Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2010
2
I. Objetivos da Disciplina
Esta apostila tem a finalidade de oferecer suporte para a elaboração de uma
conduta nutricional dentro dos Princípios e Diretrizes da Política Nacional de
Humanização (HumanizaSUS), de Alimentação e Nutrição, assim como das
Recomendações da Organização Mundial de Saúde, habilitando o graduando a
propor e monitorar intervenções nutricionais e coletivas voltadas para o grupo
materno infantil.
DATA CONTEÚDO
01/03 Apresentação da disciplina
Entrega do calendário acadêmico
Perfil Epidemiológico da população materno-infantil
Psicologia e comportamento alimentar na gestação
08/03 Ajustes Fisiológicos da gestação
Introdução a Assistência Nutricional pré-natal
15/03 Assistência Nutricional pré-natal:
- Avaliação do estado nutricional da gestante;
- Exercício
22/03 Assistência Nutricional pré-natal:
- Recomendações nutricionais na gestação
- Prescrição dietética
29/03 Principais orientações nutricionais na gestação
- Anemia, constipação, enjôos, picamalácia, controle de peso , e gestante
adolescente
05/04 Caso Clínico Gestante
12/04 P1
19/04 Correção e vista de prova
Aleitamento materno
26/04 Aleitamento Materno
03/05 Atendimento nutricional da lactante:
- Avaliação Nutricional e recomendações nutricionais
Nutrição Infantil: Bases Fisiológicas no 1º ano de vida
10/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Avaliação nutricional < 2 anos
- Aleitamento Artificial
Exercício cálculo mamadeira
17/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Introdução da Alimentação Complementar
24/05 Aula prática – mamadeira e papas
31/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Avaliação nutricional de crianças entre 2 e 10 anos;
- Recomendações nutricionais para crianças entre 2 e 10 anos;
- Prescrição de cardápio calculado
Exercício crianças
07/06 Atendimento nutricional do adolescente:
- Avaliação Nutricional
3
- Recomendações Nutricionais
- Prescrição de dieta calculada
- Principais orientações nutricionais
14/06 Caso Clínico
21/06 P2
28/06 2ª chamada
05/07 P6
4
GRAVIDEZ
CRISE TRANSIÇÃO
MUDANÇAS
Fisiológicas
Sócio-econômicas
Psicológicas
5
PRIMEIRO TRIMESTRE:
- Intenso processo de “ambivalência afetiva”
- Expectativas com a reação do outro
- Dúvidas sobre a existência da gravidez
- Hipersonia
- Supervalorização das crenças
- Insegurança
- Necessidade de atenção
- Alterações do paladar e olfato
- Oscilações de humor
(Videla 1990)
6
Desejos e repulsas
Vontade compulsiva por determinado alimento
Segundo THRETHOVAN & DICKENS (1972), tais sinais têm como base:
a) Aspectos culturais
b) Teorias fisiológicas (Ex: picamalácia)
c) Aspectos psicológicos: necessidade de atenção, insegurança...
d) Alterações do paladar e olfato
Aumento do apetite
Podem atingir níveis de voracidade com conseqüente aumento de peso
Dificuldade de manter a alimentação adequada: mecanismo de
autoproteção, induzindo a mãe a compensar possíveis perdas
SEGUNDO TRIMESTRE
Comportamento alimentar
A melhora da êmese pode resultar em um comportamento compensatório
de descontrole alimentar e ganho excessivo de peso
(efeito fisiológico voltado para a recuperação do peso ou mesmo preocupação
excessiva da mãe)
7
TERCEIRO TRIMESTRE
• Elevação do nível de ansiedade
• Medo da morte
• Medo de problemas com a saúde do bebê
• Angústia gerada pela futura mudança de rotina
• Medo de não ter passagem para o bebê nascer
• Intensificação dos sonhos
• Aumento ou diminuição do apetite
2. Assistência ao Pré-Natal
Conceito de Pré-Natal: Compreende um conjunto de procedimentos que visam
acompanhar os processos fisiológicos, naturais, espontâneos, bem como rastrear o
desencadeamento de entidades mórbidas próprias ou incidentes ao processo
gestacional cujo diagnóstico precoce e instituição de terapêutica adequada
objetivam preservar a saúde do binômio mães-filho (Resende,1999).
Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é
fundamental para para a saúde materna e neonatal.
No Brasil, vem ocorrendo um aumento no número de consultas de pré-natal
por mulher que realiza o parto no SUS, partindo de 1,2 consultas por parto em 1995
para 5,45 consultas por parto em 2005.
Apesar da ampliação na cobertura, alguns dados demonstram
comprometimento da qualidade dessa atenção, tais como a incidência de sífilis
congênita, o fato de a hipertensão arterial ainda ser a causa mais freqüente de morte
materna no Brasil, e o fato de que somente pequena parcela das gestantes inscritas
8
Considerar o outro como sujeito e não como objeto passivo da nossa atenção
é a base que sustenta o processo de humanização.(MS,2006)
Entende-se por humanização: a valorização dos diferentes sujeitos
implicados
no processo de produção de saúde – usuários(as), trabalhadores(as) e
gestores(as);fomento da autonomia e protagonismo desses sujeitos; a co-
responsabilidade entre eles; o estabelecimento de vínculos solidários e de
participação coletiva no processo de gestão; identificação das necessidades sociais
de saúde; mudança nos modelos de atenção e gestão; compromisso com a
ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento.
Estados e municípios necessitam dispor de uma rede de serviços organizada
para
a atenção obstétrica e neonatal, com mecanismos estabelecidos de
referência e contra referência, considerando critérios diversos.
Profissionais do Serviço de Nutrição são fundamentais na atenção à gestante
e puérperas para se atingir um cuidado perinatal efetivo, com gestantes, puérperas
e recém-natos com estado nutricional dentro do limiar da normaildade de acordo
com a WHO,2005.
Cardiopatias;
Pneumopatias;
Nefropatias;
Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus);
Hemopatias;
Hipertensão arterial moderada ou grave e/ou fazendo uso de
antihipertensivo;
Epilepsia;
Infecção urinária;
Portadoras de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo
HIV, sífilis e outras DST);
Doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras).
a) História Clínica
Identificação(nome,idade,cor,naturalidade,procedência,endereço
atual)
Dados Socioeconômicos
Grau de instrução;
Profissão/ocupação;
Estado civil/união;
Número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho
doméstico);
Renda familiar;
Pessoas da família com renda;
Condições de moradia(tipo,número de cômodos)
Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);
Distância da residência até a unidade de saúde.
Antecedentes familiares ( Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes
Mellitus, Doenças Congênitas,gemelaridade, câncer de mama e/ou
colo de útero, tuberculose, cardiopatias inclusive Doença de
Chagas;Parceiro Sexual portador de HIV);
Antecedentes pessoais (Hipertensão Arterial Crônica, hipertensão
arterial crônica;cardiopatias, inclusive doença de Chagas; diabetes
mellitus; doenças renais crônicas; anemias e deficiências de
nutrientes específicos; desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição,
sobrepeso, obesidade); epilepsia; doenças da tireóide e outras
endocrinopatias; malária; viroses (rubéola, hepatite); alergias;
hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas; portadora de
Infecção pelo HIV (em uso de retrovirais? quais?); infecção do trato
urinário; doenças neurológicas e psiquiátricas; cirurgia (tipo e data);
transfusões de sangue.
