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O QUE É A FILOSOFIA?

➔ Atendendo à sua origem etimológica, concluímos que a filosofia é o amor à sabedoria. No entanto,
esta abordagem não é inteiramente satisfatória, pois não permite distinguir a filosofia de outras
atividades que envolvem a procura de algum tipo de sabedoria.

➔ Outra forma de caracterizar é indicar o seu objeto de estudo, ou seja, o que é que estuda e qual o
seu método de investigação. Assim, a filosofia é um conjunto de problemas fundamentais acerca
da natureza da realidade, do conhecimento e do valor, sendo que o seu método é a discussão
crítica e a argumentação.

Assim, a filosofia é uma atividade:


→ conceptual: ocupa-se de problemas conceptuais, ou seja, analisar conceitos fundamentais que
utilizamos no dia a dia (Deus, liberdade, justiça)
→ crítica: para fazer filosofia devemos procurar avaliar de forma rigorosa e imparcial. Assim,
para fazer filosofia devemos ser capazes de formular problemas, analisar conceitos fundamentais,
propor teorias, argumentar a favor destas e imaginar possíveis objeções.

AS QUESTÕES DA FILOSOFIA
A filosofia ocupa-se de problemas conceptuais.
Assim, alguns dos problemas filosóficos fundamentais consistem no esclarecimento de conceitos.
Ex: → O que é a realidade?

Outros são acerca das relações entre conceitos.


Ex: → A mente é diferente do corpo?

Os problemas conceptuais de que se ocupa a filosofia não são problemas empíricos, ou seja, não se
resolvem com base na observação e na experiência (contrariamente à ciência), mas sim através do
pensamento.
A filosofia é considerada uma atividade a priori, pois os problemas podem ser resolvidos apenas pelo
pensamento, através de uma reflexão cuidada.

Existem diferentes disciplinas filosóficas que serão esclarecidas nos pontos abaixo.

METAFÍSICA
Ocupa-se dos problemas fundamentais acerca da natureza da realidade.
Problema central: «O que é que há?» - os filósofos procuram determinar que tipos de coisas existem,
de que forma existem e por que razão existem.

Ex: A maioria de nós acredita que o mundo é composto por coisas que existem no espaço e no tempo
(pedras, plantas, planetas) mas o que dizer de coisas que, à primeira vista, não parecem ter uma
existência concreta, espaciotemporal (mentes, valores, conceitos, números, propriedades e relações)?
E o que dizer do próprio espaço e tempo?
EPISTEMOLOGIA
Dedica-se ao estudo dos problemas fundamentais acerca da natureza do conhecimento.
Problema central: «Em que condições podemos dizer que sabemos seja o que for?»

Ex: O que é o conhecimento? Que tipo de conhecimentos existem? Será que o conhecimento é
possível, ou será que estamos condenados a viver numa ilusão permanente?

AXIOLOGIA
Debruça-se sobre os problemas relativos à natureza do valor.
Problema central: «O que são os valores?»

Ex: → Qual é a natureza dos valores? Será que existem independentemente das nossas atitudes
pessoais e subjetivas? Serão relativos a certos padrões de avaliação coletivos?
→ Que tipo de valores existem?

Dada a diversidade dos valores, esta área encontra-se subdividida:


➢ Ética ocupa-se de valores morais (dizem respeito à forma como devemos conduzir as nossas
vidas)
➢ Estética ocupa-se dos valores estéticos (apreciação de certas propriedades de objetos)

LÓGICA
Dedica-se ao estudo dos aspetos relevantes para a argumentação correta.
É bastante útil para a filosofia pois:
→ permite aos filósofos construir bons argumentos para fundamentar as suas teorias
→ possibilita avaliar as teorias e argumentos de outros filósofos

● Lógica formal - ocupa-se dos aspetos formais/ estruturais da argumentação


● Lógica informal - ocupa-se dos elementos informais que contribuem para a força persuasiva dos
argumentos

OUTRAS DISCIPLINAS FILOSÓFICAS


Existem outras disciplinas que se dedicam aos problemas metafísicos, epistemológicos, axiológicos e
lógicos de certos domínios.

