao coeficiente de
mortalidade de 2,2 óbitos por 100.000 habitantes.
• O percentual de sucesso de tratamento reportado para os casos novos com confirmação
laboratorial foi de 74,6%, em 2016, com 10,8% de abandono de tratamento, e 4,1% dos registros
com informação ignorada quanto ao desfecho.
• Dos casos de TB notificados em 2017, 77,8% foram testados para HIV, apresentando 9,5% de
coinfecção.
• O Brasil não possui uma epidemia generalizada, mas concentrada em algumas populações, como →
Pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em situação de rua, privadas de liberdade (PPL), a população
indígena e pessoas que vivem em aglomerados e em situação de pobreza.

✓ PIAUÍ
• 2019: 828 casos confirmados de tuberculose
• 2018: 843
• 2017: 749
• 2016: 761
• 2015: 704
FONTE: DATASUS
✓ PICOS
• 2019: 22
• 2018: 15
• 2017: 11
• 2016: 14
• 2015: 18
FONTE: DATASUS

TRANSMISSÃO
• O M. tuberculosis é transmitido por VIA AÉREA → De 1 pessoa com TB Pulmonar ou Laríngea →
Que elimina bacilos no ambiente (caso fonte) → Para outra pessoa → Por exalação de aerossóis
oriundos da tosse, fala ou espirro.
• A transmissão se faz por VIA RESPIRATÓRIA → Inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou
espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea.
• As gotículas exaladas → GOTÍCULAS DE PFLÜGER → Rapidamente se tornam secas →
Transformam-se em partículas menores (< 5-10 μm de diâmetro). Essas partículas menores →
NÚCLEOS DE WELLS → contendo 1-2 bacilos → Podem manter-se em suspensão no ar por muitas
horas → São capazes de alcançar os alvéolos → Onde se multiplicam e provocam → PRIMO-
INFECÇÃO.

OUTRAS VIAS DE TRANSMISSÃO


o Pele e Placenta → São raras e desprovidas de importância epidemiológica.
o Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em
aerossóis → Por isso, não têm papel na transmissão da doença.

• O termo “BACILÍFERO” refere-se a pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia
positiva no escarro → Esses casos têm maior capacidade de transmissão.
• Pessoas com outros exames bacteriológicos como cultura e/ou Teste Rápido Molecular da
Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem transmitir.
• A TB acomete, prioritariamente, o PULMÃO que também é a porta de entrada da maioria dos
casos.
• BACILO → Sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão de partículas infectantes →
Ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão.

• Pacientes com exame bacteriológico de escarro POSITIVO → Sustentam a cadeia de transmissão


da doença.
• Estima-se que 1 pessoa com baciloscopia POSITIVA → Infecte de 10 a 15 pessoas em média, em
uma comunidade, durante 1 ano.
• Entre pessoas que têm contatos duradouros com pacientes com TB pulmonar → Aqueles com
BAAR positivo no escarro são os que mais transmitem a doença.
• Aqueles com baciloscopia de escarro NEGATIVA, mesmo com TRM-TB ou cultura positivos no
escarro → Têm infectividade menor.
• Pessoas com cultura de escarro NEGATIVA e aquelas com TB extrapulmonar exclusivamente → São
desprovidas de infectividade.

• O risco de transmissão da TB perdura → Enquanto o paciente eliminar bacilos no escarro.


• Com o início do tratamento → Transmissão tende a ↓ gradativamente → geralmente, após 15 dias,
ela encontra-se muito ↓.
• A importância de realizar baciloscopia de escarro de CONTROLE reside não somente na
confirmação da eficácia do esquema terapêutico, mas também na avaliação de risco para os
contatos.
• As medidas de controle da infecção pelo M. tuberculosis devem ser mantidas até que seja
confirmada a negativação ou bacilos não viáveis à baciloscopia do caso fonte.
• Crianças com TB pulmonar → em geral, têm BACILOSCOPIA NEGATIVA → Tendo pouca
importância na cadeia de transmissão da doença.

PATOGÊNESE
• A TB pode ser causada por qualquer uma das 7 espécies que integram o complexo Mycobacterium
tuberculosis → M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M.
caprae.
• Na saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis → conhecida como BACILO DE
KOCH (BK).

✓ LESÃO INICIAL E RESPOSTA IMUNOLÓGICA


• Vias Respiratórias → Principal porta de entrada do Mycobacterium tuberculosis.
• Uma vez inalados → maioria dos bacilos fixa-se no trajeto bifurcado da árvore traqueobrônquica →
Especialmente quando em GRUMOS → Sendo eliminados pelo sistema de defesa muco-ciliar.
• Partículas núcleos → Se comportam como gases → Vencem essa barreira e localizam-se no trato
respiratório inferior → Especialmente no interior dos alvéolos → Onde, facilitadas por ambiente
propício, com temperatura, umidade e aporte de substâncias nutrientes → Multiplicam-se
livremente → caracterizando FASE SIMBIÓTICA ou de CRESCIMENTO LIVRE.
• A capacidade do agente infeccioso sobreviver no pulmão → Dependerá de fatores relacionados à
sua virulência e à habilidade das células do hospedeiro em eliminá-lo.
• Os MACRÓFAGOS consistem nas células de 1ª linha na defesa contra o Mycobacterium
tuberculosis.
Esta resposta inicial → se completamente efetiva → causará a sua eliminação pela ação fagocítica de
macrófagos alveolares.
• O bacilo poderá ser eliminado por vários mecanismos → Mediados por uma complexa interação
entre MACRÓFAGOS, LINFÓCITOS e CITOCINAS.
o Processo envolvido na FAGOCITOSE inclui a ligação da bactéria ao macrófago, a
internalização dentro do fagossoma e morte ou inibição do crescimento do bacilo.
o O controle sobre o crescimento bacteriano ou a lise do M. tuberculosis acontece com a
fusão do lisossoma + fagossoma → LISOFAGOSSOMA → Bactéria sofre a ação dos grânulos
liberados e de uma série de outros produtos tóxicos produzidos pelos macrófagos →
peróxido de hidrogênio, ânio superoxido e óxido nítrico.
o A atividade do macrófago pode ser ampliada pela ação de CITOCINAS → Estimulam
fagocitose, a capacidade lítica dos lisossomos e favorecem sua fusão ao fagossoma com
destruição dos bacilos.
o O M. tuberculosis desenvolve mecanismos de escape e defesa de maneira que possa
romper a parede do fagossoma → Crescendo livremente dentro do macrófago (parasitismo
intracelular facultativo), inibir a fusão lisossomal e impedir novas fagocitoses.
Um desses mecanismos estaria relacionado com a própria estrutura da parede bacteriana →
produz substâncias que impedem a ligação do macrófago à bactéria, como a amônia.

