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Filosofia /Área de Integração

10.º e 11.º anos /1.º e 2.º anos Formação


Bloco 20

Falácias Informais:
falso dilema, apelo à ignorância,
derrapagem, ad populum.
Falácias Informais

Um argumento falacioso, embora possa parecer um bom argumento,


exibe erros ou incorreções. Quando esses erros ou incorreções dizem
respeito à estrutura lógica do argumento, estamos perante uma
falácia formal. Quando os erros ou incorreções dizem respeito ao
conteúdo do argumento, estamos perante uma falácia informal.
Falácias Informais

Generalização a Ignorância de
partir de informação Non sequitur
alternativas
incompleta
Falso dilema
Um falso dilema ocorre quando se
reduzem as opções possíveis a
apenas duas, frequentemente
opostas e injustas para a pessoa a
quem o dilema é colocado, quando
existem outras alternativas. Trata-
se, portanto, de um uso ilegítimo
do operador “ou”.
Como denunciar o falso dilema:

1. Mostrar que as opções são falsas.

OU

2. Mostrar que há outras alternativas, mais do que duas opções


corretas.
Exemplo 1

"Toda a nação tem agora uma O ultimato parece excluir


decisão a tomar: ou está connosco, arbitrariamente a possibilidade de
ou está com os terroristas“. (George não apoiar uma intervenção
W. Bush, ex-presidente americano, militar americana, sem ao mesmo
após o atentado de 11.09.2001) tempo apoiar os terroristas.
Exemplo 2

“Uma vez que o universo não Existem outras opções: o universo pode
ter sido criado por uma sociedade de
pode ter sido criado a partir do deuses (a hipótese politeísta) ou por
nada, tem que ter sido criado processos naturais explicáveis pela física
por um Ser Inteligente”. (a hipótese científica).
Ad ignorantiam (apelo à ignorância)
Conclui-se que algo é verdadeiro
por não se ter provado que é falso;
ou conclui-se que algo é falso
porque não se provou que é
verdadeiro.
Como denunciar o apelo à ignorância:

1. Mostrar que a proposição em questão poderá ser verdadeira (ou


falsa) mesmo que, por agora, não o saibamos.
Exemplo 1

“Deus existe porque ninguém A proposição “Deus existe.” tanto


provou que não existe.” pode ser verdadeira como falsa,
Ou ainda que não tenhamos (por ora)
“Deus não existe porque ninguém forma de o saber.
provou que existe.”
Exemplo 2

“Há formas de vida inteligente A proposição “Há formas de


extraterrestres porque não há provas vida inteligente
de que não existem.”
extraterrestres.” tanto pode ser
Ou
“Não há formas de vida inteligente
verdadeira como falsa, ainda
extraterrestres porque não há provas que não tenhamos (por ora)
de que existem.” forma de o saber.
Apelos à ignorância nos tribunais
O princípio da presunção de inocência- o acusado presume-se
inocente dada a ausência de provas da sua culpabilidade e em caso
de dúvida decide-se a seu a favor (in dubio pro reo) – que se traduz
em duas regras:
1. Regra de tratamento – durante todo o processo o acusado deve
ser tratado como inocente (ou não-culpado);
2. Regra probatória – o ónus da prova recai sobre quem acusa; não
cabe ao acusado provar a sua inocência mas ao acusador provar a
sua culpabilidade. (Ei incumbit probatio, qui dicit, non qui negat).
Em suma, “É inocente porque não se provou ser culpado” é um
apelo à ignorância válido (não falacioso).
Derrapagem
A falácia da derrapagem (ou bola
de neve ou declive ardiloso) ocorre
quando derrapamos de premissa
improvável em premissa
improvável até cairmos numa
conclusão mais improvável ainda.
Como denunciar a derrapagem:

1. Identificar a proposição, P, que está a ser refutada e identificar o


evento final, Q, da série de eventos. De seguida, mostrar que o
evento final, Q, não é uma consequência necessária de P.
Exemplo 1

“Se não estudas, terás má nota; se tiveres


má nota, podes ter negativa à disciplina;
com negativa podes reprovar; se Não estudar para um teste,
reprovares, podes não conseguir acabar o
curso; se não acabares o curso podes
ainda que imprudente e
acabar sem emprego; sem emprego, não irresponsável, está longe de
conseguirás ter uma casa e acabarás por poder condenar-nos
tornar-te um sem-abrigo. Logo, se não
estudas acabarás um sem-abrigo.” inevitavelmente a uma vida
sem-abrigo.
Exemplo 2

“Se aprovamos leis contra as armas Banir as armas automáticas está longe
automáticas, não demorará muito até de poder ser considerado uma ameaça
aprovarmos leis contra todas as armas, aos direitos dos cidadãos dos estados
e então começaremos a restringir em que o uso de armas é legal, como
todos os nossos direitos. Acabaremos nos EUA. Muito menos o prenúncio de
por viver num estado totalitário. um estado totalitário, como podemos
Portanto, não devemos banir as armas constatar nos estados democráticos em
que essa possibilidade não existe.
automáticas.”
Ad populum (apelo ao povo)
Assumir que uma dada tese é
verdadeira (ou uma atitude é
correta) porque a maioria das
pessoas ou um setor representativo
da população a suportam.
Como denunciar a falácia ad populum:

1. Mostrar que a maioria não é uma boa razão para adotar a tese
proposta.
2. Mostrar que os motivos apresentados despertam emoções em
vez de se dirigirem à razão.
Exemplo 1

“As sondagens sugerem que os Além de não sabermos quão


representativa e significativa é a amostra
liberais terão a maioria no das sondagens, não se oferecem boas
parlamento. Deves, portanto, razões para crer que a maioria é uma
votar nos liberais.” fonte informada e imparcial.
Exemplo 2

“Se você fosse bela poderia O argumento não oferece boas


viver como nós. Compre Belop e razões para comprar Belop,
torne-se bela também.” pretende-se despertar e promover
a adesão emocional.

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