Ex: → filosofia da ação → filosofia da ciência


→ filosofia da mente → filosofia da arte
→ filosofia da linguagem → filosofia política
→ filosofia da religião → filosofia da lógica
CONCEITOS
Uma parte importante do trabalho filosófico consiste em analisar conceitos. Na linguagem usamos
certos termos para nos referirmos aos nossos conceitos. Assim, termos diferentes podem expressar o
mesmo conceito e um só termo pode referir-se a mais do que um conceito.

DEFINIÇÃO EXPLÍCITA

→ Indica as condições necessárias e suficientes para que o conceito seja aplicado.

➔ Condição necessária - indicada pela expressão «só se» Quando queremos usá-las em
➔ Condição suficiente - indicada pela expressão «se» simultâneo fica «se, e só se»
Uma boa definição explícita não deve ser:
● Demasiado abrangente - inclui coisas que não deveria incluir Existem definições
Ex: «Algo é uma bicicleta se, e só se, é um veículo de duas rodas» que são simultaneamente
(há outros veículos de duas rodas) abrangentes e restritas

● Demasiado restrita - não inclui tudo o que deveria incluir


Ex: «Algo é um motociclo se, e só se é um veículo motorizado com duas rodas»
(existe motociclos com quatro rodas)

● Viciosamente circular - inclui o conceito que se está a definir na própria definição


Ex: «Algo é justo se, e só se, é aquilo que uma pessoa justa faria.»

TESES E ARGUMENTOS: VALIDADE, VERDADE E SOLIDEZ


- TESES -
As teses ou teorias são as respostas que os filósofos avançam para os problemas de que se ocupam e
que são geralmente expressas sob forma de frase declarativa.

No entanto, o que os filósofos discutem não são as frases, mas sim as ideias que lhes estão subjacentes,
ou seja, as proposições.
Proposição - pensamento, verdadeiro ou falso, literalmente expresso por uma frase declarativa.
→ Duas frases diferentes podem expressar a mesma preposição
→ A mesma frase pode expressar diferentes proposições, devido ao seu caráter ambíguo.

As proposições podem ser verdadeiras ou falsas.


O valor de verdade de uma proposição é a verdade ou a falsidade.

→ Nem todas as frases declarativas expressam proposições, pois algumas delas são absurdas, não
expressando nenhum pensamento verdadeiro ou falso.
Ex. «Incolores ideias verdes dormem furiosamente.»
Proposições Exemplos

Simples Afirmam/ negam sem restrições nem Todos os rios correm.


Categóricas condições Os patos não são vacas.
(universais - todos // particulares -
uma parte // singulares - um só)

Condicionais Afirmam/ negam sob determinadas Se viajo, então aprendo.


condições
Compostas
(complexas) Afirmam/negam em formas de Ou és sábio ou és
alternativas que se excluem - ignorante. - exclusiva
Disjuntivas disjunção exclusiva.
Ou não se excluem - disjunção És inteligente ou boa
inclusiva pessoa. - inclusiva

Proposição antecedente - aquela que implica - constitui uma condição suficiente


Proposição consequente - aquela que é implicada - constitui uma condição necessária

Ex: «Se estou em Lisboa, então estou em Portugal.» → «Se A, então B» (forma canónica)
antecedente consequente

A forma canónica pode ser invertida «B, se A.» → «Estou em Portugal, se estou em Lisboa.»

COMPETÊNCIAS RELATIVAS A TESES

Formular teses: Enunciá-la por meio de uma frase declarativa que constitui uma resposta possível
para o problema em análise.

Explicitar teses: Esclarecer o seu significado.

Relacionar teses: Procurar averiguar de que forma elas se articulam entre si.

Avaliar teses:
É necessário ter em conta três aspetos:

➢ A teoria responde ao problema filosófico que se propõe resolver? Em vez de se limitar a


apresentar um conjunto de afirmações genéricas que não respondem diretamente ao assunto.

