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Digestão de proteínas (monogástricos e ruminantes).

Nitrogênio não-proteico como fonte de N para


ruminantes.
Nitrogênio

A fonte mais importante de nitrogênio é o ar. Entretanto,


somente procariotos podem converter o nitrogênio
atmosférico em formas úteis para os seres vivos.

O primeiro passo para a fixação (redução) do nitrogênio


atmosférico é feito pelas bactérias fixadoras de nitrogênio,
produzindo amônia. Este processo ocorre em condições
anaeróbicas e é conhecido como nitrificação.

Plantas e muitas bactérias também podem reduzir nitrato e


nitrito através da ação de nitrato e nitrito redutases e a
amônia formada é incorporada aos aminoácidos. Nitrito
-
Os animais podem usar as plantas como fonte de -
aminoácidos, para produzir proteínas. Quando os
Nitrato
organismos morrem, a degradação das proteínas por meio
de microorganismos devolve amônia para o solo para ser
novamente convertido em nitrito e em nitrato.
O primeiro passo para o catabolismo dos aminoácidos é a remoção dos nitrogênios
Os aminoácidos perdem os nitrogênios para formar alfa-cetoácidos, que constituem o esqueleto de
carbono dos aminoácidos. Dependendo do estado nutricional, os esqueletos de carbono podem
ser convertidos em glicose, via gliconeogênese; em ácidos graxos, pela formação de corpos
cetônicos ou metabolizados a CO2 e água. Dessa forma, os aminoácidos podem ser glicogênicos,
cetogênicos ou ambos.

Os nitrogênios podem ser removidos por três mecanismos distintos e dependendo do aminoácido
que está sendo degradado, pode ocorrer a associação de mais de um mecanismo até que todos os
nitrogênios sejam removidos. Pode ocorrer transaminação, desaminação oxidativa e desaminação
não oxidativa.
Classificação dos aminoácidos

Em relação à essencialidade, os aminoácidos podem


ser classificados em essenciais, não essenciais e
limitantes.

• Essenciais: não são sintetizados pelo organismo


animal em velocidade suficiente para atender as
exigências.

• Não essenciais: são sintetizados pelo organismo


animal em velocidade suficiente para atender as
exigências animais e não precisam ser fornecidos
na dieta.

• Limitantes: são aqueles que apresentam


concentração limitada para permitir o máximo
desempenho animal e a síntese proteica.
Diferenças anatômicas e tipos de digestão

Há dois tipos de digestão ocorrendo em todos os animais, com diferenças importantes dependendo do trato
gastrointestinal dos animais.

A digestão hidrolítica prevalece em animais carnívoros, esses animais têm pouca fermentação e alta
dependência de suas enzimas para hidrolise das macromoléculas dos alimentos.

A digestão fermentativa é predominante nos animais herbívoros que possuem um grande local próprio para
fermentação em cada uma das partes do trato gastrointestinal. Esses animais dependem da fermentação
realizada prelos microorganismos.
Digestão de proteínas em monogástricos
Digestão de proteínas em monogástricos

Conjunto de peptidases
Digestão de proteínas em ruminantes A primeira fase é a digestão microbiana
no rúmen. A proteína ingerida pelo
animal é metabolizada pelos -
microrganismos ruminais, onde sofre
hidrólise, liberando amônia (usada para
produção de proteínas bacterianas).

Esses microrganismos, ao seguirem o


trânsito junto com a digesta, irão suprir
o hospedeiro com os aminoácidos
necessários para a produção da carne,
do leite e de outros produtos.

No abomaso (estômago verdadeiro)


ocorre a digestão gástrica das proteínas
microbianas, seguindo o mesmo
processo observado na digestão
proteica nos monogástricos (por
proteases).

As proteínas microbianas podem suprir as exigências para bovinos de corte a uma taxa de 50 a 100%, sendo
considerada fonte de boa qualidade, devido a sua alta digestibilidade, em torno de 80%

Nos ruminantes ocorre fermentação - rota bioquímica onde NADH é reoxidado NAD+
COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS

(Valadares filho et. al . 2006)


Digestão de proteínas em ruminantes

Importância do fornecimento de nitrogênio não proteico (NPP) na dieta de ruminantes

A ureia começou a ser fabricada industrialmente em 1870, mas foi no período de 1914 a 1918, devido à escassez de
alimentos ocasionada pela primeira guerra mundial, que a Alemanha intensificou a utilização de ureia na
alimentação de ruminantes, visando uma produção intensiva e de baixo custo de carne e leite.

Quando o animal ingere ureia há liberação de amônia (enzima urease), que é combinada a uma cadeia carbônica
para a formação de proteínas microbianas.

Uma das vantagens da utilização da ureia é o baixo custo quando comparado ao de diferentes fontes proteicas.

A ureia possui equivalente proteico de 262 a 281%, ou seja, cada 1 kg de ureia pode ser transformado em 2,62 a
2,81 kg de proteínas bacterianas.
Aspectos práticos da utilização da ureia

• Período de ajuste: 2 a 4 semanas.

• Requer baixo nível de proteínas na dieta.

• A ureia não deve ser administrada em animais com jejum maior de 36 horas.

• Iniciar gradativamente o consumo, partir de 30 g/dia.

• Não interromper bruscamente o uso da ureia.

