Você está na página 1de 16

Artigo de Revisão Página |1

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM PROBIÓTICOS SOBRE AS


DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS (DII)

EFFECTS OF SUPPLEMENTATION WITH PROBIOTICS ON INTESTINAL


INFLAMMATORY DISEASES (DII)

Eliudy Marinho de Sousa¹


Débora Paloma Sousa de Paiva¹
¹ Aluno de Graduação, Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Piauí

RESUMO

Introdução: Muitas evidências apoiam a hipótese do envolvimento da


microbiota intestinal na patogênese das doenças inflamatórias intestinais e os
probióticos têm grande potencial para futuras abordagens terapêuticas na
doença inflamatória intestinal. Objetivo: Trazer informações atualizadas sobre
o papel benéfico dos probióticos na Doença Inflamatória Intestinal.
Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa realizada nas bases de
dados Scielo, Pubmed, LILACS e ScienceDirect, incluindo estudos publicados
entre os anos de 2008 a 2018. Os descritores utilizados: “probiotics”, “Colitis
Ulcerative”, “Crohn Disease” e “Inflammatory Bowel Diseases”. Resultados: A
suplementação com probióticos mostrou resultados na melhora dos sintomas
das DII além de diminuir as recaídas e melhorar os índices de remissão da
doença. Alguns estudos evidenciaram ainda aumento na quantidade de
bactérias benéficas no intestino e melhora do sistema imune. Conclusão:
Conclui-se que os efeitos terapêuticos da suplementação com probióticos inclui
a diminuição da progressão da doença e de suas complicações, contribuindo
para a redução da mortalidade por doenças inflamatórias intestinais.

Palavras-chave: probióticos; colite ulcerativa; doença de Crohn; Doenças


inflamatórias intestinais.

ABSTRACT
Introduction: Many intestinal and pathogenic intestinal epidemics of
inflammatory bowel and bone diseases have great potential for future
therapeutic pathways in intestinal bowel disease. Objective: To provide up-to-
date information on the beneficial role of probiotics in Inflammatory Bowel
Disease. Methodology: This is an integrative review carried out in the
databases SciELO, Pubmed, LILACS and ScienceDirect, with the aim of
sharing studies about the years 2008 to 2018. The descriptors used:
"probiotics", "ulcerative colitis", " Crohn's disease "and" Inflammatory Bowel
Diseases ". Results: Supplementation with probiotics presents results in the
improvement of the symptoms of IBD, in addition to reducing and recovering the
remission rates of the disease. Some studies have also shown the presence of
Artigo de Revisão Página |2

a number of beneficial statistics in the gut and in the improvement of the


immune system. Conclusion: It is concluded with the probiotics of probiotic
supplementation with progression of the disease and its complication,
contributing to the reduction of deaths from intestinal lung diseases.

Keywords: probiotics; ulcerative colitis; Crohn's Disease; Inflammatory


Bowel Diseases.

INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as doenças inflamatórias intestinais (DII) surgiram
como uma das condições humanas mais estudadas relacionadas à microbiota
intestinal. As DII compreende tanto a doença de Crohn (DC) quanto à colite
ulcerativa (RC), que são inflamações crônicas no trato gastrointestinal e juntas
afetam mais de 3,6 milhões de pessoas (SARTOR, 2008; JOSTINS et al.,
2014). A patogênese subjacente permanece incerta, embora a teoria mais
amplamente aceita gira em torno de mudanças na resposta imune do
hospedeiro em indivíduos geneticamente suscetíveis à microbiota intestinal que
é desencadeada por estímulos ambientais (KNIGHTS et al., 2013).

Embora CD e UC compartilhem uma série de características clínicas,


existem importantes distinções nos padrões de incidência, localização da
doença, histopatologia e características endoscópicas que sugerem haver
diferenças nas vias subjacentes que direcionam cada doença (BERNSTEIN;
SHANAHAN, 2008).

O intestino humano normalmente abriga aproximadamente 10 14 organismos


bacterianos de até 1000 espécies diferentes; esta comunidade bacteriana pode
adicionar até 1-2 kg (WHELAN K; QUIGLEY, 2013). No total, o número de
bactérias intestinais é aproximadamente dez vezes o número de células que
constituem o corpo humano, com o genoma bacteriano coletivo, também
chamado de microbioma, contendo 100 vezes mais genes do que todo o
genoma humano (STEPHANI et al., 2011; TSAI; COYLE, 2009).

