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Resumo
1. Introdução
O termo “menopausa” é derivado das palavras gregas men (mês) e pausis (cessação),
sendo este utilizado para definir o evento representado pela última menstruação da
mulher. Embora a menopausa seja um evento pontual e facilmente identificável, são
observadas alterações significativas no organismo tanto antes quanto após a cessação da
menstruação, caracterizando o quadro denominado climatério. Neste período ocorrem
profundas alterações endócrinas e sistêmicas provocando diversas modificações físicas
e psíquicas na mulher (FERNANDES et al., 2004). O climatério é uma fase da vida em
que as gônadas femininas cessam a produção de estrogênio e ocorre, então, o último
sangramento cíclico. Esta deficiência natural do organismo é considerada um evento
fisiológico, não patológico, sendo que este evento é geneticamente programado
(GIACOMINI e MELLA, 2006) Os sintomas associados à menopausa, causados pela
diminuição estrogênica, promovem uma profunda queda na qualidade de vida da
mulher, sendo necessária, muitas vezes, a instituição de tratamento específico para o
controle dos sintomas indesejáveis (NELSON et al, 2005). As principais alterações
biológicas que aparecem na menopausa são decorrentes do gradual esgotamento da
população folicular ovariana com consequente diminuição dos ciclos ovulatórios e da
produção estrogênica (ABERNETHY, 2003). Mas as alterações trazidas pelo climatério
não estão limitadas às questões somáticas. O climatério é concomitante ao processo de
envelhecimento da mulher, às mudanças da dinâmica familiar e profissionais e todas
estas mudanças acabam provocar uma crise na vida destas mulheres que alguns chamam
de crise de meia idade (LIMA e ANGELO, 2001).
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Pós Graduanda em Fisioterapia Dermato Funcional.
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Orientadora, Fisioterapeuta especialista em Metodologia do Ensino Superior,
Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.
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2.1 Epiderme
A epiderme é um epitélio de revestimento estratificado e pavimentoso. Os
queratinócitos são as células que formam este epitélio, representando 80% do conjunto
das células epidérmicas. Os queratinócitos se dividem em quatro camadas sobrepostas:
camada germinativa ou basal, camada espinhosa, camada granulosa e camada córnea.
Em algumas regiões, como palmas e plantas, existe a camada lúcida. O estrato córneo
tem a importante função de barreira da pele, prevenindo a perda de água e,
consequentemente, a desidratação cutânea (PEYREFITTE,1998).
Células cúbicas ou achatadas com mais queratina que as basais. Começam a formar
junções celulares umas com as outras. E possuem importante função na manutenção da
coesão das células da epiderme e, consequentemente na resistência ao atrito (GUIRRO e
GUIRRO, 2004).
2.2 Derme
A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo que se estende da epiderme até o
tecido subcutâneo. Nesta camada situam-se os anexos da pele, muitos vasos sangüíneos,
vasos linfáticos e nervos. Pode ser dividida em camada papilar, mais externa, e camada
reticular, mais interna. A derme contém muitos tipos diferentes de células, incluindo
fibroblastos e fibrócitos, macrófagos, mastócitos e leucócitos sangüíneos,
particularmente neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos. Esta camada fornece
uma base firme para a epiderme e para os anexos cutâneos. As fibras colágenas
proporcionam grande força de tensão e as fibras elásticas dão flexibilidade a pele. Os
plexos vasculares fornecem sangue para a epiderme, sem penetrá-la. O controle
realizado pelo hipotálamo e pelas fibras nervosas simpáticas sobre o fluxo sangüíneo na
derme proporcionam um mecanismo de termorregulação (ARNOLD, 2004). A derme
situa-se diretamente abaixo da epiderme e é dividida em duas camadas: papilar e
reticular (GATNER & HIATT, 2007).
Encontra-se abaixo da camada papilar, sendo a camada maior e mais espessa da derme.
Constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras
colagenosas. Para Souza et al (2007), é uma camada de tecido conjuntivo, composta
principalmente de fibras colágenas e elatina, ela se coloca embaixo da epiderme dando
sustentação a essa.
3. Climatério
O envelhecimento feminino distingue-se por contemplar marco referencial, tanto do
ponto de vista físico, quanto do emocional. O declínio da função ovariana começa a se
instalar, sutilmente, por volta dos 35 anos de idade e conduz progressivamente a um
estado de fertilidade decrescente, até culminar com a falência definitiva do órgão,
chamado então de menopausa. A menopausa é representada por uma redução dos níveis
de estrogênio circulante por meio da perda da função ovariana, o que leva a mudanças
metabólicas e tróficas que estimulam a perda de elasticidade da pele (SUCKLING,
2006).
