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Este tema aborda o conceito de texto e discurso, bem como a distinção e a complementaridade
entre eles, além de apresentar uma caracterização dos gêneros textuais e alguns cuidados
necessários na produção e leitura de textos.
PROPÓSITO
Compreender o conceito de texto, discurso e gênero textual para identificar estratégias e
cuidados necessários à elaboração e à leitura de um texto.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
Todas as vezes em que você se comunica ou interage com alguém, há sempre uma intenção
ao falar ou ao escrever.
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Dependendo dessa intenção ou da finalidade do ato de comunicação, haverá maneiras
diferentes de construir sua fala e sua escrita, ou seja, você acabará usando modos específicos
para se expressar ou interagir por meio da língua.
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No diálogo acima, qual modalidade você acha que Rodrigo utilizou para contar o fato ocorrido?
NARRAÇÃO
DESCRIÇÃO
DISSERTAÇÃO
Ao contar o episódio, tentando mostrar as chances de ter uma promoção, ele utilizou aspectos
característicos da narração, que é um tipo específico de se organizar o discurso, assim como
nós também fazemos comumente no dia a dia.
Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos da
narração, como: personagem, espaço, tempo etc.
FECHAR
FECHAR
ENUNCIAÇÃO
FECHAR
Para compreender tudo isso e identificar possíveis aplicações no uso da língua, você
aprenderá os conceitos de discurso e de texto para, então, verificar como o conhecimento dos
diferentes gêneros textuais o ajudará a escrever e a ler melhor.
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ENUNCIAÇÃO
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É possível que um texto não explicite as intenções do autor, ou seja, a enunciação pode estar
implícita. Nesse caso, será preciso ouvir ou ler o texto, entendê-lo e perceber as intenções do
autor. Teremos, então, uma decodificação desse texto.
Além da intenção, que pode estar implícita ou explícita na interação por meio da linguagem,
temos sujeitos que interagem em determinado tempo ou contexto a partir de um texto ou
mensagem.
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Mesmo que esses aspectos nem sempre estejam explicitados ou claros no texto, a produção
textual envolve os seguintes elementos da enunciação:
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A partir dessa abordagem inicial sobre enunciação, vamos a uma primeira caracterização de
texto e de discurso. Segundo Abreu (2004), podemos dizer que:
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O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo e, muitas vezes, com algumas marcas
da enunciação que nos ajudarão na tarefa de decodificá-lo.
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O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de
codificação e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. Por isso,
também se afirma que o discurso é histórico.
Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e
estático. No entanto, o discurso teve seu início juntamente com o texto e vai se completando à
medida que o texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, Abreu (2004) nos diz que o
discurso é sempre dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas
diferentes, dependendo do repertório de seus leitores.
Por isso, podemos afirmar: Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a público
e se realizando. É bom observar que o texto pode ser escrito ou oral, embora enfatizemos na
maioria das vezes o texto escrito. O discurso também pode se realizar tanto a partir de um
texto escrito quanto de um texto oral.
ATENÇÃO
Não confunda discurso com a fala de um orador!
O professor Luís Cláudio Dallier e o linguista Antônio Suárez Abreu retomam o conceito de
texto e discurso com alguns exemplos práticos.
Podemos, então, concluir que todas as vezes que escrevemos ou falamos temos um texto que
se realiza como discurso. Isso acontece porque quem fala e escreve tem uma intenção ou
objetivo contido na mensagem e até na forma de comunicá-la. Quem ouve e lê precisa decifrar
(compreender) a mensagem e a sua intenção a partir do próprio conhecimento de mundo e,
claro, do próprio texto.
Essas perguntas são muito importantes e serão respondidas na continuidade deste tema. Mas
antes, verifique se você de fato aprendeu o que é um texto e um discurso realizando a
atividade a seguir.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
E) No campo dos estudos da linguagem, assim como tantas outras noções, a de enunciação
apresenta uma única forma de ser apresentada, sendo resumida a dois elementos: enunciador
e enunciatário.
GABARITO
2. Texto e discurso são conceitos que devem ser compreendidos como distintos e ao
mesmo tempo complementares porque:
O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo. O discurso, por sua vez, é dinâmico:
principia quando o emissor realiza o processo de codificação e só termina quando o
destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. O discurso é histórico. Quando um texto é
escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o
discurso teve seu início juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto vai
sendo lido por seus leitores. Por isso, o discurso “é sempre dinâmico e pode ser repetido
infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo do repertório de seus leitores”.
