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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MANGUALDE

ESCOLA SECUNDÁRIA DRª FELISMINA ALCÂNTARA

DISCURSO ARGUMENTATIVO E
PRINCIPAIS TIPOS DE
ARGUMENTOS E FALÁCIAS
INFORMAIS

Professora:
Raquel Henriques
TIPOS DE ARGUMENTOS E FALÁCIAS INFORMAIS
- LÓGICA INFORMAL
Veja aqui o vídeo.
Lógica

Lógica formal Lógica informal

Lógica proposicional Argumentos não-dedutivos

Argumentos dedutivos

 Do universal (geral) para o particular.

 Não ampliam conhecimento.

 A validade depende da forma lógica.

 Num argumento válido: é impossível que as


premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.
Argumentos não-dedutivos

 A validade depende de aspetos informais (conteúdo e


potencial persuasivo).

 Num argumento não-dedutivo válido: se as premissas são


verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira.

 Ex:
“Viemos os dois de mota para este café.”
“Logo, iremos sair os dois de mota deste café.”

 Por isso, há quem considere ser mais adequado falar de


força ou aceitabilidade em vez de validade para os
argumentos não-dedutivos.
ARGUMENTOS NÃO-DEDUTIVOS

ARGUMENTOS ARGUMENTOS ARGUMENTOS


INDUTIVOS POR ANALOGIA DE AUTORIDADE

GENERALIZAÇÃO PREVISÃO
ARGUMENTOS INDUTIVOS

 Argumentos baseados em exemplos.

 A conclusão é mais geral do que as premissas (parte do


particular para o geral) – é ampliativa.

 A conclusão é provável, plausível ou verosímil.

GENERALIZAÇÃO PREVISÃO
Ex. Ex.
«É verdade que os pêssegos «É verdade que os pêssegos
observados têm caroço. já observados têm caroço.
Logo, todos os pêssegos têm Logo, o próximo pêssego que
caroço». for observado terá caroço».
ARGUMENTOS INDUTIVOS

GENERALIZAÇÃO PREVISÃO

 Para serem válidos (fortes) têm de cumprir 4 requisitos:


 apresentar mais do que um exemplo;

 não existirem contraexemplos;

 partir de casos particulares representativos (a


amostra deve ser ampla e representativa do universo
em questão);

 a informação deve ser relevante e resultar de um


estudo fidedigno e recolha rigorosa.
FALÁCIAS INFORMAIS

Ex: Os alunos da minha escola gostam de


praticar desporto. Logo, todos os alunos
gostam de praticar desporto.

Falácia da generalização precipitada

(O nº de casos observados é insuficiente


face ao universo em questão e depois de
procurados encontramos
contraexemplos.)
FALÁCIAS INFORMAIS

Ex: Algumas pessoas religiosas rejeitam a


eutanásia. Logo, todos os portugueses
rejeitam a eutanásia.

Falácia da amostra não representativa.

(A amostra não representa todo o


universo em causa.)
ARGUMENTOS POR ANALOGIA

 Baseiam-se na semelhança entre coisas diferentes.

 Parte-se do princípio que se duas coisas são


semelhantes em certos aspetos conhecidos é provável
que também o sejam noutros aspetos desconhecidos.

 Para que uma analogia seja aceitável, há que respeitar


dois requisitos:
- Não extrair conclusões a partir de semelhanças
raras e secundárias.

- Não desprezar as diferenças existentes,


especialmente quando são significativas.
Ex: O ser humano fica doente quando ingere
alimentos estragados. O corpo do porco é
anatomicamente semelhante ao corpo dos homens.
Logo, o porco também fica doente quando ingere
alimentos estragados.

Argumento por analogia aceitável

Ex: Uma pessoa que conclui que um livro é


excelente porque tem uma capa da mesma cor de
um outro que era excelente, tem o mesmo número
de páginas e é também feito de papel.

Falácia da falsa analogia


ARGUMENTOS DE AUTORIDADE

 Apoiam-se no testemunho de pessoas ou instituições


que se assume possuírem conhecimentos seguros
acerca da matéria em causa.

 Para o argumento ser válido, deve cumprir 4 requisitos:

1. O especialista usado deve ser um perito no tema em


questão;
2. Citar todas as fontes com o máximo de precisão
possível;
3. A afirmação tem de ser consensual entre os
especialistas da área;
4. O especialista invocado não pode ter interesses
pessoais no tema em causa.
Ex: Um geólogo afirmou que o granito é
essencialmente formado por quartzo e feldspato.
Logo, o granito é essencialmente formado por
quartzo e feldspato.

Argumento de autoridade plausível

Falácia do apelo ilegítimo à autoridade


FALÁCIAS INFORMAIS

MAIS ALGUMAS MUITO COMUNS.


Falácia da generalização precipitada

Falácia da amostra não representativa

Falácia da falsa analogia

Falácia do apelo ilegítimo à autoridade


Falácia ad hominem ou contra a pessoa

Atacar pessoalmente o opositor e não as suas afirmações.

Ex.1:
O Mário prometeu que te ajudava? Não
penses nisso! Conheces a família dele?
Olha que o irmão dele até já esteve preso
por tráfico de droga!

