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MÉTODOS E TÉCNICAS

DE AVALIAÇÃO
ESTÉTICA

Mônica Kuplich
Avaliação antropométrica
(peso, altura, percentual de
gordura e dobras cutâneas),
ambiental, funcional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os métodos de avaliação antropométrica.


„„ Identificar os principais parâmetros para avaliação antropométrica.
„„ Definir a aplicabilidade dos métodos de avaliação antropométrica.

Introdução
O profissional da área de estética deve compreender os métodos de
avaliação para elaborar corretamente o plano de tratamento. Para isso,
é fundamental ter conhecimento sobre as ferramentas utilizadas para a
avaliação antropométrica.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a organização do ambiente de
avaliação antropométrica, bem como as ferramentas e os parâmetros
utilizados na avaliação, incluindo o peso, a altura, o percentual de gordura
e as dobras cutâneas.

Métodos de avaliação antropométrica


A antropometria é uma área da antropologia que estuda o tamanho, as dimen-
sões e as proporções do corpo humano. A estrutura corporal é formada pelo
peso corporal, pela estatura, pelas circunferências e pelos diâmetros, sendo
que as alterações estão relacionadas com diversas disfunções corporais. Para
30 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

realizar a avaliação antropométrica, o profissional de estética deve entender


como funcionam as ferramentas a serem utilizadas, obter informações refe-
rentes ao peso corporal adequado e o consumo energético correto — quando
necessário, deve encaminhar o paciente ao nutricionista em casos como,
por exemplo, no sobrepeso —, além de reconhecer se há a necessidade de
acompanhamento de outros profissionais de saúde.
Os equipamentos utilizados para a avaliação antropométrica permitem
que o profissional consiga avaliar as condições de saúde, podendo citar qua-
dros de sobrepeso, obesidade ou desnutrição. Além disso, essas ferramentas
destacam-se por apresentarem baixo custo, necessitam de pouco espaço e são
relativamente simples. Por fim, esse método, além de ser seguro, ocupa pouco
tempo do profissional.
Para a realização da avaliação antropométrica, o profissional precisa de
uma sala equipada com fita métrica para a avaliação de circunferência, com-
passos ou adipômetro para a avaliação de dobras cutâneas, e uma balança
para aferição do peso corporal (Figura 1). Após a avaliação, todos os dados
devem ser anotados para então serem avaliados. O uso de determinados cál-
culos permite ao profissional a correta avaliação corporal de um indivíduo
(QUEIROGA, 2005).
Além das ferramentas citadas, o profissional também pode utilizar o esta-
diômetro, um instrumento empregado para medir a altura e que, geralmente,
fica encostado próximo a parede. Porém, é possível também que determinadas
balanças apresentem o estadiômetro acoplado a ela, reduzindo assim o espaço
ocupado pelos instrumentos de avaliação.

(a) (b) (c)

Figura 1. Exemplo de (a) medição com fita métrica, (b) medição com adipômetro e (c)
balança.
Fonte: Antoniodiaz, Antoniodiaz e Rostislav Sedlacek/Shutterstock.com.

No que se refere à estimativa de percentual de gordura corporal, a avaliação


de dobras cutâneas utilizando o adipômetro é a mais indicada. Essa técnica
Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 31

consiste em avaliar o conteúdo de gordura localizado abaixo da pele, sendo


que o tecido adiposo subcutâneo representa 50 a 70% da gordura total do
corpo. Ou seja, a quantidade de gordura subcutânea está diretamente ligada
à quantidade total presente no organismo (COSTA, 2001).
A partir das ferramentas citadas acima, a estimativa da composição cor-
poral pode ser avaliada de duas formas, sendo a primeira referente ao peso
e altura, denominada índice de massa corporal (IMC), e a segunda pelo uso
do adipômetro, para se avaliar as dobras cutâneas e a circunferência com o
uso da fita métrica.
O ambiente para a avaliação, por sua vez, precisa ser confortável tanto
para o avaliador quanto para o avaliado. Na obra de Oliveira et al. (2015), os
autores sugerem uma área de aproximadamente 20 m2, com boa iluminação
e silenciosa, temperatura entre 20o e 25o C e umidade relativa do ar entre
40 e 60%. Por fim, para a correta avaliação, o avaliado deve vestir trajes de
banho ou calção e top esportivo — a região subescapular deve permanecer
acessível para a avaliação.

