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RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Unidade III
5 CORRENTE RUSSA E SISTEMA MUSCULAR

As correntes excitomotoras são muito utilizadas nos protocolos estéticos, sendo um dos recursos
mais importantes para o tratamento de flacidez muscular. A estimulação muscular por meio de eletrodos
superficiais é um procedimento não invasivo de excitamento dos nervos de diferentes partes do corpo,
proporcionando a contração muscular (PEREIRA, 2013).

Compreender como ocorre o processo de contração muscular é fundamental para entender como a
corrente russa atua na diminuição da flacidez muscular.

O sistema muscular é o conjunto de músculos responsáveis pela movimentação e sustentação


do esqueleto. Os músculos podem ser lisos ou estriados. Os lisos são involuntários e localizados nas
estruturas ocas do corpo, tais como vasos sanguíneos, bexiga, útero e trato intestinal. Já os estriados se
dividem entre músculo estriado cardíaco e músculos estriados esqueléticos.

Os músculos estriados esqueléticos são voluntários, fixados nos ossos pelos tendões. O cardíaco,
apesar de ser estriado, é involuntário.

A região central do músculo é denominada ventre muscular. Essa porção é a região contrátil, que é
encurtada durante a contração muscular. O epimísio reveste a parte externa do músculo.

Cada músculo contém milhares de fibras organizadas em compartimentos próprios. O fascículo


(conjunto de fibras musculares envolvidas por um tecido conjuntivo) é recoberto pelo perimísio, que
é uma bainha conectiva cuja função é proteger as fibras, formando caminhos para os nervos e vasos
sanguíneos. Essas estruturas musculares são fundamentais para manter a capacidade de alongar e
retornar ao tamanho normal (BORGES, 2006).

Figura 89 – Musculatura lisa

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O endomísio recobre as fibras musculares e cumpre a função de nutri-las e inervá-las. É composto


por uma bainha muito fina, que conduz os capilares aos nervos. Sobre o endomísio se encontra o
sarcolema, que é percorrido pela inervação neurológica, a qual atinge a unidade contrátil individual de
cada músculo.

Músculo esquelético Epimísio Fascículos musculares

Perimísio
Fascículo muscular Endomísio
Fibras musculares

Fibra muscular

Sarcolema

Miofibrila

Mitocôndria
Núcleo

Figura 90 – Composição do músculo estriado esquelético

A contração dos músculos estriados se dá pela interação entre dois tipos diferentes de
filamentos proteicos situados nos sarcômeros, a miosina e a actina. A cabeça da miosina empurra
os filamentos de actina, gerando a movimentação das fibras musculares e dando origem à contração.
Enquanto o músculo está relaxado, esse ponto de conexão entre os filamentos está ocupado por outro
tipo de proteína, denominada tropomiosina, que envolve os filamentos de actina.

Para que ocorra a contração, a tropomiosina deve liberar o ponto de ligação entre a actina e a
miosina. A cabeça da miosina se flexiona e se liga à actina, realizando um deslizamento entre as fibras.

A energia utilizada para esse tipo de movimentação nos filamentos proteicos é o ATP (trifosfato de
adenosina). Essa é a primeira fonte de energia do corpo humano e é responsável pela energia rápida e
pela energia celular.

O cálcio também é fundamental para a contração muscular. Ele encontra-se armazenado em organelas
das fibras musculares. O ponto de ligação entre a miosina e a actina deverá estar livre para que ocorra
a ligação. No entanto, em condições normais, a tropomiosina bloqueia esse local. Com os comandos

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neurológicos, os íons cálcio serão exportados e se unirão à troponina, que deslocará a tropomiosina do
local, desbloqueando o local de união dos filamentos de actina e miosina (BORGES, 2006).

Os músculos, quando são estimulados (o que pode ser feito com atividade física ou com algumas
correntes elétricas), fortalecem-se e entram em hipertrofia, ou seja, aumentam o ventre muscular.
Contudo, quando não recebem estímulos, tendem a ficar flácidos.

É importante ressaltar que para aumentar a massa muscular é fundamental a ingestão de proteínas.
Por isso, é fundamental que o cliente interessado em fortalecer a musculatura faça uma reeducação
alimentar e, sempre que possível, passe pela consulta de um profissional de nutrição.

Além disso, é importante que o profissional de estética saiba que são necessárias muitas sessões
para alcançar um resultado estético, o qual, para ser mantido, dependerá de estimulação contínua da
musculatura do cliente.

Em outras palavras, não adianta fazer “somente dez sessões”. Enquanto o cliente quiser ter a
musculatura fortalecida, deverá manter a estimulação do músculo através de atividade física ou corrente
elétrica. Cabe ao profissional, então, especializar-se e estudar sempre para elaborar séries de tratamento
capazes de manter os resultados a longo prazo para o cliente.

5.1 Características da corrente russa

A corrente russa é muito utilizada na área de fisioterapia para a reabilitação do tecido muscular
atrofiado, comum em casos de acidentes em razão dos quais o paciente fica muitos dias com um
membro imobilizado. Se o indivíduo, por alguma razão, não for capaz de excitar uma contração muscular
voluntária, isso pode ser realizado com o auxílio de eletroestimulação neuromuscular. Nisso se baseiam
vários protocolos de tratamento com o intuito de fortalecer o músculo debilitado.

Atualmente, a corrente russa também é muito utilizada na área de estética e cosmética para amenizar
a flacidez muscular e melhorar o contorno corporal, auxiliando, por exemplo, o fortalecimento dos
músculos que compõem os glúteos, e melhora na aparência do músculo tríceps.

A corrente russa pode ser definida como uma corrente alternada de média frequência entre 2.500 Hz
e 5000 Hz. Ela pode ser modulada por bursts (rajadas) e é utilizada com o objetivo de realizar excitação
muscular (BORGES, 2006). Segundo Hooker (apud BORGES, 2006), ela foi desenvolvida por volta de
1977 como um estimulador elétrico para aumentar o ganho de força.

Alon (apud BORGES, 2006) afirma que a potência mais utilizada da corrente é de 2.500 Hz. Talvez
isso se deva ao fato de essa frequência ser considerada confortável e trazer resultados satisfatórios aos
protocolos de fortalecimento muscular.

Assim como outras correntes já apresentadas neste livro-texto, diferentes autores mencionam
diferentes formas de utilização. É necessário que você, como estudante, amplie seus conhecimentos
através de leituras de artigos relacionados com o tema.
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A corrente russa apresenta características de interrupção pois, em virtude da modulação de


bursts, há uma interrupção na qual a corrente é nula (pausa) e isso favorece a prevenção da fadiga
na placa motora.

5.1.1 Eletroestimulação e tecido adiposo

Os adipócitos, células responsáveis pelo armazenamento de triglicerídeos, podem sofrer hipertrofia


(aumento de tamanho) em todas as fases de sua vida, e hiperplasia (aumento do número de células)
até o início da adolescência. Essas células servem de reservatório energético e por isso são capazes
de armazenar grandes quantidades de lipídios. Essa “energia” estocada é utilizada sempre que o
organismo necessita.

Quando uma pessoa faz dieta e reduz a quantidade de calorias ingeridas ou quando aumenta o
gasto calórico através de atividade física, necessita retirar energia desse estoque e, dessa forma, as
células diminuem de tamanho e ocorrem o emagrecimento corporal e a diminuição de medidas.

Para que a gordura corporal seja disponibilizada ao consumo do organismo, ocorre a lipólise. Os
ácidos graxos são liberados e metabolizados, atravessam a membrana celular do adipócito e entram
na corrente sanguínea. Estando na corrente sanguínea, ligam-se à albumina sérica, que atua como
um carregador, e são transportados para as células que os utilizam como fonte de energia. A gordura é
então desintegrada e transformada em energia dentro das mitocôndrias celulares.

Dependendo do estado de nutrição, treinamento do indivíduo e duração da atividade física, de 30%


a 80% da energia para o trabalho biológico derivam das moléculas adiposas intra e extracelulares. 1 mol
de gordura é capaz de produzir 142 ATP (BORGES, 2006).

Quando o corpo tem uma grande reserva energética, ela será a fonte de energia preferencial durante
uma atividade física intensa. O exercício aumenta a concentração plasmática de epinefrina e outros
hormônios, ativando os receptores beta e estimulando a lipólise. Ocorre então a quebra dos triglicérides
em ácidos graxos e glicerol.

