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Tecido Muscular e

Tecido Nervoso
Marcela Santos Procópio
Tecido Muscular e
Tecido Nervoso

Introdução
Quando pensamos em tecido muscular, sempre imaginamos as nossas ações como
andar, correr ou nadar. Entretanto, também podemos lembrar do bombeamento
do sangue pelo coração, que é um órgão predominantemente formado por tecido
muscular. E durante o parto? A contração da musculatura uterina é imprescindível
para o nascimento do bebê. Apesar de todas as atividades citadas necessitarem
da atuação das fibras musculares, essas fibras possuem diferentes organizações
estruturais e proteicas, podendo formar o tecido muscular estriado esquelético,
envolvido na movimentação do corpo, o tecido muscular cardíaco e o tecido muscular
liso, presente na formação do útero. Neste conteúdo, estudaremos as características
gerais e as peculiaridades de cada tecido muscular.

Entretanto, para que haja contração de qualquer musculatura, é necessário que


ocorra estimulação nervosa da fibra muscular pelos neurotransmissores liberados
pelas extremidades dos neurônios. Então, neste conteúdo, também exploraremos
os principais tipos de células existentes no tecido nervoso, tais como os neurônios,
bem como nos aprofundaremos nos mecanismos eletrofisiológicos envolvidos na
condução do impulso nervoso que ocorre nessas células.

Objetivos da Aprendizagem
Ao final deste conteúdo, esperamos que você seja capaz de:

• identificar as características citológicas e histológicas do tecido muscular e


do tecido nervoso;
• distinguir as características citológicas e histológicas dos diferentes tipos de
tecido muscular, bem como as peculiaridades do tecido nervoso que formam
os componentes do sistema nervoso central e periférico;
• associar as caraterísticas morfológicas dos tecidos muscular e nervoso às
suas respectivas funções.

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Características estruturais e funcionais do Tecido
Muscular Esquelético
O tecido muscular é formado por células alongadas com grande quantidade de
proteínas filamentosas no citoplasma. A associação dessas proteínas confere a
força necessária para a contração dessas células, utilizando a energia armazenada
nas ligações entre os grupos fosfato da molécula de trifosfato de adenosina (ATP)
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

O músculo estriado esquelético é formado por feixes de células cilíndricas


multinucleadas longas, que podem alcançar até 30 cm, contendo estriações
transversais devido à organização das miofibrilas. As miofibrilas são formadas pelas
proteínas fibrosas, principalmente a actina e a miosina. Devido a morfologia cilíndrica
e alongada, essas células também recebem a denominação de fibras musculares.
Nessas fibras, o núcleo está localizado na periferia, logo abaixo do sarcolema
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Figura 1 – Desenho esquemático das fibras do tecido muscular estriado esquelético


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 185).

Mas você deve estar se perguntando como as diversas fibras musculares se organizam
para a formação de um musculo, não é?

Então, vamos utilizar o bíceps como exemplo. Ao dissecar esse músculo, inicialmente
é necessário romper um revestimento que envolve toda a estrutura denominada
epimísio, formado por tecido conjuntivo denso não modelado. Parte desse tecido se
estende para além do corpo do músculo fundindo-se ao tendão. Do epimísio partem
septos de tecido conjuntivo para o interior do músculo, que irão delimitar os fascículos,
recebendo a denominação de perimísio (Figura 2) (GARTNER; HIATT, 2014).

Os fascículos são formados pelo conjunto de fibras musculares, que são delimitadas
por tecido conjuntivo frouxo, denominado endomísio. Embaixo do endomísio encontra-

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se o sarcolema e os túbulos T (Figura 2). Cada fibra muscular, por sua vez, é constituída
por um conjunto de numerosas miofibrilas que são separadas entre si pelo citoplasma,
e dispostas em paralelo ao longo do eixo maior da célula.

Figura 2 – Desenho esquemático da estrutura do músculo esquelético.


Fonte: Adaptada de Smart Servier (2020).

A miofibrila é constituída por miofilamentos finos e grossos, os quais atribuem


a característica estriada à fibra muscular. Os filamentos finos são formados
principalmente pela associação de várias unidades de actina F, que se associam à
um complexo proteico formado pelas proteínas troponina e tropomiosina. Contudo,
os filamentos grossos são formados pela proteína miosina (Figura 3) (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2017).