Gestação Atual (Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação-
DUM), peso anterior à gestação, altura, sinais e sintomas da
gestaçãoe em curso; Medicamentos utilizados na gestação, História
13
b) Exame Físico
determinação do peso e da altura;
medida da pressão arterial (técnica no item 8.3);
inspeção da pele e das mucosas;
palpação da tireóide e de todo o pescoço, região cervical e axilar
pesquisa de nódulos ou outras anormalidades);
exame do abdômen;
exame dos membros inferiores;
pesquisa de edema (face, tronco, membros).
c) Exames Complementares
Verificar exames recentes já solicitado pelo profissional de Obstetrícia,
sendo que o Hemograma completo deverá ser solicitado nos início dos 3
trimestres e a Glicemia de jejum deverá ser repetido próximo à 30ª semana.
VACINAÇÃO ANTITETÂNICA
Objetivos:
TIPAGEM SANGÜÍNEA:
VDRL:
SUMÁRIO DE URINA:
Proteinúria:
o Traços (repetir com 15 dias)
o Traços + Hipertensão e/ou Edema
o Maciça
Piúria:
o Urinocultura c/ TSA
Hematúria:
o Piúria associada Urinocultura c/ TSA
o Isolada (excluir sangramento transvaginal)
Encaminhar serviço especializado, se excluido S.T.V.
Cilindrúria:
o Pré-natal de alto risco
Bacteriúria:
o Tratar
HEMOGLOBINA:
COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA:
Realizar nas pacientes cujo último exame tenha ocorrido há mais de um ano.
Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como data da última
menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de
um dos métodos acima descritos.
EXEMPLOS:
DUM: 13/9/04
DPP: (13+7=20/ 9-3=6)= 20/06/05
DUM:10/02/04
20
DPP: (10+7=17/2+9=11)
DUM:27/1/04
DPP:(27+7=34-31=3/1+9+1=11)3/11/04EDIME
NTOS
Mover o marcador menor (g) do zero da escala até o ponto em que haja o
equilíbrio entre o peso da escala e o peso da gestante (o braço da balança
fica em linha reta, e o cursor aponta para o ponto médio da escala);
Ler o peso em quilogramas na escala maior e em gramas na escala menor.
No caso de valores intermediários (entre os traços da escala), considerar o
menor valor. Por exemplo: se o cursor estiver entre 200 e 300 g, considerar
200g
Anotar o peso encontrado no prontuário e no cartão da gestante.
SUBNUTRIÇÃO MATERNA
AUMENTO INDADEQUADO DO VOLUME SANGÜÍNEO
AUMENTO INADDEQUADO DO DÉBITO CARDÍACO
PERFUSÃO PLACENTÁRIA INSUFICIENTE
SUBNUTRIÇÃO FETAL
Peso:Formas de Avaliar
Ganho de peso total:
24
Outras Medidas
Estatura
Qualidade da medida (postura, tendência à lordose)
Baixa estatura: BPN e obesidade
Perímetro braquial
Qualidade da medida
Usado “screanning” para baixo peso: Valor de referência: < 21cm (OMS, 1991)
Dobras Cutâneas
Limitações (técnica, retenção hídrica, mudança da alocação de gordura durante
a gravidez)
Alguns autores tem adotado uma adaptação dos critérios do IOM, WHO (1995) e
Atalah (1997)1 conforme tabela 2.
Adequado - A
(18,5-24,99) 1,6 0,4 11,5-16,0 1,0
Baixo Peso (BP): quando o valor do IMC for igual ou menor que os valores
apresentados na coluna correspondente a baixo peso;
Adequado (A): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a adequado;
Sobrepeso (SP): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a sobrepeso;
Obesidade (O): quando o valor do IMC for igual ou maior que os valores
apresentados na coluna correspondente a obesidade.
Adequado (A): seguir calendário habitual, explicar à gestante que seu peso
está adequado para a idade gestacional, dar orientação nutricional, visando à
manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis;
BIOQUÍMICOS
- limitações no monitoramento nutricional devido a hemodiluição fisiológica na
gestação;
- utiliza-se nas rotinas dos serviços de pré-natal a série vermelha.
