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➔ Atendendo à sua origem etimológica, concluímos que a filosofia é o amor à sabedoria. No entanto,
esta abordagem não é inteiramente satisfatória, pois não permite distinguir a filosofia de outras
atividades que envolvem a procura de algum tipo de sabedoria.
➔ Outra forma de caracterizar é indicar o seu objeto de estudo, ou seja, o que é que estuda e qual o
seu método de investigação. Assim, a filosofia é um conjunto de problemas fundamentais acerca
da natureza da realidade, do conhecimento e do valor, sendo que o seu método é a discussão
crítica e a argumentação.
AS QUESTÕES DA FILOSOFIA
A filosofia ocupa-se de problemas conceptuais.
Assim, alguns dos problemas filosóficos fundamentais consistem no esclarecimento de conceitos.
Ex: → O que é a realidade?
Os problemas conceptuais de que se ocupa a filosofia não são problemas empíricos, ou seja, não se
resolvem com base na observação e na experiência (contrariamente à ciência), mas sim através do
pensamento.
A filosofia é considerada uma atividade a priori, pois os problemas podem ser resolvidos apenas pelo
pensamento, através de uma reflexão cuidada.
Existem diferentes disciplinas filosóficas que serão esclarecidas nos pontos abaixo.
METAFÍSICA
Ocupa-se dos problemas fundamentais acerca da natureza da realidade.
Problema central: «O que é que há?» - os filósofos procuram determinar que tipos de coisas existem,
de que forma existem e por que razão existem.
Ex: A maioria de nós acredita que o mundo é composto por coisas que existem no espaço e no tempo
(pedras, plantas, planetas) mas o que dizer de coisas que, à primeira vista, não parecem ter uma
existência concreta, espaciotemporal (mentes, valores, conceitos, números, propriedades e relações)?
E o que dizer do próprio espaço e tempo?
EPISTEMOLOGIA
Dedica-se ao estudo dos problemas fundamentais acerca da natureza do conhecimento.
Problema central: «Em que condições podemos dizer que sabemos seja o que for?»
Ex: O que é o conhecimento? Que tipo de conhecimentos existem? Será que o conhecimento é
possível, ou será que estamos condenados a viver numa ilusão permanente?
AXIOLOGIA
Debruça-se sobre os problemas relativos à natureza do valor.
Problema central: «O que são os valores?»
Ex: → Qual é a natureza dos valores? Será que existem independentemente das nossas atitudes
pessoais e subjetivas? Serão relativos a certos padrões de avaliação coletivos?
→ Que tipo de valores existem?
LÓGICA
Dedica-se ao estudo dos aspetos relevantes para a argumentação correta.
É bastante útil para a filosofia pois:
→ permite aos filósofos construir bons argumentos para fundamentar as suas teorias
→ possibilita avaliar as teorias e argumentos de outros filósofos
DEFINIÇÃO EXPLÍCITA
➔ Condição necessária - indicada pela expressão «só se» Quando queremos usá-las em
➔ Condição suficiente - indicada pela expressão «se» simultâneo fica «se, e só se»
Uma boa definição explícita não deve ser:
● Demasiado abrangente - inclui coisas que não deveria incluir Existem definições
Ex: «Algo é uma bicicleta se, e só se, é um veículo de duas rodas» que são simultaneamente
(há outros veículos de duas rodas) abrangentes e restritas
No entanto, o que os filósofos discutem não são as frases, mas sim as ideias que lhes estão subjacentes,
ou seja, as proposições.
Proposição - pensamento, verdadeiro ou falso, literalmente expresso por uma frase declarativa.
→ Duas frases diferentes podem expressar a mesma preposição
→ A mesma frase pode expressar diferentes proposições, devido ao seu caráter ambíguo.
→ Nem todas as frases declarativas expressam proposições, pois algumas delas são absurdas, não
expressando nenhum pensamento verdadeiro ou falso.
Ex. «Incolores ideias verdes dormem furiosamente.»
Proposições Exemplos
Ex: «Se estou em Lisboa, então estou em Portugal.» → «Se A, então B» (forma canónica)
antecedente consequente
A forma canónica pode ser invertida «B, se A.» → «Estou em Portugal, se estou em Lisboa.»
Formular teses: Enunciá-la por meio de uma frase declarativa que constitui uma resposta possível
para o problema em análise.
Relacionar teses: Procurar averiguar de que forma elas se articulam entre si.