Muitas evidências apoiam a hipótese do envolvimento da microbiota


intestinal na patogênese da DII. A doença de Crohn (DC) e a colite ulcerativa
(RC) tendem a ocorrer no cólon e no íleo distal, que contêm as maiores
Artigo de Revisão Página |3

concentrações bacterianas intestinais (SARTOR, 2008). Os probióticos são


microrganismos vivos específicos que, quando ingeridos em quantidades
suficientes, podem promover a saúde no hospedeiro (BORCHERS et al., 2009).

Definitivamente, os probióticos têm grande potencial para futuras


abordagens terapêuticas na doença inflamatória intestinal. No entanto,
considerando que mais pesquisas são necessárias para identificar cepas
probióticas específicas ou suas combinações que serão mais eficientes para
terapias de diferentes tipos e estágios de atividade da inflamação intestinal o
objetivo desta revisão é trazer informações atualizadas sobre o papel benéfico
dos probióticos na Doença Inflamatória Intestinal.

METODOLOGIA

O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados Scielo,


Pubmed, LILACS e ScienceDirect, nos últimos dez anos, considerando como
critério de inclusão estudos que avaliaram os efeitos da suplementação com
probióticos sobre as doenças inflamatórias intestinais. Foram utilizados artigos
nos idiomas Português e Inglês. Os artigos foram selecionados quanto á
originalidade e relevância, considerando-se o rigor e adequação do
delineamento da pesquisa.

A busca por referências bibliográficas foi realizada utilizando as palavras


chave: “probiotics”, “Colitis Ulcerative”, “Crohn Disease” e “Inflammatory Bowel
Diseases". O levantamento bibliográfico abrangeu os seguintes tipos de
estudos: ensaios clínicos controlados randomizados, estudos de caso-controle,
estudos retrospectivos, estudos prospectivos, sendo encontrados 45 artigos,
dos quais 37 foram utilizados que se relacionavam com esta pesquisa
bibliográfica. Foram excluídos artigos fora da faixa de tempo estabelecida e
artigos que apenas citem a utilização de probióticos sem relato dos benefícios
como foco central do estudo.

REFERENCIAL TEÓRICO

Aspectos gerais sobre a Doença Intestinal Inflamatória (DII)

A doença inflamatória intestinal (DII) pode ser definida como uma doença
de fisiologia, microbiologia, imunologia e genética interrompidas. Esta doença
Artigo de Revisão Página |4

inclui principalmente a doença de Crohn (DC) e colite ulcerativa (CU), que são
caracterizadas por inflamação crônica do trato gastrointestinal. A doença de
Crohn e a colite ulcerativa diferem pela localização intestinal e características
da inflamação, sendo que a inflamação na DC ocorre em qualquer lugar no
trato gastrointestinal, enquanto que na CU começa no reto e se restringe ao
cólon (MULDER et al., 2014).

Nem a doença de Crohn nem a colite ulcerativa são fatais, mas ambas são
condições debilitantes: os pacientes afetados apresentam uma variedade de
sintomas associados à inflamação do intestino, incluindo dor abdominal, febre,
vômitos, diarréia, sangramento retal, anemia e perda de peso. Atualmente não
há cura conhecida, mas os sintomas podem ser controlados através de anti-
inflamatórios esteroidais ou imunossupressores para reduzir a inflamação,
mudanças na dieta para tentar remover os gatilhos ambientais e (em casos
graves) a cirurgia para remover porções danificadas do intestino (BAUMGART;
SANDBORN, 2007; BERNSTEIN et al., 2010).

Diversos fatores, que podem ser ambientais, genéticos, imunológicos e


microbianos, contribuem para o desenvolvimento da doença inflamatória
intestinal (DII). Embora a etiologia exata da DII permaneça incerta, acredita-se
ser o resultado de respostas imunes aberrantes complexas a fatores
ambientais ainda indeterminados (provavelmente microrganismos intestinais)
no trato gastrointestinal de hospedeiros geneticamente suscetíveis (WEHKAMP
et al., 2013; OREL, 2014).

Estudos da genética humana em grande escala, em um total de 75.000


casos e controles, revelaram 163 loci de suscetibilidade ao hospedeiro até o
momento (JOSTINS et al., 2012). Esses loci são enriquecidos por vias que
interagem com fatores ambientais para modular a homeostase intestinal. A
incidência da doença tem aumentado nas últimas décadas, destacando ainda
mais o papel dos fatores ambientais nessa doença (MOLODECKY et al., 2012;
KHOR et al., 2011).

A prevalência global da doença inflamatória intestinal está aumentando,


com o rápido aumento das taxas de incidência ocorrendo à medida que mais
países adotam um estilo de vida "ocidentalizado". As taxas de incidência
Artigo de Revisão Página |5

também estão aumentando em pessoas mais jovens, aumentando a pressão


sobre os recursos de saúde (particularmente porque a DII de início precoce tem
sido associada a um risco sobre o desenvolvimento do câncer colorretal
(M’KOMA, 2013)).