Hematócrito
0 -12 semanas ≥33%
13-28 semanas ≥31,5%
29 – 40 semanas ≥33%
DIETÉTICOS
CICLO OVULATÓRIO:
A partir da puberdade a mulher começa a desenvolver ciclos sexuais, que
envolvem o hipotálamo, hipófise, ovário e útero. Estes ciclos preparam o sistema
genital para a gravidez e subdividem-se em ciclo ovariano e ciclo menstrual.
30
O ciclo ovariano:
As gonadotrofinas provocam alterações cíclicas nos ovários, são estas: o
desenvolvimento dos folículos, ovulação e formação do corpo Lúteo.
FECUNDAÇÃO:
É a seqüência de eventos que começa com o contato entre o espermatozóide
e o óvulo e terminam com a fusão de seus núcleos. Ocorre no terço distal da trompa.
O desenvolvimento
A medida em que o ovo segue pela trompa em direção ao útero, este sofre
rápidas divisões mitóticas e chega ao terço proximal da trompa com
aproximadamente dez células. Esta estrutura chega ao útero, agora com
aproximadamente 16 células no estágio chamado mórula. O processo de
implantação no endométrio uterino (nidação)ocorre no estágio chamado blástula.
este processo ocorre no 7o dia após a fecundação.
O processo de trocas entre o sangue materno e sangue fetal é feito
inicialmente a partir da decídua capsular. Só a partir da 3a semana estruturas
precursoras da placenta - as vilosidades, estão presentes.
A partir da 8a semana termina o período embrionário e inicia o período fetal.
Nesta etapa o feto já possui aparelho digestivo, respiratório, circulatório e urinários
praticamente prontos para a vida extra-uterina. Iniciam-se os movimentos fetais, no
entanto a mãe só pode percebê-los a partir da 16a a 20a semana de gestação.
A placenta
31
Cordão umbilical:
É geralmente inserido no centro da placenta, apresentando um diâmetro de
1 a 2 cm e comprimento de 50 a 60 cm, contém duas grandes artérias.
Líquido amniótico:
É constituído de água, células esfoliadas, gotículas de gordura, eletrólitos.
Apresenta um volume de aproximadamente30ml por volta da 1a semana
alcançando aproximadamente 1000ml próximo ao termo.
Nutrição fetal:
O processo de nutrição ocorre desde a etapa da fecundação. A medida em
que as estruturas placentárias se formam o processo torna-se mais complexo.
(semanas)
Hormônios na gravidez
A mulher secreta mais de trinta hormônios diferentes durante a gestação. A
maior parte dos hormônios são esteróides e protéicos e são sintetizados a partir de
precursores como os aminoácidos e o colesterol nas glândulas endócrinas
distribuídas no corpo. A produção hormonal é influenciada pelo estado nutricional e
de saúde da mãe. A progesterona e o estrogênio (hormônios protéicos) são os que
provocam o maior número de alterações na fisiologia materna durante a gravidez.
Os principais hormônios podem ser observados no quadro abaixo:
Efeitos hormonais no metabolismo da grávida
Hormônio Fonte principal de Principais efeitos
secreção
Aldosterona
Córtex da adrenal Promove a retenção de sódio e
eliminação de potássio
Cortisona Rins
Eleva os níveis de glicose a partir da
quebra de proteínas
Renina-angiotensina
Estimula a secreção de aldosterona,
promove a retenção hídrica e de sódio
Sistema respiratório
Sistema Urinário
Alterações comuns:
- diminuição da peristalse intestinal: provocada pela ação da progesterona na
musculatura lisa do intestino grosso que provoca, com grande freqüência, a
constipação intestinal.
- relaxamento do esfíncter esofagiano inferior: a ação da progesterona na
musculatura do esfíncter funcional esofagiano provoca com freqüência refluxo do
conteúdo gástrico. Tal fato pode ser sentido por grande parte das mulheres a partir
de sintomas como pirose, epigastralgias e intolerância à alimentos condimentados
e gordurosos.