Uma vez no plasma sanguíneo, os ácidos graxos se ligam à albumina e sua quantidade no sangue
diminui à medida que é aumentada a intensidade do exercício. Em casos de sedentarismo, quando
o gasto energético é pequeno, cerca de 70% dos ácidos graxos são ligados novamente ao glicerol e
formam novos triglicerídeos nos adipócitos.

Durante o exercício físico, a glicose e o ácido graxo são utilizados como fonte de energia,
o glucagon aumenta e a insulina diminui. Essa seria uma hipótese bioquímica de que o esforço
muscular induzido eletricamente poderia provocar essa mobilização, já que a eletroestimulação
neuromuscular tende a promover uma contração muscular de 30% a 40% mais eficaz do que a
contração voluntária. Entretanto, algumas pesquisas mostram que a eletroestimulação foi ineficaz na
redução do tecido adiposo (BORGES, 2006).

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Lembrete

Mais uma vez, assim, nos deparamos com controvérsias na eletroterapia.


O ideal é estudar e se atualizar constantemente para estar sempre por
dentro das novidades em pesquisas publicadas na área.

O cliente de procedimentos estéticos corporais deve estar ciente que, para reduzir tecido adiposo, é
muito importante realizar uma reeducação alimentar e praticar atividade física, pois, diante do que foi
citado no parágrafo anterior, mesmo que o estímulo seja eficiente, caso a energia não seja consumida,
ela se transformará novamente em triglicerídeos.

Em outras palavras, mesmo que o profissional de estética utilize um equipamento de alta tecnologia
e transforme a gordura armazenada em energia, caso o corpo não tenha necessidade de consumi-la,
essa energia será transformada novamente em gordura e o tratamento estético não será satisfatório.

Justamente por esse motivo é que nós, profissionais de estética, não podemos garantir resultados.
É fundamental que o estilo de vida do cliente seja saudável para que os resultados apareçam.

Observação

É importante assegurar, em uma ficha, juntamente com a ficha de


anamnese, que as informações necessárias com relação às limitações dos
tratamentos estéticos e a responsabilidade do cliente na manutenção
dos resultados foram dadas ao cliente.

5.1.2 Protocolos de utilização da corrente russa

É muito grande a variação de protocolos com relação ao tempo de repouso e a contração utilizando
a corrente.

A maior indicação da corrente russa é sem dúvida o fortalecimento muscular. O músculo se


fortalece quando é submetido a uma sobrecarga, que pode ser voluntária (musculação) ou involuntária
(corrente elétrica).

Muitas vezes nosso cliente nos questiona quanto à quantidade de sessões necessária para obter
resultados satisfatórios. É difícil prever quando os resultados vão aparecer, pois eles dependem de
uma série de fatores individuais. A alimentação, por exemplo, é de extrema importância. Aqueles que
consomem maiores quantidades de proteínas terão melhores condições de desenvolver musculatura.

Em alguns casos, são indicados suplementos de proteína. Além disso, é importante ressaltar que o
músculo permanece fortalecido enquanto recebe estímulos de contração, caso o cliente pare de fazer

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o tratamento e de praticar atividade física, o músculo ficará flácido, normalmente em um tempo menor
do que o gasto para ficar fortalecido.

Portanto, quando um cliente nos questiona sobre a quantidade de sessões que serão necessárias, o
ideal é responder que esse número poderá sofrer modificações com relação à frequência e à modulação, e
que o cliente deverá fazer o tratamento constantemente, ou então ser adepto da prática de musculação,
para manter os resultados obtidos durante o tratamento estético com corrente russa.

É interessante comparar o tratamento estético de fortalecimento muscular com a corrente russa com
a prática de musculação. Por acaso, alguém que pratica musculação por um período curto (dois meses, por
exemplo) consegue manter os resultados se parar de realizar a atividade? A resposta é óbvia: não! Por que
na estética seria diferente, se a explicação fisiológica para o fortalecimento muscular é a mesma?

Assim, para que ocorra o fortalecimento muscular, é necessário manter um estímulo muscular após o
programa estético, ou então continuar o programa modificando a intensidade de acordo com o decorrer
das sessões. O ideal é iniciar o tratamento com intensidades baixas e ir aumentando gradativamente ao
longo das sessões.

A variação dos protocolos quanto ao número e frequência de sessões semanais vai depender do
objetivo do cliente e do tratamento proposto. Na prática clínica, tomamos como base iniciar o tratamento
com dez sessões e executar uma reavaliação, ocasião em que o protocolo poderá ser modificado até
alcançar o objetivo esperado.

Lembrete

Quando o resultado estético for alcançado, é importante conversar


com o cliente sobre a prática de atividade física adequada para manter os
resultados obtidos.

De modo geral, normalmente os protocolos envolvem estimulações em intensidade máxima


durante 10 a 15 segundos, seguidos de 30 a 60 segundos de repouso. O número de repetições em uma
única sessão fica em média em torno de 15 contrações. A maioria dos estudos aponta um número de
três sessões por semana como um número ideal (PEREIRA, 2014).

Borges e Valentin (apud PEREIRA, 2014) apresentaram um trabalho satisfatório utilizando a corrente para
tratamento de diástase abdominal em puerpério de parto normal com emprego da eletroestimulação com
corrente muscular de 2.500 Hz, frequência modulada de 100 Hz, ciclo de 50%, tempo de contração e relaxamento
de seis segundos, tempo de sessão de 20 minutos, intensidade de corrente (µA) confortável e suficiente para
proporcionar contração visível. Esse protocolo foi repetido três vezes por semana durante seis semanas.

Silva et al. (apud PEREIRA, 2014) aplicaram um protocolo com frequência de corrente de 2.500 Hz,
frequência modulada de 50 Hz e intensidade de 100 µA. Os participantes foram divididos em dois
grupos: um utilizou somente eletroestimulação e o outro, eletroestimulação e exercícios de contração
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voluntária máxima. Ambos realizaram três sessões semanais durante 12 semanas, totalizando 36 sessões.
Os autores concluíram que ambos os grupos obtiveram resultados satisfatórios em fortalecimento da
musculatura, embora não tenham obtido nenhum resultado na diminuição do tecido adiposo.

Outro fator importante para a atingir resultados satisfatórios é o tamanho e a maneira correta de
adaptação dos eletrodos nos segmentos corporais, pois a escolha de um tamanho inapropriado pode
prejudicar os resultados. Eletrodos muito grandes podem fazer com que a corrente se espalhe para
estruturas que não o nervo ou o músculo de interesse, já os muito pequenos podem ocasionar um
desconforto sensorial muito intenso antes mesmo que a contração muscular seja desencadeada.

Eletrodos de 8 x 12 cm normalmente são utilizados para estimular grandes grupos musculares, como o
quadríceps femural. Para Kitchen e Bazin (apud PEREIRA, 2014), a escolha do tamanho do eletrodo depende
do tamanho do músculo que será trabalhado. Em geral, o ponto motor se localiza sobre o ventre muscular.

Os eletrodos mais utilizados atualmente são os de borracha, pois são reutilizáveis, desde que se
realize a higiene correta. Eles são flexíveis e por isso se adaptam às curvaturas corporais com facilidade.

Figura 91 – Colocação dos eletrodos na região glútea

Na região abdominal, os eletrodos também devem ser adaptados à região de contração da musculatura.

A) B)

Figura 92 – A) Aplicação do gel condutor nas placas de borracha; B) colocação dos eletrodos de borracha na região abdominal

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A colocação dos eletrodos sempre dependerá do tamanho do eletrodo e do tamanho do segmento


corporal. Na parte posterior de coxa, por exemplo, os eletrodos podem ser posicionados na parte superior
e inferior de coxa.

Figura 93 – Colocação dos eletrodos na região de posterior de coxa

A corrente russa também pode ser empregada em procedimentos estéticos faciais. Aliás, é muito
importante ressaltar que, quando se trata de protocolos estéticos para rejuvenescimento facial, é
essencial tratar da pele e da musculatura.

Lembrete

A pele está fixada na musculatura mímica, por isso, quando esta perde
a tonicidade, automaticamente a flacidez é demonstrada pela pele, através
de linhas de expressão.

A corrente russa fortalece a musculatura mímica e os protocolos de hidratação e clareamento facial


minimizam os sinais de envelhecimento da pele. O ideal nos tratamentos anti-idade é associar ambas as
técnicas e trabalhar pele e musculatura.

A imagem a seguir demonstra a localização dos pontos motores para a colocação dos eletrodos na face.