Na América do Norte a prevalência desta doença é de aproximadamente


249/100.000 pessoas na colite ulcerativa e 319/100.000 pessoas na doença de
Crohn. No geral, a doença inflamatória intestinal representa uma significativa
carga de saúde global que é de preocupação crescente (MOLODECKY et al.,
2012).

Microbiota intestinal humana


As comunidades microbianas hospedadas pelo intestino humano
compreendem uma área nova, fascinante e promissora para entender o
desenvolvimento das funções intestinais e alguns distúrbios de saúde e
doenças, bem como seu tratamento e prevenção. Embora os termos
“microbiota” e “microbioma” sejam frequentemente usados de forma
intercambiável, a microbiota refere-se aos organismos que compõem a
comunidade microbiana, enquanto o microbioma refere-se aos genomas
coletivos dos micróbios (ARRIETA et al., 2014; SAAVEDRA; DATTILO, 2012).

A microbiota intestinal, o maior reservatório de micróbios no corpo,


coexiste com o seu hospedeiro em concentrações variáveis ao longo do trato
gastrointestinal, atingindo um nível superior no cólon de 1011 ou 1012 células /g
de conteúdo luminal (DAVE et al., 2012). Mais de 99% da microbiota intestinal
é composta de espécies dentro de 4 divisões bacterianas: Firmicutes,
Bacteroidetes, Proteobacteria e Actinobacteria. Certas bactérias produtoras de
butirato, incluindo Faecalibacterium prausnitzii, Roseburia intestinalis e
Bacteroides uniformis, foram identificadas como membros-chave da microbiota
intestinal adulta (SARTOR, 2008; QIN et al., 2010).

Essa comunidade realiza uma série de funções úteis para o hospedeiro,


incluindo a digestão de substratos inacessíveis às enzimas hospedeiras, a
educação do sistema imunológico e a repressão do crescimento de
microrganismos nocivos (BERMUDEZ-BRITO et al., 2012). Muitos fatores
Artigo de Revisão Página |6

impactam o microbioma ao longo do seu desenvolvimento incluindo genética,


dieta, medicação, entre outros. Alguns desses fatores podem introduzir
perturbações que afetam a complexidade e estabilidade do microbioma,
potencialmente introduzindo disbiose microbiana (KOSTIC et al., 2014).

Há muitas evidências que apoiam a hipótese do envolvimento da


microbiota intestinal na patogênese da DII, visto que a doença de Crohn e a
colite ulcerativa tendem a ocorrer no cólon e no íleo distais que contêm as
maiores concentrações bacterianas intestinais. A compreensão do papel da
microbiota nas doenças inflamatórias tem sido alvo de estudos nos últimos
anos, mas ainda há informações que precisam ser elucidadas (SARTOR, 2008;
SIMRÉN et al., 2013).

Manipulação da microbiota: probióticos

A administração de microorganismos vivos via através da alimentação


tem uma longa história de prática. Hoje, tanto os alimentos como os
medicamentos contendo bactérias vivas objetivam modular a microbiota
intestinal. Os probióticos são definidos como “microorganismos vivos que,
quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à
saúde do hospedeiro”, de acordo com o consenso de um grupo de
especialistas multinacionais de cientistas convocado em 2001 pela
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
(FAO/OMS, 2001).

Alguns probióticos são usados para prevenir ou tratar infecções,


enquanto outros são valiosos na profilaxia ou tratamento de distúrbios alérgicos
e inflamatórios. Nenhum probiótico único pode alcançar todos os benefícios
clínicos. Probióticos têm efeitos benéficos na prevenção e tratamento de
doenças humanas, como evidenciado por ensaios clínicos (ASHRAF; SHAH,
2014).

Os probióticos comunicam-se com células epiteliais e diferentes


conjuntos de células implicados na resposta imune inata e adquirida através de
receptores de reconhecimento de padrões. Eles podem melhorar a função da
barreira intestinal e reduzir a permeabilidade intestinal de microrganismos
Artigo de Revisão Página |7

intestinais e outros antígenos (STEPHANI et al., 2011; GARCIA et al., 2008).


As espécies de probióticos mais comumente utilizadas e estudadas pertencem
aos gêneros Lactobacillus , Bifidobacterium e Saccharomyces (FLOCH et al.,
2011).