MÓDULO 2
Em relação à leitura, você deve lembrar que o discurso é um conceito relacionado com as
intenções presentes no texto (de forma explícita ou implícita) e outros elementos da
comunicação como:
Quem escreve;
Quem lê;
Em que contexto o texto foi produzido;
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Isso quer dizer que o discurso é algo situado, ou seja, ele é produzido por alguém, com
determinada intenção, em algum contexto e tendo em vista o interlocutor.
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ELABORAÇÃO DO TEXTO
Ao elaborar um texto, você deve ter em mente que não escreve para si mesmo, pois seu texto
é produzido para que outros o leiam, ele se transformará em discurso. Por isso, deve haver
cuidado na elaboração, na forma pela qual suas intenções estarão marcadas ou presentes na
mensagem.
Se escrevemos e falamos para que outros nos entendam ou mesmo atendam aos objetivos de
nossa comunicação, precisamos nos esforçar para irmos além da simples expressão do que
temos em mente. Isso tem a ver com um importante mecanismo da comunicação, que foi
resumido pelo professor Blikstein (1990), em seu livro Técnicas de comunicação escrita, da
seguinte forma.
Os princípios do mecanismo da comunicação seriam:
Toda comunicação escrita deve gerar uma resposta a uma determinada ideia ou necessidade
que temos em mente.
II
A comunicação escrita será correta e eficaz se produzir uma resposta igualmente correta.
III
Resposta correta é a que esperamos, isto é, aquela que corresponde à ideia ou necessidade
que temos em mente.
IV
Para avaliarmos a correção e a eficácia de uma comunicação escrita, temos que verificar
sempre se houve uma resposta e se ela corresponde à ideia ou necessidade que queremos
passar ao leitor.
Veja o exemplo:
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É preciso, então, cuidado em relação a vários aspectos no uso da língua nas situações de
comunicação.
1. VOCABULÁRIO
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Preferir palavras e expressões que, além de expressar o que pensamos, ajudem o leitor ou
ouvinte a identificar a nossa intenção ou o objetivo do texto. Palavras pouco conhecidas ou
rebuscadas, termos técnicos e vocabulário restrito a uma área diferente da do nosso
interlocutor podem oferecer alguma dificuldade.
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O estilo e o nível de linguagem que usamos em nossa escrita ou fala devem estar adequados
ao contexto da comunicação, ao objetivo ou à intenção da nossa mensagem e ao interlocutor
(o receptor, a pessoa com quem nos comunicamos):
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Se o objetivo, por exemplo, for escrever um manual com procedimentos e orientações para o
uso de um celular, o texto deverá ter um estilo que respeite a língua culta, mas que será
simples, objetivo e claro, com predomínio de verbos no imperativo ou infinitivo, além de
descrições e outras características desse gênero textual.
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Se escrevermos um bilhete ou enviarmos um recado por um aplicativo de mensagens,
usaremos uma linguagem mais coloquial, um tom pessoal e talvez algumas abreviaturas, entre
outras características.
Organizar cada parágrafo do texto, os períodos e as frases que o compõem é uma forma de
deixar o texto claro, coeso e coerente.
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Escrever e falar sem incorreções gramaticais também contribui para o melhor entendimento da
mensagem, além de dar credibilidade ao autor em virtude do seu domínio da língua padrão. Há
outros cuidados na elaboração do texto que destacamos para ajudá-lo a escrever melhor. São
aspectos que o ajudarão a perceber características que devem estar presentes em todos os
textos e, além disso, a aprender uma outra forma de definir o que é um texto.
Vamos, então, conhecer quatro importantes recomendações que você precisa considerar ao
escrever e ao ler um texto:
Os sentidos têm de ser marcados pela coerência; devem ser, também, confirmados a partir de
seu contexto.
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Ou vamos supor que uma professora, diante de uma sala de aula muito barulhenta, escreva
numa lousa a palavra: SILÊNCIO.
Nos dois casos temos um exemplo de texto, por menor que seja sua estrutura. Isso acontece
porque nessas situações de comunicação existe uma unidade linguística delimitada e que
produz sentido a partir da intenção de quem fala ou escreve.
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LINGUÍSTICA
Estudo científico da linguagem e das línguas naturais. A utilização deste termo depende
das perspectivas metodológicas, das teorias e das disciplinas que estudam os diferentes
fenômenos.
Compreender que o texto é um todo orgânico que produz sentido também traz como
desdobramento estabelecer correspondência e articulação entre suas partes. As frases não
podem ser soltas ou simplesmente amontoadas numa sequência sem sentido e sem unidade.
