Você está na página 1de 53

Jejum Intermitente

Parte I – Introdução
DEFINIÇÃO
Jejum Intermitente são estratégias onde os indivíduos são submetidos a diferentes
períodos de jejum, com efeito positivo sobre a correção de anormalidades metabólicas,
e melhor adesão de alguns pacientes em relação a outras estratégias dietéticas.

Jejum Intermitente Controle Energético


Privação de comida por um certo período Manutenção da frequência alimentar.
de tempo.
Protocolos que ainda aceitam o consumo Redução de 20-40% VET.
de 20-25% VET.
Objetivo de alcançar a cetogênese. Objetivo de proporcionar um déficit
energético.

MODALIDADES DE JEJUM
Os efeitos do jejum podem ser observados nas bases cientificas com resultados
positivos sobre a perda de peso, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e câncer.

Dias alternados Alternância de dias de jejum (alimentos e bebidas sem teor


de jejum calórico) com dias de consumo (comidas e bebidas livremente).

Permitem o consumo de 20-25% VET em dias de jejum


Regimes
programado. Base da dieta popular 5:2, que envolve uma
modificados de
restrição energética severa em 2 dias não consecutivos da
jejum
semana e consumo alimentar livre nos outros dias.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Permite ao indivíduo que se alimente livremente em períodos
Horário restrito específicos do dia, o que induz a períodos de jejum na rotina
de alimentação diária. Estudos com menos de 3 refeições ao dia são avaliações
indiretas de períodos prolongados de jejum diurno ou noturno.

Jejum religioso Jejum por finalidade religiosa/espiritual.

Jejum desde o nascer até o pôr do sol por todo o mês do


Ramadan. A prática mais comum é consumir uma grande
Ramadan refeição após o pôr do sol e uma refeição leve antes do dia
amanhecer. Com isso, períodos de jejum x alimentado alcançam
na média 12h.

Mórmons rotineiramente abstém-se de comidas e bebidas por


períodos extensos. Adventistas do Sétimo Dia consomem suas
Outras culturas
duas últimas refeições do dia ao entardecer, resultando em um
religiosas
jejum noturno prolongado que pode ser biologicamente
importante.

Estudos mostram que os adventistas do sétimo dia apresentam, em


média, 7 anos a mais de vida em comparação ao resto da população.

Estado de jejum X Estado Alimentado

FORNECIMENTO ENERGÉTICO METABOLISMO CELULAR E TECIDUAL

• Estoques corporais. • Hemácias


• Macronutrientes da dieta. • Cérebro
• Músculo
• Fígado
• Tecido Adiposo

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
METABOLISMO ENERGÉTICO
Sabe-se que a presença ou ausência de alimentos influencia drasticamente o
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. E ainda, que cada tecido tem
características metabólicas próprias. Este tópico revisa o metabolismo dos principais
combustíveis celulares nos períodos pós-prandial e de jejum considerando as
especificidades metabólicas das seguintes células e tecidos: hemácias, cérebro, fígado,
músculo e tecido adiposo, enfocando a profunda integração metabólica existente nos
organismos vivos.

Estoques Corporais
No estado de jejum, a glicemia é então mantida através da gliconeogênese, uma rota
do metabolismo de alto custo metabólico pois depende de ácidos graxos e
aminoácidos, o que pode comprometer a integridade do tecido muscular pois o SNC
adapta-se paulatinamente a chegada do novo nutriente e após algumas semanas
inverte sua preferência nutricional, passando de consumidor exclusivo de glicose
(120g/dia) a consumidor preferencial de corpos cetônicos (100g/dia), embora seja
sempre dependente de glicose.

Neste contexto, a cetose é favorecida, pois, o outro caminho possível para a utilização
dos ácidos graxos, a beta-oxidação, está inibida no fígado neste momento, já que há
um desvio do oxaloacetato para a gliconeogênese, diminuindo a velocidade do ciclo do
ácido cítrico. A produção de corpos cetônicos pelo fígado tem como principal objetivo
fornecer um nutriente alternativo à glicose para os tecidos extra-hepáticos.

É preciso lembrar que a síntese de glicose que ocorre no fígado durante períodos de
jejum prolongados tem como principais precursores os aminoácidos advindos do
músculo esquelético; glicerol, advindo da mobilização de triglicerídeos do tecido
adiposo; e lactato, advindo das hemácias; e tendo como fonte de energia a intensa
beta oxidação dos ácidos graxos liberados pela mobilização dos triglicerídeos.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
A profunda adaptação do SNC em relação à fonte energética se deve ao fato de que no
jejum, a manutenção continuada da gliconeogênese significa importante depleção de
proteínas do músculo esquelético, assim, caso a gliconeogênese fosse a única forma de
suprimento energético, haveria uma debilidade proteica importante no organismo.

Transporte de Glicose dependente do GLUT4 (insulina)


Quando a razão insulina/glucagon for alta, novas moléculas de TG podem ser
armazenadas. Quando a razão insulina/glucagon diminui, com os níveis de insulina
diminuídos e os de glucagon aumentados, as enzimas lipases que promovem a quebra
de TG em ácido graxo e glicerol serão ativadas, acarretando na liberação de ácidos
graxos e glicerol.

Hemácias
O metabolismo da hemácia é predominantemente anaeróbico. Sem o aparato
mitocondrial para a oxidação dos demais nutrientes, as hemácias tornam-se
dependentes da via glicolítica anaeróbica. O consumo de glicose nestas células ocorre
de modo constante e independente do perfil nutricional. A captação da glicose pelos
transportadores GLUT1 da membrana da hemácia independe da presença de insulina.
Nestas células, a via glicolítica culmina na produção constante de lactato, o qual será
captado pelo fígado. O lactato produzido pelas hemácias é convertido em glicose pela
gliconeogênese hepática e é uma das fontes de manutenção da glicemia em jejum.

Cérebro
O cérebro não tem qualquer reserva energética, e por isso, independentemente do
estado nutricional é necessário que haja um suprimento de glicose constante para este
tecido. Os transportadores de glicose no SNC são do tipo GLUT1 e GLUT3, trabalham
de forma independente à presença de insulina. Além da glicose, os corpos cetônicos
podem ser utilizados como substratos energéticos no SNC em situações especiais
como veremos a seguir.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Músculos
De acordo com a intensidade do exercício, tem-se a utilização do glicogênio muscular,
o que depende da intensidade e duração do exercício, bem como da capacidade do
organismo em produzir tal glicogênio. Mediante contração muscular, a musculatura faz
a captação de glicose do sangue, porém ela também possui seus triglicerídeos (TGs)
intramusculares que servem como importante fonte energética. Assim, o jejum atua
na mudança da necessidade do músculo por glicose, melhorando a utilização de TGs
como fonte energética e a biogênese muscular, através do aumento do número de
mitocôndrias.

Fígado
Como o fígado é capaz de usar outros substratos energéticos como ácidos graxos ou
aminoácidos como fonte energética, assim, por não ser dependente direto da glicose,
esta só será utilizada por este órgão como fonte energética quando a relação insulina
glucagon for suficientemente alta para ativar a via glicolítica (hepatócitos com GLUT2,
não dependente de insulina).

