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Bioquímica 2 liberados no intestino delgado após a

ingestão de uma refeição gordurosa.


Os triacilgliceróis podem ser obtidos de Os sais biliares são compostos anfipáticos
forma exógena, através da alimentação ou
que atuam como detergentes biológicos,
podem ser biossintetizados.
convertendo as gorduras da dieta em
A síntese de ácidos graxos e triacilgliceróis
ocorre quando temos excesso de glicose no micelas mistas de sais biliares e
sangue, assim tendo a insulina como triacilgliceróis (etapa ➊). A formação de
hormônio sinalizador. O Excesso de glicose micelas aumenta muito a fração das
e aminoácidos da alimentação são moléculas de lipídeo acessíveis à ação das
convertidos em acetil-CoA que servirá para lipases hidrossolúveis no intestino, e a ação
a síntese de ácidos graxos. das lipases converte os triacilgliceróis em
A síntese de ácido graxo a partir de Acetil- monoacilgliceróis (monoglicerídeos) e
CoA envolve apenas duas enzimas a Acetil- diacilgliceróis (diglicerídeos), ácidos graxos
CoA carboxilase e a Ácido Graxo sintase!
livres e glicerol (etapa ➋).
A Acetil-CoA carboxilase converte o acetil-
CoA em malonil-CoA. Esses produtos da ação da lipase se
A segunda enzima envolvida na síntese de difundem para dentro das células epiteliais
ácidos graxos é a ácido graxo sintase. Esta que revestem a superfície intestinal (a
enzima utiliza como substrato Acetil-CoA, o
mucosa intestinal) (etapa ➌), onde são
Malonil-CoA formado na etapa anterior
reconvertidos em triacilgliceróis e
pela acetil-CoA carboxilase e NADPH como
agente redutor. Convertendo estes empacotados com o colesterol da dieta e
reagentes em Palmitato, um ácido graxo de proteínas específicas em agregados de
16 carbonos. lipoproteínas chamados quilomícrons
(etapa ➍).
Síntese de ácidos graxos As apolipoproteínas são proteínas de
ligação a lipídeos no sangue, responsáveis
As células podem obter combustíveis de
pelo transporte de triacilgliceróis,
ácidos graxos de três fontes: gorduras
fosfolipídios, colesterol e ésteres de
consumidas na dieta, gorduras
colesterol entre os órgãos. As
armazenadas nas células como gotículas de
apolipoproteínas (“apo” significa
lipídeos e gorduras sintetizadas em um
“destacado” ou “separado”, designando a
órgão para exportação a outro.
proteína em sua forma livre de lipídeos) se
Biossíntese de triacilgliceróis combinam com os lipídeos para formar
várias classes de partículas de lipoproteína,
Podem ser biossintetizados ou obtidos por
que são agregados esféricos com lipídeos
meio da alimentação.
hidrofóbicos no centro e cadeias laterais
Nos vertebrados, antes que os hidrofílicas de proteínas e grupos polares
triacilgliceróis possam ser absorvidos de lipídeos na superfície.
através da parede intestinal, eles precisam
Várias combinações de lipídeos e proteínas
ser convertidos de partículas de gordura
produzem partículas de densidades
macroscópicas insolúveis em micelas
diferentes, variando de quilomícrons e
microscópicas finamente dispersas.
lipoproteínas de densidade muito baixa
Essa solubilização é realizada pelos sais (LDL) a lipoproteínas de densidade muito
biliares, como o ácido taurocólico, que são alta (HDL).
sintetizados a partir do colesterol no
As porções proteicas das lipoproteínas são
fígado, armazenados na vesícula biliar e
reconhecidas por receptores nas
superfícies celulares. Na absorção de distribuídos para os músculos e o tecido
lipídeos no intestino, os quilomícrons, que adiposo:
contêm a apolipoproteína C-II (apoC-II), se
deslocam da mucosa intestinal para o
sistema linfático e então entram no
sangue, que os carrega para os músculos e
o tecido adiposo (etapa ➎).

Nos capilares desses tecidos, a enzima


extracelular lipase lipoproteica, ativada
pela apoC-II, hidrolisa os triacilgliceróis em
ácidos graxos e glicerol (etapa ➏),
absorvidos pelas células nos tecidos-alvo
(etapa ➐).