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Curiosidade
O aspecto estriado das fibras musculares esqueléticas pode ser
observado após a preparação de rotina do tecido, pigmentação
das estruturas celulares pelos corantes hematoxilina e eosina, e
posterior observação em microscopia de luz. Para ver o resultado
desse processo acesse o atlas digital “Histologia interativa.
Histologia online. MOL – Microscopia on line”, disponível nos
links abaixo:

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-3-tecido-muscular/

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-4-tecido-muscular/

Mas, por que as fibras possuem aspecto estriado? Como os miofilamentos finos e
grossos se associam para promover a força necessária para a contração muscular?

O padrão de estriação da fibra muscular é decorrente da organização dos miofilamentos


de actina F e miosina II em subunidades contrateis denominadas sarcômeros.
Então, cada miofibrila é formada por uma sequência repetida desses sarcômeros
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017; ROSS; PAWLINA, 2016). A estrutura detalhada e a
disposição dos miofilamentos de actina e miosina podem ser observados na figura 3.

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Figura 3 – Desenho esquemático da estrutura do músculo esquelético.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2007, p. 188).

Agora que já sabemos como os miofilamentos se organizam nos sarcômeros, vamos


aprofundar no mecanismo de contração dessas subunidades. A contração coordenada
dos sarcômeros em cada miofibrila é responsável por promover a contração de todo
o músculo.

De maneira geral, a contração muscular ocorre devido ao deslizamento dos


miofilamentos de actina sobre os de miosina, proporcionado pela ligação da cadeia
pesada da miosina II (ou cabeça da miosina), à sítios específicos dos miofilamentos
de actina. Quando ocorre essa ligação específica, o complexo miosina-ATP é ativado.
Como resultado da ponte entre a cabeça da miosina e a subunidade de actina, o ATP é
quebrado em ADP, liberando um fosfato inorgânico (Pi) e energia. A energia é utilizada
para promover a deformação da cabeça e de parte do bastão das moléculas de miosina,
aumentando a curvatura da cabeça. Esse movimento traciona os miofilamentos de
actina ligados à miosina, promovendo seu deslizamento sobre o filamento de miosina.
Esse processo de ligação contínuo é seguido da inclinação dessa cabeça, liberação e

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religação das pontes cruzadas. Essa ação coordenada em vários sarcômeros promove
a contração do musculo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Saiba mais
A contração da musculatura estriada esquelética envolve uma
sequência de eventos moleculares e eletrofisiológicos. Para
entender melhor a sequência de eventos que possibilitam a
contração dessas células, assista aos vídeos, disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=iqUl3nOPxFA

https://www.youtube.com/watch?v=-Mfo3Af5E3c

Entretanto, o processo de contração muscular necessita ser regulado, pois, para o


eficiente desempenho de suas funções, os músculos precisam realizar a contração,
mas também o relaxamento das fibras. Então, como ocorre essa regulação?

Conforme dito anteriormente, as miofibrilas também possuem um completo proteico


formado pela troponina e pela tropomiosina. Quando as fibras estão em repouso, o
sítio de ligação da miosina com a actina é bloqueado pelo complexo proteico formado
pela troponina e tropomiosina, não ocorrendo a interação da miosina com a actina.

A contração do músculo é desencadeada pela liberação de Ca2+ do retículo


sarcoplasmático, que irá se ligar ao sítio da proteína troponina, causando mudança
na sua conformação, que ocasionará no deslocamento da tropomiosina, liberando o
sítio de ligação na actina, permitindo a interação da cabeça da miosina com a actina
(Figura 4) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

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Figura 4 – Complexo troponina e tropomiosina.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 197).

Nas fibras musculares, o controle da liberação dos íons cálcio pelo retículo
sarcoplasmático ocorre devido ao estímulo causado por uma sinapse neuromuscular,
que acontece entre um neurônio pré-sináptico e a placa motora (região do sarcolema),
na junção neuromuscular. À medida que o potencial de ação se propaga ao longo
da fibra muscular, ele invade os túbulos T, e estimula a liberação dos íons Ca2+ do
retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma, desencadeando a sequências de
eventos responsáveis pela contração muscular (GARTNER; HIATT, 2014).

