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Julienne Hanson
3. Uma boa idéia basta para escrever um texto; mas uma idéia, ou hipótese, é
essencial. Apresentar o trabalho de outros de maneira descritiva não basta.
Tentar uma análise sem qualquer idéia do que você pretende conseguir,
apenas com a esperança de chegar a algo, pode bastar no estágio inicial de
um curso, mas não para um trabalho substancial como uma dissertação.
Carece acrescentar algo na forma de uma intuição, a aprofundar pela reflexão.
Não procure resolver muitos problemas num só trabalho – a tentação “já que
estamos falando nisso”. Se tentar discutir mais que um determinado conjunto
de idéias num só trabalho, a probabilidade é que você termine num atoleiro.
Selecione uma boa linha de investigação e tenha a esperança de levantar
questões relevantes no seu trato.
5. Escreva na terceira pessoa – “este texto trata de...” – não na primeira. Isto
pode parecer pedante, mas o objetivo é distanciar você e seu investimento
emocional na sua produção enquanto autor, do texto como produto, ao fazê-lo
o máximo independente. O trabalho que você escreve deve ser uma estrutura
de idéias independente que não precise de sua intervenção em qualquer
momento, para dar uma opinião, expressar uma crença, adicionar um
esclarecimento. Partimos do princípio de que você escreve por ter encontrado
algo a ser partilhado. O fato de o trabalho estar sendo feito por você não
importa; devemos julgar a qualidade das idéias sem referência a você como
pessoa. A crítica é dirigida ao esclarecimento das idéias colocadas no papel,
não a você.
6. Apresente as idéias antes de avaliá-las. Para começar, não pressuponha
que o leitor está familiarizado com tudo que você leu; sobretudo, você deve
apresentar o trabalho aos outros da maneira mais desapaixonada possível,
para que o leitor possa formar um julgamento independente quanto à sua
relevância e limitações. Então faça sua avaliação, com a qual o leitor
concordará ou não. O objetivo não é controlar o debate por meio de uma visão
definida, mas testar a robustez das idéias, inclusive as suas. Se você não
estiver preparado para fazer isto, não poderá aprender. Não seja metafórico.
Se vale a pena dizer algo, que seja dito rigorosamente. Metaforizar é
esnobismo intelectual. (...)
8. Sem conversa fiada. Seu objetivo é convencer com uma boa discussão, não
com argumentos jornalísticos ou por meio de adjetivos. Não faça perguntas
retóricas. (...) Não pressione o leitor a concordar com o que diz. Pare e pense
tão logo sinta a tentação de introduzir idéias normativas – cuidado com as
palavras que você próprio tem dificuldade em decodificar, como “sucesso”,
“bom”, “fracasso”, “inapropriado”. Tampouco use jargão. O tamanho das
palavras não mede suas idéias. As melhores idéias podem ser ditas de
maneira muito simples: pensamento pouco rigoroso vem vestido em frases de
efeito. Imagine que você precise explicar suas idéias para sua mãe; parta daí.
9. Refira-se a exemplos tanto quanto possível. É sempre melhor argumentar
por meio de exemplos do que de forma abstrata. Isto dá ao leitor algo concreto
a que se referir, mas seus exemplos devem ser pertinentes. Isto se aplica a
figuras e desenhos, tanto quanto a casos. Sempre interprete os diagramas que
usa no texto – mesmo quando eles lhe parecem evidentes. Inversamente,
nunca deixe margem a dupla interpretação, por não ter explicitado bem as
coisas e o leitor ter de fazê-lo por você. Não pressuponha que o leitor verá as
coisas da mesma maneira que você.