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Efeitos da radiofrequência no envelhecimento cutâneo durante o


climatério
Daiane Cristina da Silva Cataneo¹
daianecattaneo@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional – Faculdade Ávila

Resumo

O climatério vem sendo motivo de investigação há vários anos por ocasionar


alterações hormonais, relacionados a seu papel potencial de causarem o
envelhecimento da pele pela redução do estrógeno. Existem diversas técnicas que
possuem finalidades positivas no tratamento para envelhecimento cutâneo, entre elas
destaca-se a radiofrequência (RF). A RF é um tipo de corrente de alta frequência que
gera calor por conversão, atingindo profundamente as camadas tissulares promovendo
a oxigenação, nutrição e vasodilatação dos tecidos. A investigação é uma revisão
bibliográfica, embasada em livros e publicações em banco de dados de produções
científicas. Para tal estudo, traçou-se como objetivo: esclarecer os benefícios da
radiofrequência no tratamento de envelhecimento cutâneo durante a menopausa.
Então, concluiu-se que a RF é um recurso eficaz para os efeitos do envelhecimento
cutâneo durante o climatério como flacidez e rugas.
Palavras-chaves: Climatério; Envelhecimento cutâneo; Radiofrequência.

1. Introdução
O termo “menopausa” é derivado das palavras gregas men (mês) e pausis (cessação),
sendo este utilizado para definir o evento representado pela última menstruação da
mulher. Embora a menopausa seja um evento pontual e facilmente identificável, são
observadas alterações significativas no organismo tanto antes quanto após a cessação da
menstruação, caracterizando o quadro denominado climatério. Neste período ocorrem
profundas alterações endócrinas e sistêmicas provocando diversas modificações físicas
e psíquicas na mulher (FERNANDES et al., 2004). O climatério é uma fase da vida em
que as gônadas femininas cessam a produção de estrogênio e ocorre, então, o último
sangramento cíclico. Esta deficiência natural do organismo é considerada um evento
fisiológico, não patológico, sendo que este evento é geneticamente programado
(GIACOMINI e MELLA, 2006) Os sintomas associados à menopausa, causados pela
diminuição estrogênica, promovem uma profunda queda na qualidade de vida da
mulher, sendo necessária, muitas vezes, a instituição de tratamento específico para o
controle dos sintomas indesejáveis (NELSON et al, 2005). As principais alterações
biológicas que aparecem na menopausa são decorrentes do gradual esgotamento da
população folicular ovariana com consequente diminuição dos ciclos ovulatórios e da
produção estrogênica (ABERNETHY, 2003). Mas as alterações trazidas pelo climatério
não estão limitadas às questões somáticas. O climatério é concomitante ao processo de
envelhecimento da mulher, às mudanças da dinâmica familiar e profissionais e todas
estas mudanças acabam provocar uma crise na vida destas mulheres que alguns chamam
de crise de meia idade (LIMA e ANGELO, 2001).
1
Pós Graduanda em Fisioterapia Dermato Funcional.
2
Orientadora, Fisioterapeuta especialista em Metodologia do Ensino Superior,
Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.
2

O organismo humano é formado por trilhões de moléculas definidas, cujo equilíbrio é


determinado pela conservação da normalidade, sendo o colágeno o elemento maior
abundância no organismo considerando assim um dos maiores alvos do envelhecimento
(GUIRRO, 2002). A desorganização do mecanismo de defesa antioxidante também está
envolvida no processo de envelhecimento, ocorrendo uma diminuição da capacidade
antioxidante natural. Este desequilíbrio pode provocar lesões na pele (BUCHLI, 2002).
Com o envelhecimento, principalmente a partir dos 40 anos de idade, há uma
diminuição no nível de estrogênios e redução das fibras de colágeno, tornando a
pele mais fina e sensível, manchada, levando à presença de rugas e células mortas, as
quais vão se acumulando e se depositando na superfície. A formação de rugas, pele mais
áspera, redução da elasticidade e da firmeza da pele do rosto são os sinais mais
expressivos do reflexo da idade biológica (BATISTELA et al, 2007).

