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OUTRAS FALÁCIAS INFORMAIS

· Lógica informal

1. Falácia da derrapagem/bola de neve: Trata-se de um argumento em que se sustenta que uma


certa proposição é inaceitável porque conduz a uma série de consequências indesejáveis que não se
conseguirão travar.

Ex: Imagine que eu lhe peço que me empreste um euro. O seu amigo pode aconselhá-lo a não me
emprestar o dinheiro, avisando-o de que ainda que hoje seja apenas um euro, eu voltarei amanhã e
pedir-lhe-ei um empréstimo maior, e assim sucessivamente até o deixar na falência.
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Falácia da derrapagem/bola de neve


Esta falácia pode ser genericamente formulada do seguinte modo:

(1) P implica Q.
(2) Q implica R.
(3) R implica S.
(4) S é inaceitável.
(5) Logo, P é inaceitável

* Pode ser representado pelo silogismo hipotético. A sua forma lógica é válida, a falácia ocorre por
causa do conteúdo.
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Falácia da derrapagem/bola de neve

Exemplo: Se eu abrir uma exceção ao João, depois o André também vai querer e tenho de a abrir ao
André. E se abrir uma exceção ao João e ao André, a Luísa também vai querer. E tenho de abrir
exceções a todos. Logo, não posso abrir uma exceção para ti.

Comete-se aqui a falácia da derrapagem, pois do facto de se abrir uma exceção a uma pessoa não se
segue necessariamente que se tenha de fazer o mesmo a todas as outras.
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· Falácia da derrapagem/bola de neve
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Falácia do falso dilema (ou falsa dicotomia)

Esta é uma proposta onde duas afirmações antagônicas são apresentadas como as únicas possíveis,
quando na verdade há outras alternativas igualmente prováveis.

Em nossos pensamentos da vida cotidiana usamos este tipo de raciocínio falso com certa frequência.
Quando afirmo que João não foi trabalhar é porque ficou dormindo ou está doente, este tipo de
situação implica em uma falsa dualidade porque há outras possíveis explicações que permitem
entender o ocorrido (por exemplo, João poderia ter passado por um problema de família, estar preso
no trânsito ou em qualquer outro acontecimento que justifique sua ausência).
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Falácia do falso dilema (ou falsa dicotomia)

Pode-se afirmar que o falso dilema constitui uma simplificação de uma realidade. Por outro lado,
aqueles que recorrem a esta forma de disjunção excludente não levam em conta que as coisas nem
sempre são brandas ou obscuras, mas que há uma série de aspectos que não podem ser ignorados.
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· Falácia do falso dilema (ou falsa dicotomia)
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Falácia ad hominem (dirigido ao homem) - ataque pessoal:

Esta falácia consiste em atacar o caráter ou as circunstâncias de um indivíduo que está a apresentar
um argumento, em vez de tentar refutar as proposições desse argumento ou a solidez do mesmo.
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Falácia ad hominem/ataque pessoal:

A estrutura lógica deste argumento falacioso é a seguinte:

O autor X afirma a proposição P.


Há alguma característica negativa em X.
Logo, a proposição P é falsa.

Vamos supor que alguém defende que se deve viver somente com aquilo que se ganha, mas esse
alguém está, ao mesmo tempo, endividado. A falácia comete-se atacando a circunstância da pessoa
em vez do seu argumento propriamente dito.
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· Falácia ad hominem/ataque pessoal
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Boneco de palha ou espantalho:

A falácia do boneco de palha, também conhecida por falácia do espantalho, consiste numa distorção,
intencional ou acidental, do argumento que se pretende refutar. Usada intencionalmente, pretende-se
com ela refutar mais facilmente o argumento (ou teoria) que se quer recusar. Para entenderes a
designação “boneco de palha” ou “espantalho”, imagina que um homem diz “Vou bater no Lucas para
mostrar que sou forte”.

O homem monta um espantalho, ao qual chama Lucas, e bate-lhe. Da mesma forma, a pessoa que
recorre a esta falácia pretende mostrar que refutou um determinado argumento (ou teoria) através da
refutação de uma versão distorcida e enfraquecida do mesmo.
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Boneco de palha ou espantalho:

Esta falácia tem a seguinte forma:

(1) O argumento (ou teoria) Y [que corresponde a uma distorção enfraquecida do argumento (ou teoria)
X] é um mau argumento (ou teoria).
(2) Logo, X é um mau argumento (ou teoria).

Quando se comete esta falácia argumentativa, o que se está a fazer é a substituir o argumento (ou
teoria) inicial que se quer refutar por outro(a) mais facilmente refutável, como forma de ganhar posição.
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· Boneco de palha ou espantalho
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

É a tentativa de, ao despertar as paixões e o entusiasmo da multidão, ganhar o apoio do público


ouvinte ou leitor para uma determinada conclusão. Publicitários e políticos estão entre aqueles que
mais fazem uso desse tipo de falácia.
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

Esse tipo de falácia envolve duas diferentes abordagens, a direta e a indireta.

Na abordagem direta, a pessoa que tem a palavra dirige-se à multidão a fim de despertar um
sentimento humano de pertencimento, de modo que todas as pessoas presentes se unam para a
aprovação do que lhe está sendo dito, dando a sensação de que o argumento ou conclusão
apresentada está correta. Esta abordagem desperta uma espécie de mentalidade de massa e qualquer
indivíduo se vê compelido a concordar com a multidão, sob o risco de ser excluído e perder a
identidade e a segurança.
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

A forma direta é mais comum em discursos políticos. Aquele que talvez tenha dado maior visibilidade a
esta forma de argumentação foi Adolf Hitler, em seus discursos para o povo alemão durante a
ascensão e o regime do partido nazista na Alemanha.