No músculo, os ácidos graxos são oxidados


para obter energia; no tecido adiposo, eles Estrutura molecular de um quilomícron. A
são reesterificados para armazenamento superfície é formada por uma camada de
na forma de triacilgliceróis (etapa ➑). fosfolipídeos, com os grupos polares em
Os remanescentes dos quilomícrons, contato com a fase aquosa. Os
desprovidos da maioria dos seus triacilgliceróis sequestrados no interior (em
triacilgliceróis, mas ainda contendo amarelo) representam mais de 80% da
colesterol e apolipoproteínas, se deslocam massa do quilomícron. Várias
pelo sangue até o fígado, onde são apolipoproteínas que se projetam da
captados por endocitose mediada pelos superfície (B-48, C-III, C-II) atuam como
receptores específicos para as suas sinalizadores na absorção e no
respectivas apolipoproteínas. metabolismo do conteúdo dos
quilomícrons. O diâmetro dos quilomícrons
Os triacilgliceróis que entram no fígado por varia de aproximadamente 100 a 500 nm:
essa via podem ser oxidados para fornecer
energia ou precursores para a síntese de
corpos cetônicos. Quando a dieta contém
mais ácidos graxos do que o necessário
imediatamente como combustível ou como
precursores, o fígado os converte em
triacilgliceróis, empacotados com
apolipoproteínas específicas formando
VLDL. As VLDL são transportadas pelo
sangue até o tecido adiposo, onde os
triacilgliceróis são removidos da circulação
e armazenados em gotículas lipídicas
biossíntese de ácidos graxos
dentro dos adipócitos.
Em eucariotos não fotossintéticos,
O processamento dos lipídeos da dieta em
praticamente toda a acetil-CoA utilizada na
vertebrados. A digestão e a absorção dos
síntese dos ácidos graxos é formada na
lipídeos da dieta ocorrem no intestino
mitocôndria a partir da oxidação do
delgado, e os ácidos graxos liberados dos
piruvato e do catabolismo dos esqueletos
triacilgliceróis são empacotados e
de carbono dos aminoácidos.
A membrana interna da mitocôndria é pentoses-fosfato fornece o restante de
impermeável a acetil-CoA, de modo que NADPH necessário.
um transportador indireto transfere os
equivalentes do grupo acetila pela
membrana interna. Então o acetil-coa é
transportado na forma de citrato.

A acetil-CoA intramitocondrial reage


primeiro com oxaloacetato formando
citrato, uma reação do ciclo do ácido cítrico
catalisada pela enzima citrato-sintase.