Embora a antropometria esteja presente em culturas antigas da Índia, do Egito e


da Grécia, foi apenas no século XIX, nos Estados Unidos, que se iniciou essa prática
formal com os estudos do médico Edward Hitchcock (1793-1864) (TRITSCHLER, 2003).

Parâmetros para avaliação antropométrica


Diversos são os fatores que podem interferir no resultado da avaliação antro-
pométrica, desde o preparo do avaliado até o manuseio correto das ferramentas
pelo avaliador. O uso da balança e do estadiômetro permite que sejam aferidos
o peso e a altura do avaliado, respectivamente. A partir desses dados é possível
identificar o IMC de um indivíduo.
No que se refere ao IMC, esse pode ser avaliado através do seguinte cálculo:
peso (quilos) divido pela altura (metros) ao quadrado, conforme a fórmula
abaixo:

Peso / altura2
32 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

A partir do valor obtido, pode-se comparar com os dados da Tabela 1.

Tabela 1. Índice de massa corporal.

IMC (kg/m2)
Classificação
Pontos principais

Magreza grave < 16,00

Magreza moderada 16,00 - 16,99

Magreza leve 17,00 - 18,49

Normal 18,50 - 24,99

Sobrepeso 25,00 - 29,99

Obesidade grau I 30,00 - 34,99

Obesidade grau II 35,00 - 39,99

Obesidade grau III > 40

Fonte: Oliveira et al. (2015).

Ademais, é importante salientar que o IMC não é indicado para pessoas


que praticam exercícios físicos e cujo objetivo seja aumentar a massa magra
do corpo. Isso ocorre porque o IMC avalia o peso total do indivíduo, incluindo
os músculos, a gordura, entre outros. Logo, duas pessoas que apresentem peso
e altura iguais podem apresentar grande diferença na quantidade de gordura
corporal.
Para isso, a razão cintura-quadril pode ser utilizada a fim de acrescentar
dados ao IMC. A fita métrica é utilizada para identificar o perímetro da cintura
e do quadril, em seguida, deve-se dividir o valor do perímetro (cm) da cintura
pelo do quadril, como mostra a fórmula abaixo:
Perímetro da cintura (cm)
Índice cintura/quadril =
Perímetro do quadril (cm)

A Tabela 2 apresenta os valores de referência para a razão cintura/quadril.


Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 33

Tabela 2. Referência de valores para razão cintura-quadril.

Gênero Idade Baixa Moderada Alta Muito


(anos) alta

20 – 29 ≤ 0,82 0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 ≥ 0,95

30 – 39 ≤ 0,83 0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 ≥ 0,97

Homens 40 - 49 ≤ 0,87 0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 ≥ 1,01

50 – 59 ≤ 0,89 0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 ≥ 1,03

60 – 69 ≤ 0,90 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 ≥ 1,04

20 – 29 ≤ 0,70 0,71 a 0,77 0,78 a 0,82 ≥ 0,83

30 – 39 ≤ 0,71 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 ≥ 0,85

Mulheres 40 – 49 ≤ 0,72 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 ≥ 0,88

50 – 59 ≤ 0,73 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 ≥ 0,89

60 – 69 ≤ 0,75 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 ≥ 0,91

Fonte: Oliveira et al (2015).

Além do cálculo para a razão cintura/quadril, o profissional pode também


averiguar o perímetro da região abdominal, em que valores superiores a 102
cm para homens e 88 cm para mulheres são indicativos de risco para doenças
crônico-degenerativas (COSTA, 2001).
Como supramencionado, uma parte representativa do conteúdo gorduroso
do ser humano encontra-se no tecido subcutâneo, também denominado tecido
adiposo. O adipômetro pode ser aplicado para se avaliar a espessura das
dobras cutâneas (Figura 1b) e, a partir desses resultados, estimar a densidade
corporal de um indivíduo. As principais regiões avaliadas são as do tríceps,
subescapular, bíceps, axilar, torácica ou peitoral, suprailíaca, supraespinal,
coxa e panturrilha.
É importante salientar que essa quantificação se torna variável entre gê-
neros e idade. Cabe ao profissional escolher qual fórmula matemática será
utilizada, visto que existem inúmeras fórmulas diferentes, e quais serão as
regiões anatômicas avaliadas.
Segundo o método de Jackson e Pollock (1985), cada região de interesse
deve ser mensurada no mínimo duas vezes para fazer a média local. As re-
giões avaliadas nesse método são as dobras cutâneas do tríceps, abdominal
34 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

