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Introdução
O metabolismo é composto por inúmeras vias metabólicas, ricas em
enzimas, que apresentam capacidade tanto de degradar substâncias
quanto de sintetizá-las nos diferentes tecidos do organismo. Essas vias
são controladas pelas próprias enzimas ou por hormônios que regulam
as ações que devem ser realizadas pelas enzimas ou por outras proteínas.
Em geral, os hormônios atuam de acordo com o estado que o indivíduo
se encontra, pré ou pós-absortivo, que, em outras palavras, se referem aos
estados de jejum ou alimentado. Quando há alguma alteração metabólica
que desencadeia a diminuição ou o excesso de determinado substrato,
pode-se instalar uma patologia.
Neste capítulo, você aprenderá quais são os tecidos que atuam nos
estados pré e pós-absortivos, reconhecerá as funções de alguns hor-
mônios que regulam o fluxo metabólico e, também, algumas doenças
relacionadas à falta e ao excesso de substratos energéticos.
2 O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo
Parte da glicose que entra nas células hepática também pode ser utilizada
para a lipogênese (síntese de triacilglicerol). A insulina inibe a lipólise intrace-
lular e a liberação de ácidos graxos não esterificados. Os produtos da digestão
dos lipídeos entram na circulação como quilomícrons (maior lipoproteína
plasmática, rica em triacilglicerol, os triglicerídeos) (RODWELL et al., 2017).
Principais
Principais Enzimas es-
Órgão Principais vias produtos
substratos pecializadas
exportados
(Continua)
O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo 7
(Continuação)
Principais
Principais Enzimas es-
Órgão Principais vias produtos
substratos pecializadas
exportados
Diabetes melito
Trata-se de uma doença bastante prevalente na população mundial, na qual o
organismo do indivíduo não consegue captar de forma eficiente a glicose sérica
por algum problema associado à secreção de insulina (insuficiência, ausência,
resistência). Como a insulina tem a função de provocar o deslocamento dos
transportadores de glicose (GLUT-4) para a membrana plasmática no mús-
culo e no tecido adiposo, defeitos em qualquer etapa relacionada resultam
em excesso de glicose sérica por não poder ser metabolizada pelas células.
Sem a metabolização da glicose, os ácidos graxos tornam-se o combustível
principal para uso pelo organismo, o que leva a outra alteração metabólica
característica: a oxidação excessiva, mas incompleta, dos ácidos graxos no
fígado. A acetil-CoA produzida pela betaoxidação não pode ser completamente
oxidada pelo ciclo do ácido cítrico (acaba sendo acumulada), pois há alta
relação [NADH]/[NAD1] produzida por essa via, inibindo o ciclo. O acúmulo
de acetil-CoA leva à produção aumentada de corpos cetônicos, acetoacetato e
beta-hidroxibutirato, que não podem ser usados pelos tecidos extra-hepáticos
na mesma velocidade de produção. Ainda, forma-se a cetona, que é volátil
e exalada pelo diabético, especialmente nos casos não controlados (hálito
cetônico, às vezes confundido com etanol). Em geral, a produção dos corpos
cetônicos (cetose) resulta em uma concentração muito aumentada desses
compostos no sangue (cetonemia) e na urina (cetonúria). Por isso, no diabetes
não controlado, pode ocorrer redução no pH sanguíneo, chamada de acidose,
ou, em combinação com a cetose, cetoacidose. Nessa situação, o diabético
pode entrar em coma, e algumas situações são letais (NELSON; COX, 2019).
16 O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo
No link a seguir, você tem acesso ao material sobre diabetes melito organizado pela
Sociedade Brasileira de Diabetes.
https://qrgo.page.link/j7gAV
Diabetes insípido
Ocasionado pela deficiência do ADH ou pela insensibilidade dos rins a esse hor-
mônio, caracteriza-se por sede pronunciada e excreção de grandes quantidades
de urina muito diluída. Nessa doença, a diluição da urina não diminui quando a
ingestão de líquidos é reduzida, denotando a incapacidade renal de concentrar
a urina. Para a confirmação diagnóstica desse tipo de diabetes, pode-se fazer
a avaliação da glicemia, mais como critério de exclusão do diabetes melito,
visto que, no insípido, a glicemia é normal, além de determinação do volume
urinário, do ADH e de eletrólitos (sódio e potássio principalmente) séricos
em urina de amostra ou de 24 horas e ressonância magnética (MCPHERSON;
PINCUS, 2012).
18 O metabolismo dos estados pré e pós-absortivo
cia a leptina, altos níveis de cortisol, etc.). O organismo lida de três formas
com o excesso de calorias administradas nas refeições: converte o excesso
em gordura e a armazena no tecido adiposo; precisa queimar o excesso em
exercício extra; e dissipa os excessos para a produção de calor (termogênese)
pelas mitocôndrias desacopladas. O indivíduo obeso tem mais propensão a
desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes
tipo 2, câncer, etc. (NELSON; COX, 2019).
Síndrome de Cushing
Surge pela secreção exagerada de ACTH e, consequentemente, de cortisol,
apresentando sintomas e complicações sérias, como obesidade centrípeta, isto
é, ocorre na face e no abdome, mas não nos membros, que, ao contrário, são
finos e com atrofia da musculatura, o que causa fraqueza muscular. Aparecem
estrias largas e de cor violeta (geralmente no abdome e na raiz dos membros)
e equimoses (manchas roxas). Pode levar ao diabetes e à hipertensão e ser
causada por uso excessivo de corticosteroide, via oral, injetável ou mesmo
tópica, como nasal ou pela pele, embora também possa decorrer de produção
excessiva de cortisol (corticoide produzido nas suprarrenais), seja por tumor das
adrenais, seja por tumor produtor de ACTH (MCPHERSON; PINCUS, 2012).
Acesse o link a seguir e saiba mais sobre as doenças metabólicas que podem ser
detectadas pelo teste do pezinho.
https://qrgo.page.link/LyV4J