Curiosidade
Para entender melhor a sequência de eventos que envolvem a
sinapse neuromuscular, acesse o link e assista ao vídeo: “Sinapse
Neuromuscular: Animação”

Características estruturais e funcionais do Tecido


Muscular Cardíaco
O músculo cardíaco é constituído por células cilíndricas alongadas e às vezes
ramificadas. Diferentemente das fibras musculares esqueléticas, as células cardíacas
são curtas e contêm apenas um ou dois núcleos elípticos, os quais se localizam no

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centro da fibra, e não na periferia celular, como nas fibras dos músculos esqueléticos
(Figura 5) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Figura 5 – Desenho esquemático do tecido muscular cardíaco.


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 185).

As fibras musculares cardíacas conectam-se por meio de estruturas que lembram o


formato de degraus de uma escada, denominadas discos intercalares (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2017).

Curiosidade
O aspecto estriado das fibras musculares cardíacas pode ser
observado após a preparação de rotina do tecido e posterior
observação em microscopia de luz. Para ver o resultado desse
processo acesse o atlas digital “Histologia interativa. Histologia
online. MOL – Microscopia on line”, disponível nos links abaixo:

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-7-tecido-muscular/

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-8-tecido-muscular/

Os discos intercalares possuem duas regiões (Figura 6), compostas por complexos
juncionais formados por dois tipos de especializações principais: as junções de
adesão e as junções comunicantes.

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1. Junções de adesão:

presentes principalmente nas regiões transversais do disco intercalar. As


junções de adesão ancoram os filamentos de actina dos sarcômeros terminais;
portanto, são equivalentes aos discos Z das miofibrilas. Além disso, essas
junções oferecem resistência e coesão ao tecido muscular cardíaco, para com
que as células não separem durante a atividade contrátil (GARTNER; HIATT,
2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

2. As junções comunicantes:

presentes nas regiões longitudinais do disco intercalar. Esses tipos de


especializações nas células musculares são importantes pois permite a troca
de substâncias e íons entre as células, o que permite com que ocorra a atividade
muscular sincronizada dessas células (GARTNER; HIATT, 2014; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2017).

Além disso, o tecido muscular cardíaco apresenta diversas mitocôndrias na sua


constituição, cerca de 40% do tecido, situadas longitudinalmente entre as fibras
musculares (Figura 6). Essa composição reflete o alto consumo energético do tecido
muscular cardíaco (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Figura 6 – Desenho esquemático do disco intercalar


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 203).

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Características estruturais e funcionais do Tecido
Muscular Liso
O músculo liso é formado pela associação de células longas e fusiformes, com
espessamento no centro e afiladas nas extremidades, com núcleo único centralizado
e de formato elíptico (GARTNER; HIATT, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017)
(Figura 7).

Figura 7 – Desenho esquemático do tecido muscular liso.


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 185).

Diferentemente dos outros tecidos musculares, a célula muscular lisa não recebe
a denominação de fibra e tampouco apresenta aspecto estriado, não possuindo
miofibrilas na sua constituição. As células musculares lisas ou leiomiócitos são
organizadas em feixes e são unidas por uma rede de fibras reticulares.

Curiosidade
O tecido muscular liso não apresenta estriações. Para observar a
organização desse tecido após a preparação de rotina do tecido,
acesse o atlas digital “Histologia interativa. Histologia online. MOL
– Microscopia on line”, disponível nos links abaixo:

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-10-tecido-muscular/

http://mol.icb.usp.br/index.php/8-11-tecido-muscular/

Então, como ocorre a contração dos leiomiócitos, se não há miofibrilas e tampouco


os sarcômeros?

