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TÉCNICAS DE
AVALIAÇÃO
ESTÉTICA
Introdução
A avaliação correta da face pelo profissional irá influenciar, não somente na
estética, como também na prevenção de complicações no tratamento e
no restabelecimento de alterações cutâneas e subcutâneas, melhorando
a autoestima do paciente e sua aceitação social.
O envelhecimento é um processo natural e inevitável que modifica, ao
longo do tempo e desde o nascimento, todas as estruturas que compõe
a face. Cada uma dessas estruturas terá sua composição alterada em
tempos e formas distintas.
O protocolo de avaliação facial (PAF) é uma ferramenta de avaliação
dos componentes da face foi desenvolvido para orientar as condutas dos
profissionais e possibilitar a satisfação destes e do paciente no resultado
terapêutico obtido.
Neste capítulo, você aprenderá a identificar, interpretar e empregar
de forma correta os parâmetros avaliados nesse protocolo.
158 Protocolo de avaliação facial (PAF)
Avaliação facial
A avaliação da pele sadia, realizada de forma correta pelo profissional, in-
fluenciará na estética da face, na prevenção de complicações, no tratamento
e no restabelecimento de alterações cutâneas, melhorando a autoestima do
paciente e sua aceitação social.
Na anatomia facial, encontramos a pele, as partes moles (tecido adiposo,
tecido conjuntivo e músculos) e as partes duras (ossos, dentes e cartilagens).
O envelhecimento é um processo natural e inevitável que modifica, desde
o nascimento e ao longo do tempo, todas as estruturas que compõe a face.
Cada uma dessas estruturas terá sua composição alterada em tempos e formas
distintas. A pele, por exemplo, é a primeira a se transformar, manifestando
lesões como ceratoses actínicas, alterações de pigmentação, linhas e rugas de
expressão, perda da hidratação, da sustentação e do volume, com consequente
flacidez, entre outras. A ação dos músculos irá corroborar com algumas dessas
manifestações, como, por exemplo, a perda do contorno do terço inferior
pelo músculo do pescoço e o aparecimento de linhas e rítides pela contração
dos músculos faciais responsáveis pelas expressões. O envelhecimento é um
processo dinâmico que possui fatores extrínsecos e intrínsecos, como o sol
e a perda de colágeno e elastina respectivamente, e as modificações de cada
conformação morfológica influenciarão nas demais.
Para o profissional traçar o melhor plano de tratamento e obter o respectivo
sucesso, ele deve considerar a anatomia, o processo de envelhecimento, os
padrões estéticos socialmente aceitos e as expectativas do paciente. Para isso,
foi desenvolvido e proposto em 2008, por Micussi, Araújo e Meyer (2008), o
protocolo de avaliação facial (PAF), com o intuito de avaliar com maior pre-
cisão os componentes da pele e as afecções nela presentes, de forma a orientar
a conduta dos profissionais e possibilitar a satisfação deste e do paciente no
resultado terapêutico obtido. A seguir, no Quadro 1, confira este protocolo,
adaptado para esteticistas.
Protocolo de avaliação facial (PAF) 159
I. IDENTIFICAÇÃO
Nome: ________________________________________ Sexo: ( ) F ( ) M
Endereço:___________________________________ CEP: ___________
Bairro: _____________ Cidade: _______________________ UF: _____
Telefone/ Celular: _______________
Data de nascimento: __________ Idade: ____ Naturalidade: ___________
Estado Civil: ____________ Grau de escolaridade: ___________________
Profissão: ____________________________
Profissional responsável:_____________________ Admissão: __________
II. ANAMNESE
– Queixa principal: ____________________________________________
– História da doença atual: _______________________________________
__________________________________________________________
– Antecedentes patológicos: _____________________________________
– Antecedentes familiares: _______________________________________
– CA pele ( ) Não ( ) Sim
– Hábitos de vida: ( ) Tabagismo ( ) Etilismo ( ) Atividade física ( ) Outros _______
– Medicamentos: ( ) Não ( ) Sim. Se sim, qual/ frequência? _________________
– Cosméticos: ( ) Não ( ) Sim. Se sim, qual / frequência? ___________________
– Botox: ( ) Não ( ) Sim. Se sim, qual local/ Quanto tempo? _________________
– Protetor solar: ( ) Não ( ) Sim. Se sim, qual / frequência? __________________
– Alergia: ( ) Não ( ) Sim _________________________________________
– Alimentação: _______________________________________________
– Menstruação: ( ) Regular ( ) Irregular ( ) Menopausa ( ) Histerectomia
– Menarca/ idade: __________
– Tratamento facial anterior: ( ) Não ( ) Sim. Resultados: ___________________
(Continua)
