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Proteínas

INTRODUÇÃO

As proteínas não são moléculas estáticas, estão em processo contínuo de síntese e de


degradação, isto é, são renovadas periodicamente. Cada tipo de molécula proteica apresenta
um tempo de duração denominado meia-vida da proteína. A concentração de uma determinada
proteína é mantida pela síntese dessa proteína em quantidade equivalente à que é degradada.

As proteínas são moléculas formadas por aminoácidos e sua composição é bastante variável.
Sendo assim, o conjunto de aminoácidos originados pela degradação das proteínas não é,
necessariamente, igual ao usado para a síntese das moléculas proteicas.

Os aminoácidos excedentes não podem ser armazenados no organismo e, portanto, devem ser
oxidados e o azoto do seu grupo amina é excretado.

Os aminoácidos presentes nas células animais originam-se de: aminoácidos derivados da


hidrólise das proteínas da dieta (proteínas exógenas), aminoácidos derivados da reciclagem das
proteínas endógenas e aminoácidos essenciais sintetizados a partir de intermediários do
metabolismo.

Não armazenamos aminoácidos ou proteínas e, após serem resolvidas as necessidades de


síntese, os aminoácidos excedentes são consumidos. Isso é feito pela conversão dos
aminoácidos em glicose, glicogénio, ácidos gordos, ou então, oxidados a CO2 gerando energia
para a célula.

A digestão das proteínas da dieta no intestino e a degradação intracelular de proteínas fornecem


o balanço para o organismo.

Função das Proteínas:

- hormonas e receptores,

- enzimas,

- neurotransmissores,

- proteínas estruturais,

- proteínas contrácteis,

- proteínas motoras,
- proteínas transmembranares,

- peptídeos reguladores, sinalizadores, etc..

1.1 AMINOÁCIDOS

Estrutura básica de um aminoácido

Aminoácidos essenciais: são de alto valor biológico.


Temos de ingeri-los e são derivados das carnes, peixes, aves e leguminosas.

Aminoácidos não essenciais: não precisamos de os ingerir. São sintetizados no nosso


organismo.

Os aminoácidos são ligados através de ligações peptídicas, através de reacções de hidratação


e libertação de H2O.
Ligação peptídica

A ligação peptídica é a ligação do carbono do grupo ácido carboxílico de um aminoácido com


o azoto do grupo amina do aminoácido seguinte.

Cada ligação peptídica liberta uma molécula de H2O.

1.2 ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

Proteína Funcional: tem no mínimo 3 estruturas.

A hemoglobina é formada por 4 cadeias peptídicas e estabilizada pelo ião férrico.

Uma proteína é desnaturada por: variação da temperatura, pH, forças mecânicas, quando perde
a estrutura terciária.

As proteínas ingeridas através da dieta são hidrolisadas pelo Aparelho Gastro Intestinal (TGI)
a aminoácidos.

Os aminoácidos ingeridos são utilizados para a síntese de proteínas.


Os aminoácidos restantes são oxidados para fornecimento de energia.

Ovo cru: estrutura terciária = proteína funcional (estrutura tridimensional ou quaternária)


Ovo cozido: desnaturação da proteína = proteína não funcional

2 DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS DA DIETA

A digestão das proteínas começa no estômago, o pH é de 2 a 3 (ácido), o estômago secrega o


suco gástrico (que é libertado na presença de proteínas) e que é rico em ácido clorídrico (HCl)
e proenzima pepsinogénio. O ácido clorídrico desnatura as proteínas que não estão
desnaturadas e activa o pepsinogénio (na presença de proteína) formando a pepsina. A
activação da pepsina ocorre através da separação de alguns aminoácidos do pepsinogénio.

A função da pepsina é degradar as ligações peptídicas.

Pepsinogénio (libertado pelo suco gástrico) --- HCl ---- pepsina

Pepsinogénio ---- pepsina ---- pepsina

Ou seja, o pepsinogénio também é activado por outras moléculas de pepsina já activadas.