➢ A teoria é consistente?
Um conjunto de proposições é consistente quanto todas as proposições que o compõem podem
ser simultaneamente verdadeiras.

- Uma teoria inconsistente nunca pode ser verdadeira.


➢ A teoria é mais plausível do que as alternativas?
Devemos preferir as teses que:
➔ Permitem explicar mais coisas e de uma forma mais simples:
➔ Deixam menos questões por resolver;
➔ Têm bons argumentos a seu favor (em vez de bons argumentos contra si).

- ARGUMENTOS -
Argumento - conjunto de proposições em que se pretende justificar ou defender uma delas -
conclusão - com base nas outras - premissas.

ESTRUTURA DO ARGUMENTO

Antecedente Premissa Todos os portugueses são Indicadores de premissa:


europeus. → pois, sendo que, porque, tal como
resulta
Premissa Os alentejanos são
portugueses.

Consequente Conclusão Logo, os alentejanos são Indicadores de conclusão:


europeus. → portanto, logo, por conseguinte

COMPETÊNCIAS RELATIVAS A ARGUMENTOS

Formular argumentos:
Apresentá-lo de forma mais clara e direta possível. Para isso é necessário seguir quatro passos:
1. Identificar a conclusão do argumento
2. Identificar as premissas do argumento
3. Completar o argumento → Procurar detetar alguma premissa implícita que o autor não chegou
a formular explicitamente mas que é legítimo assumir que é uma das ideias que este precisa de
assumir para poder chegar à conclusão.
4. Formular explicitamente o argumento → Escrever cada premissa numa linha diferente,
seguidas pela conclusão, que surgirá na última linha, antecedida da palavra «logo».

Avaliar argumentos
Deve-se procurar responder às seguintes questões:
1. As premissas suportam/ justificam efetivamente a conclusão? (É válido?)
2. As premissas são verdadeiras? (É sólido?)
3. As premissas são mais plausíveis/ aceitáveis que a conclusão? ( podemos correr o risco de estar
a argumentar de forma viciosamente circular, pois estamos a presumir nas premissas o que
queremos ver provado na conclusão.)
4. Contra-argumentar: Usar a argumentação para mostrar o que há de errado com uma dada
teoria e/ ou argumento.
VALIDADE DEDUTIVA

Argumentos dedutivos - Validade depende apenas da sua forma lógica

→ Quando um argumento tem uma forma lógica de forma a que a verdade das premissas garante a
verdade da conclusão, diz-se que é um argumento dedutivo válido.

Combinações de verdade/ falsidade das premissas e da conclusão e validade/invalidade do argumento:

Argumentos sólidos são


argumentos válidos constituídos
por proposições verdadeiras.

Falácia - argumentos inválidos


que parecem corretos

➢ O facto de um argumento
não ser válido não é suficiente
para nos converter da verdade
da sua conclusão.

SOLIDEZ
Um argumento é sólido quando é válido e tem premissas verdadeiras.
→ Esta é uma propriedade bastante importante, mas não é suficiente para que um argumento
seja persuasivo

VERDADE
Opõe-se à falsidade. Estas aplicam-se apenas ao conteúdo das proposições.
Pode-se atribuir às proposições um valor lógico: verdadeiro ou falso.
Se estiverem de acordo com a realidade, são verdadeiras, senão são falsas.

ESTRUTURA DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS


As proposições categóricas são proposições simples.
São constituídas por:
● sujeito - ser relativamente ao qual se nega/ afirma o predicado
● cópula - elemento de ligação entre o sujeito e o predicado
● predicado - característica ou qualidade do sujeito que se afirma/ nega
Extensão → Conjunto de seres, objetos, membros abrangidos por um conceito/termo.
(ex: Todos os cães)

Compreensão → Sentido de um conceito, ou seja, propriedade ou conjunto destas que apresentamos


ao fornecer a definição do conceito e que determinam a sua extensão.
(ex: Propriedades comuns aos cães: animal, mamífero, vertebrado)

NOTA: Quanto maior é o nº de elementos a que um conceito se aplica (extensão), menor é a


quantidade de características comuns (compreensão).

CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS


→ Base na quantidade e na qualidade

Tipos de proposições Forma lógica

Tipo A Universal afirmativa Todo o S é P.

Tipo E Universal negativa Nenhum S é P.

Tipo I Particular afirmativa Algum S é P.

Tipo O Particular negativa Algum S não é P.

QUADRADO DA OPOSIÇÃO

As proposições categóricas negam-se pelas linhas


diagonais - relação de contraditoriedade.

Duas proposições contraditórias não podem ter o


mesmo valor de verdade, pois a verdade de uma
implica a falsidade de outra, e vice-versa.
NEGAÇÃO DE PROPOSIÇÕES
A negação inverte o valor de verdade de uma proposição.
Assim, qualquer proposição é inconsistente com a sua respetiva negação. Com isto, se conseguirmos
mostrar que a negação de uma proposição é verdadeira, conseguimos mostrar que essa proposição é
falsa.

Nome Exemplo Negação das proposições

Universal «Todos os seres humanos particular negativa «Alguns seres


afirmativa são egoístas.» humanos não são
egoístas.»

«Nenhum ato é particular afirmativa «Alguns atos são


Universal genuinamente altruísta.» genuinamente
negativa altruístas.»

Particular «Algumas guerras são universal negativa «Nenhuma guerra é


afirmativa justas.» justa.»

Particular «Nem todos os argumentos universal afirmativa «Todos os


negativa são válidos.» argumentos são
válidos.»

Singular «Sócrates é mortal.» singular negativa «Sócrates não é


afirmativa mortal.»

Singular «Sócrates não é mortal.» singular afirmativa «Sócrates é mortal.»


negativa

Condicional «Se chover, então levo o afirmação da antecedente e «Está a chover, mas
guarda-chuva.» negação da consequente não levei o
guarda-chuva.»

«Algo é humano se, e só se, N: Para negar uma bicondicional «Algo é humano,
é um animal racional.» tem que se mostrar que os seus mas não é um animal
membros não constituem condições racional.»
→ Quando afirmamos uma necessárias e suficientes um para o
proposição bicondicional, outro. É possível que um deles se
estamos a dizer que verifique sem o outro.
nenhuma das proposições
Bicondicional
que a compõem pode ser
verdadeira sem que a outra
também o seja, isto é, ou
são ambas verdadeiras, ou
são ambas falsas.
LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA

LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL


Proposição complexa: Se está calor, então vou à praia.

Inclui duas proposições simples: 1 - Está calor.


2 - Vou à praia.

Podemos representar cada uma das expressões simples por uma letra e obteremos o dicionário da
proposição complexa ( lista que estabelece uma correspondência entre cada uma das letras e uma
proposição simples):
● p = Está calor. Estas letras são as variáveis proposicionais.
● q = Vou à praia.

Conectivas ou operadores proporcionais são expressões do tipo «se...então», «não», «e», «ou», que se
adicionam a proposições simples de modo a formar novas proposições.
➢ Proposições simples: não tem nenhuma conectiva ou operador proposicional;
➢ proposição complexa ou composta: tem pelo menos uma conectiva ou operador
proposicional.

As conectivas traduzem-se pelos seguintes símbolos:

Símbolo Designação Estas conectivas designam-se por verofuncionais -valor


de verdade da proposição complexa é determinado pelos
¬ Negação valores de verdade das proposições que a compõem.
∧ Conjunção
Ex: Sabemos o valor de verdade de “Está calor vou à praia.”
∨ Disjunção inclusiva se soubermos o valor de verdade de “Está calor.” e de
∨ Disjunção exclusiva “Vou à praia.”

→  Condicional ou implicação

↔ Bicondicional ou equivalência

Variáveis de fórmula - Letras como A, B, C que abreviam proposições simples e complexas.