Tecido adiposo
O grande volume lipídico é sem sombra de dúvida a maior reserva energética do
organismo. A entrada de glicose no tecido adiposo é feita pelos receptores GLUT4
dependentes da ação da insulina, e, assim, quando a razão insulina/glucagon for alta, o
glicerol-3-fosfato é produzido no tecido adiposo pela redução da di-hidroxiacetona
fosfato, intermediária da via glicolítica, e novas moléculas de TG podem ser
armazenadas. No entanto, quando a razão insulina/glucagon diminui, a disponibilidade
de glicose diminui. Com a diminuição da produção de glicerol-3-fosfato, a síntese de
TG no tecido adiposo será dificultada. Por outro lado, quando a presença de insulina
está diminuída e a de glucagon aumentada, as enzimas lipases que promovem a
quebra de TG em ácido graxo e glicerol serão ativadas, e assim, tanto os ácidos graxos
como o glicerol serão liberados para a corrente circulatória e serão captados pelo
fígado.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Gliconeogênese e produção de corpos cetônicos
É preciso lembrar que a síntese de glicose que ocorre no fígado durante períodos de
jejum prolongados tem como principais precursores os aminoácidos, advindos do
músculo esquelético; glicerol, advindo da mobilização de triglicerídeos do tecido
adiposo; e lactato, advindo das hemácias, e tendo como fonte de energia a intensa
beta oxidação dos ácidos graxos liberados pela mobilização dos triglicerídeos.

Reações metabólicas associadas às concentrações dos hormônios


As reações metabólicas diferem de acordo com as concentrações dos hormônios
insulina e glucagon. Na presença de níveis elevados de insulina, observa-se o efeito
anabólico, que é atingido pelo estado alimentado. Já com altos níveis de glucagon,
mediante jejum, observa-se um estado de catabolismo e ativação da gliconeogênese.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
No período pós-prandial (alimentado), ocorre a síntese de ácidos graxos no fígado e
transporte de ácidos graxos pelas lipoproteínas plasmáticas até os adipócitos. Em
contrapartida, no estado de jejum este processo é invertido, resultando na captação
hepática de ácidos graxos liberados pela mobilização de triglicerídeos do tecido
adiposo e síntese de corpos cetônicos, por via de β-oxidação (inibida).

RIM
GLICOSE
Β-HIDROXIBUTIRATO
+ ACETOACETATO AC
ET GLICOSE
O
N
A
FÍGADO

Β-HIDROXIBUTIRATO
+ ACETOACETATO
LACT
GL ATO
IC E URINA
OS PIRU GLUTAMINA
AC.
E VATO
GRAX
OS GL ALANINA
IC
LIVRE
ER
MÚSCULO
S
OL HEMÁCEAS

ADIPOCITOS

AC. GRAXOS LIVRES

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Adaptação metabólica ao jejum

Um período de 12-24h de jejum em humanos parece reduzir em 20% a glicemia,


depleta parte dos estoques hepáticos de glicogênio, aumenta corpos cetônicos e
ácidos graxo livres. Ácidos graxo livres servem como fonte energética para todo o
organismo, exceto para o cérebro, o qual depende dos corpos cetônicos mediante
ausência de glicose.

Os gráficos abaixo apresentam a concentração de corpos cetônicos (acetonas,


bhidroxibutirato e ácido acético) e ácidos graxos durante 40 dias de jejum em
humanos. Nota-se o importante aumento nas concentrações de betahidroxibutirato,
substrato cerebral no jejum em voluntários obesos, após semanas deprivação
alimentar. Muitos estudos sugerem que que as células cerebrais humanas podem
sobreviver com pouca ou sem glicose, mas isto ainda não está totalmente elucidado.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Assim, observa-se que o jejum promove aumento da lipólise, aumento de corpos
cetônicos, aumento da gliconeogênese e redução da glicogenólise. Os corpos cetônicos
utilizados são o acetoacetato e o β-Hidroxibutirato, os quais têm sua produção
hepática na β-oxidação de ácidos graxos livres.

Os ácidos graxos produzidos atuam no fígado e se transformam, através da beta-


oxidação da carnitina-acil-transferase, em Acetil-Coa. O excesso de Acetil-CoA, quando
não utilizado no Ciclo de Krebs, gera Acetoacetato e β-hidroxibutirato, que por
descarboxilação geram a Acetona. No caso do Acetoacetato e β-hidroxibutirato, é
possível uma reversão à Acetil-CoA, porém, o mesmo não acontece com a Acetona que
é eliminada na urina e até por evaporação na pele. Essa eliminação gera um odor
característico dos corpos cetônicos.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
EFEITOS DO JEJUM
Resumindo todo este processo, pode-se observar alguns dos efeitos do jejum realizado
nos protocolos anteriormente citados. No fígado, pelo uso aumentado de ácidos
graxos, pode ocorrer uma redução dos níveis de esteatose hepática e o aumento da
sensibilidade à insulina. Nos vasos sanguíneos, percebe-se o aumento de óxido nítrico,
e consequentemente, da vasodilatação, bem como uma redução do estresse oxidativo
e do risco de desenvolvimento de placas de ateroma. No tecido adiposo, há maior
mobilização de triglicerídeos, redução da inflamação crônica e melhora da
sensibilidade à insulina. No pâncreas, há uma redução do declínio funcional
relacionado à idade, justamente pelo fato de os estados não alimentados pouparem
suas células por períodos. E no músculo esquelético, por fim, há maior captação de
glicose (em função da melhora da sensibilidade à insulina) e adaptação para maior
utilização de gorduras como fonte energética.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
CONSUMO ALIMENTAR X ESTRESSE OXIDATIVO E INFLAMAÇÃO
Sabe-se que a alimentação é um dos maiores estressores do organismo, pois acarreta
no ↑ de Leucócitos, Eosinófilos e Metamielócitos, responsáveis pela inflamação; ↓
Monócitos e Basinófilos, que aumentam a susceptibilidade a patógenos; e no ↑ de
catecolaminas, com aumento da hipóxia em tecidos periféricos, o que aumenta a
geração de Espécies Reativas de Oxigênio (EROS). Neste contexto, a não alimentação
poupa o organismo desta inflamação, susceptibilidade a patógenos e radicais livres
induzidos pela alimentação.

Ressalta-se que todos os macronutrientes promovem estresse oxidativo no organismo,


conforme pode ser observado a seguir:

Carboidratos (Glicose) = ↑ Superóxidos, ↑ atividade do NF-κβ


• Dieta Hiperglicídica, pobre em Fibras (diabéticos) = ↓ Adiponectina.
• Dieta Hipoglicídica (45-55% x 55-60%) = ↓ PCR.
• Baixo IG e CG – redução do Inibidor do Fator Ativador de Plasminogênio 1 (PAI-1).