A pepsina vai degradar a proteína no estômago libertando polipeptídeos. Então, esses


polipeptídeos chegam ao intestino delgado e, como consequência, é libertado o suco
pancreático. Ao ser libertado, o suco pancreático (bicarbonato + zimogénios) deixa de ser
ácido (aumenta o pH), junto com os zimogéneos (tripsinogénio e quimiotripsinogénio).

O tripsinogénio perde alguns aminoácidos formando a tripsina e o quimiotripsinogénio passa


a quimiotripsina, que degradam os polipeptídeos e libertam os aminoácidos.

Tripsinogénios e quimiotripsinogénios são zimogéneos inactivos.

Tripsina e quimiotripsina são zimogéneos activos.

Os aminoácidos resultantes vão para o fígado para a síntese protéica e os que estão em excesso
e não foram utilizados vão ser degradados também no fígado.

Resumo:
A proteína é ingerida através da cavidade oral.

Chega ao estômago e o HCl + pepsinogénio vão desnaturá-la.

O HCl activa o pepsinogénio, libertando a pepsina.


Novos pepsinogénios são activados pelas pepsinas.

Proteínas + pepsinas = polipeptídeos

No intestino delgado, há libertação do suco gástrico (bicarbonato + zimogénios inactivos).


Tripsinogénios e quimiotripsinogénios vão catalisar a degradação das ligações polipeptídicas
libertando aminoácidos.

3 DEGRADAÇÃO DE PROTEÍNAS ENDÓGENAS OU DEGRADAÇÃO


INTRACELULAR DE PROTEÍNAS

Inúmeros processos fisiológicos são controlados pela variação da concentração de proteínas


específicas. Isso é devido à reciclagem intracelular das proteínas. Algumas proteínas estão
presentes somente numa determinada fase do ciclo celular; outras, como as enzimas
reguladoras das vias metabólicas, precisam de estar presentes e as suas concentrações são
ajustadas às variações das condições, isto é, com alterações na sua composição ou função,
devem ser degradadas para que não ocorra comprometimento da homeostasia celular e, assim,
o equilíbrio proteico intracelular é mantido.

As proteínas intracelulares devem ser marcadas para degradação pela ligação covalente com a
ubiquitina. A ubiquitina liga-se às proteínas destinadas à degradação.

O complexo proteico denominado proteosoma reconhece as proteínas ligadas à ubiquina e


hidrolisam-nas, libertando a ubiquina.

As proteínas reconhecidas pelo proteosoma são degradadas até aminoácidos e peptídeos.


A degradação ocorre em dois processos:

1 - O primeiro é realizado por proteases lisosómicas, denominadas catepsinas. Degrada


principalmente proteínas de membranas, proteínas extracelulares e proteínas de meia-vida
longa.

2 - O segundo processo ocorre no citosol e acontece com a mediação de uma proteína chamada
ubiquitina. O primeiro passo da degradação é a ligação da ubiquina à proteína numa sequência
de reacções que ocorrem com gasto de ATP. O destino da proteína ligada à ubiquitina é a
degradação. A proteína ubiquitinada interage com um grande complexo proleolítico, o
proteasoma, que hidrolisa todas as ligações, libertando os aminoácidos.

As proteínas reconhecidas pelo proteosoma são degradadas a aminoácidos e peptídeos.

A proteína será degradada se foi produzida errada ou se o prazo de validade dela acabou. Neste
caso ocorre a degradação endógena de proteínas.

Os aminoácidos são absorvidos e serão utilizados para a síntese proteica nos tecidos. O excesso
de aminoácidos será sempre degradado.

A síntese de proteínas ocorre no RER (Retículo Endoplasmático Rugoso), onde se dá a


transformação da proteína. No Complexo de Golgi será analisada – verifica-se se a proteína
está certa - se não estiver, será degradada = sistema de reparo.

Ou seja, o complexo de Golgi “percebe” que a proteína está errada, é ubiquitinada e será
degradada. Os aminoácidos poderão ser utilizados para outra síntese ou serão degradados. A
ubiquitina liberta a proteína para ser degradada e o proteasoma vai degradá-la.