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Corrugador do supercílio
Frontal

Temporal

Orbicular dos olhos

Zigomático
Bucinador
Elevador do lábio superior
Orbicular da boca

Depressor do ângulo da boca

Mentoniano

Figura 94 – Localização dos pontos motores na face

5.1.3 Contraindicações da corrente russa

Entre as contraindicações da corrente russa, estão (PEREIRA, 2014):

• marca-passo cardíaco;

• doença vascular periférica, principalmente se houver possibilidade de deslocamentos de trombos;

• hipertensão ou hipotensão;

• áreas com excesso de tecido adiposo em pessoas obesas;

• tecido neoplásico;

• área de infecção ativa nos tecidos;

• pele muito desvitalizada;

• pacientes incapazes de dar feedback sobre o tratamento;

• região torácica;

• gestação.

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5.1.4 Caso clínico

S. J. é mulher, 30 anos, sedentária e com alimentação inadequada. Consome alta quantidade de


açúcar, produtos industrializados e não tem o costume de beber água. Procurou o tratamento estético
porque não gosta de academia e quer fortalecer a musculatura das pernas e glúteos. Quais seriam suas
recomendações?

Parecer profissional

Essa é uma cliente que terá dificuldade em definir a musculatura e constituir massa magra por causa
dos seus hábitos inadequados. Infelizmente a estética não faz milagres e, para a constituição de massa
magra, é necessário, além do impulso muscular, que pode ser feito através de exercícios ou de estímulos
elétricos, ela precisa de alimentos construtores em sua dieta. É um conjunto de fatores que determina
o sucesso do tratamento.

Devemos ser profissionais e sinceros com os clientes. Nesse caso, o recomendável seria sugerir
sessões de corrente russa, de duas a três vezes por semana, em dias alternados, mas esclarecendo que é
necessária uma mudança na rotina para que os resultados sejam mais rápidos e satisfatórios.

Porém, mesmo com toda a orientação necessária, o profissional de estética nunca deve dar um
número exato de sessões para que o cliente veja o resultado, pois este depende das características
individuais de cada um, da genética e principalmente dos hábitos diários, que podem acentuar ou
atenuar o perfil herdado.

5.1.5 Recursos tecnológicos para procedimentos estéticos faciais e corporais

Os recursos tecnológicos estéticos podem sempre ser associados a procedimentos estéticos manuais,
tais como: higienização da pele, esfoliação (em alguns casos) e, principalmente, massagem. Porém, os
procedimentos deverão complementar uns aos outros. A higienização e a esfoliação em procedimentos
estéticos faciais é muito importante, pois facilita a absorção de princípios ativos cosméticos e ainda
aumenta a circulação sanguínea, promovendo melhor nutrição tecidual endógena.

5.2 Eletrolifting

O eletrolifting é um recurso tecnológico utilizado principalmente para o tratamento de protocolos


de rejuvenescimento facial e estrias.

Essa técnica, também conhecida como galvanopuntura, emprega uma corrente contínua galvânica
medida em µA (microampere). É um tratamento que visa à atenuação de rugas e linhas de expressão.

O procedimento consiste na estimulação do tecido para que, através de uma pequena lesão, seja
estimulada a produção de colágeno. A reação de defesa decorrente dessa pequena lesão promove a
melhora da elasticidade do tecido na qual a corrente é utilizada.

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A técnica pode ser realizada com ou sem agulhas fixadas na base do eletrodo ativo. A agulha utilizada
deve ser do tipo descartável. Existem modelos de agulhas que podem ser esterilizadas. Porém, esse tipo
de procedimento não é recomendado porque não segue os padrões exigidos de biossegurança.

Figura 95 – Técnica de utilização do eletrolifting sem agulhas

O eletrodo ativo será aquele que está em contato com a face ou com o tecido a ser tratado e o
eletrodo dispersivo é aquele que se encontra em outro local do corpo, podendo ter forma de bastão ou
de placa.

Figura 96 – Eletrodo dispersivo de bastão

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A agulha utilizada é fina, porém rígida. Ela deve ser pontiaguda para penetrar facilmente na pele. O
comprimento dela é de no máximo 4 mm, e é confeccionada em material inoxidável.

A técnica também pode ser realizada com ponteira sem agulhas. Nesse caso, a ponta do eletrodo
é bem fina, mas não há penetração na pele. Portanto, esse método é considerado não invasivo. A
ponteira do eletrodo deve ser deslizada sobre a pele e pode ter associações de produtos ionizáveis
com princípios ativos cosméticos (a ionização é associada ao procedimento). Segundo Borges (2006),
a técnica não invasiva não é considerada eletrolifing por alguns autores, ainda que também tenha
resultados satisfatórios nos procedimentos estéticos.

O objetivo principal do eletrolifting é suavizar, atenuar e eliminar as linhas de expressão que se


formam na face devido à contração muscular realizada nas expressões faciais. O objetivo do procedimento
de puncturas do eletrolifting é provocar uma lesão tecidual, na qual, em associação com os efeitos
galvânicos da microcorrente contínua, é produzido um processo inflamatório que será responsável por
reparar as rugas e estrias.

A ponta da agulha provoca uma lesão traumática na epiderme, ocasionando uma necrose epidérmica
em virtude do componente galvânico associado à microlesão. A lesão das células do estrato espinhoso
obriga o organismo a uma reação reparadora.

Em resposta a essa lesão, haverá uma dilatação dos microcapilares sanguíneos correspondentes à
região que foi lesada, resultando em um edema e hiperemia discretos. Logo após a aplicação, ocorre
um aumento da taxa mitótica e as células recém-formadas preencherão o espaço das células lesadas
cujos resíduos (restos celulares) serão eliminados por fagocitose; o líquido excedente será absorvido pela
circulação linfática (BORGES, 2006).

A técnica promove uma necrose por liquefação que se limita a algumas células epidérmicas. Essa
necrose é formada pelas substâncias alcalinas que se formam no polo negativo pela ação do componente
galvânico da microcorrente sobre os líquidos da substância fundamental.

Assim como acontece com outras técnicas de recursos tecnológicos estéticos, não existe receita
de bolo, ou seja, cada ser é único e pode apresentar reações diferentes. Normalmente os efeitos de
uma sessão se estendem por três semanas e são necessárias de seis a dez sessões para obter resultados
satisfatórios, porém, essa quantidade também pode variar de pessoa para pessoa.

A durabilidade do tratamento está condicionada à execução completa aliada à manutenção, que


pode ser realizada com a associação de produtos contendo princípios ativos cosméticos que também
possam contribuir para a estimulação da produção de colágeno.

Os fibroblastos, células que produzem colágeno, encontram-se estruturalmente modificados na pele


com estrias, bem como nos tecidos abaixo dos sulcos das linhas de expressão, haja vista que o processo
de envelhecimento está diretamente ligado à diminuição da produção e alteração de colágeno.

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Durante a cicatrização tecidual gerada pelo procedimento, ocorre um processo inflamatório, no


qual os fibroblastos ativados encontram-se em diferenciação em resposta aos fatores de crescimento.
Eles se multiplicam e produzem fibras colágenas, secretando também proteoglicanos e fibras elásticas
(BORGES, 2006).

Imediatamente após a aplicação, é notável uma hiperemia local e edema, que é típico de qualquer
processo inflamatório devido às substâncias locais liberadas pela lesão; como efeito, ocorrem
vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos.

É extremamente importante ressaltar a importância dos cuidados home care quando se é submetido
a essa técnica. Devido à lesão causada no tecido, é fundamental o uso de proteção solar. Na verdade, o
uso de proteção solar é essencial em qualquer tipo de procedimento estético, mas, quando há lesão na
pele, a importância é ainda maior.

Além disso, é importante que o cliente não se exponha à radiação solar (praia e piscina) durante
todo o processo de cicatrização. A falta de cuidados básicos como os citados pode ocasionar manchas e
dificuldade de cicatrização da pele.

5.2.1 Efeitos fisiológicos e princípios básicos para a aplicação

Os efeitos fisiológicos dessa técnica estão baseados na capacidade da corrente de provocar a eletrólise,
causando a formação de um tecido fibroso, o qual preenche os espaços tratados, principalmente no
relevo cutâneo, por meio de atividade metabólica celular e da ativação dos fibroblastos (VERARDO apud
PEREIRA, 2014).