Existem considerações a respeito das características de uma estirpe


bacteriana a ser considerada como probióticos. Inicialmente a cepa deve atingir
seu local de ação, geralmente o intestino, e assim sobreviver ao estresse
fisiológico encontrado durante sua ingestão: ácido estomacal e pH intestinal,
presença de sais biliares (BUTEL, 2014). Então, deve ter provado seu efeito
benéfico para o hospedeiro. Sua ingestão não deve apresentar qualquer risco
para o hospedeiro e deve manter suas características, permanecendo estável
durante o processo de fabricação e conservação (BOYLE et al., 2006).

Os mecanismos de ação dos probióticos nem sempre são bem


compreendidos, sendo os mecanismos documentados principalmente através
de estudos in vitro ou de modelos animais com as consequentes limitações
para extrapolar esses resultados para homem (BUTEL, 2014; MACK, 2011). O
modo de atuação dos microrganismos probióticos pode ser explicado pelo
aumento da resposta imune inespecífica e específica do hospedeiro, produção
de substâncias antimicrobianas e competição com patógenos por sítios de
ligação (FLOCH et al., 2011).

Por suas propriedades imunomoduladoras e de manipulação da flora


intestinal, os probióticos apresentam um efeito promissor no tratamento da
doença inflamatória crônica do intestino. Entretanto, mais estudos são
necessários para avaliar o verdadeiro local dos probióticos dentro de um
regime de tratamento para DII (MACKOWIAK, 2013).

Ação dos probióticos na Doença Intestinal Inflamatória

Estudos sobre o perfil da microbiota intestinal em pacientes com DII


comparados com controles mostraram consistentemente mudanças na
composição da microbiota, bem como redução na biodiversidade geral
(KOSTIC et al., 2014). Além disso, a nutrição parece desempenhar um papel
causal tanto na UC como no CD. Nesse sentido, no passado, os pacientes com
Artigo de Revisão Página |8

DII geralmente evitavam laticínios para diminuir os sintomas da doença


(JANTCHOU et al., 2010; HOU et al., 2011; KANAI et al., 2014).

No entanto, atualmente, a recomendação é ter uma dieta completa e


variada uma vez que uma dieta restritiva pode levar a potenciais deficiências
de cálcio, vitamina D, ferro, vitamina B12 e ω- 3, entre outros nutrientes
(HWANG et al., 2014). A eficácia de alguns probióticos para melhorar a
qualidade de vida dos pacientes com DII tem sido relatada nos últimos anos
(HEDIN et al., 2010; RAUCH et al., 2012).

Probióticos podem alcançar efeito terapêutico na DII através de muitos


mecanismos diferentes, visto que influenciam a composição da microbiota
intestinal e alteram as propriedades metabólicas do microbioma. Ao aumentar a
produção de ácidos graxos de cadeia curta, eles podem diminuir o pH do
ambiente colônico e, assim, inibir o crescimento de microrganismos
potencialmente patogênicos (MACK, 2011; THOMAS; GREER, 2010).

Várias cepas probióticas podem induzir a produção e a secreção de


diferentes peptídeos antimicrobianos por células epiteliais, como defensinas,
lisozima, lactoferrina ou fosfolipase, e diretamente diminuir a permeabilidade da
camada epitelial aumentando as junções e reduzindo a apoptose de células
epiteliais (VEERAPPAN et al., 2012; KARCZEWSKI et al., 2010).

Um grande número de cepas probióticas são capazes de produzir


substâncias antibacterianas, como peróxido de hidrogênio, ácido sulfídrico,
ácido láctico e bacteriocinas específicas, bem como deslocar micróbios
deletérios da interface luminal-mucosa competindo por sítios de ligação na
superfície celular epitelial ou camada de muco (KOTZAMPASSI et al., 2012;
VEERAPPAN et al., 2012).

É possível que existam outros mecanismos de ação probiótica que


ainda não foram demonstrados. A patogênese de cada tipo de DII difere e os
mecanismos de ação dos probióticos são específicos da linhagem e muito
diferentes, por isso não podemos esperar que diferentes probióticos sejam
eficazes para cada tipo e fase da doença (OREL; TROP, 2014; QUIGLEY,
2012).
Artigo de Revisão Página |9

Tabela 1. Estudos que avaliaram a suplementação com probióticos em indivíduos com Doença Inflamatória Intestinal (DII).
Teresina, PI. 2018.