• Se o MACRÓFAGO ALVEOLAR não conseguir deter o microrganismo → por desconhecimento


imunológico do bacilo ou depressão imunitária → haverá uma multiplicação bacilar com destruição
celular e tecidual.
• Forma-se uma resposta inespecífica → Acúmulo local de polimorfos nucleares que fagocitam
bacilos e retornam à corrente sanguínea com bacilos em seu interior → Estabelecendo uma
DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA PRIMÁRIA.
• A bactéria multiplica-se lentamente → Dividindo-se ± a cada 25 ou 32 horas dentro do macrófago.
• O bacilo cresce por 2 a 12 semanas → tempo suficiente para desencadear a resposta imunológica
mediada por células e a hipersensibilidade do tipo retardada – conversão tuberculínica.

• Se os mecanismos de defesa iniciais não forem suficientes para conter o patógeno → Célula
infectada rompe-se liberando os bacilos.
• Em indivíduos com sistema imunológico íntegro → Ocorre um acúmulo de células, formado por →
MACRÓFAGOS e LINFÓCITOS T ATIVADOS → Na região do parênquima pulmonar em que os bacilos
se instalaram, compondo o → GRANULOMA → Responsável por conter a disseminação da bactéria.
• O mecanismo de formação do granuloma é muito importante nos primeiros dias após a infecção →
Resulta tanto da resposta do hospedeiro como pode ser estimulado pelo próprio agente agressor.

• Lesão inicial constitui → CANCRO DE INOCULAÇÃO → Sucesso desse mecanismo depende do nº de


macrófagos e de bacilos presentes no local da infecção.
• Se a resposta imunológica for ineficaz → Bacilos poderão deixar o interior dos macrófagos e
disseminar para a corrente linfática até os linfonodos regionais.
• Os linfonodos hilares enfartam-se constituindo → COMPLEXO PRIMÁRIO TUBERCULOSO →
Composto pelo cancro de inoculação, a linfangite e a adenomegalia hilar.
• A partir dos LINFONODOS HILARES → Bacilos se disseminam para LINFONODOS PARATRAQUEAIS E
VERTEBRAIS → E Via ducto torácico → alcançam a corrente sanguínea → Podendo se alojar nas
regiões superiores do pulmão ou em diversos órgãos, como: rins, cérebro e ossos, ou onde
encontrarem um ambiente favorável à sua implantação: satisfatória oferta de oxigênio associada a
uma baixa perfusão local → dificultando o aporte de células de defesa.
• Indivíduos cuja resposta imunológica foi suficiente para conter o M. tuberculosis → Desenvolverão
uma forma clínica de infecção caracterizada como INFECÇÃO LATENTE → Bacilos permanecerão
nesse estado por tempo indeterminado (anos ou décadas).
• O risco do desenvolvimento da doença é maior nos primeiros 2 anos após a infecção.

✓ IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS


• MACRÓFAGOS → Também atuam como células apresentadoras de antígenos em resposta à
infecção pelo M. tuberculosis.
• MACRÓFAGOS ATIVADOS → Apresentam a LINFÓCITOS T → Antígenos bacterianos expressos em
associação com as moléculas do complexo de histocompatibilidade principal.
• CITOCINAS → Produzidas por células T ativadas modularão a função dos macrófagos.
• Acredita-se que as CÉLULAS TH2 e LINFÓCITOS T CD8+ → Estimulam a destruição de macrófagos
infectados com atividade inibida pelos bacilos (não se sabe se por apoptose) → Produzindo
grânulos bacteriostáticos e bactericidas, respectivamente.
• IFN-γ, citocinas como a IL-12 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) são considerados
importantes na imunopatogênese da tuberculose.
✓ RESPOSTA INFLAMATÓRIA
• Com o surgimento da hipersensibilidade do tipo retardado → Macrófagos infectados no interior do
granulomas morrem.
• Bacilos tendem a se localizar no centro do granuloma e a periferia torna-se fibrótica e caseosa.
• Necrose Tecidual (que ocorre na tuberculose) → Tem alto teor de gorduras liberadas pelo
metabolismo bacilar → Apresentando um aspecto denso e espesso → NECROSE DE CASEIFICAÇÃO.
• Embora o bacilo não consiga se multiplicar dentro do CÁSEO → devido à escassez de oxigênio →
Pode permanecer viável por décadas.