A radiofrequência é uma radiação no espectro eletromagnético que gera calor


compreendida entre 30 KHz e 300 MHz. Esse tipo de calor alcança os tecidos mais
profundos gerando energia e forte calor sobre as camadas mais profundas da pele,
mantendo a superfície resfriada e protegida, ocasionando a contração das fibras
colágenas existentes e estimulando a formação de novas fibras, tornando-as mais
eficientes na sustentação da pele (TECATHERAP, 2006)

2. Anatomia e fisiologia da pele


O Tegumento é composto pela pele e seus anexos: glândulas sudoríparas, as glândulas
sebáceas, os folículos pilosos, e as unhas. A pele é o maior órgão do corpo, constituindo
16% do peso corporal (GARTNER &HIATT, 2007). A pele é dividida em três
camadas: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é a camada externa dividida em
cinco camadas: córnea, lúcida, granulosa, espinhosa e basal. A derme situa-se
diretamente abaixo da epiderme e é dividida em duas camadas: papilar e reticular
(GATNER & HIATT, 2007).

2.1 Epiderme
A epiderme é um epitélio de revestimento estratificado e pavimentoso. Os
queratinócitos são as células que formam este epitélio, representando 80% do conjunto
das células epidérmicas. Os queratinócitos se dividem em quatro camadas sobrepostas:
camada germinativa ou basal, camada espinhosa, camada granulosa e camada córnea.
Em algumas regiões, como palmas e plantas, existe a camada lúcida. O estrato córneo
tem a importante função de barreira da pele, prevenindo a perda de água e,
consequentemente, a desidratação cutânea (PEYREFITTE,1998).

2.1.1 Camada Basal:


É o mais profundo, em contato com derme, constituído por células cúbicas pouco
diferenciadas que se dividem continuamente, dando origem a todas as outras camadas.
Contém muito pouca queratina. Algumas destas células diferenciam-se e passam para as
camadas mais superficiais, enquanto outras permanecem na camada basal e continuam a
se dividir. É a camada que dá suporte a epiderme e estabelece a união coma derme. Esta
camada da origem as camada epidérmicas por reprodução continuada (SOUZA et al,
2007).
2.1.2. Camada Espinhosa:
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Células cúbicas ou achatadas com mais queratina que as basais. Começam a formar
junções celulares umas com as outras. E possuem importante função na manutenção da
coesão das células da epiderme e, consequentemente na resistência ao atrito (GUIRRO e
GUIRRO, 2004).

2.1.3. Camada Granulosa:


Células achatadas, com grânulos de queratina proeminentes e outros como substância
extracelular e outras proteínas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

2.1.4. Camada Lúcida:


Células achatadas hialinas eosinófilas devido a grânulos muito numerosos proteicos.
Estas células libertam enzimas que as digerem. A maior parte já está morta (sem
núcleo). Estão presentes na pele sem folículos pilosos. Segundo SOUZA et al (2007) é
encontrada onde a pele é mais grossa, comoa palma das mãos e a planta dos pés. É a
camada mais profunda da camada córnea.

2.1.5. Camada Córnea:


Constituído de células achatadas eosinófilas sem núcleo (mortas) com grande
quantidade de filamentos, principalmente queratinas. A junção entre a epiderme e a
derme tem forma de papilas, que dão maior superfície de contacto com a derme e
8maior resistência ao atrito da pele. As fileiras mais superficiais estão em processo de
descamação continua. Está camada impede a entrada de microorganismos e agentes
tóxicos, retém água e os eletrólitos (SOUZA, et al 2007).

2.2 Derme
A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo que se estende da epiderme até o
tecido subcutâneo. Nesta camada situam-se os anexos da pele, muitos vasos sangüíneos,
vasos linfáticos e nervos. Pode ser dividida em camada papilar, mais externa, e camada
reticular, mais interna. A derme contém muitos tipos diferentes de células, incluindo
fibroblastos e fibrócitos, macrófagos, mastócitos e leucócitos sangüíneos,
particularmente neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos. Esta camada fornece
uma base firme para a epiderme e para os anexos cutâneos. As fibras colágenas
proporcionam grande força de tensão e as fibras elásticas dão flexibilidade a pele. Os
plexos vasculares fornecem sangue para a epiderme, sem penetrá-la. O controle
realizado pelo hipotálamo e pelas fibras nervosas simpáticas sobre o fluxo sangüíneo na
derme proporcionam um mecanismo de termorregulação (ARNOLD, 2004). A derme
situa-se diretamente abaixo da epiderme e é dividida em duas camadas: papilar e
reticular (GATNER & HIATT, 2007).