Proteínas = ↑ EROs por Leucócitos após 3h


• Proteína animal versus proteína vegetal: sem efeitos significativos no processo
inflamatório. Porém, sabe-se que os alimentos fontes de proteínas vegetais também

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
são fontes de substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, o que já acarreta num
menor impacto com relação à inflamação pós-prandial.
• Dieta Hipolipídica associada a proteína vegetal versus Dieta Hipolipídica associada a
proteína animal, não apresentam diferenças.
• O consumo de proteínas com maiores concentrações de Arginina pode ↓ o PCR.

Lipídeos = ↑ EROs por Leucócitos após 3h


• ↑IL-18 e ↓ Adiponectinas.
• Dieta com alto teor de Fibras e Hipolipídica = ↓ IL-18.
• Existe um efeito negativo da dieta Hiperlipídica sobre marcadores inflamatórios (39%
x 30%).
• Gordura saturada = ↑ valores de PCR e ↑ Fibrinogênio, aumentando o risco de DCV.
• Gordura Trans = ↑PCR, ↑IL-6 e TNF-α.

Com relação aos tipos de gorduras, pode observar que:


• Gorduras monoinsaturadas (MUFAs) = Dieta Mediterrânea - ↓PCR, IL-6, IL-7, IL-18 e
RI (quando comparada à dieta convencional).
• Gorduras poli-insaturadas – PUFAs (w3 e w6) X dieta convencional = ↓ICAM
(molécula de adesão intercelular).
• ALA (w3 x dieta convencional) = ↓PCR, IL-6, Proteína Sérica Amiloide, VCAM-1
(molécula de adesão a célula vascular).

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Um estudo que avaliou o perfil de fitoquímicos das castanhas e das sementes
demonstra que o conteúdo de fitoquímicos das mesmas pode equilibrar o efeito
negativo (oxidativo e inflamatório) resultante do consumo dos macronutrientes
presentes nestas castanhas e sementes.

Por isso que, quando se trabalha com jejum com o objetivo de reduzir a formação de
EROs e da inflamação, é importante que nos momentos de alimentação, o indivíduo
esteja consciente da importância de boas escolhas alimentares, preferencialmente
com relação à compostos antioxidantes e anti-inflamatórios.

O esquema abaixo ilustra os importantes benefícios do jejum na saúde cardiovascular,


principalmente com relação à frequência cardíaca e pressão arterial; melhora da
oxidação lipídica e redução da oxidação e carboidratos, o que melhora muito o
metabolismo da glicose; Maior expressão gênica de tecido muscular; no perfil
metabólico e inflamatório, pela redução dos quadros de hiperglicemia e
hiperinsulinemia.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Apostila do Curso de Jejum Intermitente.
Ensino à Distância
Jejum Intermitente
Parte II – Efeitos Metabólicos
Após descrever as alterações metabólicas provocadas pelo jejum, vamos então aplica-
las sobre parâmetros bioquímicos e composição corporal, trazendo informações sobre
seus benefícios dentro do controle das doenças cardiovasculares (DCV) e da
composição corporal.

JEJUM E SISTEMA CARDIOVASCULAR


Sabendo-se da grande incidência de DCV na população e todos os seus efeitos
maléficos à saúde, qualquer conduta nutricional que possa controlar ou reduzir seus
fatores de riscos é sempre bem-vinda. De acordo com a literatura científica, os riscos
para desenvolvimento de DCV estão fortemente relacionados com o sedentarismo,
tabagismo, altos níveis de colesterol, sobre peso/obesidade e hiperglicemia. Cruzando
as informações do primeiro módulo com a figura abaixo, vemos que a aplicação de
protocolos de jejum em pacientes com risco de DCV mostra-se válido, uma vez que o
metabolismo energético do jejum promove efeitos benéficos sobre a oxidação lipídica,
controle e redução do peso corporal (o que impacta positivamente sobre a redução do
estado de inflamação crônico, com efeitos positivos sobre o endotélio vascular) e
melhora da sensibilidade à insulina.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Neste contexto, verifica-se que em indivíduos com sobrepeso/obesidade, a aplicação
da dieta 5:2 com controle do consumo energético nos dias de não jejum, promove um
efeito tão positivo sobre os marcadores do risco de DCV quanto uma dieta com
controle energético contínuo e com caraterísticas anti-inflamatórias, como a dieta

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
mediterrânea, por exemplo. Desta forma, o protocolo de jejum intermitente, se
utilizado para promover uma melhor adesão à dieta que a simples restrição energética,
mostra-se como uma boa tática para pacientes com risco de desenvolvimento de DCV.
A redução de 5% do peso corporal total reduz a incidência e progressão de DCV, porém,
observa-se na prática clínica uma grande dificuldade na adesão dos pacientes às dietas
propostas.

Um estudo realizado em 2011, com uma coorte de mulheres com IMC entre 24 e
40kg/m², avaliou por 6 meses os efeitos de uma dieta padrão de jejum (5:2), com 5
dias de dieta mediterrânea e 2 dias de controle energético (jejum), com consumo de
apenas 25% do consumo energético total. Este grupo foi comparado a outro grupo de
indivíduos que realizaram uma dieta também mediterrânea, porém com restrição
energética de 25% do valor calórico total nos 7 dias da semana, sem realização de
jejum. A característica da dieta mediterrânea utilizada neste estudo foi de 30% do
conteúdo proveniente dos lipídeos, com 45% de carboidratos de baixo índice glicêmico
e 25% de proteínas.

O quadro a seguir apresenta a avaliação de marcadores relacionados às DCV como


colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), HDL-colesterol, LDL-colesterol, pressão
sistólica e diastólica, e pode-se observar que, ao longo dos 6 meses de intervenção,
mudanças significativas destes parâmetros ocorreram nos dois grupos, de forma
semelhante. Isto indica que o jejum não é a única solução, mas sim mais uma
alternativa eficaz para a melhora dos fatores de risco para DCV.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Outro estudo realizado em 2012, com mulheres de IMC entre 30-39,9 kg/m² durante 8
semanas, avaliou a aplicação de 6 dias de dieta com restrição de 30% do valor
energético total. Um grupo realizou 2 refeições líquidas (café da manhã e almoço),
com 240 kcal no café da manhã e 240 kcal no almoço. Outro grupo alimentou-se
apenas de alimentos sólidos, nas 3 refeições diárias. Os dois grupos realizaram 1 dia de
jejum de 24h/semana, com o consumo de apenas 120 kcal no dia através de sucos.

Através do gráfico a seguir, observa-se que houve uma redução significativa, em


ambos os grupos, do inicio ao final do estudo, em relação ao colesterol total e LDL-
colesterol, sendo que somente o grupo com controle energético e consumo de dieta
líquida teve efeitos positivos sobre os TG plasmáticos. Tais achados sugerem que o
protocolo de jejum, com consumo de alimentos ou dietas líquidas associadas, é uma
boa proposta para pacientes dislipidêmicos.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Ainda neste mesmo estudo, avaliando a diferença pré e pós intervenção, o consumo
de dieta líquida ainda apresentou redução significativa na frequência cardíaca (FC),
glicemia e insulinemia, bem como dos níveis séricos de homocisteína, adiponectina e
leptina. Por outro lado, o jejum com restrição calórica e refeições sólidas, só
apresentou efeito positivo sobre a adiponectina e a leptina, demonstrando uma
melhor eficácia das dietas líquidas neste contexto. Na comparação entre grupos, mais
uma vez, a intervenção com líquidos trouxe resultados mais significativos, com
melhores resultados associados à FC e aos níveis de homocisteína.