A natureza da resposta imunológica determinará se a infecção será contida ou progredirá.


o Quando o processo de defesa é bem-sucedido → constitui-se um equilíbrio parasito/hospedeiro →
Bloqueio da proliferação bacilar e da expansão da lesão → Impedindo o aparecimento da doença.

Assim, a doença acontece quando:


o Na infecção inicial → Devido a um nº excessivo de bacilos e/ou fatores que diminuem a capacidade
de resposta imune do hospedeiro.
Equilíbrio não chega a ocorrer → Estabelecendo uma TUBERCULOSE PRIMÁRIA;
o Posterior à infecção inicial → Uma forma de tuberculose pós-primária, pela quebra do equilíbrio
parasita versus hospedeiro.
POR REATIVAÇÃO ENDÓGENA → Com rebaixamento da resposta imune local ou sistêmica e/ou
provável aparecimento de cepas mutantes de bacilos mais virulentas com maior capacidade de
multiplicação.
POR REINFECÇÃO EXÓGENA → Com um nº excessivo de bacilos → Associada ou não à
imunodeficiência.

✓ A DOENÇA PROPRIAMENTE DITA


• Cerca de 5 a 10% dos infectados adoecerão em algum momento de sua vida.
• Doenças e condições que debilitam a imunidade, como: desnutrição, etilismo, idade avançada, aids,
diabetes, gastrectomias, insuficiência renal crônica, silicose, paracoccidioidomicose, leucoses,
tumores, uso de medicação imunodepressora → Constituem fatores que facilitam o adoecimento.
• Interferem também no aparecimento da doença → Carga bacilíferas, Virulência e o Estado de
Hipersensibilidade do organismo.
• Se na ocasião da PRIMO-INFECÇÃO → Não ocorre o equilíbrio imunológico → Bacilos recém-
implantados no parênquima pulmonar ou nos linfonodos → Continuam a se multiplicar → Dão
origem a lesões sintomáticas → TUBERCULOSE PRIMÁRIA.
• A resposta à multiplicação dos bacilos provoca → NECROSE CASEOSA → amolece e se liquefaz.
• Mecanismos da liquefação → Estão provavelmente relacionados às enzimas produzidas por
estímulo da hipersensibilidade.
Quanto ↑ hipersensibilidade → ↑ capacidade de liquefação das lesões e ↑ destruição tecidual.
• Os bacilos até então inibidos no seu desenvolvimento → Pela formação do granuloma →
Encontram condições favoráveis à sua multiplicação após LIQUEFAÇÃO DO CÁSEO e o
aparecimento da cavidade → Com um rápido crescimento das populações bacilíferas → carga de
mais de 108 bacilos.

• O desenvolvimento para a formação de LESÕES CAVITÁRIAS PULMONARES (CAVERNA


TUBERCULOSA) → Caracteriza a tuberculose pós-primária e dela pode se propagar material
infeccioso diretamente para dentro dos brônquios → Resultando em contínua eliminação de
ESCARRO.
• Evoluindo naturalmente → LESÕES PÓS-PRIMÁRIAS → Podem se disseminar e levar ao óbito → + de
50% dos pacientes.
Ou se cronificar → ±25 a 30% deles.
• Se a imunidade está íntegra → Pode haver cura natural do processo → Em 20 a 25% dos doentes.

✓ OS LIMITES ENTRE A INFECÇÃO E A DOENÇA


• Tuberculose Infecção → Marcada pela presença da resposta POSITIVA ao Teste Tuberculínico +
ausência de sintomas e/ou lesões progressivas que caracterizam a tuberculose.
• O tratamento da INFECÇÃO LATENTE → indicado para os recém-infectados, rastreados entre os
grupos de riscos → Protegeria o adoecimento primário, entendido como aquele que ocorre nos
primeiros anos após a infecção.
• Para os portadores da doença → Indicação de esquemas quimioterápicos associando drogas
potentes → Além de curá-los, abortaria a transmissão dos bacilíferos nas primeiras semanas de
tratamento.

DIAGNÓSTICO
• A TB é uma doença de evolução crônica ou subaguda → Sintomas tendem a ser indolentes e de
intensidade crescente → Podendo apresentar períodos de remissão e relativo bem-estar.
• Em aproximadamente 66% dos pacientes, a demora para a procura por assistência médica chega a
até 3 meses.

✘ TUBERCULOSE PULMONAR
• Os sinais, sintomas e as manifestações radiológicas dependem do tipo de apresentação da TB.
• As principais formas de apresentação são a FORMA PRIMÁRIA, a PÓS-PRIMÁRIA (OU SECUNDÁRIA)
e a MILIAR.
• SINTOMAS CLÁSSICOS (podem ocorrer em qualquer das três apresentações)
o Tosse persistente seca ou produtiva
o Febre vespertina
o Sudorese noturna
o Emagrecimento.