- alteração no PH salivar: aliado as modificações nos hábitos alimentares
provocam cáries e gengivite, decorrentes da proliferação bacteriana.
35
Equilíbrio ácido-básico
Metabolismo
A taxa metabólica durante a gestação eleva-se na ordem de 5, 10 e 25% no 1º, 2º
e 3º trimestre de gestação respectivamente
________________________________________________
36
f) Hemorróidas
_ Recomendar à gestante:
• fazer dieta, a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário, prescrever
supositórios de glicerina;
• não usar papel higiênico colorido ou áspero (molhá-lo) e fazer higiene perianal
com água e sabão neutro, após defecação;
• fazer banhos de vapor ou compressas mornas;
• agendar consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente.
g) Corrimento vaginal
_ Explicar que um aumento de fluxo vaginal é comum na gestação.
38
_ Não prescrever cremes vaginais, desde que não haja diagnóstico de infecção
vaginal.
_ Agendar consulta médica, se ocorrer fluxo de cor amarelada, esverdeada ou
com odor fétido, ou caso haja prurido.
GE= TMB X NAF (GE – gasto energético ; NAF= nível de Atividade física)
39
3
Food and Agriculture Organization/WHO/UNU. Human energy Requirements. Report of a
joint FAO/WHO/UNU Expert Consultation. FAO. Food and Nutrition Techinical Report
Series. ISSN 1813-3932. Rome, oct 2001. Geneva:2004.
40
Necessidades protéicas:
Em 2007 o comitê FAO/WHO/UNU estimou o cálculo das necessidades
proteicas com base no adicional de 1g, 9g e 31g/dia no 1º, 2º, 3º trimestre
respectivamente, adicionados a 1g/kg/dia, ou seja, para uma mulher com peso
prégestacional normal:
Ex:60kg (PESO PRÉGESTACIONAL) na 25ª SG de gestação
60 X 1= 60 g + 9g (adicional do 2º trimestre) = 69g de proteinas/dia
Distribuição de macronutrientes:
- Carboidratos: 55 a75% do VET
- PTN: 10 a 15% do VET
- Lipídios: 15 a 30% do VET
Aporte hídrico: 3l de água/dia
Fibras: 25g por dia
GESTANTES ADOLESCENTES
Calculo do VET de 10 a 18 anos
TMB=13,384X P +692
MICRONUTRIENTES NA GESTAÇÃO
41
- VITAMINAS
Além dos macronutrientres, a alimentação deve ser rica em vitaminas e sais
minerais. As vitaminas atuam como coenzimas no metabolismo energético, como
por exemplo a niacina, riboflavina e tiamina, sendo que estas vitaminas determinam
a velocidade do processo de oxidação dos macronutrientes para a produção de
energia.
As quantidades destas vitaminas estão aumentadas na gestação, devendo
ser consumidas 1,4mg/dia de tiamina, 1,4mg/dia de riboflavina e 18mg/dia de
niacina.
A) ÁCIDO FÓLICO
O ácido fólico atua como coenzima de aminoácidos não essenciais e também
na síntese de DNA e RNA .Quando ocorre a deficiência desta vitamina, a divisão
42
B) VITAMINA B12
A vitamina B12 atua em conjunto com ácido fólico na síntese de DNA, sendo
que na falta desta vitamina a divisão celular será feita de forma inadequada e tendo
como conseqüência a anemia megaloblástica, leucopenia e trombocitopenia.
A deficiência de vitamina B12 é grave, pois acomete o sistema nervoso
central, porém a deficiência é rara, podendo ser encontrada em todos os alimentos
de origem animal e também por ser produzido pelos microorganismos do intestino.
A deficiência ocorre em alguns indivíduos pela falta de fator intrínseco, sendo que
estes são responsáveis pela absorção de vitamina B12 ou pelo uso inadequado de
antibióticos, reduzindo de forma intensa a flora bacteriana intestinal.