Em outro estudo publicado em 2013, realizou-se a avaliação do jejum feita em um


grupo de mulheres com sobrepeso/obesidade (IMC 30,4±6,7 Kg/m²), mas comparando
os efeitos do jejum sobre as participantes com e sem síndrome metabólica. As
participantes seguiram 7 dias de jejum, com consumo diário de apenas 300kcal, e
então foram avaliados os seguintes parâmetros: avaliação da composição corporal,
pressão arterial, lipidograma, cortisol, resistina, qualidade do sono e bem-estar
psicológico.

Como nesta parte do modulo o assunto tratado são as DCV, os efeitos desta
intervenção no grupo com síndrome metabólica (SM) serão apresentados
posteriormente. Sendo assim, no grupo sem SM, observou-se redução significativa da

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
pressão sistólica e diastólica das participantes, acompanhada da redução significativa
do colesterol total, LDL e do índice de Castelli 2, além da resistina, que é uma citocina
associada à resistência à insulina (RI). Entretanto, este não é o primeiro estudo que
apresenta uma queda no HDL-colesterol, a qual foi significativa neste trabalho. Sendo
assim, com o resultado deste estudo, sugere-se manter ainda a indicação de
protocolos de jejum para pacientes com risco de DCV e em quadro de
sobrepeso/obesidade, porém com muita cautela em indivíduos que apresentam
concentrações séricas de HDL baixas ou limítrofes.

Desta forma, relembrando a primeira imagem deste módulo, onde os fatores de risco
da DVC incluíam as concentrações de colesterol plasmático, controle de peso, controle
da pressão arterial e resistência à insulina, verifica-se que, dentro das limitações dos
estudos, o jejum pode ser um grande aliado para esta população.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM E GORDURA CORPORAL
Obesidade e Inflamação Crônica
O sobrepeso e a obesidade apareceram em todos os estudos apresentados
anteriormente, e investigando o quadro de obesidade e a atividade do tecido adiposo,
devemos considerar que em grande parte das alterações metabólicas dos pacientes,
existe uma grande contribuição das adipocinas, substâncias produzidas pelo tecido
adiposo. A obesidade é um quadro metabólico que apresenta relação com a genética,
metabolismo e estilo de vida.

Um individuo saudável, quando passa por um período de excesso alimentar, promove


um aumento de macrófagos tipo M1 no tecido adiposo, estimulando a produção de
adipocinas que alteram o gasto energético corporal, o apetite, a produção de glicose
hepática, utilização de lipídios intramusculares, e por fim, a instalação da resistência à
insulina (RI). Neste contexto, o tecido adiposo produz peptídeos bioativos que
sinalizam um processo inflamatório, RI, coagulação sanguínea, homeostasia vascular,
alteração no apetite e no gasto energético total.

Estas substâncias podem ter características pró ou anti-inflamatórias, sendo que as


principais com característica pró-inflamatórias são a IL1, 6, 8 o Fator de Necrose
Tumoral alfa, leptina e resistina. Já dentre os de características anti-inflamatórias,
encontra-se o antagonista do receptor IL1, o fator de crescimento de transformação-β
(TGF-β) e a adiponectina, já comentada anteriormente.

O tecido adiposo com sua característica de tecido endócrino, produz através dos
adipócitos células mesenquimais e macrófagos – Citocinas e Adipociocinas, que atuam
como imunomoduladores, alterando o equilíbrio entre as citocinas pró e as anti-
inflamatórias; influenciam a sensibilidade à insulina, interferindo na homeostase
glicêmica; e regulam o mecanismo central da fome e do gasto energético, com
consequências diretas sobre o peso corporal. Além disso, apresentam efeitos sobre o
tônus vascular, a proliferação celular e a aterogênese, modificando o risco

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
cardiovascular, e influenciando outros fatores determinantes da síndrome metabólica,
como os níveis pressóricos, o perfil lipídico e o grau de esteatose e inflamação
hepáticas. Um desequilíbrio entre as citocinas pró e anti-inflamatórias pode induzir
respostas inflamatórias ou de hipersensibilidade (alergias). O jejum em modelos
animais promove redução da insulina, glicemia, redução de gordura visceral e aumento
de adiponectina.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Sendo a adiponectina uma citocina anti-inflamatória, podemos elencar seus efeitos
benéficos no tecido muscular, no fígado e no endotélio. O aumento da oxidação de
ácidos graxos reduz o acúmulo de TG hepáticos. No músculo, a adiponectina melhora a
sensibilidade à insulina (SI), promovendo uma melhor captação de glicose plasmática,
facilitando o controle da glicemia, e também promove maior oxidação de lipídios,
reduzindo o seu acumulo no fígado. Neste mesmo tecido, a adiponectina reduz a
produção de glicose, promovendo um melhor controle da glicemia, com menores
estímulos para produção de insulina, e melhora do influxo de ácidos graxos e oxidação
dos mesmos, com efeitos positivos sobre os lipídeos plasmáticos. Com relação aos seus
efeitos sobre o endotélio, ela atua reduzindo a adesão de células de defesa, reduzindo
a produção de células espumosas e a proliferação do músculo liso vascular, atuando
assim no controle dos eventos responsáveis pela formação de ateromas. Por fim, esta
citocina parece melhorar a produção de óxido nítrico, importante para a vasodilatação,
resultando em efeitos positivos em quadros de hipertensão.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Retomando o estudo de Li e colaboradores realizado em 2013, a avaliação do jejum foi
feita em um grupo de mulheres com sobrepeso/obesidade, comparando os efeitos do
jejum sobre as participantes com e sem síndrome metabólica. As participantes
seguiram 7 dias com consumo diário de 300cal e então foram avaliados os seguintes
parâmetros: composição corporal, pressão arterial, lipidograma, cortisol, resistina,
qualidade do sono e bem-estar psicológico.

Tendo em vista os benefícios da adiponectina, observa-se mais um efeito positivo do


jejum em indivíduos obesos, uma vez que 7 dias de jejum com consumo de apenas
300cal por dia, levou ao aumento significativo da adiponectina, com redução
significativa das concentrações plasmáticas de insulina. Por fim, como que a leptina
tem caráter pró-inflamatório, a redução significativa dos seus níveis após 7 dias de
jejum reforça os efeitos benéficos do jejum intermitente.

A adiponectina também tem a função de promover mudanças na microbiota intestinal,


que é fortemente associada ao tecido adiposo. A disbiose exerce influência negativa
sobre a saciedade; induz um aumento na inflamação e dos estoques de ácidos graxos
no tecido hepático; aumenta a deposição de TG no adipócito, aumentando ainda a

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
inflamação característica do quadro e promovendo a produção de mais citocinas
inflamatórias; no músculo, ela reduz a oxidação de ácidos graxos; e por fim, afeta a
absorção, utilização e estocagem de nutrientes, bem como a permeabilidade intestinal
e consequente inflamação sistêmica.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Segundo Patterson e colaboradores, o estado de jejum realmente promove um
aumento na adiponectina, e esta, além dos benefícios já comentados sobre o tecido
adiposo, hepático e muscular, ainda promoveria uma mudança na microbiota
intestinal, melhorando sua composição e atuando no controle dos efeitos do quadro
de disbiose.

