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Bioquímica - 04/04/2022

Metabolismo de aminoácidos

→ Digestão
→ Absorção
→ Metabolismo

De onde vem os aminoácidos?

● São adquiridos principalmente pelas proteínas da dieta, mas nós temos também
aminoácidos de proteínas endógenas (ex: ∝ amilase salivar, que fica
desnaturada/inativada quando o bolo alimentar chega no estômago e vai ser
digerida como se fosse uma proteína da dieta) e temos também aminoácidos que
vem da síntese de aminoácidos não essenciais.
● Os aminoácidos são a terceira fonte de energia do nosso sistema. Pq somos
“proteínas ambulantes”, todo nosso corpo é formado de proteína, e elas não são tão
facilmente digeridas. Então só se usa aminoácidos como energia se a pessoa estiver
com déficit de carboidratos e lipídeos e quando suas reservas já foram usadas.
● Para digerir uma proteína (quimicamente) em seus aminoácidos constituintes, sem
usar as proteases (enzimas que catalisam a hidrólise das proteínas), nós
precisamos de ácido clorídrico de ph 1, 6h a 100ºC. Se for enzimaticamente,
rapidamente essas proteínas são digeridas (em 2h) e seus peptídeos e aminoácidos
são liberados e transportados para os diversos tecidos pela corrente sanguínea.

Para onde vão os aminoácidos?

● Seu grupo amino vai para a síntese de ureia e sua cadeia carbonada vai pra
produção de energia (ciclo de krebs, gliconeogênese…).
● Dão origem também a compostos nitrogenados não protéicos (adrenalina, melanina,
nucleotídeos, hormônios, creatina, neurotransmissores…).

Digestão de proteínas da dieta

● As proteínas dos alimentos são digeridas no estômago e no intestino delgado por


ação do ácido do estômago (HCl), que desnatura as proteínas, e por várias enzimas
que hidrolisam ligações peptídicas.
● Se inicia no ESTÔMAGO (pH 1), mas a mastigação é muito importante para facilitar
a digestão, aumentando a superfície de contato com a pepsina e outras proteases
no intestino delgado, para facilitar a hidrólise.
● A mastigação é importante também para a produção de saliva, que vai diluir o suco
gástrico e também aumenta a liberação desse suco gástrico (a gastrina estimula
essa produção).
● A proteína ingerida estando devidamente triturada chega ao estômago e o ácido
clorídrico do suco gástrico vai causar uma desnaturação (vai abrir a proteína,
facilitando a ação da protease pepsina que vai catalisar a hidrólise da proteína).
** A pepsina não hidrolisa totalmente todas as proteínas, pois ela tem especificidade para
as ligações peptídicas que envolvem aminoácidos aromáticos.
** O movimento peristáltico do estômago não dá muito tempo para a pepsina catalisar a
hidrólise total das proteínas e de todas as ligações peptídicas que estão envolvidas os
aminoácidos aromáticos.

● Então o que sai do estômago como produto? Proteínas que ainda não foram
hidrolisadas, proteases (proteínas pobres em aminoácidos aromáticos), peptonas,
peptídeos, aminoácidos…
● Tudo isso, contido no quimo, vai sendo expulso do estômago (pelos movimentos
peristálticos) e chega no duodeno (pH 7,5), onde será neutralizado por ação de
bicarbonato contido no suco pancreático, estimulado pela secretina.
● No duodeno (intestino delgado), as proteases (tripsina, quimotripsina,
carboxipeptidase, elastase, colagenases) que são liberadas no suco pancreático
(estimulado pela pancreozimina e colecistocinina) vão terminar de hidrolisar as
proteínas que foram ingeridas, liberando peptídeos, que alguns serão transportados
(pelas transpeptidases) e outros serão hidrolisados por dipeptidases e, dessa forma,
as proteínas ingeridas da dieta serão transformadas em seus aminoácidos e
peptídeos constituintes e serão transportados pelo sangue para os diversos tecidos.
● As proteases são liberadas na sua forma inativa, que se chama, de modo geral de
ZIMOGÊNIO.
● Se a pepsina fosse liberada na sua forma ativa, ela degradaria o próprio tecido do
estômago, então ela é liberada na forma de PEPSINOGÊNIO, que será ativado
inicialmente pelo HCl. Uma vez ativado o pepsinogênio na forma de pepsina, ela se
auto ativa e começa a atuar.
● Da mesma forma acontece no intestino delgado, as proteases são liberadas na
forma de zimogênio: tripsina → tripsinogênio (é ativado por uma enteropeptidase
que vem do suco entérico, uma vez a tripsina formada, ela se auto ativa e também
ativa as outras proteases), quimotripsina → quimotripsinogênio, elastase →
pré-elastase, carboxipeptidase → pré-carboxipeptidase.

Ps.: a mastigação de chicletes pode ser prejudicial, pois você está mastigando, estimulando
o sistema digestório, a produção de suco gástrico e suco pancreático, mas não está
ingerindo proteínas. Então não há proteínas para preencher o sítio ativo da pepsina, que
começa a digerir as proteínas da parede do estômago, podendo causar uma gastrite.