e suprailíaca. Após, deve-se somar os valores das três dobras cutâneas para
então observar o percentual de gordura corporal em mulheres (Tabela 3) e
homens (Tabela 4); na primeira linha encontram-se as idades (em anos) e, na
primeira coluna, a soma das pregas (em mm).
É importante salientar que são considerados valores adequados de 8 a 20%
de gordura corporal para homens e de 13 a 28% de gordura corporal para as
mulheres (ALVARENGA, 2007).

Tabela 3. Valores de referência para porcentagem de gordura corporal para mulheres.

Soma
das
pregas
cutâneas < 23- 28- 33- 38- 43- 48- 53-
(mm) 22 27 32 37 42 47 52 57 > 57

8-10 1,3 1,8 2,3 2,9 3,4 3,9 4,5 5,0 5,5

11-13 2,2 2,8 3,3 3,9 4,4 4,9 5,5 6,0 6,5

14-16 3,2 3,8 4,3 4,8 5,4 5,9 6,4 7,0 7,5

17-19 4,2 4,7 5,3 5,8 6,3 6,9 7,4 8,0 8,5

20-22 5,1 5,7 6,2 6,7 7,3 7,9 8,4 8,9 9,5

23-25 6,1 6,6 7,2 7,7 8,3 8,8 9,4 9,9 10,5

26-28 7,0 7,6 8,1 8,6 9,2 9,8 10,3 10,9 11,4

29-31 8,0 8,5 9,1 9,5 10,2 10,7 11,3 11,8 12,4

32-34 8,9 9,4 10,0 10,5 11,1 11,6 12,2 12,8 13,3

35-37 9,8 10,4 10,9 11,5 12,0 12,6 13,1 13,7 14,3

38-40 10,7 11,3 11,8 12,4 12,9 13,5 14,1 14,6 15,2

41-43 11,6 12,2 12,7 13,3 13,8 14,4 15,0 15,5 16,1

44-46 12,5 13,1 13,6 14,2 14,7 15,3 15,9 16,4 17,0

47-49 13,4 13,9 14,5 15,1 15,6 16,2 16,8 17,3 17,9

50-52 14,3 14,8 15,4 15,9 16,5 17,1 17,6 18,2 18,8

53-55 15,1 15,7 16,2 16,8 17,4 17,9 18,5 19,1 19,7

56-58 16,0 16,5 17,1 17,7 18,2 18,8 19,4 20,0 20,5

59-61 16,9 17,4 17,9 18,5 19,1 19,7 20,2 20,8 21,4

(Continua)
Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 35

(Continuação)

Tabela 3. Valores de referência para porcentagem de gordura corporal para mulheres.

Soma
das
pregas
cutâneas < 23- 28- 33- 38- 43- 48- 53-
(mm) 22 27 32 37 42 47 52 57 > 57