É fundamental que a pele esteja completamente limpa, livre de produtos cosméticos, por exemplo,
cremes ou qualquer outro tipo de produto que impeça a condutividade. Também é recomendado
executar uma esfoliação suave e com baixa abrasão para a remoção de células mortas.

5.2.2 Protocolo de procedimento estético facial de eletrolifting para minimizar as


linhas de expressão com ponteira sem agulha

Passo 1: higienização da pele com emulsão de limpeza facial.

Passo 2: esfoliação com produto específico e adequado ao biótipo cutâneo. É importante que a
esfoliação não seja muito abrasiva para que a pele não fique muito sensível antes da aplicação do
recurso eletroterápico.

Passo 3: aplicação de produto ionizável com princípios ativos que também estimulem a produção
de colágeno. Dessa forma, os efeitos dos procedimentos serão somados aos efeitos dos princípios ativos,
ampliando as chances de resultados satisfatórios no protocolo.

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Unidade III

A) B) C)

Figura 97 – A) deslizamento da ponteira na direção das linhas de expressão na região frontal;


B) deslizamento da ponteira na direção das linhas de expressão na região dos próceros;
C) deslizamento da ponteira na direção das linhas de expressão na região do músculo orbicular dos olhos

Passo 4: nessa etapa, pode ser aplicada uma máscara calmante. Contudo, é importante ressaltar
que o processo inflamatório gerado pelo procedimento é algo benéfico para ativar as reações de
defesa esperadas.

É fundamental orientar o cliente sobre a contraindicação da exposição ao sol depois do


procedimento, devido ao risco de prejuízo à cicatrização e estímulo à produção de melanina, o que
pode manchar a pele.

5.2.3 Protocolo estético utilizando a ponteira com agulha

Passo 1: higienização da pele com emulsão de limpeza facial.

Passo 2: esfoliação pouco abrasiva (igual ao procedimento descrito anteriormente).

Passo 3: aplicação do eletrolifting com agulhas. Nessa etapa, o profissional deverá executar
pequenas puncturas ao longo da linha de expressão. Um ponto deve ser realizado próximo ao outro em
toda a extensão da linha. Apenas a ponta da agulha deve ser introduzida na pele. É importante que o
profissional tenha a destreza necessária para elevar levemente a agulha gerando a microlesão.

A agulha deverá ser introduzida entre as camadas da epiderme (estrato espinhoso). Por não atingir a
derme, não haverá sangramento. A agulha também não deve ser introduzida muito superficialmente, porque,
se o bisel perfurar somente a região de células córneas, o efeito não será satisfatório. Por outro lado, a agulha
também não deve atingir a derme, porque o estrato basal não deve ser lesado (BORGES, 2006). Por esse
motivo, é muito importante que o profissional que fará uso dessa técnica tenha muito treinamento antes de
realizar o procedimento em clientes.

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Figura 98 – Utilização da ponteira com agulha para eletrolifting facial

Passo 4: nessa etapa, pode ser aplicada uma máscara calmante. Porém, é importante ressaltar
que o processo inflamatório gerado pelo procedimento é algo benéfico para ativar as reações de
defesa esperadas.

Angulação de 45º
para penetração
da agulha
Epiderme

Derme

Figura 99 – Angulação adequada da agulha para procedimento de eletrolifting

Lembrete

A exposição ao sol é altamente prejudicial para a cicatrização e pode


causar manchas no decorrer do processo. Nunca se esqueça de dar as
orientações necessárias ao cliente.

5.2.4 Tempo e intensidade das sessões

O tempo de aplicação de cada sessão depende da quantidade de rugas ou de estrias que serão
trabalhadas. Quando a área a ser trabalhada for grande, é recomendado que o profissional de estética
estipule um tempo para a sessão, pois também não é recomendado que uma grande quantidade de

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Unidade III

tecido seja lesionada de uma única vez. Nesse caso, o profissional poderá atender o cliente na mesma
semana para realizar o procedimento em outras regiões não trabalhadas na sessão anterior – porém, é
necessário ter bom senso para elaborar a periodização do tratamento.

A intensidade para essa técnica é medida segundo um parâmetro que varia, dependendo da espessura
do tecido, do local e do procedimento. Intensidades mais baixas são recomendadas para peles mais
sensíveis e finas, enquanto intensidades mais altas são mais indicadas para regiões corporais e tecido
mais espesso.

Na prática clínica, é comum encontrar profissionais utilizando cerca de 70 µA a 100 µA no tratamento


de estrias e de 150 a 200 µA para o tratamento de rugas. Esses valores normalmente variam segundo o
grau de sensibilidade de cada paciente. Borges (2006) recomenda o uso da intensidade máxima tolerada,
pois intensidades mais altas ampliam o grau da lesão, aumentando, consequentemente a resposta
inflamatória, a reação de defesa corporal e, como resultado, o estímulo à produção de colágeno.

É recomendado não ultrapassar 400 µA para evitar lesões mais graves e prováveis manchas na pele
(BORGES, 2006). Além disso, a pontuação deverá ser feita de maneira rápida e precisa, e a sensação
tende a ser um pouco desagradável, mas normalmente suportável.

O eletrodo ativo é conectado no polo negativo e o eletrodo dispersivo, no polo positivo.

Figura 100 – Eletrodo ativo negativo sem agulha e passivo positivo em bastão

5.2.5 Cuidados com o cliente

É muito importante dar atenção aos seguintes pontos, no tocante à segurança e ao bem-estar do cliente:

• A intensidade deverá ser aumentada de acordo com a sensibilidade do cliente. É recomendado


iniciar a sessão com intensidades baixas e ir aumentando gradativamente.

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• Devemos testar a corrente toda vez que formos mudar a região que está recebendo o tratamento,
sempre questionando o cliente sobre a sensibilidade ao procedimento.

• A hidratação cutânea é um fator que pode alterar a sensibilidade da pele, ou seja, pessoas
que possuem a pele desidratada poderão relatar ausência de sensibilidade, principalmente nas
primeiras sessões.

• Um parâmetro para se observar a melhora do tecido é o aumento gradual da sensibilidade com


intensidades menores.

• Não devemos repetir o tratamento antes que ocorra a cicatrização e todo o processo seja
reabsorvido. Por isso são necessários em média intervalos de dois a três dias entre as sessões. Na
prática clínica, são observados ótimos resultados em protocolos realizados uma vez por semana.
O intervalo de sete dias é seguro, pois, como a lesão tem nível epidérmico, depois desse período,
certamente a cicatrização estará completa, a menos que a aplicação tenha sido executada de
maneira inadequada e camadas mais profundas também tenham sido lesionadas (GUIRRO;
GUIRRO, 2004).

5.2.6 Indicações e contraindicações

O procedimento é indicado como complemento de tratamento de atenuação de linhas de expressão


e estrias.

Entre suas contraindicações, estão (PEREIRA, 2014):

• locais que apresentam feridas;

• pele lesionada;

• qualquer tipo de inflamação ou infecção;

• prótese metálica no local da aplicação;

• varizes;

• portadores de marca-passo cardíaco;

• neoplasias;

• sensibilidade cutânea alterada.

121
Unidade III

Saiba mais

A utilização da eletroterapia para tratamento de linhas de expressão e


de estrias é uma prática muito constante nos procedimentos estéticos. A
pesquisadora Patrícia Froes Meyer publicou um trabalho no qual ocorreu
a associação da corrente galvânica com equipamento de tatuagem para o
tratamento de estrias. Leia-o, para obter mais informações sobre o procedimento:

MEYER, P. F. et al. Aplicação da galvanoterapia em uma máquina de


tatuar para tratamento de estrias. Fisioterapia Brasil, v. 10, n. 3, maio-jun.
2009. Disponível em: https://www.patriciafroes.com.br/site/publicacao/
aplicacao_da_galvanoterapia_em_uma_maquina_de_tatuar_para_
tratamento_de_estrias. Acesso em: 1o jun. 2020.

6 ELETROLIPÓLISE

No início da década de 1980, na França, um grupo de médicos teve a ideia de associar a acupuntura
a correntes elétricas para o tratamento de adiposidades, FEG e fibroses dentro da medicina estética.
Anteriormente a essa data, só era possível trabalhar as correntes elétricas com eletrodos acoplados na
área a ser tratada. Entretanto, a técnica desenvolvida foi muito aceita e é utilizada até hoje por vários
profissionais da área da saúde.