TB PULMONAR PRIMÁRIA
o Normalmente ocorre em seguida ao 1º contato do indivíduo com o bacilo → + comum em crianças.
o Manifestações clínicas podem ser insidiosas.
• Paciente irritadiço
• Febre baixa
• Sudorese noturna
• Inapetência.
• Nem sempre apresenta tosse
TB PULMONAR PÓS-PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA
o Pode ocorrer em qualquer idade → + comum no adolescente e no adulto jovem.
• Característica principal → Tosse seca ou produtiva.
• Se tosse produtiva → Expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue.
• Febre vespertina, sem calafrios → Não costuma ultrapassar os 38,5°C.
• Sudorese noturna
• Anorexia

TB MILIAR
o Refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico → Pode ocorrer tanto na forma primária
quanto na forma secundária.
o Forma grave da doença → + comum em pacientes imunocomprometidos → Pessoas infectadas
com HIV em fase avançada de imunossupressão.
o Apresentação clínica → Pode ser aguda ou subaguda → ↑ frequência em crianças e em adultos
jovens.
o Apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura.
o Sintomas que ocorrem em 80% dos casos:
• Febre
• Astenia
• Emagrecimento
• Tosse

✘ TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR
• Têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos.
• Sua ocorrência ↑ pacientes coinfectados pelo HIV → especialmente aqueles com
imunocomprometimento grave.
• Principais formas diagnosticadas são:
o TB pleural
o Empiema pleural tuberculoso
o TB ganglionar periférica
o TB meningoencefálica
o TB pericárdica
o TB óssea

✓ DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
• Importância fundamental em adultos → Para o diagnóstico e para o controle de tratamento da TB.
• Resultados bacteriológicos POSITIVOS → Confirmam a tuberculose ativa em pacientes com quadro
clínico sugestivo de TB e em sintomáticos respiratórios identificados através da busca ativa.

EXAME MICROSCÓPICO DIRETO – BACILOSCOPIA DIRETA


o Método simples e seguro
o Pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR → Pelo método de Ziehl-Nielsen → técnica +
utilizada.
o Baciloscopia do Escarro → Permite detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos.
o Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída → Dificuldade de obtenção de
uma amostra com boa qualidade.
o Casos em que houver indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as 2 amostras de
diagnóstico apresentarem resultado NEGATIVO → Podem ser solicitadas amostras adicionais.
o Baciloscopia POSITIVA e quadro clínico compatível com TB → Fecham o diagnóstico e autorizam o
início de tratamento da TB.
o Lembrar que outros microrganismos podem ser evidenciados na baciloscopia direta e essa
possibilidade deve ser considerada na interpretação de casos individualizados.

TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA TUBERCULOSE (TRM-TB)


o Indicado para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes.
o Teste de amplificação de ácidos nucleicos → Detectar DNA dos bacilos do complexo M.
tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina pela técnica de reação em cadeia da
polimerase (PCR) em tempo real.
o Apresenta o resultado em ± 2 horas em ambiente laboratorial → Necessária somente uma amostra
de escarro.
o Sensibilidade do TRM-TB em amostras de escarro de adultos é de ±90% → Sendo superior à da
baciloscopia.
o Também detecta a resistência à RIFAMPICINA → Sensibilidade de 95%.
o Sensibilidade do TRM-TB para o diagnóstico em crianças (< 10 anos de idade) é menor que a
apresentada para adultos (66%).
o TRM-TB deve ser realizado em crianças → Quando existe a possibilidade e facilidade de coleta de
escarro.
o Uso rotineiro está indicado em adolescentes (≥10 anos de idade) → Já que a maioria tem TB
bacilífera → + fácil de coletar amostras adequadas de escarro para exame.

CULTURA PARA MICOBACTÉRIA, IDENTIFICAÇÃO E TESTE DE SENSIBILIDADE


o Método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB.
o Casos pulmonares com Baciloscopia Negativa → Cultura do escarro pode aumentar em até 30% o
diagnóstico bacteriológico da doença.
o Os métodos para cultura de micobactérias utilizam → Semeadura da amostra em meios de cultura
sólidos (resultado entre 14 a 30 dias, podendo estender-se por até 8 semanas) e líquidos (entre 5 a
12 dias quando POSITIVO e 42 dias quando NEGATIVO).
o A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas
moleculares.

o Métodos disponíveis para o TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TS) são:


• Método das proporções → Utiliza meio sólido e tem seu resultado em até 42 dias.
• Método automatizado → Utiliza meio líquido, com resultados resistentes disponíveis entre 5
a 13 dias; e sensíveis em 13 dias.
Fármacos testados:
▪ Estreptomicina
▪ Isoniazida
▪ Rifampicina
▪ Etambutol
▪ Pirazinamida

o O resultado da cultura confirma o diagnóstico de micobacteriose → Necessário identificar a espécie


para caracterizar se é um caso de TB ou outra micobactéria.

✓ DIAGNÓSTICO POR IMAGEM


• Radiografia de Tórax
o Escolha na avaliação inicial e no acompanhamento de Tb Pulmonar.
o Solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB Pulmonar.
• Tomografia Computadorizada de Tórax

✓ DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO
• Avaliação histológica de fragmento de tecido obtido por biópsia.
• Método empregado na investigação das formas pulmonares que se apresentam radiologicamente
como → Doença difusa e nas formas Extrapulmonares.