Quando o Complexo de Golgi analisa a proteína, ela poderá seguir três caminhos:

- ae a síntese está correcta: ela será utilizada pelo organismo,

- se a síntese não está correcta: será degradada via lisosoma,

- se a vida útil dela terminou: será marcada pelas ubiquitinas (ficando poliubiquitinadas) e
então será degradada pelo proteasoma.

Os aminoácidos originam-se de: dieta, síntese endógena e degradação de proteína.


Os aminoácidos vão servir para: síntese de proteína, síntese de outras moléculas, degradação
(excessos).
Destino dos aminoácidos: síntese de proteína ou oxidação para formação de ATP
(fígado/músculo)
4 OXIDAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS

Este processo é responsável pela reciclagem dos aminoácidos e por não deixar que
o nosso organismo forme proteínas anormais ou não desejáveis. Os sistemas de degradação
estão localizados no citoplasma e são dependentes de ATP. Outros processos de
degradação podem ocorrer nos lisosomas.

A via dependente de ATP (adenosina trifosfato) envolve a proteína ubiquitina, que se


liga de forma covalente aos resíduos de Met da proteína a ser degradada através da catálise
realizada por três enzimas separadas (E1, E2 e E3). O complexo de degradação é
conhecido por proteosoma 26S e envolve o processo de desenovelamento de proteínas
ubiquitinadas.

O mau funcionamento da via da ubiquitinação está relacionado com o desenvolvimento de


tumores, suspeitando-se ainda que participa em doenças renais, asma, Alzheimer,
Parkinson, fibrose cística, síndrome de Liddle e muitas outras.

Digestão, Absorção e Metabolismo Proteico

As proteínas estão em constante degradação e síntese. A manutenção da concentração de


proteína é feita pela sua síntese na mesma proporção em que é degradada. Ao contrário dos
glúcidos e dos lípidos, os aminoácidos em excesso não podem ser armazenados pelo
organismo, sendo oxidados e excretados sob a forma de ureia. Num indivíduo saudável, cerca
de 400 g de proteínas são renovados, sendo 100 g “perdidos” pela excreção, que podem ser
fornecidos através da alimentação.

Após a absorção intestinal, os aminoácidos são transportados directamente para o fígado


através do sistema porta. Esse órgão exerce um papel importante como modulador da
concentração de aminoácidos plasmáticos. Cerca de 20% dos aminoácidos que entram no
fígado são libertados para a circulação sistémica, cerca de 50% são transformados em ureia e
6%, em proteínas plasmáticas. Os aminoácidos libertados na circulação sistémica,
especialmente os de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina), são depois metabolizados
pelo músculo esquelético, pelos rins e por outros tecidos.

Assim, a degradação de proteínas da dieta e de proteínas endógenas produz um conjunto de


aminoácidos, que são precursores de proteínas endógenas e de compostos nitrogenados não-
proteicos. Os aminoácidos em excesso são degradados, ficando apenas as suas cadeias de
carbono (que são convertidas em compostos comuns ao metabolismo de lípidos e glúcidos) e
a remoção do grupo amina sob a forma de ureia.
Transaminação

O grupo amina é retirado pela sua transferência para o alfa- cetoglutarato, formando
glutamato e a cadeia carbonada é convertida em alfa- cetoácido:

AMINOÁCIDO + alfa-CETOGLUTARATO ----> alfa-CETOÁCIDO + GLUTAMATO

A enzima responsável é a aminotransferase ou transaminase, que se encontra na


mitocôndria e no citosol, e que nos tecidos tem como aceitador do grupo amina o alfa-
cetoglutarato que se transforma em glutamato. Possui afinidade, também, para o oxaloacetato,
que é formado pelo ciclo de Krebs e forma o aspartato. Essas enzimas aceitam como dadores
do grupo amina vários aminoácidos. O nome da aminotransferade vem do aminoácido com que
tem maior afinidade e o melhor exemplo é o da alanina aminotransferase (TGP):

ALANINA + alfa-CETOGLUTARATO ----> PIRUVATO + GLUTAMATO

Podemos concluir, então, que o glutamato é um produto comum às reacções de


transaminação, tendo um reservatório temporário de grupo amina que provém de vários
aminoácidos.
Depois dessa 1ª etapa, o resíduo de azoto será levado até ao fígado para reutilização ou
excreção. Os grupos amina são usados de forma económica nos sistemas, pois só alguns
microorganismos conseguem transformar N2 em formas biologicamente úteis. Pode haver
liberação de amónia, que é extremamente tóxica para os tecidos.