A eletrolipólise, também conhecida como eletrolipoforese, é uma técnica destinada ao tratamento de


adiposidades e de lipodistrofia localizada. É caracterizada pela aplicação de microcorrentes específicas
de baixa frequência, em média 25 Hz, que atuam diretamente na camada hipodérmica (nos adipócitos),
produzindo sua destruição – e posterior eliminação (BORGES, 2006).

No início essa era uma técnica de exclusividade médica, aplicada somente com o auxílio de agulhas
diretamente implantadas no panículo adiposo. Porém, a indústria de equipamentos da área de estética
criou a eletrolipoforese com placas transcutâneas na tentativa de ampliar o mercado de venda, para que
outros profissionais pudessem utilizar a técnica (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

6.1 Tecido adiposo

A hipoderme, atualmente conhecida como tela subcutânea, é o tecido localizado abaixo da derme.
É formada por células adiposas, as quais têm como principal função armazenar gordura sob a forma de
triglicerídeos no interior dos adipócitos.

O corpo humano possui uma capacidade limitada para armazenar carboidratos e proteínas, e a
gordura contida no interior dos adipócitos é o armazenamento de calorias nutricionais que excedem
a utilização como fonte de energia. Esse processo de armazenamento de gordura na forma de
triglicerídeos recebe o nome lipogênese.
122
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Assim, o tecido adiposo representa um reservatório de energia, principalmente em períodos de jejum


prolongado, proteção contra o frio ou quando o organismo está submetido a uma atividade física
intensa (BORGES, 2006).

Figura 101 – Tecido adiposo observado ao microscópio ótico

O contrário ocorre quando a ingestão de calorias é menor do que a quantidade que gastamos. Nesse
caso, a célula adiposa diminui.

A célula utiliza os reservatórios energéticos para suprir a necessidade de energia, e os triglicerídeos


encontrados nos vacúolos dos adipócitos são transformados em ácido graxo e glicerol. Sob forma de
glicerol, a gordura é utilizada como fonte energética pelo corpo. Esse processo recebe o nome de lipólise.

O tecido adiposo também tem outras funções importantes para a homeostase corporal, por exemplo:

• proteção mecânica contra traumas: atua como amortecedor de choques;

• isolante térmico: a camada adiposa retém calor e é essencial para o controle da temperatura corpórea;

• produção hormonal: a leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo e é um dos fatores
estimuladores da lipólise, fator fundamental para gerar energia para o corpo.

6.1.1 Hipotálamo

O hipotálamo controla e integra a coordenação de todo o sistema nervoso autônomo periférico. A


estimulação simpática obriga a medula suprarrenal a produzir adrenalina e noradrenalina, hormônios
que entram na corrente sanguínea e aumentam os efeitos do sistema simpático.

Segundo Guyton e Hall (apud BORGES, 2006), a estimulação de certas áreas do hipotálamo faz com
que a glândula hipófise anterior secrete os hormônios endócrinos, os quais, por sua vez, controlam
outras funções corporais, como:

• controle de secreção do hormônio de crescimento (ACTH);

123
Unidade III

• controle da secreção pelas glândulas adrenais e, ainda, controle da secreção de hormônios


tireoidianos pela glândula da tireoide, e, portanto, o controle de grande parte do metabolismo do
corpo (BORGES, 2006).

6.1.2 Fibroedema geloide (FEG)

O FEG é uma alteração do tecido hipodérmico que pode mudá-lo estética e patologicamente. É
mais comum no corpo feminino por causa das constantes alterações hormonais e grande quantidade
de estrogênio. O FEG pode se manifestar em diferentes graus – no mais brando, a circulação sanguínea
e a linfática têm um pequeno comprometimento, já no mais avançado, a circulação é muito afetada.

O FEG possui quatro graus:

• Grau I: assintomático, as alterações são histológicas. Não há compressão vascular severa. Esse
grau não afeta a estética e autoestima, pois é imperceptível.

• Grau II: ocorre espessamento dos septos lobulares e proliferação das fibras colágenas; o líquido passa a
ter uma consistência gelatinosa, o que dificulta a remoção das toxinas. Ocorrem aumento no tamanho
das células adiposas e início de compressão sob os capilares sanguíneos e linfáticos. Esse grau é mais
facilmente diagnosticado através de compressão ou contração muscular (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

• Grau III: alteração do tecido em repouso e presença de nódulos. Nesse nível, não é necessário
executar a compressão na pele para visualizar “os furinhos”.

• Grau IV: o tecido fibroso torna-se constante e esclerosado, o que significa que os nódulos estão enrijecidos.
Os adipócitos aumentados executam compressão vascular e a circulação é muito prejudicada. O local
torna-se mais frio, normalmente o tecido encontra-se flácido e os nódulos são mais profundos. Com
o enrijecimento tecidual muito intenso, é produzida uma irritação contínua nas terminações nervosas,
resultando em dores, mesmo sem motivos exteriores (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
Vasos sanguíneos Vasos sanguíneos
Epiderme Epiderme
(camada subcutânea de gordura)

(camada subcutânea de gordura)

Derme Derme
Hipoderme

Hipoderme

Camada de reserva de gordura Camada de reserva de gordura


Pele bem vascularizada - normal Pele com deficit circulatório - celulite

Figura 102 – Comparação do tecido com boa irrigação sanguínea e tecido acometido por FEG

124
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Além dos diferentes graus, a FEG apresenta diferentes formas clínicas, que podem variar de acordo
com as características corporais:

• Forma compacta dura: associação da FEG com tecido adiposo enrijecido. É mais comum em
pessoas mais jovens.

• Forma flácida: comum em pessoas com uma pré-disposição genética ao desenvolvimento da


flacidez tissular. O sedentarismo e a oscilação de peso constante também são fatores agravantes
dessa forma clínica.

• Edematosa: FEG associado à retenção de líquido no tecido conjuntivo. É comum em pessoas com
desequilíbrio hormonal, má alimentação e maior pré-disposição genética.

• Mista: quando ocorrem diferentes formas clínicas na mesma pessoa (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

6.1.3 Mecanismo de ação da eletrolipólise (eletrolipoforese)

Segundo Azevedo et al. (apud PEREIRA, 2014), a ação da eletrolipoforese na lipólise consiste em
estimular a ação do sistema nervoso autônomo simpático ocasionando a liberação de catecolaminas
que ativam os receptores adrenérgicos, ocasionando a liberação de adenilato ciclase, responsável pela
conversão intracelular de ATP (trifosfato de adenosina) em AMP cíclico (monofosfato de adenosina
cíclico), resultando em alterações fisiológicas que estimulam a lipólise.

A ação lipolítica desse tipo de estimulação elétrica se inicia com o impulso inicial de duas enzimas
lipolíticas principais: a lipase e a lipoproteína lipase, que atuam no interior da célula adiposa liberando
glicerol e ácido graxo para a circulação.

Após a liberação dessa “energia” na corrente sanguínea, é importante que o corpo use o composto
energético para suprir as necessidades fisiológicas, pois, caso essa energia não seja utilizada, ela se
transformará em triglicerídeos e comporá novamente o interior de uma célula adiposa. Por esse motivo,
é muito importante realizar atividade física e manter uma dieta equilibrada.

Os aparelhos de eletrolipólise possuem o tratamento com cinco diferentes ondas:

• onda A: é utilizada para diminuir a resistência intrínseca da pele e a sensibilidade dolorosa;

• onda B: age na derme, estimulando células como os fibroblastos para a melhora da tonicidade da pele;

• onda C: atua diretamente nos adipócitos pela estimulação elétrica das terminações do
sistema nervoso autônomo simpático; sua ação se dá sobre os receptores β-adrenérgicos, que
desencadearão a liberação do AMPc intra-adipocitário, liberando os ácidos graxos e glicerol;

• ondas D e E: têm ação direta no adipócito e no tecido muscular (CARPES et al., 2012).

125
Unidade III

Alguns equipamentos não apresentam a onda E e muitos outros, dependendo da marca e modelo,
disponibilizam apenas a onda C, que é a aquela que atua diretamente sobre os adipócitos para a
redução de gordura localizada. Normalmente os equipamentos conjugados com outras correntes não
dispõem de todas as correntes. Por esse motivo, vale a pena ressaltar que é muito importante fazer
o treinamento com o fabricante: dessa forma, você entenderá as possibilidades de tratamento com o
aparelho adquirido.