2.2.1 Derme Papilar:


Em contato com a epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, forma uma camada
fina com fibras de tecido conjuntivo na vertical e também rica em vasos sanguíneos que
penetram nas camadas profundas, além de terminações nervosas, termo e
criorreceptores. É na derme que se localizam os vasos sanguíneos que nutrem a
epiderme, vasos linfáticos e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados.

2.2.2. Derme Reticular:


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Encontra-se abaixo da camada papilar, sendo a camada maior e mais espessa da derme.
Constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras
colagenosas. Para Souza et al (2007), é uma camada de tecido conjuntivo, composta
principalmente de fibras colágenas e elatina, ela se coloca embaixo da epiderme dando
sustentação a essa.

2.3 Fibras colágenas


De acordo com VEIT (2006) a proteína mais abundante do organismo dos animais, o
colágeno é a principal estrutura protéica do tecido conjuntivo. Existem vários tipos de
colágenos, mas os tipos I, II, III e IV são os mais comuns. Na derme, predomina o
colágeno tipo I, porém outros três tipos também estão presentes em menor escala, como
os tipos III, IV e V. As moléculas de colágeno se agregam por meio de ligações
cruzadas, e essa rede de interações químicas bem organizadas torna o colágeno um
cristal orgânico, explicando, assim, por que essa proteína é resistente a tensões e
pressões. As fibras do sistema colágeno conferem a força de tensão que sustenta e
mantérn unidos os outros componentes estruturais do tecido conjuntivo.

2.4 Fibras elásticas


O tecido elástico é composto por duas proteínas, a fibrilina e a elastina. Estas duas
proteínas formam três tipos de fibras: as fibras oxitalâmicas, elaunícas e as fibras
elásticas maduras. A fibras oxilâmicas, que são formadas por microfibrilas de fibrilina,
caracterizam-se como um molde que, combinando-se com a elastina, formam as fibras
elanícas. As fibras elaunínicas vão acumulando maiores quantidades de elastina até se
transformarem nas fibras elásticas maduras. O principal componente das fibras elásticas
é a elastina, material proteico insolúvel e mais resistente que o colágeno. A elastina é
responsável pela elasticidade das fibras do tecido elástico, constituindo
aproximadamente 5% do peso seco da pele (STEVENS, 2005).

3. Climatério
O envelhecimento feminino distingue-se por contemplar marco referencial, tanto do
ponto de vista físico, quanto do emocional. O declínio da função ovariana começa a se
instalar, sutilmente, por volta dos 35 anos de idade e conduz progressivamente a um
estado de fertilidade decrescente, até culminar com a falência definitiva do órgão,
chamado então de menopausa. A menopausa é representada por uma redução dos níveis
de estrogênio circulante por meio da perda da função ovariana, o que leva a mudanças
metabólicas e tróficas que estimulam a perda de elasticidade da pele (SUCKLING,
2006).

3.1 Etiologia
As principais alterações biológicas que aparecem na menopausa são decorrentes do
gradual esgotamento da população folicular ovariana com consequente diminuição dos
ciclos ovulatórios e da produção estrogênica (ABERNETHY, 2003; FERNANDES et
al., 2004; WU et al., 2005). Durante o período do climatério, ocorrem autólise e
fagocitose das células germinativas pelas células da camada granulosa com consequente
formação de folículos atrésicos no córtex ovariano. Tal esgotamento folicular somado
às alterações involutivas, como esclerose arteriolar, fibrose cortical e redução de
fluxo sanguíneo, leva à diminuição gradual do tamanho dos ovários (FERNANDES et
al., 2004). Com a redução dos folículos funcionais, é observada queda gradual dos
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níveis de estrogênio, e, quando estes níveis não são mais suficientes para causar
crescimento endometrial, a menstruação cessa e instala-se a menopausa.