Referênci Tipo de População Duração Dose de probiótico Resultados


a estudo intervençã
/Amostra
o
PALUMBO Estudo Colite Ulcerativa 24 meses Acronelle (Lactobacillus Todos os pacientes tratados com
A et al., randomizad (CU) salivarius, Lactobacillus terapia combinada apresentaram
2016 o controlado Grupo Probiótico acidophilus e Bifidobacterium melhora em comparação aos controles.
(n=30); grupo bifidus estirpe BGN4). Em particular, os efeitos benéficos dos
controle (n=30). probióticos foram evidentes mesmo
após dois anos de tratamento.
YASUSHI Ensaio Colite Ulcerativa 12 meses Comprimidos Bio-Three (2 mg As taxas de recaída nos grupos Bio-
et al., 2015 randomizad (CU) de lactomin (Streptococcus Three e placebo foram respectivamente
o duplo- Grupo Probiótico faecalis T-110), 10 mg de 21,7% vs 34,8% ( P = 0,326) aos 9
cego (n=30); grupo Clostridium (Clostridium meses de estudo. Aos 12 meses, a
controle (n=30). butiricum TO-A) e 10 mg de taxa de remissão foi de 69,5% no grupo
Bacillus (Bacillus Bio-Three e 56,6% no grupo placebo (P
mesentericus). TO-A). 3 = 0,248).
comprimidos 3 vezes/dia.
WILDT et Ensaio Colite Ulcerativa 52 semanas Probio-Tec AB-25 (1,25 × 1010 Cinco pacientes (25%) no grupo
al., 2011. randomizad (CU) UFC de L. acidophilus cepa LA- Probio-Tec AB-25 mantiveram a
o duplo- Grupo Probiótico 5; 1,25 × 1010 UFC de B. remissão após 1 ano de tratamento (p =
cego (n=20); grupo animalis subsp. 1,25 × 1010 0,37). tempo médio para recidiva foi de
controle (n=12). UFC estirpe de lactis BB-12. 2 125,5 dias (intervalo 11-391 dias) no
cápsulas 2 vezes/dia. grupo probióticos.

SHADNOU Estudo Doença 8 semanas Iogurte (intervenção) contendo Aumento significativo no número de
SH, 2015 randomizad inflamatória 06 UFC (500mg) de Lactobacillus, Bifidobacterium e
o duplo cego intestinal n=2010 Lactobacillus Acidophilus e bacteriodetes nas fezes do grupo que
sendo n=22 Bifidobacterium em cada grama recebeu probióticos.
pacientes DC de iogurte. 250 g um vez/dia.
Artigo de Revisão P á g i n a | 10

SHIN et Ensaio Síndrome do 8 semanas Houve melhoras significativas (p<0,01)


al., 2018. clínico Intestino Irritável L. gasseri BNR17 (250 mg por na escala visual análoga (escala 0-5),
randomizad Grupo Probiótico cápsula) - 1010 UFC de L. mas especialmente nos sintomas
o (n=24); grupo gasseri BNR17, 4 cápsulas por diarreicos.
placebo (n=27) dia (2 após desjejum e jantar)
STEED et Ensaio Doença de Crohn 6 meses B. lon-gum (2 x 1011) em Melhorias significativas ocorreram com
al., 2010. clínico (DC) cápsulas gelatinosas. 1 cápsula o consumo simbiótico, com reduções
randomizad Grupo Simbiótico duas vezes ao dia. nos índices de atividade da doença de
o (n=13); grupo Crohn (P = 0,020). O simbiótico
controle (n=11). resultou em reduções significativas na
expressão de TNF-a em pacientes
simbióticos aos 3 meses (p = 0,041).
Fonte: Dados da pesquisa.

Os estudos avaliados apresentam algum tipo de benefício para as doenças inflamatórias intestinais. Estes estudos
corroboram com os de Meijer e Dieleman (2011), que compararam diferentes tratamentos da Doença de Crohn, entre eles
tratamento com Saccharomyces boulardii como probiótico ou tratamento com Mesalazina, um anti-inflamatório
(grupo controle), demonstrando que o grupo ao que recebeu o probiótico exibiu um tempo de remissão
aumentado em comparação ao grupo controle, mostrando a eficiência do probiótico no tratamento da
doença.
Diversos estudos têm mostrado que Lactobacillus, Bifidobacterium, Clostridium, Porphyromonas e Bacteriodetes são as
bactérias que se encontram em maior número no cólon de indivíduos saudáveis. (IANNITTI, 2010; MARCHESI, 2015). Por outro
lado, pacientes com doença inflamatória intestinal têm uma redução nessa biodiversidade, especialmente nos filos Firmicutes e
Bacteriodetes (FRANK, 2011; SPOR, 2011). Como os probióticos tem se mostrado como uma opção de terapia nas DII é preciso
Artigo de Revisão P á g i n a | 11