O citrato, então, atravessa a membrana


interna pelo transportador de citrato. No
citosol, a clivagem do citrato pela citrato-
liase regenera acetil-CoA e oxaloacetato
em uma reação dependente de ATP. O
oxaloacetato não pode retornar à matriz
mitocondrial diretamente, já que não
existe um transportador de oxaloacetato. Lançadeira para a transferência de grupos
Em vez disso, a malato-desidrogenase acetil da mitocôndria para o citosol. A
citosólica reduz o oxaloacetato a malato, o membrana mitocondrial externa é
qual pode retornar à matriz mitocondrial livremente permeável a todos esses
pelo transportador malato-a-cetoglutarato compostos. O piruvato derivado do
na troca por citrato. catabolismo dos aminoácidos na matriz
Na matriz, o malato é reoxidado a mitocondrial ou da glicose por glicólise no
oxaloacetato, completando o ciclo. No citosol é convertido em acetil-CoA na
entanto, a maior parte do malato matriz. Os grupos acetil saem da
produzido no citosol é utilizada para gerar mitocôndria como citrato; no citosol, eles
NADPH (agente redutor usado na síntese são liberados na forma de acetil-CoA para a
de ácidos graxos a partir do acetil-coa) síntese dos ácidos graxos. O oxaloacetato é
citosólico pela ação da enzima málica. reduzido a malato, que pode retornar à
matriz mitocondrial, onde é convertido em
O piruvato produzido é transportado para oxaloacetato. O principal destino do
a mitocôndria pelo transportador de malato citosólico é a oxidação pela enzima
piruvato, sendo convertido em málica, gerando NADPH citosólico; o
oxaloacetato na matriz, pela enzima piruvato produzido retorna à matriz
piruvato-carboxilase. mitocondrial.
O ciclo resultante consome dois ATP (pela Em resumo: a síntese dos ácidos graxos
citrato-liase e pela piruvato-carboxilase) começa com o transporte de citrato para o
para cada molécula de acetil-CoA entregue citosol, a degradação dos triacilgliceróis
para a síntese de ácidos graxos. Após a ocorrem em situações de hipoglicemia ou
clivagem do citrato para gerar acetil-CoA, a estresse que a triacilglicerol lipase é
conversão dos quatro carbonos ativada pelo glucagon ou adrenalina, já a
remanescentes em piruvato e CO2 pela síntese de ácidos graxos e triacilgliceróis
enzima málica gera aproximadamente a ocorre quando há um excesso de glicose no
metade do NADPH necessário para a sangue tendo a insulina como hormônio
síntese de ácidos graxos. A via das sinalizador o excesso de glicose será usado
para sintetizar o acetil-coa que será usado O braço longo e flexível da biotina
na síntese dos ácidos graxos. Sendo assim, transporta o CO2 ativado da região da
a compartimentalização (são as etapas biotina-carboxilase para o sítio ativo da
ocorrem em diferentes lugares) e a transcarboxilase. A enzima ativa, em cada
regulação evitam um ciclo fútil (que seria o etapa, está sombreada em azul. Acetil-coa-
processo de síntese e degradação ao carboxilase tem dois sítios catalíticos
mesmo tempo dos ácidos graxos). (biotina-carboxilase e um transcarboxilase)
e um sítio de ligação de biotina.
O acetil-coa não se acumula porque
sempre o oxaloacetato vai ser regenerado, A formação de malonil-CoA (mais
então ele sempre vai conseguir usá-lo para energética) a partir de acetil-CoA é um
se condensar em citrato. processo irreversível, catalisado pela acetil-
CoA-carboxilase é a única etapa da síntese
A síntese de ácidos graxos envolve apenas
dos ácidos graxos que gasta ATP e é a
duas enzimas no citosol a acetil-coa-
única regulada (sendo ativa por citrato
carboxilase e ácido graxo sintase.
(ativador alostérico) e inativa por
glucagon ou adrenalina).

A enzima bacteriana contém três


subunidades polipeptídicas distintas; A
enzima contém um grupo prostético, a
biotina (vitamina B7), covalentemente
ligado por uma ligação amida ao grupo «-
amino de um resíduo de Lys presente em
um dos três polipeptídeos ou domínios da
molécula da enzima.

A reação em duas etapas catalisada por


essa enzima é muito semelhante a outras
reações de carboxilação dependente de
biotina, como aquelas catalisadas pela
piruvato-carboxilase e pela propionil-CoA-
carboxilase.

Primeiramente, um grupo carboxil


derivado do bicarbonato (HCO3 –) é
transferido para a biotina em uma reação
dependente de ATP. O grupo biotinila age
como transportador temporário de CO2,
transferindo-o para a acetil-CoA na
A reação da acetil-CoA-carboxilase. A
segunda etapa, gerando malonil-CoA.
acetil-CoA-carboxilase contém três regiões
funcionais: a proteína carreadora de Regulação da síntese dos ácidos graxos.
biotina (em cinza); a biotina-carboxilase, Nas células de vertebrados, tanto a
que ativa CO2 pela sua ligação a um átomo regulação alostérica como a modificação
de nitrogênio no anel de biotina em uma covalente dependente de hormônios
reação dependente de ATP; e a influenciam o fluxo dos precursores para a
transcarboxilase, que transfere o CO2
ativado (sombreado em verde) da biotina
para a acetil-CoA, produzindo malonil-CoA.
formação de malonil-CoA. É possível ver que o citrato faz com que a
acetil-coa-carboxilase se agregue e forme
filamentos.