A contração da musculatura lisa também ocorre pelo deslizamento dos filamentos de


actina em relação aos de miosina. Entretanto, a organização dos miofilamentos são
bastante diferentes. Os filamentos de actina ancoram-se em estruturas denominadas

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corpos densos presentes no citoplasma e nas placas densas presentes na membrana.
Os corpos densos são formados por desmina e/ou vimentina, além de moléculas de
actinina, uma proteína que ancora filamentos de actina em diversos tipos de células
do organismo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Os filamentos de miosina formam pontes entre os filamentos de actina que estão


ancorados nos corpos e nas placas densas, formando uma rede por todo citoplasma.
Quando ocorre o deslizamento da miosina sobre a actina, devido ao estímulo dos íons
cálcio, as células se encurtam, promovendo a contração de todo músculo, de maneira
coordenada (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Curiosidade
Para entender melhor como o cálcio estimula a contração da
musculatura lisa, acesse o link e assista ao vídeo: “Músculo liso -
Contração e excitação”.

Principais tipos celulares do Sistema Nervoso e suas


respectivas funções
os principais tipos celulares do tecido nervoso são os neurônios e as células da glia.
Agora iremos aprofundar nossos estudos na principal célula desse tecido, o neurônio,
responsável pela realização das sinapses e pela condução dos impulsos nervosos
(Figura 8).

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Figura 8 – Desenho esquemático do neurônio.
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).

Os neurônios são formados pelo corpo celular, pelos dendritos e pelo axônio (Figura 8).

1. Corpo celular:

O corpo celular a região do neurônio que contém o núcleo e o citoplasma


que envolve o núcleo. O núcleo é esférico, com nucléolo grande e central. O
citoplasma é rico em retículo endoplasmático granuloso com polirribossomos
livres entre as suas cisternas, denominados corpúsculos de Nissl. O complexo
de Golgi é bastante desenvolvido e há pouca quantidade de mitocôndrias.
Essas características indicam a alta atividade sintética dessas células, em
que ocorre a síntese de neurotransmissores. Possuem também filamentos
intermediários e microtúbulos no citoplasma (GARTNER; HIATT, 2014;
JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

2. Dendritos:

A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que partem do corpo
celular, aumentando a superfície de contato com terminações axonais de
outros neurônios. Os dendritos são afilados e tornam-se mais finos à medida
que se ramificam. Nas suas extremidades apresentam os espinhos dendríticos,
que recebem a maioria dos impulsos que chegam a um neurônio. O citoplasma
dessas estruturas é semelhante ao do corpo celular, porém não apresentam
complexo de Golgi (GARTNER; HIATT, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

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Axônios:

Cada neurônio emite um axônio, cilíndrico e de comprimento variável. A


estrutura inicial do axônio é denominada cone de implantação, em que, no seu
trecho inicial não é revestido pela mielina, desempenhando papel na geração
do impulso nervoso. O citoplasma do axônio possui poucas mitocôndrias e
cisternas do retículo endoplasmático liso, porém são ricos em microfilamentos
e microtúbulos, envolvidos no transporte de vesículas de neurotransmissores.
Nas suas terminações, os axônios se ramificam, e nas extremidades dessas
ramificações encontra-se os botões sinápticos ou botões terminais, em que se
acumulam os neurotransmissores (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Para que ocorra a condução do impulso nervoso, é necessário que essa mensagem
viaje de um neurônio para o outro, correto? Essa passagem da mensagem de um
neurônio para o outro é denominada sinapse. Além disso, a mensagem nada mais é do
que um sinal químico promovido por substâncias denominadas neurotransmissores
(Figura 9).

Figura 9 – Sinapse química.


Fonte: Adaptada de Junqueira de Carneiro (2017, p. 161).

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Mas então, como ocorre a sinapse e como seria a atuação dos neurotransmissores?
De maneira geral, os neurotransmissores, tais como a acetilcolina, são liberados pelos
axônios dos neurônios pré-sinápticos em um espaço denominado fenda sináptica.
Esses neurotransmissores se ligam aos seus receptores na membrana dos neurônios
pós-sinápticos, fazendo que ocorra a abertura de canais iônicos específico para
cátions. Essa abertura possibilita a entrada de íons sódio na célula, causando a
despolarização da membrana. Quando a despolarização alcança um limiar, ocorre o
potencial de ação, que é transmitido ao longo do seu axônio. A membrana retorna ao
seu potencial de repouso quando os neurotransmissores são degradados por enzimas
nas fendas sinápticas.