determinar quais cepas têm melhor eficácia e se são mais efetivas sozinhas ou
em conjunto com outros probióticos, portanto, mais estudos sobre este tema
devem ser realizados (STOIDIS, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa revisão destaca o papel dos probióticos no tratamento das doenças
inflamatórias intestinais, que incluem a colite ulcerativa e a doença de Crohn.
Embora ainda existam dados controversos, a utilização de probióticos nas
doenças inflamatórias intestinais exerce efeitos benéficos sobre a microbiota, a
mucosa intestinal, inflamações e imunidade em geral e a segurança de sua
administração somado aos resultados positivos de vários ensaios
randomizados conduzidos nos últimos anos tem sido fortes argumentos para a
inclusão dos probióticos como uma abordagem nutricional no tratamento de
pacientes com doença de Crohn ou colite ulcerativa.

Além disso, sugere-se que a realização de novos ensaios clínicos


analisando a suplementação de probióticos nas doenças inflamatórias
intestinais, visando a padronização dos protocolos, doses e cepas probióticas,
utilizando-se de um tempo maior de suplementação, abordando maior
quantidade de pessoas, contribuindo para o estabelecimento de novas
condutas terapêuticas no tratamento nutricional de pessoas com doenças
inflamatórias intestinais.
Artigo de Revisão P á g i n a | 12

REFERÊNCIAS
ARRIETA, M. C.; STIEMSMA, L. T.; AMENYOGBE, N.; et al. The intestinal
microbiome in early life: health and disease. Front Immunol. v. 5, n. 427, 2014.
ASHRAF, R.; SHAH, N. P. Immune system stimulation by probiotic
microorganisms. Crit Rev Food Sci Nutr. v. 54, p. 938-956, 2014.
BAUMGART, D.; SANDBORN, W. Inflammatory bowel disease: clinical aspects
and established and evolving therapies. Lancet. v. 369, p. 1641-1657, 2007.
BERMUDEZ-BRITO, M.; PLAZA-DÍAZ, J.; MUÑOZ-QUEZADA, S.; et al.
Probiotic mechanisms of action. Annals of Nutrition and Metabolism. v. 61, n.
2, p. 160-174, 2012.
BERNSTEIN, C. N.; FRIED, M.; KRABSHUIS, J. H.; et al. World
gastroenterology organization practice guidelines for the diagnosis and
management of IBD in 2010. Inflamm. Bowel Disease. v. 16, n. 1, p. 112-124,
2010.
BERNSTEIN, C. N.; SHANAHAN, F. Disorders of a modern lifestyle: reconciling
the epidemiology of inflammatory bowel diseases. Gut.v. 57, p. 1185–91, 2008.
BORCHERS, A. T.; SELMI, C.; MEYERS, F. J.; et al Probiotics and immunity. J
Gastroenterol. v. 44, p. 26–46, 2009.
BOYLE, R. J.; ROBINS-BROWNE, R. M.; TANG, M. L. Probiotic use in clinical
practice: what are the risks? Am J Clin Nutr. v. 83, p. 1256-1256, 2006.
BUTEL, M. J.; Probiotics, gut microbiota and health. Médecine et maladies
infectieuses. p. 1-8, 2014.
DAVE, M.; HIGGINS, P. D.; MIDDHA, S. et al. The human gut microbiome:
current knowledge, challenges, and future directions. Transl Res. v. 160, p.
246-257, 2012.
FAO/WHO. Health and Nutritional Properties of Probiotics in Food
including Powder Milk with Live Lactic Acid Bacteria. 2001. Disponível em:
<ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/009/a0512e/a0512e00.pdf> Acesso em 23 de
Junho de 2018.
FLOCH, M. H.; WALKER, W. A.; MADSEN, K.; et al. Recommendations for
probiotic use-2011 update. J Clin Gastroenterol. v. 45, suppl:S168–S171,
2011.
FRANK, D. N. Disease phenotype and genotype are associated with shifts in
intestinalassociated microbiota in inflammatory bowel diseases. Inflammatory
Bowel Diseases, v. 17,p. 1-12, 2011.
GARCIA, V. E.; LOURDES, de A. F. M.; OSWALDO, da G. T. H.; et al.
Influence of Saccharomyces boulardii on the intestinal permeability of patients
with Crohn’s disease in remission. Scand J Gastroenterol. v. 43, p. 842-848,
2008.
Artigo de Revisão P á g i n a | 13

HEDIN, C. R. H.; MULLARD, M.; SHARRATT, E.; et al. Probiotic and prebiotic
use in patients with inflammatory bowel disease: a case-control study.
Inflammatory Bowel Diseases. v. 16, n. 12, p. 2099–2108, 2010.
HOU, J. K.; ABRAHAM, B.; EL-SERAG, H. Dietary intake and risk of developing
inflammatory bowel disease: a systematic review of the literature. The
American Journal of Gastroenterology. v. 106, n. 4, p. 563–573, 2011.
HWANG, C.; ROSS, V.; MAHADEVAN, U. Popular exclusionary diets for
inflammatory bowel disease: the search for a dietary culprit. Inflammatory
Bowel Diseases. v. 20, n. 04, p. 732–741, 2014.
IANNITTI, T.; PALMIERI, B. Therapeutical use of probiotic formulations in
clinical practice. Clinical Nutrition, v. 29, p. 701 – 725, 2010.