A síntese dos ácidos graxos ocorre em


uma sequência de reações que se repetem

Em todos os organismos, as longas cadeias


de carbono dos ácidos graxos são
construídas por uma sequência de reações
repetitivas, em quatro etapas, catalisadas
por um sistema coletivamente conhecido
como ácido graxo-sintase. Um grupamento
acila saturado, produzido em cada série de
reações em quatro etapas, torna-se o
substrato da condensação subsequente
com um grupo malonila ativado. Em cada
uma das passagens pelo ciclo, a cadeia do
grupo acila graxo aumenta em dois
carbonos.

Citrato-liase é ativa pela insulina já a acetil- A acido graxo sintase produz palmitato a
coa-carboxilase é ativa pelo citrato e partir de acetil-coa, malonil- coa e NAPH
inativa pelo glucagon e adrenalina.
Na sequência anabólica redutora, tanto o
Grande parte do citrato vai ser usada para cofator transportador de elétrons quanto
formar acetil-coa e apenas uma pequena os grupos ativadores diferem daqueles do
parte será usada como regulador. processo catabólico oxidativo. Lembre-se
que na b-oxidação, NAD+ e FAD atuam
Os filamentos da acetil-CoA-carboxilase de
como aceptores de elétrons e o grupo
hepatócito de galinha (a forma ativa,
ativador é o grupo tiol (¬SH) da coenzima
desfosforilada) como vistos ao microscópio
A. Por outro lado, o agente redutor na via
eletrônico. As características estruturais da
sintética é o NADPH e os grupos ativadores
acetil-coa carboxilase em sua forma ativa
são dois grupos ¬SH diferentes ligados à
por citrato revelada pela microscopia
enzima um grupo de braço curto (resíduo
eletrônica:
de acetila que liga o acetil-coa deslocando
a coenzima A que faz uma ligação tioéster
com a acetila da ácido-graxo-sintase) e um
braço longo (é um grupamento fosfato de
4-Fosfo-panteteína que liga o grupo
malonil do malonil-coa).

Adição de dois carbonos a uma cadeia acil


graxo em crescimento: uma sequência de
quatro etapas. Cada grupo malonila e
acetila (ou acilas maiores) é ativado por um
tioéster que os une à ácido graxo- -sintase,
um sistema multienzimático descrito no
texto. ➊ A condensação de um grupo acila
ativado (um grupo acetil da acetil-CoA é o
primeiro grupo acila) e dois carbonos A reação se repete com o braço longo livre
derivados da malonil-CoA, com a e o malonil podendo se ligar nele de novo,
eliminação de CO2 do grupo malonila, ou seja, esse recomeço não começa com o
alonga a cadeia acila em dois carbonos. O acetil, mas sim com o butiril então com
mecanismo da primeira etapa dessa reação cada repetição/volta há um alongamento
está mostrado para ilustrar o papel da de dois carbonos no ácido carboxílico de
descarboxilação em facilitar a condensação partida até a formação do palmitato (ácido
(sem precisar de energia/ATP). O produto graxo de cadeia longa com 16 carbonos).
b-cetônico dessa condensação é, então, Logo, essas reações são similares com a B-
reduzido em três etapas seguintes oxidação, porém ocorrem ao contrário já
praticamente idênticas às reações de b- que nela ocorrem: a oxidação, hidratação,
oxidação, mas na sequência inversa; ➋ o oxidação e depois a tiólise (quebra dos dois
grupo b-cetônico é reduzido a um álcool, ➌ carbonos) ao invés da condensação.
a eliminação de H2O cria uma ligação Sequência de eventos durante a síntese
dupla, e ➍ a ligação dupla é reduzida, dos ácidos graxos
formando o grupo acil graxo saturado
correspondente. Existem duas variantes principais da
enzima ácido graxo-sintase: a ácido graxo-
sintase I (AGS I), encontrada em
vertebrados e em fungos, e a ácido graxo-
sintase II (AGS II), encontrada em vegetais
e bactérias. A AGS I, encontrada em
vertebrados, consiste em uma única cadeia
polipeptídica multifuncional. Que possui
sete sítios ativos para reações distintas
estão presentes em domínios separados

Antes que as reações de condensação que


constroem a cadeia do ácido graxo possam
iniciar, os dois grupos tióis do complexo
enzimático devem ser carregados com os
grupamentos acila corretos.