62-64 17,6 18,2 18,8 19,4 19,9 20,5 21,1 21,7 22,2

65-67 18,5 19,0 19,6 20,2 20,8 21,3 21,9 22,5 23,1

68-70 19,3 19,9 20,4 21,0 21,6 22,2 22,7 23,3 23,9

71-73 20,1 20,7 21,2 21,8 22,4 23,0 23,6 24,1 24,7

74-76 20,9 21,5 22,0 22,6 23,2 23,8 24,4 25,0 25,5

77-79 21,7 22,2 22,8 23,4 24,0 24,6 25,2 25,8 26,3

80-82 22,4 23,0 23,6 24,2 24,8 25,4 25,9 26,5 27,1

83-85 23,2 23,8 24,4 25,0 25,5 26,1 26,7 27,3 27,9

86-88 24,0 24,5 25,1 25,7 26,3 26,9 27,5 28,1 28,7

89-91 24,7 25,3 25,9 26,5 27,1 27,6 28,2 28,8 29,4

92-94 25,4 26,0 26,6 27,2 27,8 28,4 29,0 29,6 30,2

92-97 26,1 26,7 27,3 27,9 28,5 29,1 29,7 30,3 30,9

98-100 26,9 27,4 28,0 28,6 29,2 29,8 30,4 31,0 31,6

101-103 27,5 28,1 28,7 29,3 29,9 30,5 31,1 31,7 32,3

104-106 28,2 28,8 29,4 30,0 30,6 31,2 31,8 32,4 33,0

107-109 28,9 29,5 30,1 30,7 31,3 31,9 32,5 33,1 33,7

110-112 29,6 30,2 30,8 31,4 32,0 32,6 33,2 33,8 34,4

113-115 30,2 30,8 31,4 32,0 32,6 33,2 33,8 34,5 35,1

116-118 30,9 31,5 32,1 32,7 33,3 33,9 34,5 35,1 35,7

119-121 31,5 32,1 32,7 33,3 33,9 34,5 35,1 35,7 36,4

122-124 32,1 32,7 33,3 33,9 34,5 35,1 35,8 36,4 37,0

125-127 32,7 33,3 33,9 34,5 35,1 35,8 36,4 37,0 37,6

Fonte: Jackson e Pollock (1985).


36 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

Tabela 4. Valores de referência para porcentagem de gordura corporal para homens.

Soma
das
pregas
cutâneas 23- 28- 33- 38- 43- 48- 53-
(mm) < 22 27 32 37 42 47 52 57 > 57

23-25 9,7 9,9 10,2 10,4 10,7 10,9 11,2 11,4 11,7

26-28 11,0 11,2 11,5 11,7 12,0 12,3 12,5 12,7 13,0

29-31 12,3 12,5 12,8 13,0 13,3 13,5 13,8 14,0 14,3

32-34 13,6 13,8 14,0 14,3 14,5 14,8 15,0 15,3 15,5

35-37 14,8 15,0 15,3 15,5 15,8 16,0 16,3 16,5 16,8

38-40 16,0 16,3 16,5 16,7 17,0 17,2 17,5 17,7 18,0

41-43 17,2 17,4 17,7 17,9 18,2 18,4 18,7 18,9 19,2

44-46 18,3 18,6 18,8 19,1 19,3 19,6 19,8 20,1 20,3

47-49 19,5 19,7 20,0 20,2 20,5 20,7 21,0 21,2 21,5

50-52 20,6 20,8 21,1 21,3 21,6 21,8 22,1 22,3 22,6

53-55 21,7 21,9 22,1 22,4 22,6 22,9 23,1 23,4 23,6

56-58 22,7 23,0 23,2 23,4 23,7 23,9 24,2 24,4 24,7

59-61 23,7 24,0 24,2 24,5 24,7 25,0 25,2 25,5 25,7

62-64 24,7 25,0 25,2 25,5 25,7 26,0 26,7 26,4 26,7

65-67 25,7 25,9 26,2 26,4 26,7 26,9 27,2 27,4 27,7

68-70 26,6 26,9 27,1 27,4 27,6 27,9 28,1 28,4 28,6

71-73 27,5 27,8 28,0 28,3 28,5 28,8 29,0 29,3 29,5

74-76 28,4 28,7 28,9 29,2 29,4 29,7 29,9 30,2 30,4

77-79 29,3 29,5 29,8 30,0 30,3 30,5 30,8 31,0 31,3

80-82 30,1 30,4 30,6 30,9 31,1 31,4 31,6 31,9 32,1

83-85 30,9 31,2 31,4 31,7 31,9 32,2 32,4 32,7 32,9

86-88 31,7 32,0 32,2 32,5 32,7 32,9 33,2 33,4 33,7

89-91 32,5 32,7 33,0 33,2 33,5 33,7 33,9 34,2 34,4

92-94 33,2 33,4 33,7 33,9 34,2 34,4 34,7 34,9 35,2
(Continua)
Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 37

(Continuação)

Tabela 4. Valores de referência para porcentagem de gordura corporal para homens.