Parênteses - (...) São usados para determinar o âmbitos das conectivas.
∴ - Utilizado para sinalizar a conclusão de um argumento.
Para as fórmulas da lógica serem bem formadas têm que seguir um conjunto de regras, logo, as
fórmulas bem formadas são geradas a partir das variáveis proposicionais pelas seguintes regras:
1. Qualquer variável proposicional é uma fórmula bem formada. se tivermos uma fórmula
apenas com p, não há qualquer erro na sua formulação.
2. O resultado de colocar antes de uma fórmula bem formada o símbolo de negação, é uma
igualmente bem formada.
ex: Se colocarmos a negação na variável q, obtemos a fórmula ¬q.
3. O resultado de juntar a quaisquer duas fórmulas bem formadas por ∧, ∨, ∨, → , ↔ e
delimitar o resultado com parênteses é uma fórmula bem formada.
ex: p e ¬q, e se juntarmos essas fórmulas com a conectiva da conjunção e delimitarmos com
parênteses, obtemos a fórmula bem formada (p∧¬q).

Com base nas 3 regras, podemos sustentar que p é uma fórmula bem formada mas ¬(q) não é uma
fórmula bem formada, visto que só se colocam parênteses quando se juntam duas fórmulas bem
formadas por conectivas verofuncionais.
Ex: (s→ (q→ s))

FORMAS PROPOSICIONAIS

Designação Dicionário Formalização Proposição Complexa

Negação p = A tortura é correta ¬p A tortura não é correta.

p = Sócrates foi um (p∧q) Sócrates foi um importante


Conjunção importante filósofo. filósofo e/ mas Platão foi
q = Platão foi inovador. inovador.

Disjunção inclusiva p = Eu sou rica. (p∨q) Eu sou rica ou tu és rico.


(ambas podem ser v) q = Tu és rico.

Disjunção exclusiva p = Nasci em Lisboa. (p∨q) Ou nasci em Lisboa ou


(só uma pode ser v) q = Nasci no Porto. nasci no Porto.

Condicional p = O Mário rouba. (p→ q) Se o Mário rouba, então o


q = O Mário é preso. Mário é preso.

p = Uma coisa é ouro. Uma coisa é ouro se, e só


Bicondicional q = Uma coisa tem o (p↔ q) se, tem o número atómico
número atómico 79. 79.

ÂMBITO DAS CONECTIVAS


O âmbito de uma conectiva numa fórmula lógica é a parte sobre a qual ela opera.
ex: (p∧¬q) - A conectiva principal, ou seja, com maior âmbito é a que se aplica a toda a
proposição, e por isso é a conjunção.
PRÁTICA DE FORMALIZAÇÃO LÓGICA
Exemplo de um argumento:
Se as pessoas que praticam homicídios não devem ser condenadas, então o homicídio é moralmente
correto. Mas o homicídio não é moralmente correto. Logo, as pessoas que o praticam devem ser
condenadas.

Deve-se seguir três normas:


1. Representar canonicamente a proposição ou argumento em análise.
1) Se as pessoas que praticam homicídios não devem ser condenadas, então o homicídio é
moralmente correto.
2) O homicídio não é moralmente correto.
3) Logo, as pessoas que o praticam devem ser condenadas.

2. Construir um dicionário.
p = As pessoas praticam homicídios devem ser condenadas.
q = O homicídio é moralmente correto.

3. Formalizar em linguagem lógica a proposição ou argumento (com as conectivas e variáveis


proposicionais).
1) (¬p → q)
2) ¬ q
3) ∴ p
Pode- se apresentar na horizontal, separando as premissas por vírgulas: ((¬p → q), ¬ q ∴ p)

VALIDAÇÃO DE FORMAS ARGUMENTATIVAS


Para determinar se um argumento é dedutivamente válido ou inválido é necessário analisar as funções
de verdade.
Constrói-se TABELAS DE VERDADE, de acordo com as funções de verdade de cada conectiva.
Estas mostram se as fórmulas proposicionais são verdadeiras ou falsas em cada uma das possíveis
combinação de valores de verdade. As linhas variam consoante o número de variáveis proposicionais
e são determinadas pela fórmula 2n .