C) VITAMINA B6 ( PIRIDOXINA)
D) VITAMINA A
E) VITAMINA C
G) VITAMINA E
A forma ativa da vitamina E é o alfa- tocoferol. Esta vitamina atua evitando a
oxidação dos ácidos graxos polinsaturados que compõem as membranas celulares
e evita a oxidação da vitamina A, fazendo com que a mesma seja melhor absorvida.
As necessidades de vitamina E estão aumentadas, porém não há relatos da
deficiência em seres humanos e nem tão pouco está associada com a fertilidade.
A quantidade recomendada para gestantes é de 15UI e esta vitamina é
encontrada nos óleos vegetais, nozes, sementes e grãos integrais.
H) VITAMINA K
Para a vitamina k não há recomendações uniformemente estabelecidas
durante a gravidez, porém a deficiência desta vitamina está associada com baixos
níveis séricos de protrombina plasmática.
A deficiência de vitamina k geralmente ocorre quando a gestante faz uso de
antibióticos ou sulfonamidas, pois estes medicamentos depletam a vitamina k, sendo
que a maior parte desta, é produzida pelas bactérias intestinais como a Escherichia
Coli. O excesso de vitamina k está associada com a anemia hemolítica nos recém-
nascidos com complicações como hiperbilirrubinemia e icterícia, sendo que, muitas
vezes, este quadro pode ser fatal.
A vitamina k está amplamente distribuída na natureza e as melhores fontes
são todas as folhas verdes, couve-flor, batata, morango.
- MINERAIS
Atuam auxiliando as reações químicas, fazendo com que as mesmas
ocorram de forma harmoniosa evitando que seja feita lenta ou rapidamente , não
permitindo prejuízos para o organismo.
46
A) CÁLCIO E FÓSFORO
O cálcio e o fósforo são fundamentais durante a gravidez, pois estes
micronutrientes favorecem a mineralização adequada do esqueleto e dos dentes
temporários do feto. No último trimestre de gestação, onde ocorre predominância
das atividades de crescimento, o feto consegue adquirir maior parte de seu cálcio.
Durante a gestação ocorrem freqüentes ajustes no metabolismo do cálcio
micronutriente.
trimestre, porém no terceiro trimestre deve-se adicionar 400 mg, ou seja, 1200
mg/dia, sendo que esta cota deve permanecer durante o período de lactação. A
47
produção de leite materno por dia é de 850 ml e contém cerca de 300 ml de cálcio,
dificultando a absorção de cálcio, tais como o ácido oxálico e ácido fítico. Estas
no intestino, não podendo ser absorvidos. O ácido oxálico é encontrado nas folhas
B) FÓSFORO
As necessidades de fósforo são as mesmas do cálcio, ou seja, 700mg com
adicional extra de 400mg. o cálcio e o fósforo estão presentes no sangue em
quantidades proporcionais, porém se um nutriente estiver em maior quantidade o
outro nutriente terá dificuldade de ser absorvido, como por exemplo, o excesso de
fósforo que se liga ao cálcio e diminui a quantidade de cálcio absorvido .
Dificilmente ocorre deficiência de fósforo, pois quase todos os alimentos
contém este nutriente. O fósforo está presente nas carnes, vísceras, aves, peixe,
ovos, feijões, ervilhas, leite e derivados .
C) FERRO
É um mineral que atua no organismo produzindo maiores quantidades de
hemoglobina nas hemácias maternas e fetais, reforçando a eritropoiese. A
48
D) IODO
Atua na síntese dos hormônios da tireóide ( T3 triiodotironina e T4 tironina). A
função destes hormônios é aumentar a taxa de oxidação das células do corpo,
aumentando, contudo a taxa de metabolismo basal.
