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Tópicos da aula:
Catabolismo de aminoácidos
Ciclo da ureia
Catabolismo de aminoácidos
INTRODUÇÃO
Nos animais, os aminoácidos podem sofrer degradação oxidativa em três circunstâncias metabólicas
diferentes:
1. Durante a síntese e a degradação normais das proteínas celulares, alguns dos aminoácidos liberados,
durante a quebra das proteínas, sofrerão degradação oxidativa, caso não sejam necessários para a
síntese de novas proteínas.
2. Quando, devido a uma dieta rica em proteínas, os aminoácidos são ingeridos em excesso, com
relação às necessidades corporais de biossíntese de proteínas, o excedente é catabolizado, já que os
aminoácidos livres não podem ser armazenados.
3. Durante o jejum severo ou o diabetes melito, quando os carboidratos estão inacessíveis ou não são
utilizados adequadamente, as proteínas corporais serão hidrolisadas e seus aminoácidos empregados
como combustível utilizado.
O catabolismo dos aminoácidos ocorre nas plantas, mas ele é, em geral, destinado à produção de
metabólitos para outras vias biossintéticas e não de energia, uma vez que as plantas a conseguem por
meio da fotossíntese.
Todos os aminoácidos contêm um grupo amino. Portanto, cada via degradativa passa por um passo-
chave, no qual o grupo a-amino é separado do esqueleto carbônico e desviado para uma via
especializada para o metabolismo desse grupo. Os esqueletos carbônicos dos aminoácidos fornecem
unidades de três e quatro átomos de carbono, que são convertidas em glicose, a qual, por sua vez,
pode suprir as necessidades energéticas das funções do cérebro, dos músculos e de outros tecidos.
DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
A entrada das proteínas no estômago estimula a mucosa gástrica a secretar o hormônio gastrina, o
qual, por sua vez, estimula a secreção do ácido clorídrico pelas células parietais das glândulas
gástricas e do pepsinogênio pelas células principais.
O pepsinogênio, um precursor inativo ou zimogênio, é convertido em pepsina ativa no suco gástrico (pH
1,0 a 2,5). Nesse processo 42 resíduos de aminoácidos são removidos da extremidade aminoterminal da
cadeia polipeptídica. A porção da molécula que permanece intacta é a pepsina enzimaticamente
ativa. No estômago, a pepsina hidrolisa as proteínas ingeridas nas ligações peptídicas do lado
aminoterminal dos resíduos de aminoácidos aromáticos, tirosina, fenilalanina e triptofano, rompendo as
longas cadeias polipeptídicas em uma mistura de peptídeos menores.
A digestão das proteínas continua a ocorrer no intestino delgado. A secretina é um hormônio que
estimula o pâncreas a secretar bicarbonato no intestino delgado a fim de neutralizar o HCI gástrico,
aumentando abruptamente o pH até perto do valor 7,0. A entrada de aminoácidos na parte superior do
intestino (duodeno) libera o hormônio colecistoquinina, que estimula a secreção de várias enzimas
pancreáticas que exibem atividade ótima em valores de pH entre 7,0 e 8,0, para no fim, os aminoácidos
livres formados entrarem nos capilares sanguíneos das micro vilosidades intestinais e serem
transportados até o fígado:
O tripsinogênio é transformado em sua forma ativa, a tripsina, pela enteropeptidase, uma enzima
proteolítica secretada pelas células intestinais. A tripsina catalisa, então, a conversão de mais
tripsinogênio em tripsina. A tripsina também ativa o quimotripsinogénio, as procarboxipetidases e a
proelastase. Assim, a tripsina e a quimotripsina hidrolisam em peptídeos menores os peptídeos
resultantes da ação da pepsina no estômago.
Nos seres humanos, a maioria das proteínas globulares de origem animal é quase completamente
hidrolisada em aminoácidos, mas algumas proteínas fibrosas, como a queratina, são apenas
parcialmente digeridas. Muitas proteínas de alimentos vegetais, como os grãos de cereais, são
incompletamente digeridas, porque a parte proteica dos grãos das sementes é revestida por envoltórios
celulósicos inatacáveis por nossas enzimas digestivas.