Negação Conjunção Disjunção Inclusiva


Inverte o valor de verdade. Só é verdadeira se as proposições Só é falsa se as proposições
forem ambas verdadeiras forem ambas falsas
p ¬ p p q (p ∧ q) p q (p ∨ q)

V F V V V V V V V V V V V

F V F V F V F F V F V V F

F V F F V F V F V V

F F F F F F F F F F
Disjunção Exclusiva Condicional Bicondicional
Só é verdadeira se uma Só é falsa se a antecedente for Só é verdadeira se ambas tiverem
proposição for verdadeira e verdadeira e a consequente falsa o mesmo valor de verdade.
outra falsa.
p q (p ∨ q) p q (p →  q) p q (p ↔ q)

V V V F V V V V V V V V V V V

V F V V F V F V F F V F V F F

F V F V V F V F V V F V F F V

F F F F F F F F V F F F F V F

AVALIAÇÃO DE FÓRMULAS PROPOSICIONAIS


● Tautologia (verdade lógica) - fórmula proposicional com o valor V em todas as
combinações possíveis de valores de verdade.
● Contradição (falsidade lógica) - tem o valor F em todas as combinações possíveis.
● Contingência - tem o valor V em algumas circunstâncias e o valor F noutras.

Contingência Tautologia Contradição


p (p →  ¬ p) p (p ∨ ¬ p) p (p ∧ ¬ p)

V V F F V V V V F V V V F F V

F F V V F F F V V F F F F V F

AVALIAÇÃO DA VALIDADE DOS ARGUMENTOS


Recorre-se ao INSPETOR DE CIRCUNSTÂNCIAS (tabela de validade) - sequência de tabelas
de verdade.
Se existir uma circunstância (linha) em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão
falsa, então o argumento é inválido. Caso contrário o argumento é válido.

Ex: Se Deus existe, não há mal no mundo. Mas há mal no mundo. Logo, Deus não existe.

1) Representação canónica
1. Se Deus existe, então não há mal no mundo. (premissa)
2. Há mal no mundo. (premissa)
3. Logo, Deus não existe. (conclusão)

2) Dicionário/ Interpretação
p = Deus existe.
q = Há mal no mundo.
3) Formalização - (p→¬q), q ∴¬p
1. (p→¬q)
2. q
3. ∴¬p

Válida
p q (p → ¬ q) q ∴ ¬ p

V V V F F V F

V F V V V F F

F V F V F V V

F F F V V F V

PRINCIPAIS FORMAS DE INFERÊNCIA VÁLIDAS


Formas de inferência válidas são fórmulas argumentativas válidas.
❖ Modus ponens
(A→B), A ∴B → Afirmação do antecedente a premissa e afirmar o consequente na
conclusão

❖ Modus tollens
(A→B), ¬B ∴¬A → Negar o consequente na premissa menor (segunda) e negar o
antecedente na conclusão

❖ Silogismo hipotético
(A→B), (B→C) ∴ A→C)

❖ Silogismo disjuntivo
(A∨B), ¬A ∴B

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
São fórmulas equivalentes que surgem quando duas fórmulas proposicionais têm o mesmo valor de
verdade.

❖ Leis de Morgan
1. ¬(A∨B) ∴ (¬A ∧¬B) → negação da disjunção
2. ¬(A∧B) ∴ (¬A ∨¬B) → negação da conjunção

❖ Contraposição
(A→B) ∴ (¬B →¬A)

❖ Dupla Negação
¬¬A ∴ A
PRINCIPAIS FALÁCIAS FORMAIS (INVÁLIDAS)

❖ Falácia da Afirmação da Consequente


(A→B), B ∴A
ex: Se estou em Lisboa, estou em Portugal. Ora, estou em Portugal. Logo, estou em Lisboa.