Soma
das
pregas
cutâneas 23- 28- 33- 38- 43- 48- 53-
(mm) < 22 27 32 37 42 47 52 57 > 57

92-97 33,9 34,1 34,4 34,6 34,9 35,1 35,4 35,6 35,9

98-100 34,6 34,8 35,1 35,3 35,5 35,8 35,0 36,3 36,5

101-103 35,3 35,4 35,7 35,9 36,2 36,4 36,7 36,9 37,2

104-106 35,8 36,1 36,3 36,6 36,8 37,1 37,3 37,5 37,8

107-109 36,4 36,7 36,9 37,1 37,4 37,6 37,9 38,1 38,4

110-112 37,0 37,2 37,5 37,7 38,0 38,2 38,5 38,7 38,9

113-115 37,5 37,8 38,0 38,2 38,5 38,7 38,0 39,2 39,5

116-118 38,0 38,3 38,5 38,8 39,0 39,3 39,5 39,7 40,0

119-121 38,5 38,7 39,0 39,2 39,5 39,7 39,0 40,2 40,5

122-124 39,0 39,2 39,4 39,7 39,9 40,2 40,4 40,7 40,9

125-127 39,4 39,6 39,9 40,1 40,4 40,6 40,9 41,1 41,4

128-130 39,8 40,0 40,3 40,5 40,8 41,0 41,3 41,5 41,8

Fonte:Jackson e Pollock (1985).

Leia mais sobre indicadores antropométricos na obra


Indicadores antropométricos como preditores na determi-
nação da fragilidade em idosos, de Sampaio et al. (2017),
disponível em:

https://goo.gl/xP65hp
38 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabó-


lica (ABESO, 2017), 50% da população adulta brasileira encontra-se acima do peso e,
aproximadamente, 15% das crianças apresentam sobrepeso ou obesidade. A Região
Sul do Brasil apresenta o maior índice entre adultos, com 56,08%, enquanto 24,6% das
crianças, entre 10 e 19 anos da mesma região, apresentam sobrepeso, conforme os
dados do IBGE em 2008/2009. Ainda segundo esse órgão, a Região Sudeste apresenta
uma taxa de 38,8% de crianças de 5 a 9 anos com sobrepeso.

Aplicabilidade da avaliação antropométrica


É importante que o profissional compreenda como realizar a avaliação an-
tropométrica da mesma forma que suas limitações. No que se refere ao IMC,
essa avaliação deve ser utilizada apenas em pessoas sedentárias, uma vez que
o peso corporal é medido em sua totalidade (incluindo gordura, músculos,
água, entre outros).
Logo, é comum que ocorra grandes erros na prática clínica. Erros podem
ocorrer quando se aplica o cálculo para a avaliação do IMC em crianças e
idosos, em que o peso da massa muscular e óssea em relação à altura sofre
grande variação. Para realizar o cálculo do IMC, inicialmente o avaliador
deve averiguar a altura (metros) do avaliado, utilizando um estadiômetro,
por exemplo. Quando realizar a medição da altura, a pessoa deve ficar ereta,
descalça, com os braços ao lado do corpo e os calcanhares encostados, de modo
que o peso corporal permaneça distribuído igualmente. Após, o peso (quilos)
deve ser medido utilizando uma balança devidamente calibrada. É importante
que o avaliado não esteja vestido (ou então que utilize roupas leves, como, por
exemplo, trajes de banho), não utilize acessórios e permaneça descalço até o
término do processo (TRITSCHLER, 2003).
A verificação do perímetro, utilizando a fita métrica (Figura 2), deve ser
documentada com precisão, pois a aferição precisa ser no mesmo local em
todas as reavaliações. Outro fator importe, de acordo Norton, Olds e Albernaz
(2005), se refere a escolha do material, uma vez que os resultados devem ser
fidedignos. Para isso, as fitas mais utilizadas são de aço flexível, sendo que
a distância é mensurada em centímetros, com graduações em milímetros. As
fitas métricas feitas de fibra de vidro também são utilizadas, entretanto, uma
Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 39

vez que essas fibras podem alagar-se, devem ser calibradas com frequência.
Dessa forma, impede que as mensurações sejam errôneas. Os profissionais
também podem utilizar fitas de outros materiais, desde que esses materiais
não sejam elásticos. Tritschler (2003) em sua obra destaca que o profissional
não deve aplicar uma pressão desnecessária, para que isso não prejudique o
resultado da avaliação.