DICA
A palavra TEXTO está relacionada, emsua origem, com a palavra TECIDO. Daí que podemos
falar na "tecitura de um texto",em "tecer um texto". É preciso tecer os fios, ou tecer as palavras,
de tal forma que o texto se apresente coeso e orgânico: uma unidade articulada.
O processo de articulação do texto, que permite a integração entre suas partes, é chamado de
encadeamento semântico (semântico = sentido). Ele é que produz a textualidade ou a “trama
semântica”. A coesão, segundo Abreu (1999), é exatamente esse processo de encadeamento
que produz a textualidade, que cuida da estruturação da sequência superficial do texto.
Conforme nos ensinam Platão e Fiorin (2003), podemos também dizer que a coesão textual é a
ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou frases do texto, por meio
de “elementos formais que assinalam o vínculo entre os componentes do texto”. Quando um
conteúdo escrito apresenta repetições desnecessárias, retomando uma palavra ou ideia
sempre com o mesmo termo, temos um caso de falta de coesão. O exemplo a seguir, retirado
do livro Curso de redação, do professor Antônio Suarez Abreu, é uma boa oportunidade para
verificar a falta de coesão num texto.
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Se você levar em conta que o termo “revendedoras de automóveis” pode ser substituído por
agência, concessionária ou loja, e “automóveis” pode ser substituído por carros, veículos,
produto ou mercadoria, é possível reescrever o texto estabelecendo a coesão. Veja:
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Se queremos, por exemplo, articular duas sentenças com o sentido de oposição, podemos usar
conectores ou articuladores como:
Mas
Porém
Contudo
No entanto
Todavia
Porque
Já que
Visto que
Devido a
Por causa de
Perceba que duas informações iniciais estão articuladas com a ideia de oposição: a
convocação e o não comparecimento de quem foi convocado. Em seguida, apresenta-se a
causa para o não comparecimento: a forte chuva. A coesão também se manifesta ao se evitar
a repetição desnecessária da expressão “os pais e os responsáveis” na oração: porém
poucos compareceram, além de se retomar o termo “escola” pelo sinônimo “colégio” na
última oração.
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Confira outras explicações e exemplos sobre coesão textual com o linguista Antônio Suárez
Abreu.
Vídeo com libras
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DICA!
O Quiz de Português é um aplicativo de perguntas e respostas que abrangem as divisões da
gramática e as regras gerais de construção textual, como os recursos de coerência e coesão.
É voltado para todos que querem melhorar ou apenas testar o seu conhecimento na língua
portuguesa, além de educadores e alunos da área.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Basear a leitura em fragmentos e partes isoladas do texto, sem levar em conta o contexto.
B) Não identificar como texto aquelas produções muito curtas, de apenas uma única palavra,
como no exemplo em que alguém grita “Fogo!”, diante de um princípio de incêndio.
D) Dar pouca ou mesmo nenhuma importância à forma com que o leitor vai receber o texto.
E) Não delimitar o texto escrito num determinado espaço, pois a organização textual pouco
importa.
B) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos da escola para uma
reunião ontem à tarde na escola, mas poucos pais e responsáveis dos alunos da escola
compareceram, porque uma forte chuva inundou os principais acessos à escola.
C) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma reunião
ontem à tarde, porque poucos compareceram, mas uma forte chuva inundou os principais
acessos ao colégio.
D) Uma vez que a diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma
reunião ontem à tarde, poucos compareceram, porém, uma forte chuva inundou os principais
acessos ao colégio.
E) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma reunião
ontem à tarde, mas poucos compareceram devido a uma forte chuva que inundou os principais
acessos ao colégio.
GABARITO
1. Compreender que o texto é um todo organizado que produz sentido implica afirmar
que, na leitura e na produção textual, é recomendável:
A opção A está incorreta porque a leitura do texto não deve se basear em fragmentos ou partes
isoladas, sem levar em conta o contexto. As alternativas B e E estão incorretas porque textos
não se definem por serem grandes ou pequenos, mas por serem delimitados em algum espaço
e produzirem sentido. A opção D está incorreta porque a forma pela qual o leitor recebe o texto
tem sua importância na produção textual. A resposta correta é a C por primar pela coesão
textual.
2. O texto bem escrito deve ter suas partes articuladas adequadamente, ou seja, deve ter
a marca da coesão textual. No texto abaixo, há graves problemas de coesão textual.
