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Professora: Yoandra Rosabal Pérez

E-mail: yoandra.rosabal@docente.unicv.edu.cv 1
O doente com ostomia

 Ostomia: Refere-se à formação cirúrgica de uma abertura para drenar a


urina ou as fezes. Ligação de um órgão à parede cutânea. Também é
designado por estoma.

 Estoma: Abertura cirúrgica de uma víscera ao meio exterior.

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O doente com ostomia
 Classificação:

1. Quanto a víscera exteriorizada e a função:

a) Ventilação: Traqueostomia

b) Alimentação: Gastrostomias;

c) Eliminação: Ileostomias, Colostomias e Urostomias entre outras.

2. Quanto à permanência:
a) Temporárias
b) Definitivas.

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Ostomias de Eliminação

 Indicações:

No aparelho digestivo:
 Descompressão de uma obstrução intestinal baixa;
 Desvio do fluxo fecal;
 Remoção cirúrgica do esfíncter anal.

No aparelho urinário:

 Necessidade de promover a saída de urina para o exterior

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Ostomias de Eliminação

 Urostomia: É o desvio urinário através de uma intervenção cirúrgica


que consiste em desviar o curso normal da urina.

 Podem ser:
 Permanentes
 Temporárias.

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Ostomias de Eliminação

 Ileostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do


intestino delgado, com o exterior. Localizam-se sempre no lado inferior
direito do abdómen.

 Podem ser:
 Permanentes
 Temporárias

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Ostomias de Eliminação

 Colostomia
 É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do cólon com o
exterior.

Podem ser:
 Permanentes
 Temporárias.

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Tipos de Colostomias

Colostomia descendente:
Fezes quase completamente
Colostomia Transversal formadas .
Colostomia ascendente: ou de ansa do transverso:
Para tumores do lado Geralmente é temporária.
direito. Fezes líquidas ou Fezes pastosas ou semi
pastosas formadas

Sigmoidostomia: Fezes
completamente formadas
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Ostomias de Eliminação
Intestinal. Complicações

Colostomia de aspecto normal


Ileostomia de aspecto normal

Reacção ao material Prolapso com


Estenose do estoma de sutura ulceração do estoma

Retracção do estoma Deiscência da sutura Eventração 10


Cuidados Pré-operatórios

 Avaliar os conhecimentos e o entendimento do doente (patologia, tipos


de intervenção, evolução, tratamentos)
 Propor o tipo de cirurgia e e os resultados
 Explicar a estrutura e o funcionamento do estoma
 Explicar o auto cuidado com o estoma
 Explicar sobre os dispositivos e outros acessórios e a sua utilização.
 Oferecer materiais escritos, que reforcem o ensino
 Envolvimento da família
 Promover contacto com outros doentes ostomizados
 Dietas

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Cuidados Pré-operatórios
 Selecção do local adequado (enfermeiro de enterostomia ou
estomoterapeuta)
 Prevêem complicações posteriores
 Melhora adaptação do doente aos dispositivos a utilizar
 Melhora a qualidade de vida do doente ostomizado

 Para uma correcta localização do estoma deve-se ter em conta:


 Formas e contorno da pregas cutâneas do abdómen do doente (sentado ou de
pé)
 O local deve ser visível e acessível ao doente ( quando sentado ou de pé)
 Zonas a evitar:
 Com cicatrizes antigas
 Proeminências ósseas
 Pregas cutâneas e da zona da cintura
 Depressão umbilical
 orifícios de drenagem
 Margens costais
 Zonas afectadas por processos crónicos da pele
 Protuberâncias gordas
 Zona suprapúvica e flexura das virilhas
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Cuidados Pré-operatórios
 Preparação psicológica do doente

 Encorajar ao doente a verbalizar sentimentos relacionados com


esta alteração radical, funcional e da imagem corporal
 Reforçar a importância da comunicação aberta
 Prepara ao doente para o pós-operatório ( dor, natureza dos
drenos e incisões, finalidade da sonda nasogástrica e dos acessos
venosos
 Preparar para a cirurgia (clisteres de limpeza, antibioterapia)

 Preparação nutricional

 Incluir suporte nutricional, se necessário

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Cuidados Pós-operatórios
 Pós-operatório imediato:
 Estabilidade hemodinámica
 Avaliação cárdiorespiratória e estado de consciência
 Cuidados com a sonda nasogástrica (aspiração gástrica)
 Dieta zero
 Controlo da dor
 Manutenção do equilíbrio hidroelectrolítico
 Drenagem fecal (ileostomia)
 Registo rigoroso do balanço hidroelectrolítico
 Vigilância do estoma
 coloração: vermelho claro e húmido, para detectar situações de
necrose
 Edema
 hemorragias significativas
 evisceração