Observação

A eletrolipólise é um recurso tecnológico estético que disponibiliza


energia para que o corpo possa utilizá-la nas reações fisiológicas. Porém,
caso não aconteça a queima calórica através de atividade física ou dieta, a
energia volta a ser estocada, acumulando gordura localizada. Contudo, vale
muito a pena ressaltar que o profissional da área de estética não está apto
a prescrever qualquer tipo de exercício físico ao seu cliente, nem mesmo
uma simples caminhada, pois esse tipo de atividade deve ser realizada por
um profissional de educação física, assim como também não pode indicar e
nem orientar nenhum tipo de dieta, pois isso é da alçada do nutricionista.

6.1.4 Efeitos fisiológicos da eletrolipoforese

Os efeitos fisiológicos da eletrolipoforese, de acordo com Pereira (2014) e Borges (2006), são:

• Efeito joule: corresponde à elevação da temperatura, à vasodilatação e, consequentemente, ao


aumento do fluxo sanguíneo. Causa excitação do metabolismo celular e melhora da nutrição
dos tecidos.

• Efeito neuro-hormonal: estimulação do sistema nervoso simpático, provocando a liberação


de catecolaminas, gerando aumento da concentração de AMP cíclico diretamente no interior da
célula adiposa e, consequentemente, diminuição das reservas energéticas através da lipólise.

• Efeito eletrolítico: formação do campo elétrico gerado pela corrente polarizada que induz a um
movimento iônico responsável por gerar modificações na polaridade da membrana celular.

• Efeito eletromecânico: a microestimulação elétrica origina uma excitação das fibras do tecido
conjuntivo subcutâneo, o que favorece a drenagem linfática e sanguínea, promovendo a
desintoxicação, a melhora da nutrição endógena e, consequentemente, a melhora no aspecto
da pele.

• Efeito de estímulo circulatório: a corrente atua diretamente sobre nervos e vasos motores,
provocando uma ativação da microcirculação (PEREIRA, 2014).

126
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

6.1.5 Técnica de aplicação da eletrolipólise

A aplicação da eletrolipólise, conforme já mencionado, pode ser executada através de agulhas finas
introduzidas no tecido ou através de eletrodos de superfície (aplicação transcutânea).

A aplicação da eletrolipólise com eletrodos de superfície é simples e não requer uma metodologia
específica. Os eletrodos em forma de faixa ou placas são colocados no local onde se deseja realizar o
tratamento. As placas devem ser posicionadas de acordo com os critérios clínicos de modo que a zona
a ser tratada fique no meio do campo elétrico gerado pelos eletrodos da aplicação.

Pode-se colocar o número de pares de eletrodos que o equipamento permitir e de acordo com o caso
em específico a ser tratado. É fundamental, contudo, evitar o contato físico entre as placas durante a
aplicação da eletrolipólise para impedir que o fluxo de corrente aconteça somente entre o os eletrodos
e não utilize o tecido alvo do tratamento como meio condutor (PEREIRA, 2014).

A) B) C)

Figura 103 – A) aplicação do gel condutor nas placas de borracha;


B) colocação dos eletrodos para aplicação de eletrolipólise; C) disposição dos eletrodos com a faixa elástica

Para a aplicação com as agulhas, é importante ressaltar que as agulhas devem ser de boa qualidade,
com registro na Anvisa, esterilizadas e descartáveis. Além disso, é importante que o profissional cumpra
todas as normas de assepsia, com especial ênfase na limpeza e desinfecção da pele na área tratada.

As agulhas devem ser colocadas na espessura da gordura e em posição paralela, não só em relação
umas às outras, mas também em relação ao plano cutâneo e ao tecido adiposo. As regiões de implantação
das agulhas devem ser determinadas com base em critérios clínicos de topografia e localização do
problema. Se as regiões do tratamento forem muito extensas, podem ser colocados vários pares
de eletrodos tipo agulha em áreas específicas (SORIANO; PEREZ; BAQUÉS apud PEREIRA, 2014).

Devemos segurar a agulha entre o polegar e o indicador a 3 cm da ponta, para poder exercer forte
pressão sobre ela e direcionar a implantação; com mão livre, esticamos bem a pele. Nunca devemos
pinçar durante a implantação. Alguns profissionais preferem utilizar um tubo-guia para a introdução da

127
Unidade III

agulha e depois, no momento de empurrá-la para dentro, optam por fazer a prega na pele, alegando ter
mais firmeza nessa forma de aplicação (BORGES, 2006).

Borges (2006) também indica a colocação vertical da agulha, posicionando-a a 90º no panículo adiposo
durante a eletroestimulação. Para essa técnica, devem ser utilizadas agulhas de menor comprimento.

As agulhas ou placas devem ser colocadas respeitando sempre uma distância de 5 cm entre si.
Cada par de agulhas ou placas deve ter um polo positivo e outro negativo.

Figura 104 – Aplicação da eletrolipólise com agulhas na região abdominal

6.1.6 Protocolos de eletrolipólise utilizando quatro correntes disponíveis


no equipamento

Quando falamos de variáveis que envolvem os protocolos de utilização da eletrolipólise (tempo,


aplicação e número de sessões) e os equipamentos empregados (frequência, intensidade, tipo de onda e
de corrente), encontramos muitas divergências entre os autores estudados. É importante o profissional
conhecer o equipamento e todas as possibilidades de parâmetros, bem como realizar uma ficha de
anamnese cuidadosa.

A seguir estudaremos um exemplo de utilização em protocolos de eletrolipólise utilizando quatro


correntes disponíveis no equipamento (PEREIRA, 2014):

• Passo 1: realizar a higienização da área a ser tratada.

• Passo 2: acoplar os eletrodos de borracha ou as agulhas.

128
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Figura 105 – Aplicação da corrente de eletrolipólise na região abdominal

Passo 3: trabalhar cinco minutos na frequência de 50 Hz com a onda A (onda retangular aguda).

Passo 4: trabalhar 10 minutos na frequência de 30 Hz com a onda B (onda retangular ampla).

Passo 5: trabalhar 20 minutos na frequência de 10 Hz com a onda C (trapezoidal aguda).

Passo 6: trabalhar cinco minutos na frequência de 5 Hz com a onda D (trapezoidal de base ampla).

Observação

O tempo estipulado em cada onda pode ser modificado de acordo


com as características individuais do cliente. O exemplo citado é indicado para
pessoas com maior necessidade de redução de volume do tecido adiposo, pois,
nesse protocolo, o tempo maior de aplicação é o da onda C, que estimula
a diminuição das reservas energéticas do adipócito. O tempo distribuído
entre as ondas pode ser modificado de acordo com as necessidades e
características individuais de cada cliente.

As intensidades deverão respeitar a sensibilidade de cada cliente e normalmente é indicado


um número de dez sessões. Porém, a quantidade de sessões depende muito de características
individuais e do estilo de vida da pessoa. Por isso é fundamental explicar para o cliente os conceitos de
lipólise e lipogênese, a fim de tornar explícita a importância de manter bons hábitos diários para manter
os resultados obtidos ao longo do tratamento estético corporal.

129
Unidade III

A cada dez sessões, o cliente deve ser reavaliado para a verificação da possibilidade de renovação do
programa. O tratamento estético pode sofrer alterações de acordo com as necessidades, não precisando
necessariamente ter um final. A drenagem linfática manual, por exemplo, é um procedimento que
pode ser realizado sempre que o cliente apresentar retenção hídrica, para potencializar os resultados
da eletrolipólise.

Lembrete

Muitos clientes associam o aumento de medidas somente à gordura


localizada, mas muitos, além de gordura, têm retenção de líquidos nos
espaços intersticiais.

6.1.7 Indicações e contraindicações

Indicações: a eletrolipólise é indicada em casos de lipodistrofia localizada (gordura localizada),


FEG (celulite), nódulos e retração pós-lipoaspiração e flacidez da pele. Além disso, também é indicada
em casos de ptose abdominal e de glúteos. O tempo de cada onda será estipulado de acordo com as
características e necessidades de cada cliente (PEREIRA, 2014).

As contraindicações são:

• pacientes que estejam fazendo uso de anticoagulantes;

• insuficiência cardíaca ou renal;

• portadores de marca-passo cardíaco;

• trombose venosa profunda;

• epilepsia;

• gestantes;

• regiões tumorais;

• problemas dermatológicos na área a ser tratada (dermatites, feridas, eczemas);

• qualquer tipo de inflamações ou processos infecciosos.

É relativa a contraindicação a pacientes com próteses metálicas ou que estejam fazendo uso de
dispositivo intrauterino com cobre (DIU). Nesses casos, não é recomendado o uso da corrente elétrica
no local.