Saiba mais
Para entender melhor sobre o potencial de repouso da membrana
e sobre o potencial de ação, acesse o link e assista ao vídeo:
“Potencial de ação: animação”.

Além dos neurônios, o tecido nervoso também apresenta outros tipos celulares
denominadas células da glia.

Saiba mais
Quer aprender como o efeito do envelhecimento na micróglia pode
elucidar evolução de doenças degenerativas? Então, acesse o link
e leia o artigo “Células de apoio do sistema nervoso ajudam a
entender o Alzheimer”.

Os principais tipos celulares gliais são: os oligodendrócitos, células de Schwann, os


astrócitos e a micróglia.

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1. Oligodendrócitos:

Os oligodendrócitos envolver os axônios emitidos por neurônios do SNP, se


enrolando em volta dos axônios formando várias camadas de revestimento,
denominado bainha de mielina. Cada oligodendrócito pode emitir inúmeros
prolongamentos, e cada um reveste um curto segmento de um axônio, de forma
que um axônio é revestido por uma sequência de prolongamentos de diversos
oligodendrócitos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).

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2. Células de Schwann:

As células de Schwann possuem a mesma função dos oligodendrócitos, ou seja,


revestem os axônios dos neurônios, formando a bainha de mielina. Entretanto,
essas células revestem axônios dos neurônios localizado no SNP. Além disso,
cada uma delas reveste um curto segmento de um único axônio (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2017).

Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).

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Referências
3. Astrócitos:

Os astrócitos são células do SNC que possuem inúmeros prolongamentos,


apresentando morfologia radiada. Esses prolongamentos possuem diversos
tipos de filamentos intermediários, tais como a proteína fibrilar ácida da glia
(GFAP) e a vimentina, destacadas na figura. Essas proteínas fornecem suporte
estrutural dos prolongamentos. Além da função de sustentação dos neurônios,
os astrócitos participam do controle da composição iônica e molecular do
ambiente extracelular, por meio dos pés vasculares, que se dirigem para os
capilares sanguíneos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).

4. Micróglia:

As células da micróglia são pequenas e ligeiramente alongadas, com


prolongamentos curtos e irregulares. Essas células possuem atividade
fagocitárias e são derivadas de precursores de células do sistema mononuclear
fagocitário, que provavelmente penetraram no SNC durante a vida intrauterina.
As células da micróglia participam da regulação da inflamação por meio da
secreção de citocinas, bem como da fagocitose de restos celulares.

Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).

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Componentes, características teciduais e
funcionais do Sistema Nervoso central
O Sistema Nervoso Central (SNC) é formado pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e bulbo),
e pela medula espinhal.

Quando o cérebro, o cerebelo e a medula espinhal são analisados, é possível observar


regiões esbranquiçadas, chamadas de substância branca. Essa região é rica em mielina
presente nos axônios. Outra região é observada nesses órgãos, a substância cinzenta,
que é formada principalmente por corpos celulares dos neurônios, dendritos, porções
iniciais não mielinizadas dos axônios e células da glia (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017;
ROSS; PAWLINA, 2016).

A substância cinzenta predomina na camada superficial do cérebro, constituindo


o córtex cerebral, enquanto a substância branca prevalece nas partes mais centrais do
órgão. No interior da substância branca, pode se encontrar alguns grupos de neurônios,
denominados núcleos. De maneira semelhante, no cerebelo, a substância branca se
dispõe no centro do órgão, enquanto a substância cinzenta se dispõe na periferia,
formando o córtex cerebelar. No entanto, a medula espinal, as substâncias branca
e cinzenta localizam-se de maneira inversa à do cérebro e cerebelo. A substância
cinzenta, em cortes transversais da medula, possui formato de uma borboleta
ou da letra H, que apresenta um orifício, o canal central da medula (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2017).

Figura 10 – Distribuição da substância branca e cinzenta nos órgãos do SNC


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 167).

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Componentes, características teciduais e
funcionais do Sistema Nervoso Periférico
O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é constituído pelo tecido nervoso não situado no
SNC e está presente na constituição dos nervos e dos gânglios.

Atenção
Os nervos são formados por feixes de fibras nervosas, que por sua
vez, são formadas por um axônio envolvido por uma sequência de
células de Schwann revestidas por uma lâmina basal.

