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AS QUALIDADES DE UM TEXTO

A qualidade de um texto preza, antes de qualquer coisa, elementos essenciais


para total compreensão. Redigir não significa escrever um vocábulo por sua
aparência; ao contrário, a essência do significado deve se unir à estrutura
redacional.

Para que um texto tenha qualidade, é preciso respeitar alguns componentes


linguísticos que são: concisão –falar de forma objetiva, desprezando-se o
supérfluo; correção –a linguagem sempre deve estar de acordo com as normas
gramaticais, em qualquer modalidade textual; clareza –confere ao leitor
coerência, tornando o texto facilmente compreensível, e para tal evite períodos
extensos e vocábulos rebuscados; precisão –escolha acertada do termo
próprio, da palavra exata para a ideia que se quer exprimir; e coesão –encaixe
lógico de expressões e ideias, concatenando-as no texto.

Assim, vários são os fatores que incidem nesse processo. Vejamos, pois cada
um de modo particular:

COESÃO

A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias


dentro de um texto.

Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na transmissão da mensagem ao


interlocutor e, por consequência, o entendimento.

Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas,


como os advérbios, pronomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre
outros.

Para ser melhor empregada, a coesão necessita de recursos, como palavras e


expressões que têm como objetivo estabelecer a interligação entre os
segmentos do texto. Esses recursos são chamados de elementos de coesão.

Quando o texto é incoerente, prejudica o processo de comunicação.

Tipos de Coesão Textual

Coesão Referencial
É o vínculo que existe entre palavras, orações e as diferentes partículas do
texto por meio de um referente.

Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou coesivos anunciam ou retomam


as frases, sequências e palavras que indicam conceitos e fatos.
Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfora. A anáfora faz referência a
uma informação que já fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um
componente textual, e também pode ser chamada de elemento anafórico.
A catáfora, por sua vez, antecipa um componente textual, sendo chamada de
elemento catafórico.

Os principais mecanismos da coesão referencial ocorrem por meio


da elipse e reiteração.

Exemplo de coesão referencial por elipse:


Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?

Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do texto é retirado e evita a


repetição.
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha (à praia)?

Exemplo de coesão por reiteração:


Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento todos os dias.

Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir o elemento lexical ou mesmo


usar sinônimos.

Coesão Sequencial
É a maneira como os fatos se organizam no tempo do texto. Para isto, são
utilizadas relações semânticas que ligam as orações e os parágrafos à medida
em que o texto é descrito.

A coesão sequencial pode ocorrer por justaposição ou conexão.

Exemplo de coesão sequencial por justaposição:


Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso, conhece os meandros
da empresa.

Entenda: a coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao


texto no ordenamento temporal, espacial e de assunto.

COERÊNCIA

A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do


texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto
é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de
conectivos, preposições, etc.

Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:


"No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não
pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar"

“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”

“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”

“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo”

“Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um


problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na
educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a
frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.”

A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da


língua, mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. A
coerência é a correspondência entre as ideias do texto de forma lógica.

Quando o entendimento de determinado texto é comprometido, imediatamente


alguém pode afirmar que ele está incoerente. Na maioria das vezes esta
pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as
dificuldades de organização das ideias se resumem à coerência ou a coesão. É
certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para
resolver todos os problemas. O que nos resta é nos atualizarmos
constantemente para podermos ter um maior domínio do processo de produção
textual.

Tipos de coerência

São seis os tipos de coerência: sintática, semântica, temática, pragmática,


estilística e genérica. Conhecê-los contribui para a escrita de uma boa redação.

Conhecer os tipos de coerência pode ajudar na construção da coerência global


de um texto, seja ele oral ou escrito.

Você já deve saber que alguns elementos são indispensáveis para a


construção de um bom texto. Entre esses elementos, está a coerência textual,
fator que garante a inteligibilidade das ideias apresentadas em uma redação.
Quando falta coerência, a construção de sentidos fica seriamente
comprometida.
É importante que você saiba que existem tipos de coerência, elementos que
colaboram para a construção da coerência global de um texto. São eles:

Coerência sintática: está relacionada com a estrutura linguística, como termo


de ordem dos elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. Quando
empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como o uso inadequado dos
conectivos.

Coerência semântica: Para que a coerência semântica esteja presente em um


texto, é preciso, antes de tudo, que o texto não seja contraditório, mesmo
porque a semântica está relacionada com as relações de sentido entre as
estruturas. Para detectar uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura
cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e inferência.

Coerência temática: Todos os enunciados de um texto precisam ser


coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções explicativas.
Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo assim o
comprometimento da coerência temática.

Coerência pragmática: Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos


de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos dessas sequências,
portanto, devem obedecer às condições para a sua realização. Se o locutor
ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um
pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, esperamos receber como
resposta uma afirmação ou uma negação, jamais uma sequência de fala
desconectada daquilo que foi indagado. Quando essas condições são
ignoradas, temos como resultado a incoerência pragmática.

Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de uma variedade de língua


adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a
coerência estilística. A incoerência estilística não provoca prejuízos para a
interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros — como o uso
concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal — deve ser evitada,
principalmente nos textos não literários.

Coerência genérica: Refere-se à escolha adequada do gênero textual, que


deve estar de acordo com o conteúdo do enunciado. Em um anúncio de
classificados, a prática social exige que ele tenha como objetivo ofertar algum
serviço, bem como vender ou comprar algum produto, e que sua linguagem
seja concisa e objetiva, pois essas são as características essenciais do gênero.
Uma ruptura com esse padrão, entretanto, é comum nos textos literários, nos
quais podemos encontrar um determinado gênero assumindo a forma de outro.