Avaliar teses:
É necessário ter em conta três aspetos:
➢ A teoria é consistente?
Um conjunto de proposições é consistente quanto todas as proposições que o compõem podem
ser simultaneamente verdadeiras.
- ARGUMENTOS -
Argumento - conjunto de proposições em que se pretende justificar ou defender uma delas -
conclusão - com base nas outras - premissas.
ESTRUTURA DO ARGUMENTO
Formular argumentos:
Apresentá-lo de forma mais clara e direta possível. Para isso é necessário seguir quatro passos:
1. Identificar a conclusão do argumento
2. Identificar as premissas do argumento
3. Completar o argumento → Procurar detetar alguma premissa implícita que o autor não chegou
a formular explicitamente mas que é legítimo assumir que é uma das ideias que este precisa de
assumir para poder chegar à conclusão.
4. Formular explicitamente o argumento → Escrever cada premissa numa linha diferente,
seguidas pela conclusão, que surgirá na última linha, antecedida da palavra «logo».
Avaliar argumentos
Deve-se procurar responder às seguintes questões:
1. As premissas suportam/ justificam efetivamente a conclusão? (É válido?)
2. As premissas são verdadeiras? (É sólido?)
3. As premissas são mais plausíveis/ aceitáveis que a conclusão? ( podemos correr o risco de estar
a argumentar de forma viciosamente circular, pois estamos a presumir nas premissas o que
queremos ver provado na conclusão.)
4. Contra-argumentar: Usar a argumentação para mostrar o que há de errado com uma dada
teoria e/ ou argumento.
VALIDADE DEDUTIVA
→ Quando um argumento tem uma forma lógica de forma a que a verdade das premissas garante a
verdade da conclusão, diz-se que é um argumento dedutivo válido.
➢ O facto de um argumento
não ser válido não é suficiente
para nos converter da verdade
da sua conclusão.
SOLIDEZ
Um argumento é sólido quando é válido e tem premissas verdadeiras.
→ Esta é uma propriedade bastante importante, mas não é suficiente para que um argumento
seja persuasivo
VERDADE
Opõe-se à falsidade. Estas aplicam-se apenas ao conteúdo das proposições.
Pode-se atribuir às proposições um valor lógico: verdadeiro ou falso.
Se estiverem de acordo com a realidade, são verdadeiras, senão são falsas.
QUADRADO DA OPOSIÇÃO
Condicional «Se chover, então levo o afirmação da antecedente e «Está a chover, mas
guarda-chuva.» negação da consequente não levei o
guarda-chuva.»
«Algo é humano se, e só se, N: Para negar uma bicondicional «Algo é humano,
é um animal racional.» tem que se mostrar que os seus mas não é um animal
membros não constituem condições racional.»
→ Quando afirmamos uma necessárias e suficientes um para o
proposição bicondicional, outro. É possível que um deles se
estamos a dizer que verifique sem o outro.
nenhuma das proposições
Bicondicional
que a compõem pode ser
verdadeira sem que a outra
também o seja, isto é, ou
são ambas verdadeiras, ou
são ambas falsas.
LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA
Podemos representar cada uma das expressões simples por uma letra e obteremos o dicionário da
proposição complexa ( lista que estabelece uma correspondência entre cada uma das letras e uma
proposição simples):
● p = Está calor. Estas letras são as variáveis proposicionais.
● q = Vou à praia.
Conectivas ou operadores proporcionais são expressões do tipo «se...então», «não», «e», «ou», que se
adicionam a proposições simples de modo a formar novas proposições.
➢ Proposições simples: não tem nenhuma conectiva ou operador proposicional;
➢ proposição complexa ou composta: tem pelo menos uma conectiva ou operador
proposicional.
→ Condicional ou implicação
↔ Bicondicional ou equivalência
Com base nas 3 regras, podemos sustentar que p é uma fórmula bem formada mas ¬(q) não é uma
fórmula bem formada, visto que só se colocam parênteses quando se juntam duas fórmulas bem
formadas por conectivas verofuncionais.
Ex: (s→ (q→ s))
FORMAS PROPOSICIONAIS
2. Construir um dicionário.
p = As pessoas praticam homicídios devem ser condenadas.
q = O homicídio é moralmente correto.