3.1 Etiologia
As principais alterações biológicas que aparecem na menopausa são decorrentes do
gradual esgotamento da população folicular ovariana com consequente diminuição dos
ciclos ovulatórios e da produção estrogênica (ABERNETHY, 2003; FERNANDES et
al., 2004; WU et al., 2005). Durante o período do climatério, ocorrem autólise e
fagocitose das células germinativas pelas células da camada granulosa com consequente
formação de folículos atrésicos no córtex ovariano. Tal esgotamento folicular somado
às alterações involutivas, como esclerose arteriolar, fibrose cortical e redução de
fluxo sanguíneo, leva à diminuição gradual do tamanho dos ovários (FERNANDES et
al., 2004). Com a redução dos folículos funcionais, é observada queda gradual dos
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níveis de estrogênio, e, quando estes níveis não são mais suficientes para causar
crescimento endometrial, a menstruação cessa e instala-se a menopausa.
3.2 Fisiologia
O evento fisiológico do climatério, invariavelmente, faz uma analogia com ondas de
calor, velhice, aposentadoria, doença, infertilidade e distúrbios na sexualidade. Esse fato
tende a motivar a busca de assistência médica, e é imperativo que as equipes de saúde
aproveitem o momento para estabelecer um forte vínculo para a promoção da saúde. O
envelhecimento biológico ocasiona profundas modificações no organismo feminino. O
esgotamento folicular ovariano é progressivo, principalmente a partir da terceira década
de vida, trazendo, além da diminuição da fecundidade, sinais e sintomas clínicos pouco
expressivos, porém muito marcantes após o estabelecimento da menopausa
(MICHELON, 2004).
3.2 Sintomas
Aproximadamente 50% a 70% das mulheres referem sintomas somáticos e dificuldades
emocionais nos anos que seguem a menopausa, com destaque para ondas de calor ou
fogachos, devido as suas implicações negativas para a sua qualidade de vida
(ALDRIGHI, 2002). Não se pode desconsiderar também que, nas culturas ocidentais, a
beleza física, a juventude e a maternidade são elementos de valorização da mulher, cuja
perda pode favorecer sentimentos de desvalia, tristeza e até depressão. A maior
percepção do envelhecimento e a intensificação da sintomatologia decorrente do
hipoestrogenismo, aliados a eventos comuns nessa fase, como o crescimento dos filhos,
a aposentadoria ou a morte do cônjuge demandam ajustes emocionais e mudanças de
estilo de vida por vezes difíceis para a mulher (LORENZI, 2005). Ao mesmo tempo,
cabe lembrar que, no climatério, as mulheres tendem a atribuir indiscriminadamente à
menopausa tanto os sintomas relacionados à carência estrogênica, como as queixas
físicas ou emocionais decorrentes de eventuais estados mórbidos prévios, confundindo-
as. (HUNTER, 1993.)
3.2.1 Hipoestrogenismo
Embora a idade cronológica contribua para a perda de colágeno, seus efeitos não se
comparam aos do hipoestrogenismo prolongado. De fato, um dos efeitos mais
importantes dos estrogênios na pele é sua ação sobre o colágeno. Quando exposta ao
regime de hipoestrogenismo, a pele feminina apresenta perda de colágeno tanto maior
quanto for o tempo de exposição e isso pode ser revertido total ou parcialmente,
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4.1 Rugas
4.2 Flacidez
5.Radiofrequência
5.1 Definição
De acordo com Low e Reed (2001) e Del Pino et al. (2006), o colágeno liquefaz a
temperaturas acima de 50ºC, que com temperaturas dentro de uma faixa terapêutica
aplicável entre 40º e 45ºC a extensibilidade do tecido colagenoso aumenta. Isso ocorre
apenas se o tecido for simultaneamente alongado e requer temperaturas próximas do
limite terapêutico. Corroborando com esta afirmação, Ronzio (2009) relata que no
tecido dérmico o calor modifica suas propriedades elásticas e aumenta a extensibilidade
dos tecidos fibrosos, ricos em colágenos, promovendo a flexibilização de cicatrizes e
aderências. De acordo com Borges (2010), a vasodilatação e a hiperemia surgem como
consequência do efeito térmico, em que a vasodilatação promove um aumento da
circulação periférica local, gerando a hiperemia na pele. Assim como no efeito térmico,
a hiperemia apenas ocorre com o uso de intensidade alta, por um tempo maior de
aplicação, portanto este efeito não é verificado. A oxigenação celular está ligada à
vasodilatação e ao consequente aumento do fluxo sanguíneo, aumentando desta forma,
o aporte de oxigênio por intermédio da corrente sanguínea. Segundo pesquisa realizada
por Dierickx (2006), a radiofrequência promove a formação de neocolagênese
estreitando o tecido cutâneo. Em conformidade, Ullmann (2007) em suas pesquisas
comprovou a eficácia da radiofrequência não ablativa na flacidez e rugas cutâneas.