ETAPAS DO CATABOLISMO
O conjunto das vias catabólicas dos aminoácidos nos humanos correspondem, normalmente, a apenas
10% a 15% da produção de energia corpórea; portanto, estas vias não têm uma atividade semelhante a
da glicólise e da oxidação dos ácidos graxos.
Quando os L-aminoácidos chegam ao fígado, o primeiro passo é a remoção dos grupos a-amino
promovida por enzimas chamadas aminotransferases ou transaminases. Nessas reações de
transaminação, o grupo a-amino é transferido para o átomo de carbono a do alfa-cetoglutarato,
produzindo o respectivo a-cetoácido análogo do aminoácido e L-glutamato. O glutamato conduz os
grupos amino para ser utilizados por vias biossintéticas ou, então, para o ciclo da ureia.
Nos hepatócitos (células do fígado), o glutamato é transportado do citosol para o interior das
mitocôndrias, onde sofre desaminação oxidativa catalisada pela L-glutamato desidrogenase. Essa
enzima, que está presente apenas na matriz mitocondrial, requer NAD+ ou NADP+ como o receptor dos
equivalentes redutores. A enzima provoca uma reação de transdesaminação e libera amônia (NH4+) no
fígado.
A amônia é muito tóxica para os tecidos animais, por isso deve ser convertida para ser transportada
pela corrente sanguínea. A glutamina é uma forma não-tóxica de transporte da amônia, normalmente,
ela está presente no sangue humano em concentração muito maior que aquelas dos demais
aminoácidos, pois além do seu papel no transporte do grupo amino, a glutamina serve como uma fonte
desses grupos em uma variedade muito grande de processos biossintéticos.
ETAPAS DO CICLO
O ciclo da ureia começa no interior da mitocôndria do fígado, mas três dos passos subsequentes
ocorrem no citosol; assim, o ciclo abrange dois compartimentos celulares. A amônia, presente no interior
da matriz das mitocôndrias hepáticas, é, imediatamente, reunida com o CO2 (na forma de bicarbonato,
HCO3-) produzido pelo ciclo de Krebs para formar o carbamil fosfato, em uma reação com gasto de
ATP. Após isto, há 4 reações enzimáticas:
1. A orntina recebe o grupo carbamil do carbamil fosfato e forma a citrulina, com a liberação de Pi.
2. Um segundo grupo amino, originado do aspartato (gerado na mitocôndria por transaminação e
transportado para o citosol), é adicionado à citrulina por uma reação de condensação entre o
grupo amino do aspartato e o grupo ureído (carbomil) da citrulina, formando o argininossuccinato.
3. O argininossuccinato é rompido por uma argininossuccinato liase, liberando arginina e fumarato,
este último entra no conjunto mitocondrial de intermediários do ciclo do ácido cítrico.
4. No último passo do ciclo da ureia, a enzima citosólica arginase hidrolisa a arginina em ornitina e
ureia. A ornitina é transportada para o interior da mitocôndria para iniciar uma nova volta do ciclo
da ureia.
O fluxo de nitrogênio por meio do ciclo da ureia varia com a composição dos nutrientes presentes na
alimentação. Quando a dieta é principalmente proteica, o uso dos esqueletos carbônicos dos
aminoácidos como combustível resulta na produção de muita ureia a partir dos grupos amino
excedentes. Pela mesma razão, durante a desnutrição severa, quando a quebra de proteínas
musculares fornece a maior parte do combustível metabólico, a produção de ureia também aumenta
substancialmente.
O ajuste do fluxo por meio do ciclo da ureia envolve a regulação alostérica de, pelo menos, uma
enzima. A primeira enzima na via, a carbamil fosfato sintetase I, é ativada alostericamente por N-
acetilgiutamato, que é sintetizado de acetil-CoA e glutamato pela N-acetilglutamato sintase.