130
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Saiba mais

Para ampliar os conhecimentos sobre a aplicabilidade da eletrolipólise


na região abdominal em voluntárias do sexo feminino, recomendamos a
leitura do artigo:

MELLO-CARPES, P. B. et al. A eletrolipólise percutânea como possibilidade


de diminuição da adiposidade em abdome e flancos. Biomotriz, v. 6, n. 2,
2012. Disponível em: http://revistaeletronica.unicruz.edu.br/index.php/
BIOMOTRIZ/article/view/168. Acesso em: 18 maio 2020.

6.2 Vapor de ozônio

O vapor de ozônio consiste em um recurso tecnológico utilizado para causar emoliência na pele,
principalmente no protocolo de limpeza de pele para facilitar as extrações de comedões e lesões
contendo secreção sebácea e pus.

Caracteriza-se pela evaporação de água em ebulição com uma lâmpada ultravioleta e obtém-se pela
irradiação do oxigênio presente no vapor de água e com raios UV emitidos por uma lâmpada geradora
dessa radiação.

O gás de ozônio também pode ser emitido juntamente com o vapor de água e isso é um diferencial
do equipamento quando comparado à máscara térmica, que tem praticamente a mesma finalidade
dentro dos procedimentos estéticos.

O ozônio gerado pelo equipamento tem como funções vários efeitos, tais como:

• bactericida;

• bacteriostático;

• oxigenante;

• cicatrizante;

• fungicida.

131
Unidade III

Figura 106 – Equipamento gerador de vapor de ozônio

6.2.1 Efeitos fisiológicos

O principal efeito causado pela geração de vapor é a emoliência do tecido nas áreas atingidas
pela vaporização.

Figura 107 – Vaporização gerada pelo equipamento de vapor de ozônio

132
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

A emoliência “amolece” o sebo contido no folículo piloso e isso facilita a extração nos protocolos de
limpeza de pele. Esse recurso é indispensável para a realização de uma limpeza de pele profunda.

O ozônio produzido pelo equipamento tem diversas propriedades benéficas para os tecidos biológicos,
mas é particularmente conhecido por suas propriedades bactericida, anti-inflamatória e antimicrobiana.

O ozônio também é utilizado como método alternativo na sanificação de água. Autores comprovaram,
através de experimentos, que o ozônio reduz significativamente o valor das colônias de micro-organismos
presentes na água, além de promover a negativação das análises para coliformes Pseudomonas ssp.

A utilização do equipamento na superfície da pele provoca a formação de ozônio, o qual, por ser
uma substância instável, se decompõe rapidamente em oxigênio molecular e em atômico. A ação
desinfetante do ozônio reside na grande agressividade do oxigênio atômico nascente, liberado durante
a decomposição do ozônio (BORGES, 2006).

O vapor produzido pela água, em contato com a pele, provoca a sudoração, a qual também facilita
a eliminação de toxinas.

A utilização do vapor de ozônio na estética tem sua importância devido às seguintes propriedades:

• elevação no nível de oxigenação tissular e celular;

• aumento da microcirculação sanguínea;

• efeito bactericida devido à formação do ozônio associado às partículas de água que são vaporizadas
(PEREIRA, 2014).

Figura 108 – Aplicação do vapor de ozônio diretamente na face

133
Unidade III

6.2.2 Aplicação do equipamento de vapor de ozônio

É importante ressaltar que esse equipamento, apesar de não parecer, é perigoso, pois a água que está
sendo vaporizada está fervendo em um recipiente de vidro contido dentro do aparelho.

Para a segurança do cliente, é importante que o profissional ligue o equipamento logo no início da
sessão. O bucal por onde sairá o vapor quente não deve ser direcionado ao rosto do cliente antes que o
profissional se certifique de que não há vazamento ou pequenos “pingos” de água fervente.

Quando o aparelho começa a vaporizar, o profissional verifica se está tudo certo e então direciona o bucal
para a face ou região do corpo do cliente que requer a necessidade de vaporização no protocolo estético.

O vapor deve ser utilizado a uma distância de 30 ou 35 centímetros da região a ser tratada. O tempo
de aplicação, dependendo do tratamento preconizado e do tipo de pele, geralmente fica em torno de
cinco a 15 minutos (PEREIRA, 2014).

A água usada no equipamento deve ser filtrada e, após o uso, é importante remover a água que
eventualmente tenha sobrado; em nova utilização, o correto é recolocar água limpa. A permanência de
água no recipiente pode gerar a formação de microrganismos e mau cheiro.

Não é recomendado colocar essências no interior do equipamento, pois isso pode prejudicar
seu funcionamento.

6.2.3 Indicações e contraindicações do vapor de ozônio

O vapor é indicado nos procedimentos que requerem aumento da microcirculação e da temperatura


cutânea. Além disso, não somente é indicado como também tem grande relevância nos protocolos de
limpeza de pele.

Entre suas contraindicações, estão:

• Pele que apresente algum tipo de problema circulatório.

• Pele excessivamente sensível, embora essa não seja necessariamente uma contraindicação
absoluta. É importante que o profissional verifique cada caso e, dependendo da situação, diminua
o tempo de utilização e deixe o equipamento mais distante.

Observação

Você, neste ponto, com certeza já observou que é importante realizar


uma ficha de anamnese cuidadosa por causa das possíveis contraindicações
existentes em qualquer tipo de procedimento estético. Sempre que você
tiver dúvidas sobre as contraindicações de algum tipo de procedimento
134
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

estético, pode solicitar uma autorização médica e, nesses casos, deverá


anexar o atestado à ficha de anamnese do cliente para se demonstrar que
você, como profissional da área da beleza, tomou os cuidados necessários
com a saúde do seu cliente.

6.2.4 Exemplos de protocolo de utilização do vapor de ozônio para limpeza de pele

Passo 1: higienização com emulsão de limpeza na região da face, pescoço e colo. Nesse momento, é
indicado que o profissional ligue o equipamento de vapor de ozônio, pois ele demora cerca de dez minutos
para iniciar a vaporização. Lembre-se de que não é recomendado deixar o equipamento voltado para a face
do cliente antes de se certificar de que o funcionamento está satisfatório e não oferecerá riscos.

Passo 2: esfoliação para remoção de células mortas e preparação da pele para a extração dos comedões.

Passo 3: emoliência. Para essa etapa, é utilizado o vapor de ozônio. Posicione o equipamento na
direção da face com a distância recomendada para a segurança do cliente. O tempo estimado para
a emoliência dos comedões é de aproximadamente 15 minutos. Porém, é importante ressaltar que
o profissional deverá estar próximo do cliente por todo o tempo da sessão a fim de verificar possíveis
problemas com o equipamento – observação que é válida para qualquer tipo de recurso tecnológico.
Essa etapa do protocolo também pode gerar ação bactericida, caso essa opção seja ativada com a saída
do vapor de água.

Passo 4: realização da extração dos comedões e das lesões que contêm secreção sebácea e pus.

Passo 5: aplicação do equipamento de alta frequência para ação bactericida.

Passo 6: aplicação de máscara (normalmente com ação calmante).

Passo 7: aplicação de produto com fator de proteção solar, caso seja dia, de hidratante ou nutritivo
específico para o tipo de pele, se for noite.

Esse tipo de protocolo normalmente é realizado mensalmente. Porém, deve ser realizada uma
avaliação prévia.

6.2.5 Protocolo de utilização do vapor de ozônio para hidratação e nutrição

Passo 1: higienização com emulsão de limpeza na região da face, pescoço e colo. Nesse momento,
é indicado ligar o equipamento de vapor de ozônio, pois ele demora cerca de dez minutos para iniciar a
vaporização. Lembre-se de que não é recomendado deixar o equipamento voltado para a face do cliente
antes de se certificar de que o funcionamento está satisfatório e não oferecerá riscos.

Passo 2: esfoliação para remoção de células mortas e preparação da pele para a extração dos comedões.

135
Unidade III

Passo 3: aplicação do vapor de ozônio por aproximadamente dez minutos. Essa etapa tem como
principal objetivo aquecer a pele para obtenção dos benefícios fisiológicos relacionados à ativação da
microcirculação. Sempre que ocorre vasodilatação, há um aumento da nutrição endógena.

Passo 4: realização de massofilaxia estética. Podem ser utilizadas manobras de massagem por toda
a extensão da face, pescoço e colo. Essa etapa tem como objetivos incrementar a etapa anterior e ainda
estimular a circulação sanguínea.