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Cuidados Pós-operatórios
 Pós-operatório mediato:

 Cinesiterapia respiratória
 Deambulação e auto cuidado precoce
 Avaliar o conteúdo do saco
 Despiste de complicações do estoma (evisceração, necrose, oclusão,
desinserção, fistula, alergias ao adesivo ou ao conteúdo)
 Tratamento da ferida operatória perineal
 Ensino sobre evitar as almofadas em anel, de ar ou de borracha
 Colocar em decúbito lateral
 Remover as secreções hemáticas drenadas da ferida (evita infecção e
formação de abcessos)
 Lavar a ferida com soro fisiológico (massagem de chuveiro)
 Mudar os pensos, sempre que necessário

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Cuidados Pós-operatórios
 Pós-operatório mediato:

 Ensino do auto cuidado:


 Lograr quer o doente adquira competências básicas de auto cuidado

 Ensinar os cuidados à ostomia, incentiva-lho a manusear, colocar e utilizar o


equipamento
 Incluir à família e amigos

 Encaminhar o doente aos centros de ajuda ( psicológica, emocional e na aquisição dos


materiais)

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Cuidados Pós-operatórios
 Pós-operatório mediato

 Ensino sobre a Dieta: (Cont.)

 Dieta nas Urostomias:

• Evitar alimentos fumados, a ingestão de café ou medicação, pois podem tornar a


urina mais agressiva e com odor mais intenso
• Aumentar a ingestão hídrica
• para tornar a urina mais ácida é aconselhável a ingestão de alimentos ricos em
proteínas (ovos, peixe, carne), de sumos de citrinos e de ameixas frescas ou secas
• Se não houver restrições pode beber um pequeno copo de vinho tinto (maduro)

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Cuidados Pós-operatórios
 Pós-operatório mediato

 Ensino sobre a Dieta: (Cont.)


 Alterações em doentes Ileostomizados e Colostomizados
 Flatulência
 (Aumentada) Feijão, pepino, cebola, rabanetes, cerveja e bebidas gaseificadas,
alimentos da família das couves, …
 (Diminuída)Iogurtes, água, salsa, …

 Consistência das fezes


 (Aumentada) Batata, arroz, banana, farinha, casca de maçã, fritos, pipocas, …

 (Diminuída)Iogurtes Feijão verde, leite, vegetais crus, espinafres, cerveja,


frutos secos, alimentos condimentados, café, chá preto, queijo fresco, …
 Odor
 (Aumentada) Ovos, alhos, cebola, espargos, cogumelos, queijo, peixe,
medicamentos, …
 (Diminuída)Iogurte, espinafre, alface, salsa, …

 Irritação do estoma
 Condimentos, sumos de frutas ácidos, …

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Cuidados ao Estoma

 Cuidados ao estoma:

 Promover o auto cuidado


 Controlo da dor
 Mudanças dos sacos com mais frequência (ganhar prática)
 Instruções e material de recurso

 Os estomas podem apresentar-se:

 quanto às características dos efluentes: líquido, semi-líquido, semi-sólido, sólido;


 quanto à coloração: rosado, húmido;
 quanto à forma: redondo, oval, irregular;

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Escolha dos Dispositivos

 Escolha do saco ou dispositivo:

 Utilização do sistema de saco eficaz (protege a pele, retêm as fezes e os


odores, molda-se ao corpo, permite os movimentos, se emascara por baixo
da roupa)
 Depende de:
 tipo de ostomia,
 conteúdo drenado
 tamanho e contorno do abdómen,
 estado da pele que envolve o estoma
 aspectos financeiros
 preferências pessoais
 Condições físicas e mentais
 Actividades desenvolvidas

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Sacos de Ileostomias
Sacos de colostomias
Dispositivos

Uma peça Duas peças Duas peças


Uma peça

Sacos de Urostomias

Uma peça Duas peças 21


Cuidados ao Estoma

 Cuidados de Higiene:

 Lavar a pele com agua, sabão neutro, esponja suave.