JANTCHOU, P.; MOROIS, S.; CLAVEL-CHAPELON, F.; et al. Animal protein


intake and risk of inflammatory bowel disease: the E3N prospective study. The
American Journal of Gastroenterology.v. 105, n. 10, p. 2195–2201, 2010.
JOSTINS, L.; RIPKE, S.; WEERSMA, R. K.; et al. Host-microbe interactions
have shaped the genetic architecture of inflammatory bowel disease. Nature. v.
491, p. 119–124, 2012.
KANAI, T.; MATSUOKA, K.; NAGANUMA, M.; et al. Diet, microbiota, and
inflammatory bowel disease: lessons from Japonese foods. The Korean
Journal of Internal Medicine. v. 29, n. 4, p. 409–415, 2014.
KARCZEWSKI, J.; TROOST, F. J.; KONINGS, I.; et al Regulation of human
epithelial tight junction proteins by Lactobacillus plantarum in vivo and
protective effects on the epithelial barrier. Am J Physiol Gastrointest Liver
Physiol. v. 298, p. G851–G859, 2010.
KHOR, B.; GARDET, A.; XAVIER, R. J.; et al. Genetics and pathogenesis of
inflammatory bowel disease. Nature. v. 474, p. 307–317, 2011.
KNIGHTS, D.; LASSEN, K. G.; XAVIER, R. J. Advances in inflammatory bowel
disease pathogenesis: linking host genetics and the microbiome. Gut. v. 62, p.
1505–10, 2013.
KOSTIC, A. D.; XAVIER, R. J.; GEVERS, D. The Microbiome in Inflammatory
Bowel Diseases: Current Status and the Future Ahead. Gastroenterology. v.
146, n. 6, p. 1489-1499, 2014.
KOTZAMPASSI, K.; GIAMARELLOS-BOURBOULIS, E. J. Probiotics for
infectious diseases: more drugs, less dietary supplementation. Int J
Antimicrob Agents. v. 40, p. 288–296, 2012.
MACK, D. R. Probiotics in inflammatory bowel diseases and associated
conditions. Nutrients. v. 3, p. 245-264, 2011.
Artigo de Revisão P á g i n a | 14

MACKOWIAK, P. A. Recycling metchnikoff: probiotics, the intestinal microbiome


and the quest for long life. Front Public Health. v. 1, n. 52, 2013.
MARCHESI, J. R. The gut microbiota and host health: a new clinical frontier.
Gut, v. 0, p. 1-10, 2015.
MEIJER, B.; DIELEMAN, L. Probiotics in the Treatment of Human
Inflammatory Bowel Diseases. J Clin Gastroenterol. v. 45, p. S139- S144,
2011.
M'KOMA, A. E. Inflammatory bowel disease: an expanding global health
problem. Clin. Med. Insights Gastroenterol., v. 6, pp. 33-47, 2013.
MOLODECKY, N. A.; SOON, I. S.; RABI, D. M.; et al. Increasing incidence and
prevalence of the inflammatory bowel diseases with time, based on systematic
review. Gastroenterology. v. 142, p. 46 – 54, e42. quiz e30, 2012.
MULDER, D. J.; NOBRE, A. J.; JUSTINICH, C. J.; et al. A tale of two diseases:
The history of inflammatory bowel disease. Journal of Crohn's and Colitis. v.
8, n. 5, p. 341–348, 2014.
OREL, R. Probiotics and prebiotics in inflammatory bowel disease. In: Orel
R, editor. Intestinal microbiota, probiotics and prebiotics. Comprehensive
textbook for health professionals. Ljubljana, Slovenia: Institute for Probiotics
and Functional Foods, ltd; 2014.
OREL, R.; TROP, T. H. Intestinal microbiota, probiotics and prebiotics in
inflammatory bowel disease. World J Gastroenterol. v. 20, n. 33, p. 11505–
11524, 2014.
PALUMBOA, V. D.; ROMEO, C. M.; GAMMAZZA, A. M. The long-term effects
of probiotics in the therapy of ulcerative colitis: A clinical study. Biomed Pap
Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub. v. 160, n. 3, p. 372-37, 2016.
QIN, J.; LI, R.; RAES, J.; et al. A human gut microbial gene catalogue
established by metagenomic sequencing. Nature. v. 464, p. 59-65, 2010.
QUIGLEY, E. M. Prebiotics and probiotics: their role in the management of
gastrointestinal disorders in adults. Nutr Clin Pract. v. 27, p. 195-200, 2012.
RAUCH, M.; LYNCH, S. V. The potential for probiotic manipulation of the
gastrointestinal microbiome. Current Opinion in Biotechnology. v. 23, n. 2, p.
192–201, 2014.
SAAVEDRA, J. M.; DATTILO, A. M. Early development of intestinal microbiota:
implications for future health. Gastroenterol Clin North Am. v. 41, p. 717-731,
2012.
SARTOR, R. B. Microbial influences in inflammatory bowel diseases.
Gastroenterology. v. 134, n. 2, p. 57-594, 2008.
Artigo de Revisão P á g i n a | 15