O PERFIL DA DIETA E A MICROBIOTA INTESTINAL


Sabendo que a disbiose intestinal promove um aumento no risco de doenças
metabólicas como obesidade e DM2, uma melhor na composição da microbiota
mostra-se importante, sendo que este processo pode então ser desencadeado por
protocolos de jejum, uma vez que estes promovem um aumento na adiponectina, e
esta traz consigo o benefício uma alteração da microbiota. Porém, conforme
mencionado no primeiro módulo, a própria composição da dieta promove um efeito
maior ou menor sobre o estresse oxidativo e inflamatório, assim como no crescimento
bacteriano intestinal. Em posse destas informações, é importante destacar que
indivíduos obesos apresentam uma disbiose caracterizada por um aumento na
população de Firmicutes e redução de Bacteroidetes. Segundo pesquisadores, dietas
ricas em fibras auxiliam a inverter este desequilíbrio, assim como a redução do peso
corporal e o controle energético. Uma vez que o jejum promove um aumento dos
níveis de adiponectina, o controle do valor energético total e a redução do peso
corporal, podemos dizer que ele é sinônimo de controle da disbiose. Entretanto, para
garantir os benefícios do jejum, parece ser importante a adesão à uma dieta rica em
fibras.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM E GORDURA CORPORAL
A partir dos achados já apresentados, observa-se que o jejum intermitente atua na
melhora da atividade e da diversidade da microbiota intestinal, que automaticamente
gera uma regulação metabólica que diminui os riscos para obesidade, DM2, câncer e
DCV. Por outro lado, a prática de jejum intermitente altera também o estilo de vida,
pois pode melhorar a qualidade do sono e dos níveis de energia para realização de
atividades rotineiras. Isto estaria associado à uma reprogramação do ciclo circadiano,
que atua como o relógio metabólico do organismo.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
RELÓGIO BIOLÓGICO
O Relógio Biológico está localizado no núcleo supraquiasmático no hipotálamo anterior,
e é responsável pela geração e manutenção do ciclo circadiano no organismo,
regulando o ciclo sono e
alerta, temperatura corporal,
pressão arterial, e secreção
de melatonina, cortisol,
prolactina e hormônio do
crescimento.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
O esquema abaixo ilustra a atividade do organismo de acordo com o ciclo circadiano
do organismo, o qual pode ser beneficiado com o jejum, que é sempre associado ao
período da noite (ou que se está dormindo).

Em um estudo realizado com ratos mostrou que o consumo de uma dieta rica em
lipídeos, associada à realização de jejum intermitente, trouxe benefícios metabólicos
aos ratos. Isto ocorre pois a característica da dieta também modula o ciclo circadiano.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Durante o jejum, ocorre grande redução na expressão hepática de "rhythmically
cycling transcripts", com efeito positivo do controle alimentar ou período de jejum
sobre o metabolismo. Durante o jejum, o aumento do glucagon promove um aumento
na transcrição de genes gliconeogênicos, resultando no aumento na atividade de
PGC1α e NR4A1, relacionadas à biogênese mitocondrial. A redução de glicose no jejum
e dietas hipocalóricas promove um ajuste no relógio circadiano que estava atrasado
(usualmente por dietas hiperlipídicas ou hipercalóricas).

Dentre os disruptores alimentares relacionados ao Relógio Biológico e ao aumento de


peso, encontra-se o açúcar, a gordura, os aminoácidos, a cafeína e o álcool.

JEJUM INTERMITENTE E PESO CORPORAL


Voltando à mesma referência, um estudo realizado em 2011, com uma coorte de
mulheres com IMC entre 24 e 40kg/m², avaliou por 6 meses os efeitos de uma dieta
padrão de jejum (5:2), com 5 dias de dieta mediterrânea e 2 dias de controle
energético (jejum), com consumo de apenas 25% do consumo energético total. Este
grupo foi comparado a outro grupo de indivíduos que realizaram uma dieta também
mediterrânea, porém com restrição energética de 25% do valor calórico total nos 7

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
dias da semana, sem realização de jejum. As participantes do estudo foram avaliadas
no começo, e após 3 e 6 meses de intervenção, e em todas as avaliações o grupo que
estava realizando o jejum apresentou resultados significativos com relação à redução
de peso corporal. O % de gordura corporal também teve uma redução, porém não
significativa entre os grupos.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Ainda com relação ao estudo acima citado, observou-se uma adesão dietética maior
no grupo de jejum nos 6 meses. Com relação ao consumo calórico e macronutrientes,
houve diferença significativa entre grupos:
• Calorias - com maior redução no grupo de jejum;
• Proteína - com maior redução no grupo de jejum;
• Carboidratos - com maior redução no grupo de jejum;
• Fibras - com maior redução no grupo de jejum;

Com relação à insulina de jejum, houve maior redução no grupo do jejum; A


sensibilidade à insulina teve melhora significativa no grupo do jejum; e a adiponectina
teve diferença significativa entre grupos, sendo aumentada somente no grupo de que
realizou jejum.

Voltando à uma referência já citada anteriormente, um estudo realizado em 2012, com


mulheres de IMC entre 30-39,9 kg/m² durante 8 semanas, avaliou a aplicação de 6 dias
de dieta com restrição de 30% do valor energético total. Um grupo realizou 2 refeições
líquidas (café da manhã e almoço), com 240 kcal no café da manhã e 240 kcal no

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
almoço. Outro grupo alimentou-se apenas de alimentos sólidos, nas 3 refeições diárias.
Os dois grupos realizaram 1 dia de jejum de 24h/semana, com o consumo de apenas
120 kcal no dia através de sucos. Neste contexto, observou-se controle energético
significativamente maior no grupo com refeições líquidas.

Outro estudo realizado em 2015 apresenta uma compilação de dados de diversas


pesquisas realizadas sobre o tema, demonstrando que, em 22 dias alternados de jejum,
resulta em uma média de redução de 2,5% Peso Corporal, efeito positivo sobre o
metabolismo de glicose, aumento dos níveis de HDL-colesterol, redução dos níveis de
Triglicérides, aumento dos níveis de LDL-colesterol e melhora dos marcadores
inflamatórios.

Ainda, em 12 semanas de dieta 2:5, com consumo de 20-25% VET no jejum, pode-se
esperar uma redução de 3,8% no Peso Corporal e efeitos positivos sobre o humor. A
maior parte dos estudos observa redução na insulinemia, sem alteração da glicemia, e
menos da metade dos estudos observam efeito positivo sobre os lipídeos plasmáticos,
parâmetros inflamatórios, adiponectina e fator neurotrófico do cérebro (BDNF).