 Secar suavemente com toalha ou pano de papel.
 Em caso de irregularidades da pele (cicatrizes, pregas ou se o estoma
é desigual) preencher com pomada, pasta adesiva ou placas auto-
adesivas.
 Manter a pele peri-estomal sempre limpa e seca.
 Descolar o dispositivo com precaução, começando pelo bordo
superior e ajustando com a outra mão a pele do abdómen.
 Substituir o dispositivo quando existam sinais de fugas.
 Utilizar dispositivos adequados a cada tipo de pele.

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Cuidados ao Estoma
 Cuidados cutâneos:
 A irritação da pele que rodeia o estoma é um dos problemas mais frequentes.

 Causas:

 irritação química: por fugas do conteúdo fecal nos dispositivos mal ajustados, estomas
mal situados ou complicados.
 irritação mecânica: originada por arrancamento brusco do dispositivo, por mudanças
frequentes ou por utilização de substancias irritantes.
 alergia aos componentes dos dispositivos ou ao material adesivo.
 doenças cutâneas preexistentes.
 constituição da dieta.
 fármacos.
 mudanças fisiológicas da permeabilidade cutânea.
 humidade.
 radioterapia.

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Cuidados ao Estoma
 Cuidados Cutâneos:

 Garantir a fixação sólida e o ajuste perfeito do saco


 Utilização de uma barreira cutânea ( em pó, pasta, protecção ou disco, vedantes cutâneos
 Em caso de problemas graves deve ser pedida a intervenção de um enfermeiro de ostomias
 Evitar a utilização de antiácidos ou de produtos que contenham álcool )alteram o pH da
pele, aumenta a susceptibilidade a infecções)
 Despejar o saco quando esteja a dois terços de sua capacidade (evita saída de fezes)
 Aconselhar os doentes a trazer consigo material de substituição
 Calçar luvas
 Limpar a pele suave e cuidadosamente
 Aparar os pelos em volta à ostomia (evita foliculite)
 Deixar secar bem (de preferência ao ar) e ter cuidado em tapar estoma com compressa
 Não aplicar perfumes, cremes depilatórios, desodorizantes, álcool, acetona, éter, tinturas,
iodo
 Pode e deve ser aconselhado o banho com ou sem saco
 Pode ser viável o uso de um obturador

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Obturadores

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Cuidados ao Estoma

 Controlo do odor

 Acontece quando existe uma fuga ou com um saco mal limpo

 Depois de esvaziar o saco, lavar o interior do saco com água tépida e o orifício de saído
limpo com um papel higiénico,
 Utilizar desodorizantes orais, pastilhas e soluções desodorizantes e coloca-lhas no saco
 Abrir o saco para libertar os gases acumulados, nunca deve ser furado (cria problemas
de odores constantes)
 Cuidados com a dieta

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Cuidados ao Estoma

 Ensino sobre a Dieta: É um factor fundamental para o correcto


funcionamento do organismo.

 Nas primeiras semanas depois da intervenção são recomendados


alimentos pobres em resíduos para descansar o intestino e para as fezes
serem mais liquidas.
 No período de convalescença incorporam-se progressivamente novos
alimentos
 Se o doente tem uma ileostomia, as fezes serão muito liquidas e
irritantes. Será necessário uma dieta pobre em fibras para o transito
intestinal se efectuar mais lentamente e se realize uma maior absorção
de água e nutrientes.

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Cuidados ao Estoma
 Ensino sobre a Dieta: (Cont.)

 Se diabético ou hipertenso ou se necessita de algum regime especial, deve


seguir esquema alimentar proposto
 Se não, regime geral, não há limitações ou restrições, contudo, saudável sem
exageros
 Dieta variada com todos os alimentos (fibra, proteínas, vitaminas, etc.).
 Ingerir 1,5 a 2 litros de água/dia
 5 a 6 refeições diárias com horários regulares (pequenas quantidades
fraccionando a dieta)
 Comer devagar e mastigar bem os alimentos
 Incorporar novos alimentos de forma lenta
 Fomentar a ingestão de legumes e de frutas
 Evitar o aumento excessivo de peso (modificar a forma da parede abdominal)
 Evitar substâncias irritantes, bebidas com gás ou aditivos e, se não houver
restrições, pode ingerir um pequeno copo de vinho

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Cuidados ao Estoma
 Ensino sobre a Dieta: (Cont.)
 Dieta nas colostomias:
 Na colostomia descendente ou da sigmóide as fezes serão sólidas, logo a alimentação
não deverá mudar e deve ser uma dieta equilibrada.
 Nas colostomias ascendentes e transversas as fezes são mais líquidas com perda de
água e de electrólitos, logo a alimentação deve conter os nutrientes perdidos.

