Biomoléculas são moléculas associadas a organismos vivos, divididas em
quatro tipos: carboidratos, lipídeos, proteínas e nucleotídeos, a ingestão dessas moléculas permite que os organismos possam se manter vivos e funcionando corretamente. Quando essas moléculas passam por determinados processos bioquímicos, são quebradas e liberam a energia contida em suas ligações químicas, que é armazenada em outras moléculas específicas, como o ATP, também podem ser usadas pelo organismo para sintetizar componentes celulares importantes (SCHMIDT-NIELSEN, 2013; SILVERTHORN, 2017).
Quando a quantidade de biomoléculas ingeridas excede as necessidades do
organismo para energia e síntese, a energia das moléculas sobressalentes é armazenada em outras moléculas, como o glicogênio, para serem usadas como fonte de energia quando for preciso, e em períodos de jejum quando o organismo não ingere novas biomoléculas a energia armazenada se torna disponível para ser usada pelo organismo (SILVERTHORN, 2017).
Carboidratos
Também conhecidos como açúcares ou glicídios, os carboidratos são
biomoléculas compostas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, onde para cada átomo de carbono existem dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Há três tipos de carboidratos: monossacarídeos, açúcares simples que podem conter cinco ou seis átomos de carbono, como a glicose; dissacarídeos, formados por duas unidades de açúcares simples, geralmente glicose e outro monossacarídeo; polissacarídeos, polímeros de várias unidades de monossacarídeos repetidas (SILVERTHORN, 2017).
A glicose é um monossacarídeo formado por seis átomos de carbono, doze
átomos de hidrogênio e seis átomos de oxigênio, que pode satisfazer completamente as necessidades energéticas da maioria dos animais, o encéfalo dos vertebrados tem preferência por extrair energia da glicose, e em casos de baixa concentração de glicose no sangue – hipoglicemia, somente o cérebro tem acesso a utilização da glicose. Por se tratar de um carboidrato, essas biomoléculas entram na cadeia alimentar principalmente através da ingestão de vegetais que fixam o carbono em seus tecidos pela fotossíntese (EVERT; EICHHORN, 2014; SILVERTHORN, 2017).
Embora a glicose seja a forma comum na qual o açúcar é transportado em
muitos animais, nas plantas e outros organismos, os açúcares são frequentemente transportados como dissacarídeos. A sacarose, um dissacarídeo composto por glicose e frutose, é a forma na qual o açúcar é transportado na maioria das plantas (EVERT; EICHHORN, 2014).
O glicogênio é um polissacarídeo formado por diversas unidades de
moléculas de glicose e é a principal forma de estocagem de glicose em organismos vivos. Essas biomoléculas podem ser encontradas em praticamente qualquer célula, mas costumam estar mais presentes em células do fígado e músculo esquelético. O glicogênio do tecido muscular fornece uma fonte de energia imediata para a contração dos músculos, já o glicogênio do fígado é destinado para a sintetize de glicose (SCHMIDT-NIELSEN, 2013; SILVERTHORN, 2017).
Ao excederem suas necessidades por carboidratos os organismos estocam a
glicose em moléculas de glicogênio, esse processo é chamado de glicogênese, porém a capacidade de armazenar glicose dos organismos é limitada e grande parte do excedente de glicose é armazenado em moléculas de lipídios em um processo chamado lipogênese, então, quando a concentração de glicose no sangue (glicemia) diminui, as moléculas de glicogênio são quebradas em moléculas de glicose, glicogenólise. Ainda existe a possibilidade de o organismo sintetizar glicose a partir de moléculas que não são açúcares, gliconeogênese, para dessa forma sempre manter a glicemia precisa (SILVERTHORN, 2017).
Ação de hormônios no controle glicêmico
Os hormônios são substâncias químicas sintetizadas por células específicas
que podem causar alterações radicais na fisiologia de um organismo mesmo em baixa concentração. Essas substâncias são transportadas pelo sangue e só exercem sua função ao entrarem em contato com os receptores de suas células- alvo. Também existem hormônios (feromônios) que são secretados para o meio externo e estimulam uma resposta fisiológica ou comportamental em indivíduos da mesma espécie (SCHMIDT-NIELSEN, 2013).
O tempo de atividade de um hormônio sob uma célula é curto para que o
organismo seja capaz de responder aos estímulos, e após finalizar sua ação é degradado, por enzimas especializadas, em metabólitos inativos que são excretados pela bile ou na urina. Um único hormônio pode atuar em diversas células, entretanto, os efeitos podem variar de acordo com o tipo de tecido ou estágio do desenvolvimento do organismo, ainda há a possibilidade de um hormônio não ter efeito em uma célula específica, tudo depende da ligação do hormônio com os receptores da célula-alvo (SCHMIDT-NIELSEN, 2013; SILVERTHORN, 2017).
Essas substâncias químicas são subdivididas em três grupos: hormônios
peptídicos; hormônios derivados de aminoácidos; hormônios esteróides. A maioria dos hormônios do último grupo são produzidos no córtex da glândula suprarrenal e nas gônadas, por terem uma natureza lipofílica são transportados facilmente pela membrana plasmática e por isso não são estocados nas células, ao invés disso, são sintetizados sob demanda e são liberados pela célula. Para evitar que o hormônio esteróide seja degradado antes de exercer sua função, proteínas carreadoras o protegem enquanto viaja pelo sangue, mas quando o hormônio penetra a célula, a proteína carreadora fica para trás, e ao chegar à célula-alvo o hormônio esteróide se encaminha para os receptores no núcleo, onde liga-se ao DNA ativando ou desativando genes, resultando na síntese de proteínas específicas (SILVERTHORN, 2017).
As glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, são responsáveis
principalmente pela síntese de glicocorticóides como o cortisol, um dos hormônios responsáveis pela regulação do metabolismo de carboidratos. O cortisol está diretamente relacionado com a resposta fisiológica para a prevenção da hipoglicemia, a ação desse hormônio a longo prazo pode indicar que o organismo está em um estado constante de estresse fisiológico, pois o cortisol permite que o organismo consiga utilizar suas reservas energéticas para responder a ação de um agente estressor (SCHMIDT-NIELSEN, 2013; SILVERTHORN, 2017). No funcionamento típico do organismo a insulina é o hormônio responsável por diminuir a glicemia, enquanto o glucagon faz o oposto e aumenta a glicemia a partir de moléculas de glicogênio, a dinâmica entre esses hormônios garante a homeostase da glicose, também existem outros hormônios como o cortisol e a adrenalina que também influenciam o aumento da glicose no sangue. Na ausência do cortisol o glucagon é incapaz de responder de forma adequada a baixa quantidade de glicose no sangue em um episódio de hipoglicemia (SILVERTHORN, 2017).
Além da gliconeogênese, o cortisol também está associado a lipólise, ao
metabolismo de proteínas do músculo esquelético, no equilíbrio do cálcio e nitrogênio, inibição do sistema imune, retardo no crescimento, e em grande quantidade influencia negativamente o bom funcionamento cerebral. A exposição prolongada ao cortisol gera um efeito imunossupressor que evita a liberação de citocinas e a produção de anticorpos pelos leucócitos, também inibe a resposta inflamatória porque diminui a mobilidade dos leucócitos (SOUSA; SILVA; GALVÃO- COELHO, 2015; SILVERTHORN, 2017).