160 Protocolo de avaliação facial (PAF)
(Continuação)
– Acne:
( ) Ausente
( ) Grau I – Comedões
( ) Grau II – Comedões abertos, pápulas, seborreia, com ou sem inflamação de
pústulas
( ) Grau III – Comedões abertos, pápulas, pústulas, seborreia e cistos
( ) Grau IV – Todas as complicações acima com a presença de grandes nódulos
purulentos
– Alterações
( ) Mílio ( ) Nevo ( ) Hidroadenoma
( ) Seborreia ( ) Xantelasma ( ) Tricose
( ) Rosácea ( ) Dermatite ( ) Verrugas
( ) Melasma ( ) Efélides ( ) Fotoenvelhecimento
( ) Acromias
Tipo:
( ) Estática: _________________________________________________
( ) Dinâmica: ________________________________________________
Classificação de Tsuji
( ) Superficial – desaparece ao estiramento da pele
( ) Profundas – não desaparecem ao estiramento da pele
(Continua)
Protocolo de avaliação facial (PAF) 161
(Continuação)
b) Palpação:
– Tato: ( ) Lisa ( ) Áspera ( ) Fina
– Tônus Muscular: ( ) Hipotônico ( ) Normal ( ) Hipertônico
– Hidratação: ( ) Superficial ( ) Profunda
V. TFM D E
Franzir a testa ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Franzir a sobrancelha ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Fechar os olhos ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Fazer o bico ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Elevar o ângulo da boca ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Franzir o queixo ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Franzir o pescoço ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
Legenda: (0) Ausência de Contração
(1) Esboço de contração
(2) Início da contração
(3) Movimentação sem resistência
(4) Movimento com resistência
(5) Movimento com resistência máxima
VI. PÓS-OPERATÓRIO
( ) Infecção ( ) Equimose ( ) Queloide
( ) Deiscência ( ) Hematoma ( ) Aderência
( ) Edema ( ) Petéquias ( ) Retração
( ) Víbice ( ) Cicatriz hipertrófica
– Dor: ( ) Sim ( ) Não
– Sensibilidade: (Identifique na face o local)
Verde 0,05 g – sensibilidade dentro dos
limites normais
Azul 0,2 g – tato leve diminuído
Violeta 2 g – sensação protetora
diminuída e perda de tato leve
Vermelho 4 g – perda da sensação
escuro protetora e do tato leve
(Continuação)
VIII. TRATAMENTO
– Diagnóstico cinético-funcional:
__________________________________________________________
– Objetivo
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
– Conduta
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Responsável: ________________________________________________
(Assinatura)
Aplicação do PAF
O PAF é um instrumento de fácil aplicação e foi desenvolvido para auxiliar o
profissional na escolha correta do plano de tratamento, de modo a minimizar
possíveis intercorrências. Para isso, deve-se avaliar minuciosamente a pele
do paciente, fazendo um exame físico-funcional de inspeção e palpação e
um teste de mímica facial para uma investigação do pós-operatório, quando
for o caso, bem como uma avaliação por imagem, para, por fim, determinar
o diagnóstico, o objetivo e a conduta do tratamento. Veja a seguir cada etapa
do protocolo e como aplicá-lo na prática.
Protocolo de avaliação facial (PAF) 163
Alteração Descrição
Por último, mas não menos importante, deve ser identificado a presença,
junto a sua localização, de flacidez e de rugas na pele do paciente. O grau de
frouxidão e turgor da pele poderá ser avaliado por intermédio do pinçamento
da mesma, percebendo se existe diminuição da tensão e da consistência do
tecido e o tempo que ela levará para voltar ao normal. Já as rugas, pode-se
discernir entre estáticas, aquelas que permanecem mesmo quando o rosto está
em repouso, e dinâmicas, aquelas que aparecem somente quando há contração
muscular e que somem após o relaxamento da musculatura.
Para classificar o grau de envelhecimento, segundo Lapiere e Pierard, é
considerada grau I, a pele com bom turgor e viço, iniciando o envelhecimento;
a pele que apresenta rugas finas, linhas de expressão e algumas regiões com
flacidez é grau II; já a pele em estágio avançado de envelhecimento, com
grande quantidade de rugas, flacidez e modificações estruturais além da pele,
é classificada em grau III.
Na parte de palpação do exame físico, será avaliada, pela sensação tátil, a
textura da pele; para avaliar o tônus muscular, deve-se pedir para o paciente
realizar a contração dos músculos da face, por meio de mímica facial, e avaliar
se há boa mobilidade e contorno (normal).Se houver diminuição de força e
tônus muscular (hipotônico), o paciente pode apresentar dificuldade em rea-
lizar a contração da musculatura –ou se o músculo ficar tensionado mesmo
em repouso, fica difícil para o paciente relaxar a musculatura (hipertônico).