Há duas formas para remover o grupo amina:

• · DESAMINAÇÃO: só no fígado o grupo amina será convertido em amónia,


restaurando o transportador (nas mitocôndrias), pois aí não provoca grandes danos ao
organismo. Uma parte dessa amónia é reciclada e utilizada em vários processos, mas o
fígado faz a transformação para haver uma forma correcta de excreção.
• · TRANSAMINAÇÃO: acontece nos tecidos para fornecer os grupos amina dos
aminoácidos a outros que funcionarão como transportadores, sendo o aminoácido
formado o glutamato.

Há 9 aminoácidos (asparagina, glutamina, glicina, lisina, histidina, metionina, prolina,


serina e treonina) que não têm as suas vias degradativas iniciadas pela transaminação com o
alfa-cetoglutarato, Sendo o seu grupo amina removido por reacções específicas. No entanto
possuem em comum a forma de remoção desse grupo em que, no decorrer das vias
degradativas, o grupo amina pode ser libertado como glutamato por transaminação de um
intermediário com alfa-cetoglutarato ou como NH4+, através de reacções por desaminação.
Assim, na degradação dos aminoácidos, o grupo amina é transformado em aspartato e NH4+
que são precursores de ureia.

A ureia é o principal produto excretado do metabolismo de mamíferos terrestres: Um ser


humano excreta cerca de 30 gramas/dia. A formação da ureia ocorre a partir da amónia da
desaminação, através da conversão de ornitina em arginina, que corresponde ao CICLO DA
UREIA.
Esse ciclo começa dentro das mitocôndrias dos hepatócitos, tendo três passos no citosol. Dois
grupos amina são inseridos no ciclo: o primeiro proveniente da amónia é usado na síntese de
carbamoil-fosfato e HCO3- na respiração da mitocôndria; o segundo é proveniente do aspartato
que veio da mitocôndria por transaminação e foi para o citosol. O grupo carbamoil tem grande
potencial de transferência e é útil na transferência do grupo amina para a onitina, dando inicio
ao ciclo. O consumo final é alto, pois são precisos 4 fosfatos de alta enegia e há produção de
apenas 1 molécula de ureia.

Depois da libertação da amónia ela vai para o ciclo da ureia.

Se aumentam os aminoácidos, aumenta também o alfa-cetoglutarato. Se não houver a mesma


quantidade de alfa-cetoglutarato, o grupo amina vai ser transferido para o glutamato, ficando
então com dois grupos amina (glutamina). No fígado, a glutamina vai perder o grupo amina
formando o glutamato.

Glutamina = NH3 + glutamato

A ureia é o principal produto excretado do metabolismo dos mamíferos terrestres: Um ser


humano excreta cerca de 30 gramas/dia. A formação da ureia ocorre a partir da amónia da
desaminação, através da conversão de ornitina em arginina, que corresponde ao CICLO DA
UREIA.

Esse ciclo começa dentro das mitocôndrias dos hepatócitos, tendo três passos no citosol. Dois
grupos amina são inseridos no ciclo: o primeiro proveniente da amónia é usado na síntese de
carbamoil-fosfato e HCO3- na respiração da mitocôndria; o segundo é proveniente do aspartato
que veio da mitocôndria por transaminação e foi para o citosol. O grupo carbamoil tem grande
potencial de transferência e é útil na transferência do grupo amina para a onitina, dando inicio
ao ciclo. O consumo final é alto, pois são precisos 4 fosfatos de alta enegia e há produção de
apenas 1 molécula de ureia.
Animais amoniotélicos:
Animais ureotélicos: muitos
maioria dos vertebrados Animais uricotélicos: aves
vertebrados terrestres e
aquáticos, peixes ósseos e e répteis
tubarões
larvas de anfíbiosi

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