Passo 5: aplicação de máscara com princípios ativos cosméticos. Essa etapa pode ser realizada com
máscara calmante, hidratante, tensora ou nutritiva. A escolha do produto cosmético deverá ser feita de
acordo com as características e necessidades do cliente.

Passo 6: aplicação de produto com fator de proteção solar, caso seja dia, ou de hidratante ou
nutritivo específico para o tipo de pele, se for noite.

Esse tipo de protocolo é indicado para peles ressecadas, desidratadas e envelhecidas, sendo
contraindicado em peles seborreicas e oleosas, pois o calor e a massagem estimulam a produção de
sebo através da ativação das glândulas sebáceas.

6.3 Máscara térmica

A máscara térmica é um recurso tecnológico utilizado para promover o aquecimento da face em


protocolos estéticos faciais.

A máscara térmica é considerada um recurso prático, com um custo mais baixo que o vapor, sendo
utilizada geralmente por quem está́ se iniciando na profissão e por quem costuma fazer atendimentos
em domicílio, por causa da praticidade de seu transporte.

Existem vários modelos e marcas diferentes. As mais comuns não possuem termostato (dispositivo
controlador do aquecimento). É possível controlar a temperatura através do termostato que apresenta
temperatura fraca, média ou forte. É muito importante que o profissional esteja monitorando o cliente
em todo o período de utilização do equipamento, pois muitos apresentam “fobia” de ficar com o rosto
completamente tampado pela máscara térmica.

Antes de acoplar a máscara térmica à face, é necessário prepará-la e protegê-la para que ela não
encoste diretamente na pele, pois pode sensibilizá-la.

Após a higienização facial, é necessário umedecer algodões, de preferência algodão redondo ou


quadradinho, e adaptá-los aos olhos. Após a proteção ocular, é indicado utilizar um beauty facial (lenço
confeccionado com material de tecido com formato do rosto, utilizado para proteção) umedecido com
loção emoliente ou hidratante. Somente depois que olhos e pele estejam protegidos é que é recomendado
ligar a máscara. A proteção à face também pode ser feita com algodão e gaze umedecidos na loção
emoliente ou hidratante e adaptados em toda a face.

136
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Observação

A máscara térmica, apesar de não produzir ozônio, também é


satisfatória nos procedimentos estéticos, por exemplo, na limpeza de
pele. Muitas pessoas optam por iniciar os atendimentos com esse recurso,
por ter um valor mais acessível do que o do vapor de ozônio. Algumas
máscaras possuem termostato e, por isso, o profissional consegue regular a
temperatura de acordo com a sensibilidade do cliente. Porém, as de menor
custo não têm termostato – nesses casos, o profissional deverá monitorar
o tempo todo, pois, se a temperatura se elevar demais, deve-se desligar um
pouco a máscara da tomada e ir controlando a temperatura.

Resumo

Você teve acesso a muitas informações que contribuirão para elaboração


de protocolos específicos utilizando recursos tecnológicos, os quais podem
ser associados com técnicas manuais.

A corrente russa é uma corrente utilizada para o tratamento de flacidez


muscular. A corrente elétrica será introduzida na musculatura corporal
através de eletrodos específicos posicionados na musculatura na qual se
deseja fazer o tratamento.

A alimentação à base de proteína é fundamental para a constituição


do tecido muscular. Portanto, o profissional de estética deverá orientar
corretamente o cliente e, sempre que necessário, indicar que este faça
uma dieta equilibrada sob a orientação de um profissional de nutrição.
Além disso, é importante salientar que, se o estímulo muscular for cessado,
a musculatura tende a ficar flácida novamente, por isso, é essencial
continuar o tratamento ou praticar atividade física adequada para manter
os resultados obtidos nas sessões de eletroterapia com corrente russa.

O eletrolifting é um recurso que utiliza corrente galvânica associada a


uma ponteira de bico fino (tipo caneta) ou a microagulhas que promovem
lesão no tecido epidérmico, estimulando, assim, a produção de colágeno. Esse
protocolo pode ser executado na face para tratamento de rejuvenescimento
facial e em estrias. Esse protocolo pode ser associado à cosmetologia para
potencializar a ação do protocolo.

A eletrolipólise é um recurso tecnológico que pode trabalhar o tecido


desde a camada epidérmica até o tecido muscular. A técnica é composta

137
Unidade III

de quatro ou cinco tipos de corrente elétrica que podem ser trabalhadas


conjugadamente em sequência. A onda C é a mais solicitada, pois essa
frequência induz o sistema nervoso a liberar catecolaminas que elevam
a concentração de substâncias lipolíticas. Como consequência, ocorre
diminuição de medidas devido à liberação de triglicerídeos do interior das
células adiposas.

O vapor de ozônio é um recurso que tem como principal objetivo


vaporizar gotículas de água no local do tratamento. É muito utilizado em
sessões de limpeza de pele para gerar emoliência e facilitar a extração dos
comedões e lesões contendo secreção sebácea.

Quando o modo ozônio é ativado, um jato de ozônio é associado


às gotículas de água no vapor e além de emoliência ocorre um efeito
bactericida, bacteriostático, oxigenante e cicatrizante no tecido atingido. É
indicado para todos os tipos de pele, principalmente as acneicas.

O vapor de ozônio também pode ser utilizado em sessões de hidratação


cutânea, pois um dos efeitos fisiológicos do calor gerado é a ativação da
circulação sanguínea que ativa a nutrição endógena e a estimulação das
glândulas sebáceas, que estimulam a produção de sebo e aumentam a
hidratação de dentro para fora.

Exercícios

Questão 1. (Fundação Carlos Chagas 2005, adaptada) Com relação à corrente russa, é possível
afirmar que:

A) É formada por correntes de média frequência, moduladas para produzir trens de pulso de
baixa frequência.

B) Segundo Kots, ela causa um aumento de força superior a 10% na musculatura sadia, e com isso
provoca a melhoria do desempenho muscular em atletas.

C) Elimina a flacidez, sendo que os melhores resultados são obtidos quando o paciente não faz uso
de exercícios físicos.

D) Penetra superficialmente nos tecidos.

E) Provoca analgesia na sua forma tradicional de utilização.

Resposta correta: alternativa A.

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RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Análise das alternativas

O pesquisador soviético Yakov Kots divulgou, no final da década de 1970, os resultados de suas
pesquisas mostrando que uma corrente interrompida de frequência de 2500 Hz foi utilizada para
aumento de força muscular dos atletas de elite soviéticos em até 40%.

Embora tenham existido, por parte de outros pesquisadores, várias tentativas de reprodução desses
efeitos, com os mesmos experimentos, não foi possível obter os mesmos resultados.

A) Alternativa correta.

Justificativa: a corrente russa trabalha numa faixa classificada como de média frequência
(2500 Hz a 4000 Hz) e possui trens de pulso de baixa frequência (burst), como descreve a alternativa.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora tenham existido, por parte de outros pesquisadores, várias tentativas de
reprodução dos efeitos obtidos por Kots, com os mesmos experimentos, não foi possível obtê-los.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a corrente russa é usada na eliminação da flacidez em algumas regiões do corpo. Entretanto,
existe um consenso de que ela é mais eficaz quando aplicada em conjunto com exercícios físicos.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a corrente russa penetra mais profundamente no tecido muscular, estimulando um


grande número de fibras musculares.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a corrente russa não provoca analgesia.

Questão 2. Assinale a alternativa que apresenta corretamente apenas contraindicações para o eletrolifting.

A) Locais que apresentam feridas, pele lesionada, qualquer tipo de inflamação ou infecção, prótese
metálica no local da aplicação e aplicação em linhas de expressão e estrias.

B) Varizes, portadores de marca-passo cardíaco, pele lesionada, neoplasias e aplicação em linhas de


expressão e estrias.

C) Locais que apresentam feridas, pele lesionada, qualquer tipo de inflamação ou infecção, prótese
metálica no local da aplicação e sensibilidade cutânea alterada.

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Unidade III

D) Varizes, portadores de marca-passo cardíaco, neoplasias e aplicação em linhas de expressão e estrias.

E) Varizes, pele lesionada, neoplasias e aplicação em linhas de expressão e estrias.

Resposta correta: alternativa C.

Análise da questão

Uma aplicação para o eletrolifting é indicada nas linhas de expressão e nas estrias.
A alternativa C é a única que não contém em sua relação de contraindicações a aplicação em linhas
de expressão e estrias.

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