TRATAMENTO
• Atualmente o esquema quádruplo com RIFAMPICINA, ISONIAZIDA, PIRAZINAMIDA e ETAMBUTOL
é o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde para as formas pulmonares e
extrapulmonares, válido para casos novos, casos de recidiva (independentemente do tempo
decorrido do primeiro episódio) e retorno após abandono.
• Os comprimidos contêm os quatro fármacos, com dose fixa combinada e deve ser prescrito por 6
meses.
o Na fase intensiva do tratamento (2 primeiros meses) → Utilizam-se os 4 fármacos.
o Na segunda fase (4 meses subsequentes) → A rifampicina (RF) e a isoniazida (INH).
• As vantagens da dose fixa combinada são:
o Maior conforto para o paciente (redução do número de comprimidos);
o Impossibilidade de tomada isolada de fármacos;
o Simplificação da gestão farmacêutica.
• Esse esquema quádruplo é válido para crianças acima de 10 anos.
DIFICULDADES PARA FINALIZAÇÃO DO TRATAMENTO
• É um processo multifatorial que apresenta características individualizadas que exigem respostas
diferenciadas.
o Fatores ligados ao doente: capacidade de lidar com situações determinadas pelo
adoecimento, depressão e comorbidades ligadas à saúde mental e ao uso abusivo de
substâncias psicoativas;
o Fatores ligados à doença: relacionados à gravidade do quadro clínico, à percepção sobre a
gravidade da doença, ao tempo de duração do tratamento e aos sintomas;
o Fatores ligados ao tratamento: determinados pela complexidade do esquema terapêutico,
quantidade de comprimidos a serem ingeridos, os efeitos secundários dos medicamentos e
suas características específicas como sabor, cheiro e a regressão dos sintomas no início da
terapêutica;
o Fatores ligados ao contexto social: situações de vulnerabilidade social e a ausência de apoio
para realizar o tratamento, a influência exercida por familiares e amigos e sua participação
no tratamento;
o Fatores ligados ao serviço: acesso à assistência e aos insumos, a existência de um fluxo
claro de atendimento e de infraestrutura adequada, uma boa comunicação e,
principalmente, a qualidade da relação estabelecida com a equipe de saúde.
o Estigma da doença: está associada à fome e à pobreza e tem sido relacionada a
comportamento desregrado como causa de uma doença que envergonha e que é temida
por expressar algo que é socialmente passível de censura. As ideias de contágio são vagas e
a observação de frequentes recaídas, em determinados grupos sociais, provocam descrença
na possibilidade de cura da Tb.

HANSENÍASE
• A Moléstia de Hansen (MH), Hansenose ou Hanseníase é uma doença infectocontagiosa.
• Causada pelo Mycobacterium leprae;
• Acomete, inicialmente, o SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP); para depois, atingir a PELE (grupo
não contagiante, paucibacilar)

CLASSIFICAÇÃO
o GRUPO PAUCIBACILAR:
• Doentes não contagiantes, com poucos bacilos e acometimento neural e cutâneo
• Formas: inicial indeterminada e tardia tuberculoide
o GRUPO MULTIBACILAR
• Doentes contagiantes – com muitos bacilos em todos os tecidos acometidos (exceto no SNC)
• Muitas lesões cutâneas
• Formas: dimórfica e virchowiana
• Lesões Neurais

• Lesões Cutâneas
o Hanseníase Indeterminada
o Hanseníase Tuberculoide
o Hanseníase Virchowiana

o Hanseníase de Lúcio e Alvarado


o Hanseníase Dimorfa

EPIDEMIOLOGIA DO BRASIL
• Endêmica em várias regiões do mundo.
• Predominância da forma virchowiana nos homens (2:1)
o Ligação com fatores hormonais
• Infelizmente, o diagnóstico da doença tem sido feito tardiamente em nosso meio.
• O doente, em geral, percorre vários médicos, com queixas específicas da moléstia (parestesia,
neurite, rinite, artralgia e/ou artrite e até manchas ou placas na pele) e nem mesmo se coloca a
hipótese de hanseníase.
• O Núcleo de Hansenologia, do HC-FMUSP, demonstrou que o doente percorre, em média, 8
médicos para, enfim, diagnosticar a MH.
• No Brasil, apenas 20% (em média) dos doentes são diagnosticados com a moléstia na fase inicial;
• Cerca de 70% já apresentam algum grau de incapacidade física ao serem matriculados ou
diagnosticados.
• Um doente multibacilar, virgem de tratamento ou não tratado de maneira adequada, embora
infectando muitas pessoas, produz cerca de 5 novos doentes/ano.
• Calcula-se que apenas 1/3 dos doentes brasileiros estejam matriculados (já diagnosticados), e
muitos fazem tratamento irregular ou o abandonam → Facilitando a disseminação de bacilos
resistentes às medicações atuais e aumentando a problemática nacional.
• A MH assoma em qualquer faixa social, porém, predomina nas camadas socioeconômicas mais
desfavorecidas.

• 2003 → Brasil teve 77.154 doentes novos matriculados.


• Ainda não se evidenciou redução das taxas anuais de detecção, certamente, em virtude de uma
endemia oculta, falta de diagnóstico precoce, em especial no Brasil, onde o número de doentes
contagiantes é mais alto.
• Agosto de 2006 → OMS detectou no Brasil uma taxa de 4,6 casos por 10 mil habitantes.
• Em alguns estados brasileiros, esse número é maior → exemplo: Mato Grosso do Sul, com 30,19
doentes por 10 mil habitantes.
• Calcula-se que cerca de 16 milhões de doentes estejam curados com a MDT (multidrogaterapia) e
preveniram-se as incapacidades físicas em mais de 4 milhões de pessoas (OMS, 2013).
• Com a MDT reduziu-se, de modo drástico, a prevalência da moléstia de Hansen, porém, não tem
havido o impacto esperado sobre a transmissão do bacilo, o que exige reavaliação dos métodos
para o seu adequado e necessário controle.