A deficiência de iodo está associada com o bócio endêmico, porém a
gestante com níveis baixos de iodo poderá ter seu filho portador de cretinismo. Esta
doença é caracterizada por retardamento mental e físico, abdome distendido, e
características faciais semelhantes as de crianças com Síndrome de Down.
A cota diária recomendada é de 220g e as principais fontes são os peixes
do mar, crustáceos, espinafre e agrião.
49
E) SÓDIO
Durante a gestação ocorre alterações do metabolismo de sódio, sendo que
este nutriente é fundamental para o equilíbrio hídrico no organismo .
O sódio não deve ser restringido para as gestantes que apresentam edema,
tendo em vista que este é um sinal comum desde que não esteja associado com
hipertensão arterial .
As conseqüências da restrição de sal está associada com a hiponatremia
(baixo níveis de sódio sangüíneo) neonatal e também causa danos ao sistema
renina angiotensina aldosterona ,sendo que este encontra-se sobrecarregado no
período de restrição de sódio e tem a função de manter o equilíbrio hidroeletrolítico.
O sódio deve ser consumido com moderação, mesmo que esteja isenta de
hipertensão arterial. As recomendações da CDR para o sódio é de 2 a 3g /dia .
F) ZINCO
É um elemento importante devido a sua presença na insulina e em algumas
enzimas e ser fundamental para a atividade de outras. O zinco compõe a anidrase
carbônica, sendo que esta se localiza nos eritrócitos e tem a função de manter o
equilíbrio ácido-básico no organismo.
O zinco influencia na produção e metabolismo das proteínas e
principalmente na síntese de DNA e RNA que são responsáveis pela divisão
celular, sendo fundamental para reprodução.
Vit C (mg/dia) 80 85
Ferro (mg/dia) 27 27
Zinco (mg/dia) 13 11
Flúor (mg/dia) 3 3
Selênio (mcg/dia) 60 60
Recomendações – RDA 90
No atendimento:
- realizar anamnese alimentar;
- elaborar o plano alimentar;
- esclarecer a paciente o plano diário proposto ;
- fazer modificação na quantidade e/ou qualidade da alimentação de acordo com
a avaliação que a gestante fizer do plano;(é importante a paciente estar
esclarecida e de acordo com o planejado;
- dar orientações gerais tais como:
- Realizar todas as refeições prescritas no plano dietético;
- Consumir 2l de água por dia;
- Consumir alimentos ricos em fibras tais como : (dar exemplos de
alimentos de aceitação da gestante);
- Evitar o consumo excessivo de alimentos de alimentos salgados,
gordurosos e com muito açúcar;
- Consumir alimentos ricos em ferro (ex: carnes vermelhas, fígado, ... citar
exemplos de fácil aceitação) e vit. C (idem, citar exemplos...).
** Não permitir que a gestante emagreça, mas sim manter o aumento do peso
recomendado.
5. ALEITAMENTO MATERNO
A prática de aleitamento materno através do tempo
Fisiologia da lactação
Fisiologia da lactação
A composição em uma mesma mulher varia com a hora do dia, com o tempo de
amamentação, paridade, idade materna, idade gestacional do parto, variando
inclusive, em uma mesma mamada.
Colostro:
Leite maduro:
Proteínas
Apresenta menor teor de proteínas comparado ao leite de vaca. As principais
proteínas encontradas são a caseína (proteína do coágulo) e a lactalbumina
(proteína do soro).Contém também β-galactalbumina, imunoglobulinas e outras
glicoproteínas. O LH contém 0,8 a 0,9g de proteína por 100ml, comparado a 3,5g
no leite de vaca.
Lipídeos:
Quase 90% dos lipídios no LH estão sob a forma de TCM. O teor de ácido graxo
essencial – ácido linoleico e demais é consideravelmente superior no LH em relação
59
ao leite de vaca, enquanto que os ácidos graxos saturados estão mais presentes no
LV.