Observa-se ainda uma maior redução de peso corporal quando o jejum é associado a
ao exercício físico; redução maior do peso corporal quando o jejum é intercalado com

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
dias de consumo alimentar entre 1200-1500cal/dia; sem efeitos significativos na
redução de gordura visceral, insulinemia de jejum, resistência à insulina e glicemia.

O Jejum entre refeições acima de 11h por 8 semanas parece acarretar em maior
redução do peso corporal quando comparado à uma dieta bioenergética dividida em 3
refeições. Estudos no Ramadã, que é uma prática de jejum religiosa, sem controle
energético, mas associado a redução do peso corporal (aprox. – 1,24kg/mês) parece
ter efeito positivo sobre a redução do LDL colesterol, glicemia de Jejum e marcadores
inflamatórios.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Jejum Intermitente
Parte III – Efeitos Metabólicos
SÍNDROME METABÓLICA
Síndrome caracterizada por resistência a insulina, intolerância a glicose, dislipidemia,
hipertensão e obesidade. Presença de pelo menos 3 dos fatores abaixo:
• Adiposidade abdominal (>88 cm);
• HDL-colesterol baixo (<50 mg/dl);
• Hipertrigliceridemia (>150 mg/dl);
• Hipertensão (>130/85 mm Hg);
• Glicemia de jejum aumentada (>110 mg/dl)

JEJUM E SÍNDROME METABÓLICA


A síndrome Metabólica é associada a níveis aumentados de leptina, elevados de
insulina, reduzidos de grelina e adiponectina. Neste contexto, a dieta 2:5 dias com

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
restrição de 500-600cal/dia de jejum durante 6 meses parece resultar na redução de
gordura abdominal e da pressão sanguínea, bem como na melhora da sensibilidade à
insulina.

Em um estudo realizado com mulheres com IMC 30,4±6,7 Kg/m², com ou sem
Síndrome Metabólica, foram feitos 7 dias de Jejum (300cal/dia) e posterior avaliação
da composição corporal, pressão arterial, lipidograma, cortisol, resistina, qualidade do
sono e bem-estar psicológico. Neste estudo, observou-se redução significativa do peso
corporal e do IMC, bem como da pressão arterial sistólica, do colesterol total, da
relação LDL/HDL, dos níveis de cortisol e resistina, e até mesmo da ansiedade.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM E EXERCÍCIO FÍSICO
Dietas hiperlipídicas e o acúmulo de lipídeos intramusculares, em sedentários,
promove a resistência à insulina. Um estilo de vida sedentário somado à falta de
exercício regular, acarreta no aumento de riscos cardiovasculares como diabetes,
gordura abdominal, dislipidemia e hipertensão arterial.

Sabe-se que, com relação ao metabolismo de glicose, aproximadamente 75% da


captação insulinodependente é realizado pelo musculo esquelético. Neste contexto,
qual o impacto do exercício regular realizado na condição de restrição de carboidratos
ou jejum?

A prática de exercícios em jejum ou na restrição de carboidratos é associada à indução


de adaptações ao treinamento nas células musculares, facilitando o turnover oxidativo,
assim como o transporte de ácidos graxos, com maior estímulo a oxidação de gorduras
durante o exercício em jejum.

METABOLISMO ENERGÉTICO
Os músculos possuem, como fonte energética, a glicose, os corpos cetônicos e os
ácidos graxos livres, e o metabolismo disto depende da intensidade do exercício, que o
que caracteriza o mesmo como aeróbico ou anaeróbico.

A característica energética anaeróbica demonstra a necessidade do acúmulo muscular


de glicose na forma de glicogênio. A ausência muscular da enzima glicose-6fosfatase,
faz com que a glicose liberada pelo glicogênio muscular se mantenha fosforilada e seja
incapaz de ser transportada para fora da célula.

No músculo esquelético em alta atividade, a velocidade da glicólise é maior do que a


do ciclo do ácido cítrico, então, uma grande parte do piruvato será convertido a lactato,
o qual é captado pelo fígado, tornando-se substrato para a gliconeogênese. Nesta
situação, fígado e músculo estabelecem uma relação de interdependência, o músculo

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
consome glicose de maneira importante, produzindo lactato, o lactato é levado ao
fígado pela corrente circulatória e lá é novamente convertido em glicose. Este ciclo de
reações é também conhecido como ciclo de Cori.

Parte do piruvato produzido no músculo é convertido em alanina por reação de


transaminação, e esta alanina também irá alimentar a via de gliconeogênese hepática.
Em períodos de trabalho muscular intenso, ou ainda, durante o jejum prolongado,
ocorre uma proteólise importante, e liberação do aminoácido alanina que funciona
como importante substrato da gliconeogênese nestas situações.

Nos períodos de exercício físico moderado e de longa duração, o principal combustível


para o tecido muscular passa a ser os lipídeos, e nesse sentido, os depósitos de
triglicerídeos do próprio músculo assumem especial importância. Em todo o caso, o
músculo cardíaco parece dar prioridade aos corpos cetônicos, preferindo-os inclusive à
glicose. O tipo de substrato energético utilizado pelo músculo é determinado
primariamente pela intensidade e duração do exercício, mas pode ser influenciado
pelo nível de treinamento, dieta e fatores externos que poderiam modificar a resposta
metabólica ao exercício.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Fazendo uma comparação entre os exercícios aeróbicos e os exercícios de força, pode-
se fazer uma divisão pontual dentro do processo onde se trabalha a síntese e a
degradação proteica, e onde há biogênese mitocondrial. A biogênese mitocondrial
deve ocorrer em longo prazo, mediante estímulo aeróbico, que aumentará a produção
energética de ATP. A partir do momento em que o ATP é fosforilado e a energia é
liberada, forma-se a adenosina monofosfato, a qual vai se acumulando dentro da
célula, estimulando a AMPK, que por sua vez, estimula diretamente a condição gênica
da PGC-1alfa, envolvida na biogênese mitocondrial. Assim, todo o metabolismo
energético envolvido pelo treinamento aeróbico faz com que exista uma expressão
gênica potencializando a produção de novas mitocôndrias no tecido muscular, e desta
forma, torna-se facilitada a produção energética a partir de gordura. Ao mesmo tempo
que o AMPK é estimulado neste processo, a via da mTOR, que é estreitamente
relacionada à síntese proteica, acaba sendo inibida.

No jejum, há grande quantidade de ácidos graxos sendo mobilizados de suas reservas,


pelo aumento dos níveis de glucagon e redução dos níveis insulinêmicos, e muitas
vezes isto não pode ser metabolizado apenas pelo fígado. Por isso, um tecido muscular
adaptado para este fim pode fazer com que a produção energética a partir das
reservas de gordura seja mais eficiente.