• Brasil
36965 (2019 à 34640)

• Piauí
< 1975 – 2001 à 1870 casos

• Picos
• 2019 à 1.078 casos
• 2018 à 76
• 2017 à 12
• 2016 à 6
• 2015 à 3
PATOGENIA
• Período de incubação → LONGO → 2 a 5 anos.
• Fonte de infecção: Homem.
• A evolução da infecção e as manifestações clínicas e histológicas da hanseníase dependem da
resistência natural (Fator N).
• Indicativo de boa imunidade celular.
• 80% das pessoas que nascem com FN, em algum dia, terão M+;
• PESSOAS M+
o Abortam a infecção.
o Os com negatividade temporária desenvolvem formas não contagiantes da moléstia.
o Infectadas com carga bacilar alta → Evoluem para o grupo contagiante, até o grupo subpolar
dos virchowianos.
• A maioria da população é resistente à infecção pelo BH.
o Essa resistência pode ser avaliada pela REAÇÃO DE MITSUDA → Consiste na injeção
intradérmica de suspensão de bacilos mortos pelo calor.
o As reações POSITIVAS assomam nas formas clínicas da hanseníase que apresentam algum
grau de imunidade celular específica ao bacilo de Hansen
o NEGATIVA quando essa imunidade está ausente.
o Em contatos de doentes com hanseníase → REAÇÃO POSITIVA indica que o indivíduo não
ficará doente ou, se ficar, adquirirá uma forma tuberculoide.
o Se, por outro lado, ele for NEGATIVO e adoecer, será portador de hanseníase virchowiana.
o Admite-se que mais de 90% dos indivíduos em qualquer comunidade apresentam algum
grau de positividade da REAÇÃO DE MITSUDA.
• MARGEM HANSEN ANÉRGIA (MHA)
o 20% é constituída por pessoas Mitsuda-negativas; mas, só uma parte fica doente e evolue
para as formas contagiantes
o Teste de Mitsuda
• Formas contagiantes da doença
o Diforma
o Virchowiana
o Somente elas são capazes de eliminar bacilos para o meio exterior, pois possuem carga
bacilar em quantidade considerável nas mucosas e na derme.

• Após atravessar a BARREIRA TEGUMENTAR → M. leprae aloja-se nos GÂNGLIOS LINFÁTICOS →


partem êmbolos micobacterianos à Alojam-se na PELE, NERVOS PERIFÉRICOS E/OU ÓRGÃOS.
• O desenvolvimento da doença varia conforme a imunidade celular do indivíduo.
• Mesmo convivendo com doentes das formas contagiantes DIMORFA e VIRCHOWIANA → A maioria
das pessoas não adoece.
• Estima-se que 90% das pessoas tenha defesa natural contra o M. leprae.

• Quando o bacilo de Hansen penetra no organismo humano, verifica-se que a infecção pode evoluir
de várias maneiras:
o O indivíduo tem resistência natural e abortará a infecção.
o A infecção evolui para doença subclínica → Regride espontaneamente.
o Evolui para hanseníase indeterminada (MHI).
o Maioria dos doentes (70%) com MHI → Pode também curar-se espontaneamente.
o Menor número de doentes (30%) com MHI → Evolui com manifestações espectrais.
o Forma ou Tipo Tuberculoide Polar (TTP) → O doente depois de organizar granuloma
tuberculoide no nervo e/ou na pele → Estimulado pelos bacilos de Hansen → Expressa seu
fator genético, natural, de defesa celular → Sua resposta ao antígeno de Mitsuda torna-se
3+ ulcerada.

• Nessa forma → Haverá elaboração de boa resposta imune celular → Células CD4+ são numerosas e
dispõem-se junto aos MACRÓFAGOS na área central.
Na periferia estão localizadas as Células CD8+.
• Não ocorre multiplicação dos bacilos que, na grande maioria, serão eliminados.
• Surgirá GRANULOMA TUBERCULOIDE e a pesquisa anti-PGL-1 será com títulos baixos.
o Grupos: Tuberculoide Subpolar ou Dimorfo Tuberculoide; Dimorfo-dimorfo; Dimorfo
Virchowiano ou Virchowiano Subpolar → Conforme as características imunológicas do
indivíduo e a carga bacilar recebida na infecção:
• A Reação De Mitsuda → NEGATIVA, mas pode ser temporariamente, pois os
doentes incluídos nesse grupo nasceram com fator natural de Rotberg → Quando a
carga bacilar diminui, eles podem organizar granuloma tuberculoide e, então,
passam a reagir POSITIVAMENTE ao antígeno de Mitsuda.
o Grupo: Virchowiano Polar (VVp):
• Se o doente não tiver resistência e pertencer à margem Hansen anérgica de Rotberg,
a Reação de Mitsuda sempre será NEGATIVA
• Os bacilos se multiplicarão livremente nos MACRÓFAGOS de todos os
tecidos, exceto no SNC, caracterizando a forma grave e contagiante da
moléstia → Hanseníase Virchowiana Polar.
• Se o indivíduo receber carga bacilar alta na infecção e a imunidade celular específica
estiver TEMPORARIAMENTE NEGATIVA, haverá evolução para o grupo intermediário
entre as formas polares e dimorfa (D) → se caracteriza por manifestações muito
semelhantes ao tipo tuberculoide (TT ou DT) ou à forma virchowiana (DV) ou
equidistantes entre os dois polos (DD);
• Este último é o grupo imunologicamente mais instável, passível de reações. Nesses
casos, a reação de Mitsuda pode ser fracamente positiva ou negativa e o indivíduo
apresentará imunidade celular que será tanto maior quanto mais próximo estiver do
polo tuberculoide.

SINTOMAS
PRINCIPAIS
• Áreas da pele → manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com
alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato;
• Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa
se queima ou se machuca sem perceber;
• Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas;
• Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose);
• Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local.

OUTROS SINTOMAS
• Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos;
• Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos,
mãos e pés;
• Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos
membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras;
• Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele;
• Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito;
• Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos
(fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores);
• Entupimento, feridas e ressecamento do nariz;
• Ressecamento e sensação de areia nos olhos.