 Dieta nas Ileostomias:


 São fezes líquidas, continuas e muito irritantes. Deficiências importantes:
 em água e electrólitos.
 nutrientes, vitaminas, minerais, etc.
 dose insuficiente de proteínas e diminuição do aporte calórico.
 alteração da função imunitária e endócrina.

 Aconselha-se:
 Aporte de electrólitos e reposição das perdas hídricas
 Aumentar o consumo de alimentos como verduras, legumes, batatas, frutas, caldos
vegetais, chás, etc.
 Dieta ligeiramente hiperproteica.
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Substituição do saco de Ostomia
 Material:

 Tabuleiro com:

 Compressas ou papel higiénico, esponja ou pano macio


 Cloreto de sódio isotónico, se necessário
 Taça com agua morna
 Sabão neutro, se necessário
 Luvas
 Sistema colector
 Resguardo descartável
 Régua medidora de estoma
 Protector cutâneo, placa ou outro
 Tesoura
 Recipiente para sujos

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Substituição do saco de Ostomia
 Procedimento:
 Providenciar os recursos para junto do doente
 Lavar as mãos
 Instruir o doente sobre o procedimento
 Posicionar o doente ou assisti-lho a posicionar-se
 Aplicar o resguardo de protecção
 Calçar as luvas
 Remover suavemente o saco colector de acima para abaixo, se for drenável esvaziar
 Quando há duas peças remover placa (3-5 dias ou se estiver descolada)
 Limpar fezes ou muco do estoma ou placa com papel higiénico ou compressas, se
necessário
 Remover suave e lentamente a placa, se necessário
 Observar as características do estoma
 Lavar o estoma e tecidos circundantes com cloreto de sódio isotónico ou agua
tépida e sabão neutro, se necessário
 Limpar e secar suavemente, sem friccionar a pele circundante ao estoma

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Substituição do saco de Ostomia
 Procedimento:
 Trocar as luvas
 Medir o diâmetro do estoma e recortar a placa do sistema colector
 Aplicar protector de pele, se necessário
 Deixar secar bem (de preferência ao ar) e tapar estoma com compressa
 Retirar compressa e adaptar saco ou placa, de baixo para cima, verificando a
hermeticidade do sistema de dois peças
 Remover as luvas
 Posicionar o doente ou assisti-lho a posicionar-se
 Apreciar o bem estar do doente
 Assegurar a recolha e a lavagem do material
 Lavar as mãos

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Substituição do saco de Ostomia
 Registo:
 Data e Hora
 Diagnósticos de Enfermagem
 Intervenções de Enfermagem
 Resultados obtidos
 Características do estoma, zona circundante e do conteúdo drenado no saco
 Reacção do doente
 Educação para a saúde (doente e familiares)

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Irrigação da colostomia
 Consiste na introdução de uma solução a través do estoma

• Além da alimentação é uma técnica que contribui para controlar o funcionamento


intestinal – pseudo continência (Educação intestinal)
• Só pode ser realizada em colostomias descendentes e da sigmoide e com
aconselhamento médico
• Constitui um método eficaz sendo possível a escolha do horário do funcionamento
da colostomia
• Consiste na realização de um enema através da colostomia com material específico,
proporcionando a limpeza do intestino

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Irrigação da colostomia
 Material:

 Tabuleiro com:

 Kit para irrigação ou saco de irrigação, lubrificante hidrossolúvel e cone/sonda


 Manga de drenagem
 Cinto elástico para fixar a manga de drenagem, se necessário
 Luvas
 Resguardo descartável
 Termómetro para medir a temperatura da solução
 Solução para irrigação
 Arrastadeira ou outro dispositivo de recolha
 Suporte para suspender o irrigador/saco de irrigação
 Material para cuidados à colostomia

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Bibliografia

 Manley, K.; Bellman, L. (2003). ENFERMAGEM CIRÚRGICA. Prática Avançada.


Loures: Lusociência. ISBN: 972-8383-54-1

 Monaham, F. D.; Sands, J. K.; Neighbors, M.; Marek, J. F.; Green, C. J. (2007).
PHIPPS - Enfermagem Médico-Cirúrgica: Perspectivas de Saúde e Doença. 8.ª
ed. Vol III. Loures: Lusodidacta. ISBN: 978-989-8075-22-2

 Administração Central do Sistema de Saúde(ACSS), IP; Ministério da Saúde


(2011). Manual de Normas de Enfermagem. Procedimentos Técnicos. 2ª Ed.
Revista. Lisboa

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