SHADNOUSH, M. Effects of Probiotics on Gut Microbiota in Patients with


Inflammatory Bowel Disease: A Double-blind, Placebo-controlled Clinical Trial.
Korean Journal of Gastroenterology, v. 65, p. 215 – 221, 2015.
SHIN SP, CHOI YM, KIM WH, HONG SP, PARK JM, KIM J, KWON O, LEE EH,
HAHM KB. A double blind, placebo-controlled, randomized clinical trial that
breast milk derived-Lactobacillus gasseri BNR17 mitigated diarrhea-dominant
irritable bowel syndrome. Journal of clinical biochemistry and nutrition,
62(2):179-86. 2018.
SIMREN, M.; BÁRBARA, G.; FLINT, H. J.; et al. Intestinal microbiota in
functional bowel disorders: a Rome foundation report. Gut. v. 62, p. 159-176,
2013.
SPOR, A; KOREN, O; LEY, R. Unravelling the effects of the environment and
host genotype on the gut microbiome. Nature Reviews Microbiology, v. 9, p.
279-290, 2011.
STEED, H.; MACFARLANE, G. T.; BLACKETT, K. L.; et al. Clinical trial: the
microbiological and immunological effects of synbiotic consumption: a
randomized double-blind placebo-controlled study in active Crohn’s disease.
Aliment Pharmacol Ther. v. 32, n. 7, p. 872–83, 2010.
STEPHANI, J.; RADULOVIC, K.; NIESS, J. H. Gut microbiota, probiotics and
inflammatory bowel disease. Arch Immunol Ther Exp (Warsz). v. 59, p. 161-
177, 2011.
STOIDIS, C. N. et al. Potential benefits of pro- and prebiotics on intestinal
mucosal immunity and intestinal barrier in short bowel syndrome. Nutrition
Research Reviews, v. 24, 2011.
THOMAS, D. W.; GREER, F. R. Probiotics and prebiotics in pediatrics.
Pediatrics. v. 126, p. 1217-1231, 2010.
TSAI, F.; COYLE, W. J. The microbiome and obesity: is obesity linked to our gut
flora? Curr Gastroenterol Rep. v. 11, p. 307–313, 2009.
VEERAPPAN, G. R.; BETTERIDGE, J.; YOUNG, P. E. Probiotics for the
treatment of inflammatory bowel disease. Curr Gastroenterol Rep. v. 14, p.
324–333, 2012.
WEHKAMP, J.; ANTONI, L.; OSTAFF, M. The intestinal barrier in health and
chronic inflammation. Current understanding and implications for future
therapeutic intervention. Germany: Falk Foundation e.V; 2013.
WHELAN, K.; QUIGLEY, E. M. M. Probióticos no tratamento da síndrome do
intestino irritável e doença inflamatória intestinal. Opinião atual em
gastroenterologia . v. 29, n. 2, p. 184-189, 2013.
WILDT, S.; NORDGAARD, I.; HANSEN, U.; et al. A randomised double-blind
placebo-controlled trial with Lactobacillus acidophilus La-5 and Bifidobacterium
Artigo de Revisão P á g i n a | 16

animalis subsp. lactis BB-12 for maintenance of remission in ulcerative colitis. J


Crohns Colitis. v. 5, p. 115–121, 2011.
YASUSHI, de Y.; AKIHIRO, de Y.; RYUICHI, de F.. Effectiveness of probiotic
therapy for the prevention of relapse in patients with inactive ulcerative colitis.
World J Gastroenterol.v. 21, n. 19, p. 5985–5994, 2015.

Você também pode gostar