PREVENÇÃO
TRANSMIssÃO → contato próximo e prolongado com um doente com hanseníase que não está sendo
tratado.
• Normalmente, a fonte da doença → parente próximo que não sabe que está doente, como avós,
pais, irmãos, cônjuges, etc.
• A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo
paciente.
• Usar máscara
• Isolamento físico/social
• Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae.
• Há susceptibilidade genética. → familiares + chance de adoecer.

TRANSMISSÃO
• CONTATO DIRETO, mas também há possibilidade de ocorrer por CONTATO INDIRETO → Objetos
contaminados e Vetores.
o Maior risco está relacionado com a convivência domiciliar com doente bacilífero sem
tratamento.
o Quanto mais íntimo e prologado o contato, maior será a possibilidade de se adquirir a
infecção.
PRINCIPAIS FONTES DE INFECÇÃO
o Mucosas das vias aéreas superiores.
o Hansenomas ulcerados (via cutânea em lesões ulceradas ou traumáticas na pele)
• Inoculações humanas acidentais por meio de tatuagens, ou por intermédio de escoriações
ou incisões com objetos de doentes multibacilares.
• Outras → Leite materno, suor, secreções vaginais e esperma, urina e fezes.
• Possibilidade de transmissão por artrópodes → Sobretudo por picadas ou por meio de fômites ou
transfusão sanguínea.
o Bacilo pode permanecer viável fora do organismo humano até 9 dias.
o Não há evidências epidemiológicas para tal hipótese.

DIAGNÓSTICO
• EXAME FÍSICO
o O diagnóstico é essencialmente clínico e quando disponíveis, de qualidade e confiáveis, os
exames subsidiários (baciloscopia e biópsia de pele) podem ser feitos.
o Exame dermatoneurológico (teste de sensibilidade)
1. TESTE DA SENSIBILIDADE TÉRMICA
• Ocorre nas áreas suspeitas da pele.
• Teste com tubos de ensaio com água morna: teste primeiro em você mesmo. Após → no paciente
em áreas não suspeitas e depois nas áreas suspeitas.
• Compare o relato do paciente em ambas as áreas.
• Se houver diferença na percepção da temperatura nas lesões (hipo ou anestesia) → Sinal de
alteração da sensibilidade térmica.
• Confirma-se o diagnóstico apenas com alteração definida de uma das sensibilidades, não
necessitando fazer os testes de sensibilidade dolorosa ou tátil.
2. Teste da sensibilidade dolorosa
• Uso de agulha de insulina.
• Encostar a ponta nas lesões de pele com uma leve pressão sem perfurar a pele.
• Compare alternando área interna e externa à lesão e observando expressão facial e queixa de
respostas à picada.
• Anestesia ou sensibilidade diminuída (hipoestesia) dentro da área de lesão → Confirma o
diagnóstico.
• Pode-se ainda avaliar a sensibilidade dolorosa alternando a ponta da agulha e o cabo da agulha
(parte plástica).
• Observe se o paciente percebe a diferença entre a ponta da agulha e o cabo.
• Alterações também confirmam o diagnóstico.
3. Teste da sensibilidade tátil
• Embora a sensibilidade tátil seja frequentemente a última a ser perdida, deve-se buscar as
diferenças de sensibilidade sobre a área a ser examinada e a pele normal circunvizinha.
• Utilize algodão, fio dental ou o monofilamento verde (0.05g) do kit estesiométrico.
• Uso do ESTESIÔMETRO permite avaliar a sensibilidade protetora das mãos e pés, tendo grande
aplicação na avaliação do grau de incapacidade física e para fins de prevenção de incapacidades,
sendo seu uso importante para avaliação e seguimento dos casos.

• EXAMES SUBSIDIÁRIOS
o 1. Baciloscopia de Raspado Intradérmico
• Paciente paucibacilar (PB) → Hanseníase Indeterminada ou Tuberculóide →
Baciloscopia é NEGATIVA.
• SE POSITIVA → reclassificar MB.
• Paciente MB (Hanseníase Dimorfa e Virchowiana) → Baciloscopia é POSITIVA.
• SE NEGATIVA → Levar em consideração o quadro clínico para o diagnóstico e
classificação desse doente (manter a classificação MB se o quadro clínico for
de hanseníase dimorfa ou virchowiana).

o 2. Exame Histopatológico (biópsia de pele)


• Raramente necessária → Material deve ser conservado em formol a 10%.
• Material enviado a um laboratório de patologia à procura de bacilos.
• A interpretação dos achados deverá ser realizada de acordo com o quadro clínico do
paciente.

• HANSENÍASE INDETERMINADA → Encontra-se, na maioria dos casos, infiltrado inflamatório que


não confirma o diagnóstico de hanseníase.
• A procura de bacilos (BAAR) é quase sempre NEGATIVA.
• HANSENÍASE TUBERCULÓIDE → Encontra-se um granuloma do tipo tuberculóide (ou epitelióide).
• Pesquisa de bacilos (BAAR) é NEGATIVA.
• HANSENÍASE VIRCHOWIANA → Encontra-se um infiltrado histiocitário xantomizado ou
macrofágico.
• Pesquisa de bacilos mostra incontáveis bacilos dispersos e organizados em grumos (globias).
• HANSENÍASE DIMORFA, há um infiltrado linfo-histiocitário, que varia desde inespecífico até com a
formação de granulomas tuberculóides;
• Baciloscopia da biópsia é POSITIVA, sobretudo nos nervos dérmicos e nos músculos lisos dos
pelos.