• Relação N: S deve ficar entre 10/1 e 15/1. Usar sulfato de Ca2+ ou Na+. Se houver deficiência de S, a

síntese de AA sulfurados ficará prejudicada.

Bovinos em fase de crescimento ou recria, têm maior exigência proteica. Com isso, o fornecimento
de proteína microbiana, somente, não é suficiente para atender às exigências dos animais
O catabolismo de aminoácidos e bases nitrogenadas leva à formação de alguns produtos que contêm nitrogênio,
sendo os de maior interesse a amônia, a uréia e o ácido úrico.
Produção de ácido úrico/urato

Produto da quebra de purinas por ação de uma enzima chamada xantina


oxidase.

Depois de utilizadas, as purinas são degradadas e transformadas em


urato.

A enzima uricase (não presente em humanos) degrada urato em


alantoina, uma substância 80 a 100 vezes mais solúvel que o urato e que
é facilmente excretada pelo rim.

Xantina oxidase
Urolitíase (cálculo renal) em Dálmatas

Caso particular dos cães da raça Dálmata

Os Dálmatas apresentam uma prevalência alta de urato, por deficiência da


enzima uricase, resultando em maior teor de urato não solúvel na urina, em
vez da esperada conversão em alantoína solúvel.

(A) Padrão de manchas característico exibido pela raça.


(B) Imagem da esquerda: amostra de urina de dálmata (huu)
Associado a isso, esses cães podem ter mutação no gene SCL2A9, que codifica cristalizada. Imagem do meio: urina de um cão heterozigoto
um transportador hepático de ácido úrico, causando hiperuricosúria e/ou para huu (dessa forma não manifesta o problema). Imagem
hiperuricemia (huu). Huu uma característica autossômica recessiva para a da direita: urina de um cão de uma raça não afetada.
qual todos os cães dálmatas são homozigotos, manifestando o sintoma. (C) Cálculos de urato urinário removidos de um dálmata.

Os urólitos que mais frequentemente acometem animais da espécie canina


são aqueles formados de estruvita, oxalato de cálcio, urato, cistina, fosfato Bannasch D, Safra N, Young A, Karmi N, Schaible RS, et al. (2008)
de cálcio, xantina e sílica. Mutations in the SLC2A9 Gene Cause Hyperuricosuria and
Hyperuricemia in the Dog. PLOS Genetics 4(11): e1000246.
https://doi.org/10.1371/journal.pgen.1000246
A estruvita é formada quando o magnésio, amônio e fosfato reagem para
produzir um sólido cristalino (MgNH4PO4.6H2O).
É cada vez mais frequente, nos dias de hoje, que cães e gatos desenvolvam cálculos no trato urinário.

Existe uma grande variedade de oferta de rações para cães e gatos a preços muito acessíveis, no entanto, muitas
não foram estudadas, podendo ser de baixa qualidade essencialmente a nível proteico, contando com poucos
aditivos e vitaminas de qualidade, contribuindo para o aumento da prevalência de várias alterações ou doenças,
incluindo a litíase urinária.

Os encargos monetários inerentes à realização de análise quantitativa dos urólitos, são um fator que leva alguns
tutores a optar por não a realizar.

Para contornar este fator limitante é possível optar pelo envio gratuito dos urólitos para o Minnesota Urolith Center,
através do programa Hill’s com a qual tem parceria, que analisa quantitativamente o urólito e envia os resultados via
e-mail em 2-4 semanas.

O Minnesota Urolith Center disponibiliza ainda uma aplicação gratuita que calcula qual o tipo de urólito mais
provável, ao inserir a espécie, idade, gênero e raça do animal que apresenta urolitíase. Fornece ainda
recomendações de terapêuticas médicas e dietéticas e de monitorização para os mais variados tipos de cálculos.

https://www.urolithcenter.org/
Síndrome de Fanconi
A síndrome de Fanconi é um distúrbio raro da função tubular renal que resulta em quantidades excessivas de glicose,
bicarbonato, fosfatos (sais de fósforo), ácido úrico, potássio e certos aminoácidos sendo excretados na urina.

A síndrome de Fanconi pode ser hereditária ou pode ser causada por alguns fatores, tais como:
• Exposição a certos medicamentos (incluindo alguns quimioterápicos e antirretrovirais)
• Exposição a metais pesados
• Deficiência de vitamina D Basenji

A enteropatia muito frequente no Basenji provoca


vômitos e diarreias crônicas (síndrome de Fanconi), que
causa distúrbios na absorção de nutrientes e a atrofia
progressiva da retina.

Por estas razões, os exames mais recomendados para o


Basenji são o de urina e olhos. Se o devidos cuidados
forem tomados, o Basenji chega a ter em média 10 a 12
anos de vida ao lado de seu dono.
https://www.ufrgs.br/bioquimica/casos/2002111.pdf
Termos do caso clínico de Urolitíase

O VCM (Volume Corpuscular Médio) é um índice presente no hemograma e indica o tamanho


médio das hemácias.

CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média) mede a quantidade média de hemoglobina


dentro das hemácias, podendo ser também conhecida como hemoglobina globular média (HGM)

Oligúria – diminuição na diurese

Hematúria – presença de eritrócitos na urina

PTH – paratormônio

Embrapa – cálculo suplemento proteico


https://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc108/05calculo.html

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