Por outro lado, nos exercícios de força, o estímulo acontece através de outra via
metabólica, a qual envolve o IGF-1, a leucina e contração muscular, os quais fazem o
estímulo direto de AKT. A AKT, por sua vez, inibe a cascata de degradação proteica e
estimula a mTOR, e consequentemente, a síntese proteica. Sendo assim, parece mais
coerente a realização de exercícios aeróbicos de baixa intensidade no estado de jejum,
já que nesta situação apenas ácidos graxos e corpos cetônicos estarão disponíveis
como substrato energético, e isto pode gerar uma adaptação interessante no contexto
esportivo. Já no trabalho de síntese muscular, a disponibilidade de ácidos graxos ou
corpos cetônicos como fonte energética não parece apresentar benefícios.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM E EXERCÍCIO FÍSICO
Um estudo avaliou o efeito da sessão de exercício associado ao índice glicêmico (IG) da
refeição pré ou pós-exercício sobre a oxidação de gordura corporal. O estudo foi
realizado com homens jovens e saudáveis, com 4 sessões randomizadas de exercício
em esteira até atingir 400cal.
Neste estudo, houve variação do
consumo de refeições entre alto
índice glicêmico versus baixo
índice glicêmico. As avaliações
foram realizadas em repouso,
durante o exercício e nas 2
primeiras horas após o exercício.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Assim, avaliou-se qual a importância da oxidação de gorduras durante e após o
exercício, de acordo com o IG da refeição pré e pós-exercício. O gráfico acima ilustra os
resultados do estudo, indicando que o exercício físico realizado em jejum (após o
período noturno) acarretou em maior oxidação de gorduras do que quando realizado
no estado alimentado, independentemente do IG da refeição pós-treino. Duas horas
após a refeição, os indivíduos que tiveram uma refeição pós-treino de alto IG
apresentaram significativa redução da oxidação de gorduras, quando comparados
àqueles que tiveram uma refeição de alto IG.

Pesquisadores sugerem que, com a realização do exercício em jejum e não liberação


de insulina na corrente sanguínea, também não há ativação da lipoproteína lipase. Não
tendo esta ativação, não há mobilização de triglicerídeos para o tecido adiposo,
evitando a deposição de gordura corporal.

O início do exercício físico sem a presença de insulina acarreta em estresse metabólico


aumentado, que leva ao aumento de catecolaminas, e consequentemente, ao estímulo
da lipase hormônio-sensível, aumentando os níveis de ácidos graxos livres na corrente
sanguínea para serem utilizados como fonte energética.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Em um estudo realizado em 2011, foram realizadas 6 semanas de treino de endurance
(1,5h de ciclismo – 70% VO₂max, 4x/semana), consumindo uma dieta Isocalórica, rica em
carboidratos, sendo que um grupo realizou o treino em jejum, e outro grupo no estado
alimentado. Ambos os rupos aumentaram o Vo2max (+9%) e no teste simulado de
60min (+8%). Este estudo mostra que, mesmo no estado jejum, existe uma melhora da
performance física mediante o treinamento.

Porém, dependendo da fibra muscular utilizada, se pôde perceber algumas


particularidades entre os indivíduos que realizaram o exercício em jejum, em
comparação aos que o realizaram no estado alimentado. Nas fibras do tipo 1 (gráfico
A), houve um aumento da quantidade de gorduras intramusculares nos indivíduos que
realizaram o exercício em jejum. Não apenas a quantidade de TG intramusculares
foram aumentadas, como também a degradação destas gorduras para uso como
substrato energético (gráfico B). Com relação às fibras do tipo 2, houve um aumento
do conteúdo de TG intramuscular, porém a diferença não foi significativa (gráfico em
amarelo). Mesmo assim, a degradação de lipídeos foi também aumentada nas fibras
do tipo 2 quando os indivíduos realizaram o exercício físico em jejum (gráfico em
vermelho).

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Ainda, como curiosidade, pode-se observar que a glicemia desses indivíduos após 2
horas de exercícios foi semelhante. Porém o estresse metabólico ocasionado pelo
exercício é menor nos indivíduos adaptados ao jejum, conforme pode ser observado
nos gráficos a seguir:

Comparando os benefícios do exercício no Jejum e no Estado Alimentado, pode-se


observar que existe realmente uma maior efetividade na capacidade oxidativa
muscular e na degradação de triglicerídeos intramusculares induzidos pelo exercício,
bem como melhor manutenção da glicemia ao longo do treino. Porém, com relação ao
peso corporal, não existem diferenças significativas, quando realizada uma dieta
isoenergética.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Jejum Intermitente
Parte IV – Efeitos Metabólicos
JEJUM E EXERCÍCIO FÍSICO
O acúmulo de lipídeos intramusculares está associado a resistência à insulina em
indivíduos sedentários. Em uma dieta hiperlipídica, há o desequilíbrio entre o acúmulo
de lipídeos e a oxidação nas células musculares, porém, com a realização de exercício
físico regular e jejum, ocorrem adaptações musculares que facilitam o turnover
energético oxidativo e o transporte de ácidos graxos.

Em um estudo realizado com indivíduos saudáveis do sexo masculino, foi aplicada 6


semanas de dieta hipercalórica e hiperlipídica, combinada à realização de 60 a 90
minutos de exercício físico em jejum ou no estado alimentado (refeição 70% CH +1g
CH/kg/h de exercício). A figura a seguir ilustra o efeito da dieta hiperlipídica, sozinha
ou com exercício, com o estado de jejum ou alimentado, sobre a sensibilidade à
insulina.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Inicialmente (antes do início dos treinamentos físicos) a sensibilidade à insulina era
aumentada no grupo controle (alimentado), porém após as 6 semanas de exercício
houve redução da sensibilidade à insulina. Já no grupo que realizou a mesma dieta,
porém com refeições pré-treino ricas em carboidratos e reposição de carboidratos a
cada hora de exercício, houve aumento da sensibilidade à insulina após as 6 semanas.
Este grupo, por sua vez, apresentou um aumento da sensibilidade à insulina após 6
semanas de exercício.

Em outro estudo de 2012, homens ativos realizaram treinos aeróbicos contínuos de 40


a 60min de duração, com 60-80%Fcmax, no mínimo 3x por semana. Comparou-se
então a realização de tal exercício no estado de jejum e no estado alimentado, com
relação aos seguintes parâmetros: composição corporal, exame de urina e bioquímico
de sangue. Para tanto, foram realizadas avaliações 3 dias antes do início do Ramadã,
15 dias de Ramadã, 29 dias de Ramadã e 21 dias após o Ramadã. Os resultados deste
estudo indicaram que os indivíduos que realizaram o exercício em jejum tiveram maior
perda de peso e redução de gordura corporal, quando comparados aos indivíduos que
praticaram o exercício em estado alimentado.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Alguns exames bioquímicos dos indivíduos em jejum também apresentaram alterações,
conforme pode ser observado no quadro abaixo:

Em outro estudo, jovens saudáveis foram avaliados em duas sessões de 2h de pedal


(75% VO₂max), com 4h de recuperação monitorada. Este período então foi comparado
entre os indivíduos que realizaram a sessão de exercício em jejum e no estado
alimentado. No estado alimentado, foram consumidos aprox. 150g de carboidratos
antes do exercício e 1g de carboidrato por kg/h durante o exercício. Após os exercícios,
os dois grupos receberam 5g cho/kg durante a recuperação, e foram avaliadas a
facilidade em degradar lipídeos Intramusculares e a melhora na ressíntese de
glicogênio pós exercício.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
No gráfico 1, pode-se observar o efeito do exercício em jejum versus estado
alimentado com carboidratos com relação ao conteúdo de lipídeos intramusculares
(fibras tipo 1 e fibras tipo 2a) antes, imediatamente após e 4h após o treino. No gráfico
2, é ilustrado o efeito do exercício em realizado em jejum, em comparação ao estado
alimentado com carboidratos, no glicogênio muscular após atividade de síntese (antes,
após e 4h após o treino).