Primeiramente, o grupo acetila da acetil-


CoA é transferido para a ACP (proteína
carreadora de acila), em uma reação
catalisada pelo domínio malonil/acetil-
CoA-ACP-transferase (MAT) do
polipeptídeo multifuncional. O grupo
acetila é, então, transferido para o grupo
¬SH da Cys da b-cetoacil-ACP- sintase (KS).

A segunda reação, a transferência do


grupo malonila da malonil-CoA para o
grupo ¬SH da ACP, também é catalisada
pela malonil/acetil-CoA-ACP-transferase.
No complexo sintase carregado, os grupos
acetila e malonila são ativados para o
processo de alongamento da cadeia.
Etapas: carboxilação-descarboxilação facilita a
formação de fosfoenolpiruvato a partir de
Etapa ➊ Condensação A primeira reação na piruvato na gliconeogênese. Por meio do
formação da cadeia de um ácido graxo é uso de grupos malonila ativados na síntese
uma condensação de Claisen clássica dos ácidos graxos e de acetato ativado em
envolvendo os grupos acetila e malonila sua degradação, a célula torna os dois
ativados, formando acetoacetil-ACP, grupo processos termodinamicamente
acetoacetil ligado à ACP pelo grupo ¬SH da favoráveis, apesar de um ser efetivamente
fosfopanteteína; simultaneamente, uma o inverso do outro. A energia extra
molécula de CO2 é produzida. Nesta necessária para tornar a síntese dos ácidos
reação, catalisada pela b-cetoacil-ACP- graxos favorável é fornecida pelo ATP
sintase, o grupamento acetil é transferido utilizado na síntese de malonil-CoA a partir
do grupo ¬SH da Cys da enzima para o de acetil-CoA e HCO3.
grupo malonila ligado ao grupo ¬SH da
ACP, tornando-se a unidade de dois Etapa ➋ Redução do grupo carbonila A
carbonos metil-terminal do novo grupo acetoacetil-ACP formada na etapa de
acetoacetila. O átomo de carbono do CO2 condensação sofre agora redução do grupo
formado nessa reação é o mesmo carbono carbonil em C-3, formando D-b-
originalmente introduzido na malonil-CoA hidroxibutiril-ACP. Essa reação é catalisada
a partir do HCO3 – pela reação da acetil- pela b-cetoacil-ACP-redutase (KR) e o
CoA-carboxilase. Assim, a ligação covalente doador de elétrons é o NADPH. Observe
do CO2 durante a biossíntese dos ácidos que o grupo D-b-hidroxibutiril não tem a
graxos é apenas transitória; ele é removido mesma forma estereoisomérica que o
assim que cada unidade de dois carbonos é intermediário L-b-hidroxiacil na oxidação
adicionada. dos ácidos graxos.