Ex.2:
O Carlos é um jovem mimado, pelo que a sua opinião
sobre qual o melhor dia para realizar a festa de
finalistas é errada.
Falácia do apelo à ignorância

Argumentar que uma afirmação é verdadeira/falsa, só


porque não se mostrou o contrário.

Usada no âmbito dos fenómenos de telepatia, de


espiritismo e de experiências místicas, por exemplo.

Ex.:
Os fantasmas existem, porque ninguém
provou que não existem.
Ou
Os fantasmas não existem, porque
ninguém provou que existem.
Falácia da falsa relação causal

Assumir precipitadamente uma relação causal com


base na mera sucessão temporal.

Característica das superstições.

Ex.1:
Passei de baixo de uma escada e a seguir
caí.
Passar de baixo de uma escada dá azar.

Ex.2: O carteiro toca à campainha da porta da Sara


sempre que ela tem correio. Logo, o carteiro é a causa
da Sara ter correio.
Identifique as seguintes falácias informais cometidas:

1) Claro que vindo de quem vem não admira que defenda tal
coisa.

2) Não foi possível provar que Edmundo tenha estado no


local do crime à hora a que a vítima foi assassinada.
Portanto, o Edmundo não esteve no local do crime à hora a
que a vítima foi assassinada.

3) O meu médico afirma com frequência que fumar faz mal e


que eu devia deixar de fumar. Acontece que ele próprio
fuma. Assim sendo, é falso que fumar faça mal ou que eu
deva deixar de fumar.

R: 1) Falácia contra a pessoa; 2) Falácia do apelo à ignorância; 3) Falácia


contra a pessoa;
Falácia da petição de princípio

Consiste em adotar para premissa de um argumento a


própria conclusão que se quer demonstrar.

Trata-se de andar às voltas sem nada clarificar.

Ex.1: Uma pessoa odeia pessoas de


outras raças porque é racista.

Ex.2: Ter direitos implica ter deveres.


Logo, não há direitos sem deveres.
Falácia do falso dilema

Reduzir as opções possíveis a apenas


duas, normalmante opostas, ignorando
outras alternativas.

Ex.1: “Ou estás comigo ou estás contra mim.”


Não estás comigo.
Logo, estás contra mim.

Ex.2: “Ou é pegar ou largar!”


Falácia da derrapagem (ou bola de neve)

Ocorre quando derrapamos de premissa


improvável em premissa improvável até
cairmos numa conclusão ainda mais
improvável.

Ex.1:
Se permitirmos a eutanásia, estaremos a permitir que os
médicos matem pessoas.
Se permitirmos isso, os médicos acabam por matar
qualquer pessoa que queiram.
Logo, se permitirmos a eutanásia, os médicos acabarão
por matar qualquer pessoa que queiram.
Falácia do boneco de palha (ou espantalho)

Distorcer ou caricaturar uma opinião


oposta para que assim seja mais fácil
refutá-la.

Ex.1: Os professores que mandam trabalhos para casa


aos alunos são maus porque não querem ser eles a
ensinar as matérias nas aulas.
Falácia ad populum ou do apelo ao povo

Ocorre quando se sustenta que uma tese


é verdadeira (ou uma atitude é correta)
por ser aceite como verdadeira por uma
parte significativa da população.

Ex.1: A maioria das pessoas pensa que só o que é natural


é bom para a saúde.
Logo, só o que é natural é bom para a saúde.
Identifique as seguintes falácias informais cometidas:

4) Ou aceitamos produzir energia nuclear ou não seremos


capazes de reduzir as emissões de gases com efeito estufa
resultantes da utilização de combustíveis fósseis. Não
aceitamos produzir energia nuclear. Logo, não seremos
capazes de reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa resultantes da utilização de combustíveis fósseis.

5) Se não estudas, terás má nota; se tiveres má nota, podes


ter negativa à disciplina; com negativa podes reprovar; se
reprovares, podes não conseguir acabar o curso; se não
acabares o curso podes acabar sem emprego; sem
emprego, não conseguirás ter uma casa e acabarás por
tornar-te um sem-abrigo. Logo, se não estudas acabarás um
sem-abrigo..

R: 4) Falso dilema; 5) Falácia da derrapagem.


BIBLIOGRAFIA

 A. Almeida, Racionalidade argumentativa da Filosofia e a dimensão


discursiva do trabalho filosófico – Noções elementares de lógica
para a disciplina de Filosofia, Documento elaborado no âmbito da
definição das Aprendizagens essenciais, APF e SPF, 2017 (in
http://apfilosofia.org/wpcontent/uploads/2017/10/AELO%CC
%81GICA_V_15.10.2017.pdf

 Aplicar tabelas de verdade na validação de formas argumentativas


in Racionalidade argumentativa da Filosofia e dimensão discursiva
do trabalho filosófico, por Professores de Filosofia do Agrupamento
de Escolas de Cascais, julho, 2018
Filosofia
Questões
Objeto de Respostas são as
ou
estudo teses ou teorias
problemas
filosóficos
Método
Defendidas por
argumentos
Pensamento crítico

Lógica formal
Ter atenção à
dimensão discursiva Argumentos e
do trabalho filosófico. contra-argumentos Lógica
proposicional

Instrumentos lógicos Lógica informal

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