❖ Falácia da Negação da Antecedente


(A→B), ¬A ∴¬B
ex: Se estou em Lisboa, estou em Portugal. Ora, não estou em Lisboa. Logo, não estou em
Portugal.

LÓGICA INFORMAL
❖ Argumento não-dedutivo → a verdade das premissas apenas sugere a probabilidade de a
conclusão ser também verdadeira

ARGUMENTOS INDUTIVOS
→ parte-se de experiências sobre factos particulares e daí se infere conclusões gerais

GENERALIZAÇÃO PREVISÃO
Extraímos uma conclusão geral (inclui casos de Base num conjunto de premissas referentes a
que não tivemos experiência) a partir de um acontecimentos passados para inferir uma
conjunto de premissas referente a alguns casos de conclusão acerca do futuro.
que já tivemos experiência.

Existem dois critérios centrais de avaliação:

Critério 1
Amostra diversificada (número relevante de casos observados) e não pode ocultar contraexemplos
conhecidos.
Quando não se cumpre comete-se a FALÁCIA DA GENERALIZAÇÃO PRECIPITADA.

Critério 2
Amostra representativa (casos devem representar de forma adequada o que estiver em causa).
Quando não se cumpre comete-se a FALÁCIA DA AMOSTRA NÃO REPRESENTATIVA.
ARGUMENTOS POR ANALOGIA
Baseiam-se na semelhança entre coisas diferentes.
Se são semelhantes em vários aspetos relevantes, pode-se concluir que também serão semelhantes
noutro aspeto.

Critério 1 Critério 2
As semelhanças observadas entre os objetos Não devem existir diferenças relevantes entre os
devem ser relevantes para a característica a objetos para a característica que se visa inferir na
inferir na conclusão. conclusão.

➔ Quando não se cumpre algum destes critérios comete-se a FALÁCIA DA FALSA ANALOGIA .

ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Recorre-se à opinião de um perito/ especialista para reforçar a aceitação de uma determinada
proposição.

Critério 1 Critério 2
Indicar a fonte e citar a autoridade (especificar A autoridade deve ser relevante na área em
quem é ou o nome do estudo). questão, deve ser imparcial e aquilo que afirma
não deve ser disputado por outros especialistas
dessa área.

➔ Quando não se cumpre um dos critérios, comete-se a FALÁCIA DO APELO ILEGÍTIMO À


AUTORIDADE.

FALÁCIAS INFORMAIS
(Erro de argumentação cujo carácter enganador deve-se ao seu conteúdo)

FALSO DILEMA APELO À IGNORÂNCIA


Consideram-se duas possibilidades numa das Tenta-se provar que uma proposição é verdadeira
premissas quando existem outras que não estão porque ainda não se provou que é falsa, e vice
a ser devidamente consideradas. (as hipóteses em versa (tentar provar que é falsa porque ainda não se
questão não esgotam todas as possibilidades provou verdadeira).
existentes)
BONECO DE PALHA DERRAPAGEM
(ou espantalho) (ou bola de neve)
Refutação de um argumento através da refutação Tenta mostrar que uma proposição é inaceitável
da versão distorcida e enfraquecida (por isso, porque a sua aceitação conduz a uma cadeia de
geralmente, um cenário pior) do mesmo. implicações com um desfecho inaceitável, mas
um dos elos da cadeia é falso ou a cadeia no seu
todo é altamente improvável.

PETIÇÃO DE PRINCÍPIO FALSA RELAÇÃO CAUSAL


(ou argumento circular/ falácia da circularidade) Atribui uma relação causal (causa-efeito) a dois
Pressupõe nas premissas aquilo que se quer ver estados ou eventos com base numa sucessão
provado na conclusão. temporal.
ex: Argumento ontológico de Descartes.

AD HOMINEM AD POPULUM
(ataque à pessoa) (apelo ao povo)
Ataca-se a credibilidade do autor, de modo a Recorre-se à opinião popular ou à da maioria para
descredibilizar a sua proposição ou argumento. legitimar uma proposição ou argumento.

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