V F V V V V V V V V V V V
F V F V F V F F V F V V F
F V F F V F V F V V
F F F F F F F F F F
Disjunção Exclusiva Condicional Bicondicional
Só é verdadeira se uma Só é falsa se a antecedente for Só é verdadeira se ambas tiverem
proposição for verdadeira e verdadeira e a consequente falsa o mesmo valor de verdade.
outra falsa.
p q (p ∨ q) p q (p → q) p q (p ↔ q)
V V V F V V V V V V V V V V V
V F V V F V F V F F V F V F F
F V F V V F V F V V F V F F V
F F F F F F F F V F F F F V F
V V F F V V V V F V V V F F V
F F V V F F F V V F F F F V F
Ex: Se Deus existe, não há mal no mundo. Mas há mal no mundo. Logo, Deus não existe.
1) Representação canónica
1. Se Deus existe, então não há mal no mundo. (premissa)
2. Há mal no mundo. (premissa)
3. Logo, Deus não existe. (conclusão)
2) Dicionário/ Interpretação
p = Deus existe.
q = Há mal no mundo.
3) Formalização - (p→¬q), q ∴¬p
1. (p→¬q)
2. q
3. ∴¬p
Válida
p q (p → ¬ q) q ∴ ¬ p
V V V F F V F
V F V V V F F
F V F V F V V
F F F V V F V
❖ Modus tollens
(A→B), ¬B ∴¬A → Negar o consequente na premissa menor (segunda) e negar o
antecedente na conclusão
❖ Silogismo hipotético
(A→B), (B→C) ∴ A→C)
❖ Silogismo disjuntivo
(A∨B), ¬A ∴B
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
São fórmulas equivalentes que surgem quando duas fórmulas proposicionais têm o mesmo valor de
verdade.
❖ Leis de Morgan
1. ¬(A∨B) ∴ (¬A ∧¬B) → negação da disjunção
2. ¬(A∧B) ∴ (¬A ∨¬B) → negação da conjunção
❖ Contraposição
(A→B) ∴ (¬B →¬A)
❖ Dupla Negação
¬¬A ∴ A
PRINCIPAIS FALÁCIAS FORMAIS (INVÁLIDAS)
LÓGICA INFORMAL
❖ Argumento não-dedutivo → a verdade das premissas apenas sugere a probabilidade de a
conclusão ser também verdadeira
ARGUMENTOS INDUTIVOS
→ parte-se de experiências sobre factos particulares e daí se infere conclusões gerais
GENERALIZAÇÃO PREVISÃO
Extraímos uma conclusão geral (inclui casos de Base num conjunto de premissas referentes a
que não tivemos experiência) a partir de um acontecimentos passados para inferir uma
conjunto de premissas referente a alguns casos de conclusão acerca do futuro.
que já tivemos experiência.
Critério 1
Amostra diversificada (número relevante de casos observados) e não pode ocultar contraexemplos
conhecidos.
Quando não se cumpre comete-se a FALÁCIA DA GENERALIZAÇÃO PRECIPITADA.
Critério 2
Amostra representativa (casos devem representar de forma adequada o que estiver em causa).
Quando não se cumpre comete-se a FALÁCIA DA AMOSTRA NÃO REPRESENTATIVA.
ARGUMENTOS POR ANALOGIA
Baseiam-se na semelhança entre coisas diferentes.
Se são semelhantes em vários aspetos relevantes, pode-se concluir que também serão semelhantes
noutro aspeto.
Critério 1 Critério 2
As semelhanças observadas entre os objetos Não devem existir diferenças relevantes entre os
devem ser relevantes para a característica a objetos para a característica que se visa inferir na
inferir na conclusão. conclusão.
➔ Quando não se cumpre algum destes critérios comete-se a FALÁCIA DA FALSA ANALOGIA .
ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Recorre-se à opinião de um perito/ especialista para reforçar a aceitação de uma determinada
proposição.
Critério 1 Critério 2
Indicar a fonte e citar a autoridade (especificar A autoridade deve ser relevante na área em
quem é ou o nome do estudo). questão, deve ser imparcial e aquilo que afirma
não deve ser disputado por outros especialistas
dessa área.
FALÁCIAS INFORMAIS
(Erro de argumentação cujo carácter enganador deve-se ao seu conteúdo)
AD HOMINEM AD POPULUM
(ataque à pessoa) (apelo ao povo)
Ataca-se a credibilidade do autor, de modo a Recorre-se à opinião popular ou à da maioria para
descredibilizar a sua proposição ou argumento. legitimar uma proposição ou argumento.