3.2 Fisiologia
O evento fisiológico do climatério, invariavelmente, faz uma analogia com ondas de
calor, velhice, aposentadoria, doença, infertilidade e distúrbios na sexualidade. Esse fato
tende a motivar a busca de assistência médica, e é imperativo que as equipes de saúde
aproveitem o momento para estabelecer um forte vínculo para a promoção da saúde. O
envelhecimento biológico ocasiona profundas modificações no organismo feminino. O
esgotamento folicular ovariano é progressivo, principalmente a partir da terceira década
de vida, trazendo, além da diminuição da fecundidade, sinais e sintomas clínicos pouco
expressivos, porém muito marcantes após o estabelecimento da menopausa
(MICHELON, 2004).

3.2 Sintomas
Aproximadamente 50% a 70% das mulheres referem sintomas somáticos e dificuldades
emocionais nos anos que seguem a menopausa, com destaque para ondas de calor ou
fogachos, devido as suas implicações negativas para a sua qualidade de vida
(ALDRIGHI, 2002). Não se pode desconsiderar também que, nas culturas ocidentais, a
beleza física, a juventude e a maternidade são elementos de valorização da mulher, cuja
perda pode favorecer sentimentos de desvalia, tristeza e até depressão. A maior
percepção do envelhecimento e a intensificação da sintomatologia decorrente do
hipoestrogenismo, aliados a eventos comuns nessa fase, como o crescimento dos filhos,
a aposentadoria ou a morte do cônjuge demandam ajustes emocionais e mudanças de
estilo de vida por vezes difíceis para a mulher (LORENZI, 2005). Ao mesmo tempo,
cabe lembrar que, no climatério, as mulheres tendem a atribuir indiscriminadamente à
menopausa tanto os sintomas relacionados à carência estrogênica, como as queixas
físicas ou emocionais decorrentes de eventuais estados mórbidos prévios, confundindo-
as. (HUNTER, 1993.)

3.2 Alterações hormonais

Os estrógenos são hormônios que produzem numerosas ações fisiológicas, incluindo


efeitos no desenvolvimento. Os ovários são a principal fonte de estrógeno circulante. O
principal produto secretório é o estradiol, sintetizado pelas células granulosas a partir de
precursores androgênicos (androstenediona ou testosterona), proporcionados pelas
células da teca (WILLIAMS, 1996) Os estrógenos possuem variadas atuações, entre
elas o crescimento, a diferenciação e a função de muitos tecidos. Os mecanismos pelos
quais esse hormônio age não estão completamente claros, mas sabe-se que seu
mecanismo de ação envolve interação entre uma molécula ligante e um receptor
(COMPSTON, 2001).

3.2.1 Hipoestrogenismo
Embora a idade cronológica contribua para a perda de colágeno, seus efeitos não se
comparam aos do hipoestrogenismo prolongado. De fato, um dos efeitos mais
importantes dos estrogênios na pele é sua ação sobre o colágeno. Quando exposta ao
regime de hipoestrogenismo, a pele feminina apresenta perda de colágeno tanto maior
quanto for o tempo de exposição e isso pode ser revertido total ou parcialmente,
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dependendo da gravidade da perda e, evidentemente, do tipo de tratamento empregado


(STUMPF et al 1976).

4. Envelhecimento cutâneo durante climatério


As alterações podem ocorrer na epiderme e na derme. Na epiderme ocorre diminuição
do número de queratinócitos, afinamento, e diminuição da taxa de proliferação das
células desta camada. Sendo as alterações da derme as principais manifestações
inestéticas ocorrida na pele com o envelhecimento: flacidez e rugas. A microcirculação
torna-se comprometida devido as alterações funcionais e morfológicas dos vasos
sanguíneos presente nesta região (RIEGER, 1996), Com o envelhecimento a pele tende
a se tornar delgada, enrugada, seca e escamosa. Embora a espessura real da camada
córnea não seja muito alterada, ela se torna mais permeável, permitindo a passagem
mais rápida de substâncias através dela. Além disso, as fibras colágenas perdem parte de
sua elasticidade reduzindo dessa forma a tonicidade da pele (BOREELLI,2004)

A pele apresenta receptores estrogênicos e androgênicos (STUMPF e cols.,1976), tendo


sido relatadas maiores concentrações de estradiol nas camadas basais da epiderme . Em
mulheres, a investigação dos efeitos dos hormônios sexuais sobre o envelhecimento da
pele concentram-se basicamente nos estrogênios; nos homens, existem poucos estudos
sobre a influência da testosterona, embora não existam trabalhos mostrando os efeitos
do envelhecimento sobre os receptores androgênicos, ainda que tenha sido descrita
diminuição da atividade da 5  -redutase com o aumento da idade no prepúcio. Desse
modo, a influência dos androgênios nas alterações dos queratinócitos e fibroblastos
relacionadas ao envelhecimento ainda devem ser melhor investigadas (FISHER, 1997).