Após a finalização de todo o exame físico-funcional, vem a etapa da lâm-
pada de Wood. Antes da utilização desta luz, certifique-se de que a pele
do paciente está perfeitamente limpa, sem suor, maquiagem, resquício de
hidratantes ou derivados. Para isso, não utilize produtos adstringentes ou
que interfiram na hidratação ou oleosidade do paciente; a água micelar, por
exemplo, é uma boa opção. O exame deverá ser realizado em ambiente escuro.
Uma vez acesa, a lâmpada de Wood deverá permanecer assim por três ou
quatro minutos antes de direcioná-la à face do paciente, pois seu aquecimento
é fundamental para que atinja o seu poder máximo de radiação. Aproxime a
luz por aproximadamente 20cm da pele. Observe as cores refletidas na pele
do paciente e assinale, dentre as opções descritas no PAF, a que melhor se
enquadra.
No teste de mímica facial, solicite ao paciente que realize cada uma das
mímicas citadas, de forma a observar detalhadamente a contração de cada
grupo muscular envolvido, identificando se há algum tipo de resistência e
comparando os lados.
168 Protocolo de avaliação facial (PAF)
Alteração Descrição
Interpretação do PAF
A parte de interpretação do protocolo aplicado é a mais importante de todos os
processos. Sabendo analisar e compreender as informações coletadas, é possível
escolher o tratamento mais adequado para o paciente. A melhor terapêutica
é aquela que vai conseguir atingir o máximo de resultado esperado com o
mínimo de intercorrência possível, aquela de menor risco para o paciente e
maior segurança para o profissional.
A primeira parte da avaliação é a de identificação. A idade do paciente
afeta diretamente o resultado final do tratamento e é crucial para a escolha da
conduta profissional. Com o passar da idade, a estrutura morfológica da pele
vai mudando, bem como suas necessidades. Com isso, a resposta da pele do
paciente de 60 anos não será a mesma, nem levará o mesmo tempo, que a de
um paciente com 30 anos. A profissão também é importante, principalmente,
para os cuidados após o procedimento. Tratamentos fotossensibilizantes em
paciente que se expõem ao sol, por exemplo, não podem ser realizados, ou
somente se o paciente se afastar do trabalho por alguns dias. Caso contrário,
a pele do paciente pode vir a manchar.
170 Protocolo de avaliação facial (PAF)
Mãe e filha procuraram uma clínica em busca de rejuvenescimento da face. Ana tem
35 anos, já a sua mãe, Vanessa, tem 57 anos. Como o envelhecimento da pele faz com
que haja perda de água e ácido hialurônico, bem como a diminuição de colágeno
e elastina, o tratamento delas não poderá ser o mesmo. A Ana, com 35 anos, tem
grau II na classificação de Glogau, com rugas apenas de movimento e modificações
de estrutura da camada da epiderme, começando a afetar a derme. Já a Vanessa, se
enquadra na classificação III, com rugas estáticas profundas e flacidez, afetando todas
as camadas da pele. Para a Ana, uma radiofrequência mensal fornecerá resultados
efetivos e relativamente rápidos, juntamente com um hidratante e protetor solar. Já
a Vanessa, precisará de dermocosméticos mais potentes e da associação de outros
procedimentos, como peelings, que auxiliam a troca de pele e a reorganização celular,
e a eletroterapia para melhorar o tônus muscular e o condicionamento da pele. De
qualquer forma, a Vanessa responderá de forma mais lenta e com menos efetividade,
por conta da idade. Pelo mesmo motivo, o espaço de tempo entre as sessões também
será diferente entre elas: a radiofrequência, por exemplo, será necessária a cada 21 dias
para a Ana, enquanto para a Vanessa esse intervalo será de 28 dias.
Referência
Leituras recomendadas
ASAWANONDA, P.; TAYLOR, C. R. Wood´s light in dermatology. International Journal
of Dermatology, n. 38, v. 12, p. 801-807, 1999.
BARROS, L. A. (Org.). Dicionário de dermatologia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
CLÍNICA EQUILÍBRIO. Acne: tratamento estético. Bauru: Clínica Equilíbrio, [20--?].
Disponível em: <http://clinicabauru.com.br/importancia-da-estetica-no-tratamento-
-de-acne>. Acesso em: 24 jan. 2018.
KADUNC, B. et al. Tratado de cirurgia dermatológica, cosmiatria e laser: da Sociedade
Brasileira de Dermatologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH O. Dermatologia estética. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
KUSZTRA, E. J. Rejuvenescimento facial. Erechim: Graffoluz, 2017.
ROMANKIU , K. Tratamentos pós operatórios ajudam na recuperação do paciente e
evitam edemas, equimose, hematomas e fibroses. Curitiba: Cinemaskope, 2013. Dispo-
nível em: <http://www.cinemaskope.com/tratamentos-pos-operatorios-ajudam-na-
-recuperacao-do-paciente-e-evitam-edemas-equimose-hematomas-e-fibroses/>.
Acesso em: 24 jan. 2018.
SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 3. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2007.