A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos da escola para uma
reunião de pais e responsáveis dos alunos ontem à tarde, por isso poucos
compareceram, porém, uma forte chuva inundou os principais acessos ao colégio.
Assinale a alternativa que apresenta o restabelecimento da coesão textual.
A alternativa correta é a única que apresenta uma versão do texto em que as repetições
desnecessárias são evitadas, o sentido de oposição entre a primeira e a segunda parte é
estabelecido e a articulação com sentido de causa e efeito é recuperada entre o último e o
segundo período.
MÓDULO 3
GÊNEROS TEXTUAIS
Você já aprendeu que, ao falar ou escrever, a intenção e outros aspectos se fazem presentes
no ato comunicativo, correspondendo a um modo característico de construção do discurso.
Esse modo específico de organizar o discurso se constitui num conjunto de características
relativamente estáveis, configurando diferentes textos ou gêneros textuais.
A noção de gêneros textuais foi desenvolvida por um pensador russo, Bakhtin (1895-1975), no
começo do século XX. Ele usou a palavra gêneros para se referir aos textos orais ou escritos
que elaboramos nas diversas situações de comunicação.
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EXEMPLOS
Um bilhete que alguém deixa para sua mãe, uma piada que se conta na mesa de um bar, uma
ata redigida durante uma reunião ou um artigo de opinião publicado nas redes sociais são
exemplos de gêneros textuais, pois apresentam um conjunto de características
sociocomunicativas e uma estrutura específica.
SOCIOCOMUNICATIVAS
Diz-se daquilo que está inserido em um contexto social e tem função comunicativa.
Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos
da narração, como: personagem, espaço, tempo etc.
Há gêneros textuais que são típicos da vida acadêmica. Se você tiver que apresentar os
resultados de um trabalho acadêmico ou de uma pesquisa realizada ao final do curso,
provavelmente terá de escrever uma monografia ou um artigo acadêmico, que constituem
também exemplos de gêneros textuais. Caso queira apresentar os resultados de uma visita
técnica ou de uma inspeção que tenha realizado, poderá elaborar um relatório, outro exemplo
de gênero textual. O e-mail enviado a um colega também faz parte de um gênero textual. A
lista de exemplos poderia se estender bastante.
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Agora que você já sabe o que é um gênero textual, tenha cuidado para não cair numa confusão
muito comum que alguns estudantes fazem entre gêneros e tipos textuais. Para ajudá-lo a
compreender a diferença entre eles, veja o quadro a seguir:
TIPOS
GÊNEROS TEXTUAIS
TEXTUAIS
De certo modo, nossa experiência de estudo da língua portuguesa na escola está mais
relacionada com os tipos de textos, também denominados tipos textuais. Mas precisamos ter
cuidado para não achar que escrever ou ler um texto se resume a compreender os aspectos
gramaticais e linguísticos relacionados com um número limitado de tipos textuais.
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Os gêneros textuais podem ser tanto escritos quanto orais. Há gêneros textuais que são bem
tradicionais, como os sermões, as cartas e os diários pessoais.
Por exemplo:
Já numa carta comercial, a finalidade da mensagem impõe linguagem e aspectos formais como
a disposição da data e do local; a maneira de se dirigir ao destinatário (como escrever o
vocativo ou que forma de tratamento escolher); uso de expressões características da área ou
até mesmo jargões profissionais; a forma de o remetente assinar etc.
Outros gêneros são mais recentes, resultado das tecnologias digitais. O e-mail, por exemplo, é
um gênero textual digital que nos remete às cartas ou aos bilhetes, enquanto o blog se
aproxima mais dos diários pessoais ou mesmo das crônicas.
Vamos supor que você tenha uma página e poste um texto sobre uma viagem que tenha
realizado. Provavelmente haverá um trecho com relato de algum “perrengue” pelo qual você
tenha passado (narração), outra parte com detalhes dos brinquedos de um parque sensacional
que você conheceu (descrição) e, ao final, a defesa da ideia de que viajar é uma das melhores
coisas da vida (argumentação). Nesse exemplo, a postagem contém texto narrativo, descritivo
e argumentativo.
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Vamos praticar?
Que tal ir a alguma de suas redes sociais e fazer dois posts? Em um deles, utilize os seguintes
tipos textuais: narração, descrição e argumentação. No outro, escolha apenas uma dessas
tipologias.
Em seguida, avalie qual dos dois posts produziu mais interações, como likes e comentários.