É importante ressaltar que em alguns tipos de texto, especialmente nos textos


literários, uma ruptura com os tipos de coerência descritos anteriormente pode
acontecer. Nos demais textos, a coerência contribui para a construção de
enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na compreensão do leitor
ou do interlocutor. Todavia, a coerência depende de outros aspectos, como o
conhecimento linguístico de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a
informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade.

CLAREZA TEXTUAL

Há quem diga que palavras eruditas fazem toda a diferença na construção


textual. Trata-se de um mero engano, pois a escolha das palavras é realmente
muito importante, mas elas precisam se adequar ao discurso ora preferido,
corroborando assim para um perfeito entendimento mediante a interlocução,
desprovido de quaisquer indícios de ambiguidade.

VÍCIOS DE LINGUAGEM

Arcaísmo – uso de expressões antigas, já ultrapassadas (Vossa Mercê /


vosmecê está bem?);

Ambiguidade – É o uso indevido de certas expressões que interferem no


enunciado, dando margem a duplas interpretações, fazendo com que o mesmo
torne-se confuso e incompreensível. Vejamos um exemplo:

“O computador tornou- se um aliado do homem, mas este nem sempre realiza


todas as tarefas”.
Nesta ocorrência, não identificamos claramente quem não realiza todas as
tarefas, ou seja, se é o computador ou o homem. Tornando a mensagem mais
clara, teríamos:

“O computador, apesar de ser um aliado do homem, não consegue realizar


todas as tarefas humanas”. 

- Redundância – Podemos dizer que é o emprego desnecessário de


expressões que comprometem a clareza da mensagem, como por exemplo:

“Precisamos tomar o sol matinal de todas as manhãs”


“Eu a via com olhos apaixonados” 

- Falsa erudição – Tal emprego consiste na atribuição de expressões em que


o objetivo é tornar o texto mais erudito e, no entanto, divergem quanto ao
significado denotativo, desviando o foco da mensagem. É preciso o emprego
de uma linguagem padrão, mas que esta seja clara e objetiva.

Como forma de exemplificar, situemo-nos em uma situação cotidiana revelada


por uma conversa entre amigos, onde determinada pessoa, no intuito de
expressar um vocabulário mais rebuscado, opta por dizer uma palavra que nem
mesmo ela sabe o significado. Tal situação é típica da referida ocorrência. 

- Chavões – São termos que se incorporam por influências advindas do


modismo, mas que comprometem a performance linguística, tornando-a
deselegante e inadequada.

Atendo-nos a termos coloquiais, cita-se como exemplo:


“tipo assim”, “ninguém merece”, entre outros que circundam o vocabulário
social.

barbarismo –uso errado quanto à pronúncia corretado vocábulo, sua forma ou


significação (rúbrica – rubrica / oge – hoje);
cacofonia – som desagradável ou palavra de sentido ridículo (a vez passada =
vespa assada);

estrangeirismo –emprego de palavras próprias de línguas estrangeiras (menu,


show, gourmet);

pleonasmo vicioso –emprego de termos desnecessários, redundância


ineficaz (subir para cima, a grande maioria, elo de ligação);

solecismo –erro de sintaxe (“fazem” dois anos que ele sumiu / vou “no” fórum);

preciosismo –linguagem afetada, técnica ou muito rebuscada (Meu pai sofre


de alopecia androgênica = careca).

Estrutura dos parágrafos

Os parágrafos são indicados por afastamento da margem esquerda da folha e


são moldáveis (podem ser aumentados ou diminuídos) conforme o tipo de
redação. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido
especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim.

No parágrafo encontramos o tópico frasal (ideia central ou frase-síntese) que


orienta e governa o resto do parágrafo e dele nascem outros períodos
secundários ou periféricos. É o período mestre, que contém a frase-chave e
dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central com o potencial de
gerar ideias-filhote. Geralmente, vem no começo do parágrafo, seguido de
outros períodos que explicam ou detalham a ideia central.

Tipos de parágrafos

Parágrafos curtos: a notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já


artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares,
livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam
parágrafos curtos.

Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos. Cada parágrafo


médio é construído por três períodos (50 a 150 palavras). Em cada página de
livro cabem cerca de três parágrafos médios.
Parágrafos longos: as obras científicas e acadêmicas possuem longos
parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas
páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e
especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e
fôlego para acompanhá-los.

Algumas palavras e expressões facilitam a ligação entre as ideias, estejam elas


em um mesmo parágrafo ou não. Veja:

·assim, desse modo – têm valor exemplificativo e complementar. A sequência


introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confirmar e
complementar o que se disse anteriormente.

·ainda – serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor
de determinada conclusão; ou para incluir um elemento a mais dentro de um
conjunto de ideias qualquer.

·aliás, além do mais, além de tudo, além disso – introduzem um argumento


decisivo, apresentado como acréscimo. Pode ser usado para dar um “golpe
final” em um argumento contrário.

·mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj. adversativas) – marcam


oposição entre dois enunciados.

·embora, ainda que, mesmo que – servem para admitir um dado contrário para
depois negar seu valor de argumento, diminuir sua importância. Trata-se de um
recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as possíveis objeções, afirma-
se um ponto de vista contrário.

·este, esse e aquele – são chamados termos anafóricos, que retomam uma
ideia anteriormente mencionada, e podem fazer referência a termos
anteriormente expressos, inclusive para estabelecer semelhanças e diferenças
entre eles.

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