Por que as células têm o trabalho de Etapa ➌ Desidratação Os elementos da


adicionar CO2 para formar o grupo água são agora removidos dos carbonos C-
malonila a partir do grupo acetila apenas 2 e C-3 da D-b-hidroxibutiril-ACP, formando
para perder o CO2 durante a formação de uma ligação dupla no produto, trans-D2 -
acetoacetato? O uso de grupos malonila butenoil-ACP. A enzima que catalisa essa
ativados em vez de grupos acetil é o que desidratação é a b-hidroxiacil-ACP-
torna as reações de condensação desidratase (DH).
termodinamicamente favoráveis.
Etapa ➍ Redução da ligação dupla
O carbono metileno (C-2) do grupo Finalmente, a ligação dupla da trans-D2 -
malonila, situado entre os carbonos da butenoil-ACP é reduzida (saturada),
carbonila e da carboxila, forma um bom formando butiril-ACP pela ação da enzima
nucleófilo. Na etapa de condensação enoil-ACP-redutase (ER); mais uma vez,
(etapa ➊), a descarboxilação do grupo NADPH é o doador de elétrons.
malonila facilita o ataque nucleofílico do
carbono metileno sobre a ligação tioéster Sequência de eventos durante a síntese
entre o grupo acetil e a b-cetoacil-ACP- dos ácidos graxos. O complexo AGS I de
sintase, deslocando o grupo ¬SH da mamíferos está representado
enzima. (Essa é uma condensação de esquematicamente, com os domínios
Claisen clássica) O acoplamento da catalíticos coloridos. Cada domínio da
condensação à descarboxilação do grupo longa cadeia polipeptídica representa uma
malonila torna o processo global altamente das seis atividades enzimáticas do
exergônico. Uma sequência semelhante de complexo, organizadas em uma grande
forma de S apertado. A proteína em seguida, sete ciclos de condensação e
transportadora de grupos acila (ACP) não redução:
está resolvida na estrutura cristalográfica
Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14NADPH +
mostrada na Figura, mas está acoplada ao
14H+-> palmitato + 7CO2 + 8 CoA +
domínio KS. O braço fosfopanteteína da
14NADP1 + 6H2O
ACP termina em um grupo ¬SH. Após o
primeiro painel, a enzima colorida é a que Observe que apenas seis moléculas de
agirá na etapa seguinte. O grupo acetil água são produzidas, porque uma é
inicial está sombreado em amarelo, C-1 e utilizada para hidrolisar a ligação tioéster
C-2 do malonato estão sombreados em cor entre o produto palmitato e a enzima. O
salmão, e o carbono liberado como CO2 processo global é:
está sombreado em verde. A síntese de
acido graxo é feita a partir de acetil-coa e 8 Acetil-CoA + 7 ATP + 14NADPH + 14H+->
malonil-coa no citosol e é realizada pela palmitato + 8 CoA + 7ADP + 7Pi + 14NADP+
acido graxo sintase (a única enzima desse + 6H2O
processo). Assim, a biossíntese dos ácidos graxos
como o palmitato requer acetil-CoA e o
fornecimento de energia química de duas
formas: o potencial de transferência de
grupos do ATP e o poder redutor do
NADPH. O ATP é necessário para ligar o
CO2 à acetil-CoA formando malonil-CoA; as
moléculas de NADPH são necessárias para
reduzir o grupo a-ceto e a ligação dupla.
Em eucariotos não fotossintéticos existe
um custo adicional para a síntese dos
ácidos graxos, já que a acetil-CoA é gerada
na mitocôndria e deve ser transportada
para o citosol. Essa etapa extra consome
dois ATP por molécula de acetil-CoA
transportada, aumentando o custo
energético da síntese dos ácidos graxos
para três ATP por unidade de dois
carbonos.

Com os sistemas AGS I, a síntese dos ácidos


graxos leva a um único produto, e não são
liberados intermediários. Quando o
comprimento da cadeia atinge 16
O processo global da síntese do palmitato carbonos, esse produto (palmitato, 16:0)
deixa o ciclo.
É possível considerar em duas etapas a
reação global para a síntese do palmitato a Os carbonos C-16 e C-15 do palmitato são
partir de acetil-CoA. Primeiro, a formação derivados dos átomos de carbono dos
de sete moléculas de malonil-CoA: grupos metil e carboxil, respectivamente,
de uma acetil-CoA utilizada diretamente
7 Acetil-CoA + 7 CO2 + 7 ATP -> 7 malonil- para iniciar o sistema; os outros átomos de
CoA + 7ADP + 7Pi carbono da cadeia são originados da acetil-
CoA via malonil-CoA.
O processo global da síntese do palmitato. triacilgliceróis e ele envia esses através de
A cadeia acila graxo cresce em unidades de partículas lipoproteicas para serem
dois carbonos doadas pelo malonato armazenados no tecido adiposo.
ativado, com perda de CO2 a cada adição.
proteína transportadora de grupos acila
O grupo acetila inicial está sombreado em
(ACP)
amarelo, C-1 e C-2 do malonato estão
sombreados em vermelho-claro e o A proteína transportadora de grupos acila
carbono liberado como CO2 está (ACP, do inglês acyl carrier protein) é o
sombreado em verde. Após a adição de transportador que mantém o sistema
cada unidade de dois carbonos, reduções unido.
convertem a cadeia em crescimento em
ácido graxo saturado de quatro, seis e, em A ACP de Escherichia coli é uma proteína
seguida, oito carbonos, e assim por diante. pequena contendo o grupo prostético 4-
O produto final é o palmitato (16:0): fosfo-panteteína (braço longo).