**A especificidade da tripsina envolve aminoácidos básicos (ricos em radical amino), como
arginina e lisina.
** A quimotripsina vai terminar o trabalho da pepsina, ou seja, catalisa ligações peptídicas
que envolvem aminoácidos aromáticos, além de metionina e leucina.
** A elastase é específica para ligações peptídicas que envolvem alanina, glicina e serina.
** A carboxipeptidase A para alanina, isoleucina, leucina e valina (aminoácidos alifáticos)
** A carboxipeptidase B tem a mesma especificidade que a tripsina (arginina e lisina).

❖ As proteínas da dieta sofrem digestão no estômago e no intestino, gerando


aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos (que são convertidos tbm em aminoácidos).
** Muitas proteínas não são hidrolisadas 100%, são apenas cortadas.

Absorção de aminoácidos
Jejum – aminoácidos liberados das
Estado alimentado – os aminoácidos proteínas musculares entram diretamente
liberados pela digestão das proteínas da no sangue ou são oxidados para
dieta vão pela veia porta hepática para o produção de energia (ATP) para o próprio
fígado, onde são utilizados para a síntese músculo. Alanina e glutamina = formas de
de proteínas (músculos) ou liberados no transporte do nitrogênio (N) dos aa
sangue para serem convertidos em oxidados. No fígado, o N (grupo amino) é
proteínas em outros tecidos. O excesso convertido em uréia e os carbonos dos aa
de aminoácidos é convertido em glicose são convertidos em glicose, corpos
(armazenados como glicogênio hepático cetônicos e energia.
ou utilizada para manter a glicemia) ou
triglicerídeos (transportados pela VLDL
para o tecido adiposo). E o radical amino
vai ser excretado na urina, por isso que
quando se consome muita proteína, é
importante ingerir muita água → para o
radical amino (ureia) ser excretado na
urina.
Metabolismo de aminoácidos no fígado

1, 2 e 3 – principais vias metabólicas à


partir dos aminoácidos (aas) da dieta.

11 e 4a – modificações iniciais dos aas


resultantes de degradação de proteínas
endógenas (11) ou decorrentes do
excesso de proteínas da dieta (4a).

4b – destino metabólico do nitrogênio dos


aas → ureia. (Exceto se for utilizado para
síntese de aas endógenos não
essenciais)

5, 6, 7, 8, 9, 10 – vias alternativas para o


esqueleto carbônico dos aas.

Degradação de aminoácidos - destino

● Os aminoácidos perdem um radical amino e para perder um radical amino, ele


precisa de duas reações: reações de transaminação e desaminação oxidativa.
● O radical amino retirado dos aminoácidos vai para o ciclo da ureia e a cadeia
carbonada vai para o ciclo de krebs.
● O ciclo da ureia e o ciclo de krebs possuem uma interseção na etapa de
aspartato-arginino-succinato.
● Quem descobriu o ciclo da ureia foi krebs, antes de descobrir o ciclo do ácido cítrico.
Ele queria encontrar amônia, mas só encontrava glutamato, glutamina e ureia.

Transaminação – transferência do grupo


amino dos aminoácidos para o
α-cetoglutarato (aceptor), formando
glutamato e a cadeia carbônica do
aminoácido é convertida no α-cetoácido
correspondente (vai para síntese de
glicose, ácido graxo ou ATP). A reação é
catalisada por enzimas aminotransferases
(transaminases), que têm como coenzima
piridoxal-fosfato, derivado da vitamina
B6.
** Glutamato, glutamina e ureia são formas amoniacais não tóxicas circulantes no nosso
sistema.
** O glutamato formado sofre uma nova transaminação: grupo amino do glutamato é
transferido ao piruvato, formando a alanina, por ação da ALT (alanina aminotransferase) ou
GTP (piruvato glutamato transaminase) e o grupo amino do glutamato é transferido ao
oxaloacetato, formando o aspartato (vai para o ciclo da ureia), por ação da aspartato
aminotransferase (AST).
** É uma reação reversível, com constante de equilíbrio igual a 1, ou seja, de acordo com a
necessidade celular, essa reação vai acontecer para formar oxaloacetato ou piruvato, ou ela
vai formar (a partir de piruvato e oxaloacetato) alanina e aspartato.
** As aminotransferases são indicadores de função hepática. Estão circulando no sangue
numa concentração de 40 a 70 unidades, e quando há suspeita de hepatite, por exemplo,
essas aminotransferases sobem e tem como consequência uma complicação hepática.
** A transaminação acontece em todos os tecidos.

Desaminação oxidativa – o glutamato é


desaminado, liberando o grupo amino
como amônia (íon NH4+ no pH fisiológico
- vai para o ciclo da ureia) e ele volta a ser
α-cetoglutarato (por oxidação). Reação
catalisada por glutamato desidrogenase,
enzima mitocondrial que utiliza NAD+ ou
NADP+ como coenzima.
** A desaminação acontece na matriz
mitocondrial.
** Desaminação não oxidativa: produz a
piridoxal fosfato, que vai receber o radical
amino, formando a piridoxamina fosfato.