1 2

Conclui-se deste estudo que, durante o exercício em jejum, existe maior utilização
tanto de gorduras intracelulares que já está aumentada para produção de energia,
quanto do glicogênio muscular estocado. No pós exercício, observou-se ainda que o
grupo em jejum realizou maior reposição de glicogênio muscular dentro do período de
4 horas de recuperação, quando comparado ao grupo alimentado.

A tabela abaixo apresenta a avaliação e comparação de alguns parâmetros entre os


indivíduos que realizaram o exercício em jejum ou no estado alimentado. Com relação

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
aos metabólitos de glicose, observou-se que os indivíduos alimentados tiveram uma
manutenção da glicemia no pré e no pós treino. Já os indivíduos em jejum fizeram uma
redução significativa destes metabólitos no pós-treino, porém após 4 horas os níveis
glicêmicos estavam ainda melhores do que quando iniciaram este exercício físico, o
que indica uma potencialização do metabolismo da glicose.

Observando os ácidos graxos livres, o grupo alimentado apresentou uma mobilização


do tecido adiposo no exercício e aumento deste parâmetro no sangue. 4 horas depois,
com o consumo de carboidratos, os níveis caíram drasticamente, inclusive quando
comparados aos valores pré-exercício. Já no grupo do jejum, o exercício foi iniciado
com um nível 7x maior de ácidos graxos no sangue, quando comparado com o grupo
alimentado. Durante o exercício, os níceis de ácidos graxos livres são ainda
potencializados, e no pós exercício, tal quesito volta aos níveis normais.

Com relação ao cortisol, não existiram alterações significativas no pré, durante ou pós
exercício dos indivíduos alimentados. Já no grupo do jejum, houve um aumento dos
níveis de cortisol durante o exercício (não significativo), porém no pós-exercício esses
níveis voltam a níveis muito mais baixos, o que é significativo quando comparado aos
níveis de cortisol antes do treinamento. Assim o estresse metabólico do exercício não
é prolongado.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
Partindo para o treino de resistência, pode-se citar um estudo feito em 2010 com o
objetivo de estimular mecanismos anabólicos e miogênicos nas células musculares.
Lembrando que, no exercício de força, o objetivo é a resposta anabólica através da via
do mTOR1, que promove a síntese proteica através de proteínas regulatórias como a
p70S6K. Neste estudo os indivíduos foram avaliados após a sessão de exercícios de
resistência e de 4h de descanso (com comparações entre indivíduos que realizaram
exercícios no estado alimentados e no jejum). No estado alimentado, foi consumido
um líquido contendo 50g carboidratos/L + 16,6g leucina/L + 30g proteína hidrolisada/L
- 6ml/kg de peso.

Os gráficos a seguir demonstram que, quando se trata de ganho de massa muscular, o


principal estímulo ocorre pelo exercício, e a melhor performance é no estado
alimentado.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM E EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA
Uma avaliação do efeito do treino de resistência no estado de jejum e alimentado
durante o Ramadã foi realizada em um estudo, com posterior avaliação sobre o efeito
na composição corporal e em parâmetros metabólicos em Bodybuilders. 16 Homens
foram divididos em 2 grupos: a) Treino de resistência no final da tarde em estado de
Jejum; b) treino de resistência no final da noite em estado Alimentado. A coleta de
dados foi realizada 2 dias antes de iniciar o estudo e no 29° dia de Ramadã, e incluiu
antropometria, questionário dietético, glicemia em Jejum e amostras de urina.

Observa-se que os indivíduos em jejum não tiveram alteração da composição corporal


no Ramadã, da mesma forma que o grupo alimentado. O percentual de gordura
diminuiu no exercício em jejum, porém não apresentou diferença significativa, e da
mesma forma ocorreu nos indivíduos alimentados. Sendo assim, a princípio, fazer
exercício de resistência em jejum não parece trazer benefício algum, porém mostra-se

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
a necessidade de garantir consumo de misturas contendo carboidratos, proteína e
leucina logo após a sessão de exercício.

Outro estudo, realizado em 2013, avaliou o dano muscular através dos níveis de
marcadores inflamatórios e oxidativos. Para tanto, foram realizados exercícios
excêntricos de membros superiores por 5 dias consecutivos, com um grupo em jejum
de 8h e em um grupo alimentado (refeição com 810–860 kcal). Houve maiores níveis
de Oxido Nítrico nos indivíduos em jejum, ao longo do período de exercícios, porém
tais resultados não são significativos. Com relação à inflamação, também não existem
efeitos significativamente diferentes, porém o exercício em jejum tende a resultar em
menores níveis de inflamação induzida pelo exercício, pela observação de menores
níveis de TNFα. Com relação ao dano e dor muscular, não houve diferença significativa.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
JEJUM EM OUTRAS OCASIÕES
Em situações de asma, estudos mostram a redução de marcadores de danos oxidativos
e inflamação com jejum de dias alternados entre 2-4 semanas. No sobrepeso e risco de
câncer de mama, observa-se redução do estresse oxidativo e inflamação com dieta 2:5.
E com relação ao percentual de gordura corporal e o humor, observa-se efeito
benéfico em homens com idade avançada com dieta 2:5.

Em terapias antiaging, o jejum se aplica no controle dos níveis de IGF e níveis de


Insulina, com protocolos de 3-5 dias de jejum. Também há redução da glicemia,

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância
insulinemia e IGF-1, bem como aumento do IGFBP1 (que inibe a ação do IGF-1).
Apenas a restrição energética já pode trazer esse efeito benéfico, porém ela deve ser
acompanhada pelo controle do consumo de aminoácidos (que pode estimular o IGF-1
de forma não desejada). Também há estudos que apresentam benefícios do jejum nos
quadros de artrite reumatoide, com possível redução de dor e de marcadores
inflamatórios com jejum de 1-3 semanas.

CONTRA INDICAÇÕES DO JEJUM


• Longos períodos de jejum são associados a queixas como dores de cabeça, tonturas
e irritabilidade.
• Risco em indivíduos de idade avançada, pois pode ocorrer redução na eficiência do
sistema imunológico, na capacidade de responder a doenças infecciosas e
cicatrização.
• Indivíduos de baixo peso.
• Distúrbios Alimentares.
• IMC > 40 kg/m².
• Doença Hepática e/ou Renal.
• Úlcera gástrica.
• Alcoolismo.
• Psicose.
• Gestação/Lactação.
• Perda de peso inexplicável.
• Uso de diuréticos.

Apostila do Curso de Jejum Intermitente.


Ensino à Distância

Você também pode gostar