Contudo, não é somente através da fala que se pode utilizar a abordagem direta. Ela também é
aplicada a campanhas e propagandas escritas. Frases como “somos todos trabalhadores” ou “este é o
desejo do povo português” provocam o mesmo efeito.
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

A abordagem indireta, por sua vez, não se dirige diretamente à multidão, mas a um indivíduo ou a um
grupo seleto e é frequentemente utilizada em campanhas publicitárias. Esta abordagem possui três
formas específicas de uso: o argumento “eleiçoeiro” (Bandwagon argument, em inglês), o apelo à
vaidade e o apelo ao esnobismo.

O argumento eleiçoeiro é utilizado para dar a impressão de que alguém será deixado para trás ou de
fora de um determinado grupo se não se comportar da mesma forma. Seu termo em inglês faz
referência aos carros de som, comumente utilizado em anúncios e campanhas.
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

Como nos exemplos abaixo:

‘’É claro que você quer almoçar em nosso restaurante. 99% das pessoas almoçam aqui!’’
‘’O povo potuguês quer que eu seja eleito. Só você não quer?’’

O apelo à vaidade associa um produto a personalidades que a sociedade segue e admira e provoca a
sensação de que, se alguém adquirir aquele produto, será igualmente admirado. Assim, uma atriz
famosa é apresentada em um comercial utilizando um vestido e dizendo: “use este vestido e seja como
eu.”.
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Falácia ad populum/apelo ao povo:

Por fim, o apelo ao esnobismo associa um determinado produto ou uma ideia a uma condição especial,
fazendo com que o espectador se sinta uma pessoa diferenciada. Podemos encontrá-lo em
campanhas publicitárias, como de bancos ou de carros, que afirmam que uma pessoa será especial se
for seu cliente. Mas também é utilizado em diversos casos cotidianos. Por exemplo:

‘’Este carro não para qualquer um. É para pessoas especiais e admiráveis!’’
‘’Se você comer toda a sua comida vai ficar forte igual ao Super-homem!’’
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Falácia do apelo à ignorância:

O apelo à ignorância (o nome latino dessa falácia é argumentum ad ignorantiam) ocorre quando o
desconhecimento de um fato é usado para justificar uma afirmação.

Também podemos definir essa falácia dizendo que ocorre quando alguém afirma que uma proposição
é falsa porque ninguém até então provou que é verdadeira ou que é verdadeira porque ninguém
provou que é falsa.
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Falácia do apelo à ignorância:

Considere o seguinte argumento:

Durante muito tempo várias pessoas tentaram provar que existe vida fora da Terra. Como muita
investigação foi feita e nada foi descoberto, devemos concluir que não existe vida extraterrestre.

No argumento acima, a única justificativa para a conclusão (“não existe vida extraterrestre”) é o
desconhecimento se existe ou não vida em outros planetas. Ou seja, a ignorância é usada para
justificar a conclusão do argumento, por isso é um apelo à ignorância.
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Falácia do apelo à ignorância:
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Falácia da falsa relação causal:

A falácia da falsa relação causal é um erro indutivo que consiste em concluir que há uma relação de
causa-efeito entre dois acontecimentos que ocorrem sempre em simultâneo ou um imediatamente
após o outro. Um exemplo desta falácia é:

O trovão ocorre sempre depois do relâmpago.


Logo, o trovão é causado pelo relâmpago.
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Falácia da falsa relação causal:

A falácia da falsa relação causal é um erro indutivo que consiste em concluir que há uma relação de
causa-efeito entre dois acontecimentos que ocorrem sempre em simultâneo ou um imediatamente
após o outro. Um exemplo desta falácia é:

‘’O trovão ocorre sempre depois do relâmpago.


Logo, o trovão é causado pelo relâmpago.’’

Esta inferência é falaciosa porque não se pode excluir, por exemplo, que ambos os eventos sejam
causados por um terceiro. Neste caso, é precisamente isso que acontece: tanto o relâmpago como o
trovão resultam de uma descarga elétrica.
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Petição de princípio (ou da falácia da circularidade):
A petição de princípio (ou falácia da circularidade) ocorre num argumento quando, de modo mais ou
menos disfarçado, pressupomos nas premissas que a conclusão é verdadeira. É o que acontece no
seguinte caso:

Sem dúvida que as pessoas nunca agem de forma verdadeiramente desinteressada, pois são todas
egoístas.

A conclusão é que as pessoas nunca agem de forma desinteressada; mas a premissa usada
pressupõe essa mesma ideia, apresentada de forma diferente: que são todas egoístas. Por essa
razão, o argumento nada prova: é uma petição de princípio, toma à partida como certo o que se quer
provar ser verdadeiro.
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Petição de princípio (ou da falácia da circularidade):


A verdade da conclusão é assumida pelas premissas. Muitas vezes, a conclusão é apenas reafirmada
nas premissas de uma forma ligeiramente diferente. Em casos mais difíceis, a premissa é uma
consequência da conclusão.

‘’Como eu não estou mentindo, claro que eu estou dizendo a verdade.’’

‘’Sabemos que Deus existe, pois a Bíblia diz que Deus existe. O que a Bíblia diz deve ser verdade, já
que Deus escreveu e Deus nunca mente (aqui, temos que concordar que Deus existe para acreditar
que Deus escreveu a Bíblia).’’
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· Petição de princípio (ou da falácia da circularidade):

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