Figura 2. Exemplo de medição de circunferência abdominal.


Fonte: Maddas/Shutterstock.com.

Além da avaliação do perímetro com a fita métrica, também é possível


realizar o cálculo da razão cintura/quadril, sendo esse um indicativo de de-
posição de gordura na região abdominal (Figura 3). A partir desse método, é
possível obter um indicativo de risco para a saúde, pois foi descrito na literatura
a relação entre a gordura encontrada na região abdominal e os quadros pato-
lógicos, como, por exemplo, alterações cardíacas. Por outro lado, destaca-se
o fato de que essa avaliação, assim como o IMC, avaliará todo o conteúdo da
região, incluindo músculos e ossos (NORTON; OLDS; ALBERNAZ, 2005;
TRITSCHLER, 2003).
Já a avaliação das dobras cutâneas permite que seja avaliado o tecido sub-
cutâneo em milímetros, além disso, a partir de diversas fórmulas diferentes,
é possível também averiguar a porcentagem de gordura corporal.
40 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

Figura 3. Acúmulo de gordura abdominal.


Fonte: Be Panya/Shutterstock.com.

Para avaliar as dobras cutâneas, independente da fórmula para verificar a


composição corporal, o profissional deve utilizar o dedo polegar e o indica-
dor da mesma mão para formar uma dobra do tecido cutâneo e subcutâneo
(Figura 4). Caso o avaliador acredite na existência de musculatura presente
na prega, pode pedir para o avaliado contrair os músculos locais, afastando-os
da dobra cutânea.

Figura 4. Exemplo de prega cutânea.


Fonte: Kamil Macniak/Shutterstock.com.
Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional 41

A prega cutânea deve ser sustentada com firmeza, enquanto a “mandíbula”


do adipômetro mede a região (Figura 5). É importante destacar que o adi-
pômetro deve ser mantido perpendicular ao longo do eixo da dobra cutânea.
A medida deve ser repetida após um breve descanso e, caso elas apresentem
variações maiores do que 1 mm, as medidas adicionais devem ser averiguadas;
após essa aferição, uma média da região avaliada será realizada e registrada.

Figura 5. Exemplo de medição da prega cutânea com o adipômetro.


Fonte: Antoniodiaz/Shutterstock.com.

Alguns critérios devem ser realizados para se avaliar as dobras cutâneas,


como a pele íntegra e seca, sem a presença de cremes corporais que possam
prejudicar a formação da prega e posterior avaliação com adipômetro. Além
disso, é importante lembrar-se de que o tecido subcutâneo se comprime con-
forme sofre pressões. Por isso, é necessário que exista um intervalo, poucos
minutos são suficientes, entre as aferições e que se tomem cuidados assim que
o paciente retirar a roupas, já que alguns tipos podem alterar a distribuição
corporal.
42 Avaliação antropométrica (peso, altura, percentual de gordura e dobras cutâneas), ambiental, funcional

ALVARENGA, L. L. Classificação do estado nutricional e da composição corporal de


praticantes de atividade física em academia. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva,
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA.
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NORTON, K.; OLDS, T.; ALBERNAZ, N. M. F. Antropométrica: um livro sobre medidas
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OLIVEIRA, A. L. et al. Nutrição e atividade física: do adulto saudável às doenças crônicas.
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SAMPAIO, L. S. et al. Indicadores antropométricos como preditores na determinação
da fragilidade em idosos. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 12, p. 4115-
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TRITSCHLER, K. A. Medida e avaliação em educação física e esportes de Baroow & McGee.
Barueri: Manole, 2003.

Leitura recomendada
FONSECA, P. H. S.; MARINS, J. C. B.; SILVA, A. T. Validação de equações antropométricas
que estimam a densidade corporal em atletas profissionais de futebol. Revista Brasileira
de Medicina do Esporte, Niterói, v. 13, n. 3, p. 153-156, 2007.

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