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R: Nos vertebrados, antes que os triacilgliceróis possam ser absorvidos através da parede intestinal,
eles precisam ser convertidos de partículas de gordura macroscópicas insolúveis em micelas
microscópicas finamente dispersas. Essa solubilização é realizada pelos sais biliares, como o ácido
taurocólico (p. 370), que são sintetizados a partir do colesterol no fígado, armazenados na vesícula
biliar e liberados no intestino delgado após a ingestão de uma refeição gordurosa. Os sais biliares
são compostos anfipáticos que atuam como detergentes biológicos, convertendo as gorduras da
dieta em micelas mistas de sais biliares e triacilgliceróis (Figura 17-1, etapa ➊). A formação de
micelas aumenta muito a fração das moléculas de lipídeo acessíveis à ação das lipases
hidrossolúveis no intestino, e a ação das lipases converte os triacilgliceróis em monoacilgliceróis
(monoglicerídeos) e diacilgliceróis (diglicerídeos), ácidos graxos livres e glicerol (etapa ➋). Esses
produtos da ação da lipase se difundem para dentro das células epiteliais que revestem a superfície
intestinal (a mucosa intestinal) (etapa ➌),onde são reconvertidos em triacilgliceróis e empacotados
com o colesterol da dieta e proteínas específicas em agregados de lipoproteínas chamados
quilomícrons (Figura 17-2; ver também a Figura 17-1, etapa ➍). As apolipoproteínas são proteínas
de ligação a lipídeos no sangue, responsáveis pelo transporte de triacilgliceróis, fosfolipídeos,
colesterol e ésteres de colesterol entre os órgãos. As apolipoproteínas (“apo” significa “destacado”
ou “separado”, designando a proteína em sua forma livre de lipídeos) se combinam com os
lipídeos para formar várias classes de partículas de lipoproteína, que são agregados esféricos com
lipídeos hidrofóbicos no centro e cadeias laterais hidrofílicas de proteínas e grupos polares de
lipídeos na superfície. Várias combinações de lipídeos e proteínas produzem partículas de
densidades diferentes, variando de quilomícrons e lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL,
de very low density lipoproteins) a lipoproteínas de densidade muito alta (VHDL, de very high
density lipoproteins), que podem ser separadas por ultracentrifugação. As estruturas dessas
partículas de lipoproteínas e seus papéis no transporte de lipídeos estão detalhadas no Capítulo 21.
As porções proteicas das lipoproteínas são reconhecidas por receptores nas superfícies celulares.
Na absorção de lipídeos no intestino, os quilomícrons, que contêm a apolipoproteína C-II (apoC-
II), se deslocam da mucosa intestinal para o sistema linfático e então entram no sangue, que os
carrega para os músculos e o tecido adiposo (Figura 17-1, etapa ➎). Nos capilares desses tecidos, a
enzima extracelular lipase lipoproteica, ativada pela apoC-II, hidrolisa os triacilgliceróis em ácidos
graxos e glicerol (etapa ➏), absorvidos pelas células nos tecidos-alvo (etapa ➐). No músculo, os
ácidos graxos são oxidados para obter energia; no tecido adiposo, eles são reesterificados para
armazenamento na forma de triacilgliceróis (etapa ➑). Os remanescentes dos quilomícrons,
desprovidos da maioria dos seus triacilgliceróis, mas ainda contendo colesterol e apolipoproteínas,
se deslocam pelo sangue até o fígado, onde são captados por endocitose mediada pelos receptores
específicos para as suas respectivas apolipoproteínas. Os triacilgliceróis que entram no fígado por
essa via podem ser oxidados para fornecer energia ou precursores para a síntese de corpos
cetônicos, como descrito na Seção 17.3. Quando a dieta contém mais ácidos graxos do que o
necessário imediatamente como combustível ou como precursores, o fígado os converte em
triacilgliceróis, empacotados com apolipoproteínas específicas formando VLDL. As VLDL são
transportadas pelo sangue até o tecido adiposo, onde os triacilgliceróis são removidos da circulação
e armazenados em gotículas lipídicas dentro dos adipócitos.