5. Metodologia
A coleta de dados para este estudo foi realizada através da pesquisa bibliográfica. A
pesquisa bibliográfica é decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos,
com artigos, livros e teses. Utiliza-se de dados já trabalhados por outros estudiosos. O
pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos
constantes dos textos (SEVERINO, 2010). Foi realizado também um levantamento
bibliográfico por meio de publicações de periódicos indexados (SciELO, MEDLINE,
LILACS,),. Utilizou-se como palavras-chaves: Climatério, envelhecimento cutâneo e
radiofrequência.
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6. Resultados e Discussão
Os efeitos biológicos da radiofrequência constituem no aumento da circulação arterial,
vasodilatação, melhorando assim a oxigenação e a acidez dos tecidos aumento da
drenagem venosa, aumentando a reabsorção de catabólitos e diminuindo edemas nas
áreas com processos inflamatórios aumento da permeabilidade da membrana celular,
permitindo uma melhor transferência de metabólitos através desta estimulação do
sistema imunológico e diminuição dos radicais livres (Carvalho, 2011).
A energia da RF penetra em nível celular em epiderme, derme e hipoderme. Quando
passa pelos tecidos, a corrente gera uma ligeira fricção ou resistência dos tecidos com
passagem da radiofrequência, produzindo uma elevação térmica da temperatura tissular.
No momento que o organismo detecta uma maior temperatura que o fisiológico,
aumenta a vasodilatação com abertura dos capilares, o que melhora o trofismo tissular, a
reabsorção dos líquidos intercelulares excessivos e o aumento da circulação. Com isso,
ocorre um ganho nutricional de oxigênio, nutrientes e oligoelementos para o tecido,
influenciado pela radiofrequência, com uma melhora no sistema de drenagem dos
resíduos celulares (toxinas e radicais livres). Estes efeitos proporcionam a produção de
fibras elásticas de melhor qualidade, atuando nos fibroblastos e em outras células
(GOMÉZ, 2007).
Em estudos realizados por Fernandes et al. (2009) observou-se que altas temperaturas
podem comprometer o tecido colágeno provocando a morte celular, no entanto,
acomodações de valores moderados podem causar processos fisiológicos que melhoram
a condição deste tecido, promovendo a neoformação colágena e surgimento de alta
quantidade de vasos subepiteliais e que baixas temperaturas e uma menor quantidade de
aplicações podem não ser suficientemente eficaz para modificações fisiológicas.
Vários estudos demonstram que o procedimento usando RF não ablativa gera alterações
nas fibras de colágeno, o que irá se refletir positivamente na qualidade da pele tratada.
Essas alterações são visíveis na pele através da redução de rugas e flacidez
(FITZPATRICK 2003, ESPARZA 2003 e HSU 2003).
Conclusão
Conceituamos o climatério como fase inerente a todas as mulheres, caracterizada pela
transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva, permeada por modificações no
âmbito físico, emocional, social e espiritual, as quais permanecem interligadas durante
todo o processo, sendo este permeado pela cultura em que a mulher se encontraEstudos
afirmam relação de níveis hormonais relacionados ao envelhecimento cutâneo durante
esta fase, sendo a redução do estrógeno atribuída ao envelhecimento cutâneo. A
valorização da estética e o crescente avanço de procedimentos minimamente invasivos
têm levado a um aumento da demanda por tratamentos capazes de amenizar os efeitos
dos distúrbios dérmicos. A Fisioterapia Dermato-funcional tem se estabelecido de forma
efetiva nesse contexto por promover a recuperação físico-funcional dos distúrbios
endócrino-metabólicos e dermatológicos através de modalidades terapêuticas já
comprovadas cientificamente, sendo a radiofrequência o recurso terapêutico atualmente
mais eficaz para o tratamento de rugas e flacidez. Contudo, diante do exposto pode-se
observar a importância da radiofrequência para tratamento do envelhecimento cutâneo
em mulheres durante o climatério onde os baixos níveis de estrógenos estão diretamente
ligados ao envelhecimento. Portanto, o climatério leva em muitos aspectos, a uma
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