4.1 Rugas

As rugas representam o sinal mais visível do envelhecimento cutâneo, na realidade é


apenas a ponta do iceberg, uma única face em uma série de eventos que estão ocorrendo
no organismo. As desordens internas, ambientais, e os fatores emocionais, são os fatores
que afetam a integridade fisiológica de uma pessoa (FORNAZIERI, 2007). Os
principais sinais do envelhecimento são as rugas, hipercromias, pele seca, perda de
luminosidade e ptose tissular (BUCHIL, 2002). Esses sinais são conseqüências do
processo fisiológico de declínio das funções do tecido conjuntivo, no qual o colágeno
vai tornando-se mais rígido, com uma porcentagem perdida anualmente e uma
diminuição no número de ancoragem de fibrilas; as fibras elásticas perdem força pela
diminuição da elasticidade; há uma diminuição das glicosaminoglicanas, associada a
uma redução da água, que por sua vez, diminui a adesão, migração, desenvolvimento e
diferenciação celular (SADICK, 2002).

Essa decadência do tecido conjuntivo impossibilita a manutenção de uma camada de


gordura uniforme sobre a pele, e a degeneração das fibras elásticas, somada à menor
velocidade de troca e oxigenação dos tecidos, leva a uma desidratação da pele,
resultando em rugas. Quando classificadas clinicamente, as rugas podem ser:
superficiais e profundas. As superficiais são aquelas que desaparecem com o
estiramento da pele, diferindo das profundas que não sofrem alteração quando a pele é
estirada (SABATOVICH, 2004). As rugas recebem ainda outra classificação: rugas
estáticas, dinâmicas e gravitacionais. As estáticas são consequências da fadiga das
estruturas que constituem a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e
aparecem mesmo na ausência deles. As dinâmicas ou linhas de expressão surgem como
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consequência de movimentos repetitivos da mímica facial e aparecem com o


movimento. Já as rugas gravitacionais são consequentes da flacidez da pele, culminando
com a ptose das estruturas da face (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

4.2 Flacidez

Dentre os órgãos do corpo humano, o que mais revela o envelhecimento é a pele. A


flacidez juntamente com as linhas tensionadas fornece a base para o enrugamento da
pele. A redução das fibras elásticas faz com que a pele fique flácida, e quando é estirada
ela não retorna a sua forma inicial, resultando nas rugas. Algumas são congênitas, outras
são adquiridas ou exarcebadas, devido às expressões faciais. As características senis
variam de acordo com os tipos. Na hipertrófica a pele se apresenta mais flácida, grossa e
distendida com a coloração amarelo-parda, tendo tendência às rugas profundas. Na
atrófica a pele tem característica fina, seca e com manchas pigmentares (GUIRRO &
GUIRRO, 2002).

5.Radiofrequência

5.1 Definição

Trata-se de uma modalidade terapêutica que utiliza radiações do espectro


eletromagnético na ordem de kilohertz (KHz), ou seja, radiofreqüência. Por ser uma
onda senoidal de elevada freqüência, perde seus efeitos químicos e
biológicos de excitação neuromuscular, entretanto conserva o efeito de conversão em
calor ao ser absorvida pelos tecidos. Por este processo é considerada
genericamente como diatermia e é aplicada há anos como termoterapia profunda
(AGNE, 2009). Nos últimos dez anos, variadas técnicas não invasivas e não cirúrgicas,
mas que também se situam fora do âmbito médico da dermatologia, têm sido
desenvolvidas para o tratamento do corpo em geral e da pele em particular. A tecnologia
emergente que mais se tem destacado desde o tratamento com laser é a radiofrequência
(ARNOCZKY, 2000).