Acredita-se que o grupo prostético 4-fosfo-


panteteína da ACP de E. coli atue como um
braço flexível, segurando a cadeia acila do
ácido graxo em crescimento unida à
superfície do complexo da ácido graxo-
sintase enquanto transporta os
intermediários da reação do sítio ativo de
uma enzima para a próxima.

O que impede que esse ácido graxo


(recém-formado) seja ativado e entre na
mitocôndria na forma de acil-CoA através
do transportador de acil carnitina? Através
de uma regulação que impede um ciclo
fútil, impede que o ácido graxo sintetizado
para armazenamento entre na mitocôndria
e seja beta oxidado. Sendo essa feita pelo
efeito alostérico do malonil-coa na acil-
carnitina-transferase-1, inibindo essa
enzima e fazendo com que o palmitoil- coa
não seja transformado em palmitoil-
carnitina e assim não entre na mitocôndria.
Logo, todo o acetil-coa usado na síntese de
acido graxo vindo de dentro da
mitocôndria vem exclusivamente de glicose O grupo prostético é a 4-fosfo-panteteína,
e da degradação de aminoácidos, mas não covalentemente ligada ao grupo hidroxila
da degradação dos ácidos graxos já que de um resíduo de Ser da ACP. A
estes estão impedidos de entrar dentro da fosfopanteteína contém ácido pantotênico,
mitocôndria. uma vitamina do complexo B, também
encontrada na molécula da coenzima A.
Esses ácidos graxos formados no citosol Seu grupo ¬SH (grupamento facilmente
podem permanecer lá na forma oxidado) é o local de entrada de grupos
esterificada como triacilgliceróis ou podem malonila durante a síntese dos ácidos
ser usados pelo fígado para sintetizar graxos.
Braço longo da ácido graxo sintase (só A enzima AGS I encontrada em leveduras e
funciona em meio redutor) com a outros fungos é um pouco diferente. Ela
coenzima A possuem em comum a 4-fosfo- consiste em dois polipeptídeos
panteteína. multifuncionais que formam um complexo
com uma arquitetura distinta do sistema
Comparação da acido graxo sintase em
em vertebrados. Três dos sete sítios ativos
diferentes organismos
necessários são encontrados na
subunidade a e quatro na subunidade b.
Com os sistemas AGS I, a síntese dos ácidos
graxos leva a um único produto, e não são
liberados intermediários.

A AGS II, de vegetais e bactérias, é um


sistema dissociado; cada etapa da síntese é
catalisada por uma enzima distinta e
livremente difusível. Os intermediários
também são difusíveis e podem ser
desviados para outras vias (como a síntese
de ácido lipoico).

Ao contrário da AGS I, a enzima AGS II gera


uma variedade de produtos, inclusive
ácidos graxos saturados de vários
comprimentos, assim como insaturados,
Nos vertebrados a acido graxo sintase e ramificados e hidróxiácidos graxos. Um
uma única enzima com várias atividades. sistema AGS II também é encontrado nas
Nas leveduras dois monômeros de mitocôndrias de vertebrados.
proteínas ligadas não covalentemente Resumo do que foi visto:
entre elas formando o complexo ácido
graxo sintase. Formação de dímeros. Formação das reservas de triacilgliceróis:

Nas plantas e bactérias cada atividade é Absorvemos as gorduras da alimentação;


dada por uma cadeia peptídica diferente Transformamos excesso de acetil-coa vindo
formada por 7 proteínas que se juntam e de açúcares e aminoácidos em ácidos
formam a ácido graxo sintase. graxos;
Existem duas variantes principais da A enzima acetil coa carboxilase ativada por
enzima ácido graxo-sintase: a ácido graxo- citrato e o ponto de regulação da síntese;
sintase I (AGS I), encontrada em
vertebrados e em fungos, e a ácido graxo- Aparentes paradoxos na biossíntese de
sintase II (AGS II), encontrada em vegetais ácidos graxos;
e bactérias.
citrato inibe a via glicolítica na enzima PFK-
A AGS I, encontrada em vertebrados, 1;
consiste em uma única cadeia polipeptídica
A biossíntese reque mais NADPH que o
multifuncional. A enzima AGS I de
gerado no transporte de citrato;
mamíferos é o protótipo. Sete sítios ativos
para reações distintas estão presentes em
domínios separados.

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