Os nervos são revestidos por uma faixa de tecido conjuntivo denso, chamada de
epineuro. Internamente, o conjunto de feixes de fibras nervosas de um nervo são
envolvidos por uma delgada bainha de tecido conjuntivo frouxo, denominada perineuro.
O epineuro pode emitir prolongamentos de tecido conjuntivo frouxo que separa
feixes ainda menores, cada qual com seu perineuro próprio. Entre as fibras nervosas
individuais, há uma delicada camada de tecido conjuntivo constituída principalmente
por fibras reticulares, chamada endoneuro (Figura 11) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017;
ROSS; PAWLINA, 2016).

Figura 11 – Estrutura dos nervos.


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 176).

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Os gânglios são acúmulos de corpo de neurônios localizados fora do SNC, envolvidos
por cápsulas conjuntivas. Os gânglios podem ser sensoriais ou do Sistema Nervoso
Autônomo (SNA) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

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Conclusão
Ao longo desse conteúdo, aprendemos a identificar as características cito-histológicas
do tecido muscular e do tecido nervoso.

Incialmente, analisamos e compreendemos as características estruturais e funcionais


do tecido muscular esquelético, bem como nos mecanismos acerca da contração
muscular do músculo estriado. Analisamos também, as características estruturais e
funcionais da musculatura cardíaca, bem como às suas peculiaridades em relação ao
músculo esquelético.

Além disso, vimos que a organização do tecido muscular liso se difere do tecido
muscular estriado por não apresentar sarcômeros e, portanto, não haver miofibrilas
e tampouco estriações. Nesse tecido, os miofilamentos se organizam de maneira
diferente, possibilitando uma contração lenta desse músculo.

Abordamos também os principais tipos celulares do sistema nervoso, tais como os


neurônios, que são responsáveis pelas sinapses e pela condução do impulso nervoso.
Além disso, vimos também a composição dos órgãos e tecidual do Sistema Nervoso
Periférico e do Sistema Nervoso Central.

Portanto, podemos concluir que o tecido nervoso e o tecido muscular são importantes
na execução de diversas funções vitais no nosso organismo, e que o estudo de suas
estruturas é necessário para o entendimento de patologias.

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Referências
ABRAHAMSOHN, P.; FREITAS, V. 8-3 Tecido muscular. Histologia Interativa Online,
Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.
br/index.php/8-3-tecido-muscular/. Acesso em: 7 maio 2020.

______. 8-4 Tecido muscular. Histologia Interativa Online, Departamento de Biologia


Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.br/index.php/8-4-tecido-muscular/.
Acesso em: 7 maio 2020.

______. 8-7 Tecido muscular. Histologia Interativa Online, Departamento de Biologia


Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.br/index.php/8-7-tecido-muscular/.
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______. 8-8 Tecido muscular. Histologia Interativa Online, Departamento de Biologia


Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.br/index.php/8-8-tecido-muscular/.
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______. 8-10 Tecido muscular. Histologia Interativa Online, Departamento de Biologia


Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.br/index.php/8-10-tecido-muscular/.
Acesso em: 7 maio 2020.

______. 8-11 Tecido muscular. Histologia Interativa Online, Departamento de Biologia


Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.br/index.php/8-11-tecido-muscular/.
Acesso em: 7 maio 2020.

AULA 15 - Contração muscular. [S. I.: s. n.], 2017. 1 vídeo (9min22s). Publicado pelo canal
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Acesso em: 7 maio 2020.

23
CONTRAÇÃO muscular – dublado. [S. I.: s. n.], 2019. 1 vídeo (4min24s). Publicado pelo
canal Fisio Ex - Prof. Alvaro Reischak de Oliveira. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=-Mfo3Af5E3c. Acesso em: 7 maio 2020.

FISIOLOGIA: Aula 13 - Músculo liso - Contração e excitação. [S. I.: s. n.], 2013. 1 vídeo
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GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Atlas colorido de histologia. 6. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2014.

JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto, atlas. 13. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

MOON, P. Células de apoio do sistema nervoso ajudam a entender o Alzheimer. Ciências


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em: 7 maio 2020.

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ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Atlas de histologia descritiva. 7. ed. Porto Alegre: Porto
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