Transporte da amônia (na forma não tóxica) dos tecidos para o fígado

→ Sabe-se que a amônia é muito tóxica para o organismo, devendo, portanto, ser
convertida em um composto não tóxico nos tecidos para ser transportada ao fígado ou aos
rins e então ser excretada.

→ Na maioria dos tecidos: glutamato vai ser transformado em glutamina pela


glutamina-sintase.

→ No fígado: o glutamato, pela glutamato desidrogenase, vai liberar amônia que vai ser
transformada em ureia. A glutamina que vem pela corrente sanguínea também chega no
fígado, perde o radical amino para o ciclo da ureia e se transforma em glutamato, que
também vai perder o radical amino e se transformar em α-cetoglutarato. A alanina que
chega ao fígado também perde o radical amino, pela alanina-aminotransferase, e se
transforma em piruvato (que se transforma em glicose).
Esqueleto carbônico

→ O esqueleto carbônico que vem dos aminoácidos podem ser utilizados para síntese de
glicose, para a síntese de aminoácidos não essenciais ou podem ir para o ciclo de krebs.

Destino do esqueleto carbônico em jejum

*Aminoácidos cetogênicos: a degradação da cadeia carbonada produz acetoacetato e


acetil coa, que serão utilizados para formação de corpos cetônicos.

*Aminoácidos glicogênicos: o produto de degradação da cadeia carbonada é um


precursor para glicose.

● A cadeia carbonada vai ser catabolisada/degradada, são 11 vias diferentes.


● A via catabólica da fenilalanina e tirosina é muito importante pq a degradação
carbonada da fenilalanina e da tirosina justifica o teste do pezinho para saber se o
indivíduo possui fenilcetonúria.
● Esse teste serve para saber se o bebê tem deficiência na degradação da cadeia
carbonada da fenilalanina e da tirosina, se o bebê tiver deficiência na fenilalanina
hidroxilase, ele vai ter um acúmulo de fenilalanina, que vai causar o acúmulo de
fenilacetato, fenilacetato e fenilpiruvato, provocando retardo mental.
● Essa via metabólica também pode mostrar outras deficiências, como por exemplo, a
deficiência de uma aminotransferase (que indica acúmulo de tirosina).
● O produto final liberado pela degradação da cadeia carbonada da fenilalanina e da
tirosina (aminoácidos glicocetogênicos) é acetoacetato e fumarato. Acetoacetato é
um precursor de corpos cetônicos e o fumarato é um precursor de glicose.
Ciclo da ureia

● Ocorre principalmente no fígado.


● Começa na mitocôndria e termina no citosol.
● O grupamento amina (amônia) removida dos aminoácidos é quase todo convertido
em ureia (essa conversão precisa acontecer porque a amônia é muito tóxica e muito
solúvel em água). Esse grupamento amina sai justamente pelas reações de
transaminação e desaminação oxidativa que já vimos.
● De onde vem o radical amino? O primeiro radical amino vem do glutamato, da
glutamina e depois da amônia livre. O segundo radical amino vem do aspartato.

O ciclo da ureia consiste em cinco reações, duas no interior da mitocôndria e três no citosol:

1. União do radical amino com carbono, formando a carbamoil fosfato, por ação da
enzima carbamoil-fosfato sintetase com gasto de 2 ATPs.

2. O carbamoil fosfato vai se ligar à ornitina presente na mitocôndria, por ação da


ornitina-transcarbamilase e liberação do fosfato, formando a citrulina.
3. A citrulina é transportada para o citosol e reage com aspartato (2ª radical amino)
gerando argininosuccinato, por ação da enzima arginino-succinato sintetase e com
consumo de 2 ATPs (um ATP vai ser quebrado até AMP, por isso são contabilizados 2).

4. O argininossuccinato é transformado em arginina e fumarato, por ação da enzima


arginino-succinato liase.

5. Por fim, a arginina vai ser quebrada por ação da enzima arginase, originando ureia e
ornitina.

→ O ciclo da ureia não é inibido, é estimulado ou não. Como? A alta concentração de


proteína ingerida, libera altas concentrações de aminoácidos, estimulando a produção de
N-acetilglutamato (AGA), e altas concentrações de AGA estimulam a carbamoil fosfato
sintetase, e portanto, estimula o ciclo da ureia.

→ O fumarato é um intercessor do ciclo da ureia e do ciclo de krebs.

Importante:

● Etapa irreversível: 1ª reação catalisada pela carbamoil fosfato sintetase, que


consome 2 moléculas de ATP.
● Compostos liberados, consumidos e regenerados:
➢ Liberados: Pi, ADP, AMP, pirofosfato, fumarato e ureia.
➢ Consumidos: amônia, CO2, carbamoil fosfato, aspartato e ATP.
➢ Regenerados: ornitina, citrulina, argininosuccinato e arginina.
● Gasto: 4 moléculas de ATP para produzir uma molécula de ureia (3 ATPS no ciclo e
1 ATP pra transformar AMP em ADP).

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