5.2 Mecanismo de ação


A radiofrequência é indicada em todos os processos degenerativos que impliquem na
diminuição ou retardo do metabolismo, irrigação e nutrição, sendo em geral em
patologias crônicas. Também é indicado por provocar aumento da vasodilatação e
irrigação abaixo da zona tratada, além da oxigenação e nutrição dos tecidos. A energia
de radiofrequência é uma forma de energia electromagnética, segura, eficaz e não
ablativa (Atua principalmente nas camadas médias e profundas da pele, causando pouco
ou nenhum dano na camada mais superficial) que pode ser aplicada a qualquer tipo de
pele(RODRIGUEZ, 2004). Quando aplicada à pele, criam-se campos electromagnéticos
oscilantes que provocam o movimento dos electrões nos tecidos, e a corrente eléctrica
resultante gera um calor interno proporcional à resistência eléctrica da pele. As
moléculas de colagéneo são produzidas pelos fibroblastos e este, quando aquecido, sofre
uma transição estrutural, transformando-se numa estrutura semelhante a um gel e, como
tal, menos organizada (ARNOCZKY, 2000).

A radiofrequência aplica sua energia através de dois eletrodos. Um deles, chamado


eletrodo ativo, que provoca grande densidade de corrente provocando efeitos térmicos
localizados nos tecidos, causando a estimulação tecidual como produção do colágeno,
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retração dos septos fibrosos, relaxamento muscular e analgesia. O outro eletrodo,


chamado de eletrodo passivo que é consiste em uma placa condutiva de grande contato
que fecha o circuito da corrente fazendo com que a energia retorne ao paciente
(CALBET,1992)

4.1 Efeitos da radiofrequência no tecido


Os efeitos térmicos da radiofrequência provocam a desnaturação do colágeno
promovendo imediata e efetiva contração de suas fibras, ativando fibroblastos
ocorrendo a neocolagenização alterada em diâmetro, espessura e periodicidade, levando
a reorganização das fibras colágenas e subsequente remodelamento do
tecido.(AGNE,2009). Esses efeitos imediatos da contração do colágeno ocorrem por um
fenômeno chamado de hôrmeses, devido o qual o corpo produz uma resposta adaptativa
ao surgimento de um agente estressor (MEYER,2010).
A dermato-funcional utiliza a radiofrequência de forma não ablativa, promovendo o
aumento da elasticidade de tecidos ricos em colágeno, aumentos maiores de temperatura
e manutenção em 40ºC durante todo o período de aplicação diminuem a extensibilidade
e aumenta a densidade do colágeno, conseguindo assim melhorar a flacidez da pele,
promovendo a diminuição da elasticidade em tecidos ricos em colágeno. Este efeito é
denominado lifting pela radiofrequência (MEYER, 2009).

De acordo com Low e Reed (2001) e Del Pino et al. (2006), o colágeno liquefaz a
temperaturas acima de 50ºC, que com temperaturas dentro de uma faixa terapêutica
aplicável entre 40º e 45ºC a extensibilidade do tecido colagenoso aumenta. Isso ocorre
apenas se o tecido for simultaneamente alongado e requer temperaturas próximas do
limite terapêutico. Corroborando com esta afirmação, Ronzio (2009) relata que no
tecido dérmico o calor modifica suas propriedades elásticas e aumenta a extensibilidade
dos tecidos fibrosos, ricos em colágenos, promovendo a flexibilização de cicatrizes e
aderências. De acordo com Borges (2010), a vasodilatação e a hiperemia surgem como
consequência do efeito térmico, em que a vasodilatação promove um aumento da
circulação periférica local, gerando a hiperemia na pele. Assim como no efeito térmico,
a hiperemia apenas ocorre com o uso de intensidade alta, por um tempo maior de
aplicação, portanto este efeito não é verificado. A oxigenação celular está ligada à
vasodilatação e ao consequente aumento do fluxo sanguíneo, aumentando desta forma,
o aporte de oxigênio por intermédio da corrente sanguínea. Segundo pesquisa realizada
por Dierickx (2006), a radiofrequência promove a formação de neocolagênese
estreitando o tecido cutâneo. Em conformidade, Ullmann (2007) em suas pesquisas
comprovou a eficácia da radiofrequência não ablativa na flacidez e rugas cutâneas.