o 3. Prova da Histamina
• PROVA DE HISTAMINA EXÓGENA → Avaliar a resposta vasorreflexa à droga, indicando
integridade e viabilidade do sistema nervoso autonômico de dilatar os vasos cutâneos
superficiais → GERA ERITEMA.
• Em resposta ao difosfato de histamina 1,5%, EM ÁREAS NORMAIS, espera-se 3 sinais
(TRÍPLICE REAÇÃO DE LEWIS):
• SINAL DA PUNCTURA → Lesões puntiformes avermelhadas que surgem até
15 segundos à escarificação por agulha de insulina dentro da gota aplicada
sobre a área hipocrômica;
• ERITEMA REFLEXO → Que atinge de 2 a 8 cm ao redor da área com limites
fenestrados percebido até 60s após a escarificação;
• PÁPULA → Lesão intumecida lenticular que surge após 2 a 3min no local da
punctura/escarificação.
• Se não ocorrer o eritema (tirando os casos de lesões de nascença ou uso de
antialérgicos) → Prova da histamina incompleta é altamente sugestiva de
hanseníase.
• O teste deve ser feito também em uma área de pele não comprometida, para
controle positivo, onde a prova deve ser completa (observa-se as 3 fases descritas
anteriormente).
• PROVA DE HISTAMINA ENDÓGENA → Avalia função vascular por meio da liberação de
histamina endógena.
• Consiste em traçar uma reta na pele do paciente utilizando-se de um instrumento
rombo (tampa de caneta esferográfica, cotonete, chave, etc).
• Com moderada força e sobre a região normal e suspeita de forma contínua.
• Deve-se ficar atento às mesmas fases descritas acima.
• Nas lesões de hanseníase, esse eritema não acontece internamente e as manchas se
tornam mais definidas em contraste ao eritema externo intenso.

o 4. Avaliação da sudorese (suor)


▪ Hanseníase → leva à alteração da função sudoral.
▪ Percebida pelo achado de áreas secas → Tornam-se mais evidentes porque não permitem o
acumular de poeira.
▪ A alteração da função sudoral também ocorre em ilhotas → São áreas de HIPOIDROSE ou
ANIDROSE circunscritas por periferia de normoidrose.

TRATAMENTO
• Associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) → RIFAMPICINA, DAPSONA E
CLOFAZIMINA.
• PACIENTE PB:(Paucibacilares - que abrigam um pequeno nº de bacilos no organismo, insuficiente
para infectar outras pessoas) → Inicia-se o tratamento na 1a consulta, após diagnóstico caso não
haja alergia à sulfa ou à rifampicina.
o 1 DOSE MENSAL SUPERVISIONADA de 600 mg de Rifampicina e 100 mg de Dapsona
diariamente (em casa).
o TEMPO DE TRATAMENTO → 6 meses.
o Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Clofazimina 50 mg por dia,
e o paciente a tomará também 300 mg → 1x/mês na dose supervisionada.
• PACIENTE MB: (Multibacilares - que são a fonte de infecção e manutenção da cadeia
epidemiológica da doença)
o 1 DOSE MENSAL SUPERVISIONADA de 600 mg de Rifampicina, 100 mg de Dapsona e de 300
mg de Clofazimina.
o Em casa → 100 mg de Dapsona e 50 mg de Clofazimina diariamente.
o TEMPO DE TRATAMENTO → 12 meses.
o Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Ofloxacina 400 mg (na
dose supervisionada e diariamente) ou pela Minociclina 100 mg (na dose supervisionada e
diariamente).

• DIFICULDADES PARA FINALIZAR O TRATAMENTO


o Um problema importante é que um paciente MB que recebe alta após dois anos de
tratamento continua, muitas vezes, apresentando bacilos mortos no seu organismo que
serão eliminados muito lentamente, com cerca de 0,6 a 1 unidade do IB por ano.
o Dessa maneira, a persistência de antígenos pode manter as reações tipo II (ENH) com todos
os seus inconvenientes, inclusive neurites que podem levar a incapacidades. A hanseníase
deixa de ser uma doença bacteriana para se tornar essencialmente imunológica. É
importante assinalar que quase 60% dos doentes MB podem apresentar ENH de vários
graus de intensidade durante o tratamento.
o Há trabalhos demonstrando que os bacilos persistentes podem ser responsáveis pelas
recidivas da moléstia.
o A recidiva terapêutica é importante ameaça ao controle da MH;
o Poojaylaiah e colaboradores, em 2008, referiram taxa de recidiva de 1,85% no seguimento
de 163 doentes, com o uso de MDT uniforme, por período médio de 7,13 anos; e outros
relatos recentes também demonstram recidivas de 16 a 36% entre doentes multibacilares
com altos índices bacterioscópicos.
o Em 2010, a OMS relata 887 recidivas e 10% delas com comprovada resistência
medicamentosa.
o O Programa Nacional Norte-Americano de Hanseníase recomenda seguimento pós-alta a
cada seis meses, durante cinco anos, para os doentes paucibacilares; e, para os
multibacilares, durante 10 anos (Worobec, 2009).

o Reações Adversas
o Preconceito
o Vontade Própria
o Negação da Doença
o Recomendação de um 2º médico
o Relato de cura
o Demora no atendimento
o Acesso a medicamento
o Depressão
o Não obteve melhora das dores
o Muito tempo de tratamento (6 a 12 meses) -> Com muitas medicações diárias em doses diferentes
que acabam levando o paciente a abandonar o tratamento ou se confundir e tomar doses
incorretas.

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