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Todas essas informações e exemplos sobre os gêneros textuais servem para deixar muito claro
que deveremos ter estratégias de leitura adequadas a cada gênero textual, pois eles possuem
estrutura, intenções e estilos próprios.
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Uma estratégia adequada de leitura passa pela expectativa correta em relação ao texto ou seu
gênero textual. Um leitor competente deve possuir conhecimentos prévios sobre cada gênero
textual para identificar no texto características próprias de cada gênero. Você não deve ler um
e-mail como lê um blog. A prática de leitura de um romance é distinta da leitura de uma notícia
ou de um artigo no jornal. Não se deve ouvir um sermão na Igreja do mesmo modo que se
ouve alguém numa conversa ao telefone.
Quando lemos um texto, precisamos identificar o gênero textual ao qual ele pertence. Ninguém
deve procurar instruções sobre procedimentos e informações precisas num gênero textual
como o conto ou o poema, assim como não se deve ler uma receita culinária procurando
expressões poéticas sobre os sentimentos ou mesmo tentando entender algum enredo de uma
história.
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Um gênero textual como o anúncio publicitário, por exemplo, tem como intenção influenciar o
leitor, persuadi-lo a consumir determinado produto ou levá-lo a aderir ao que está sendo
anunciado. Para atrair a atenção e a adesão do leitor, além de usar verbos no imperativo e
trabalhar com efeitos criativos como os de humor ou de ironia, as mensagens publicitárias se
valem de elementos visuais e outros recursos para “fisgar” o leitor.
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O efeito que a peça publicitária provoca está relacionado não somente com o risco no trânsito,
ao se dirigir sob efeito do álcool, mas se vincula ao próprio contexto do carnaval. A campanha
vai além do mote “Se beber, não dirija!” para mostrar que o incentivo a brincar no carnaval não
se aplica ao brincar no volante.
Esse tipo de cuidado em relação ao gênero textual pode ajudar a evitar interpretações
equivocadas na leitura de um texto.
ATENÇÃO
Não se deve buscar uma verdade ou fato histórico num texto ficcional, como no caso de um
romance, já num texto científico ou numa buladeremédio, não é apropriada uma leitura
imaginativa e de entretenimento.
Ao ler uma anedota ou piada, nossa expectativa deve ser encontrar algum efeito de humor. Ao
ler o manual de um celular, devemos esperar descrições objetivas das características do
aparelho, assim como procedimentos sobre sua utilização.
Alguns textos que pertencem a determinado gênero apresentam uma configuração típica de
outro gênero textual, ou seja, assumem a forma de outro gênero buscando maior impacto
sobre o leitor ou efeitos que não são tão comuns. O nome que se dá a essa fusão de gêneros
textuais é intergenericidade ou intertextualidade de gêneros.
PARA ENTENDER MELHOR O ASSUNTO, VEJA
ALGUNS EXEMPLOS DE INTERGENERICIDADE.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
2. 6. (ENEM 2013)
A DIVA
VAMOS AO TEATRO, MARIA JOSÉ?
QUEM ME DERA,
DESMANCHEI EM ROSCA QUINZE KILOS DE FARINHA,
TOU PODRE. OUTRO DIA A GENTE VAMOS.
FALOU MEIO TRISTE, CULPADA,
E UM POUCO ALEGRE POR RECUSAR COM ORGULHO.
TEATRO! DISSE NO ESPELHO.
TEATRO! MAIS ALTO, DESGRENHADA.
TEATRO! E OS CACOS VOARAM
SEM NENHUM APLAUSO.
PERFEITA.
GABARITO
2. 6. (ENEM 2013)
A diva
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho.
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.
A cena descrita no poema narrativo A diva leva o leitor a imaginar a experiência teatral através
do diálogo expresso no texto. Ao chegar ao final do poema, o leitor é surpreendido pela função
poética, que transforma a simples Maria José em uma diva pela sua atuação dramática
espontânea.
CONCLUSÃO
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2005.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12 ed. São Paulo: Ática, 1996.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
POSSENTI, S. Discurso. In: Glossário CEALE. Universidade Federal de Minas Gerais, s/d.
ROJO, R. Gêneros e tipos textuais. In: Glossário CEALE. Universidade Federal de Minas
Gerais, s/d.
EXPLORE+
Você pode aprender mais sobre a articulação entre as partes de um texto estudando
alguns mecanismos de coesão textual.
CONTEUDISTA
Luis Cláudio Dallier Saldanha
CURRÍCULO LATTES