5. Metodologia

A coleta de dados para este estudo foi realizada através da pesquisa bibliográfica. A
pesquisa bibliográfica é decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos,
com artigos, livros e teses. Utiliza-se de dados já trabalhados por outros estudiosos. O
pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos
constantes dos textos (SEVERINO, 2010). Foi realizado também um levantamento
bibliográfico por meio de publicações de periódicos indexados (SciELO, MEDLINE,
LILACS,),. Utilizou-se como palavras-chaves: Climatério, envelhecimento cutâneo e
radiofrequência.
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6. Resultados e Discussão
Os efeitos biológicos da radiofrequência constituem no aumento da circulação arterial,
vasodilatação, melhorando assim a oxigenação e a acidez dos tecidos aumento da
drenagem venosa, aumentando a reabsorção de catabólitos e diminuindo edemas nas
áreas com processos inflamatórios aumento da permeabilidade da membrana celular,
permitindo uma melhor transferência de metabólitos através desta estimulação do
sistema imunológico e diminuição dos radicais livres (Carvalho, 2011).
A energia da RF penetra em nível celular em epiderme, derme e hipoderme. Quando
passa pelos tecidos, a corrente gera uma ligeira fricção ou resistência dos tecidos com
passagem da radiofrequência, produzindo uma elevação térmica da temperatura tissular.
No momento que o organismo detecta uma maior temperatura que o fisiológico,
aumenta a vasodilatação com abertura dos capilares, o que melhora o trofismo tissular, a
reabsorção dos líquidos intercelulares excessivos e o aumento da circulação. Com isso,
ocorre um ganho nutricional de oxigênio, nutrientes e oligoelementos para o tecido,
influenciado pela radiofrequência, com uma melhora no sistema de drenagem dos
resíduos celulares (toxinas e radicais livres). Estes efeitos proporcionam a produção de
fibras elásticas de melhor qualidade, atuando nos fibroblastos e em outras células
(GOMÉZ, 2007).
Em estudos realizados por Fernandes et al. (2009) observou-se que altas temperaturas
podem comprometer o tecido colágeno provocando a morte celular, no entanto,
acomodações de valores moderados podem causar processos fisiológicos que melhoram
a condição deste tecido, promovendo a neoformação colágena e surgimento de alta
quantidade de vasos subepiteliais e que baixas temperaturas e uma menor quantidade de
aplicações podem não ser suficientemente eficaz para modificações fisiológicas.
Vários estudos demonstram que o procedimento usando RF não ablativa gera alterações
nas fibras de colágeno, o que irá se refletir positivamente na qualidade da pele tratada.
Essas alterações são visíveis na pele através da redução de rugas e flacidez
(FITZPATRICK 2003, ESPARZA 2003 e HSU 2003).

Conclusão
Conceituamos o climatério como fase inerente a todas as mulheres, caracterizada pela
transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva, permeada por modificações no
âmbito físico, emocional, social e espiritual, as quais permanecem interligadas durante
todo o processo, sendo este permeado pela cultura em que a mulher se encontraEstudos
afirmam relação de níveis hormonais relacionados ao envelhecimento cutâneo durante
esta fase, sendo a redução do estrógeno atribuída ao envelhecimento cutâneo. A
valorização da estética e o crescente avanço de procedimentos minimamente invasivos
têm levado a um aumento da demanda por tratamentos capazes de amenizar os efeitos
dos distúrbios dérmicos. A Fisioterapia Dermato-funcional tem se estabelecido de forma
efetiva nesse contexto por promover a recuperação físico-funcional dos distúrbios
endócrino-metabólicos e dermatológicos através de modalidades terapêuticas já
comprovadas cientificamente, sendo a radiofrequência o recurso terapêutico atualmente
mais eficaz para o tratamento de rugas e flacidez. Contudo, diante do exposto pode-se
observar a importância da radiofrequência para tratamento do envelhecimento cutâneo
em mulheres durante o climatério onde os baixos níveis de estrógenos estão diretamente
ligados ao envelhecimento. Portanto, o climatério leva em muitos aspectos, a uma
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acentuação subjetiva da percepção do envelhecimento e que a mulher, nesta fase do seu


desenvolvimento, deve ser entendida e tratada mediante a influência destes fenômenos.

Referências
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