Glicídios:
Lactose – fonte principal de glicídios. O LH apresenta quantidades maiores de
glicosaminas – fonte de alimentação da flora bífida.
Lactobacilos bífidos: desdobra glicose em ácido lático e ácido acético, diminuindo o
PH intestinal do recém-nascido.
O LH contém amilase láctea: facilita a digestão dos glicídios.
Concentração de Oligoelementos
Carga de soluto renal proporcionado por vários leites
alimentos Carga aproximada de soluto renal
(mosmol/100kcal)
Leite humano 10
Mamadeira 20
Leite de vaca 40
Leite desnatado 70
Dieta mista 60
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
1 - Como tirar o leite:
Pegue um vidro com tampa plástica (maionese ou café solúvel);
Retire o papelão da tampa plástica;
Ferva vidro e tampa por 20 minutos. Não seque, só escorra. Coloque a data;
Lave bem as mãos até o cotovelo e escove as unhas (que devem ser curtas)
com água e sabão. Seque em toalha individual;
Procure um local tranqüilo, limpo e longe de animais, não fume ou converse.
Sinta-se relaxada!
Faça massagens circulares nas mamas, com as pontas dos dedos. Despreze
as primeiras gotas;
61
FÁRMACOS e Lactação
Leite Humano
Outros cuidados:
Considerar a possibilidade de dosar a droga na corrente sanguínea do recém-
nascido.
Orientar a mãe a observar a criança com relação aos possíveis efeitos
colaterais: padrão alimentar, hábito de sono, agitação, tônus muscular e
distúrbios gastrintestinais.
Evitar drogas de ação prolongada pela maior dificuldade de serem excretadas
pelo lactente.
Orientar a mãe para tirar o leite com antecedência e estocar no congelador
para alimentar o bebê no caso de interrupção temporária da amamentação.
- Fissura mamária
- Ingurgitamento mamário
- Mastite
- Abscesso mamário
- Hipergalactia
- Hipogalactia
- Bicos achatados, invertidos, pseudo-invertidos
Recomendações energéticas
Conteúdo energético médio de leite de mães bem nutridas: 67kcal/100ml
Eficiência na conversão de energia alimentar em energia Láctea: 80%
Secreção média de leite: 807ml/dia (807X0,67, 0,8= 675kcal/dia
Mobilização das reservas de tecido adiposo materno durante a gravidez : 170kcal
por dia
675-170= 505kcal adicionais para mulheres que fizeram reserva
CALORIAS ADICIONAIS REQUERIDAS: 505kcal/dia até o 6º mês pós parto e
460 KCAL no 2º semestre.
OBS: para mulheres que não fizeram reserva adiposa na gestação o adicional
deverá ser de 675kcal por dia no 1º semestre.
SITUAÇÕES:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
-
CASO CLÍNICO
Mulher, 23 anos está na 12º semana da sua primeira gestação. Trabalha como
manicure em um salão de beleza. Ela mede 1,67m e pesa 54,4kg. Seu peso antes
da gestação era de 53,5kg. Pressão arterial 120 x 80mmHg e hemoglobina sérica
de 8,4 mg/dL. Paciente relata fumar 1 maço de cigarro por dia e beber cerveja nos
finais de semana. História pregressa de grande fluxo menstrual.
História dietética:
açúcar 1 colher de
sopa
Almoço arroz 4 colheres
14:00h de sopa de
arroz
cozido
feijão 5 colheres
de sopa de
feijão
cozido
bife 1 unidade
média
Jantar macarrão 4 colheres
22:00h de sopa
cheia de
macarrão
cozido
Carne 2 colheres
moída de sopa de
carne
moída
TOTAL
Pede-se:
a) avaliação do consumo alimentar;
b) avaliação do estado nutricional (avaliação antropométrica e laboratorial);
c) conduta dietoterápica;
d) recomendações e orientações;
e) exemplo de cardápio.